Arquivos Colunistas - Página 287 De 298 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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O abandono da Maciel Pinheiro

Não é possível que o prefeito desta cidade do Recife, Geraldo Julio, depois de reeleito com expressiva maioria de votos no último pleito municipal, continue de olhos vendados para o abandono da Praça Maciel Pinheiro no bairro da Boa Vista. De alguns anos para cá, na Praça Maciel Pinheiro, reina o completo abandono e o descaso, não havendo quem se atreva a sentar em seus bancos nas manhãs ou mesmos nos fins de tarde e, muito menos, nas noites amenas do bairro da Boa Vista. Antes belo e bucólico, esse recanto daquele bairro foi transformado em “teto” dos moradores de rua, que lá espalharam os seus andrajos e entulhos, misturados aos viciados no crack e outras drogas, o que torna impossível a frequência de quem quer que seja. Em meio a tal abandono, a secular fonte encontra-se relegada ao descaso, fissurada pelos pregos que vez em quando nela são introduzidos, num verdadeiro atentado a esta cidade que se diz civilizada. Com seus 7,85 metros de altura, a velha fonte portuguesa, esculpida em Lisboa pelo renomado artista Antônio Moreira Ratto (1818-1903), que tem sua assinatura em vários monumentos que ornam praças e passeios de Lisboa, de Évora e do Rio de Janeiro, resiste à incúria do tempo e a agressividade dos homens. Trata-se do mais belo monumento do Recife, erguido em comemoração ao término da Guerra do Paraguai (1864-1870), ali instalado por subvenção popular, em 31 de março de l875, assim descrito pelo Diario de Pernambuco, em sua edição de 1º de abril: O chafariz mede da base, que é em forma de cruz e assentada em granito, até o cimo do emblema representando a América – uma cabocla selvagem – que o coroa, 7,85 m; à base sobrepõem-se quatro leões curvados sobre as patas, olhando aos quatro pontos cardeais e sustentando com suas cabeças uma grande bacia de 3,18 m de diâmetro. Sobre esta bacia quatro ninfas em pé, simetricamente dispostas em atitude de se banharem, recebem a água que desborda da segunda bacia que lhes sobre fica e que é menor do que a primeira, pois só tem 2,11 m de diâmetro. Cada uma das ninfas conta de altura com 1,60 m. A terceira e última bacia mede 1,80 m de diâmetro. No singular bairro da Boa Vista, a partir do ano da Revolução Russa de 1917, vieram fixar residência centenas de famílias de judeus askenazins emigrados da Bessarábia (Moldávia), Polônia, Ucrânia, Iugoslávia e de outras regiões do Leste Europeu. Tipos ruivos que logo ocuparam seculares casas e sobrados existentes nas ruas Velha, da Glória, de Santa Cruz, Leão Coroado, da Alegria, Visconde de Goiana, Marques Amorim, Barão de São Borja, do Jasmim, do Aragão, dos Prazeres, Visconde de Suassuna, dentre outras. Nos finais de tarde homens dessa comunidade faziam da bucólica Praça Maciel Pinheiro o seu centro de convívio, onde em animadas conversas, ou acaloradas discussões, se comunicavam, na língua anasalada do dialeto ídiche, tratando de temas da vida diária ou de recordações de suas terras de origem. Descendente desta comunidade a futura escritora Clarice Lispector (Chechelnyk - Rússia, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977), viveu sua infância, na casa de esquina com a Rua do Veras; uma escultura em cimento da escritora lá se encontra em obra recente do artista Demétrio Albuquerque (2006). O bucolismo da praça é assinalado pelo poeta Eugênio Coimbra Júnior (1905-1972) em um dos seus mais belos sonetos, cujos versos iniciais lá se encontram transcritos no painel em cerâmica no meio de um de seus canteiros: Cidade velha: em meio à praça, a fonte/Todo o jardim cercado de gradis./Maciel Pinheiro, queres que te conte?/Nem mesmo criança fui jamais feliz. Senhor Prefeito! Vamos recuperar esta joia que o passado do legou!

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Estados fracassados?

