Arquivos Urbanismo - Página 21 De 97 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Suape abre diálogo para projeto de concessão de parte de Parque Metropolitano

(Do Complexo de Suape) O Complexo Industrial Portuário de Suape abriu consulta pública referente ao projeto de concessão de uso de bem público do Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti (PMAHC), localizado no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. A sociedade civil e o setor produtivo estão convidados a participarem, de 4 de julho a 7 de agosto, com contribuições ao projeto modelado pela Secretaria de Projetos Estratégicos do Estado de Pernambuco, com participação de consultores contratados pela Unesco. As colaborações devem ser enviadas pelo e-mail dialogopublico.armandoholanda@sepe.pe.gov.br. Todos os arquivos estão disponíveis nos endereços eletrônicos www.parcerias.pe.gov.br e www.suape.pe.gov.br. O perímetro da área da concessão abrange cerca de 118 hectares (ha) de um total de 270 ha do PMAHC. A concessionária que vencer a concorrência, a ser realizada em março de 2024, será responsável pela administração, operação, manutenção e conservação dos atrativos, e pelos investimentos obrigatórios, estimados em R$ 45,9 milhões para os três primeiros anos. “A concessão é de grande importância para viabilizar serviços essenciais para o funcionamento desse equipamento histórico-cultural tão rico e importante para a região. A ação contempla a implementação de estratégias de preservação dos recursos naturais e culturais e está alinhada à Agenda ESG (boas práticas de governança e sustentabilidade), um dos pilares da administração do complexo”, afirma o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot. A concessionária deverá priorizar a mão de obra local e a aquisição de produtos e serviços das comunidades do entorno do parque. Deverá, também, optar por implantar intervenções, atividades, serviços, programas e ações com premissas sustentáveis, buscando contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “A iniciativa visa impulsionar o desenvolvimento sustentável da região, possibilitando projetos inovadores importantes para as comunidades da área, com geração de renda, fomento aos novos negócios e consolidação do sentimento de pertencimento da população”, ressalta o diretor de Sustentabilidade do atracadouro, Carlos Cavalcanti. O PARQUE O PMAHC, localizado no Cabo de Santo Agostinho, a 30 quilômetros do Recife, é um dos principais ativos ambientais e culturais de Pernambuco e facilmente acessível a partir do polo turístico de Porto de Galinhas e região. Com área total de 270 hectares, instituída no final da década de 1970, a proteção patrimonial da área ficou sob responsabilidade da estatal portuária, empresa pública que administra o Porto de Suape. O equipamento conta com grande potencial turístico por seus valores nas áreas paisagística, geológica, ambiental, histórica, religiosa e cultural.

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"Diminuir limites de velocidade favorece a segurança de todos"

