Arquivos Colunistas - Página 264 De 299 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

Lagarta

Desde que passei a observá-la, há 20 minutos, andou metro, talvez metro e meio. Ultrapassa pedras com persistência, paciência e perseverança. Obstáculos vencidos com rebolado. É brasileira, a lagarta. Gingado de sobra. É colorida, a lagarta. Sensual, lenta e ofuscante. Sozinha, sem os seus por perto, lá vai ela. Por hora, tem somente a mim. Não sabe o risco que corre. Humanos são imprevisíveis. Pisá-la não seria tarefa difícil. Mas hipnotiza-me sua beleza. O tênis made in China logo desiste da maldade que pensou em fazer. Por que faria(m) isso? Acomodo-me no batente que divide a estradinha de paralelepípedo da porção de terra pedregosa onde desfila. Resolvo observar-te, querida. Almejo acompanhar-te do pedestal desta calçada. Do alto de minha falsa superioridade, desejo saber onde vais. Qual teu destino, lagartinha brasileira? Observo teu pequeno mundo. O modo como te moves. Tua solidão. Tua elegância. Tua maneira de encarar os desafios. Invejo-te. Parece que não tens que dar satisfação a ninguém. À exceção desta momentânea visita, ninguém mais procura saber de ti. Ninguém. Absolutamente ninguém. Ponho-me a imaginar uma vida como a tua. Sem grandes decisões a serem tomadas. Sem satisfações a dar. Sem explicações. Sem ter que se expor à multidão. Sem sonhos frustrados. Sem ser julgada. Sem metas, nem relatórios. Sem contas a pagar. Sem escolhas difíceis. Andas, agora, mais depressa. Parece que sentes minha presença. Desesperadamente rápida. De repente...imóvel. Implacável. Bastou esse inseto atravessar teu caminho para esqueceres de mim. Ignoras, por hora, minha humilde presença. Somente folhas, pensava, interessariam a ti. Alimentar-se, ao sol ardente deste agreste, devorando o minúsculo nojento, não me apetece. Mas torço para que se delicies no banquete divino da sobrevivência. Como te entregas de maneira linda aos prazeres da vida, lagartinha. Maravilha é andar por aí, sozinha, independente, fragilmente forte, autônoma. Mesmo com todos os perigos que esse pequeno pedaço de chão possa te oferecer. Invejo tua coragem ou, talvez, tua ignorância do perigo. Tua audácia em subir essa pedra impressiona-me. Poderias vir pela direita onde o caminho está livre. A decisão é tua. Quem sou eu para dizer a ti por onde andar? Quem sou eu para opinar assim de forma tão invasiva quanto aos caminhos que a vida te faz optar? Pois saiba você, lagarta sedutora, a simplicidade da tua vida é algo extraordinário. É de se admirar. Gostaria de te dizer isso antes de partir. Talvez nem passe por essa cabecinha desmiolada, mas qualquer dia desses, sem menos esperar, voarás. Para bem longe. Para uma nova vida. Para novas possibilidades. Quem sabe, encontros. E não há nada mais animador, lagartinha querida, do que recomeçar. Renascer. Voar. Para bem longe. De preferência, para uma vida igualmente simples e plena, como é a tua.

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Pedro vai às compras (Por Joca Souza Leão)

