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Jornalismo em quadrinhos: a narrativa gráfica da realidade

*Por Eduardo Martins Apesar do termo Jornalismo em Quadrinhos ter sido cunhado pela primeira vez pelo jornalista e ilustrador maltês Joe Sacco, em 1994, quando ele publicou Palestina, considerado o marco inicial desse gênero, é comum alguns especialistas atribuírem o pioneirismo ao sueco Art Spiegelman, que lançou em 1991, "Maus", obra vencedora do prêmio Pulitzer, a maior premiação jornalística do mundo. Um simples, porém controverso jogo de palavras podem categorizar de diferentes formas cada uma delas. Palestina, uma longa reportagem em quadrinhos. E "Maus", uma obra biográfica baseada em entrevistas reais. A verdade é que o jornalismo e a ilustração já estão entrelaçados há muitíssimo tempo. A primeira aparição de desenhos gráficos para ilustrar notícias aconteceu em 14 de Maio de 1842, no periódico "The Illustrated London News". De tiragem semanal, o jornal foi o primeiro a recrutar em uma mesma redação, artistas e repórteres. Em 16 páginas, com ilustrações gravadas em madeira, a publicação veio com a cobertura do primeiro baile mascarado da Rainha Vitória, eleição presidencial nos Estados Unidos e extensas reportagens de crimes e resenhas de peças e livros. Essa primeira edição vendeu 26 mil cópias, um sucesso na época. Já em 1869, foi lançada a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil, na revista "A Vida Fluminense". As "Aventuras de Nhô Quim" ou "Impressões de Uma Viagem à Corte", do escritor e desenhista ítalo-brasileiro Angelo Agostini. Dividido em 16 quadros ilustrados e com textos abaixo de cada um deles, na época ainda não existiam os balões, ele conta a história de Nhô Quim, um caipira que se muda do interior para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo utilizando o humor e a caricatura em seus trabalhos, Agostini mostrou como ninguém os costumes daquela época, o contraste da civilização entre o meio rural e urbano, se tornando o ilustrador mais importante do Segundo Reinado. Hoje em dia, infelizmente, os cartunistas brasileiros são relegados em uma meia página no caderno de cultura de algum jornal impresso local. Contudo, eles já fizeram bastante barulho com seus desenhos em décadas atrás, tornando-se porta-vozes da indignação de toda uma sociedade reprimida. Entre 1969 e 1991, O Pasquim foi o mais importante semanário alternativo e de oposição política do Brasil. Em seu auge, atingiu a marca de 200 mil exemplares vendidos, um fenômeno no mercado editorial brasileiro. A lei de imprensa, que instaurou a censura prévia dos meios de comunicação na ditadura militar surgiu por causa de uma entrevista da atriz Leila Diniz feita pelo cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral na edição do Pasquim. Em contrapartida, mesmo bebendo da fonte cartunesca, o jornalismo em quadrinhos de formato mais longo, difundido pelo quadrinista e jornalista Joe Sacco, em meados de 90, normalmente abrange várias páginas e tem como objetivo explorar um tópico e não apenas satirizá-lo, geralmente usando: entrevistas reais, mapas, evidências estatísticas, fatos históricos e diagramas. Na coluna de hoje, vamos trazer 10 dicas essenciais para você mergulhar de cabeça nesse gênero dos quadrinhos. Um pouco sobre alguns autores e obras que mudaram a forma como se faz o jornalismo e os quadrinhos como nos costumamos. E ainda um bônus com 5 sites específicos com excelentes quadrinhos-reportagens no formato digital. Para ficar mais fácil, vamos dividir em 3 grupos distintos. São eles: I - Autores que reportam, escrevem e ilustram toda a obra. Joe Sacco Sacco foi o primeiro jornalista de quadrinhos a ganhar o prestigioso Prêmio Ridenhour pela reportagem investigativa na novela gráfica, "Notas Sobre Gaza". Sua obra mais conhecida, "Palestina - Uma nação ocupada", é fruto de uma investigação in loco do conflito entre israelenses e palestinos e ganhou o prêmio American Book Awards em 1996. Ambas foram lançadas aqui pela Editora Quadrinhos na Cia. Dan Archer O jornalista gráfico Dan Archer, nomeado ao Prêmio Eisner na categoria Não-Ficção, utiliza os quadrinhos para criar reportagens, principalmente atreladas aos direitos humanos, em situações em que o equipamento de vídeo ou fotográfico se tornam inadequados ou proibidos. Em 2012 lançou o quadrinho "Graphic Journalism on Human Trafficking in Nepal", um projeto investigativo que reporta o tráfico de pessoas no Nepal. Carolina Ito A jornalista e quadrinista Carolina Ito é autora do quadrinho-reportagem Estilhaço: uma jornada pelo Vale do Jequitinhonha, projeto experimental para conclusão do curso de Jornalismo que mostra a vida dos moradores da região do Vale do Jequitinhonha, localizada a nordeste de Minas Gerais. Entre outros trabalhos, ela mantém desde 2014 o blog Salsicha em Conserva, onde concentram-se um apanhado de reportagens em quadrinhos que ela produziu para sites e revistas, muita deles para Revista Trip. Colaborações entre jornalistas e desenhistas Extraction!: Comix Reportage, de Dan Dawn Paley, Carlos Santos, entre outros Uma antologia em quadrinhos a respeito de atividades criminosas de empresas de mineração produzida por um time de premiados jornalistas e artistas de quadrinhos. Dividido em 4 partes, as expedições relatam os impactos que essas indústrias estão causando nas comunidades e ecossistemas. Um magnífico e corajoso trabalho que tem a assinatura de nomes como: Dawn Paley, Tamara Herman, Jeff Lemire, Phil Angers e Carlos Santos. Brought to Light, de Alan Moore, Bill Sienkiewicz, entre outros Alan Moore reconstruiu a forma como se escrevia quadrinhos de super-heróis na década de 90, com obras como "V de Vingança", "Watchmen" e "Batman: A Piada Mortal". Embora todas estejam carregadas com política, filosofia e alguns distúrbios sociais, essas obras são fictícias. Porém, uma obra pouco conhecida do Mago dos Quadrinhos, "Brought To Light", em parceria com o talentosíssimo desenhista de quadrinhos Bill Sienkiewicz, mostrou um novo Alan Moore, baseado em fatos reais, contando a história de um agente da Central de Inteligência Americana (CIA) e o envolvimento da agência na Guerra do Vietnã e com figurões como Augusto Pinochet e Manuel Noriega. São Francisco, de Gabriela Güllich e João Velozo A jornalista e quadrinista Gabriela Güllich e o fotojornalista João Velozo passaram 15 dias nas cidades que cortam todo o Eixo Leste da Transposição do São Francisco para abordar 3 aspectos através da narrativa gráfica:

