Arquivos Vi No Instagram - Página 20 De 47 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Carvalheira na Ladeira enaltece cultura popular pernambucana

Maracatu, caretas, cavalo marinho, bonecos gigantes, entre outros, vão se apresentar durante os cinco dias de festa O Carnaval é o período quando a música e a cultura pernambucana se destacam. A grande variedade de manifestações artísticas e culturais impressiona: Maracatus, Caboclinhos, Frevo, Bonecos Gigantes de Olinda, La Ursa, Caiporas e Papangus abrilhantam ainda mais a folia no Estado. Além do carnaval de rua, esses grupos também têm ganhado destaque e reconhecimento em eventos privados, como o Carvalheira na Ladeira, produzido pela agência Carvalheira. Além da apresentação de artistas conhecidos nacionalmente, como Alceu Valença, Elba Ramalho, Maestro Forró, Silvério Pessoa, entre outros, o festival carnavalesco tem uma grade de programação com grupos culturais, o que já virou tradição. "Nossa cultura é muito rica e é muito importante fortalecer e fazer com que a população daqui e de fora conheçam nosso patrimônio cultural. Essa é uma preocupação nossa desde a primeira edição do evento", afirma Rafael Lobo, sócio da agência Carvalheira. Com público estimado em 40% vindo de fora do Estado, o evento tem um palco exclusivo para atrações da cultura popular na entrada do evento. Neste ano, 16 grupos das cidades de Recife, Olinda, Aliança, Triunfo, Pesqueira, Caruaru, Ferreiros, Abreu e Lima, Arcoverde, Goiana e Itamaracá foramselecionados para se apresentar no evento. "Buscamos trazer diversidade para a nossa programação, é importante exaltar a cultura popular do Estado mantendo os princípios de tradição, exaltando os que fazem história no Carnaval pernambucano", explica Lobo. Caretas, Caiporas, Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Banda de Pífanos Zé do Estado, Maracatu Águia de fogo, Cavalo Marinho Boi Pintado, Ciranda as filhas de Baracho, Forró na Caixa, Caboclinhos Carijós, Bonecos Gigantes de Olinda, Boi Marinho, afoxé Alafin Oyó, entre outros grupos fazem parte da programação do evento. Assim como nos anos anteriores, além do palco, as atrações também desfilam em forma de cortejo entre o público. Carvalheira na Ladeira – O Carvalheira na Ladeira chega à 6ª edição e pode ser considerada uma verdadeira experiência durante o Carnaval de Pernambuco. Em 2019, o evento acontece nos dias 1º, 2, 3, 4 e 5 de março, oferecendo alto padrão de serviços e shows em uma megaestrutura de 11 mil m² com capacidade para até 8 mil pessoas por dia. Além de garantia de conforto e segurança a todos, open bar premium, praça de alimentação, instalações de qualidade e localização próxima ao foco do Carnaval de Olinda. Serviço: 1º, 2, 3, 4 e 5 de março, a partir das 12h (sexta, às 18h) Últimos ingressos à venda no site www.eventbrite.com Informações: (81) 3081.8130