Meu neto Pedro já foi três vezes ao exterior, mas não conhecia o Centro do Recife. Nem os recifenses que circulam por lá. Como os meninos de classe média da sua idade, dez anos, Pedro só conhecia os caminhos da escola, do clube, um ou outro parque, a praia de Boa Viagem, shoppings, aeroporto e saídas da cidade para o interior e litoral. De carro. E de bicicleta, com o pai, João, em algumas incursões pelas precárias ciclovias domingueiras. Ah!, também conhecia o Marco Zero e os museus do Sertão, do Estado, do Recife (no Forte das Cinco Pontas), do Homem, zoológico, em Dois Irmãos, Teatro Santa Isabel e alguns outros, onde assistiu peças infantis. Mas, pouco anda pelo bairro onde mora. Apenas na pracinha em frente ao prédio, no supermercado e no mercado público, porque muito próximos de casa. E os bairros? Peixinhos, Beberibe, Cajueiro, Arruda, Casa Amarela, Alto do Mandu, Vasco, Macaxeira, Linha do Tiro, Iputinga, Cordeiro, Engenho do Meio, Afogados, Tejipió...? Nada. A Várzea, de passagem, a caminho dos Brennand, Oficina de Francisco e Instituto de Ricardo. Mas, Pedro precisou comprar uma bola de handball infantil. Bateram todos os shoppings. Nada. Pela internet, a entrega seria demorada e mais cara porque a bola viria cheia. O treinador deu a dica: Dimarca Sports, na Rua de Santa Rita, no bairro de São José. “Papai, é muita gente!” A exclamação de Pedro revelou a sua natural e compreensível perplexidade. “Muita gente.” E muita gente diferente da que ele estava acostumado a ver nos shoppings. A loja, desarrumada. Cheia de tudo por todo canto, produtos pendurados no teto, tabuleiros abarrotados. Tudo para esportes. De todas as marcas e preços. Bem mais baratos que nos shoppings e pela internet. (Isto é um comercial explícito; de graça, mas é.) Bola comprada, João propôs e Pedro topou irem ao Mercado de São José. E andaram nas ruas por ali. Pátio do Livramento, Rua Direita, das Calçadas, do Rangel, Pátio de São Pedro, Rua Nova, Guararapes, até a Rua do Sol. Pedro conheceu um pouco do Recife. E gostou do que viu. (Ah se ele tivesse conhecido o Recife que eu conheci quando tinha a idade dele!) Você, caro leitor, mora onde? No Recife? Qual deles? A televisão se refere a alguns deles, poucos, como “áreas nobres”. A outros, um pouco mais numerosos, pelos nomes dos bairros. E a outros, a grande maioria, dependendo do conteúdo da notícia, como favela, periferia, invasão ou comunidade. Baile funk é na favela. Troça carnavalesca, na comunidade. Bala perdida é na favela. Indignação, revolta e resistência é (ou será) na comunidade. Recife. Recifes. Várias. Muitas. Cidades apartadas. Poucas com tanto; muitas com tão pouco, quase nada.

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Vagas prioritárias e travessia segura marcam o Maio Amarelo do Plaza Shopping