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Revista Plaf tem lançamento virtual e discute futuro da HQ

A nova edição da Plaf discute o futuro dos quadrinhos no Brasil e reflete sobre as perspectivas para as HQs, a partir de ensaios e reportagens que discutem inovações na linguagem trazidas pelos novos artistas, novos modos de pensar eventos e convenções, além de um olhar crítico sobre o modelo de negócios na venda e distribuição de títulos. A capa e a HQ principal são de Amanda Miranda. A revista estará disponível nas lojas de quadrinhos a partir de sábado (25) por R$ 15. Por conta da pandemia do Covid-19, o lançamento será virtual, com uma live entre uma das coeditoras da revista, Dandara Palankof, e Douglas Utescher, da loja Ugra Press e editor da revista Banda. A transmissão será no próximo sábado, 25, às 16h, no Instagram da Ugra (@ugra_press). A pandemia tem afetado diversos produtores, livreiros, artistas e toda a cadeia de profissionais das histórias em quadrinhos. Por isso, a Plaf apoia a compra desta e outras de nossas edições em lojas independentes e incentiva seus leitores a manterem suas compras de novos títulos nesses espaços. A maior parte das lojas físicas possuem venda online, como é o caso da Ugra Press, Loja Tatuí e muitas até implementaram o delivery de quadrinhos, como a Reboot Comic Store, em Fortaleza e a Mandrake Comics, em Goiânia. Bancas de revistas, como a Banca Guararapes, mantém contato com sua rede de compradores e apoiadores através do WhatsApp. O ideal é procurar saber diretamente com sua comic shop/loja/banca/livraria favorita qual a melhor maneira de seguir apoiando e adquirindo quadrinhos. A Plaf 4 traz uma entrevista com Luli Penna, autora de Sem Dó, assinada por Maria Clara Carneiro. Traz também um ensaio de Rogério de Campos sobre como a concentração de mídia pode abalar a circulação de novos artistas de quadrinhos. Gabriela Borges assina uma reportagem sobre como os novos olhares e estéticas das HQs brasileiras estão levando o meio para terrenos ainda pouco explorados. A edição ainda traz uma reportagem sobre a democratização das convenções com o surgimento da PerifaCon, PalafitaCon. Esta edição tem ainda um perfil de José Marcio Nicolosi e as tradicionais resenhas - destacando-se a de Fun Home, obra de Alison Bechdel. Além da HQ inédita de Amanda Miranda, a edição ainda apresenta uma história inédita de Cara-Unicórnio, de Adri A., e de Maria, personagem de Henrique Magalhães. A Plaf é uma iniciativa da Revista O Grito!, de Recife e é editada por Paulo Floro, Dandara Palankof e Carol Almeida, com edição de arte e diagramação de Erika Simona e Igor Colares. A publicação tem o incentivo do Funcultura - Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, do Governo do Estado de Pernambuco e apoio da Cepe. A Plaf 4 tem 48 páginas, papel couché fosco 150g e acabamento envernizado na capa, papel couché fosco 90g no miolo, tamanho 21x28cm, colorida e custa R$ 15. Novo site da Plaf no ar Com o lançamento de mais esse número, a Plaf também estreia seu site oficial, o www.revistaplaf.com.br, hospedado dentro d'O Grito!. A página terá novidades da revista, como previews e anúncios de lançamentos, mas também contará com matérias das edições anteriores, entrevistas, resenhas e ensaios, além das versões em Pdf. Locais de venda Banca Guararapes, Recife Av. Guararapes, 223 - Santo Antônio, Recife Tel 81 32245842 Obs: entre em contato para saber como fazer parte dos grupos do WhatsApp e também sobre entregas no Grande Recife. Banca Tatuí, São Paulo R. Barão de Tatuí, 275 - Vila Buarque, São Paulo 11 98873-4555 Compre online: https://www.bancatatui.com.br Ugra Press, São Paulo Rua Augusta, 1371, loja 116 - São Paulo, SP (11) 3589-5459 Compre online: https://www.ugrapress.com.br Mandrake Comics Shop Av. T-3 n. 2673 Galeria Pátio do Lago - St. Bueno, Goiânia 62 3215-1339 Compre online: https://mandrakecomicshop.com.br/ Reboot Comic Store, Fortaleza Av. 13 de Maio, 2072, Fortaleza-CE (85) 3121.5755 Compre online: https://www.rebootcomics.com.br Itiban Comic Shop Av. Silva Jardim, 845 - Rebouças, Curitiba - PR, 80230-000 (41) 3232-5367 Compre online: https://www.itibancomicshop.com.br/

