Arquivos Colunistas - Página 284 De 298 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

O traduzir dos sentimentos em Lunátipos

André de Sena é um desses autores que discorre sobre cenários e personagens com absoluta precisão. Em seu livro de contos Lunátipos - Edições Bagaço – 2014, é patente a observação. No conto História de Mar, por exemplo, assim destaca o protagonista em dado momento da narrativa em primeira pessoa: “Quando criança, eu descobri que de qualquer lugar da cidade poderia ver o mar. Aos poucos ele passou a olhar mais para mim do que eu a ele, gigantesca hidra cujos tentáculos de rios dominam a cidade e se espraiam pelo interior das residências e fui me incomodando com isso até ser envolvida pela gaze escura do medo”. Aqui combina com sutileza símile e metáfora com total consciência.   Ainda em História de Mar, adere ao imaginário discursando sobre sonhos assustadores, quando a colocação de cada palavra vislumbra sua função e o efeito compatível com a poética desejada. “Há uma estranha visão de cidades antigas e clássicas, templos de mármore que servem de âncoras para galeões que descansam mansamente no mar, atracados às suas colunas por pesadas cordas, sugerindo contraditoriamente ao espírito uma sensação de extrema inquietude... Observo o movimento intenso, mas tranquilo, desses portos luxuriantes e as ondas não são ameaçadoras; antes borrifam os degraus de mármores a brincar como crianças... Mas um sentimento opressor toma vulto vindo talvez daquele próprio lugar, que sinto já ter realmente existido”. No conto Ilha de Cipango, ao lado do personagem Tomás, percorre as alamedas do inusitado com vontade de abraçar o horizonte: “Agora todas as coisas são nossas e só com o nosso desaparecimento deixarão de existir. Sinto a ilusão entre os dedos, acaricio árvores, encho a mão com grãos de areia, movo o braço dentro das ondas, tal o médico que estuda a anatomia de Deus”.   Mas é em Lunátipos, conto que dá título ao livro, que Sena anda de mãos dadas com o fantástico e nos apresenta o melhor de sua verve ficcional, exercitando criatividade na concepção dos peixes-monstros, com feitio feminino, habitando um cenário que alterna ondas encrespadas, odores de mangue, com ventos gélidos paridos nas noites de uma praia inóspita. A escrita nos envolve tal serpente malfazeja, mas que se torna cúmplice das expectativas do leitor. Num dos trechos também dá as mãos à loucura imaginosa: “Nesse dia estive no inferno... Após destruir aqueles monstros, comecei a correr pelo terreno perigoso dos arrecifes, sem sentir mais dor alguma... mas as chuvas e furiosas ondas lavavam minhas feridas... Tive a impressão que outras entidades me seguiam para me destruir, emitindo sons inexplicáveis. O oceano inteiro estava contra mim e não sei se era o vento responsável por aquelas notas”.   *Paulo Caldas é escritor

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As curiosas cervejas africanas (por Rivaldo Neto)