Serão cinco dias de atividades desenvolvidas para alertar sobre a importância das vagas prioritárias no estacionamento e os cuidados na faixa de pedestre A área Socioambiental do Plaza Shopping em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco – DETRAN-PE, promove nos dias 02, 04, 05, 06 e 30 de maio as ações “Turma do Fom Fom na faixa” e “Vagas Prioritárias” para celebrar o Maio Amarelo, campanha em prol de um trânsito mais seguro. Este ano o tema é “Nós Somos o Trânsito”, trazendo para cada um, a responsabilidade de cuidar e respeitar, mensagem que é reforçada no subtítulo da campanha: Trânsito é feito de gente e a gente merece respeito. A campanha, que é mundial e foi criada pelo ONU em 2010, busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. Entre os centros de compras do Recife, o Plaza Shopping foi o escolhido pelo Detran-PE para dar início às comemorações com o projeto “Turma do Fom Fom na Faixa”, e não por acaso, uma vez que a faixa de pedestre em frente ao Plaza Shopping é, talvez, a única faixa de pedestre na cidade que é respeitada pelo motorista. Nos dias 02, 04 e 30 de maio, os integrantes da turminha mais divertida e experiente nas leis de trânsito, estarão acompanhando pedestres em suas travessias e conversando sobre a maneira correta de atravessar a faixa em companhia de crianças ou a sós, aproveitando o momento para saudar motoristas que pararem espontaneamente para permitir a passagem dos pedestres. Já nos dias 05 e 06 de maio, a ação é dentro do Plaza Shopping e ressalta mais uma vez o respeito ao direito pelo uso das vagas especiais, sobretudo respeito aos cadeirantes. Com o título “Vagas Prioritárias” a ação conta com a participação especial da ONG DNA Solidário, voluntários do Rotary, além da Turma do Fom Fom. Na ocasião, serão colocadas cadeiras de rodas em vagas comuns do piso E1 do Edifício Garagem havendo, em cada uma delas, placas com desculpas como “é só um minutinho” e “já volto”, frases comuns ao cotidiano dos cadeirantes voluntários. A iniciativa tem o objetivo de estimular os clientes a refletir sobre a importância das vagas reservadas em estacionamentos públicos e privados. Durante o “Vagas Prioritárias”, também serão realizadas ações para esclarecer os usuários sobre o dispositivo legal que ampara a vaga reservada. O “Maio Amarelo” é um movimento internacional de mobilização e conscientização para a redução de acidentes e para um trânsito seguro em qualquer situação. Os visitantes também receberão panfletos com orientações sobre segurança no trânsito e fitilhos amarelos – símbolos da campanha, além de multa moral aos motoristas que estacionarem nas vagas erradas. MAIO AMARELO - A cor amarela da campanha foi escolhida por simbolizar atenção, em referência à sinalização de advertência no trânsito. Já o mês, foi escolhido por ter uma ligação com a história de segurança no trânsito, uma vez que foi em maio de 2010 que a ONU decretou a Década de Ações para a Segurança no Trânsito, com meta para reduzir acidentes de trânsito em todo o mundo. MAIO AMARELO NO PLAZA SHOPPING -TURMA DO FOMFOM NA FAIXA: Data: 02, 04 e 30 de maio Horário: 10h às 12h Local: faixa de pedestre em frente ao Plaza Shopping Casa Forte -VAGAS PRIORITÁRIAS: Data: 05 e 06 de maio Horário: das 11h às 13h, no sábado (05), e das 12h às 14h no domingo Local: piso E1 do Edifício Garagem

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Sport vence na estreia de Claudinei Oliveira

Houldine Nascimento A primeira vitória do Sport nesta edição do Campeonato Brasileiro veio diante de um adversário direto na briga contra o rebaixamento. Nesse domingo (29), o Leão foi a Curitiba enfrentar o Paraná Clube e venceu por 2 a 1. Rogério, aos 7 minutos da primeira etapa, e Marlone, aos 3 minutos do segundo tempo, em magistral cobrança de falta, marcaram para o time pernambucano. Os gols do Sport saíram em momentos cruciais do jogo e minaram a reação paranista, que descontou somente aos 43 minutos da etapa final com Jhonny Lucas. É bem verdade que o Paraná criou várias chances, mas o ataque vacilou na hora de finalizar e, quando acertou, parou nas mãos do goleiro Mailson, que fez uma partida segura e praticou boas defesas. O volume de jogo maior do time da casa (65%) e a quantidade excessiva de cruzamentos (35) foram insuficientes para mudar a realidade da partida, que também marcou a estreia de Claudinei Oliveira (ex-Avaí) como técnico do Sport. Mesmo com o importante triunfo obtido, o time rubro-negro ainda precisa melhorar em diversos pontos. Em vários momentos, os atletas paranistas trocavam passes sem serem incomodados pela marcação pernambucana. Prova tamanha disso é que os atacantes ficaram cara a cara com Mailson em incontáveis vezes. Após vivenciar uma semana turbulenta pela saída do técnico Nelsinho Baptista, que fez duras críticas à diretoria, o Sport conseguiu contornar a crise dentro de campo. Fora dele, tudo é um mistério. A próxima partida do Leão é contra o Bahia, no domingo (6), às 16h, na Ilha do Retiro. O clássico regional pode ser um divisor de águas na vida do Rubro-negro. *Houldine Nascimento é jornalista