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Banca Guararapes é o templo dos quadrinhos

No Recife quem gosta de histórias em quadrinhos encontra reduto na Avenida Guararapes, número 223. Cravada entre o prédio dos Correios e o Edifício Sertã, antigo Cinema Trianon, a Banca Guararapes é o quartel general dos amantes da chamada nona arte na cidade. Além dos últimos lançamentos do mercado, a banca mantém raridades e um arsenal de títulos pernambucanos à venda. Capitaneando o espaço está Orlando Oliveira, 63 anos, um recifense alto e barbudo, com fios entre o branco e o loiro o que gerou o apelido de Odin (referência ao personagem de HQ Rei de Asgard e pai de Thor, o Deus do Trovão). Ele recebeu a banca de seu pai José do Patrocínio, que também era jornalista. Fã e incentivador dos gibis, Odin em meio à crise dos impressos e à ascensão do modelo digital, reparou uma curiosa tendência. “Percebi que a única coisa que não diminuía a venda física eram os quadrinhos, aí tive que me reinventar, juntar o digital com o impresso para faturar”, explicou. Foi nesse mesmo período que, seguindo a dica dos amigos, decidiu abrir uma conta no WhatsApp para informar os clientes a chegada de novas produções e realizar reservas. LEIA TAMBÉM História em quadrinhos made in PE . . HQ: Das bancas para a web . “Muito do que eu vendo, eu consigo direto de São Paulo. Tenho coisas que outras bancas não têm”, orgulha-se. “Por exemplo, agora no fim do ano foi relançado pela Panini (editora) o quadrinho Conan, uma HQ dos anos 80 que fez muito sucesso na época, mas foi um lançamento setorizado e só lançariam em São Paulo. A minha banca é a única do Recife que recebeu e já esgotou”, detalhou. Odin não só vende quadrinhos novos como usados e raridades também. De acordo com o dono da Banca Guararapes, existem no espaço muitos gibis que são objetos de desejo dos colecionadores. “A coisa deu certo de uma maneira que hoje já tenho três WhatsApps, dois lotados, aí abri o terceiro agora. Um de bate-papo sobre os quadrinhos e um de negócios sobre gibis entre os clientes”, relata. Assim como seus clientes, Odin também é um colecionador apaixonado de HQ, o que se mostra um diferencial na relação com quem frequenta sua banca. “Eu não sei o que seria de mim sem os quadrinhos”, resume Odin sobre sua relação com a nona arte. Talvez se o “Pai de Thor” não fosse mais um aficionado em gibis, a Banca Guararapes não tivesse ganho essa aura de templo sagrado dos HQs em Pernambuco. Dessa relação de proximidade com os clientes surgiu também um evento que é o maior orgulho, a verdadeira menina dos olhos de Orlando: a Feira Asgardiana de Quadrinhos. “Foi uma sugestão dos clientes. Organizei a primeira em 2016 e participaram umas 15 pessoas. Hoje, já vamos para nona edição e na última eu botei 100 mesas aqui”, comparou. “Já é um evento apoiado pela Prefeitura do Recife, Secretaria das Cidades e Secretaria do Turismo, a prefeitura nos ajuda demais e nós aglutinamos o público de quadrinhos de Pernambuco, inclusive com mesas para os quadrinistas locais”, defendeu. A feira já é um evento consagrado no calendário oficial dos leitores de HQ da cidade. O Recife vive uma espécie de era de ouro no mercado de gibis, Orlando atesta que nunca se viveu um momento tão bom e com tamanha produção de conteúdo autoral nas histórias. “Tem muita gente aqui fazendo quadrinhos, temos um cara muito importante como Thony Silas, que desenha pra Marvel e pra DC, também temos uma tradutora de HQ, Dandara Palankof, ela é extraordinária, e temos também Luciano Félix, que já fez capa da revista Mad, muita gente boa mesmo”, reitera. Por falar em Luciano Félix, o quadrinista corrobora a importância da Banca Guararapes tanto para os produtores de conteúdo quanto para os amantes da arte dos quadrinhos. “Para mim, nesse momento em que os impressos em geral estão perdendo o lugar para o digital, a Banca Guararapes é um oásis no deserto de cultura em que vivemos”, destacou. “Além disso, a Feira Asgardiana faz a ponte dos leitores com quem ainda tá interessado nos quadrinhos locais”, assegurou. “A Guararapes mostra que a pessoa que produz o quadrinho existe, o que pode até inspirar outras pessoas para que futuramente estejam ali trabalhando com essa arte”, destaca. Segundo o criador de histórias em quadrinhos, o fato de Orlando abrir espaço em sua banca para os produtores locais impulsionou a atividade na cidade. PONTO DE ENCONTRO Ernesto Barros, jornalista e crítico de cinema e histórias em quadrinhos do Jornal do Commercio, ressalta a força e a relevância de Odin para os gibis pernambucanos. “Orlando tem feito um trabalho no mínimo magistral, tanto na possibilidade de você ter acesso aos quadrinhos, como no apoio que dá aos quadrinistas locais”, ratificou. “A Banca Guararapes se tornou o principal ponto de encontro dos nossos artistas de quadrinhos e, além disso, ele realiza umas duas ou três feiras por ano que agregam todos os amantes de HQ, colecionadores, uma coisa incrível!”, elogia o jornalista do JC. De acordo com o jornalista, a Feira Asgardiana é um sábado diferenciado do que se tem atualmente no Recife Antigo, uma ideia do que poderia ser feito para revitalizar o Centro da cidade. “Eu acho que esse trabalho de Orlando tem crescido a cada dia e é uma das coisas mais importantes em torno da cultura de um modo geral, e especialmente ligado aos quadrinhos na cidade”, definiu. Apesar do excelente momento para os gibis, as bancas de revista, segundo Odin, não são vistas pelas editoras como um ponto atrativo de comércio. “Eu acho que o consumidor de quadrinhos gosta de comprar na banca, mas as editoras e distribuidoras não dão tanta importância a esse espaço”, lamentou. “O Recife já teve 800 bancas de revista, hoje não tem 200. Mas mesmo assim ainda é um canal de vendas e distribuição muito bom”, defende. Segundo Odin os distribuidores preferem entregar para as grandes redes

