Arquivos Colunistas - Página 287 De 319 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Náutico perto de voltar para casa

*Houldine Nascimento O Clube Náutico Capibaribe está perto de voltar a mandar seus jogos no Estádio Eládio de Barros Carvalho, no bairro dos Aflitos, de onde jamais deveria ter saído. A expectativa é de que tudo esteja pronto em abril, mês em que o Timbu completa 117 anos de existência. Um grande passo foi dado no último sábado (24) com o início do plantio do novo gramado. Há uma campanha de doação para garantir o retorno. A iniciativa, intitulada “Voltando pra Casa”, já arrecadou mais de R$ 230 mil. Os organizadores esperam chegar a pelo menos 2 milhões de reais. Além do gramado, a reforma prevê alambrado de vidro, novos bares e banheiros, sistema de iluminação moderno, vestiários e arquibancadas revitalizados. O Estádio dos Aflitos foi onde o clube viveu suas maiores glórias, com a massa alvirrubra empurrando o time para cima dos adversários. Assim ocorreu em conquistas estaduais e nas melhores campanhas do Náutico no Brasileirão. A torcida sempre a gritar no cangote dos rivais, que se sentiam intimidados. O campo foi palco de partidas memoráveis contra grandes equipes do futebol brasileiro. Num recorte recente, sediou jogos malucos, como o 4x4 contra o Paraná em 2007, a duelos em que o Alvirrubro passou o trator: massacres contra o Atlético Paranaense (5x0 em 2007), Palmeiras (3x0 em 2009), Botafogo (4x1 em 2007 e 3x0 em 2008) e São Paulo (3x0 em 2012). Claro, nem tudo são flores. Lá, o Náutico também vivenciou momentos difíceis, como a famigerada Batalha dos Aflitos, na Série B de 2005. No ano seguinte, o Timbu deu a volta por cima, retornando à Primeira Divisão nacional após 13 anos de ausência. Desde quando passou a fazer da Arena de Pernambuco sua casa, houve um declínio. Em 2013, ano da mudança, o Náutico amargou uma temporada muito ruim: foi eliminado ainda na primeira fase da Copa do Brasil e terminou a Série A na lanterna. No estádio construído para a Copa do Mundo de 2014, os adversários estiveram à vontade grande parte das vezes. Com capacidade para 46 mil torcedores, a Arena raramente passou dos dez mil em partidas sob o mando do Alvirrubro. Em 2016, o Náutico teve a grande chance de retornar à Série A, para isso precisava vencer o Oeste na última rodada, mas acabou perdendo por 2 a 0. A temporada de 2017 certamente está entre as piores, com a campanha desastrosa na Série B e a Arena de Pernambuco funcionando como um verdadeiro campo neutro, local de diversos reveses do Timbu. Com o estádio vazio, o pesadelo da Série C estava cada vez mais iminente. Foi o que aconteceu. Além dos fracassos esportivos, pesam os atritos com o Governo de Pernambuco na hora de utilizar o campo. Este ano, sob nova gestão, o Náutico vai caminhando com serenidade e boas perspectivas. Folha salarial compatível com o momento do clube e jogadores identificados com a causa. Na partida ante o Fluminense-BA pela segunda fase da Copa do Brasil, foi possível sentir o comprometimento dos atletas para reerguer o time da Rosa e Silva. A união também está selada fora das quatro linhas, com aparente trégua entre as diversas correntes políticas do clube. Tudo ruma para que 2018 seja o ano da virada Timbu. Amém! *Houldine Nascimento é jornalista

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Uma cerveja para pensar melhor (por Rivaldo Neto)

“Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor”. Essa célebre frase que está contida na música “A praeira”, do cantor e compositor pernambucano Chico Science, sugere muito claramente que a cerveja, como dizem os pernambucanos “clareia as ideias”. Mas será que essa afirmação que foi imortalizada na composição é verdade? Cerveja tomada moderadamente ajuda em nossa atividade cerebral. Uma pesquisa realizada em Helsinki, na Finlândia afirmou que beber cerveja protege o cérebro dos acúmulos de proteínas que desencadeiam os sintomas do Alzheimer. O estudo abrangeu 125 homens com idades entre 35 e 70 anos. E funcionam mais ou menos assim, os homens mais velhos tinham uma quantidade maior de beta-amilóides, isso é normal, pois a doença afeta geralmente a partir de 65 anos, tais placas envolvem neurônios que impedem a comunicação mútua que possuem. Com isso os neurônios presos ficam atrofiados com essa “barreira”, ocasionando assim distúrbios de comportamento, memória e personalidade. Mas o que realmente surpreendeu na pesquisa é que os homens que tinham por hábito beber cerveja continham uma concentração menor dessas tais placas e tal “feito” foi atribuído a cevada contida na bebida, isso porque vinhos e destilados não apresentavam essa redução. Essa relação ainda não ficou clara como funciona, mas sabem que é justamente pelo acúmulo dessas placas que o mal de desenvolve. E para fortalecer esse conceito afirma-se que para se ter uma boa ideia ou uma ideia inicial, em muitas situações, é bom estar relaxado. O álcool tem esse papel no relaxamento da mente, deixando o indivíduo menos preocupado, diminuindo a pressão do dia a dia. É aí onde entra a questão que os neurocientistas chamam de “Momento Eureka”. Ou seja, para produzir esses insights, o fator primordial é justamente esse tipo de momento happy hour. Então é daí que a frase no começo do texto faz todo o sentido. Um outro estudo referenda isso, dessa vez pela Universidade Austríaca de Graz, que afirmou que tais efeitos produzidos ajudam a limpar certos bloqueios mentais e geram assim um pensamento com mais criatividade. Foram usados 70 voluntários no estudo onde alguns bebiam cerveja com álcool e sem álcool, de forma que os mesmos não sabiam qual teor continha na bebida. Daí foram feitos testes com associação de palavras, os que estavam um pouco mais “altos” alcançou um resultado 40% superior as outras pessoas. Ao jornal inglês The Telegraph, Mathias Benedek, do Instituto de Psicologia e responsável pelo estudo acima, revelou que os efeitos com doses leves da álcool desbloqueiam os pensamentos e dão estímulos às ideias repentinas ou como chamei acima, os insights. Mas um alerta que a pesquisa afirma é que os efeitos benéficos provavelmente se restringem a quantidades muito modestas de álcool, enquanto o consumo excessivo geralmente prejudica a produtividade. Por isso, beba sempre com moderação. Sempre! *Rivaldo Neto é designer e apreciador de boas cervejas

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8 imagens dos fortes do Recife e de Olinda antigamente

Os recifenses passam diariamente pelos fortes do Brum e das Cinco Pontas. Os olindenses convivem com o Fortim do Queijo. Mas as cidades já tiveram outras fortificações, como o Forte do Buraco e o Forte da Barra. Confira abaixo as fotos que selecionamos dos bancos de imagem da Fundaj e do IBGE. Eles integravam o sistema de defesa do Estado de Pernambuco junto a outros fortes que ficavam mais distantes da capital, como os de Paulista e Itamaracá. 1. Forte das Cinco Pontas (Foto do IBGE) 2. Quartel do 40º Batalhão das Cinco Pontas, em 1900 (Acervo Josebias Bandeira) 3. Forte do Buraco, em Olinda. Também era conhecido como Forte da Madame Bryune. (Acervo Josebias Bandeira) 4. Forte do Buraco, em 1932. (Acervo Josebias Bandeira) 5. Forte do Brum, em 1914 6. Forte do Brum, 1939 (Acervo Benício Dias) 7. Forte da Barra, também conhecido por Forte do Picão, Castelo do Mar e Forte da Laje 8. Fortim do Queijo (Acervo da Fundaj)

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O Sport caminha para o abismo (por Houldine Nascimento)