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Bonito merece uma visita

Passeio de teleférico, ecoturismo, tirolesa, arvorismo, rapel, camping e até balonismo. Essas são algumas das atividades de lazer que compõem o roteiro que os turistas podem fazer em Bonito. A apenas duas horas de viagem de carro do Recife (140 km de distância), a cidade é uma ótima opção tanto para os aventureiros como para quem busca um destino agradável para descansar. No verão é uma alternativa bem interessante para quem quer uma experiência diferente de sol e mar. A inauguração do Teleférico Governador Eduardo Campos, em maio do ano passado, é a principal novidade do turismo local. Ele é o maior de Pernambuco, com uma extensão de 1.280 metros, partindo do Pátio de Eventos da Cidade até o Alto da Capela de Nossa Senhora do Monte Serrat. O trajeto é feito em uma cabine fechada para até quatro pessoas. . . No seu ponto de parada é possível ter uma vista privilegiada da cidade. Mirante obrigatório para fotos do passeio. Não há um limite de tempo para realizar a descida e lá no topo do monte há uma sorveteria, além de uma capela. “O teleférico foi um marco divisor para a história do turismo de Bonito. A procura dos visitantes tem sido muito grande. Em Pernambuco apenas aqui e em Triunfo se faz esse tipo de passeio”, destaca o secretário de turismo Paulinho de Devá. A estrutura ainda não realiza esse transporte noturno, mas está nos planos uma adequação para oferecer também essa opção aos visitantes. O banho de cachoeira é um dos atrativos que mais convida os turistas para Bonito. Ao todo são sete que estão em propriedades privadas e que ofertam diferentes serviços de lazer. A mais acentuada queda d’água é a Cachoeira Véu da Noiva 1, onde funciona a maior tirolesa da cidade e permite a prática de rapel a 35 metros de altura, com suporte profissional. Para quem busca uma melhor estrutura com restaurante, opções de piscina e lazer infantil a dica é seguir para o Camping do Mágico ou para o Bonito Ecoparque. O Camping do Mágico é cortado por uma corredeira em toda sua extensão e é a opção para quem deseja armar uma barraca e acampar. No Bonito Ecoparque há também opções de hospedagem. Em ambos há atividades de arvorismo e tirolesas menores. A água geladinha e a paisagem exuberante da Mata Atlântica valem muito a visita para as cachoeiras da região. Nos últimos anos surgiram algumas opções de hotéis na área mais rural da cidade, que é outra alternativa para quem deseja ter mais tempo de contato com a natureza. Neste ano aconteceu nessa área verde do município a 4ª Etapa do Desafio das Serras, uma ultramaratona de 55 km atravessando a região. A Pedra do Rodeadouro e a Pedra da Rosária são alguns elementos da paisagem do município que podem ser vistos no trajeto da cidade para a região das cachoeiras. Nesse caminho há também a Mata do Mucuri Himalaya, com 105 hectares, que no futuro será um parque municipal aberto à visitação pública. A expectativa do poder público é que as obras de infraestrutura para permitir o acesso ao local sejam realizadas em até dois anos. “Será um parque voltado para contemplação com trilhas, píer no Lago da Maguari, mirante, área de estar e uma estrutura para palestras e exposições”, afirma Mireli Silva, bióloga da Secretaria de Meio Ambiente do município. Se são poucas cidades nordestinas com essas atrações, outro diferencial do serviço turístico local é o balonismo. “Bonito é um dos cinco melhores lugares do País para a prática do voo de balão. É o único lugar do Nordeste com passeios regulares. Como o município está no meio de cadeia de montanhas, isso ajuda bastante a estabilidade do passeio, que chega a mais de mil metros de altitude”, comenta o diretor de turismo do município, Rafael Pereira. O serviço é oferecido pela GT Promo. O voo que parte no nascer do sol dura entre 45 minutos e uma hora. Uma equipe de apoio acompanha de carro o balão até o pouso e retorna com os passageiros até o ponto de decolagem. A celebração do desembarque é feita com um brinde com vinho espumante. É necessário fazer agendamento prévio. O local de partida do voo é ao lado do Bonito Plaza Hotel, o equipamento de hospedagem mais tradicional da cidade. Para quem gosta de grandes eventos, no começo do ano a cidade realiza a Festa de São Sebastião, que mobiliza milhares de turistas. Neste ano a sua programação contou com atrações como Marília Mendonça, Gabriel Diniz e Saia Rodada. As novas atrações têm conseguido mobilizar investimentos no trade turístico da cidade. Na próxima edição da Algomais destacaremos o impacto principalmente do teleférico na economia do município. SERVIÇO Balonismo Telefones para agendamento: (81) 3095.0804 | (81) 99222.9578 | 81 98823.2800. E-mail: contato@gtpromobalonismo.com.br Teleférico Funciona de quinta a domingo (e feriados), das 9h às 17h. O ingresso custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Tirolesa e Rapel O ingresso para o rapel custa R$ 35 por pessoa e para a tirolesa R$ 40. O pacote para as duas atividades fica por R$ 60. Mais informações com a Alfa Adventure pelo telefone: (81) 8923-4644 ou (81) 9697-4567. Para ter acesso ao local, que é na Caichoeira Véu da Noiva, é preciso pagar a entrada na propriedade, que custa R$ 5. Camping do Mágico Day-use do espaço custa R$ 10 (sendo R$ 15 para os feriados). No caso de diária para camping (incluindo a barraca) o valor é de R$ 95. Sem a barraca fica por R$ 55. Informações pelo telefone: (81) 99666-6190.   *Por Rafael Dantas é repórter da Algomais  (rafael@algomais.com). O jornalista assina a coluna Gente & Negócios no site da Algomais

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Maracatu Coração Nazareno, onde as donas da lança são as mulheres