Quando falamos de cervejas praticamente endereçamos o foco para as europeias, americanas e, logicamente, as nacionais artesanais de boa qualidade. Com isso, mercados e países que passaram a ser destaques na produção de vinhos, como é o caso da África do Sul, são deixados em segundo plano, tanto por importadores, quanto de nós consumidores e entusiastas da bebida. Tal “erro” não se justifica. E se na cartilha do cervejeiro o lema número 1 é variar, provar e experimentar. Países que não olhamos como grandes mercados produtores de cervejas passam a ter um importante papel na procura por rótulos até então desconhecidos por nós brasileiros. E foi justamente usando esse raciocínio que consegui três cervejas africanas muito interessantes. Mas realmente não foi fácil. Começando justamente pela África do Sul, onde a produção de cervejas é praticamente toda em cima da gigante SABMiller (South African Breweries). Ela praticamente domina o mercado do continente. As mais populares da empresa são as Castle, a Lion e a Carling Black Label, encontradas facilmente em qualquer lugar por lá. Mesmo com essa concorrência de um gigante como a SAB, algumas cervejarias infinitamente menores produzem boas cervejas e que merecem destaque.       A cervejaria Boston Breweries foi criada por Chris Barnard que ao experimentar cervejas europeias decepcionou-se com as produzidas em sua terra natal e aprendeu o preparo da bebida sozinho. Ele criou essa cervejaria na Cidade do Cabo. Pois bem, ela produz a Johnny Gold, uma weiss estilo bávaro, bem turva e com notas frutadas e bem surpreendente. Não tem muito lúpulo, como a maioria das weiss, mas bastante aromatizada deixando uma sensação muito gostosa na boca e com uma leve acidez.                 Da Pretória vem a Emperor India Pale Ale, que é fabricada pela cervejaria Drayman's, seu fundador Moritz Kallmeyer, é um incansável produtor, antes das tradicionais cervejas de milho africanas e vinhos de frutas e que se entusiasmou com a produção de cervejas artesanais. Ele conseguiu fazer uma IPA leve, com 4,0%, mas bem cítrica, com um equilíbrio marcante entre o doce do malte e a acidez cítrica. Possuindo uma cor âmbar e um bom retrogosto.                 Finalizando com a Mitchell's, primeira microcervejaria da Africa do Sul, datando de 1983. Na época mal se falava em produção de cervejas em pequena escala. Lex Michell fundou a cervejaria e, posteriormente, vendeu em 1989. Mas deixou um portfólio interessante, principalmente com uma Strong Lager de 7,0%, a Mitchell”s Old Wobbly. Lembra muito as ALE inglesas pelo seu corpo, essa cerveja é uma grata surpresa, um amargor delicioso e frutado. Vale muito a pena.             MUNDO CERVEJEIRO E nunca se é tarde para parabenizar as cervejarias pernambucanas Debron e Ekaut, pelos prêmios conquistados no Festival Brasileiro de Cervejas, que ocorreu em Blumenau, Santa Catarina. A Debron arrebatou ouro com a Imperial Stout, que já foi citada aqui na coluna e bronze com a Golden Ale e a Witber. A Ekaut ganhou a prata com a American Pale Ale (APA) 1817. Parabéns a todos os envolvidos.      *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e apreciador de boas cervejas nas horas vagas

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11 anos da Algomais (por Francisco Cunha)

Onze anos atrás, circulou o número 1 da Revista Algomais, uma associação empresarial da Engenho de Mídia (Sérgio Moury Fernandes e Luciano Moura) com a TGI. Na verdade, o projeto começou meses antes e teve até um número zero que foi lançado como teste no final do ano de 2006. Participo do projeto da revista desde o início e escrevo esta Última Página desde o número zero. Neste tempo, a Algomais, como o antigo Repórter Esso, foi “testemunha ocular da história” recente de Pernambuco e acompanhou o Estado deixar a zona de “baixo astral”, transformar-se na terra das “oportunidades extraordinárias” e, depois, mergulhar na crise que atingiu todo o País e arrastou a economia estadual ladeira abaixo. Procuramos sempre fazer uma cobertura equilibrada e o contraponto dos extremos. Nem estávamos nem estamos no fundo do poço nem, muito menos, tínhamos nos transformado, de repente, na terra prometida do desenvolvimento. A revista procurou analisar a conjuntura e reportar os fatos relevantes, sem entrar na ciclotimia característica do nosso sempre tão extremado Estado. No final do ano passado, com a saída da Engenho de Mídia do projeto, a TGI assumiu integralmente a condução da revista e iniciou uma mudança que no presente número ganha uma nova marca e uma roupagem clean mais contemporânea. Muita coisa mudou nesse caminho mas uma permaneceu e permanecerá no novo tempo: nosso compromisso inarredável com o desenvolvimento do Estado e do Recife. Além, claro, de nosso compromisso de berço com a seriedade jornalística expresso de forma inequívoca na nossa Missão que nunca é demais repetir: “Prover, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.” No mais, é agradecer penhoradamente a quem nos acompanhou até aqui: os leitores, os colaboradores, os anunciantes. Em especial, a Sérgio e a Luciano pela parceria e convivência fraternas. Vamos em frente! A crise está se revertendo lentamente e vamos sair dela mais fortalecidos do que quando entramos. Francisco Cunha é urbanista, arquiteto e consultor da TGI

