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O que já foi anunciado sobre a Transnordestina após lançamento do PAC?

Um dos maiores pleitos pernambucanos para o Programa de Aceleração do Crescimento era a realização da linha Salgueiro – Suape da Transnordestina. O trecho, que foi excluído do projeto em dezembro, ainda no Governo Bolsonaro, entrou na lista de obras previstas no Novo PAC. Mas sem muitos detalhes. Em entrevistas, no entanto, o ministro dos Transportes Renan Filho vem clareando os próximos passos para que a ferrovia saia do papel. INVESTIMENTO Em coletiva, ele mencionou que enquanto os trajetos ligando Eliseu Martins (PI) a Salgueiro, localizado no interior pernambucano, e de Salgueiro ao Porto de Pecém, no Ceará, serão executados através de financiamento privado avaliado em cerca de R$ 7 bilhões, o trecho que interliga Salgueiro ao Porto de Suape tem um custo estimado de R$ 4 bilhões, será construído com recursos provenientes do OGU. A novidade da coletiva foi a informação de quanto do recurso está previsto dentro do PAC. O ministro falou das cifras de R$ 450 milhões para o próximo ano. RENAN FILHO “O trecho de Pernambuco será inserido no PAC e tocado com recursos do OGU. Nesse primeiro momento, até que a gente consiga [os recursos], o governo tem a inserção para o próximo ano de R$ 450 milhões para iniciar a obra”, afirmou Renan Filho. Os investimentos anunciados, então, são relevantes para destravar a retomada das obras, o que já é uma grande notícia para o projeto que estava sem nenhuma previsão. Porém, ele representa ainda menos de 15% do orçamento para sua conclusão. A consolidação desse anúncio no Plano Plurianual e na Lei Orçamentária Anual de 2024 são os próximos passos.

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Megaoperação no Porto de Suape movimenta mais de 3 mil veículos

Uma megaoperação está em andamento no Porto de Suape, em Pernambuco, onde mais de três mil veículos serão movimentados entre embarque e desembarque. O processo teve início por volta das 14h30 desta quinta-feira (17) e tem previsão de conclusão na madrugada de sábado (19). Ape Crescimento expressivo do hub de veículos de Suape O hub de veículos do Porto de Suape continua a apresentar resultados expressivos. O primeiro semestre deste ano registrou um crescimento impressionante de 60% em comparação ao mesmo período do ano passado. Até o momento, o porto já movimentou 50.800 automóveis, entre importação e exportação. Essa trajetória demonstra a capacidade do porto em lidar com o aumento da movimentação e a expectativa é que esse desempenho continue até o final de 2023. Suape investe em inovação para otimizar operações Para garantir a agilidade nas operações, o Porto de Suape está adotando novas tecnologias. Em uma parceria com a Embratel/Claro e a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, o porto implementou uma solução de Video Analytics conectada com 5G AS em abril passado. A iniciativa visa otimizar a logística nos pátios de veículos, aprimorando a operação do hub de veículos de Suape.

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Isenção de impostos para importações até US$ 50 preocupa indústria e comércio