Danielle Hoppe, Gerente de Mobilidade Ativa do ITDP Brasil, falou com a Algomais sobre as principais consequências do excesso de velocidade no trânsito e destacou algumas alternativas para combater essa infração que mata muita gente no País anualmente. As políticas de redução dos limites de velocidade, segundo estudos realizados pelos municípios e instituições de pesquisa, tem impacto insignificante no tempo de deslocamento, mas fundamental para redução dos sinistros. Quais os principais resultados da velocidade praticada no trânsito no País? Precisamos avançar no debate da fiscalização e redução dos limites definidos hoje no País? A velocidade inadequada é um dos principais fatores de risco nas lesões de trânsito, ela influencia tanto no risco de uma colisão acontecer, quanto na gravidade das lesões. Diminuir limites de velocidade favorece a segurança de todos os usuários da rua, inclusive a dos motoristas, há inúmeras evidências científicas. No Brasil, anualmente, mais de 30 mil pessoas perdem a vida no trânsito, em áreas urbanas e rodovias. A nossa taxa de mortalidade está próxima de 15 mortes a cada 100.000 habitantes, que ainda é uma taxa muito alta. A título de comparação, nas Américas uma das menores taxas é a do Canadá, que em 2018 era próxima de 5 mortes por 100 mil habitantes. As medidas implantadas ao longo dos últimos anos, como a lei seca e a fiscalização do excesso de velocidade, são cruciais, mas a gente ainda mata o equivalente à população de uma cidade inteira por ano. Em 2021 morreram 33.813 pessoas - um número aproximadamente 3,4% maior que o registrado em 2020, e maior que o número de óbitos de 2019, quando tivemos 32.667 mortes por sinistros de trânsito. Isso mostra que essas medidas precisam ser ampliadas e que os limites de velocidade em áreas urbanas precisam ser revistos e reduzidos. A recomendação de velocidade máxima da OMS para vias urbanas é de 50 km/h. Hoje quem são as principais vítimas do problema relacionado à velocidade no trânsito? Atualmente, no Brasil, o grupo mais vulnerável é o grupo dos motociclistas, que representam 35% das mortes no trânsito, seguidos dos ocupantes de automóveis, com 21%. O pedestre representa 16%, o que equivale a 5.349 pessoas mortas em 2021. Esses dados incluem não só cidades, mas também rodovias (e por isso o alto número de ocupantes de automóveis). Essa é uma tendência que vem se invertendo nos últimos anos, há algum tempo o maior número de mortes era de pedestres, mas com o aumento expressivo da frota de motocicletas no Brasil, o número de mortes de motociclistas vem crescendo rapidamente.E temos ainda uma fatia de aproximadamente 19% de “outros ou não identificados”, que já dá também um indício de outro problema sério que temos, que é o registro dessas mortes e ferimentos, que muitas vezes têm pouca informação e dificultam o entendimento preciso do problema. Temos alguma referência de cidade que conseguiu reduzir a velocidade nas suas vias de maneira efetiva e segura? Um exemplo emblemático no Brasil é o caso de Fortaleza, que vem reduzindo aos poucos a velocidade limite em vias importantes, e conseguiu reduzir em 67% a média de acidentes com mortes nestas vias. É uma cidade brasileira que tem provado que, ao combinar capacidade técnica, vontade política e comunicação com a população é possível reduzir significativamente o número de mortes no trânsito e tornar a rua um espaço mais seguro para a população. A experiência de São Paulo, em 2015, também trouxe resultados positivos - relatados aqui neste boletim da CET-SP. Outro caso que anda muito na mídia é o de Paris, que recentemente limitou a 30 km/h a velocidade em grande parte da cidade, para reduzir mortes no trânsito e também a poluição. Mesmo nas vias que ficaram de fora da nova regulamentação, como a Champs Elysées, a velocidade limite é 50 km/h, que é a recomendação de velocidade máxima da OMS para vias urbanas. Nos EUA, Nova York foi a primeira cidade nos Estados Unidos a adotar a abordagem da Visão Zero, em 2014. E eles conseguiram 28% de redução nas mortes no trânsito e 45% de redução no número de mortes de pedestres entre 2014 e 2017. Entre as principais medidas implementadas estiveram: Redução do limite de velocidade nas vias arteriais para 40 km/h (25mph) em toda cidade; Medidas de redesenho viário para redução de velocidade; Aumento da fiscalização de motoristas; Disponibilização online de estatísticas sobre segurança viária com linguagem de fácil compreensão para a população; Planos de segurança do pedestre elaborados para cada distrito; prioridade para intervenções em áreas de maior risco; e estratégia de comunicação e envolvimento da população. A resistência por esse tipo de mudança (de redução da velocidade) em geral é bem grande por quem usa o transporte individual. A redução da velocidade tem qual impacto no tempo de deslocamento e nos engarrafamentos? Acredito que os principais obstáculos sejam o desconhecimento quanto aos riscos associados à velocidade para todos os usuários da via, e uma falsa ideia de que a redução do limite de velocidade em áreas urbanas vai resultar em grandes aumentos do tempo de deslocamento, o que não tem sido comprovado nas iniciativas de redução de limites de velocidade pelo mundo. A redução da velocidade limite tem um impacto insignificante no tempo de deslocamento. Um estudo realizado pela Prefeitura de Fortaleza mostrou um aumento de apenas 6 segundos no tempo médio de viagem a cada quilômetro percorrido. É um resultado ínfimo se pensarmos que, com a mesma medida, estamos evitando mortes e lesões graves que têm impactos psicológicos, sociais e econômicos bem maiores para a sociedade. Quanto ao congestionamento, a diminuição da velocidade faz com que a distância entre os veículos também diminua, e pode, assim, resultar no aumento da capacidade de fluxo na via. Além disso, a redução das velocidades faz com existam menos sinistros de trânsito, os quais são uma causa frequente de congestionamento. São fenômenos pouco intuitivos, e talvez por isso tenhamos dificuldade em disseminá-los. Acho que sempre é importante lembrar, também, que nas cidades brasileiras, 42% dos

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Organizações de mobilidade urbana fazem propostas para o Plano Plurianual