À grave situação fiscal que afeta a União some-se agora a crise financeira que atinge o conjunto dos Estados brasileiros, embora haja substanciais diferenças quanto ao grau de dificuldade e de desempenho da gestão fiscal entre as unidades federadas. A crise financeira dos Estados brasileiros que assume colorações fortemente dramáticas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, mas não em Pernambuco, é estrutural em sua essência. A recessão econômica só fez agravar e revelar com ênfase uma situação que vinha se deteriorando gradativamente ao longo do período 2007-2015. A perda de arrecadação própria e de transferências da União comprometeu as receitas dos Estados. Todavia, esta não foi a causa da crise. Apenas piorou o que já era ruim. O principal vilão da crise é o crescimento dos gastos com pessoal, especialmente com os inativos. As despesas com servidores públicos no conjunto dos Estados aumentaram 43% acima da inflação entre 2009 e 2015. E o déficit com inativos elevou-se 64% durante o mesmo período aumentando de R$ 47 para R$ 77 bilhões. Não houve aumento significativo no número de servidores públicos ativos para o conjunto do País. A elevação dos gastos com pessoal deveu-se mais ao aumento de inativos e do salário médio. Em 2015, oito Estados tiveram os limites globais de comprometimento da Receita Corrente Líquida com pessoal bem acima do teto de 60% estabelecida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, destacando-se Minas Gerais (78%) e o Rio Grande do Sul (71%). Pernambuco comprometeu apenas 53% porque fez bem o dever de casa. Esse estouro ocorreu apesar da definição do que está contido ou não nos limites ter sido, em anos recentes, flexibilizada pelo Senado Federal e pela vista grossa dos Tribunais de Contas dos Estados. Houve também um aumento do endividamento financeiro dos Estados com bancos públicos e agências multilaterais, especialmente entre 2007 e 2014. Esses recursos foram captados para investimento, mas, de fato, substituíram receita própria que teria essa finalidade e que foi deslocada para aumentos de pessoal e custeio da máquina pública. Parte do investimento foi financiado por empréstimos e não por recursos próprios. A terceira causa da crise dos Estados repousa na substantiva renúncia fiscal incorrida para atrair ou manter empresas nos seus territórios, conhecida como guerra fiscal. Os benefícios fiscais incidem em sua maioria sobre o ICMS, o principal imposto de titularidade dos Estados. Há inúmeros benefícios que se caracterizam por isenções, redução da base de cálculo e créditos que drenam recursos dos cofres estaduais. Alguns desses benefícios foram concedidos à margem do Conselho de Política Fazendária (Confaz) que exige unanimidade dos Estados para serem aprovados. No caso do Rio de Janeiro, de longe o Estado com a situação fiscal mais crítica, houve o uso de rendas do petróleo (royalties), um recurso volátil e finito, para financiar despesas permanentes como o pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores públicos. É um princípio saudável da política fiscal que gastos recorrentes não devam ser financiados por receitas extraordinárias ou incertas no seu valor e duração. Isso, no entanto, foi o que ocorreu no Rio de Janeiro onde as despesas com pessoal cresceram durante o período 2009-2015, sem descontar a inflação, 146,6%. Retirado o efeito da inflação (45,4%), o crescimento real da folha de pagamento dos servidores públicos, ativos e inativos, do Rio de Janeiro cresceu 101,2%, o que significa que os gastos com pessoal dobraram em termos reais em seis anos. Esse crescimento mostrou-se insustentável, revelando uma gestão fiscal temerária. Quais são as saídas? Reformar a previdência pública dos Estados; criar uma limitação constitucional para o crescimento dos gastos primários, ou seja, limitar o crescimento real do gasto público primário estadual com mecanismo, se não igual, semelhante à contida na PEC dos gastos do Governo Federal; acabar com o princípio do destino na cobrança interestadual do ICMS extinguindo a guerra fiscal; e, fortalecer e ampliar a Lei de Responsabilidade Fiscal para evitar alguns abusos como o uso de royalties para financiar despesas permanentes. As medidas são duras, mas é melhor encarar esses desafios do que ter de conviver com Estados fracassados onde há uma dissociação entre realidade jurídica e empírica, onde as estruturas de governança não funcionam e onde as instituições e as principais funções do Estado colapsam.

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Nos Passos de Fiszel Czeresnia (Por Paulo Caldas)

