Claudia Santos - Página: 120 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Claudia Santos

Avatar

As cervejas Tchecas, tradição secular (Por Rivaldo Neto)

O país do Leste Europeu é o maior consumidor de cerveja por habitante no mundo. Com uma média de cerca de 143 litros de cervejas por ano. No Brasil, o consumo da bebida por habitante é de 62 litros, os Tchecos mais que o dobro. Com essa tradição e esse enorme consumo per capita, a República Tcheca é um dos países mais importantes na fabricação da bebida, sempre inovando com excelentes receitas tradicionais. Mas vamos dar uma rápida passada em algumas de suas tradições para entendermos essa paixão pela bebida. A República Tcheca, em 1265 fazia parte da região da Boêmia, do então Rei Otakar II, sendo assim, a cidade de Ceske Budejovice recebeu o direito de ter e produzir a sua própria cerveja. Em 1895 foi formalizada como produtora de cerveja oficial a Budejovice Pivovar, que hoje fabrica a conhecida Pilsen Czechvar (ver abaixo), uma das mais tradicionais Pilsens do mundo. Os cervejeiros da cidade de Pilsen, na Boêmia, em meados de 1840, produziam em sua maioria cervejas de alta fermentação, as chamadas ALE, com cores mais escuras e teor alcoólico mais robusto. Então os produtores locais se reuniram para criar uma um outro tipo de cerveja e que essencialmente permitisse utilizar insumos da região, e com isso permitindo a elaboração de sabores e aromas diferentes. O “start” foi dado quando em 1842 foi lançada a primeira receita da Pilsner Urquell (ver abaixo), bebida essa que se caracterizou como leve e refrescante e totalmente diferente do que era encontrado no país na época. Foi um sucesso entre os produtores e pela população. Depois dessa rápida introdução, vamos conhecer alguns dos rótulos que os cervejeiros de plantão não podem deixar de conferir. Vamos começar pela Cerveja Bernard Celebration Lager, uma legítima representante das excelentes Pilsens da Boêmia. A Bernard realmente surpreende. Uma cerveja com redondos 5,0%Vol, é muito leve, refrescante e cristalina, um amargor bem na medida certa, tem um bom malte e um destaque no processo é que a mesma não utiliza a pasteurização e sim uma microfiltragem e refermentação feitas na própria garrafa. Uma dica é tomá-la com uma tábua de frios com queijos e salames. A tradicional Czechvar Cerveja classificada como uma Pilsen tradicional, com os mesmos 5,0%Vol e produzida com lúpulos especiais e, por esse motivo, apresenta um discreto amargor suave. A sua produção leva lúpulos inteiros da variedade Saaz e maturada por pelo menos 90 dias, o resultado é uma babida dourada, clara, cristalina com boa formação de espuma. Traços florais (característicos do lúpulo Saaz no aroma) e paladar seco de malte abiscoitado, dão uma ótima sensação e com o final levemente malteado. Outra dica de destaque é a Cerveja Primator Premium. Ela é uma Pilsen feita pela cervejaria Nachód, que foi eleita a melhor do país em 2007. Possui coloração dourada, aroma de lúpulo, espuma branca, densa e persistente e de média carbonatação e com 5,0% Vol e bem equilibrada. A cerveja Lobkowicz, é outra Pilsen com 4,7%Vol. É feita com uma pura água dos poços artesianos da cervejaria e cevada da Boêmia que é transformada em malte. Tem uma coloração mais acobreada e com uma generosa porção de lúpulo Saaz, conhecido pelo seu aroma. A adição desse insumo, segundo o fabricante e feita com as mãos. Finalizando com a Pilsner Urquell, uma cerveja dourada, saborosa e com teor alcoólico mais baixo 4,4%Vol, o que permite que ela seja considerada mais leve e refrescante. Outra Boêmia Pilsen que harmoniza perfeitamente com frutos do mar fazendo um contraponto delicioso. E como dizem os Tchecos “Dej Bůh Štěstí” (Deus conceda alegria e sorte). *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

As cervejas Tchecas, tradição secular (Por Rivaldo Neto) Read More »