A temporada do Sport mal começou e o clube já acumula fracassos esportivos. O mais recente veio na quinta-feira passada (15), quando o Leão recebeu o Ferroviário-CE, na Ilha do Retiro, em duelo válido pela segunda fase da Copa do Brasil. Quem viu a partida até os 30 minutos do segundo tempo supôs que a classificação do time pernambucano estava sacramentada. Àquela altura, o Sport vencia por 3 a 0. Mas o torcedor rubro-negro jamais imaginaria o que estaria por vir nos dez minutos seguintes. O time da casa sofreu um apagão sob os olhos da própria torcida e teve a capacidade de levar três gols muito rapidamente, cedendo o empate ao Ferrão – como é chamada a equipe cearense – e a vaga na terceira fase da competição nacional acabou decidida nos pênaltis. De forma heroica, o Ferroviário venceu a disputa nos penais por 4 a 3 e avançou. Méritos do Tubarão da Barra, mas a sensação que ficou foi de um fracasso retumbante do Sport. Um time da Série A nacional sucumbiu diante de um da Série D, a quarta divisão. Na histórica derrota, a torcida se voltou contra o presidente, Arnaldo Barros. Como medida, o mandatário decidiu destituir a diretoria. Um dos integrantes da cúpula leonina é o seu filho, Rodrigo Barros. A presença de um parente na condução dos destinos do Sport motivou o pedido de impeachment de um conselheiro do clube. O vexame é a cereja do bolo daquilo que se desenha desde 2016, quando Barros era o vice-presidente de futebol e o Sport por pouco não foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, nova luta contra a queda e, mais uma vez, o Leão escapou do descenso na última rodada. Com Arnaldo Barros no comando, o clube vem passando por vários apuros. Já em 2017, o Sport passou a atrasar salários, o que contribuiu para a queda de rendimento do elenco. Antes referência no Brasil por cumprir as obrigações, o Rubro-negro se tornou mais do mesmo e atletas têm recusado defender a equipe. O caso da vez foi o do quarto goleiro do Corinthians, Matheus Vidotto, de 24 anos, que rejeitou uma proposta de empréstimo do Sport. Pior do que isso é o fato de vários jogadores com contrato em vigor se rebelarem. O meia Diego Souza se foi e outros lutam para seguir o mesmo caminho. O volante Rithely e o atacante André estão desesperados para deixar Recife. Até o indisciplinado atacante Juninho se nega a vestir a camisa rubro-negra. Além disso, não conseguiu manter peças importantes, como o lateral Mena e o volante Patrick. Assim, o time passa por um desmanche. Prova clara de que as coisas vão muito mal na Praça da Bandeira. Essa trajetória desastrosa começou a ganhar corpo em julho de 2017, quando Arnaldo Barros construiu a saída do Sport da Copa do Nordeste. A medida, além de causar dano financeiro, prejudicou seriamente o time na esfera esportiva, já que agora só resta o Campeonato Pernambucano no primeiro semestre. A atitude à época foi no mínimo contraditória, uma vez que Barros sempre fez questão de desvalorizar o Estadual, dizendo que “o Sport não cabia mais em Pernambuco”. O Brasileirão ainda não teve início, mas devido às ações estapafúrdias de seu presidente, o Sport já é um sério candidato ao rebaixamento. Quem tem visto os jogos, sente as atuações sofríveis do time pernambucano. Ate o momento, não há uma equipe consistente formada. Para evitar a queda, será necessário realizar contratações em diversos setores: da defesa ao ataque. Não por acaso, a rejeição a Arnaldo Barros é grande. Estamos em fevereiro e a perspectiva não é nada boa para o Sport. --

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Lady Bird: amadurecimento é tema de filme indicado a cinco Oscars