São incontáveis os livros que enfocam a trajetória do autor. Textos memorialistas familiares, autorreferentes, espécies de odisseia de uma vida bem sucedida, seja no universo dos negócios ou a narrativa de currículos vitoriosos de um magistrado ou profissionais outros, Narcisos sem espelho, que tecem arrazoados cabotinos publicados quase sempre com títulos de parca imaginação. Existe até quem prefira relatos turísticos com abordagens superficiais vistos pelos olhos da vaidade Todavia, quem tiver nas mãos “Nos passos de Fiszel Czeresnia”, vai encontrar um texto légua e meia distante desses exemplos citados. O livro, de autoria do pernambucano radicado no mundo Fernando Dourado Filho, não obstante conter narrativas de fatos vivenciados pelo autor, mostra pelo seu olhar arguto, como define a orelha assinada pelo cientista político Luiz Felipe D'Ávila, as experiências de um garoto que cumpriu temporadas de estudos na Europa e que, aos 20 anos, já visitara trinta países e falava cinco idiomas. As crônicas, narrados na perspectiva da primeira pessoa, técnica que seduz o leitor para o interior das cenas, acompanharam o amadurecimento do escritor e seu caminhar profissional por alguns dos 160 países visitados, aferindo usos, costumes, gostos e preferências, muitas dessas análises descritas em centenas de artigos sobre o tema. Fernando Dourado escreveu o que realmente vivenciou, passo a passo, até pisar nas pegadas do amigo-herói Fiszel Czeresnia, a partir de Stopnica na sofrida Polônia. Enumerar aqui os países, paisagens, fatos significativos, seria tirar do leitor o gosto de caminhar com o autor página por página, compartilhando particularidades de Angola ao Peru, do Paquistão ao Quénia, de Paris a Garanhuns, o berço, onde aceitou cumprir a saga das Letras. Do ponto de vista da estética, o livro mostra invejável riqueza vocabular, destreza no manejo das metáforas, alegorias e cuidados com as minúcias na descrição dos personagens, detalhes que passariam ao largo não fosse Fernando Dourado Filho possuidor de vastos recursos narrativos, sabedor que a literatura esconde as nuances para que o leitor sutilmente as descubra. O roteiro da obra faz das cenas espécie de estações de uma ferrovia imaginária, de paradas agradáveis, de peculiaridades exibidas naturalmente, trazendo de forma subliminar seus caracteres antroplógicos, sociológicos, de psicologia social e políticos. Cabe uma singela critica ao uso de palavras em idiomas menos conhecidos, o que aqui e ali impele prospectar dicionários. Outro pequenino reparo recai no emprego continuado de pronomes em pequenos trechos da narrativa, algo que por certo não tira o brilhantismo de uma obra bem feita, de conteúdo maduro e técnica requintada.

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Tá calor? 5 cervejas pra matar a sede (por Rivaldo Neto)

Com esse forte calor que hoje está fazendo nada melhor que uma boa cerveja para que possamos matar a sede e bater um papo em uma roda de amigos. Temos por costumes tomarmos cerveja quase sempre estupidamente gelada. Com cervejas artesanais e bebidas que contém insumos de melhor qualidade, essa necessidade do “estupidamente” não é tão necessária assim. Como sabemos, uma bebida muito gelada impede de sentirmos alguns sabores que esses rótulos proporcionam. Lógico que vez por outra cai muito bem, mas se existem possibilidades mais interessantes de fazer com que seu happy-hour, praia, churrasco ou confraternização no final de ano seja regado a novas experiências. Quais tipos de cervejas podemos implementar nessa época do ano, cheia de comemorações e sol a pino? Existem alguns rótulos artesanais que podem proporcionar o mesmo frescor de uma ‘loira gelada’ só que com muito mais sabor e complexidade. Neles, a sensação de frescor vem dos aromas cítricos, baixo corpo e teor alcoólico, uma acidez mais elevada e, no caso das cervejas secas, ausência de doçura. Estilos como witbier, bohemian e german pilsener, as weiss e lambics frutadas, sessions são boas apostas. Vamos listar 5 cervejas para essa época. Uma cerveja que é uma autêntica German Pilsner é a tradicional Bitburguer. Corpo leve e com 4,8%Vol. A bebida segue rigorosamente a lei de pureza alemã onde são insumos principais água, lúpulo, malte e levedura. Ela é frutada e com um certo aroma de biscoito. Amargor leve e ideal para se comer com um bom joelho e porco ou alguma linguiça mais apimentada. Me surpreendi com a Júpiter Tânger, da cervejaria Paulistana. Tem um estilo belga, frutada, com aroma de tangerina e cominho. Cerveja extremamente interessante, uma witbeer bem leve, contendo 4,0%Vol, com uma espuma consistente e liquido na cor amarelo palha e um pouco turva. Realmente um bela cerveja! Em homenagem ao eterno Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum, Sandro gomes, filho do comediante e sócio da cervejaria Ampolis, produziu a Biritis. Uma Vienna Lager muito refrescante e ideal para dias quentes. Tem a cor viva a alaranjada, um malte delicioso, com aromas e maltes muito bem “equilibradis” e com 4,8%Vol. A cervejaria Wals produz a melhor Pilsen do mercado brasileiro. Com 5,0%Vol, bem ao estilo Bohemian Pilsener, com um gosto acentuado de malte e uma boa dose do lúpulo Saaz. Resultou em uma cerveja com muito equilíbrio fazendo jus a tradição desta cervejaria que vem ganhando cada vez mais destaque e arrebatando prêmios com toda justiça. E pra finalizar uma cerveja Sour Ale muito interessante. Não se assustem com o nome, a Way Sour Me Not Acerola é muito leve, refrescante com 3,5%Vol, leve amargor e um frutado de acerola em destaque, bem cítrica e modernamente ácida. Se o chegou o verão beba com mais qualidade sempre que possível, seu paladar agradece com toda certeza! *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Experimente uma cerveja híbrida!