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Biblioteca da Fundaj reúne quadrinhos da geração de 1980 a produções contemporâneas

Em comemoração ao Dia do Quadrinho Nacional, celebrado em 30 de janeiro, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) destaca os 340 títulos de histórias em quadrinhos, HQs de luxo e fanzines presentes na Biblioteca Blanche Knopf (Rua Dois Irmãos, 92. Apipucos, Recife). A coleção doada, em 2018, pelo servidor público Rodrigo Bastos de Freitas, reúne desde produções da vanguarda européia da década de 1960, nacionais da geração paulista dos anos 1980, a independentes deste século. "É uma coleção diversa com obras de grande valor para a história deste gênero literário e artístico no Brasil e no mundo", aponta a diretora da Biblioteca, Nadja Tenório Pernambucano. Dentre os destaques do acervo, está a coleção de sete números da revista "Chiclete com Banana". O título da década de 1980, publicado pela Circo Editorial, reuniu uma geração de quadrinistas brasileiros que contou com nomes como Glauco, Angeli e Laerte. As obras refletiam a situação política e social da década, de modo que os quadrinhos de humor investiram em críticas ao 'modo de vida pequeno' do burguês dos centros urbanos, conforme destaca Roberto Elísio dos Santos, em seu artigo "O quadrinho alternativo brasileiro nas décadas de 1980 e 1990". O autor aponta, ainda, a influência do comix underground norte-americano e do humor europeu. Uma seleção de histórias publicadas na "Chiclete com Banana" e na "Geraldão", entre 1985 e 1989, pode ser conferida, aliás, em "Seis Mãos Bobas: Laerte, Glauco e Angeli" (Devir, 2006). A edição especial traz textos e fotos que contextualizam as circunstâncias em que as artes foram produzidas e como era o processo de criação dos desenhos. Outro título desta geração disponível para a consulta é a revista "Striptiras" (1993), publicação de Laerte, que lançou personagens como Fagundes o Puxa-saco, Gato e Gata, além de Piratas do Tietê. Estas produções são verdadeiras compilações das tirinhas publicadas pelos jornais paulistanos. Dos mais contemporâneos, a coleção conta com a primeira publicação de "Malvados" (Gênese, 2005) em livro, do carioca André Dahmer. As tirinhas da série foram publicadas no Jornal do Brasil, O Globo, Folha de S. Paulo e até nas revistas Piauí e Caros Amigos. Nelas, Dahmer tece críticas aos costumes e prisões do dia a dia através dos diálogos dos personagens Malvadinho e Malvadão. "O Livro Negro" (Desiterada, 2007) é outro título de Dahmer presente no acervo. O sarcasmo desta época pode ser conferido, também, no quarto HQ especial do gaúcho Allan Sieber: "Assim Rasteja a Humanidade" (Desiterada, 2006), considerada uma obra da "revelação do desenho humorístico da virada deste século". Ganhador do Troféu HQ Mix de 1998 - equivalente ao Oscar do gênero no Brasil - na categoria "melhor projeto editorial", a coleção "miniTonto" também está presente neste acervo. São inúmeros livretos (formato 10,5 cm x 15 cm) que, no fim da década de 1990, apresentava um autor a cada nova edição. Entre os título disponíveis na Biblioteca, estão "Mulher Preta Mágina", de L. F. Schiavo; "Urrú", de MZK; "Pinóquio vai à Guerra", de Elenio Pico; e "Últimas Palavras", de Allan Sieber. "A Blanche Knopf se orgulha de abrigar estas produções. Demonstra assim o valor das publicações clássicas, mas, também, das obras independentes", destaca Nadja. A Biblioteca Blanche Knopf funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 17h. Não é necessário agendamento prévio para visitar o acervo.

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Lançamento da Plaf #3 no Recife