"Memórias de um Cão" abre Festival Recife do Teatro Nacional

  O Festival Recife do Teatro Nacional começa neste sábado (19). A produção paraibana "Memórias de um Cão", do Coletivo Alfenim vai inaugurar a programação. O espetáculo será às 20h, no Teatro Santa Isabel. Os ingressos custam R$10 (inteira) e R$5 (meia). A realização do festival é da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife. O espetáculo parte do estudo da obra de Machado de Assis para propor uma abordagem crítica das estratégias de dissimulação, engodo e autoengano que marcam no campo subjetivo e político as relações sociais do Brasil. Durante a encenação é narrada a trajetória de ascensão e queda de Rubião, um mestre-escola interiorano que, às vésperas da abolição da escravatura, se muda para a Corte, após receber uma herança se seu benfeitor, Quincas Borba, um típico escravocrata. O espetáculo estreou em maio de 2015, em João pessoa. Quem assina a direção é o dramaturgo Mário Marciano. O festival acontece de 19 a 27 de novembro, com 17 espetáculos encenados nos equipamentos culturais da cidade. Além dos espetáculos, o festival também conta com uma programação formativa, que acontece de 16 a 26, com oficina, seminário, palestras e mesa de debates. A programação completa pode ser conferida no site http://bit.ly/2fGbfe7 . A classificação etária da peça é de 14 anos. Mais informações pelo telefone 3355-3137. Confira o teaser do espetáculo   SERVIÇO: Abertura do Festival Recife do Teatro Nacional com o espetáculo "Memórias de um Cão" Onde: Teatro Santa Isabel, Praça da República, s/n - Santo Antônio, Recife. Quando: Sábado (19) Horário: 20h Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia) ---

"Memórias de um Cão" abre Festival Recife do Teatro Nacional Read More »

No tempo das diligências (por Joca Souza Leão)

Filmezinho de cowboy preto e branco, fim de noite, nada mal. Nem sei o título. Já estava rolando quando zapeei. Não era com John Wayne nem dirigido por John Ford, porque quando é dirigido por John Ford a gente sabe logo pelos planos-sequência e travellings. Os mocinhos defendiam a construção da estrada de ferro no velho oeste e os bandidos a boicotavam: explodiam pontes, provocavam descarrilamentos e avalanches. E os índios estavam a favor dos bandidos. O que não é nenhuma novidade em filmes de cowboy. Bandidos e índios lutando por causas com algum mérito é que era novidade. Bandidos defendendo os empregos de milhares de pais de família honestos e índios lutando pela preservação do meio ambiente, ambos ameaçados pela chegada da estrada de ferro. Quando era menino – até a adolescência, acho – a gente não via a tecnologia como ameaça de nada. Ao contrário. Tecnologia era um negócio que vinha como radinho de pilha (portátil e mais barato que o radião), maquininha eletrônica de calcular (com as quatro operações mais raiz quadrada e álgebra, que eu não sei para que servem até hoje) e camisa Volta ao Mundo, que era só lavar, não precisava passar (olha aí!, a gente não via, mas, na verdade, já tava desempregando as passadeiras). Tecnologia era sinônimo de coisas práticas, rápidas e divertidas. Nada de apertar roscas e parafusos, tipo “Tempos Modernos”, de Chaplin. “A tecnologia destrói empregos burros e cria trabalhos inteligentes”, teria dito alguém. Ao homem, seriam reservadas tarefas mais nobres e não repetitivas. Trabalhar-se-ia menos e ganhar-se-ia mais. Ah! aposentar-se-ia mais cedo também (e contar-se-ia nos dedos os textos com mesóclises). Essas eram as expectativas. Nossas, pelo menos. Meninos nos anos 50. Depois de muita bala de bandido ruinzinho de pontaria e índio galopando em círculo e gritando como que pedindo para ser alvejado, o trem do filme de cowboy chegou ao velho oeste. Chegou trazendo o progresso. E levando grãos, rebanhos e minérios para o leste. O progresso de uns, o desmantelo de outros. As pequenas cidades, paradas obrigatórias das diligências, não eram mais nem passagem de trem. Toda a logística montada no tempo das diligências (estalagens, estábulos, oficinas, curtumes, seleiros, marcenarias, serrarias, saloons...) chegava ao fim. Levas de desempregados. Enquanto uma diligência, com seis cavalos, cocheiro e ajudante, transportava quatro, cinco passageiros, um único maquinista de trem e alguns auxiliares transportavam dezenas, e depois centenas, de pessoas e toneladas de carga. De quebra, o “cavalo de ferro” espantava para longe as manadas de búfalos, que eram alimento, vestuário e coberta das tendas dos índios. Da minha infância pra cá, algumas expectativas se confirmaram com o progresso, outras não, retrocederam, até. E breve, muito breve, o limite de idade para aposentadoria deve aumentar, para que ninguém leve a vida na flauta antes de a velhice chegar. Enquanto isso, daqui do terraço do meu apartamento, assisto à construção de um edifício que, pela pinta e tamanho do terreno, deverá ter muitos andares. Uma grua, com tecnologia da gota serena, comandada por um único operador, carrega tudo que se possa imaginar numa obra: de blocos de concreto a uma simples lata d’água. Penso cá com meus botões: quantos operários, pais de família (como os cocheiros das diligências), não estarão sendo substituídos por essa grua? Até que a filha da grua, um dia, não precise mais de ninguém para operá-la. Quando a gente é menino, não vê essas coisas.