Sugestões incluem aluguel de ônibus elétrico para cidades e investimentos em mobilidade por bicicleta e a pé. A votação fica aberta até 14 de julho (Do IDEC) O Idec, junto com outras organizações da sociedade civil, cadastrou na plataforma do Plano Plurianual (PPA) Participativo 2024-2027, do governo federal, três propostas de programas para melhorar a mobilidade urbana nas cidades brasileiras, que passa por profunda crise. As sugestões incluem iniciativas relacionadas ao transporte coletivo, mobilidade por bicicleta e a pé. Até o dia 14 de julho toda a população pode acessar a plataforma do PPA e votar nas propostas para que elas sejam incluídas no Plano. A proposição para o transporte coletivo, cadastrada pelo Idec, trata do aluguel de frota de ônibus elétricos, pelo governo federal, para ceder sem custo aos municípios. A medida busca promover a mobilidade sustentável, com redução de poluentes, e contribuir para reduzir a crise financeira generalizada do setor de transporte público no país. A eletrificação já é uma tendência mundial para o transporte público do presente.O Brasil está atrasado nesse movimento. Isso porque os ônibus elétricos custam caro e os municípios não possuem recursos suficientes para fazer o investimento. “O governo federal tem um orçamento mais robusto e condições de dar esse incentivo. Em troca, os municípios forneceriam dados para um monitoramento constante da qualidade do transporte público pelo Governo Federal, combatendo, assim, a má gestão do serviço e o mau uso do dinheiro público, o que é comum em todas as cidades brasileiras”, afirma Rafael Calabria, coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Idec. Uma reunião entre o Idec e a Casa Civil está agendada para o dia 4 de julho para discutir a viabilidade de implementação do programa de aluguel de frota elétrica, que foi apresentado ao governo federal pela primeira vez em abril de 2022. A proposta de mobilidade por bicicleta, cadastrada pela União de Ciclistas do Brasil - UCB, se refere à execução do programa Bicicleta Brasil, aprovado pela Lei 13.724 aprovada em 2018. Trata-se de implementar infraestrutura para bicicletas, ciclovias, ciclofaixas e sinalização vertical e horizontal; readequar velocidades levando em conta o uso das vias por ciclistas e pedestres, garantindo sua segurança. Inclui, ainda, investimento na integração dos sistemas de transportes, com bicicletários e subsídio a sistemas de bicicletas compartilhadas, com integração tarifária. Já a proposta para os pedestres envolve apoiar os municípios na implantação de infraestrutura adequada para a mobilidade a pé, incluindo travessias e calçadas acessíveis e iluminadas, produzindo segurança viária e pública.

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Prefeitura do Recife anuncia leilão de imóvel no Recife Antigo e terreno na Madalena

A Prefeitura do Recife realizará um leilão público no dia 6 de julho, conduzido pelo leiloeiro Luciano Rodrigues, da empresa pernambucana Lance Certo Leilões. O objetivo é vender um prédio histórico no Bairro do Recife e um terreno na Madalena. Será realizado um leilão de um prédio histórico pertencente à antiga Cia Alliança da Bahia. Localizado no Recife Antigo, uma região de grande importância histórica, cultural e afetiva para a cidade, o imóvel tem despertado grande interesse devido aos investimentos significativos na área, como a construção de hotéis e um centro de convenções. O prédio em questão possui uma área construída de 1.292,87 metros quadrados e abriga nove salas amplas distribuídas em seis pavimentos. No leilão, será ofertada a porção do edifício voltada para a avenida Marquês de Olinda. O outro bem é um terreno na Madalena, que possui 260 metros quadrados de área e já abrigou quatro unidades residenciais. O terreno está localizado em uma região com grande potencial para o desenvolvimento imobiliário, seja para a construção de empreendimentos residenciais ou comerciais.  O leilão será realizado na modalidade online, a partir do site da Lance Certo (www.lancecertoleiloes.com.br/leilao/060723IM).

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É urgente baixar a velocidade máxima na cidade para 50 km/h