*Por Paulo Ricardo Mendes - especial para Algomais O ano é 2004, a cidade, Nazaré da Mata, Zona da Mata Norte, a 65 km do Recife, em Pernambuco. Um grupo de mulheres resolve criar um maracatu totalmente feminino. Até um tempo atrás, essa narrativa poderia parecer improvável, já que a brincadeira era considerada tipicamente masculina, mas graças à Amunam (Associação das Mulheres de Nazaré da Mata), esse fato virou realidade. Desde então, entre conquistas e dificuldades, o Coração Nazareno, nome dado ao grupo, vem se consolidando pela sua trajetória de luta por igualdade de gênero, mas também pela beleza e carisma que emana nas apresentações. Neste ano, o maracatu protagonizado por elas completa 15 anos de história com atividades voltadas para as mulheres da região. Segundo Eliane Rodrigues, coordenadora da Amunam, a ideia de criar um grupo em que a figura feminina pudesse ocupar todos os personagens surgiu como uma reação ao pouco espaço que as mulheres tinham na brincadeira. “O surgimento do Coração Nazareno implica que elas podem vestir qualquer indumentária do folguedo, mas também representa uma quebra de paradigmas nessa expressão cultural, uma vez que a mulher passa a ganhar voz e visibilidade diante de um ambiente majoritariamente masculino”, afirma. A brincadeira foi criada por trabalhadores rurais, como cortadores de cana-de-açúcar, no final do século 19 para o início do 20, época em que essas atividades eram realizadas somente por homens. Logo, apenas pessoas do sexo masculino podiam brincar. Quem fazia as figuras femininas do maracatu eram os canavieiros que se travestiam de mulheres, até que as esposas e filhas dos cortadores se interessaram pelo folguedo e começaram a brincar de baiana e dama do paço. Passado mais de um século da fundação do maracatu do baque solto, a participação feminina na brincadeira ainda é restrita. A figura do caboclo de lança, por exemplo, é atribuída ao homem devido às disputas que são realizadas entre a cablocaria e as indumentárias pesadas do personagem, que têm em torno de 30 kg. Mas essa limitação não foi um problema para as caboclas de lança do Coração Nazareno, que adaptaram os surrões para um peso proporcional (16 kg) aos que elas pudessem carregar. A ex-cortadora de cana e brincante Sônia Maria conta que já saiu durante seis anos como cabocla e ano passado se apresentou no Carnaval como bandeirista. “Conheci o grupo por meio da minha ex-companheira e desde então não larguei mais a brincadeira”, revela. Mesmo com a roupa pesada, ela explica que o amor pelo maracatu é tão grande que a brincadeira torna-se divertida. “Quando estou me apresentando parece que o personagem toma conta de mim e não sinto calor e nem o peso da indumentária, só alegria”, ressalta Sônia. As apresentações do grupo geralmente acontecem nos quatro dias de Carnaval, em diferentes lugares da Zona da Mata Norte e da Região Metropolitana do Recife, entretanto, os preparos até chegar a esse período começam meses antes, quando as integrantes se reúnem na associação para realizar a inscrição, a prova de roupas e os ensaios. Quando chegam os festejos de Momo, cerca de 72 mulheres saem às ruas brincando de diferentes personagens nas cores predominantes de rosa e lilás, entre eles: arreiamá, tipo de caboclo cujo figurino remete aos índios americanos, geralmente acompanhados com um machado; bandeirista, responsável por segurar a bandeira do maracatu; Dama do Paço, mulher responsável pela condução da calunga; o baianal, composto por várias baianas; o terno, a orquestra do brinquedo e a figura do caboclo de lança, que costuma ser o centro das atenções pela dança e pelo figurino. A coordenadora do Coração Nazareno, Lucicleide Silva explica que nos desfiles existe um protocolo de ordem de apresentação que deve ser seguido: primeiro o maracatu infantil, em seguida o feminino e, depois, por ordem de chegada, os grupos tradicionais. Entretanto, quando essa regra ainda não tinha sido estabelecida, ela lembra que uma das integrantes do Coração Nazareno foi agredida por uma lança, porque o mestre caboclo do outro maracatu não queria deixar as mulheres passarem na frente. “É comum a gente se esbarrar nos cortejos com alguns grupos que ficam incomodados com a nossa participação”, lamenta Lucicleide. A brincante Vanessa Vieira admite perceber olhares surpresos do público quando estão se apresentando. “Lembro que durante uma apresentação na Ilha de Itamaracá um rapaz chegou até mim e perguntou se eu era mulher”, recorda-se. Para Vanessa esse tipo de comportamento só demonstra a importância do grupo na luta pelo espaço e também pela igualdade de gênero. “Quando chegam para mim e dizem assim, 'tu brinca igual a um homem', aí eu digo: não! eu brinco igual a uma mulher, só que antes nós mulheres não tínhamos um espaço de brincar e hoje nós temos”, salienta a brincante que desfila atualmente como arreiamá. O grupo observa que outros maracatus duvidam da capacidade delas de dar conta da brincadeira pelo fato de serem mulheres, mas quando as veem saindo na rua se apresentando com destreza percebem que elas são capazes e as respeitam. “Essa nossa resistência, enquanto maracatu feminino, faz com que a gente vá se firmando nos cortejos e cada vez mais sendo chamada para as apresentações, tanto é que no no dia 8 de março, completamos 15 anos de Coração Nazareno”, destaca Lucicleide. As comemorações do aniversário do grupo iniciam-se no dia 20 de março com o seminário Mulheres fortalecendo a cultura popular, que pretende discutir a participação feminina no folguedo. Durante o ano o maracatu vai realizar oficinas e atividades na sede da Amunam, onde, em novembro, acontecerá mais um seminário e, logo em seguida, o cortejo do maracatu e a sambada (ensaios que reúnem mestres, orquestras e maracatuzeiros), como encerramento das celebrações. TRADIÇÃO Na Cidade Tabajara, na Casa da Rabeca, em Olinda, os filhos do Mestre Salustiano dão continuidade à tradição perpetuada pelo pai por meio das manifestações populares, como o Piaba de Ouro. O Maracatu está há mais de 40 anos em atividade e é um dos mais tradicionais. Um dos herdeiros do legado

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Guerreiros do Passo resgatam o legado da origem do frevo