No tempo das diligências (por Joca Souza Leão) Read More »

O pedestre atravessa como? Voando?

Apesar de já ter percorrido uma boa parte do Recife a pé (cerca de 7 mil km nos últimos 10 anos dentro da cidade – o equivalente a ida e volta a Florianópolis), só outro dia me dei conta de uma coisa estranhíssima: praticamente não é possível ir da Zona Norte à Zona Sul, e vice-versa, a pé. A não ser que se vá caminhando até Afogados e, de lá, pela Imbiribeira até o cruzamento com a Antônio Falcão/General Mac Arthur, depois direto até a praia. A outra alternativa é ir até a Praça do Marco Zero, pegar um barco, atravessar até os arrecifes e ir por cima do molhe até o Pina. Existe uma terceira que é ir por dentro de Joana Bezerra até a Avenida Sul e cruzar por baixo da linha do metrô, numa passagem pra lá de esquisita, até o Cabanga. Fora isso, se a tentativa for pelo mesmo percurso dos carros, o infeliz pedestre terá que cruzar a pé o Viaduto Cinco Pontas e o Cais José Estelita até o Cabanga ou arriscar a vida por cima do Viaduto Capitão Temudo, disputando espaço com veículos motorizados que passam chutados. Neste último caso, se conseguir chegar vivo até a Ponte Paulo Guerra, terá que arriscar a vida mais uma vez, pulando a mureta de concreto e atravessar correndo a entrada da Via Mangue para alcançar, pulando outra mureta, o prosseguimento da calçada da ponte, literalmente arrancada neste trecho. O curioso é que no local picharam na mureta: “O pedestre atravessa como? Voando?” (e até para ter acesso ao shopping RioMar ele teria que voar porque a calçada é interrompida por outra mureta para além da qual projeta-se um precipício de uns dois andares de altura). A ficha dessa situação absurda de uma cidade que não se conecta para o pedestre só caiu recentemente quando me vi, mais uma vez, em meio a esse quadro absolutamente surrealista, muito mais quando me dei conta de que, tanto o alargamento do Capitão Temudo quanto a construção da Via Mangue, se deram praticamente um dia desses... Ambos sem calçada e sem preocupação com o pedestre (e com o ciclista também). Pelo que sei, a calçada e a ciclovia da Via Mangue foram acrescentadas depois do projeto pronto e aprovado quando alguém disse: “oi, cadê a calçada?” O que dizer da mobilidade de uma cidade na qual o pedestre só consegue ir da Zona Norte à Zona Sul voando? No mínimo, que muita coisa precisará mudar para que o conceito de caminhabilidade das cidades desenvolvidas seja, de fato, adotado entre nós.

O pedestre atravessa como? Voando? Read More »