No meio dos variados estilos de cervejas onde estão as Lagers e as Ale, cervejas de baixa a alta fermentação respectivamente, existe um estilo híbrido, onde seus ingredientes e processos de produção divergem dos estilos mais tradicionais. São as cervejas que chamamos de Light Hybrid Beer, e se dividem em 4 estilos: Cream Ale, Blonde Ale, Kölsch e American Wheat / Rye Beer. A Cream Ale por exemplo é uma cerveja que nasceu nos EUA e do encontro do estilo American Pale Ale com a soma de adjuntos de cereais não maltados (milho ou arroz), além de leveduras de cervejas da grande família Lager. As Cream Ale têm, predominantemente, aquele delicioso aspecto claro e límpido, e um corpo muito leve. No geral é uma cerveja que possui um equilíbrio é verdade, mas com sabor no qual o lúpulo e o malte não são predominantes. Um exemplo é a Wexford Irish Cream Ale que contém a mesma cápsula de nitrogênio dentro da lata, com a Guiness. Cor marrom clara e 5,0%vol e possui um sabor suave de frutas com um toque sutil de lúpulo. É levemente caramelizada e com uma bela espuma consistente. Já as Blode Ale são naturais da Bélgica, e foram criadas a partir das cervejas de Abadia que são mais robustas, intensas com toques fortes dos insumos presentes na sua produção. Dessa variação criou-se este estilo, pois trata-se de uma cerveja mais clara e menos amargas. Há uma grande harmonia entre seu teor alcoólico, sua presença de lúpulo e de malte. Elas têm a cor variando do amarelo palha ao dourado, com espuma branca, densa e duradoura. A Leffe define bem esse estilo é seca e bem frutada. Bastante encorpada e cremosa, com um aroma bem sutil e um pouco doce no final, tem uma cor amarelo ouro e 7,0%Vol. Uma curiosidade é que ela foi criada em 1240 por clérigos da abadia de Leffe, a marca teve sua produção interrompida após a Revolução Francesa, até que, na década de 1950, Abbot Nys e Albert Lootvoet reativaram a receita original. A cultura alemã em relação as suas cervejas é de puro orgulho, nota-se isso claramente quando as cervejas produzidas numa referida cidade ou região dá nome a um determinado estilo. Esse é o caso da Kölsch Bier, produzida em Colônia, na Alemanha. O estilo Kölsch segue uma tradição que remonta ao século 14 e tem como principais características a coloração clara, alta carbonata ção, leveza e refrescância. A cerveja Früh Kölsch , com 4,8%Vol, tem cor dourada clara com uma espuma fina de curta duração. Aroma leve e límpido com notas adocicadas de malte tipo pão, bom lúpulo floral com um amargor médio. Carbonatação na medida certa. Uma clássica cerveja bem ao estilo. E pra finalizar temos o estilo American Wheat. Cervejas de trigo geralmente são associadas aos principais estilos como o Weizenbier ou Hefeweizen (Weiss), ambas de origem alemã, e as Witbier, produzidas na Bélgica e na Holanda. A Weizen são mais intensas com sabores de cravo e aWitbers são mais cítricas e mais leves também. Aí onde entra as Americans Wheat, estilo que surgiu nos EUA em meados da década de 1980. Digamos que é uma cerveja de trigo “reduzida”, pois não tem as fortes características das alemãs. São mais leves, claras e refrescantes e com pouca espuma. A diferença entre os dois estilos também está na origem e na quantidade de maltes e lúpulos. Enquanto as Weizen alemãs quase não levam lúpulo, as Wheat são mais amargas e utilizam maltes e lúpulos americanos em suas receitas, o que pode trazer um sabor mais cítrico e de especiarias. A excelente cervejaria americana Anchor produz uma ótima American Wheat. A Anchor Summer Ale é clara e leve. Uma autêntica cerveja de trigo ao estilo americano: filtrada para ficar mais leve e refrescante. Ela é de amargor médio, com 4,5%Vol, dourada e um boa dose de lúpulos herbais. Excelente cerveja! Então se quiser sair do comum e variar em tipos mais soltos sem regras e que flutuam entre os estilos, as Light Hybrid Beer é a sua melhor opção. *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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As cervejas Tchecas, tradição secular (Por Rivaldo Neto)