*Por Rafael Dantas A entrada em vigor da Remessa Conforme tem gerado intensas preocupações entre os players da indústria e do comércio pernambucanos. A medida, que zera a alíquota de importação para compras até US$ 50 e reduz o ICMS para 17% para empresas estrangeiras, foi concebida com o objetivo de regulamentar e controlar as operações. No entanto, a percepção da classe empresarial é que ela pode trazer desvantagens para a atividade econômica do País. Entidades setoriais criticam a medida, apontando um desequilíbrio ainda maior na concorrência. Enquanto o Governo Federal defende a busca por maior fiscalização e dados confiáveis, analistas alertam para o risco de evasão de divisas e redução do impacto econômico nacional. A iniciativa tem um caráter voluntário e o objetivo de atingir as principais plataformas de comércio digital, como a Shein, Amazon, Shopee, Mercado Livre e AliExpress. As empresas que aderirem ao programa deverão fornecer de forma antecipada os detalhes das compras internacionais. Esses dados serão transmitidos aos Correios e às empresas autorizadas para o desembaraço aduaneiro. Com a medida, a expectativa do governo é de que a Receita Federal possa agilizar o fluxo das remessas internacionais e garantir a quitação antecipada dos tributos devidos. Convertendo para a moeda nacional, o valor da isenção concedida é para compras de aproximadamente R$ 250. Uma pesquisa recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) indica que mais da metade das compras no País (52,4%) é de itens com preços finais até esse valor. “Entendemos que essa medida é um absurdo. Defendo que a camisa vendida no Recife pague os mesmos tributos de uma que venha de fora. Não entendo a razão do Governo Federal não taxar. É preciso que tenhamos as mesmas condições de impostos de qualquer mercadoria do mundo. É a questão de igualar tributariamente todos”, reclama o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Fred Leal. A apreensão do representante da CDL Recife, que é compartilhada pelos integrantes da Fiepe e da Fecomércio-PE, tem fundamento, na análise do economista André Morais, do Corecon-PE (Conselho Regional de Economia). Ele avalia que a medida criou condições desiguais, com graves prejuízos para os empresários brasileiros. “A preocupação é muito legítima. Veja bem, uma coisa é abrirmos mais o mercado para a concorrência, outra, completamente diferente, é darmos certas vantagens para determinados segmentos. E é isso que, aparentemente, a proposta apresenta, com a justificativa de arrecadar mais. Precisamos ter uma certa equidade e isonomia para com o setor industrial brasileiro também. Senão você acaba desestimulando a indústria local. Imagina você pegar alguns setores já fragilizados e promover um certo desbalanceamento concorrencial? O efeito pode ser extremamente negativo para a economia, além de injusto”, critica o economista. Ninguém tem uma previsão de quanto deve ser o impacto em volume no faturamento das empresas brasileiras. Mas como 9 de cada 10 brasileiros pesquisam no Google antes de realizar uma compra, segundo dados da Offerwise, a queda nas vendas com o anúncio da medida pode ser intensa. “Para Pernambuco, os prejuízos envolvem desde uma forte redução no volume de vendas e nas receitas das empresas até o aumento no desemprego no curto prazo. Em outras palavras, o Remessa Conforme pode comprometer a tendência de melhoria das condições econômicas, que vinha ocorrendo nos últimos meses, tal como apontam pesquisas conduzidas pela CNC e pelo Instituto Fecomércio PE. A medida contradiz o quadro de boas expectativas derivado da recente redução da taxa Selic, pois sinaliza um desincentivo ao empreendedorismo no Estado”, desaprova o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto. Apesar da ausência de uma previsão mais concreta sobre os impactos futuros da Remessa Conforme no comércio e na indústria, já foram realizadas estimativas dos efeitos das importações isentas de bens de consumo de pequeno valor (até US$ 50) no passado. A Confederação Nacional da Indústria calculou que apenas no último ano houve uma queda de US$ 13,1 bilhões nas vendas de mercadorias produzidas por empresas nacionais. A CNI ressalta que essa redução nas vendas desencadeia uma subsequente diminuição na produção e no crescimento do País e associa a chegada dessas mercadorias importadas, com isenção, a uma redução de 0,7% no PIB no ano anterior. OUTROS PREJUÍZOS Além da esperada evasão de recursos para outros países, a medida cria outros problemas para o cenário econômico local, que ainda não está plenamente recuperado do baque da pandemia. “A evasão de divisas para outros países significa, literalmente, um vazamento de renda para o exterior. Ou seja, um dinheiro que poderia ser utilizado no Brasil e passa a se destinar para o estrangeiro. Isso não afeta apenas a atividade econômica nacional, como também diminui as perspectivas de arrecadação de receitas do governo. Outros efeitos podem ser encadeados a partir disso, como as dificuldades de acesso a crédito para empresas brasileiras, a redução dos investimentos e das contratações e a diminuição da produção”, enumera Bernardo Peixoto. Muitos analistas ainda duvidam que as gigantes do comércio eletrônico internacional embarquem no Remessa Conforme. Isso porque há muitas exigências para adesão ao programa. Além disso, essas empresas passaram a ser mais fiscalizadas pelo governo brasileiro. Todos os analistas citaram que dois dribles mais recorrentes que as empresas estrangeiras fazem para não pagar impostos nas transações que ultrapassam o valor dos US$ 50, por exemplo, são fracionar os produtos adquiridos pelos brasileiros e realizar a venda como pessoas físicas. A expectativa do Governo Federal de que a medida vai proporcionar dados mais confiáveis sobre compradores, exportadores e produtos é muito otimista, na análise de Bernardo Peixoto. “Outra perspectiva é que, ainda assim, vão se criar outros métodos de burlar o controle alfandegário para evitar o pagamento integral de tributos. Em qualquer caso, a medida torna as condições concorrenciais mais difíceis para as empresas nacionais”. A motivação de que a medida reforce a capacidade de fiscalização do Governo Federal é questionada pelo presidente da CDL Recife. “Entendemos que é um absurdo que, apesar de toda tecnologia que temos hoje, a razão da concessão dessa isenção seja um problema de fiscalização.

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SSM BRASIL

Indústria metalúrgica no agreste anuncia expansão e exportações para Europa e EUA