O coletivo Guerreiros do Passo representa a resistência do autêntico folião que brinca nas ruas em Pernambuco. Com o principal objetivo de valorizar as raízes do Carnaval e do frevo, o grupo atua em três diferentes áreas: a formação de passistas, o espetáculo e as pesquisas. O Projeto Frevo na Praça é a principal atividade do coletivo e consiste na formação de novos passistas por meio do método de ensino do mestre Nascimento do Passo, de quem o grupo mantém o legado. As aulas gratuitas acontecem na Praça do Hipódromo, (Zona Norte do Recife), aos sábados e quartas-feiras e contemplam todas as faixas etárias. O fundador e coordenador Eduardo Araújo revela o que é preciso para se tornar mais um guerreiro. “É só chegar e cair no frevo. Até a sombrinha nós oferecemos”. Os responsáveis por ministrar as aulas são os professores Laércio Olívio, Valdemiro Neto e Lucélia Albuquerque. “Durante o resto do ano temos uma média de aproximadamente 30 alunos. Quando está próximo do Carnaval, o número praticamente dobra”, informou Laércio Olívio, que há sete anos chegou como aluno e hoje é um dos professores do coletivo. “Eu me encantei completamente. Tenho muito orgulho de ter ganhado a camisa azul (usadas apenas pelos instrutores).” O grupo vai tão a fundo na vivência de resgatar a origem do frevo que seus integrantes não se apresentam com roupas coloridas como as usadas pelos passistas nas últimas décadas. Suas vestimentas são quase monocromáticas, a dos foliões dos anos 1950, além de dançarem com sombrinhas e guarda-chuva comuns. Pesquisadores afirmam que a versão pequena e multicor foi criada pensando nas crianças e depois apropriadas por dançarinos que participavam de concursos de frevo nas emissoras de TV na década de 1960. O projeto serve também como forma de garimpo para a escolha de novos bailarinos para compor o elenco do espetáculo O Frevo. “Ao longo dos anos foram mais de 100 apresentações”, ressalta Eduardo. A última delas, inclusive, aconteceu no desfile oficial do Homem da Meia-Noite, no Carnaval do ano passado. O espetáculo tem a finalidade de contar um pouco mais ao público sobre a origem do frevo. “Nós produzimos uma encenação para mostrar como foi o surgimento da dança. A apresentação vai desde o início, envolvendo os capoeiristas, até as músicas da época”, disse o coordenador. De acordo com Eduardo, são convocados os alunos que se destacam e têm o compromisso com as aulas. Como forma de relembrar e até mesmo resgatar antigos passos que foram esquecidos com o passar das décadas, o coletivo criou o Laboratório do Passo, que desenvolve um levantamento histórico das técnicas concebidas pelo mestre Nascimento. Com muita pesquisa acerca da história do frevo, os Guerreiros reviveram mais de 15 movimentos que vez ou outra são trabalhados na praça. “Corropio, abanando o fogareiro, salto de canguru, passo do curupira, coice de cavalo, corta-capim e o passo do aleijado são alguns dos movimentos que resgatamos”, listou Laércio. “É muito gostoso e gratificante para nós vermos os nossos alunos tentarem e até mesmo realizarem esses passos que por muito tempo estiveram esquecidos”, emociona-se Lucélia. Tudo teve início a partir do amazonense Francisco do Nascimento Filho, que plantou em cada um dos fundadores as sementes do frevo. Mestre Nascimento do Passo, como era conhecido, desenvolveu uma metodologia de ensino sistematizando os movimentos e as técnicas que seriam repassadas para as novas gerações de bailarinos. O Balé Popular do Recife e o multiartista Antônio de Carlos Nóbrega foram alguns dos contemplados com o seu talento. Em reconhecimento do seu trabalho, o mentor recebeu os títulos de cidadão recifense (1998) e pernambucano (2000). O coletivo surgiu em 2005, a partir da iniciativa de ex-professores da Escola Municipal de Frevo do Recife, que não concordavam com a decisão da diretoria da instituição de mudar o método de ensino da dança. “O mestre Nascimento é a base de tudo. Foi por causa dele que cada um de nós despertou o amor pelo frevo”, disse, emocionado, Eduardo. Ele e alguns amigos decidiram se encontrar na praça do Hipódromo para frevar, o que acabou atraindo muitas pessoas que pediam para também participar da dança “Nós deixávamos, é claro. A gente até levava um pequeno som”. A brincadeira ficou tão interessante que o grupo começou a ser chamado para dar aulas em outros bairros e em Olinda. Por falta de recursos, porém, eles decidiram concentrar as atividades na praça do Hipódromo. "Eles então fundaram a troça carnavalesca O Indecente. "O nome, no entanto, acabou não vingando", conta Eduardo. Foi então que os fundadores se juntaram e decidiram dar um novo nome ao grupo. O costume dos integrantes de se chamarem de guerreiro era antigo, desde os tempos da escola de frevo. “Não poderia escolher um nome melhor para dar continuidade à obra do mestre Nascimento do Passo”. *Por Marcelo Bandeira

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"Há muito investimento represado"