O país do Leste Europeu é o maior consumidor de cerveja por habitante no mundo. Com uma média de cerca de 143 litros de cervejas por ano. No Brasil, o consumo da bebida por habitante é de 62 litros, os Tchecos mais que o dobro. Com essa tradição e esse enorme consumo per capita, a República Tcheca é um dos países mais importantes na fabricação da bebida, sempre inovando com excelentes receitas tradicionais. Mas vamos dar uma rápida passada em algumas de suas tradições para entendermos essa paixão pela bebida. A República Tcheca, em 1265 fazia parte da região da Boêmia, do então Rei Otakar II, sendo assim, a cidade de Ceske Budejovice recebeu o direito de ter e produzir a sua própria cerveja. Em 1895 foi formalizada como produtora de cerveja oficial a Budejovice Pivovar, que hoje fabrica a conhecida Pilsen Czechvar (ver abaixo), uma das mais tradicionais Pilsens do mundo. Os cervejeiros da cidade de Pilsen, na Boêmia, em meados de 1840, produziam em sua maioria cervejas de alta fermentação, as chamadas ALE, com cores mais escuras e teor alcoólico mais robusto. Então os produtores locais se reuniram para criar uma um outro tipo de cerveja e que essencialmente permitisse utilizar insumos da região, e com isso permitindo a elaboração de sabores e aromas diferentes. O “start” foi dado quando em 1842 foi lançada a primeira receita da Pilsner Urquell (ver abaixo), bebida essa que se caracterizou como leve e refrescante e totalmente diferente do que era encontrado no país na época. Foi um sucesso entre os produtores e pela população. Depois dessa rápida introdução, vamos conhecer alguns dos rótulos que os cervejeiros de plantão não podem deixar de conferir. Vamos começar pela Cerveja Bernard Celebration Lager, uma legítima representante das excelentes Pilsens da Boêmia. A Bernard realmente surpreende. Uma cerveja com redondos 5,0%Vol, é muito leve, refrescante e cristalina, um amargor bem na medida certa, tem um bom malte e um destaque no processo é que a mesma não utiliza a pasteurização e sim uma microfiltragem e refermentação feitas na própria garrafa. Uma dica é tomá-la com uma tábua de frios com queijos e salames. A tradicional Czechvar Cerveja classificada como uma Pilsen tradicional, com os mesmos 5,0%Vol e produzida com lúpulos especiais e, por esse motivo, apresenta um discreto amargor suave. A sua produção leva lúpulos inteiros da variedade Saaz e maturada por pelo menos 90 dias, o resultado é uma babida dourada, clara, cristalina com boa formação de espuma. Traços florais (característicos do lúpulo Saaz no aroma) e paladar seco de malte abiscoitado, dão uma ótima sensação e com o final levemente malteado. Outra dica de destaque é a Cerveja Primator Premium. Ela é uma Pilsen feita pela cervejaria Nachód, que foi eleita a melhor do país em 2007. Possui coloração dourada, aroma de lúpulo, espuma branca, densa e persistente e de média carbonatação e com 5,0% Vol e bem equilibrada. A cerveja Lobkowicz, é outra Pilsen com 4,7%Vol. É feita com uma pura água dos poços artesianos da cervejaria e cevada da Boêmia que é transformada em malte. Tem uma coloração mais acobreada e com uma generosa porção de lúpulo Saaz, conhecido pelo seu aroma. A adição desse insumo, segundo o fabricante e feita com as mãos. Finalizando com a Pilsner Urquell, uma cerveja dourada, saborosa e com teor alcoólico mais baixo 4,4%Vol, o que permite que ela seja considerada mais leve e refrescante. Outra Boêmia Pilsen que harmoniza perfeitamente com frutos do mar fazendo um contraponto delicioso. E como dizem os Tchecos “Dej Bůh Štěstí” (Deus conceda alegria e sorte). *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Legião Anônima: uma degustação do texto (Por Paulo Caldas)