A SSM Brasil, atualmente com operações em Jaboatão dos Guararapes, na RMR e em São José dos Pinhais no Paraná, revelou planos de expansão ao inaugurar uma nova unidade produtiva no município de Canhotinho, no Agreste. Esta nova etapa de crescimento está ligada ao lançamento das operações de exportação de aço e alumínio para a Europa e América do Norte, através do Porto de Suape. A emprega processos de extrusão de alumínio e transformação de aço para fabricar estruturas e molduras destinadas à fixação de placas solares fotovoltaicas. Ela irá manter a fábrica em Jaboatão dos Guararapes ativa até que a planta de Canhotinho esteja plenamente operacional e, então, efetuar a transição da produção de alumínio e da linha de produção em aço. MAIS EMPREGOS Atualmente, a SSM Brasil emprega diretamente 351 pessoas e contribui indiretamente para cerca de 4 mil postos de trabalho no estado. A expectativa é de que a nova unidade fabril esteja operacional no segundo semestre de 2024. “Prevemos que, quando a planta de Canhotinho atingir sua capacidade máxima, estaremos gerando entre 800 e 1.200 empregos, incluindo postos diretos e indiretos. Apresentamos nossas perspectivas à governadora Raquel Lyra e fomos calorosamente recebidos. Ela acolheu nossa nova iniciativa e comemorou o impacto positivo na geração de emprego e renda. Expressamos nossa gratidão pelo apoio”, afirmou o CEO da SSM Carlos Bebiano. INTERNACIONALIZAÇÃO O CEO da SSM Brasil, Carlos Bebiano, acrescentou: “Estamos ampliando nossa capacidade produtiva para atender aos dois novos mercados que estamos adentrando: o europeu e também os Estados Unidos, onde começaremos nossas operações em 2025, com base no Porto de Suape. Com isso, estabeleceremos a produção de aço e alumínio em Canhotinho, enviando-os através do Porto para distribuição em toda a Europa e Estados Unidos.” PRESTÍGIO POLÍTICO Estiveram no anúncio, no Palácio do Campos das Princesas, a governadora Raquel Lyra, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto, a prefeita de Canhotinho, Sandra Paes, bem como representantes da direção da SSM Brasil. (Foto: Hesíodo Góes – Secom)

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Inteligência artificial no trabalho: ameaça ou facilidade?

*Por Rafael Dantas Quem tem medo da inteligência artificial? Os impactos estimados dos avanços dessas novas tecnologias são muito diversos. Os economistas do Goldman Sachs prevêem que 300 milhões de empregos no planeta podem ser automatizados pela nova onda de IA que estamos vivendo. A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) estima que 27% dos postos de trabalho dos países que integram o bloco podem sumir. Por outro lado, um conjunto de novas oportunidades e profissões já está surgindo, inclusive em Pernambuco, com a popularização dessas ferramentas. Com alta capacidade de imitar tarefas que, normalmente, exigiriam a inteligência humana, esses novos sistemas tendem a promover um tsunami de transformações no mercado de trabalho, que não podem ser desconsideradas pelos profissionais que estão na ativa, nem por quem está desenhando as políticas públicas para o futuro — mesmo no curtíssimo prazo. Diferente das revoluções tecnológicas anteriores, que substituíram principalmente trabalhos mais braçais, a atual avançou sobre atividades cognitivas. Tradução de textos, análise de diagnósticos para identificação de doenças e atendimento virtual ao cliente são apenas alguns exemplos. “As áreas mais impactadas nessa nova fronteira tendem a ser de manufatura, transporte, varejo, serviços financeiros, atendimento ao cliente, inclusive muitas atividades na área de saúde. A inteligência artificial chega primeiro aos trabalhos com nível de cognição mais baixo. Ela já consegue automatizar essas funções, em níveis mais altos do que a computação vinha automatizando até então”, afirmou Guilherme Jaime, gestor nacional da área de TI da Faculdade Estácio. Muitos profissionais, no entanto, consideram uma perspectiva de trabalho com suporte de inteligência artificial. Um recente estudo do Fórum Econômico Mundial indicou que 74,9% das organizações pesquisadas indicam a probabilidade de adotar inteligência artificial nos próximos cinco anos. Para compreender esse novo cenário do mercado de trabalho com uso fluido de inteligência artificial e até para entender as problematizações que