A revista Plaf lança seu terceiro número no próximo dia 06 de dezembro em evento no Ursa Bar e Comedoria, no Recife. edição traz capa de Aline Lemos (que fez ainda uma HQ inédita) e histórias inéditas de Jota Mendes e Luiz Gê. O evento conta com DJs, sessão de autógrafos e tem entrada gratuita. A publicação tem patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - Funcultura, do Governo do Estado de Pernambuco e é uma realização da Revista O Grito!, site sobre arte e cultura com sede no Recife. A nova edição tem como um dos assuntos principais o olhar dos quadrinhos sobre a história brasileira. Como arte plural, as HQs trouxeram contribuições para o entendimento de diferentes acontecimentos de nossa história, como a escravidão e a ditadura, entre outros. A revista traz um artigo sobre como autores estão atentos à importância do passado para refletir o presente. A Plaf conta com um ensaio sobre o imaginário do Nordeste nas histórias em quadrinhos e como essas produções ajudaram a desconstruir (ou reforçar) preconceitos sobre o território e seus habitantes. O conteúdo do número #3 traz ainda um artigo sobre a importância de Angelo Agostini, o brasileiro pioneiro na gênese das HQs no Brasil e no mundo, além de uma releitura crítica da Tico-Tico, uma das primeiras e mais populares revistas em quadrinhos do país. Pra finalizar, vale destacar o papo com Luiz Gê, um autor que desde a ditadura militar fez dos quadrinhos e do humor gráfico sua arma por um pais verdadeiramente democrático. Gê ainda colaborou com a edição com uma charge inédita na página saideira da revista. A Plaf tem ainda HQs inéditas de Aline Lemos, a artista que ainda assina a capa dessa edição; e o talento promissor de Pernambuco, Jota Mendes. A Plaf tem edição de Dandara Palankof, Carol Almeida e Paulo Floro. A revista será vendida a R$ 15. Vá pra rua comprar quadrinhos A Plaf está à venda em diferentes pontos de venda em todo o país. A publicação é entusiasta das lojas especializadas em quadrinhos e, por isso, incentivamos que nossos leitores prestigiem e apoiem esses espaços de venda. É possível encontrar nossos números em cidades como Recife, São Paulo, Curitiba, Brasília, Goiânia, João Pessoa, entre outros. Mantemos uma lista atualizada de endereços em nosso site: revistaplaf.com.br/lojas. A Plaf ainda está à venda em livrarias (online e de rua), algumas bancas de revista e em nosso site: loja.revistaplaf.com.br. Serviço Lançamento da Plaf #3 Data: 06 de dezembro de 2019 Ursa Bar e Comedoria Local: Rua Carneiro Vilela, 30, Espinheiro, Recife - PE Horário: 19h Gratuito

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Valorização dos quadrinhos no lançamento do selo Cepe HQ

Não é de hoje que Pernambuco abriga uma legião de quadrinistas e fãs de histórias em quadrinhos, o Estado já carrega uma tradição na nona arte e é referência nesse tipo de  literatura. Acompanhando o crescimento da produção local no setor e abrindo espaço para os autores lançarem suas obras, a Companhia Editora de Pernambuco lança novo selo, o Cepe HQ, e torna-se a primeira editora pernambucana especializada em quadrinhos. O lançamento será hoje, na Casa do Derby, às 19h, seguido de um bate-papo entre o editor da companhia, Diogo Guedes, roteiristas e ilustradores de dois álbuns de estreia: O obscuro fichário dos artistas mundanos e Polinização. O encontro será mediado pelo jornalista Paulo Floro, mestre em comunicação e culturas midiáticas, especialista em quadrinhos. “É muito importante essa iniciativa da Cepe, ter os artistas lançando seus trabalhos em Pernambuco com mais estrutura. Até então, os artistas lançavam de forma independente ou por editoras do Rio de Janeiro e São Paulo”, enfatiza Floro. De acordo com o diretor de produção e edição da Cepe, Ricardo Melo, Pernambuco está diante de um verdadeiro polo de produção de quadrinhos. “Este é um campo editorial grande, que tem se intensificado e o catálogo da Cepe, que é muito abrangente em termos de gênero, decidiu investir nesse segmento para atender a uma demanda ampla. Temos dado apoio a muitos projetos em HQ, agora resolvemos bancar e fazer com que essa produção ganhe espaço nacional”, salienta. O selo estreia com dois álbuns: Polinização, uma parceria de pai e filho, Cavani Rosas e Júlio Cavani, a ser lançado no dia 30; e O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos, roteiro de Clarice Hoffmann e Abel Alencar, com ilustrações de Maurício Castro, Greg, Paulo do Amparo e Clara Moreira. Personagens inspirados em homens e mulheres fichados pela Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) deram vida a quatro narrativas. O lançamento será no próximo dia 21, às 19h, no Armazém do Campo. Há 15 anos, durante um trabalho de pesquisa para a realização de outro projeto, a produtora cultural Clarice Hoffmann precisou consultar os arquivos do Dops, cujo acesso não era permitido. Ao contar à funcionária do Arquivo Público Jordão Emerenciano que a avó materna, Guta Gamer, judia de origem russa, havia sido fichada por ser artista de teatro, a arquivista mostrou a Clarice prontuários de várias pessoas como sua avó. Após a Lei de Acesso à Informação ter sido sancionada, em 2012, Clarice voltou ao Departamento de Ordem Política e Social, que havia deixado o status de delegacia, e começou a sistematizar as informações sobre a cena de artes e entretenimento do Brasil dos anos 1930 e 1940. De acordo com a produtora, 60% do arquivo era composto por mulheres, 40% de estrangeiros, sendo a maioria em trânsito, nomadismo que incomodava a polícia da Era Vargas. Foram cerca de três anos de trabalho, reunindo elementos para produzir O obscuro fichário, que inscreveu no Funcultura e no Itaú Cultural. Mesmo com o financiamento público e privado, o projeto só tinha fôlego para cerca de 64 páginas em preto e branco. Com o apoio da Cepe, o grupo pôde fazer um projeto mais robusto, colorido e com 116 páginas. Ao ler os prontuários enxergou ali um material perfeito para a produção de uma HQ, com muitos ingredientes para um bom álbum de aventura. O obscuro fichário rendeu quatro histórias, ambientadas nos anos de 1934 a 1958: A perseguição aos vermelhos, Josephine Strike – A mulher sem ossos, Grande Hotel, e Os cossacos e o tabu. Em algumas delas, os roteiristas escolheram transcrever textualmente parte dos documentos. Na história de Josephine esses trechos estão em balões e colagens, um recurso que conduz a narrativa de forma tão verdadeira, embora com personagens fictícios. A publicação é inspirada no projeto de pesquisa O obscuro fichário dos artistas mundanos, realizado entre os anos de 2014 e 2017. Os resultados do projeto de pesquisa, que inspirou a obra, estão no endereço eletrônico obscurofichario.com.br. São indícios da vida de mulheres e homens, brasileiros e estrangeiros, protagonistas de uma movimentação ocorrida no campo da arte e do entretenimento da cidade do Recife, entre as décadas de 1930 e 1950, que lançam luz sobre uma potente história cultural e política do estado e do país. Um mundo habitado por bailarinas acrobatas e sapateadores excêntricos, cantores de rádio e cossacos russos, pugilistas e ilusionistas, artistas teatrais e enciclopédicos. Para a polícia de Vargas todos que estivessem de alguma forma ligados à cena do entretenimento eram considerados artistas e, portanto, fichados com prontuário na Delegacia de Ordem Política e Social. Nesse rolo entravam prostitutas, pugilistas e até espaços suspeitos, por serem lugares onde havia muita rotatividade a exemplo de hoteis, pensões, teatros, cabarés, agremiações carnavalescas, vigiados pela polícia. “O que queremos mostrar é a perseguição de governos autoritários aos artistas. Nossa memória referencia muito a ditadura militar e esquece que teve ditadura civil, a do Governo Vargas. Antes do Golpe de 1964, os prontuários já existiam, muita gente havia sido fichada, muitas famílias”, diz Clarice.