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Na Série C, Santa Cruz parte na frente

Por Houldine Nascimento Desacreditado pelas eliminações na primeira fase da Copa do Brasil e nas quartas de final do Campeonato Pernambucano, o Santa Cruz, em tese, era o clube pernambucano que inspirava maiores cuidados. Os dois resultados obtidos no Campeonato Brasileiro Série C, no entanto, vão em direção oposta. Debaixo de chuva, o Tricolor venceu o Atlético-AC por 3 a 1, nesse domingo (22), no Arruda, e assumiu a terceira colocação no grupo A com quatro pontos. Os gols do Santa foram marcados por Geovani, Carlinhos Paraíba e Robert. O time acreano descontou com Araújo. Na partida, a equipe pernambucana teve dois pênaltis assinalados a favor e que foram convertidos. Os jogadores dos dois clubes ainda tiveram que lutar contra o gramado encharcado. Na primeira rodada, o Santa Cruz teve de enfrentar o rival Náutico na Arena de Pernambuco e conquistou um bom resultado ao empatar por 1 a 1. E poderia ser ainda melhor pelas chances reais que a Cobra Coral criou após buscar a igualdade no placar, não fosse o goleiro Bruno. Júnior Rocha ainda estava no comando Tricolor. O novo técnico, o experiente Paulo César Gusmão, ainda não fez a estreia à beira do gramado. Coube ao auxiliar Adriano Teixeira conduzir os atletas corais à vitória. Além da Série C, o Santa continua na disputa pelo bicampeonato da Copa do Nordeste. O mais importante mesmo para o time pernambucano é obter o acesso à Segunda Divisão nacional. Pela tradição do Santa Cruz, o retorno à Série B deve ser alcançado de imediato. O caso do Náutico é semelhante, só que, até o momento, o Timbu parece não ter despertado do título estadual. Na estreia da Série C, fez uma boa partida, mas não transformou as oportunidades criadas em gol. No último sábado (21), em João Pessoa, passou por um vexame ao ser goleado pelo Botafogo-PB por 4 a 0. O revés fez o técnico Roberto Fernandes não só chamar a atenção dos seus comandados como também pedir desculpas à torcida alvirrubra. A reação na competição é urgente. Já na Copa do Brasil, mesmo desclassificado no campo, o Náutico ainda tem real possibilidade de passar às oitavas devido a escalações irregulares de dois jogadores da Ponte Preta. No placar agregado, o time de Campinas venceu o Timbu por 3 a 1.

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Prioridade para o pedestre recifense

No final do mês passado, a Prefeitura do Recife, por intermédio do Instituto Pelópidas Silveira (ICPS), divulgou as propostas de Políticas Setoriais do Plano de Mobilidade Urbana do Recife, discutidas em audiência pública no dia 28.03. Do documento consta expressamente a priorização para o fluxo e a segurança do pedestre e do ciclista e para o transporte público de passageiros, além do desestímulo ao uso do transporte individual motorizado (carros e motos) como principal meio de locomoção na cidade. Trata-se da primeira vez que diretrizes dessa natureza são formalizadas em um documento com status de pré-projeto de lei. Um marco histórico! A ironia do destino é que, no dia anterior, os meios de comunicação divulgaram o resultado do Índice 99 de Tempo de Viagem (ITV 99) que, pelo segundo ano consecutivo, apontou o Recife como tendo o pior trânsito das 10 maiores capitais brasileiras nos deslocamentos em horários de pico da manhã (7h às 10h) e da noite (17h às 20h). E, ainda que essas medições feitas por meio de aplicativos de transporte mereçam ser olhadas com reservas quando determinam rankings de desempenho, o fato é que o Recife tem aparecido com frequência em colocações comprometedoras no quesito travamento de trânsito... O que, aliás, não é novidade, dada a sua estrutura viária antiga (em muitos locais plurissecular), lançada antes do advento dos veículos motorizados e sem alternativas físicas de ampliações significativas... Enfrenta o Recife, no que diz respeito ao trânsito, um problema elementar de física aplicada: não pode uma rede limitada de vias ser acrescida continuamente de veículos sem que venha a travar! Daí, a grande importância de políticas públicas que priorizem os demais meios de deslocamento que não os individuais motorizados (a pé, de bicicleta e transporte público), sempre considerando que, em termos de mobilidade, o importante é o deslocamento de pessoas e não, necessariamente, de veículos, conforme, inclusive, pode ser conferido na boa matéria sobre o tema publicada nesta edição da Algomais. Esse é, aliás, um debate muito difícil por causa da longa hegemonia do transporte individual motorizado no planejamento das nossas cidades. Por isso, é preciso que se tenha muita calma nesta hora porque, infelizmente, inexistem soluções mágicas.