surgirão dele, o consultor da TGI, Fábio Menezes, avalia que os profissionais e gestores precisam dar alguns passos iniciais para superar os níveis de medo e de curiosidade. “Temos que vencer os dois, ir além da curiosidade e vencer o medo inicial. É um negócio com potencial arrasador para o bem e para o mal”. O consultor sugere que gestores de empresas e profissionais instalem uma pauta de discussão sobre o impacto da IA nos seus setores e com atenção às especificidades não apenas da sua atividade, mas também regionais. “Temos estimulado que as pessoas pesquisem, estudem e façam exercício prospectivo. Não é adivinhar o que vai acontecer, mas imaginar sobre o que pode acontecer. Essas ferramentas ajudam muito na produtividade, eficiência e inclusive na qualidade. Trazem um ganho de tempo. Mas aspectos como a criatividade, a originalidade e o relacionamento vão ganhando força. Os algoritmos nos conhecem, mas não estabelecem uma relação”. PARA ALÉM DA CURIOSIDADE Anselmo Albuquerque, sócio-fundador da Jogga Digital, começou a mergulhar mesmo nas aplicações de inteligência artificial para seus negócios em fevereiro. Ele deu uns passos além da curiosidade para explorar diversas ferramentas para aumentar sua produtividade, criar conteúdo, editar vídeos e aplicar em seus negócios, com ênfase na curadoria e análise de dados. O publicitário ressalta que a IA é um auxílio e não deve substituir a responsabilidade humana nas decisões ou nas análises geradas pelas tecnologias. Anselmo também enfatiza a importância de experimentar a IA em coisas casuais e cotidianas para entender melhor seu funcionamento e potencial. “Essas ferramentas estão sendo aplicadas de maneira caseira, amadora e também de maneira profissional para estudos, desenvolvimento da ciência, da medicina, da engenharia. Ela não traz respostas perfeitas, mas auxilia. Não podemos transferir a responsabilidade dos conteúdos para a máquina. Vivemos um momento de experimentação. O segredo da qualidade das respostas da IA está no pedido que fazemos para ela, com contexto, clareza e objetivo”, afirma Anselmo. “Eu daria um recado para o profissional que está com medo: não é inteligência artificial que tira seu emprego, mas talvez uma pessoa que aprendeu a usar a IA. É importante estar à frente para que o seu negócio dure e permaneça”, aconselha. Na prática dentro da empresa, ele afirma que há um estímulo para que a equipe use inteligência artificial no cotidiano de trabalho em diversos níveis, como para gerar um comunicado de inadimplência a um cliente, para a organização de uma pauta de reunião e até fazer análise de dados para tomar as decisões mais acertadas nas prestações de serviço. Nessa aplicação mais complexa, ele lembra que são simulações que preservam as informações dos clientes, que é um dos pontos de atenção do mundo mergulhado em IA. CASE PERNAMBUCANO DE USO DA IA Após cinco anos de ser fundada, a pernambucana Di2Win prevê um faturamento em 2023 entre R$ 6 e R$ 8 milhões. A empresa é especializada em gêmeos digitais, que promovem a otimização dos processos com uso de inteligência artificial e robotização. De acordo com o CEO, Paulo Tadeu, o negócio conta atualmente com 17 clientes, mas está num momento de expansão, conquistando, mês a mês, dois a três novos contratos. Diante da experiência das empresas para as quais a Di2Win tem prestado serviços, ele considera que não houve uma destruição de postos de trabalho, mas uma liberação para que aquela mão de obra exercesse atividades mais criativas e menos repetitivas. “Focamos na redução de custo e na eficiência operacional. Algumas etapas não usam humanos, os clientes realocam os profissionais para outros espaços ou avançam em outros mercados. Essa mesma discussão aconteceu com a chegada dos softwares, da internet. Mas aconteceu uma migração das pessoas para áreas de maior valor agregado. São ferramentas que pegam o histórico passado, veem as formas de trabalho e as colocam de forma automática. O que é novo, inusitado e criativo fica com o humano”, considera o CEO. ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA Para dar suporte ao crescimento da empresa, um dos braços de atenção é justamente no treinamento de profissionais para atuar com inteligência artificial. A Di2Win conta com 43 funcionários no Recife e no interior de Pernambuco e de São Paulo.