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HQ “O Grito da Terra” será lançada oficialmente no Recife

A HQ pernambucana O Grito da Terra será lançada oficialmente no dia 28 de setembro, às 13h30, no Zak33 Gastro-Bar, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. A obra é escrita e desenhada pelo quadrinista Sandro Marcelo, que estará no local para autografar os exemplares adquiridos pelo público, além de participar de um bate-papo sobre sua obra e o cenário dos quadrinhos em Pernambuco. A história, que é dividida em seis partes, fala sobre a situação do planeta e o quanto o ser humano já o prejudicou – além de contar com super-heróis brasileiros. O planeta decidiu se voltar contra a humanidade e, através do Elemental, seu servo mais leal, e antigamente um herói, ataca a humanidade tentando destruir tudo que conhecemos como civilização. Nesta situação inusitada, os heróis precisam decidir de que lado ficar: Terra ou humanidade. Tratando de sustentabilidade, a HQ apresenta diversos personagens ambientados no Brasil e, sobretudo, no Nordeste e em Pernambuco. O lançamento da primeira parte do quadrinho O Grito da Terra faz parte da programação do Formigueiro Zak Nerd, que será realizado nos dias 28 e 29 de setembro, com as atividades começando a partir do meio-dia. O evento geek irá contar com uma gincana solidária para arrecadar alimentos para o Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC). Fazendo uma alusão aos Cavaleiros do Zodíaco, o público poderá levar 1 Kg de alimento, “atravessar” as doze casas – cada uma representando um signo –, realizar sua doação e concorrer a brindes. O encontro – que é promovido pela Conexão NERDeste em parceria com o ilustrador André Santana – contará ainda com exposição de itens raros da franquia Star Wars, bate-papo com o youtuber pernambucano Matheus Mendonça, do Canal All Blue, games (free play), lojas, concurso de cosplay, balada temática, workshops sobre segurança na internet para crianças e adolescentes, dentre outras atrações. No primeiro dia, sábado, o evento será das 12h às 20h, e no domingo das 12h às 18h. A entrada é gratuita. SOBRE O AUTOR Sandro Marcelo é formado em Design Gráfico pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), e quadrinista por vocação – publicando quadrinhos há mais de 20 anos. Possui inúmeros personagens publicados, e dentre eles se destacam: Conversor, Notívago, Blagster, Diamante e os Invulneráveis. Todos fazem parte do “Saniverso”, universo criado pelo autor. Além disso, Sandro colabora com inúmeras publicações em todo o Brasil. SERVIÇO Formigueiro Zak Nerd Datas: 28 e 29 de setembro Horários: das 12h às 20h (primeiro dia) e das 12h às 18h (segundo dia) Local: Zak33 Gastro-Bar Endereço: Rua do Encanamento, 1135, Casa Forte – Recife Entrada Gratuita Mais informações: (81) 99737-9132

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Editora Peirópolis e Observatório de Histórias em Quadrinhos lançam a obra O negro nos quadrinhos do Brasil