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Péricles, o estagiário

A primeira audiência realizada por Péricles, um grande amigo, foi traumática. Ele ainda era estagiário. O escritório onde trabalhava o designou para que realizasse uma audiência inicial na Justiça do Trabalho. Chegou lá nervoso, suado. Tremia mais que vara de bambu. O juiz pediu os documentos pessoais das partes, incluiu as informações iniciais na ata de audiência, perguntou se havia possibilidade de acordo, obtendo resposta negativa dos dois lados. Em seguida, olhou para Péricles e pediu a contestação que lhe foi prontamente entregue, em mãos. Naquela época os processos eram físicos. O juiz perguntou, dirigindo-se a Péricles: - Quantas laudas, doutor? - Hã? - Quantas laudas? - Como assim, excelência? Aumentando o tom de voz, irritado, o juiz praticamente gritou: - Quantas fooooolhas, doutor? Quantas fooooolhas tem a sua contestação? Me diga! - Pois não, excelência. Enquanto Péricles contava as folhas, mais perguntas: - Você é estagiário ou advogado? - Estagiário. - É inscrito na OAB? - Não, excelência. - Mas então você sequer poderia estar sentado aqui. - Mas, excelência... - Mas nada! Levante-se! Será possível!? - Gostaria de consignar os protestos... - Você não pode protestar nada, meu filho. Você simplesmente não está nesta audiência! - Estou sim. Olha eu aqui! - Você está em carne e osso, mas não está t-e-c-n-i-c-a-m-e-n-t-e nesta sessão!! - Como posso não estar tecnicamente aqui? Eu sou eu. Eu estou aqui. Seja em carne, seja em osso, seja espiritualmente, seja tecnicamente. - Você quer que eu chame a polícia judiciária para lhe tirar daqui à força? - Posso pelo menos pedir prazo para juntada de documentos? - Meu amigo, você aqui não pode pedir N – A –D – A!!! - Pelo amor de excelência, Deus. Digo, pelo amor de Deus, excelência, me deixe pelo menos assistir, então, quietinho aqui a audiência. O preposto pode conduzir o restante, não é mesmo!? - A propósito, qual o seu nome? - Péricles Lindoso Amado. ...pausa de uns dez segundos... - Você “é o quê” de Eduardo Lindoso Amado? - Filho! - Sou amigo de infância do seu pai. - Poxa...que sorte a minha. - Ele roubou minha namorada quando éramos adolescentes. - Poxa...que azar o meu. - Mas gosto muito do seu pai. - Ahã...imagino. - Ele me fez um grande favor quando eu estava na faculdade. Arranjou-me o meu primeiro estágio. Eu era assim, inexperiente que nem você. Qual o seu período? - Terceiro. - Tinha que ser. Nem Direito Processual do Trabalho I você pagou ainda. Sente ali e assista a audiência quietinho, meu filho. Mande um abraço para o seu pai. - Ah...vou mandar sim, excelência. Sinto muito pela sua namorada. Meu pai às vezes faz umas besteiras. - A namorada a que me referi, rapaz, casou com o seu pai e hoje é a sua mãe. E a única besteira, pelo que vejo, foi você ter nascido. - Excelência, acho melhor eu ir embora mesmo. Bateu a porta e saiu. Hoje Péricles é parecerista tributário e, traumatizado, nunca mais fez audiência na vida.