O Engenho de Joaquim Nabuco

Neste arruar pelos caminhos de Pernambuco, eis que sou levado às terras do Engenho Massangana, no município do Cabo de Santo Agostinho, onde, entre 1849 e 1857, viveu o menino Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, que, nascido no sobrado 119 da atual Rua da Imperatriz, no Recife, aqui viveu os seus primeiros anos. Batizado em 8 de dezembro do mesmo ano, na capela de São Mateus, do Engenho Massangana, recebeu na pia batismal o nome de Joaquim Aurélio, em homenagem ao seu padrinho, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho, casado com dona Ana Rosa Falcão de Carvalho, de quem receberia os cuidados maternos durante os seus primeiros 8 anos de vida. Essa sua primeira infância foi vivida nessas terras, convivendo com a escravidão africana e a condição de vida de semovente, a que era submetido o indivíduo nascido de útero escravo no Brasil. O bastante para lhe marcar o destino, como ele bem declara em Minha Formação (1909): “Massangana ficou sendo a sede do meu oráculo íntimo: para impelir-me, para deter-me e, sendo preciso, para resgatar-me, a voz, o frêmito sagrado, viria sempre de lá” Em 1857 o menino é surpreendido com a morte de sua madrinha, Ana Rosa. A morte de sua protetora fez com que o levassem para a casa paterna, no Rio de Janeiro. No seu livro de memórias, o capítulo Massangana vem marcar toda a vida literária de Joaquim Nabuco, fora ele o divisor de águas, entre a infância, cercado de escravos e sentindo nos pés o bagaço da cana que saía das moendas do engenho. Mas, afinal, o que seria Massangana? Nos dicionários consultados, desde o vetusto Antônio de Moraes Silva (1813) até o clássico Laudelino Freyre, além dos atuais Aurélio Buarque de Holanda e Antônio Houaiss, não se encontram quaisquer registros. No Dicionário Lello (Porto, 1959) aparece Massangano, com a designação de “posto administrativo do concelho de Cambambe, Angola”; servindo ainda para denominar “mau clima; terrenos pantanosos”. Palavra de origem africana, portanto, que chega até nós através de escravos angolanos para cá trazidos. Consultando o Dicionário Kimbundu-Português, de A. de Assis Júnior (Luanda, s/d), observamos que o vocábulo na sua forma masculina, Massanganu, serve como designativo de “confluência; foz. Lugar onde dois rios se juntam num só: Massanganuma Lukala ni Kuanza”; serve assim para denominar o “antigo concelho (divisão administrativa de distrito; parte de um distrito) da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, constituindo hoje a área e sede do posto deste nome, concelho de Cambambe (Dondo), distrito de Quanza-Norte, província de Luanda, compreendida na língua de terra formada pelos rios Lucala e Quanza, na margem direita deste rio”. Tudo bem de acordo com a denominação do Engenho Massangana, em cujas terras se unem os riachos Massangano e Algodoais, que juntos formam o rio Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Mas por que Massangana e não Massangano? O vocábulo Massangana, como designação do engenho da infância de Joaquim Nabuco, já se encontra presente em documentos do século 18. Ao instituir o Morgado de Nossa Senhora da Madre de Deus no Cabo de Santo Agostinho, em 28 de outubro de 1580, o vianês João Paes Barreto deu início à colonização da sesmaria que lhe fora doada pelo primeiro donatário Duarte Coelho (1535-1554) nela levantando dez engenhos, dentre os quais o Massangana. O mesmo engenho aparece como pertencente àquele morgadio, quando da instalação da Vila do Cabo de Santo Agostinho, em 18 de junho de 1812. Criada por Alvará Régio de 27 de julho de 1811, a vila teve como seu primeiro capitão-mor o sétimo e último morgado Francisco Paes Barreto, futuro Marquês do Recife, que veio a falecer em 26 de setembro de 1848. Massangana aparece, ainda, em anúncio do Diario de Pernambuco, no qual Dona Ana Rosa Falcão de Carvalho comunica o falecimento do seu escravo, Elias, episódio também anotado por Joaquim Nabuco em seu livro de memórias, ao transcrever parte da carta de sua madrinha comunicando o desenlace ao seu pai, Conselheiro Nabuco de Araújo... “o meu Elias o qual fez-me uma falta sensível, tanto a mim como ao meu filhinho...”. O vocábulo, que na língua kimbundu serve para designar “confluência, foz; lugar onde dois rios se juntam num só”, a exemplo de tantos outros de origem africana, como maximbombo (Moçambique) que em Pernambuco veio a ser usado como maxambomba, assumiu entre nós a forma feminina pura e simplesmente, sem qualquer interferência de qualquer erudito. Deve-se tudo, como diria o poeta Manuel Bandeira, à “língua certa do povo/ porque é ele que fala o gostoso português do Brasil” .... O Engenho Massangana, mais recentemente era propriedade da Usina Santo Inácio, tendo sido desapropriado pelo Incra que o transfere em comodato para a Fundação Joaquim Nabuco, surgindo assim essa Casa Museu. A simpática casa senhorial encontra-se mobiliada com peças do mobiliário pernambucano da segunda metade do século 19, apresentando uma exposição sobre a vida e obra do grande abolicionista, réplicas de retratos e pinturas das suas várias fases, tudo acompanhado de guias especialmente treinados que levam o visitante a conhecer esta parte de nossa história. Nessa exposição, ali montada por técnicos daquela Fundação, o primeiro senão... Lá está escrito que o nome Engenho Massangana foi uma criação do próprio Joaquim Nabuco, ao escrever o seu livro "Minha Formação" (1911), pura inverdade como já comprovamos anteriormente... pedindo, urgentemente, que o texto do primeiro painel seja reescrito pelos responsáveis (!) Ao seu redor as casas da senzala aparecem em excelente conservação e, na colina ao lado, a igrejinha de São Mateus está a dominar a paisagem, tendo no seu interior a imagem de seu padroeiro, presenteada pela senhora Vivi Nabuco, neta do próprio Joaquim Nabuco, depois de tomar conhecimento do desaparecimento da escultura original (!).