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Para onde estamos indo, não precisaremos de estradas

Você que anda de ônibus, carro, a pé, kombi, lotação, van, jumento, carroça, táxi ou que pega bigu: seus problemas acabaram! A Embraer e o Uber apresentaram projeto de transporte aéreo urbano, em evento que aconteceu na cidade de Austin, nos Estados Unidos. As duas empresas estão desenvolvendo o projeto como alternativa para fugir do trânsito caótico das grandes cidades. Não é piada! A famosa frase do Doutor Emmet Brown, o professor maluco do filme De volta para o Futuro, que dá título a esta singela crônica, pronunciada antes de sua aeronave levantar do solo, passará a ser realidade. O objetivo é fazer testes com as aeronaves já em 2020. Assisti ao vídeo da apresentação. Uma moça sai do seu trabalho, entra numa pequena aeronave que a transporta, em poucos minutos, até a sua casa. Assustei-me! Incrível! Chegamos, senhoras e senhores. The future! Vamos voar no nosso dia a dia, meus amigos. Voar! Já imaginaram? Adeus, buracos de Hellciffe e demais cidades. Adeus, vendedores de água mineral nos sinais de trânsito. Adeus, assaltantes disfarçados de vendedores de pipoca na Avenida Agamenon Magalhães. Adeus, operações tapa-buraco. Adeus, licitações superfaturadas para recapeamento de vias. Até nunca mais senhores guardas de trânsito que ficam atrás das árvores escondidos com suas canetas sedentas por multas. Adeus, Avenida Rui Barbosa às 7h30 da manhã. Oremos! Estamos no olho do furacão. Uma mudança profunda de era. A quarta revolução industrial. E com ela a previsão do fim de algumas profissões: carteiro, agricultor, leitor de medidores, repórter de jornal impresso, agente de viagens, lenhador, comissário de bordo, funcionário de gráfica, fiscal de impostos, dentre outras. É bem provável que novas profissões surjam. Fazendeiros urbanos, por exemplo. A gente tem que se adaptar. Criatividade, inteligência interpessoal e especialização. Serão armas poderosas no futuro próximo. Acredito na criatividade como forma de vida. Ferramenta necessária para solução de todos os problemas. Algo essencial para a sobrevivência humana. Saber viver em coletividade, no planeta cada vez menor, integrado, também será apreciado. Desconfie de tudo o que veja, hoje. Nada será igual. A velocidade com que as coisas estão mudando assusta. Confesso que não acompanho o ritmo. Enquanto escrevo essas linhas, estou em pleno Vale do Silício, na Universidade de Stanford, Califórnia. Vim discutir com empreendedores de algumas legaltechs, o futuro do direito. Embasbacado como a tecnologia irá mudar minha profissão rapidamente e o impacto direto disso nos escritórios de advocacia e no próprio Poder Judiciário. Robôs fazendo o papel do advogado, peticionando e proferindo pareceres. Máquinas substituindo juízes, julgando processos. Adeus às brigas dos ministros nas sessões do STF. Máquinas não brigam, ministro Gilmar Mendes. Quando chegar o dia de ir ao fórum na minha aeronave e despachar um processo com um robô-juiz, teremos chegado lá, definitivamente. Lá onde Mcfly, coitado, só conseguiu chegar num mísero skate voador. Lá onde não precisaremos de estradas, mas sempre, em qualquer tempo, de gente que não jogue lixo pela janela.