Cativante. Não há melhor adjetivo que descreva Lady Bird, trabalho de estreia da diretora (e atriz) Greta Gerwig. O filme está entre os favoritos ao Oscar deste ano, com cinco indicações, entre elas, a de melhor filme. À primeira vista, o longa tinha tudo para ser mais um exemplar do conhecido catálogo da Sessão da Tarde, tratando de assuntos como primeiro amor, perda da virgindade, crise com os pais e até a clássica ida ao baile de formatura. Mas Greta, que também escreveu o roteiro, consegue extrair originalidade de algo que poderia desandar para o lugar-comum. Lady Bird trata, em sua essência, das relações de uma adolescente de personalidade forte em sua caminhada rumo ao amadurecimento. Tão cativante quanto a história é a protagonista interpretada pela excelente Saoirse Ronan, de O Grande Hotel Budapeste e Brooklin. Christine "Lady Bird" McPherson mora com os pais e o irmão em Sacramento, na Califórnia. Seu maior desejo é sair do lugar, sonho que pode ser concretizado com a ida para a faculdade em outra cidade. Enquanto isso não acontece, Christine segue seus estudos em um colégio católico, esbarrando suas convicções no conservadorismo da instituição, como na cena em que, durante uma palestra sobre aborto, questiona se, em determinadas situações, é realmente imoral escolher abortar.   A relação tempestuosa entre Christine e a mãe, Marion, é outro ponto forte da história. As duas personagens compartilham dores e frustrações característicos a um período marcado por escolhas que serão decisivas para o futuro da jovem (em qual faculdade estudar?) e outras não tão importantes (qual vestido comprar para ir ao baile?). Marion é interpretada por Laurie Metcalf, conhecida por viver na TV a mãe de Sheldon na série nerd The Big Bang Theory. Não espere grandes pontos de virada ou um inesquecível clímax em Lady Bird. Na história, tudo acontece devagar, de forma despretensiosa, o que não impede a evolução da trama e dos personagens. Greta Gerwig consegue unir em seu primeiro trabalho características comuns a própria vida, como simplicidade e até incerteza. Boa opção, sem dúvida, não apenas para uma Sessão da Tarde. Oscar - Indicações: Melhor filme, Melhor Direção (Greta Gerwig), Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf). Estreia: 15 de fevereiro

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Um jardim Botânico no coração de Olinda

Pouco conhecido pelos pernambucanos, o Horto d'El Rey, localizado no Centro Histórico de Olinda, foi o segundo jardim botânico do País. Criado em 1811 com o título de Real Viveiro de Plantas de Olinda, a área, que hoje é uma propriedade privada, guarda o potencial de se tornar um espaço de estudos e de visitação para realização de trilhas ecológicas. “Temos uma atenção especial nesse local por ser um sítio histórico. A prefeitura já tentou fazer uma ação efetiva no passado, mas há pendências jurídicas a serem resolvidas antes. Nosso interesse seria reabrir o horto para estudos, trilhas e escolas”, afirma o secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, Gilberto Sobral, sobre o antigo horto, que é registrado no cadastro de imóveis como Sítio do Manguinho. O secretário ressalta que o primeiro desafio é mantê-lo preservado. Sobral explica que a prefeitura já realiza um trabalho de monitoramento constante no entorno do terreno. O espaço abrange cerca de 14 hectares, limitando-se com o turístico Alto da Sé e os bairros do Carmo, Amaro Branco, Amparo e Bonsucesso. Para o arquiteto e urbanista Lúcio Calado, o espaço tem grandes possibilidades de uso público. “É um local estratégico que pode ser usado como um parque botânico, com trilhas. Por ser um terreno íngreme poderia até desenvolver um projeto de teleférico no horto”, sugere. O especialista ressaltou que no Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda – um documento que está em fase de tramitação na Câmara de Vereadores da cidade – pelo menos dois incisos já indicam as intenções da prefeitura para o parque. Quando trata sobre o Programa de Desenvolvimento Econômico e Urbano Sustentável, o plano sugere a “exploração do potencial do Horto d'El Rey para pesquisa científica e visitação”. A outra menção está no Programa de Preservação e Conservação do Ambiente Natural no Sítio Histórico de Olinda, quando o plano sugere a “recuperação e manutenção do Horto d'El Rey (árvores), permitindo o uso público com respeito ao meio ambiente e paisagem”. O horto foi alvo de uma pesquisa das engenheiras florestais Isabelle Maria Jacqueline Meunier e Horivani Conceição Gomes da Silva, que publicaram um artigo científico, há quase 10 anos, na Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que tratou justamente das potencialidades da cobertura vegetal nesse espaço. “Áreas planas próximas à entrada do Bonsucesso precisam ser objeto de restauração ambiental, qualificando-as para o lazer contemplativo e para a condução de práticas educativas, nas quais se priorizem as ações de inclusão social, saúde, educação ambiental e cidadania, voltadas principalmente às comunidades do entorno”, sugeria a pesquisa. Para a região mais próxima ao Alto da Sé, o estudo traz como proposta “valorizar as estratégias de informação sobre importância do local na introdução de espécies exóticas que hoje integram a paisagem, a cultura e a economia regionais”. As pesquisadoras recomendavam ainda que nas áreas mais primitivas, de difícil acesso, a visitação deve ser restrita a trilhas, onde poderiam ser instaladas passarelas estreitas, até locais onde seja possível observar aspectos importantes da paisagem olindense, como o Farol de Olinda. Gilberto Sobral informou que há um estudo em andamento, ainda em fase embrionária, sendo feito por uma equipe vinculada ao Porto Digital, que tem uma proposta de ação no Seminário de Olinda, que envolveria também o Horto d'El Rey. “Há interesse de investidores do Porto Digital de criar um braço de atividades educacionais abrangendo economia criativa e ecologia, em que o horto viraria um grande laboratório e espaço de estudos”. Sobral lembrou ainda que existe uma Sociedade dos Amigos do Horto d'El Rey, mas que atualmente está sem atividades. HISTÓRIA De acordo com o historiador Leonardo Dantas, desde o início da colonização brasileira, os jardins das ordens religiosas de Olinda eram utilizados para aclimatação de vegetais exóticos, que foram transplantados para o País, vindos de diversas partes do mundo. Em 1797 e 1798, o Conde de Linhares, dom Rodrigo de Souza Coutinho, recomendou o estabelecimento de um Jardim Botânico em Olinda para o cultivo de novas plantas exóticas. Esse projeto só iria se tornar real quase 15 anos depois, sendo construído no antigo Jardim dos Padres da Companhia de Jesus. Inicialmente foram transplantados vegetais vindos da Guiana Francesa. Ao longo do tempo foram plantadas no horto variedades como fruta-pão, caramboleira, sapotizeiro, pinheira, entre tantas outras. “O Jardim Botânico de Olinda teve importante papel na divulgação desses vegetais e de outros que nele foram sendo introduzidos desde sua fundação”, assinalou Leonardo Dantas em artigo publicado na Algomais. No jardim chegou a funcionar um curso de botânica e de agricultura no longínquo ano de 1829. O espaço foi fechado em 1845, sendo alugado e posteriormente vendido para à família Manguinho. *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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GOIANA II: Igreja do Rosário dos Homens Pretos & Pardos

As irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos têm sua origem no século 16, quando os jesuítas de Olinda fundaram as primeiras associações religiosas destinadas à doutrinação dos africanos recém-chegados da Guiné. Tal iniciativa foi referendada pelo papa Gregório XIII que, na segunda metade daquele século, estimulou a criação de tais confrarias para “doutrinar os escravos recém-chegados nos costumes e dogmas da religião católica”. Tais irmandades, com o tempo, se transformaram em sociedades de ajuda mútua, promovendo funções para atender ao cativo por ocasião de doenças e de sua morte, como também promovendo as festas dos seus padroeiros – Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, dentre outros –, bem como festividades outras de caráter profano, como as coroações dos Reis Negros, documentadamente conhecidas desde o ano de 1666. Outro aspecto que também marcou essas irmandades foi o da luta pela emancipação do negro escravo, pois, no mais das vezes, delas provinham o empréstimo necessário para aqueles irmãos que desejavam comprar a sua alforria. A irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Goiana tem sua origem no final do século 17, segundo se depreende de carta do vigário daquela paróquia, datada de 10 de setembro de 1802, constante do arquivo do Convento de Santo Alberto, na qual faz menção a existência dessa igreja em 1692. A sua igreja, construída no século 18, teve sua fachada e campanário refeito, segundo desenho em estilo rococó, quando da reforma de 1835. Possui uma única torre erguida do lado do evangelho, com janelas na sineira, esta coroada por bulbo de nervuras, ostentando pináculos diferentes dos existentes no frontispício. No seu frontispício, um óculo destinado à iluminação do interior do templo completa o conjunto no qual se encontram três portas e três janelas no coro. Além do altar barroco de São Benedito com dois nichos, há cinco retábulos de madeira em rococó tardio. Dois corredores dão acesso às suas duas sacristias, numa das quais encontra-se esculpida em pedra calcária uma fonte representando dois delfins.