Campo fértil à criação artística, Pernambuco sempre se destacou em todas as formas de expressão. No campo da literatura, por exemplo, a cada ano surge uma safra de bons frutos nesta “Roma de bravos guerreiros”: uns amadurecem no pomar da prosa, outros no dos versos, e até aqueles que frutificam dos dois lados, caso do escritor João Paulo Parísio. Este é um que pratica uma escrita nascida madura. No seu "Legião anônima" (Cepe Editora, 2014), está explícita tal constatação. Como bem observado pelo escritor Raimundo de Moraes, na orelha do livro, “Ao atender o convite de João Paulo Parísio, o leitor vai entrar nessa legião anônima de anjos que rastejam em sarjetas. Mulheres mortas que deslizam num rio igualmente cadáver, outras que se afogam no próprio desamor e homens de barro que podem desmanchar-se no rolar de uma lágrima”. No texto do livro é visível a destreza de Parísio no manejo de um vocabulário amplo, na aposição exata de cada palavra em seu lugar e até minúcias da técnica ficcional. Quanto ao apelo do conteúdo, recorro ao “Monólogo da camélia”, página 51, conto escolhido para a análise, o autor adere à narrativa na primeira pessoa, o que traz o leitor para o interior da cena, está dito: "toda puta tem algo de sacerdotisa, de sibila, de pitonisa, que as paisanas não têm; menos ainda agora que perderam o fascínio das vestais: a castidade", e arremata: "é por essas e outras que a nossa classe sobrevive, como certas espécies epidêmicas: a adversidade é o nosso bioma. Somos gratas às moças de família - essas sim,  vias de extinção," e fecha a ideia: "Somos parte da mesma dieta, mas não nos comemos". Mais adiante, de braços com a ironia, a personagem sacramenta. "Bem- aventurado as freiras que nos renegam cheias de inveja e as carolas que despertam a curiosidade sobre nós na cabeça dos meninos tenros, tornando-nos proibidas, irresistíveis ainda que proibitivas”. “É certo, pois que através de nós a sociedade elimina suas impurezas”..., “Somos a válvula de escape, a abertura do esfíncter”, afirma a personagem. É possível, prazeroso até, citar outros trechos elogiáveis do conto, mas seria maximizar a degustação. Contudo façamos este mimo extra ao leitor: “a nossa dignidade está escrita na testa, com a marca da besta. Por isso os egípcios nos veneravam e os japoneses, tão assépticos na vida e na morte, cultivam camélias”. E finalizando a personagem adverte: “Humanidade devora-me ou eu decifro-te”. Para não dizer que omitimos pequeninas imperfeições, há uma observação sobre a voz da protagonista, uma vez que ela faz uso dos pronomes oblíquos, refinando o discurso, não obstante ocupar um espaço inferior na estratificação social. No universo da poesia, Parísio tem publicado “Esculturas fluidas” (Cepe Editora, 2014) com uma primorosa apresentação gráfica, apresentado por Laura Moosburger, professora da USP que se dedica à interface entre a Filosofia, Literatura e Poesia.    

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No tempo das diligências (por Joca Souza Leão)

Filmezinho de cowboy preto e branco, fim de noite, nada mal. Nem sei o título. Já estava rolando quando zapeei. Não era com John Wayne nem dirigido por John Ford, porque quando é dirigido por John Ford a gente sabe logo pelos planos-sequência e travellings. Os mocinhos defendiam a construção da estrada de ferro no velho oeste e os bandidos a boicotavam: explodiam pontes, provocavam descarrilamentos e avalanches. E os índios estavam a favor dos bandidos. O que não é nenhuma novidade em filmes de cowboy. Bandidos e índios lutando por causas com algum mérito é que era novidade. Bandidos defendendo os empregos de milhares de pais de família honestos e índios lutando pela preservação do meio ambiente, ambos ameaçados pela chegada da estrada de ferro. Quando era menino – até a adolescência, acho – a gente não via a tecnologia como ameaça de nada. Ao contrário. Tecnologia era um negócio que vinha como radinho de pilha (portátil e mais barato que o radião), maquininha eletrônica de calcular (com as quatro operações mais raiz quadrada e álgebra, que eu não sei para que servem até hoje) e camisa Volta ao Mundo, que era só lavar, não precisava passar (olha aí!, a gente não via, mas, na verdade, já tava desempregando as passadeiras). Tecnologia era sinônimo de coisas práticas, rápidas e divertidas. Nada de apertar roscas e parafusos, tipo “Tempos Modernos”, de Chaplin. “A tecnologia destrói empregos burros e cria trabalhos inteligentes”, teria dito alguém. Ao homem, seriam reservadas tarefas mais nobres e não repetitivas. Trabalhar-se-ia menos e ganhar-se-ia mais. Ah! aposentar-se-ia mais cedo também (e contar-se-ia nos dedos os textos com mesóclises). Essas eram as expectativas. Nossas, pelo menos. Meninos nos anos 50. Depois de muita bala de bandido ruinzinho de pontaria e índio galopando em círculo e gritando como que pedindo para ser alvejado, o trem do filme de cowboy chegou ao velho oeste. Chegou trazendo o progresso. E levando grãos, rebanhos e minérios para o leste. O progresso de uns, o desmantelo de outros. As pequenas cidades, paradas obrigatórias das diligências, não eram mais nem passagem de trem. Toda a logística montada no tempo das diligências (estalagens, estábulos, oficinas, curtumes, seleiros, marcenarias, serrarias, saloons...) chegava ao fim. Levas de desempregados. Enquanto uma diligência, com seis cavalos, cocheiro e ajudante, transportava quatro, cinco passageiros, um único maquinista de trem e alguns auxiliares transportavam dezenas, e depois centenas, de pessoas e toneladas de carga. De quebra, o “cavalo de ferro” espantava para longe as manadas de búfalos, que eram alimento, vestuário e coberta das tendas dos índios. Da minha infância pra cá, algumas expectativas se confirmaram com o progresso, outras não, retrocederam, até. E breve, muito breve, o limite de idade para aposentadoria deve aumentar, para que ninguém leve a vida na flauta antes de a velhice chegar. Enquanto isso, daqui do terraço do meu apartamento, assisto à construção de um edifício que, pela pinta e tamanho do terreno, deverá ter muitos andares. Uma grua, com tecnologia da gota serena, comandada por um único operador, carrega tudo que se possa imaginar numa obra: de blocos de concreto a uma simples lata d’água. Penso cá com meus botões: quantos operários, pais de família (como os cocheiros das diligências), não estarão sendo substituídos por essa grua? Até que a filha da grua, um dia, não precise mais de ninguém para operá-la. Quando a gente é menino, não vê essas coisas.