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Fatos e emoções

Os analistas que descrevem e interpretam os fenômenos históricos, sociais e econômicos se atêm geralmente aos fatos. Todavia, fatos não se constituem apenas em temas para análise, eles contêm emoções porque envolvem fenômenos coletivos, alguns trágicos, que se entranham na existência de cada pessoa. Guerras e revoluções e, mesmo transformações que não causam rupturas bruscas, trazem consigo um caudal de experiências humanas que eventualmente são registradas por observadores, sejam eles jornalistas ou literatos, entre outros, que têm um olhar diferenciado sobre a aventura da humanidade. Transições políticas e econômicas violentas também produzem grande impacto sobre as vidas das pessoas. As guerras civis e insurreições na África e no Oriente Médio são fatos que alimentam os temas dos analistas políticos, mas o drama humano dos milhares de refugiados é algo que parece fugir, na sua inteireza, ao nosso alcance. Isso se aplica ao desemprego. No caso da economia brasileira, a maior recessão já registrada na história, legado de anos de irresponsabilidade fiscal e monetária do Governo Dilma, causou enormes perdas para os brasileiros. A maior delas foi o desemprego, manifestada objetivamente pelo rompimento ou dificuldade de acessar o mercado de trabalho de onde as pessoas retiram, pela venda dos seus serviços, o sustento do dia a dia. O fato é que hoje 12,6% da força de trabalho brasileira, cerca de 13 milhões de pessoas, estão buscando emprego. Desses, alguns milhões perderam seus empregos, outros milhões se incorporaram à procura por trabalho para compensar a desocupação de familiares ou simplesmente porque chegou o momento, no ciclo da vida, de entrar no mercado. A história de vida de cada um deles é pontuada por aflições, ilusões, esperanças e decepções. Uma trajetória repleta de emoções que não são captadas pelos números nem iluminadas pela análise das causas da crise econômica. Temos agora o fato da minha despedida e a emoção de não lhe ter mais como meu leitor nesta revista onde pretendi ser formador de opinião. Durante os 11 anos em que escrevi mensalmente na Algomais, acompanhei de perto os fatos econômicos do Estado e do País, analisei os ciclos de subida e descida da economia, aplaudi iniciativas, critiquei omissões, apontei erros, avaliei propostas e falei também dos sonhos e das realizações dos brasileiros, em geral, e dos pernambucanos, em particular. Tratei também das emoções que nos atingiram quando o imponderável da vida e da morte atravessou-se na nossa frente e dos enormes desafios que ainda temos de enfrentar: a violência que agora volta a nos assustar, a desigualdade que continua sendo o maior estigma da nossa sociedade, a educação das nossas crianças e jovens que persiste em nos provocar e a assistência à saúde da população que apresenta tantas deficiências. Esses foram temas, associados de alguma forma à economia, que também abordei nessa coluna. Agradeço aos leitores, à direção da revista que me convidou em caráter pessoal para assumir a coluna de Economia e à Ceplan- Consultoria Econômica e Planejamento da qual tive que furtar algumas horas mensais de trabalho como sócio-diretor para escrever os artigos. Foi um privilégio compartilhar com vocês, leitores, fatos e emoções. Vamos nos encontrar em outro espaço. Até logo.

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A disrupção digital pode fechar 40% das empresas. A sua será uma delas?