Durante a campanha e no discurso da posse ao Governo de Pernambuco, Paulo Câmara prometeu estimular a geração de emprego e renda no Estado. Enfrentar esse desafio é a prioridade para o economista e empresário Bruno Schwambach ao assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Nesta entrevista concedida a Rafael Dantas, ele disse focar na atração de investimentos e no incentivo ao empreendedorismo. Qual a sua trajetória antes de atuar no poder público? Sou economista de formação e empreendedor por vocação. Comecei fazendo eventos em sociedade com amigos. Depois empreendi dentro dos negócios da família. Morei em Salvador durante cinco anos e montei as operações da nossa empresa por lá. Quando o mercado em que a gente atua (segmento de automóveis), começou a estagnar com a crise, começamos a olhar o que poderíamos fazer para gerar eficiência e diminuir a estrutura. Concentramos as operações e a gestão a partir do Recife. Fechando esse ciclo lá, optei por empreender em outros setores. Estava saindo em 2016 dessa operação, quando o prefeito Geraldo Julio me fez o convite para contribuir na gestão pública. Se fosse um pouco antes ou um pouco depois não daria, pois estaria mergulhado em outro projeto. Como foi essa experiência? A proposta era interessante, pois visava a pensar no desenvolvimento econômico de forma sustentável, passando pela formação de pessoas. Abrangia desde a mão de obra da cidade, envolvia as agências de emprego, escolas de formação profissional, empreendedorismo, economia solidária e artesanato. Conseguimos integrar um pouco essas áreas, trabalhando muito a questão da desburocratização. Isso criou um ambiente favorável para quem quisesse empreender na cidade. Tivemos alguns avanços, como reduzir o tempo para abertura de empresa de 100 dias para 72 horas. Agora na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, quais são seus planos? De novo fui pego de surpresa. Estava fazendo o trabalho na prefeitura, quando recebi o convite do governador para contribuir, desta vez no Estado. A principal missão ficou muito clara na forma como ele montou o secretariado e nas mensagens da campanha. A preocupação dele é a geração de emprego e renda. Vamos trabalhar todo secretariado e com o governador para melhorarmos o ambiente de negócios, aproveitarmos as oportunidades que possam acontecer, continuar os projetos que estavam em andamento e tentar retomar os que eventualmente pararam. Além de criar um clima favorável pensando sempre na geração de emprego e renda. Qual o foco dessas ações? Estamos muito otimistas com esse momento do Brasil. Em 2014, quando o governador assumiu, o País estava entrando numa crise econômica forte, que depois se desdobrou numa crise política e numa perseguição ao Estado desde o Governo Dilma. Depois vem o impeachment, Temer assumiu e também teve uma questão política muito forte contra Pernambuco. Depois, quando o ambiente nacional estava ficando mais favorável, a denúncia do Joesley Batista deixou o Brasil parado até a eleição. Ninguém tinha coragem para fazer investimentos. Estamos num novo contexto, com um novo presidente. Apesar de estarmos num outro campo político, na parte econômica vemos com bons olhos as medidas que eles apontam que pretendem fazer. Concordamos com um novo pacto federativo, com menos Brasília e mais Brasil, um maior liberalismo econômico. Espero que eles possam traduzir esse discurso em medidas concretas que tragam a confiança para o investimento privado voltar a acontecer. Há muito investimento represado. Precisamos de um cenário de estabilidade e de confiança. Tanto o investimento privado como recursos de fora devem chegar mais forte para o Brasil agora, se o Governo Federal conseguir implantar as medidas que anuncia. E Pernambuco? Cabe a gente estar preparado para esse momento. É uma função nossa estar com os projetos bons e prontos na mão, com essa articulação que Pernambuco sempre teve, por meio da AD Diper. Pretendemos manter isso e agilizar, pegando a analogia com o que aconteceu com a prefeitura. Queremos manter a tradição que Pernambuco tem, mas fazer da forma mais ágil possível. Não há uma preocupação de que a perseguição se repita, já que Pernambuco segue desalinhado politicamente com o Governo Federal? Estamos vivendo um novo momento. O Governo Federal ainda transmite sinais contraditórios, dependendo do ministério. Mas o que percebemos é que na parte da economia o discurso está muito firme, menos ideológico e mais consistente com as necessidades do País. O próprio governador pediu uma audiência com o presidente Bolsonaro para tratar das questões importantes para Pernambuco. Ele já deu sinais que desarmou o palanque e quer diálogo. Estamos esperançosos de que isso possa acontecer, com um diálogo mais coerente e correto possível, pensando na necessidade do povo. Acreditamos que não acontecerá nenhum tipo de perseguição ideológica. Quais as questões estratégicas que dependem do Governo Federal? Temos uma série de projetos de infraestrutura em andamento, como a Transnordestina e vários ramais da transposição do Rio São Francisco, que pretendemos implantar e que exigem convênios. Temos a parte das estradas, além de projetos de dragagem e recuperação do Porto do Recife. Sobre Suape, há uma série de projetos de infraestrutura que dependem do Governo Federal e que são importantes. Também partiremos em busca da iniciativa privada. Quais os setores em que é possível atrair investimentos privados? Quando falamos de Pernambuco sempre falamos do mercado do Nordeste. Pernambuco tem uma posição geográfica estratégica importante para a região. Na medida em que a gente consiga ter confiança na economia, tenho segurança de que esses investimentos irão acontecer. Cabe a Pernambuco estar preparado para isso e buscar esses investimentos. Temos uma estrutura montada para isso, inclusive com inteligência de mercado para identificar os segmentos potenciais. Um exemplo é a privatização do Aeroporto do Recife, que está iminente de acontecer. É outra interlocução que pretendemos fazer com o Governo Federal. Quais os alvos do Estado? Temos a previsão de uma ampliação de toda a estrutura da FCA (Fiat Chrysler Automobiles), que é um investimento muito importante, dos sistemistas e de novos produtos. Eles têm batido recordes de produção e estamos brigando com outros países e estados por esse investimento de produtos novos. Em Suape temos os

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Não mais rejeitos a montante (por Francisco Cunha)