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Acabou a cerveja? Gele mais usando ciência!

A largada para a folia de Momo foi dada. O carnaval começou e agora é cair na folia e tomar aquela cerveja pra matar o calor. Com toda essa sede, com todo esse frevo e uma “lua” escaldante logo será necessário botarmos mais cerveja pra gelar, o pique não pode parar, são “só” quatro dias não é? Então como podemos fazer com que a cerveja fique gelada rapidamente para não deixar os ânimos esfriarem? O que vamos precisar? Vamos fazer uma conta menor, podendo aumentar com o tamanho do seu grupo e porque não dizer da sua sede. Então separe: 1 kg de sal Dois sacos de gelo 1 litro de Álcool E prepare assim. O ideal é fazer com uma caixa de isopor larga e com um tamanho que possa comportar um bom número de latinhas ou long necks. Acomode a bebida de uma forma em que fique um pequeno espaço para que a mistura possa entrar em contato com a superfície da embalagem.   Isso é um pouco de ciência, é só disso que você precisar para fazer a mágica acontecer. O sal se dissolve facilmente na água reduzindo o seu ponto de congelamento. A água pura congela em cerca de 0ºC, já quando inserimos sal essa temperatura muda para menos, podendo alcançar algumas dezenas abaixo de zero. Ao incluir o gelo, este quando entra em contato com o sal o mesmo derrete-se. Na realidade o que ocorre é que essa parte que derreteu “rouba” o calor durante a troca do estado físico esfriando toda a mistura, o sal provoca também uma reacão “endotérmica”. O papel do álcool é semelhante e diminui ainda mais a temperatura. Como o sal dissolve e tem um papel de acelerador, ele perde o efeito mais rápido, mas isso não ocorre com o álcool. É importante prestar atenção em dois pontos. Se a bebida for em garrafas long necks a tendência é que leve um pouquinho mais de tempo para gelar, mas se forem latinhas que em sua maioria são feita de uma liga metálica de alumínio, esse processo é muito rápido correndo o risco até do congelamento da bebida. Então essa receita é simples e prática e vai deixar a sua cerveja do carnaval, no ponto certo muito mais rápido. Diferente da bebida, essa receita pode usar sem moderação. Boa folia! *Rivaldo Neto é designer e apreciador de boas cervejas (neto@algomais.com)

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A velocidade é o problema

Embora não seja especialista em trânsito, nos mais de 20 anos de consultoria em estratégia e gestão prestados a empresas de transporte de passageiros e ao sindicato do setor, terminei aprendendo por osmose. Além disso, depois que há mais de 10 anos me tornei caminhante e militante da causa da mobilidade a pé na cidade, passei a estudar o assunto e a cotejá-lo com a realidade. E quando fui convidado para falar regularmente sobre mobilidade na CBN Recife, passei a confrontar esse conhecimento com a situação de outras cidades do Brasil e do mundo. Depois de tudo isso, a conclusão a que cheguei foi a seguinte: a velocidade é a principal causa de mortes no trânsito, sendo o seu limite e controle a forma mais fácil e rápida de reduzir drasticamente o número de mortos e feridos nas ruas. Para ilustrar, três exemplos recentes do final de janeiro publicados nos jornais: em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Recife. Em São Paulo: idoso atropelado e morto na faixa de pedestre. Causa primária apontada: o atropelador estaria praticando pega/racha. No Rio de Janeiro: carro sobe o calçadão de Copacabana atropela 18 e mata criança de oito meses. Causa primária apontada: o motorista, epilético, alegou crise ao volante. No Recife: caminhão sobe a calçada na Av. Rosa e Silva e esmigalha um poste de iluminação (eu vi o resultado depois porque na hora, felizmente, estava bem longe do local!). Causa primária apontada: o condutor estaria alcoolizado. Três causas primárias diferentes e uma secundária comum que provocou as tragédias e os danos materiais: a velocidade acima do permitido e/ou modernamente aceitável. Uma prova pelo absurdo: se nos três casos as velocidades fossem, por exemplo, de 40 km/h os danos seriam infinitamente menores e talvez não tivessem havido mortes. A própria Organização Mundial de Saúde recomenda velocidade urbana máxima de 50 km/h. Sei muito bem pelas reações que enfrento quando falo no assunto que a causa talvez seja a mais difícil que já defendi publicamente mas não posso me eximir depois que entendi a natureza do problema: é preciso reduzir as velocidades máximas permitidas e praticadas nas cidades brasileiras para reduzir o número de mortos e feridos no trânsito do País (cerca de 50 mil mortos, mais de 12 mil pedestres, uma tragédia monumental!). Infelizmente, enquanto isso não for feito, as tragédias continuarão.