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O pedestre atravessa como? Voando?

Apesar de já ter percorrido uma boa parte do Recife a pé (cerca de 7 mil km nos últimos 10 anos dentro da cidade – o equivalente a ida e volta a Florianópolis), só outro dia me dei conta de uma coisa estranhíssima: praticamente não é possível ir da Zona Norte à Zona Sul, e vice-versa, a pé. A não ser que se vá caminhando até Afogados e, de lá, pela Imbiribeira até o cruzamento com a Antônio Falcão/General Mac Arthur, depois direto até a praia. A outra alternativa é ir até a Praça do Marco Zero, pegar um barco, atravessar até os arrecifes e ir por cima do molhe até o Pina. Existe uma terceira que é ir por dentro de Joana Bezerra até a Avenida Sul e cruzar por baixo da linha do metrô, numa passagem pra lá de esquisita, até o Cabanga. Fora isso, se a tentativa for pelo mesmo percurso dos carros, o infeliz pedestre terá que cruzar a pé o Viaduto Cinco Pontas e o Cais José Estelita até o Cabanga ou arriscar a vida por cima do Viaduto Capitão Temudo, disputando espaço com veículos motorizados que passam chutados. Neste último caso, se conseguir chegar vivo até a Ponte Paulo Guerra, terá que arriscar a vida mais uma vez, pulando a mureta de concreto e atravessar correndo a entrada da Via Mangue para alcançar, pulando outra mureta, o prosseguimento da calçada da ponte, literalmente arrancada neste trecho. O curioso é que no local picharam na mureta: “O pedestre atravessa como? Voando?” (e até para ter acesso ao shopping RioMar ele teria que voar porque a calçada é interrompida por outra mureta para além da qual projeta-se um precipício de uns dois andares de altura). A ficha dessa situação absurda de uma cidade que não se conecta para o pedestre só caiu recentemente quando me vi, mais uma vez, em meio a esse quadro absolutamente surrealista, muito mais quando me dei conta de que, tanto o alargamento do Capitão Temudo quanto a construção da Via Mangue, se deram praticamente um dia desses... Ambos sem calçada e sem preocupação com o pedestre (e com o ciclista também). Pelo que sei, a calçada e a ciclovia da Via Mangue foram acrescentadas depois do projeto pronto e aprovado quando alguém disse: “oi, cadê a calçada?” O que dizer da mobilidade de uma cidade na qual o pedestre só consegue ir da Zona Norte à Zona Sul voando? No mínimo, que muita coisa precisará mudar para que o conceito de caminhabilidade das cidades desenvolvidas seja, de fato, adotado entre nós.