Minha avó materna, Marina Riedel Montezuma, dentre muitas máximas das quais só muitos anos depois vim entender a profundidade, por baixo de sua aparente obviedade, dizia o seguinte: “Errar é humano mas insistir no erro é burrice!”. A Vale parece que, depois de dois erros trágicos, resolveu seguir o conselho de minha sábia avó e interrompeu o uso das hoje célebres “barragens de contenção de rejeitos a montante”, do tipo das que destruíram Mariana e Brumadinho. Melhor dizendo, vai parar de colocar rejeitos nelas mas a bomba-relógio que representam vai continuar até que a água evapore e os rejeitos se solidifiquem... Mal comparando, é algo do tipo que a sociedade brasileira vem exigindo, pelo menos desde 2013, de sua classe política: que ela pare de colocar rejeitos em barragens de contenção a montante. O que a sociedade parece exigir é que as coisas da política sejam feitas direito e às claras, tendo como objetivo-fim os interesses da sociedade e, não apenas, os dos seus representantes políticos, gerando rejeitos difíceis de conter... No fim de semana seguinte à tragédia de Brumadinho, vimos o fenômeno político se manifestar nas eleições para as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, assim como já havia se manifestado nos rompimentos de barragens de rejeitos políticos ocorridas em 2013, no impeachment e na última eleição presidencial, ainda que com efeitos diferentes: na Câmara, a recondução de Rodrigo Maia à presidência; no Senado, o afastamento de Renan Calheiros da presidência. Em todos os eventos, um mesmo meio de mobilização, as redes sociais, com “campanhas” do tipo: #vemprarua, #foradilma, #elesim, #forarenan... E uma coisa me parece óbvia: entramos definitivamente num novo tempo da mobilização política. Aquele em que pesará sempre sobre a cabeça dos governantes de plantão a espada da Av. Paulista com um milhão de pessoas e uma grande faixa verde-amarela com a hashtag pintada em cima: #foraalguém! Essa é a notícia boa. A ruim é, como disse magistralmente o Conselheiro Nabuco, pai de Joaquim Nabuco, bem antes de minha avó: “Sem os radicais não se faz revolução mas com eles não se governa”. Traduzindo para hoje: as mobilizações pelas redes derrubam ou elegem governos mas não governam. Para isso, só a velha e boa política que não gere resíduos tóxicos a montante.

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Mercado da Torre é inaugurado hoje (25)

A zona norte do Recife ganha a partir de hoje (25) o Mercado da Torre. O empreendimento familiar com 5,7 mil metros quadrados comporta 16 operações. Os sócios  Ricardo Batista, Eduardo Batista, Adriana Batista e Ricardo Batista Filho, que são donos da Portus Delicatessen, inauguram o espaço também com a experiência consolidada no setor de alimentação vinda da tradicional Casa dos Frios. O empreendimento é inspirado nos mercados de gastronomia e varejo europeus e promete trazer produtos e experiências diferenciadas. Os sócios reforçaram o cuidado que tiveram com a curadoria das operações. A Portus Delicatessen será a âncora do mercado. Estarão no espaço os sorvetes artesanais La Glace, a hamburgueria Speck Haus Burger, a culinária oriental da Anka, os crepes e saladas do Ponto do Açaí, entre outros. Uma das novidades em termos de serviços para o bairro será o Laboratório Edmar Victor.  Ao todo serão gerados 300 empregos diretos e indiretos. O espaço é charmoso, com uma arquitetura e proposta sustentável, e promete movimentar o bairro. .. Cabrón no Mercado da Torre Os empresários Luiz Paulo Cavalcanti e Mauricio Lima, sócios da Oficina Cabrón, barbearia que há três anos funciona em Casa Forte, levam a segunda unidade do espaço para o Mercado da Torre, complexo gastronômico e de serviços com previsão de inauguração para o início de dezembro. Com ambiente mais compacto, a barbearia oferecerá serviços de barba e cabelo e ainda uma linha exclusiva de produtos da marca Cabrón. Os empresários comemoram, ainda, o crescimento da carteira de clientes que nos últimos anos aumentou mais de 40%.

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Cabras e ovelhas em vez de vacas

Um caminho apontado pelos especialistas para o futuro da Bacia Leiteira é o investimento na caprinocultura. A produção de leite caprino recuou 34% no Nordeste durante o período de 2006 a 2017, mas em Pernambuco observou-se um aumento de 16%, segundo último Censo do IBGE. “Observamos claramente que essa atividade é uma alternativa de extrema significância para os produtores, especialmente para os de base familiar, pois existem condições favoráveis na região das mais variadas ordens para que essa bacia seja cada dia mais vigorosa”, aponta Fernando Lucas, pesquisador do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco). Lucas alerta que os produtos derivados de leite caprino precisam chegar aos supermercados das cidades, capitais e grandes centros. “Só assim a bacia leiteira será verdadeiramente forte”, assegura. O pesquisador afirma que juntamente com o Cariri Paraíbano, os Sertões do Pajeú e do Moxotó, além do Agreste Central e Meridional de Pernambuco, concentram a maior bacia leiteira caprina do Brasil. Criadores como Emanuel Rocha também defendem que o Sertão deveria focar na criação de caprino e ovino, espécies mais adaptáveis ao clima sertanejo. “A cabra e a ovelha são animais de menor porte, mais resistentes às secas e comem bem menos que uma vaca. Observo que há um potencial de crescimento muito grande nesse tipo de criação. Para se ter uma ideia, atualmente o Brasil ainda importa 60% da carne de ovinos. Falta para esse segmento uma maior organização, regulamentação e incentivo também. É uma cadeia muito individualizada, que para se expandir precisa se organizar”, sugere. Já o queijo de cabra, segundo o professor da Unidade Acadêmica de Garanhuns da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) Saulo de Tarso, é uma verdadeira iguaria. E o melhor é que é mais saudável e mais magro que o produzido com leite de vaca e com mais valor agregado. Porém, todas essas qualidades esbarram num obstáculo a ser vencido: um desagradável cheiro de bode que exala do produto feito no Nordeste. Mas a solução é simples. “Basta criar a cabra e o bode separados”, soluciona Tarso. Entretanto para implantar esse manejo é necessária uma mudança de cultura por parte dos produtores para criar os animais de uma maneira diferente. Depois será preciso vencer a resistência dos consumidores. “Resolver isso é muito simples, mas até chegar nesse ponto muita gente já teve uma péssima impressão desses produtos derivados do leite de cabra”, desamina o professor da Rural. Saulo afirma ainda que o rebanho caprino tem uma fecundidade muito mais acelerada que o bovino, que seria outra vantagem competitiva. “O ciclo de produção do caprino é de 5 meses, enquanto da vaca é de 9 meses. Além disso, a cada parto a chance de nascerem gêmeos caprinos é muito maior. Com isso, em um ano é possível mais que duplicar o rebanho”, compara o pesquisador. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) LEIA TAMBÉM Bacia leiteira encontra no queijo a saída para a crise Empresa júnior inova no campo