A disrupção digital vem sendo muito comentada nos últimos tempos. Mas o que realmente significa e por que devemos observar com atenção esse debate que ganha cada vez mais força? Disrupção é o fenômeno que ocorre quando inovações transformam de modo contundente um determinado mercado ou até mesmo criam um novo mercado. Normalmente, tais inovações melhoraram a qualidade do produto ou serviço, permitem preços mais competitivos e aumentam a abrangência de atuação. A disrupção não é novidade. Sempre ocorreu ao longo da história. Inovações como a imprensa, motor a vapor, energia elétrica, penicilina, computador, entre outras, transformaram ou criaram novos mercados em suas épocas. A grande diferença para os tempos atuais está baseada em dois aspectos que não existiam no passado: o avanço muito rápido da tecnologia e a popularização da internet, que permitem um grande alcance de público a um baixo custo. E por que devemos prestar muita atenção na disrupção digital? Um estudo do IMD (International Institute of Management Development da Suíca) patrocinado pela Cisco – realizado com 953 executivos de primeiro escalão de 12 segmentos em 13 países, incluindo o Brasil – aponta que 40% das empresas, como conhecemos hoje, vão deixar de existir nos próximos 20 anos. Essas organizações não conseguirão ajustar ou criar novos modelos de negócios na velocidade necessária para acompanhar as transformações de mercado. No entanto, a maioria dos executivos entrevistados vê a digitalização como um fator positivo. Entre os pesquisados, 75% acreditam que a disrupção digital é uma forma de progresso. Apesar disso, apenas 25% das companhias entrevistadas estão tomando medidas proativas para lidar com esse cenário. E o mais assustador: quase um terço das empresas está adotando uma abordagem de “esperar para ver”, na esperança de seguir os concorrentes que tiveram sucesso. Um comportamento arriscado. Porque uma coisa é certa: se a sua empresa não fizer a própria disrupção digital, o concorrente vai fazer por você. Desenvolvidos Cerca de 75% dos executivos de empresas sediadas em países desenvolvidos afirmaram que a disrupção digital é uma preocupação discutida nos conselhos de administração. Isso mostra que mercados mais maduros, nos quais a disrupção já é realidade, o assunto está sendo tratado de maneira estruturada e com mais relevância. Um outro dado interessante do estudo do IMD mostra que 40% dos entrevistados acreditam que as principais mudanças nos modelos de negócios virão da própria indústria, ou seja a disrupção vai acontecer de dentro para fora. Apenas 24% acreditam que elas surgirão pelas mãos de startups. Emergentes Entre os executivos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), apenas 48% afirmaram que o tema disrupção digital é discutido em reuniões de conselho. Isso mostra que esses executivos sabem que as coisas vão mudar, mas ainda não sabem como reagir porque não estudaram o assunto com a devida importância. Já sobre de onde virão as mudanças nos modelos de negócio para reagir à disrupção digital, os executivos dos países emergentes pensam de maneira oposta aos seus colegas dos países desenvolvidos: 40% acreditam que as startups irão liderar esse processo, enquanto apenas 24% acreditam que as ideias virão de dentro do próprio negócio. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e colunista da Algomais

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Cinema Argentino na Netflix (por Wanderley Andrade)