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Ricardo Essinger fiepe

“O Brasil precisa recolocar o setor industrial na sua estratégia de desenvolvimento”

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), Ricardo Essinger, compartilha sua avaliação sobre o desempenho do setor industrial no primeiro semestre de 2023. Embora o cenário apresente indicadores ainda fracos, há uma expectativa positiva para o futuro, impulsionada pelos avanços do Arcabouço Fiscal e da Reforma da Previdência. Essinger também destaca a importância de fortalecer a indústria nacional e regional, bem como a necessidade de investimentos em infraestrutura, com a expectativa do aguardado Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Confira abaixo a avaliação na íntegra. Qual a avaliação da FIEPE acerca do desempenho no primeiro semestre? Há algum dado setorial relevante no semestre? O cenário do setor industrial pernambucano, de modo geral, está com certo nível de positividade quanto a expectativa. No ambiente interno, a análise dos Indicadores Industriais e a Sondagem Industrial de Pernambuco sugerem uma atividade industrial ainda fraca ao longo do primeiro trimestre de 2023. O último resultado da Produção Industrial de Pernambuco recuou 5,5% na margem e ficou no 13º lugar dentre as 14 federações pesquisas. O Índice de Confiança dos Empresários das Indústria de Pernambuco – ICEI continua acima dos 50 pontos (resultado junho 54,6 p.p.), porém abaixo da média histórica 55,72 p.p. Normalmente, os meses de junho sempre elevam a confiança do empresário pernambucano por conta das festividades juninas. A atividade produtiva, segundo o resultado da Sondagem Industrial de maio, ficou em 43,2 p.p., bem abaixo dos 50 pontos, resultado sendo impactado pelo desempenho das empresas de pequeno porte (40,8 p.p.). A média do ano (janeiro a maio) do índice do volume de produtividade se encontra em torno de 48,1 pontos percentuais. Como o setor avalia o avanço de pautas econômicas nacionais, a exemplo do Arcabouço Fiscal e da Reforma da Previdência? Entendo que o arcabouço fiscal pode permitir que o Banco Central flexibilize a sua política rígida de juros altos. O arcabouço fiscal é um tema relevante para alinhar as expectativas dos agentes econômicos brasileiros e pernambucanos, pois pode promover estabilidade e previsibilidade na condução da economia. É importante fortalecer a indústria nacional e regional, especialmente, diante das dificuldades vividas durante a pandemia. Vimos que é fundamental reduzir a dependência de bens importados e ter uma indústria nacional sólida. O Brasil precisa recolocar o setor industrial na sua estratégia de desenvolvimento. É quase impossível alcançar níveis elevados de desenvolvimento econômico e social sem uma indústria forte. A nossa missão é representar e defender os interesses de todos os industriais brasileiros e pernambucanos, do pequeno ao grande. A valorização do real e a queda da inflação contribuíram para o setor industrial neste semestre? A inflação, medida pelo IPCA, foi de 4,7% no acumulado de 12 meses encerrados em março de 2023, o que significa continuidade do processo de desaceleração iniciado, ainda, no segundo semestre do ano passado. Essa desaceleração é espelho das desonerações tributárias sobre combustíveis, energia elétrica e telefonia, que agem de maneira temporária, mas, principalmente dos efeitos da política monetária restritiva, que impacta a atividade econômica e os preços de maneira mais permanente. De acordo com a projeção do boletim Focus mostra, a inflação de 2023 ainda sofrerá impacto pelo avanço dos preços administrados, sobretudo dos combustíveis, uma vez que a redução desse produto em 2022 se deu pela redução do ICMS, que deverá voltar no decorrer de 2023, no entanto, entre os preços livres, poderá ter uma desinflação na categoria de alimentos, que foi o que mais pesou em 2022 e dos bens industriais, que deverá compensar parcialmente inflação de serviços ainda elevada. Ainda não foi anunciado o novo PAC, qual a expectativa da indústria, especialmente no segmento da construção, sobre esse programa? O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, foi um programa de investimentos em infraestrutura e projetos sociais com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico do país e reduzir as desigualdades regionais. E como englobou diversas áreas, como saneamento básico, habitação, transporte, energia, recursos hídricos, entre outras, trará impacto benéfico para o setor industrial. Um conjunto de declarações que anima o setor e todos os demais setores que têm na Infraestrutura um fator essencial para o desenvolvimento de suas atividades. O tema Infraestrutura é convergente com nossa Política Industrial de Pernambuco, é importante frisar, que os convênios de repasse de recursos federais à entes subnacionais avaliem as reais condições de estados e municípios. Da mesma forma, o Novo PAC deve incluir não só as “grandes obras”, em sua maioria de infraestrutura logística, como o trecho Salgueiro/Suape da Transnordestina. O país carece, e muito, de Infraestrutura Social, aí compreendidas as obras de Saneamento, Hospitais, Unidades Básicas de Saúde, Habitação, Escolas, Resíduos Sólidos, Iluminação Pública, entre outras. Em resumo, há condições de o país dar um salto com o Novo PAC, respondendo a uma forte pressão de demandas em quase todas as áreas produtivas. Porém, é fundamental que ele venha alicerçado em um conjunto de medidas que lhe deem sustentação. Qual a expectativa da indústria pernambucana para 2023? Quais as agendas prioritárias no segundo semestre no País e no Estado? Estudo realizado pela FIEPE, o ICEI aponta o índice de Expectativas dos empresários acima dos 50 pontos, o que sinaliza otimismo por parte dos empresários. Esse índice eleva a confiança do empresário industrial de Pernambuco, visto que tem permanecido acima dos 50 pontos. Contudo, abaixo da média histórica que é de 57,91 p.p. O recorte por porte temos um resultado Grande empresas (59,4), média empresas (57,3) e pequenas empresas (57,9) revelando que o otimismo dos empresários pernambucanos para os próximos seis meses está mais intenso. A Reforma Tributária contidas na PEC no 45/2019, na PEC no 110/2019 e no substitutivo da PEC no 45/2019, recém aprovada na Câmara dos Deputados, acarretará redução na complexidade e ineficiência do sistema tributário brasileiro, além da pesada carga sobre o setor industrial, que é um dos maiores entrave ao desenvolvimento industrial no país, contribuindo com a baixa competitividade das empresas nacionais frente às de países com sistemas tributários mais racionais.