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Navegar é preciso, mas viver também é preciso

O mundo digital nos leva cada vez mais a ficar conectados. Do e-mail, passando pelas redes sociais, até a troca de mensagens, ninguém vive ou trabalha hoje em dia sem estar em rede. É um ponto sem retorno, dizem alguns especialistas. Contudo, esse novo comportamento tem causado problemas sérios. Um estudo feito em 2014 revelou que 420 milhões de pessoas, cerca de 6% da população mundial, podem estar viciadas em internet. Segundo outro estudo, feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, um alto grau de conexão conduz a uma perda progressiva de controle e ao aumento do desconforto emocional. Os indivíduos que gastam horas excessivas na internet tendem a utilizá-la como meio primário de aliviar a tensão. Normalmente, apresentam perda do sono por causa do incitamento causado pela estimulação psicológica e desenvolvem problemas em suas relações interpessoais, entre outras consequências. No sentido contrário do aumento da conexão, tem surgido movimentos que estão estudando esse fenômeno. Uma deles é o time well spent (tempo bem empregado, em tradução livre), que pretende “libertar a mente dos usuários do sequestro de tempo promovido pelas novas tecnologias. Criado por um ex-funcionário do Google, Tristan Harris, o movimento propõe que os fabricantes de celular substituam o clique no ícone dos aplicativos pela necessidade de digitar o seu nome, fazendo com o usuário leve a se questionar a real necessidade de usá-lo naquele momento. Outro movimento que levanta a bandeira da desconexão é slowmedia. Criado por um grupo de jornalistas alemães, um dos princípios propostos é a realização de uma tarefa por vez. Inspirado no slowfood, que defende uma maior concentração na hora das refeições, o movimento também defende o consumo de uma mídia por vez, priorizando o foco e a atenção. Independentemente de movimentos, a nossa mente pede a desconexão. Algumas atitudes práticas podem ajudar nessa direção, sem impedir o acesso à tecnologia e ao uso das facilidades que ela trouxe à vida moderna: 1. Área de trabalho estratégica – Somente instalar aplicativos essenciais no celular e deixar visível na tela aqueles que tragam informação relevante. Os demais devem ser desinstalados e ficar fora do alcance fácil da nossa visão. 2. Menos notificações – Retirar, por exemplo, as notificações das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, como o Whastapp, diminui a ansiedade pelas verificações frequentes do celular. A inversão desse processo, deixando de ser avisado para ir em busca da informação, permite dar maior atenção ao trabalho e às relações interpessoais. 3. Blocos de desconexão – Criar períodos ao longo do dia sem o uso do celular. Principalmente em atividades corriqueiras. Não levar o aparelho ao supermercado, deixá-lo em casa para caminhar ou fazer exercícios, não usar próximo da hora de dormir e mantê-lo desligado durante o sono são algumas atitudes simples de desconexão.

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Estudo revela dificuldades do transporte de cargas em centros urbanos