Duas indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, uma estatueta na bagagem. Esse é o saldo em menos de sete anos do cinema argentino. Em 2010, o filme "O Segredo dos Seu Olhos" levou o prêmio. Em 2015, "Relatos Selvagens" foi indicado. E se voltarmos um pouco mais na história, veremos que nossos vizinhos levaram em 1985 outra estatueta. O ganhador da vez fora o longa "História Oficial". Alguns nomes do cinema argentino se destacam, como os diretores Juan José Campanella, Daniel Burman e Pablo Trapero e atores como Ricardo Darín e Norma Aleandro (indicada ao Oscar em 1985). E nossos hermanos continuam produzindo bons filmes. Se você ainda não assistiu a algum, uma boa opção seria recorrer aos serviços de streaming. Para facilitar sua busca, indico aqui duas produções que encontrei na Netflix. Agora é só pegar a pipoca! Elefante Branco (2012) Dirigido por Pablo Trapero, diretor argentino indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes por Leonera (2008) e ganhador do Leão de Ouro de melhor diretor no Festival de Veneza por O Clã (2014), Elefante Branco trata de assuntos bem comuns aos brasileiros, como o crescimento desordenado das favelas, o tráfico de drogas e o consequente aumento da violência. No filme, Elefante Branco é o nome de um prédio construído na década de 30, projetado para ser um dos maiores hospitais da América Latina. Após passar por problemas, como o golpe de 55 na Argentina, a obra fora abandonada, transformando-se em moradia para dezenas de famílias e abrigo para viciados. Nesse cenário está o padre Julián, interpretado por Ricardo Darín. Sua influência na comunidade não se resume às celebrações das missas e batizados. Com a ajuda da assistente social Luciana (Martina Gusmán) auxilia os moradores em questões ligadas à falta de moradia e problemas relacionados às drogas. Até que Julián descobre que sua saúde não vai bem e terá que procurar alguém para o substituir. É quando entra na história o padre francês Nicolás, interpretado pelo ator belga Jérémie Renier. Nicolás traz consigo o trauma de quase ter morrido num massacre durante um trabalho missionário no Amazonas e de ter perdido vários amigos. A ida à Argentina representará não apenas um recomeço, mas também oportunidade para apagar o remorso por não ter feito algo que evitasse essas mortes. Elefante Branco tem um bom roteiro, com protagonistas complexos, bem construídos. Destaco a boa atuação de Jérémie Renier, que consegue imprimir na tela todo o drama interior vivido por Nicolás. Seu personagem precisará enfrentar, além dos traumas do passado recente, o conflito entre o celibato e sua paixão por Luciana. Tese Sobre um Homicídio (2013) Mais um filme com Ricardo Darín. Desta vez um thriller. O ator interpreta o professor de Direito Criminal Roberto Bermudez. Sua rotina começa a mudar quando uma mulher é encontrada morta na faculdade em que leciona. As circunstâncias e detalhes relacionados ao homicídio levam Roberto a crer que o autor do crime seria um de seus melhores alunos, Gonzalo, vivido por Alberto Ammann. A trama é ancorada na busca (meio paranóica) de Roberto por provas de que Gonzalo é realmente o culpado. Para isso, aproxima-se de Laura, irmã da vítima, interpretada pela bela atriz Calu Rivero. O diretor Hernán Golfrid consegue conduzir a história muito bem, sustentando o suspense até os minutos finais, a ponto de levar o espectador a suspeitar de todos, inclusive do próprio Roberto. Difícil não falar da boa atuação de Ricardo Darín, que mostra no filme por que é considerado um dos principais atores do cinema argentino. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema (7wanderley@gmail.com)

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King Kong volta à tela grande (por Wanderley Andrade)