A velocidade praticada acima dos limites permitidos é, de longe, a principal causa de mutilações e mortes no trânsito urbano do Brasil e do Mundo. No Recife também, com o sério agravante de que a morte de pedestres é superior à de todos os usuários de outros meios de deslocamento, inclusive de motociclistas. Segundo o Relatório Anual de Segurança Viária Recife 2021, de 2017 a 2021 morreram 249 pedestres vítimas de atropelamento na cidade do Recife contra 157 motociclistas, representando os pedestres, 48% das vítimas fatais de sinistros de trânsito em 2021. Um escândalo, além de uma covardia inomináveis! Afinal, pedestre não tem para-choque, nem motor, nem para-brisa, nem airbag, nem cinto de segurança. Se for vítima de um atropelamento, terá que se defender exclusivamente com o próprio corpo! De acordo com o Speeding Management Report (OCDE, 2005), um pedestre que for vítima de atropelamento por um veículo motorizado na velocidade de 60 km/h (limite máximo atualmente permitido nas vias arteriais urbanas, segundo o Código de Trânsito Brasileiro), terá apenas 2% (sim, dois por cento!) de chance de sobreviver, equivalendo o impacto a uma queda do 5º andar. Se a velocidade de impacto for de 50 km/h, velocidade máxima que a OMS (Organização Mundial de Saúde). recomenda enfaticamente para as cidades, a chance de sobrevivência sobe para 20% (vinte por cento!), equivalendo o impacto a uma queda do 4º andar. Esses números estarrecedores me fazem concluir que quem ultrapassa 60 km/h numa cidade deveria ser preso por tentativa de assassinato de pedestre, em especial no Recife. E o mais dramático é que esta situação de morte de pedestres perdura apesar do grande esforço que está sendo feito pelas autoridades de trânsito do Recife, em especial a CTTU – Autarquia de Trânsito e Transporte do Recife, com o apoio internacional da Bloomberg Philanthropies – Iniciative for Global Road Safedy. Por isso, precisamos ir além, sobretudo no que diz respeito ao controle das velocidades praticadas na cidade. Por experiência própria de militante da mobilidade a pé no Recife, arrisco dizer que o índice de cumprimento do que determina o Código de Trânsito (máximo de 60 km/h nas vias arteriais – que ligam bairro a bairro; 40 km/h nas vias alimentadoras – que alimentam as arteriais; e 30 km/h nas vias locais) é praticado pela minoria dos veículos motorizados se o trânsito estiver livre. Já fiz pesquisa na minha rua que é uma alimentadora e, portanto, deveria comportar velocidade máxima de 40 km/h, com o reforço de que ainda tem uma ciclofaixa, e mais de 60% dos veículos motorizados passantes estavam acima deste limite, a qualquer hora do dia e da noite. A propósito da noite, existe, inclusive, em vigor uma absurda determinação judicial, ao que parece por solicitação do Ministério Público Estadual, para desligar as lombadas eletrônicas (de controle da velocidade), das 22h às 6h na manhã. E, justamente, neste intervalo horário, as estatísticas mostram o aumento da velocidade média, acima das máximas permitidas e, por conseguinte, o aumento de sinistros e de mortes. Os argumentos dos que são contra a fiscalização rigorosa com, nada mais nada menos, do que a aplicação estrita da lei, não resistem às provas científicas e estatísticas: segurança (para evitar assaltos) e retenção da fluidez (a velocidade reduzida aumentaria os engarrafamentos). Não é a velocidade que diminui o risco de assalto, o que ela aumenta, exponencialmente, isto sim, é o risco de sinistro. E, ao contrário do que alega o senso comum, a diminuição da velocidade aumenta a fluidez ao invés de reduzi-la. Em sendo assim, urge ser implacável com as velocidades praticadas acima dos limites e adotar imediatamente a recomendação da OMS: 50 km/h no máximo nas áreas urbanas. Fora disso, os rigores implacáveis da lei! As milhares de mortes covardes e injustificáveis de pedestres bem como as famílias destroçadas clamam por isto, já!

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Acelerar menos para preservar vidas