Análise em sete regiões metropolitanas indica falta de planejamento, grande diversidade de restrições ao trânsito de caminhões, ausência ou precariedade da sinalização e da fiscalização, entre outros problemas que aumentam o custo operacional e reduzem a qualidade do serviço. A CNT (Confederação Nacional do Transporte) divulgou hoje (16/04) o estudo “Logística Urbana: Restrições aos Caminhões?” no qual analisa as condições do transporte de carga em sete regiões metropolitanas no país: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Recife (PE) e Manaus (AM). Os resultados mostram que a urbanização acelerada do Brasil nas últimas décadas trouxe complexidade e desafios para a logística de abastecimento das cidades onde vivem 84% da população brasileira e circulam 96,7 milhões veículos automotores. Nesse cenário, transportadores, gestores públicos e empresários lidam com variados graus de dificuldade para melhorar o transporte de cargas em centros urbanos. É preciso compatibilizar as demandas do comércio e do setor de serviços, com a variedade e volume crescente de consumo da população e, ainda, com a necessidade de melhorar a qualidade de vida nas cidades, reduzindo os congestionamentos e a poluição ambiental. O estudo constatou uma variedade de regras e de restrições à circulação de caminhões em centros urbanos, somada a problemas de infraestrutura, sinalização e fiscalização, entre outras deficiências que têm impacto sobre a atividade transportadora. Isso dificulta o planejamento do transporte de cargas, aumenta os custos operacionais e diminui a qualidade dos serviços de abastecimento das cidades. Para a Confederação Nacional do Transporte e, é preciso aprimorar as políticas públicas de trânsito, investir em infraestrutura, sinalização e fiscalização, ampliar vagas de carga e descarga e aumentar a segurança nas cidades, entre outras providências para que o transporte de mercadorias em centros urbanos seja mais rápido, eficiente e de baixo custo. Principais barreiras  Veja quais foram os problemas mais comuns encontrados pelos técnicos da CNT ao estudar as condições do transporte de cargas nas cidades que compõem as sete regiões metropolitanas analisadas:  • Falta de planejamento. Na maioria dos casos, os municípios implantam restrições ao transporte de carga sem dialogar com os setores envolvidos e sem integrar suas regras de trânsito com as normas de transporte dos demais municípios da região. Além disso, muitos municípios criam legislação para o transporte de cargas, mas não divulgam ou não colocam as regras em prática. • Carência de dados e estudos para embasar políticas públicas de transporte de carga em áreas urbanas. Esse problema está associado a uma ideia simplista de que a mera proibição ao trânsito de caminhões em determinadas zonas e vias resolveria os problemas de congestionamentos, poluição etc. • Grande variação de regras de restrição ao transporte de carga dentro de um mesmo município ou em relação aos outros municípios que integram a região metropolitana. As regras mudam de um bairro para o outro, de um município para o outro, dificultando o planejamento do transporte de cargas. • Proibições de trânsito em dias e horários determinados obrigam os caminhões de carga a circular nas chamadas “janelas horárias”. Este modelo de restrição dificulta o planejamento das entregas por razões como congestionamentos e condições de recebimento de cargas. O comércio, especialmente supermercados e shoppings adotam critérios próprios de recebimento de carga que muitas vezes não são compatíveis ou entram em conflito com as restrições determinadas pelo poder público. • Falta de sinalização; sinalização precária ou mesmo em contradição com o normativo sobre transporte de carga. • Fiscalização de trânsito insuficiente para garantir o cumprimento das regras e a fluidez do transporte de cargas. • Baixa oferta de vagas de carga e descarga e ocupação indevida dessas vagas por outros tipos veículos. • Aumento do número de viagens devido à imposição de uso de veículos menores. • Falta de locais adequados e seguros de parada e descanso para motoristas que aguardam para entrar em cidades em períodos de restrição. Esse é um problema que tem agravado a insegurança sofrida pelos transportadores sendo o roubo de cargas o tipo de ocorrência mais comum. • Baixo investimento em obras de infraestrutura, principalmente em anéis viários. Consequências Os problemas encontrados pela CNT têm forte impacto nos custos e na qualidade do serviço de transporte de cargas em áreas urbanas conforme descrito a seguir: • Aumento dos custos operacionais do transporte rodoviário de carga.  Em alguns casos, as barreiras encontradas pelos transportadores têm gerado taxas extras que incidem sobre o preço do frete. Dois exemplos são a Taxa de Dificuldade de Entrega (TDE) negociada a partir de um piso de 20% sobre o valor do frete e a Taxa de Restrição do Trânsito (TRT) calculada em 15% do frete. • Baixa previsibilidade da entrega de mercadorias. Além dos congestionamento e retenções de trânsito, muitas vezes o planejamento do transportador é alterado de forma imprevisível devido à falta de clareza e de transparência sobre as restrições ao transporte de carga. • Aumento da emissão de poluentes e ruídos. Restrições mal planejadas podem acarretar congestionamentos, filas de descarga, aumento no número de viagens, rotas mais longas e inadequadas e outros transtornos que aumentam os ruídos produzidos pelo trânsito e a emissão de gases poluentes na atmosfera. • Riscos de acidentes. Sinalização deficiente ou mesmo ausência de sinalização, janela de horário noturna e outras restrições são fatores que elevam o risco de acidentes. Principais soluções apontadas pela CNT Aprimorar as políticas públicas e o planejamento. Incluir o transporte de carga no planejamento urbano e nas políticas de trânsito, integrando todos os municípios das regiões metropolitanas; realizar gestão democrática e ampliar o controle social todos os setores interessados: transportadores, embarcadores, compradores, fabricantes, distribuidores, empresas de Transporte Rodoviário de Carga - TRC, Transportadores Autônomos de Carga - TAC, operadores logísticos, atacadistas, varejistas e consumidores finais. Melhorar a sinalização e a fiscalização de trânsito. Divulgar, dar maior clareza e visibilidade às restrições ao transporte de carga, divulgar rotas alternativas e ampliar a fiscalização, especialmente nas áreas de carga e descarga. Ampliar a oferta de vagas de carga e descarga e as janelas horárias para entregas e coletas. Aumentar