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Um centro mais caminhável para o pedestre

Pedestrianização radical para o Bairro do Recife ou seja, tornar as ruas e demais espaços da região acessíveis aos pedestres. Essa foi a proposta que surgiu dentro do CAM - Cidades Algomais na última edição do Rec’n’Play. Moradores da cidade, sejam especialistas ou não, participaram de um debate conduzido pelo consultor Francisco Cunha sobre a caminhabilidade na região. A discussão resultou no apontamento dos principais problemas da mobilidade ativa e propôs soluções. Intervenções públicas para garantir maior segurança e conforto, campanhas de educação e novas legislações que regulem as calçadas estão entre as principais proposições para esse bairro central da capital pernambucana. Além de defender a caminhabilidade para a reativação e revitalização dos espaços públicos, Francisco Cunha promoveu uma caminhada passando pelas principais vias do Bairro que era o motivo do debate. Com uma intensa participação dos inscritos no evento do Rec’n’Play, foram assinalados vários problemas que dificultam a mobilidade a pé na região. O pavimento, a má qualidade das calçadas, a falta de padronização e a própria ineficiência da legislação são algumas questões-chave. Para exemplificar isso, foi tratado no debate a inclinação irregular das calçadas. “A legislação e fiscalização não são eficientes para regular os proprietários dos imóveis. Eles fazem as calçadas do jeito que querem, colocam a inclinação da forma que acharem melhor. A norma brasileira que rege a construção e manutenção de calçadas estabelece que no passeio abrangendo uma faixa a partir de 1,20m x 2,10m, a inclinação é no máximo de 3%, segundo as normas da ABNT. No Recife existe inclinação de até 20%”, alerta. O arquiteto e urbanista Roberto Montezuma, professor da UFPE, criticou o fato de que cada morador ou proprietário do imóvel, quando constrói a calçada defronte de sua residência, escolher qualquer tipo de pavimento que achar conveniente. “Um fator que dificulta a circulação da população, em especial de pessoas com mobilidade reduzida e idosos”, ressaltou o especialista. Diante da dificuldade histórica de construção e padronização das calçadas na cidade do Recife, Francisco Cunha defendeu uma mudança na distribuição do orçamento que permita ao poder público realizar essas obras em benefício dos pedestres. “A conclusão a que cheguei, depois de muito tempo defendendo uma parceria público-privada das calçadas, é que devemos: destinar pelo menos 20% do orçamento da pavimentação para a construção, manutenção e atualização de calçadas.” No livro Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbana, publicado em 2013, Francisco Cunha considera o passeio como medidor da qualidade de urbanização da cidade. Dentro desse contexto, ressalta ser possível inferir que os problemas nesses espaços não afetam apenas os pedestres, mas a saúde urbana do Recife. Um dos aspectos mais discutidos pelos participantes foi a falta de educação no trânsito, associada diretamente à cultura “carrocrata”. Vários relatos apontaram que a prioridade do pedestre nas calçadas é completamente desrespeitada pelos veículos. A pouca iluminação dos passeios, a ausência de arborização e de sinalização, insegurança, má localização dos postes e demais equipamentos públicos e os problemas de coleta de lixo foram outros aspectos destacados como dificultadores para a caminhabilidade no bairro que, em verdade, são comuns a grande parte da cidade. Muitos desses problemas discutidos no evento estão relacionados à legislação, fiscalização e ao comportamento dos moradores ou motoristas. Por essa razão, a maioria das soluções propostas no CAM - Cidades Algomais abrangeu medidas educativas e de regulamentação. Especificamente para o Bairro do Recife, foi sugerido que seja realizada uma melhoria da sinalização do transporte público, que é quase inexistente. A realização de uma parceria público-privada para os estacionamentos, o fechamento de ruas exclusivas para pedestres (a exemplo do que aconteceu com a Av. Rio Branco) e a disseminação de wi-fi no bairro são outras sugestões registradas no debate. Uma maior integração à comunidade do Pilar localizada na região e o estímulo ao aumento do número de moradores na ilha foram outros direcionamentos propostos. De acordo com o Censo 2010, o Bairro do Recife possui uma população moradora de apenas 602 pessoas. Por Rafael Dantas