A Editora Peirópolis, em coedição com o Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP, lança O negro nos quadrinhos do Brasil (344 págs, 72 reais), do pesquisador Nobu Chinen. Na obra, com mais de 400 figuras, fruto de minuciosa pesquisa, o autor busca compreender a construção da imagem do negro nas narrativas gráficas, desde as artes visuais em seus primeiros registros da presença dos africanos no Brasil, sequestrados e escravizados para servir ao propósito colonizador, até a produção atual, incluindo do mainstream às produções autorais. Ao mesmo tempo em que expõe, como o próprio autor diz, “a verdadeira face de um país preconceituoso e racista, mas que resiste em admitir essa característica”, Nobu promove um justo resgate de parte importante de nossa historiografia, em que a crescente, porém insuficiente, marca de autores negros vem influenciando positivamente a forma de representação do negro nessa mídia, restituindo-lhe o papel fundamental na formação de nosso país como nação política independente. “O Brasil é, segundo o IBGE, um país de maioria afrodescendente. Somam 54% o número de pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas, que compõe o segmento denominado negro. Onde estão, então os pretos e pardos nos meios de comunicação? A pergunta serve para diversas áreas: teatro, cinema, televisão, publicidade e, obviamente as histórias em quadrinhos. Desta inquietação, da percepção de que a quantidade de personagens afro-brasileiros parecia perturbadoramente baixa, é que nasceu este trabalho”, afirma o autor. Para o jornalista, professor e pesquisador Paulo Ramos, a obra é resultado de rigoroso trabalho de investigação científica: “Nobu Chinen passeia com eficiência e precisão por variados personagens e publicações brasileiras. Quem conhece o autor sabe o que esperar do conteúdo. Pesquisador de mão cheia, ele tem neste trabalho talvez sua contribuição mais significativa ao campo de estudos das histórias em quadrinhos, tanto dentro quanto fora do país. Contribuição plural, que se ramifica por diferentes áreas do conhecimento, em particular as que dialogam com as humanidades.”, diz. No prefácio na obra, o Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro, do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP, conta que quando apresentou seu projeto de pesquisa, Nobu defendia que os negros e afrodescendentes eram subrepresentados nos quadrinhos brasileiros, uma vez que seu aparecimento na produção nacional estava aquém de sua participação numérica na população do país e a eles estava em geral reservada uma participação tímida – para não dizer degradante -, nos quadrinhos, sendo colocados na posição de coadjuvantes, serviçais ou vilões. “Tenho a impressão de que, felizmente, como a atualização da pesquisa de Nobu demonstra, essa situação caminha – eu diria até que celeremente –, se não para a reversão, pelo menos para um maior equilíbrio, como demonstram artistas como Marcelo D´Salete, Maurício Pestana, Rafael Calça e Jefferson Costa, entre outros. E isso ocorre porque – não tenho dúvidas a respeito –, pesquisadores como Nobu se dedicaram com denodo, por meio de sua práxis profissional, a tornar visível a disparidade ou o preconceito subjacente na produção quadrinística brasileira.”, afirma. Sobre o autor Nobuyoshi Chinen (1961), mais conhecido como Nobu Chinen, é escritor, publicitário, editor, professor e pesquisador. Este estudo foi desenvolvido como sua tese de doutorado em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É membro do Observatório de Histórias em Quadrinhos, da Comissão Organizadora do Troféu HQ Mix, das Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, e já publicou muitos artigos e capítulos sobre histórias em quadrinhos. Informações: 3355-3322

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Excelsior! Antes da Bienal do Rio, outras HQs já sofreram preconceito