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Um candidato ao rebaixamento

*Houldine Nascimento O Campeonato Brasileiro teve início neste fim de semana, mas, antes mesmo de começar, já era previsível que o Sport enfrentasse dificuldades. Muito disso em razão do desempenho pífio nas competições que disputou até o momento – eliminado na semifinal do Pernambucano e na segunda fase da Copa do Brasil – e pela indefinição de um time até aqui. Estamos na metade de abril e nenhum torcedor rubro-negro é capaz de dizer quais são os 11 jogadores titulares. A Via-Crúcis do Sport começou nesse domingo (15), em Belo Horizonte. O adversário era o América Mineiro, uma das equipes que devem lutar contra o rebaixamento. O time da casa não precisou fazer muito esforço para abrir o placar. Com menos de um minuto de partida, o Coelho saiu na frente com Serginho, graças à colaboração do goleiro Agenor. No mesmo lance, a zaga rubro-negra assistiu ao ataque americano trocar passes de cabeça sem qualquer incômodo. Aos 34 minutos, nova lambança de Agenor, que tromba com o zagueiro Léo Ortiz numa saída do gol. A bola sobra livre para Carlinhos ampliar o placar. Seis minutos depois é a vez de Serginho receber passe, disparar em velocidade pela esquerda, invadir a área e fuzilar a meta leonina. No primeiro tempo, estava sacramentada a vitória do clube mineiro, de volta à Série A após um ano de ausência. Na primeira rodada da edição 2018 do Brasileirão, o técnico Nelsinho Baptista promoveu quatro estreias ao entrar de frente com os recém-chegados Cláudio Winck, Ernando, Ferreira e Andrigo. A falta de entrosamento pesou para estes jogadores e, ao que parece, para os demais também. Pelo comportamento do time, a impressão passada é que nenhum deles chegou a jogar junto, mesmo a maioria estando no clube desde janeiro. É bem verdade que o Sport teve lampejos de reação durante o jogo, mas foi ineficaz. O elenco está sendo remontado durante a competição nacional, o que representa um enorme risco. Com poucos campeonatos a disputar em 2018, o Sport já teve muito tempo para se acertar, mas até o momento está a léguas disso. Os bastidores do Rubro-negro pernambucano em nada contribuem para tal. O Brasileirão mal começou e já temos um forte candidato ao descenso. *Houldine Nascimento é jornalista

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