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Saiba o que é o bruxismo

Às vezes uma dor de cabeça pode não ser uma corriqueira cefaleia tensional ou enxaqueca, mas um sintoma do bruxismo, que pode ocorrer em crianças, jovens e adultos. Manifesta-se de duas formas diferentes: o bruxismo de vigília, que ocorre durante o dia, e o bruxismo do sono, que acontece durante o período noturno. Trata-se de uma alteração funcional caracterizada pelo hábito involuntário de ranger ou apertar os dentes. O problema está associado a vários fatores, entre eles o estresse, ansiedade e doenças neurológicas. Não por acaso, de acordo com o levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), pouco mais de 30% da população de todo o mundo tem essa condição. No Brasil os números são ainda piores, chegando à casa dos 40%.  Os casos mais preocupantes podem, inclusive, causar a disfunção da articulação temporomandibular (ATM), responsável pela ligação entre o maxilar inferior (mandíbula) e o osso temporal do crânio, localizado à frente das orelhas em cada lado da cabeça. Provoca dores, dificuldade em abrir ou fechar a boca e zumbidos. Dentista especializada em ortopedia funcional dos maxilares, Maria Regina Ferreira, aponta de que maneira a doença afeta a saúde das pessoas. “O bruxismo pode fazer com que os dentes fiquem soltos ou bastante doloridos e na grande maioria dos casos, desgastados. Uns dos principais sintomas são as dores de cabeça, na mandíbula e no pescoço”.  O bruxismo nada mais é do que uma descarga de tensão. “É uma espécie de válvula de escape do corpo humano. Todo o problema está diretamente ligado à sobrecarga emocional”, revelou a dentista. Há 15 anos trabalhando na área, Maria Regina revelou que o diagnóstico é bastante complicado, porque, muitas vezes as pessoas não sabem que devem ser examinadas por um dentista ou um cirurgião bucomaxilofacial. Acometido pela dor, o paciente costuma passar por vários especialistas antes de identificar a doença. “Às vezes o enfermo sofre com os sintomas da cefaleia. Logo ele pensa em marcar uma consulta com um neurologista. Geralmente, ele peregrina bastante antes de ter o diagnóstico”, afirmou Josimário Silva, chefe do Serviço de Cirurgia Maxilofacial do Hospital Jayme da Fonte. A dificuldade e a demora decorrente do diagnóstico resultam no avanço dos sintomas. “Alguns pacientes chegam até mesmo com fraturas na raiz do dente e disfunção acentuada na articulação”, disse a dentista. Na grande maioria dos casos em estágio avançado, é necessária a intervenção com medicamentos e relaxantes musculares. “O ideal mesmo é você tratar de imediato com a ortopedia funcional dos maxilares com aparelhos específicos que vão aliviar a tensão dos dentes e da articulação”, destaca. O aparelho mais usado pela especialista é o pistas planas modificado. O objeto é duplo, ficando um no maxilar e outro na mandíbula e o seu grande diferencial é que ele absorve toda a força que a articulação temporomandibular está sofrendo. “O músculo continua trabalhando, mas com o tempo ele vai relaxando e alivia os sintomas. O uso regular pode alcançar resultados significativos e até mesmo reduzir os danos”, disse a especialista. No caso das disfunções de ATMs, por se tratar de um problema que envolve várias estruturas da face e de origem diversa, é indispensável que a intervenção seja multiprofissional. “O tratamento é coletivo e exige a participação direta de outros especialistas, como dentista, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e cirurgião bucomaxilofacial”, advertiu Josimário Silva, alertando que se a pessoa não for tratada corretamente pode afetar a sua qualidade de vida. “É uma das patologias que mais afeta o bem-estar. A dor incessante é o principal sintoma”. Existem casos em que ocorrem lesões ao disco articular da ATM, localizada à frente do ouvido. Em casos mais severos, pode ser necessária a cirurgia, sendo muito comum as cirurgias realizadas por vídeo, chamada de artroscopia de ATMs (artroscopia é uma modalidade cirúrgica que usa técnica endoscópica, a inserção de uma câmera através de uma incisão cirúrgica, aplicada dentro da articulação temporomandibular). "A grande vantagem dessa técnica em relação à cirurgia aberta é a breve recuperação do paciente que tem suas funções mastigatórias e de fonação reestabelecida em pouco tempo", explicou Josimário Silva. No procedimento aberto a recuperação pode chegar a um mês. A fisioterapia é outro recurso utilizado para tratar tanto o bruxismo, como a disfunção da ATM. Segundo Monialy Barros, tutora de do curso de fisioterapia na Faculdade Pernambucana de Saúde, o procedimento tem apresentado ótimos resultados após a reeducação do paciente. “Para reduzir os sintomas é necessário diminuir a intensidade dos músculos mastigatórios, reposicionar a mandíbula ao crânio, para melhorar a função e a amplitude de movimento, e minimizar a dor muscular”. Para o tratamento são usadas técnicas como manobras de relaxamento, luz infravermelha, ultrassom, calor com compressas quentes na região e corrente elétrica de baixa voltagem com finalidade analgésica. A psicóloga Rita de Cássia Barros, 56 anos, foi diagnosticada com o problema há cerca de dois anos. “Percebia algumas alterações no meu corpo, mas não conseguia identificar. Quando abria a boca, faziam tantos estalos que eu até evitava. No processo de evolução os sintomas ficaram mais fortes”, revelou. Ela se consultou com um neurocirurgião e um clínico-geral, mas de nada adiantou. “Apenas me atentei para o bruxismo ao conversar com uma amiga que sofria o mesmo problema. É preciso que os profissionais de saúde tenham uma maior sensibilidade para diagnosticar a patologia”, ressaltou a psicóloga. “O tratamento foi fundamental. Depois que eu comecei a usar o aparelho a minha vida mudou completamente”. Todo o problema foi resultado do alto nível de estresse de Rita e para obter bons resultados, ela resolveu tratar a questão pela raiz. “Tive que aprender a lidar com certas situações”, disse a psicóloga. Para auxiliar no tratamento, ela recorreu à a medicina alternativa. "A meditação da atenção plena me ajudou a entender melhor o meu corpo e a controlar as minhas emoções". Ela também recorreu aos florais do sistema da Califórnia que oferece duas essências específicas para o bruxismo. Essas substâncias começam a ser alvo de estudos científicos.

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