*Por Rafael Dantas Ninguém imagina que um dia despretensioso, quando o ato cotidiano de ir ao trabalho ou para a escola, pode mudar anos da vida de um indivíduo simplesmente pela decisão de um motorista pisar mais fundo no acelerador. Fabiana Alves, 41 anos, é uma dessas pessoas afetadas. Ela ainda guarda no corpo e nas memórias algumas marcas de um desses dias. Aos 15 anos, quando atravessava a BR-101, em Paulista, a caminho da parada de ônibus para ir à escola técnica, ela não chegou do outro lado da via. Um veículo em alta velocidade ultrapassou um coletivo que estava mudando de faixa e atropelou Fabiana. Ela não lembra dos momentos seguintes ao acidente. Mas os relatos de quem estava no local é de que ela voou na pista, parando muitos metros à frente. Com o choque, ela fraturou o braço esquerdo e a perna direita. “Ninguém sabe como o acidente fraturou os membros dos dois lados. Provavelmente foi pelo giro que dei. Voei lá para frente. Tive fratura exposta no braço e saí com o fêmur quebrado”. Foram dois meses no hospital e um ano de fisioterapia até ela voltar a ter todos os movimentos. Fabiana só ficou de pé quatro meses após a colisão, com um tratamento intenso e correndo riscos, na época, até de perder o braço. “Todo o cenário — a distância que fui arremessada, a velocidade e o grau das fraturas —, agradeço a Deus por estar viva. Eu mesma vi o caso de uma menina na mesma situação, que foi atropelada por um carro que ultrapassou um ônibus, e ela não está aqui para contar história”. O motorista na ocasião nem sequer prestou socorro. Fabiana é mais uma a engrossar as tristes estatísticas do contingente de pessoas vitimadas por acidentes de transporte terrestre, que só no ano passado, em Pernambuco, atingiram 38 mil vítimas. Para muitas famílias, os quilômetros por hora a mais nas ruas resultam em perdas irreversíveis. MORTES E ALTA VELOCIDADE NAS VIAS No Brasil, morreram em 2021 (último ano com os dados fechados), 33.813 pessoas decorrentes de acidentes no trânsito. O número de vítimas em apenas um ano no País é superior a toda a população do município de João Alfredo e bem próximo ao total de moradores do populoso bairro de Nova Descoberta, no Recife. No Brasil, a maioria das mortes no trânsito, de motociclistas, é, portanto, um dos principais alvos das políticas públicas de segurança nas vias. No entanto, no Recife, a realidade é distinta. O Relatório Anual de Segurança Viária, publicado pela CTTU (Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife), indicou que 48% das vítimas fatais são pedestres, enquanto os motociclistas representam 29%. O estudo indicou também que, diante disso, há necessidade de políticas mais efetivas na adequação do espaço público para os que andam a pé, os mais frágeis no trânsito. “No Brasil, anualmente, mais de 30 mil pessoas perdem a vida no trânsito, em áreas urbanas e rodovias. A nossa taxa de mortalidade está próxima de 15 mortes a cada 100 mil habitantes, que ainda é muito alta. A título de comparação, nas Américas, uma das menores taxas é a do Canadá que, em 2018, era próxima de 5 mortes por 100 mil habitantes”, afirma Danielle Hoppe, gerente de mobilidade ativa do ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento). Muitos dos dramas e dos prejuízos originados nas ruas, avenidas e estradas têm como causa a pressa e a imprudência dos motoristas ao volante. “A velocidade inadequada é um dos principais fatores de risco nas lesões de trânsito, ela influencia tanto no risco de uma colisão acontecer, quanto na gravidade das lesões. Diminuir limites de velocidade favorece à segurança de todos os usuários da rua, inclusive a dos motoristas, há inúmeras evidências científicas”. Em outras palavras, obedecer à velocidade recomendada ou ser mais conservador no volante, dirigindo um pouco abaixo dos limites, aumenta as chances de sobrevivência da pessoa acidentada numa colisão. Segundo o Guia de Gerenciamento de Velocidade, do IRAP (Programa Internacional de Avaliação de Estradas), numa colisão quando o veículo está numa velocidade de 60 km/h ou mais, o motorista não tem tempo de frenagem suficiente, mesmo a 30 metros da vítima, e o pedestre tem alto risco de morte. Quando o veículo está a 50 km/h, também não é possível evitar o choque, mas a tendência principal é do atropelado sair com ferimentos e mais chance de sobrevivência. Em um cenário de deslocamento a 40 km/h, o condutor consegue parar antes e evitar o acidente. “De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), ferimentos associados ao trânsito representam a oitava causa de morte no mundo e a primeira entre crianças e jovens de 5 a 29 anos. No Brasil, sinistros de trânsito foram a maior causa de mortes de crianças de até 14 anos em 2019 (29% dos óbitos). Salvar vidas é o principal benefício da redução das velocidades máximas”, afirmou Ana Carboni, diretora financeira e coordenadora do projeto Vias Seguras, da UCB (União de Ciclistas do Brasil). Além da redução das mortes e de todos os sofrimentos relacionados às consequências para a saúde dos acidentados que sobrevivem às colisões, a redução dos sinistros tem um impacto importante na economia do País. De acordo com pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estima-se que entre 2007 e 2018, o Brasil teve um custo de R$ 1,5 trilhão em decorrência da violência do trânsito. Atualmente, os sinistros de trânsito custam em média R$ 50 bilhões por ano para a sociedade brasileira. Um prejuízo que em Pernambuco está relacionado às 470 mil infrações registradas no ano passado e cometidas por veículos que trafegavam acima das velocidades máximas permitidas na via. Enquanto isso, o debate que está em andamento no Congresso Nacional e em organizações da sociedade civil é o de reduzir os limites máximos e tornar a fiscalização mais rigorosa. NOVA REGULAMENTAÇÃO Para enfrentar esse contexto de infrações e índices alarmantes de mortes no trânsito, no final de

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As demandas da Comunidade do Pilar

Localizada a poucos metros da Prefeitura do Recife, a Comunidade do Pilar é quase invisível para quem transita pelas principais vias do bairro histórico da cidade. Apesar de estar no centro, seus moradores convivem com problemas típicos da maioria das periferias urbanas. Morador e líder comunitário do Pilar, Josafá do Nascimento, 38 anos, explica que o principal pleito dos moradores é a construção de habitacionais. Apenas os primeiros foram construídos. As obras foram interrompidas por causa de importantes descobertas arqueológicas na região. Ainda sobre moradia, o líder comunitário destaca que os moradores dos primeiros habitacionais precisam de um suporte para a revitalização dos edifícios, que tem apresentado problemas de infiltração e até elétricos. Josafá explica também que há uma grande expectativa dos moradores que já estão nos habitacionais de receberem a documentação do imóvel. “Não temos os documentos ainda, estamos lutando por esse direito. Hoje são 192 moradores que conseguiram a moradia. A bronca é a reforma, que ninguém tem dinheiro e já tem problemas e infiltração”, conta Josafá. Enquanto os novos prédios não são construídos, muitos moradores dependem de um auxílio que é insuficiente para pagar o aluguel enquanto aguardam seu apartamento definitivo. Sobre esses moradores, ele conta que vários estão construindo barracos na vizinhança por não ter como pagar a locação. "Alguns beneficiários desse auxílio moradia já estão há mais de 10 anos aguardando o imóvel e estão voltando para a comunidade". Em uma volta no Pilar, Josafá aponta problemas como a falta de calçamento de várias ruas e ainda problemas de coleta de lixo, que se acumulam nos terrenos baldios. O líder comunitário afirma que, apesar do suporte social de igrejas, empresas e ONGs aos moradores, as famílias da comunidade precisam de oportunidades de formação e trabalho para diminuir o quadro de desemprego e vulnerabilidade social local. Confira abaixo Josafá Nascimento.