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O Engenho de Joaquim Nabuco

Neste arruar pelos caminhos de Pernambuco, eis que sou levado às terras do Engenho Massangana, no município do Cabo de Santo Agostinho, onde, entre 1849 e 1857, viveu o menino Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, que, nascido no sobrado 119 da atual Rua da Imperatriz, no Recife, aqui viveu os seus primeiros anos. Batizado em 8 de dezembro do mesmo ano, na capela de São Mateus, do Engenho Massangana, recebeu na pia batismal o nome de Joaquim Aurélio, em homenagem ao seu padrinho, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho, casado com dona Ana Rosa Falcão de Carvalho, de quem receberia os cuidados maternos durante os seus primeiros 8 anos de vida. Essa sua primeira infância foi vivida nessas terras, convivendo com a escravidão africana e a condição de vida de semovente, a que era submetido o indivíduo nascido de útero escravo no Brasil. O bastante para lhe marcar o destino, como ele bem declara em Minha Formação (1909): “Massangana ficou sendo a sede do meu oráculo íntimo: para impelir-me, para deter-me e, sendo preciso, para resgatar-me, a voz, o frêmito sagrado, viria sempre de lá” Em 1857 o menino é surpreendido com a morte de sua madrinha, Ana Rosa. A morte de sua protetora fez com que o levassem para a casa paterna, no Rio de Janeiro. No seu livro de memórias, o capítulo Massangana vem marcar toda a vida literária de Joaquim Nabuco, fora ele o divisor de águas, entre a infância, cercado de escravos e sentindo nos pés o bagaço da cana que saía das moendas do engenho. Mas, afinal, o que seria Massangana? Nos dicionários consultados, desde o vetusto Antônio de Moraes Silva (1813) até o clássico Laudelino Freyre, além dos atuais Aurélio Buarque de Holanda e Antônio Houaiss, não se encontram quaisquer registros. No Dicionário Lello (Porto, 1959) aparece Massangano, com a designação de “posto administrativo do concelho de Cambambe, Angola”; servindo ainda para denominar “mau clima; terrenos pantanosos”. Palavra de origem africana, portanto, que chega até nós através de escravos angolanos para cá trazidos. Consultando o Dicionário Kimbundu-Português, de A. de Assis Júnior (Luanda, s/d), observamos que o vocábulo na sua forma masculina, Massanganu, serve como designativo de “confluência; foz. Lugar onde dois rios se juntam num só: Massanganuma Lukala ni Kuanza”; serve assim para denominar o “antigo concelho (divisão administrativa de distrito; parte de um distrito) da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, constituindo hoje a área e sede do posto deste nome, concelho de Cambambe (Dondo), distrito de Quanza-Norte, província de Luanda, compreendida na língua de terra formada pelos rios Lucala e Quanza, na margem direita deste rio”. Tudo bem de acordo com a denominação do Engenho Massangana, em cujas terras se unem os riachos Massangano e Algodoais, que juntos formam o rio Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Mas por que Massangana e não Massangano? O vocábulo Massangana, como designação do engenho da infância de Joaquim Nabuco, já se encontra presente em documentos do século 18. Ao instituir o Morgado de Nossa Senhora da Madre de Deus no Cabo de Santo Agostinho, em 28 de outubro de 1580, o vianês João Paes Barreto deu início à colonização da sesmaria que lhe fora doada pelo primeiro donatário Duarte Coelho (1535-1554) nela levantando dez engenhos, dentre os quais o Massangana. O mesmo engenho aparece como pertencente àquele morgadio, quando da instalação da Vila do Cabo de Santo Agostinho, em 18 de junho de 1812. Criada por Alvará Régio de 27 de julho de 1811, a vila teve como seu primeiro capitão-mor o sétimo e último morgado Francisco Paes Barreto, futuro Marquês do Recife, que veio a falecer em 26 de setembro de 1848. Massangana aparece, ainda, em anúncio do Diario de Pernambuco, no qual Dona Ana Rosa Falcão de Carvalho comunica o falecimento do seu escravo, Elias, episódio também anotado por Joaquim Nabuco em seu livro de memórias, ao transcrever parte da carta de sua madrinha comunicando o desenlace ao seu pai, Conselheiro Nabuco de Araújo... “o meu Elias o qual fez-me uma falta sensível, tanto a mim como ao meu filhinho...”. O vocábulo, que na língua kimbundu serve para designar “confluência, foz; lugar onde dois rios se juntam num só”, a exemplo de tantos outros de origem africana, como maximbombo (Moçambique) que em Pernambuco veio a ser usado como maxambomba, assumiu entre nós a forma feminina pura e simplesmente, sem qualquer interferência de qualquer erudito. Deve-se tudo, como diria o poeta Manuel Bandeira, à “língua certa do povo/ porque é ele que fala o gostoso português do Brasil” .... O Engenho Massangana, mais recentemente era propriedade da Usina Santo Inácio, tendo sido desapropriado pelo Incra que o transfere em comodato para a Fundação Joaquim Nabuco, surgindo assim essa Casa Museu. A simpática casa senhorial encontra-se mobiliada com peças do mobiliário pernambucano da segunda metade do século 19, apresentando uma exposição sobre a vida e obra do grande abolicionista, réplicas de retratos e pinturas das suas várias fases, tudo acompanhado de guias especialmente treinados que levam o visitante a conhecer esta parte de nossa história. Nessa exposição, ali montada por técnicos daquela Fundação, o primeiro senão... Lá está escrito que o nome Engenho Massangana foi uma criação do próprio Joaquim Nabuco, ao escrever o seu livro "Minha Formação" (1911), pura inverdade como já comprovamos anteriormente... pedindo, urgentemente, que o texto do primeiro painel seja reescrito pelos responsáveis (!) Ao seu redor as casas da senzala aparecem em excelente conservação e, na colina ao lado, a igrejinha de São Mateus está a dominar a paisagem, tendo no seu interior a imagem de seu padroeiro, presenteada pela senhora Vivi Nabuco, neta do próprio Joaquim Nabuco, depois de tomar conhecimento do desaparecimento da escultura original (!).

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