A onda de remakes e reboots não para em Hollywood, ainda que seja difícil prever se essas produções conseguirão levar multidões às salas de cinema. Basta olhar para um passado não muito distante: longas como O Vingador do Futuro (2012) e Ben-Hur (2016), releituras de filmes que foram sucesso de público e crítica, fracassaram nas bilheterias. No final de 2016, o site The Hollywood Reporter publicou uma matéria com as produções de menor público no ano. Ben-Hur encabeçou a lista, com um prejuízo de quase US$ 120 milhões. Este ano, mais remakes e reboots chegarão aos cinemas. O primeiro estreia nesta quinta: Kong: A Ilha da Caveira. Diferente dos filmes citados logo no início, o longa chega com potencial para conquistar grandes plateias. Trazer algo novo a um universo que já foi exaustivamente explorado, sem dúvida é um grande desafio. Para compor a equipe de roteiristas foi escalado Derek Connolly, responsável pelo sucesso de bilheteria Jurassic World (2015). O elenco é formado por grandes nomes como Tom Hiddleston, Brie Larson, John Goodman, John C. Reilly e Samuel L. Jackson. A direção praticamente “caiu no colo” de Jordan Vogt – Roberts, diretor dono de, até então, inexpressivo currículo. O filme tem como pano de fundo histórico o fim da Guerra do Vietnã. Lembra muito clássicos de guerra, como Apocalipse Now (1979) e Platoon (1986). Na história, um grupo de cientistas escoltado por militares seguirá para uma misteriosa ilha do Pacífico ainda não registrada nos mapas. John Goodman interpreta o cientista Bill Randa, responsável por convencer o senado americano a liberar a expedição. Ele convoca para a empreitada o ex-agente das forças especiais da Austrália, James Conrad (Tom Hiddleston), e a fotojornalista Mason Weaver, encarnada pela atriz ganhadora do Oscar Brie Larson. Para a surpresa de todos (ou quase todos) a ilha é habitada por estranhas criaturas gigantes, entre elas, o próprio Kong. A trama simples ganha força com as intensas e bem dirigidas cenas de ação. Cenas fortes como a do ataque de Kong a helicópteros militares, filmada do interior de uma das aeronaves bem no momento em que é esmagada pela fera. Os bons efeitos especiais produzidos pela Industrial Light & Magic (divisão da Lucasfilm que traz na bagagem filmes como Star Wars, Jurassic Park, Indiana Jones e Star Trek) aliados à competente edição de som dão ao espectador a sensação de imersão no filme. A trilha sonora também se destaca, com músicas de artistas como o David Bowie e da banda Black Sabbath. Apesar do cast ser composto por grandes nomes do cinema na atualidade, em Kong: A Ilha da Caveira, poucos conseguem se destacar tanto quanto o próprio Kong e as outras criaturas da ilha. Na verdade, a trama pouco exige dos atores, que trazem apenas atuações burocráticas, com exceção de Samuel L. Jackson, que está muito bem como o Tenente Coronel Packard, responsável por liderar os militares na expedição. Kong x Godzilla A Warner e a Legendary Pictures confirmaram recentemente o encontro entre Kong e Godzilla. O crossover está previsto para acontecer em 2020. Kong: A Ilha da Caveira traz uma cena pós-créditos que revelará um pouco do que virá no futuro. A cena terá ligação com o segundo filme de Godzilla, que chegará aos cinemas em 2019. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema

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Recife competitivo (por Francisco Cunha)

A convite de Sérgio Cavalcante, presidente do Cesar e da Amcham Recife (Câmara Americana de Comércio), e de Alessandra Andrade, gerente regional, assumi em 2017 a vice-presidência executiva do Comitê Estratégico de Business Affairs da regional com o objetivo de discutir o tema da Competitividade do Recife. A escolha do tema foi feita em sintonia com a Amcham Nacional que trabalha há dois anos a Competitividade Brasil e, especialmente, em decorrência da publicação do Índice de Cidades Empreendedoras 2016, pela Endeavor Brasil, apontando uma queda de 14 posições do Recife (de 4ª para 18ª) no ranking das 32 cidades brasileiras pesquisadas. A partir dessa constatação, convidamos em janeiro o prefeito Geraldo Julio para abrir os trabalhos da regional em 2017 e fizemos a primeira reunião do Comitê Estratégico em fevereiro com palestra do coordenador da Endeavor no Recife, Pedro Almeida, aprofundando as causas de uma tão grande queda da capital pernambucana de um ano para o outro. De acordo com a Endeavor, embora esse não tenha sido um objetivo da pesquisa, é possível avançar nas seguintes explicações: (1) a crise afetou muito a cidade (só de vagas de formação profissional foram fechadas 25 mil em 2016); (2) a burocracia aumentou (para abertura de uma empresa leva-se 151 dias no Recife); e (3) a qualidade de vida piorou (aumentou a insegurança e a cidade tem o 4º pior trânsito da pesquisa, só ficando atrás do São Paulo, Rio e Belo Horizonte, por exemplo). A deliberação da primeira reunião do Comitê em 2017 foi aceitar a proposta do prefeito de construir um plano de ação (sob a coordenação do secretário municipal de Empreendedorismo, Bruno Schwambach), em conjunto com a Câmara, para atacar os problemas apontados e melhorar a competitividade do Recife, melhorando, por conseguinte, os índices de empreendedorismo. A contribuição da Amcham Recife, por intermédio do seu Comitê de Business Affairs e dos demais comitês estratégicos, será trabalhar a melhoria do ambiente de negócios da cidade, em sintonia com seu slogan (“por um melhor ambiente de negócios”). A revista Algomais estará engajada neste esforço que é uma preocupação de todos aqueles que vivem e trabalham no Recife e lutam por uma cidade melhor e mais competitiva.