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"Incluir o Metrô do Recife no Programa de Desestatização foi um grande equívoco"

Adriano Lucena, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), tem sido uma voz crítica à opção do Governo Bolsonaro e, por enquanto, mantida pelo Governo Lula, de incluir a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que controla o Metrô do Recife, dentro do Programa Nacional de Desestatização (PND). Em entrevista concedida à Algomais e em seu pronunciamento na audiência pública que aconteceu Senado Federal, o engenheiro defendeu a urgência para reabilitar o sucateado sistema metroviário da RMR e sugere que Pernambuco discuta a expansão da malha de transporte de passageiro sobre trilhos. “Colocar o metrô no PND foi um grande equívoco e manter também é um grande equívoco. Ainda que a decisão do Governo Federal seja pela concessão pública, esse momento é igual ao final de feira, quando se vende o produto no menor preço possível, com rejeição e sucateamento”, afirmou o engenheiro. Diferente da defesa do Governo Federal até o ano passado pelos processos de privatização e concessão dos sistemas de transporte, Adriano Lucena observa de forma crítica essa opção, fazendo uma comparação com o modal rodoviário. "O debate nos últimos anos foi se o metrô é publico ou privado? Mas a preocupação é se ele é eficiente ou ineficiente. O nosso transporte rodoviário, por exemplo, é uma concessão. E não funciona . Temos que promover o transporte pelo preço justo e de boa qualidade". Especificamente sobre o modal metroviário, que tem um custo elevado de operação, ele destaca que há uma dificuldade de uma gestão privada pelo fato de serem sistemas que não dão lucro. "O setor privado, de forma correta, vai colocar investimento para ter lucro. Isso é como acontece no mundo do capital, pois não se trata de um papel social, mas da lucratividade sobre o investimento. Mas o metro gera déficit. Esse papel tem que ser feito pelo Estado, para transportar trabalhadores e estudantes. O debate do transporte público tem uma relação direta com a questão do meio ambiente e com o esforço para reduzir os acidentes de trânsito. São aspectos que o Estado tem que se preocupar". Adriano Lucena relembrou o fato do metrô do Recife já ter sido referência para o Brasil e ser destaque até em alguns padrões internacionais nos anos 90. Ele lamenta o fato da sociedade não ter cobrado de forma mais incisiva ao poder público a mantenção da qualidade desse serviço, nem a expansão. "Deixamos isso se perder ao longo do tempo. Nossa omissão tem preço muito grande enquanto cidadãos para termos uma sociedade mais justa e democrática. Temos que nos perguntar, porque o Metrô deu certo lá atrás e não deu agora. O que está acontecendo? E precisamos propor uma expansão. Além de recuperar o que está sucateado, melhorando o serviço, precisamos expandir". Durante a audiência pública, ele lembrou seis projetos de expansão que foram previstos, estudados, mas nunca saíram do papel. "Imagine se tivéssemos expandido o metrô nesse tempo, imagine quantas mil pessoas estariam se deslocando dia a dia em um transporte que tira a poluição e reduz a quantidade de veículos nas ruas. O metrô é um transporte amigo do meio ambiente. São muitos benefícios sociais que a gente gera com o metrô. Estamos construindo esse debate com o Sindmetro e tentando expandir para Minas Gerais, o Rio Grande do Norte e a Paraíba, provocando os sindicatos e Creas desses estados", afirmou Adriano Lucena. MINISTÉRIO DAS CIDADES Após a audiência pública que aconteceu no Senado Federal, questionamos o Ministério das Cidades se a decisão do Governo Bolsonaro de inclusão do Metrô do Recife no PND seria mantida ou revertida. O ministério respondeu que: "No momento a empresa permanece incluída no Programa Nacional de Desestatização – PND". O Ministério das Cidades informou que após a CBTU ter sido qualificada no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) e incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND), no Governo Bolsonaro, foi feita a contratação do BNDES para elaboração de estudos, incluindo o diagnóstico situacional da empresa, com a avaliação dos ativos e passivos para a descentralização dos sistemas de transporte e avaliação econômico-financeira da empresa. "A expectativa é que estudos e a estruturação da modelagem de negócios proporcionem um ambiente favorável para transferir para os Estados a administração e os sistemas de transporte ferroviários urbanos/metropolitanos de passageiros, com consequente possibilidade de os Governos Estaduais realizarem a concessão dos serviços ou mesmo a privatização dos ativos com vistas à operação dos sistemas e a exploração imobiliária e de negócios associados, caso entendam necessário". Os estudos desenvolvidos pelo BNDES estão sob a coordenação da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos – SEPPI, vinculada à Casa Civil, da Presidência da República. O cenário atual em que esse debate acontece, como destacado na reportagem Qual a saída para o Metrô do Recife?, é de intensa crise de duas das maiores concessões de sistemas sobre trilhos no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Enquanto no caso do Rio de Janeiro se trata de um contrato perto do seu vencimento (25 anos), que não entregou a almejada recuperação do sistema e qualificação do serviço, em São Paulo, a concessão está em seus primeiros anos, mas a companhia que opera as duas linhas privatizadas não consegue manter o mesmo padrão dos trechos que permanecem com a operação pública. Em levantamento realizado pela TV Globo em São Paulo, nas linhas Diamante e Esmeralda, que foram concedidas para a iniciativa privada a quantidade de falhas disparou. De acordo com o monitoramento da emissora, foram contabilizados 6 descarrilamentos em apenas um ano e meio após o início da concessão. Sobre expansão, o Ministério afirmou que: "O governo federal pretende dar continuidade aos estudos e levantamentos técnicos com relação aos investimentos para melhoria do sistema, o que contempla também a avaliação da viabilidade quanto a futuras expansões e integração da rede. Entende-se que o momento agora é de avaliação quanto aos investimentos de curto e médio prazo necessários para a continuidade da prestação do serviço de