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Capa Algomais 228

Descarbonização: etanol na transição energética

*Por Rafael Dantas A eletrificação da frota de veículos é uma tendência sem volta em um mundo que luta contra as emissões de carbono. No entanto, a disponibilidade brasileira de etanol e a estrutura socioeconômica do País apontam para uma transição de descarbonização híbrida. O modelo a ser adotado pela indústria automobilística do País tem impacto direto em Pernambuco, visto que o Estado possui tanto uma montadora, em Goiana, como uma das gigantes do fornecimento de baterias, em Belo Jardim, além de ter também tradição no setor sucroenergético, fornecedor de etanol. Diante da pressão global pela descarbonização da mobilidade brasileira, as expectativas do mercado são do aumento da produção de veículos elétricos alimentados a bateria (BEV) e ao etanol. Além dessa aposta de migração para o carro 100% elétrico mais lenta e gradual, a expectativa das empresas do setor e da sociedade civil organizada é de que essa virada comece pelos ônibus. “O Brasil passará por um processo de eletrificação gradual dos seus automóveis. Isso não tem a ver com modismo, mas bastante a ver com a legislação. Ela é também, em muitos casos, indutora de inovação. Tira as pessoas e empresas de uma situação de acomodação para que busquem a inovação”, afirmou Luiz Mello, diretor de baterias industriais, BESS, Lítio e Rede de Serviços da Moura. Apesar das definições serem internas, a agenda de transição é internacional, diante do aquecimento global, com suas previsões catastróficas. “Até 2050 precisamos alcançar a meta de atingir o equivalente a 10% do que emitimos hoje no planeta de CO2. É urgente a mitigação das emissões”, destaca o vice- -presidente de Compliance de Produto da Stellantis na América do Sul, João Irineu. Ao fazer uma comparação entre o cenário do Brasil e do mundo, ele destaca que o País está melhor posicionado mas defende que todos precisam contribuir nessa agenda climática global. “O setor de energia é responsável por dois terços das emissões de CO2 no mundo para gerar energia e transporte. No Brasil é um quarto, porque temos uma matriz energética favorável nesse aspecto. Mais de 85% da nossa energia é renovável, de baixo carbono”, destacou. Dentro do setor de transporte no Brasil, os caminhões são responsáveis por 45% das emissões de CO2, enquanto que os veículos de passeio e comerciais leves representam 41%. Completam essa lista os ônibus, com contribuição de 11%, e as motos, com 3% de emissões. Os números são de um combinado de estudos do SEEG (Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, do Boston Consulting Group e do Cait, ranking global de emissões do World Resources Institute. “Da frota circulante de 44 milhões de carros, 2 milhões são veículos pesados e 42 milhões são veículos leves. Ou seja, 5% da frota é responsável por 56% das emissões”, destacou o diretor da Stellantis. “Todo mundo tem responsabilidade e tem que fazer o dever de casa”. As metas da empresa são, inclusive, mais ousadas do que aquelas assinadas nos compromissos internacionais com o clima. A Stellantis projeta reduzir 50% das emissões catalogadas em 2021 até 2030, quando será feito um novo inventário. Enquanto o mundo tem observado as emissões diretas dos carros (exclusivamente o que sai do escapamento do veículo), há um conjunto de especialistas que têm defendido observar toda a cadeia produtiva do processo de fabricação, desde a extração da natureza ao transporte e matéria-prima dos seus componentes. É um cálculo do poço à roda. Ou seja, nessa conta, o etanol brasileiro possui patamares de emissões bem próximos aos dos identificados em toda a cadeia dos carros elétricos. Daí está a competitividade do setor sucroenergético na pauta de descarbonização. “O CO2 fóssil não é renovável, vai para a atmosfera e acumula. Mas todo CO2 que sai na combustão do motor etanol é capturado pela plantação da cana-de-açúcar da próxima safra. O CO2 que sai da frota que está rodando com etanol ao longo do ano está sendo capturado pela plantação de cana-de-açúcar que está crescendo e que vai gerar o etanol da próxima safra. Ele só não é 100% renovável, mas é baixo carbono porque se usa ainda muita máquina diesel para produzir e distribuir o etanol. Caminhões, colheitadeiras, serviços de irrigação ainda usam diesel. Por isso, o etanol é entre 70% a 80% renovável”, afirmou João Irineu. O presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, afirma que o setor tem avançado em iniciativas para reduzir as suas emissões, bem como tem avançado no desenvolvimento de combustíveis para outros setores. “O setor sucroenergético é pioneiro nessas iniciativas e caminha com avanços no transporte agrícola com o biogás e biometano, também na rota do chamado SAF (sustainable aviation fuel – combustível de aviação sustentável), assim como, no abastecimento verde de combustíveis marítimos. A atividade do setor envolve ciclos de produção sustentáveis, notadamente pela biomassa da cana com seus derivados, que representam cerca de 16% de nossa matriz energética”, afirmou Renato Cunha. Em Pernambuco, a safra que terá início de moagem entre julho e agosto deve resultar em produção e processamento de mais de 14,5 milhões de toneladas de cana e no mínimo um milhão de toneladas de açúcar e em torno de 370 milhões de litros de etanol. Para incentivar o setor, a grande expectativa fica por parte do Renovabio, programa que envolve as distribuidoras de combustíveis e as usinas de etanol e de biodiesel. De acordo com Renato Cunha, o objetivo desse sistema é que as distribuidoras tenham metas de compras de Certificados de Descarbonização para compensação por distribuírem combustíveis fósseis. “Constitui-se em um programa de incentivos aos créditos de carbono, bem consolidado, inclusive com penalidades financeiras para o não cumprimento de metas. Assim, os programas de descarbonização, para terem mais eficiência, necessitam de compromissos bilaterais que não fiquem apenas no voluntarismo das partes”. APOSTA EM CARROS HÍBRIDOS PARA DESCARBONIZAÇÃO Quando colocado na balança todo o processo de produção e uso dos veículos e não apenas os resíduos que saem do escapamento, a contribuição do etanol para a descarbonização dos transportes se aproxima muito do