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O filho perfeito

É menino! É menino! O pavor de todo cronista é a falta de assunto. Já estava desesperado. Minha mulher engravidou e, então, pá! Salvou-me! Já tenho do que falar. E não é qualquer assunto não. Quer novidade maior que esta? Terceiro filho, “pouxa”! Lembrei de quando recebi a notícia do primeiro. Fiz todas aquelas fantasias. Idealizei o filho perfeito como faz todo pai de primeira viagem. E já imaginei todos aqueles elogios. É conversador, traquino, comedor, astuto, inteligente, esperto, culto, expansivo, empreendedor. “Vai trabalhar contigo no escritório ou será doutor igual ao avô?” “Piloto ou esportista?” “Prendam suas cabritas que meu bode está solto”. Logo aos 2 anos, foi diagnosticado no espectro do autismo. Não ouço os elogios que sonhei. Não é conversador. Por enquanto, não se comunica de forma totalmente apropriada para crianças da sua idade. Não se enquadra no modelo de astuto, inteligente e esperto, não obstante suas tiradas estejam me surpreendendo cada vez mais. Provavelmente não será, pelo seu perfil, comedor ou empreendedor. Não acredito que venha a ser esportista, piloto de avião, conquanto eu tenha fé de que algum ofício, no futuro, terá. Tive meu primeiro luto ao receber o diagnóstico. A relação que eu tinha com o autismo vinha do filme Rain Man, com Dustin Hoffman e Tom Cruise. E só! Nada mais! Não sabia nada sobre o assunto. Quando passei a ler e pesquisar a respeito, tive o segundo luto. A certeza de que o autismo não teria cura. Então morreu em mim, naquela época, a ideia que fazia do filho perfeito. Foi quando parei de lamentar e de tentar nadar no mar de incertezas. Mergulhei no convívio com o filho que Deus mandou. E descobri, no seu universo particular, uma beleza tão gigantesca que jamais poderia imaginar. É um doce de menino. Jamais será capaz de mentir ou falar mal de alguém. Nunca será falso. Não fará rodeios para dizer verdades. Autistas são extremamente sinceros. Meu filho é amável, meigo, doce. Deita em nossa cama todas as noites. Gosta de estar em casa, dando e recebendo carinho. Ama a irmã pentelha, melhor terapeuta. É capaz de entrar nos nossos celulares ou no seu Ipad, escolher o vídeo ou jogo que quer (viva Steve Jobs!), se vira sozinho. Toma seu próprio banho, é vaidoso, adora pentear os cabelos, tem personal trainner, gosta de ir ao cinema. Come charque com “bolachinha”. É vidrado em churrasco, barco, praia e piscina. Está no colégio. É o xodó dos amigos. Seu vocabulário só aumenta, a cada dia. Sua agenda é mais lotada que a minha, com tantas e tantas terapias. Impossível não o amar. Para mim, um exemplo de superação. Mas a maior virtude desse pirralho foi a transformação que ele causou na vida dos que estão à sua volta. Se nossa família parece cultivar valores como aceitação, paciência, empatia, simplicidade, persistência, determinação e perdão, posso dizer que é graças ao nosso menino. Posso afirmar que meu filho transformou nossas vidas. Há, no meio disso tudo, a importância da atuação do tempo que operou o ciclo do amadurecimento, nos fazendo enxergar que Deus mandou o filho perfeito.

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