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Raquel Lyra inaugura Parque Ambiental Janelas para o Rio em Bezerros

(Com informações do Governo de Pernambuco | Foto: Hesíodo Góes - Secom) No Dia Mundial do Meio Ambiente, a governadora Raquel Lyra inaugurou o Parque Ambiental Janelas para o Rio, localizado em Bezerros, no Agreste de Pernambuco. O projeto foi desenvolvido pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), como parte do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Ipojuca. A vice-governadora Priscila Krause e a prefeita da cidade, Luciele Laurentino, acompanharam a governadora durante a cerimônia. O Parque Ambiental Janelas para o Rio é um espaço destinado ao lazer e prática esportiva. Com um investimento total de R$ 5,3 milhões, obtido por meio de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o parque abrange uma área de 19 mil metros quadrados e conta com estruturas como quiosques, sanitários, lanchonete, playgrounds, pista de corrida, academia da terceira idade, pórtico, portaria, bloco de educação ambiental e sementeira. Esse é o quinto Parque Ambiental construído nas cidades que são banhadas pelo Rio Ipojuca, com o objetivo de promover espaços de conscientização ambiental, lazer e preservação nas áreas ribeirinhas afetadas pelas enchentes de 2010. Até o momento, já foram inaugurados parques em Gravatá, São Caetano, Belo Jardim e Escada, sendo dois deles entregues durante a gestão da governadora Raquel Lyra nos primeiros cinco meses de governo. O sexto parque, localizado em Caruaru, tem previsão para ser entregue ainda este ano. "Durante muito tempo as cidades viraram as costas para os rios. Hoje, quase vinte mil metros quadrados de área estão sendo entregues à população e nós também fizemos a soltura de diversos animais silvestres, pássaros e tantos outros que foram devolvidos ao seu habitat natural. Não há crescimento sustentável sem cuidar da natureza. E eu fico muito feliz de poder estar aqui entregando mais um parque. Fizemos isso em Escada, agora em Bezerros e um pouquinho mais para frente vamos entregar o parque de Caruaru", afirmou Raquel Lyra. Durante a inauguração, também ocorreu a soltura de 168 animais silvestres que estavam sob os cuidados da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Espécies como aves, iguanas, cágados e jacarés-do-papo-amarelo foram devolvidas à natureza, passando a fazer parte do habitat natural do local. A iniciativa recebeu elogios da secretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ana Luiza Ferreira, que destacou a importância das ações do governo em relação à preservação ambiental e seu potencial transformador.

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Qual a saída para o Metrô do Recife?