Parafraseando Thanos, em Vingadores Ultimato, seria INEVITÁVEL não falar sobre a censura da Prefeitura do Rio de Janeiro ao HQ "Vingadores: A Cruzada das Crianças". O gestor municipal determinou que a obra fosse retirada da Bienal do Livro do Rio de Janeiro em prol do “bem estar das crianças e adolescentes da cidade”. O motivo? Um beijo entre personagens de mesmo sexo. Mas a ação teve efeito contrário: até mesmo quem não conhecia a HQ saiu em busca da obra, com um exemplar chegando a custar, na Internet, a bagatela de R$ 250,00!   Esta não foi a primeira e nem será a última ação de órgãos públicos e da sociedade civil contra os quadrinhos, seus personagens e conteúdos. O cerne da questão aqui não é apenas a cena do beijo, mas a falta de entendimento sobre uma forma de expressão artística que faz parte de nossa cultura e, como tal, também é um espelho da sociedade e de suas transformações. As belas artes também já foram alvo de censura, pois até meados do século 20 se considerava pouco ‘prudente’ ou ‘nobre’ retratar o cotidiano e o cidadão comum nas telas produzidas por renomados pintores. As vanguardas artísticas quebraram com essa premissa, instigando a inserção de elementos prosaicos e populares. O preconceito, meu véi, é algo comum e prejudica a arte, a criatividade e a sociedade. “Free your mind!" Cada período histórico trouxe junto uma série de temas considerados tabus. Os problemas existiam mas não podiam ser retratados. O que, convenhamos, não era decidido pela sociedade como um todo. Mas por alguns cabras do lado negro da força. Vou então lembrar de alguns personagens cujos criadores foram ousados e corajosos porque, por meio de suas criações, mostraram de maneira lúdica seu posicionamento. Esses seres extrapowers incluíram a representatividade de grupos sociais e minorias políticas, pense numa galera arretada!  Bora lá para o ano de 1941, quando o psicólogo William Moulton Marston ousou criar a primeira personagem feminina com poderes do Pipoco de Zion, ou melhor, Pipoco da ilha de Temiscira, a nossa extrapower Mulher-Maravilha. Coragem da gôta! Entenda que ainda hoje, em pleno século 21, estamos debatendo e lutando pelo empoderamento feminino, estás vendo só como o cara estava à frente de seu tempo?! A Amazona da DC Comics sofreu, visse? A questão era o fato dela ser muito poderosa e, claro, mulher. Acredite, meu véi, ela chegou a perder os poderes e quase desaparecer do mundo dos quadrinhos na década de 1960. No mundo dos games, a coragem foi da desenvolvedora ‘Core Design’. Em 1996 ela apresenta a personagem principal do jogo “Tomb Raider”, uma protagonista arretada e ‘virada no mói de coento’, Lara Croft. Nessa época só tínhamos os caras exibindo os músculos, empunhando os gatilhos e lançando golpes mortais contra seus inimigos. Como guerreira, Lara Croft mostrou seu valor e se tornou um sucesso. A heroína segue brilhando no cinema e nos games até hoje. Se formos pensar em representatividade dos negros nas HQ, ai que lascou! Só começou mesmo na Era de Prata dos Quadrinhos, em 1966, com a aparição do Pantera Negra, herói idealizado pelo roteirista Stan Lee e o artista Jack Kirby. Só a título de comparação, Superman foi criado em 1938 e, na sequência, vieram Batman, Flash, Lanterna Verde, Aquaman, Capitão América, todos antes do final da década de 1940. E como chegamos na Era de Prata, precisamos recordar de um episódio deplorável - pra dizer pouco - no mundo das HQ, pois a intolerância de alguns grupos culminou em centenas de revistas rasgadas ou queimadas, personagens desaparecendo, estúdios de criação encerrando suas atividades, um verdadeiro apocalipse. O mesmo tipo de preconceito que os jogos digitais ainda sofrem nos dias de hoje.  Pois bem, o psiquiatra Fredric Wertham publicou um artigo, na edição de 29 de maio de 1947 do semanário Saturday Review of Literature, acusando os quadrinhos de serem “violentos e carregados de perversões sexuais”. Além disso, ele e outros caras provocaram uma campanha para banir as HQs da face dos EUA e da Terra, literalmente, produzindo estudos com resultados e metodologias questionáveis para provar que as HQs não eram boas para as crianças e adolescentes.  Em 1954, Werthan publica o livro "Seduction of the Innocent" e sua campanha toma proporções gigantescas. O livro levantava acusações contra personagens e foi uma das primeiras obras a dizer que Batman era gay, o que resultou na criação de mais um personagem, o mordomo Alfred, para ajudar na imagem do Bruce Wayne.  Esse foi um duro golpe aos quadrinhos. Como se juntassem Thanos, Darkseid, Satan Goss e Dormammu para devastar não apenas Superman, mas outros heróis, como Mandrake, O Fantasma, e as próprias empresas: DC Comics, Marvel ou qualquer outra. A ação também teve sérias consequências no mercado de quadrinhos independentes aqui no Brasil, pense numa bagaceira!  Muitos personagens tiveram que ter a sua origem alterada para poder se manter ainda vivo, a exemplo da criação de Barry Allen como novo protagonista para o papel de Flash, da DC Comics, em 1956. O herói original era Jay Garrick, que após fumar um cigarro ficou desacordado e terminou inalando gases num laboratório, onde obteve seu poder de supervelocidade. Jay Garrick foi criado em 1940, na Era de Ouro dos Quadrinhos (1938-1958).  Então imaginem se os criativos não mantivessem sua coragem e perseverança inabaláveis, possivelmente não teríamos nossos super heróis, não teríamos o Spiderman, Homem de Ferro, Hulk, Thor, Christopher Reeve como Superman - O filme em 1978. Ou Neo de The Matrix, Vingadores Ultimato nos Cinemas, não teríamos o Coringa ganhando o Leão de Ouro em Veneza, tu imagina isso véi???? Stan Lee criou Os Mutantes, em 1963, justamente para mostrar que todos são iguais e precisamos entender, conviver e amar as diferenças e a diversidade. A partir disso, a representação de outras minorias políticas surgiu nas HQ, a exemplo do casamento dos mutantes gays Estrela Polar e Kyle Jinadu, a lésbica Lucy in the Sky, também conhecida como Karolina Dean, da HQ 'Fugitivos', o primeiro mutante

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EduQuadrinhos lança sistema de assinatura de HQs voltada para a família

O sistema de assinaturas “EduQuadrinhos para a Família” envia duas HQs mensais à casa dos assinantes: um para os adultos e outro para as crianças. No primeiro mês, a HQ escolhida que visa o público adulto foi “A Noiva”, do roteirista Eron Villar e o ilustrador da Marvel Thony Silas. Já para as crianças, foi selecionada a HQ o  “Rei e o Príncipe”, do autor e professor Fábio Paiva e da ilustradora Rhebeca Morais. Há também outras opções de quadrinhos para os leitores que já tiverem as obras escolhidas para o período. As assinaturas estão por R$ 42,50 e são liberadas em todas as regiões do país. Os interessados podem se inscrever pela loja no site https://eduquadrinhos.com. Promovido pelo projeto EduQuadrinhos, que procura aproximar o universo das HQs das práticas educacionais, a nova iniciativa busca estimular a leitura em família e a formação de  leitores. Os quadrinhos são selecionadas pelo próprio criador do projeto, o professor e roteirista Fábio Paiva, doutor em educação e especialista em HQs. A qualidade é assegurada por ele, que ainda envia junto às duas edições uma carta indicando as questões positivas para a educação nas obras selecionadas.   Sobre o idealizador do projeto Fábio da Silva Paiva é doutor em Educação, mestre em Educação e licenciado em Geografia. Professor do Ensino Básico recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita. Atualmente é professor do ensino superior atuando na formação de professores. Trabalha com HQs na Educação há 14 anos é autor dos livros "Histórias em Quadrinhos na Educação" e "Educação e Violência nas HQs de Batman" entre outros. Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo, vive em Recife há 10 anos.   Mais informações: SIte: https://eduquadrinhos.com/2018/07/24/leitura-em-familia-com-o-eduquadrinhos/

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