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Consumo nos Lares encerra primeiro semestre com alta de 2,47%

(Agência Brasil) O Consumo nos Lares Brasileiros medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) encerrou o semestre com alta de 2,47%. Na comparação de junho com o mesmo mês do ano passado, a alta é de 6,96%. Ante maio, o indicador apresentou alta de 0,55%. O resultado contempla os formatos de loja, atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, houve consumo consistente e gradual até o fim do semestre favorecido pelo recuo do desemprego, de reajustes salariais, da consolidação dos programas de transferência de renda. “Para os próximos meses, se mantidas a menor pressão da inflação sobre a cesta de alimentos, o consumo tende a ser crescente, pois há datas importantes que incentivam o consumo como o Dia dos Supermercados, a Black Friday e as festas de fim de ano”, analisou Milan. De acordo com a entidade, o aumento do consumo foi influenciado pelo montante de cerca de R$ 85,4 bilhões em recursos dos programas de transferência de renda do governo federal como o Bolsa Família, o Primeira Infância (a partir de março), o Benefício Variável Familiar (a partir de junho) e os Auxílios Gás pagos em fevereiro (R$ 112,00), abril (R$ 100,00) e junho (R$ 109,00). Além disso, os reajustes do salário-mínimo em janeiro e em maio, os reajustes das bolsas da educação Capes e CNPQ, os reajustes dos servidores civis do Poder Executivo, o resgate do PIS/Pasep, o pagamento dos lotes residuais de Imposto de Renda 2022, a ampliação da isenção do imposto de renda, os pagamentos do 1º e 2º lotes de Restituição do Imposto de Renda, o pagamento de precatórios e a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS também contribuíram para essa elevação. De acordo com os dados da Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) registrou queda de 1,75% no semestre. Em junho, todas as regiões pesquisadas registraram deflação nos preços da cesta, que passou de R$ 750,22 em maio para R$ 741,23, um recuo de -1,20%, na média nacional. As carnes foram os principais produtos da cesta com o maior recuo de preços no período. De janeiro a junho, a carne bovina – cortes do traseiro – registrou queda de -8,20% e os cortes do dianteiro (-5,88%), o frango congelado (-5,78%) e o pernil (-2,42%). Em junho, a variação ante maio foram: cortes do traseiro (-2,51%) e o corte dianteiro (-1,30%), o frango congelado (-1,27%) e o pernil (-2,40%). Entre os itens básicos, as maiores quedas no semestre foram óleo de soja (-24,52%), café torrado e moído (-3,42%) e farinha de trigo (-1,10%). Já as altas foram puxadas por farinha de mandioca (+9,53%), leite longa vida (+9,17%), arroz (+6,45%), feijão (+4,78%). Com condições climáticas mais favoráveis, a única alta de preço na cesta de hortifrutis no acumulado do ano foi registrada no tomate (+4,08%). Cebola (-43,47%), batata (-4,47%) apresentaram quedas no período. Na cesta de limpeza, os preços ficaram praticamente estáveis em junho, no entanto, no acumulado do semestre, desinfetantes (+5,16%), sabão em pó (+4,17%), detergente líquido para louças (+2,10%) e água sanitária (+1,77%) puxaram as altas na categoria. Dentre os itens de higiene e beleza destacam-se o aumento de preços: sabonete (+5,28%), creme dental (+5,22%), papel higiênico (+4,42%), xampu (+3,76%). Na análise regional, a maior queda no indicador ocorreu na Região Norte (-2,11%), seguida do Centro-Oeste (-2,09%), Nordeste (-1,51%), Sudeste (-1,17%) e Sul (-0,30% Previsões Segundo a Abras, os 13º dos trabalhadores com carteira assinada, o pagamento de três lotes de restituições do Imposto de Renda 2023 somados à manutenção dos programas de transferência de renda, devem refletir positivamente no consumo das famílias. Além disso, o consumo deve ser incentivado por ofertas de datas como o Dia dos Supermercados (11 de novembro), Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday, Natal e Ano Novo.