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5 dicas simples para você harmonizar cervejas (Por Rivaldo Neto)

O prazer de um cervejeiro ao apreciar uma cerveja ao seu gosto e estilo dá um prazer enorme. É um processo verdadeiramente saboroso e que proporciona experiências extremamente gratificantes. Quando unimos esse prazer de beber a algo que adoramos como uma boa comida, e conseguimos harmonizar os mais complexos gosto, tais “casamentos” causam sensações de dar água na boca. Não é difícil harmonizar cervejas , mas precisamos de um norte ou digamos, um ponto de partida para que um prazer corriqueiro se transforme em algo mais sublime. Vamos dar 5 “nortes” para você se guie e consiga alcançar prazeres que alguns estilos de cervejas podem proporcionar, se combinados com a comida certa. 1 – Cervejas Escuras (Porters, Stouts..) As cervejas Stouts, Dark Lagers ou Poters, que tem características mais “irlandesas”, pois contém em seus insumos de produção bastante malte torrado, típica da produção de cervejas no país, varia do café ao chocolate, podendo também ter aromas de baunilha. Procure juntas essas cervejas com croissants, uma boa carne (um filé alto e mal passado), bolo de frutas ou alguns fruto do mar como ostras, camarões e peixes. 2 – Cervejas Defumadas O gosto do defumo nas cervejas vem da torra do malte em forno de lenha, e dependendo da madeira dessa lenha temos a diferenciação do sabor. Podem ser cervejas Trapistas, pois elas contém esses insumos, ou alguma Bock ou Smoked Porter. Pratos como linguiças defumadas, queijos, pernis de porco ou um bom churrasco caseiro dão o tom dessa combinação despertando , reforçando e ousando em cima dessas qualidades, teremos assim satisfação garantida, pode apostar. 3 – Cervejas Lupuladas Aquele amargor típico das Ipas, Apas e suas variações abrem um leque de possibilidades deliciosas e interessantes. O aroma, carro chefe nas bebidas que carregam essas características, fazem com que sabores imponentes e fortes, causadas por generosas doses de lúpulo proporcione uma “explosão” de sensações. Tanto por aproximação com queijos faixa azul, queijos fortes holandeses, costelinhas de porco, ou contrastando com um sorvete de canela ou creme, para assim contrapor o amargor e o doce. Massas com molhos fortes como gorgonzola e pesto são excelentes também. 4 – Cervejas Frutadas O berço das cervejas frutadas fica entre a Bélgica e Holanda, com toques não só frutados, como também picantes e também uma leve acidez. São cervejas bem originais, com processos de produção bem característicos. Podemos até chegar a dizer que as cervejas frutadas são bons aperitivos, palavra mais usada quando nos referimos a bebidas destiladas. Por serem extremamente aromáticas e refrescantes, cabe muito bem com frutos do mar de uma forma geral ou linguiça condimenta com pimenta. As Lambics são ótimas para combinar com sushis e patês adocicados. 5 – Cervejas Maltadas O dulçor da bebida, por conta do malte é o ponto de partida para saborear pratos acompanhados com essas qualidades. Ao juntar o malte com um lúpulo bem aromatizado (como o lúpulo amarillo, com toques de caramelo ou toffee), torna este tipo de cervejas uma bebida muito agradável de apreciar. Os queijos maturados com cristais de sais, como os queijos holandeses são uma forma de potencializar os sabores dessas combinações. Grãos como castanhas 'in natura” ou torradas são excelentes. Pães secos com picles doces ou tomate seco são outra boa dica. Cervejeiro é por si só um explorador de marcas, rótulos, estilos e sabores. Juntar comidas para que essa experiência gastronômica se torne rica é melhor ainda. Vamos em frente com novas dicas na próxima coluna. *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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