*Por Cláudia Santos O Metrô do Recife perdeu 50% dos seus passageiros nos últimos três anos. A queda abrupta aconteceu no ano da pandemia, mas não foi mais normalizada. No entanto, desde 2016, o sistema metroviário vinha observando ano a ano a fuga dos usuários. A redução da qualidade do serviço, fruto de recursos para custeio e investimentos muito aquém dos requisitados pela companhia, e o aumento abrupto do preço das passagens no governo Bolsonaro (de R$ 1,60, em 2019, para R$ 4,25, em 2021) são dois fatores que contribuíram para o cenário atual. Os caminhos para reverter essa rota de colisão estiveram em debate numa audiência pública nesta semana no Senado Federal. No ano de 2015, quando Dilma Rousseff ainda era presidente, o Metrô do Recife transportava por mês 9,3 milhões de passageiros. Desde então, a quantidade de usuários vem em queda. Em 2022, esse número foi de 4,3 milhões, com uma leve recuperação do pior desempenho que foi em 2021, com média de 4 milhões de usuários por mês. A quantidade de falhas que afetam o metrô atualmente e que afugentam passageiros contrasta com o passado desse sistema. “Nosso metrô já foi considerado o melhor na América Latina e no mundo em limpeza e atendimento, nos anos 1990. Mesmo nos anos 2000, vivemos uma expansão durante o primeiro governo Lula até Camaragibe e com a abertura da Linha Sul, além do ramal do VLT até o Cabo. Com o advento da Copa do Mundo de 2014, recebemos novos metrôs, VLTs e máquinas especiais”, destacou o presidente do Sindmetro-PE, Luis Soares, relembrando os últimos ciclos de investimento do sistema. Os últimos investimentos mais robustos na empresa aconteceram poucos anos antes da queda do número de passageiros, com a chegada de 15 trens elétricos novos (2013) e 9 veículos leves sobre trilhos (2012). De acordo com o Metrô do Recife, cada novo trem elétrico, por exemplo, custou R$ 58 milhões e cada VLT foi adquirido por R$ 35 milhões. Em contraste com o aumento da frota daquele ciclo de investimentos, no ano passado parte das composições foi leiloada e adquirida pela empresa Açonorte. Por obsolescência dos trens e frente à necessidade de altos custos de reforma, parte dos trens virou sucata. Aproximando-se dos seus 40 anos de operações, o sistema demanda outros investimentos, além de novas composições, como nos trilhos e na rede aérea elétrica. Muitas estações também carecem de melhorias e de novos telhados. Apesar desse cenário, que demandava mais recursos, entre 2016 e 2020, os investimentos no Metrô caíram paulatinamente de R$ 26,5 milhões para R$ 500 mil em 2020. Em 2021 e 2022, os aportes voltaram a crescer, respectivamente para R$ 3,3 milhões e R$ 18,3 milhões. Nas verbas de custeio, referente a gastos com despesas correntes, os valores executados na maioria dos anos foram muito inferiores aos solicitados pela empresa. Em 2019, por exemplo, o Metrô do Recife solicitou R$ 282,7 milhões, tendo sido executados apenas R$ 94,6 milhões. Em outras palavras, o sistema funcionou um ano com apenas 33,4% da receita demandada. O único ano em que a receita solicitada foi menor que a executada foi no ano passado, em meio a um cenário muito degradado da operação. “Na área operacional, da antiga frota de 40 trens, hoje temos 16. Os intervalos que chegavam a um pico em torno de 5 minutos, estamos indo para 10 minutos e com risco porque os equipamentos estão quebrando. Com os sistemas desatualizados, com as estações degradadas, com a manutenção com muita dificuldade de peças, a verdade nua e crua é que o metrô vem funcionando graças ao empenho e à diligência dos funcionários. Esse pessoal tem se virado no mês para tirar uma peça de um trem e colocar no outro, para varar a madrugada. Antigamente havia manutenção preventiva, hoje praticamente é corretiva porque já não se dispõem das condições para isso”, expôs o senador Fernando Dueire na audiência pública realizada pela CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado Federal. DEBATE DO FINANCIAMENTO DO TRANSPORTE Para Rafael Calábria, coordenador de Mobilidade Urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), o financiamento do sistema de transporte é uma questão-chave para garantir a qualidade na oferta de serviços à população. “Uma questão central para todo sistema de transporte é que os governos precisam entender que é um serviço público e precisa de investimento público. O Governo Federal tem acompanhado a crise do setor. Os órgãos de gestão precisam entender que não podem depender da tarifa, esse subsídio é necessário. Basear-se na tarifa é um estímulo à lotação”. É esse cenário crônico de custeio e investimentos, aquém do padrão de qualidade esperado pelos passageiros e agravado nos últimos anos, que provocou o sucateamento do sistema, na análise de Luis Soares. “O sistema começou a ter uma degradação forte. Não avançamos em recursos para manutenção, recebendo sempre valores entre 30% e 50% abaixo dos solicitados, que não cobriam as necessidades do sistema. Nos últimos quatro anos, com a redução da segurança contratada, aumentaram os roubos de cabos e a insegurança nas estações. Chegamos a essa terra arrasada que é o sistema sucateado que temos hoje”, lamentou. De acordo com o Metrô do Recife, o valor estimado para recuperação do sistema é de R$ 1,2 bilhão. Até o ano passado, o então secretário-executivo de Parcerias e Estratégias da Secretaria de Planejamento do Governo do Estado, Marcelo Bruto, falava em um aporte de R$ 2,4 bilhões para investimentos, mais R$ 1,4 bilhão guardados para garantir o equilíbrio financeiro do sistema. O projeto em discussão pela então secretaria, no entanto, era bem mais amplo, com R$ 8,4 bilhões, diluídos em 30 anos. Durante a audiência no Senado, o senador Fernando Dueire destacou que o cálculo sobre o montante de recursos necessários ainda não está bem definido. “São recursos que precisam estar postos e disponíveis dentro de um ou dois anos. A CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) tem competência para esses investimentos. Poderíamos começar os investimentos e depois entrar no tema do modelo (se

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