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Multinacional japonesa de tecnologia inaugura operação no Recife

NTT DATA já conta com 180 profissionais no Recife e mais de 5 mil trabalhadores em todo o Brasil. Fotos: Edson Holanda/PCR A nova sede da multinacional japonesa NTT DATA foi inaugurada no Bairro do Recife ontem (26). Especializada em integração de sistemas de Informação, a empresa chegou à cidade em 2022, oficializando uma parceria com o Porto Digital. Com uma rede global e atuando em 9 cidades ao redor do Brasil, a NTT DATA escolheu o Recife como ponto de entrada para o Norte e Nordeste brasileiro. “Recife é a cidade que mais forma estudantes em tecnologia per capita no Brasil. E, hoje, estamos trazendo mais um grande anúncio: a NTT DATA com o seu novo escritório no Bairro do Recife. É uma super empresa, de porte global, com origem no Japão e que escolheu o Recife pra ser seu ponto de entrada no Norte e Nordeste brasileiro. Eu tenho certeza que quem aposta e acredita no Recife também vai colher bons resultados”, afirmou o prefeito João Campos na inauguração da nova sede. ESTRUTURA A nova unidade da NTT DATA, comandada pela engenheira pernambucana Virgínia Heimann, está localizada no complexo imobiliário Moinho Recife Business & Life, ocupando cerca de 700 m². O espaço conta com um auditório com capacidade para 50 pessoas, além de áreas destinadas a reuniões híbridas e demonstrações de soluções. EMPREGOS Atualmente, a NTT DATA conta com mais de 5 mil profissionais em todo o país, incluindo mais de 180 talentos no Recife. A empresa oferece a possibilidade de trabalho remoto, enquanto seus escritórios funcionam como locais para reuniões, eventos e ocasiões especiais.

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“Não há vento favorável para quem não sabe onde deseja ir” (por Francisco Cunha)

Enquanto acompanhava atentamente da plateia, depois de ler no palco o manifesto pela inclusão do trecho em Pernambuco da Transnordestina no PAC e no PPA, as falas dos empresários e políticos no evento articulado pelas entidades empresariais pernambucanas na Fiepe, semana passada (ver matéria de capa desta edição), tive consolidado meu entendimento de que estamos nesta situação, que classificaria de dramática, por causa do quase completo desmantelamento do planejamento público estratégico no País. Se não, vejamos. A começar do nível federal, chegamos ao cúmulo, no governo passado, depois de décadas de desprestígio, com a extinção do ministério do Planejamento, fundindo-o num mal ajambrado ministério da “Economia”, reunindo num só lugar, de forma totalmente inadequada (só para falar de um aspecto danoso), quem cuidava da elaboração do orçamento e quem cuidava de sua execução financeira. No nível regional, a absurda extinção da Sudene no governo de Fernando Henrique Cardoso causou um dano enorme ao Nordeste que, nem a sua “substituição” pelo Banco do Nordeste (como pretendiam os proponentes e operadores da extinção), nem a sua tímida recriação anos depois, sequer chegaram a mitigar. No plano estadual, a lenta agonia da hoje agência Condepe/Fidem, infelizmente, terminou por contribuir com a perda da capacidade provocativa essencial que teve na época de sua criação, na década de 1950, para a deterioração do posicionamento estratégico de Pernambuco na região e no País. No âmbito municipal do Recife, o desmantelo vem de longe e só mais recentemente começou a ser minimamente revertida a perda de capacidade propositiva de longo prazo. A inacreditável eliminação (do Natal para o Ano Novo do ano passado) do trecho pernambucano da Transnordestina é, para mim, uma espécie de trágico coroamento desta terrível incapacidade de planejar no longo prazo. O Governo Federal não soube, até a consumação da exclusão, distinguir o que é uma concessão privada do que é uma diretriz de desenvolvimento regional. A Sudene esteve nos últimos anos completamente alheia ao processo, com a capacidade de planejar e conduzir o desenvolvimento regional drasticamente reduzida. No âmbito estadual, as instâncias de planejamento, não obstante terem trabalhado muito para encontrar uma alternativa à permanente má vontade da concessionária para com o trecho ferroviário estadual, não conseguiram articular uma visão exequível e disseminada de futuro para o Estado como um todo considerando, inclusive, suas enormes desvantagens competitivas em termos de clima, território e recursos naturais face às enormes exigências contemporâneas da revolução tecnológica do conhecimento e das mudanças climáticas. Os eventos recentes, sejam aqueles positivos relacionados à articulação da sociedade civil como vimos na Fiepe, sejam aqueles negativos relacionados à articulação concorrencial contra os interesses dos pernambucanos ou, ainda, aqueles relacionados às avassaladoras mudanças tecnológicas e climáticas, nos induzem a crer que é mais do que chegada a hora de restaurar a indelegável capacidade de planejamento público estratégico em todas as esferas federativas. E, em sendo assim, minha sugestão é que os pernambucanos, aproveitando a oportunidade do evento da Fiepe, nos concentremos na instância sobre a qual temos maior governabilidade que é a estadual, sem desconsiderar, claro, a oportunidade política atual de termos à frente da Presidência da República, do Banco do Nordeste e da Sudene três políticos pernambucanos. Atribui-se ao filósofo romano Sêneca (4 a.C – 65 d.C.) a frase: “Não há vento favorável para quem não sabe onde deseja ir”. Que consigamos definir, com o apoio da sociedade organizada, para onde Pernambuco deseja ir, antecipando os ventos desfavoráveis e aproveitando bem os favoráveis que surgem. Que Sêneca nos inspire!

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