O Engenho de Joaquim Nabuco Read More »

Oncinha pintada e o mínimo ético

Você entra no banheiro da biblioteca da universidade para satisfazer corriqueiras necessidades e encontra uma nota de R$ 50, no chão, estendida ao lado da privada. O local está fechado, obviamente. Ali, na solidão da intimidade, você e a onça. E agora? O que fazer? Como primeira opção, você poderia se dirigir à coordenação da biblioteca ou ao setor de achados e perdidos, interpelar o funcionário, dizendo: “Senhor, com sua licença, acabo de achar um animal que anda em extinção na minha carteira, esta onça. Estou a devolvê-la, por favor, tente localizar o proprietário deste pobre animal”. Como segunda opção você poderia prender a onça na jaula do seu bolso, afinal ninguém está vendo, não é mesmo!? Há uma terceira opção: fazer de conta que não viu a fera e dar as costas, evitando tentações, dúvidas, problemas e, sobretudo, tornando desnecessária a tomada de decisão. Ou seja, acovardando-se, você poderia sair correndo antes que a onça abocanhasse sua consciência. E se você for esquerdista anarquista, puto da vida com o estrago que o capitalismo direitista causou ao mundo, ainda há a opção de limpar suas partes íntimas com o pelo felpudo da felina pintada, jogando na privada todo o ódio que emana da sua consciência político-econômica, afinal dinheiro é mesmo uma merda, o mal do mundo. Ocorre que você permanece em plena dúvida. Sentado ao trono, cotovelos nas coxas, mãos no queixo, como na famosa pose da escultura de Rodin, você pensa. Pensa. E pensa. Fecha os olhos, lembra dos ensinamentos do pai e da mãe. “Menino, isso não está certo”. “Não faça isso”. “Olhe, Deus tá vendo!” “Deus castiga!” Você chega a escutar a voz da sua vó, dizendo: “Nada é melhor do que o sono dos justos”. Você pensa em inúmeras coisas ao mesmo tempo, desde o episódio do Sítio do Pica Pau Amarelo, onde Emília, Narizinho, Visconde e todos os outros procuravam pela onça pintada, até a palestra do Leandro Karnal com seus ensinamentos filosóficos sobre ética. O tempo passa. Você sentado ali, suando frio. Então escuta o barulho da porta e os passos de um alguém adentrando ao banheiro. “Toc-toc” e uma voz rouca: “Com licença, você viu se deixei cair do bolso da minha calça uma nota de R$ 50?”. Pronto, você está a salvo! O dono do animal apareceu. “Deixe-me ver se está por aqui”, você responde, disfarçando a verdade de quem esteve trancafiado amorosamente com a onça, na mesma jaula fedorenta, durante a eternidade daqueles minutos anteriores. “Ah, sim, está aqui”. E entrega a felina por debaixo da porta, com sua face virada para cima, enquanto as costas se arrastam pelo límpido e brilhoso piso de porcelanato. Naqueles milésimos de segundo você mira os olhos da onça, chegando a sentir as garras a segurar suas mãos, como num balé da triste despedida. Adeus, oncinha pintada! Titubear é humano, mas com ética não se pode transigir. Aquilo que você faz quando ninguém está vendo chama-se ética. Quando há dúvida entre o certo e o errado é porque já se perdeu a dignidade. É porque a ética já deixou de ser um valor. Ainda existem pessoas honestas no mundo. Tudo bem, estão em extinção, assim como a onça. Mas são nelas que devemos nos espelhar. Em tempos de crise de valores, aplausos para quem, ao menos, devolve aquilo que não lhe pertence. É o mínimo ético sendo apreciado.

Oncinha pintada e o mínimo ético Read More »

Sem limite

O Estado brasileiro é insaciável e gasta mal. Nos últimos 25 anos, os gastos federais vêm crescendo 6 % ao ano acima da inflação e com velocidade duas vezes superior à do Produto Interno Bruto (PIB). Desde 2011, esse desequilíbrio fiscal se aprofundou rapidamente. Só de 2013 para cá a dívida bruta do País em relação ao PIB elevou-se de 52% para 72%, uma trajetória insustentável e preocupante. O estrago fiscal feito pelo governo anterior foi extenso e profundo, resultado de inúmeros erros de política econômica e de descontrole nos gastos que foram mascarados por vários truques de contabilidade pública. Existem, como nós sabemos, outras formas de gastança. O dinheiro público é desperdiçado em inúmeros privilégios remuneratórios descolados do mercado de trabalho, geradores de desigualdades na distribuição da massa salarial, e disseminados nos três níveis de governo, mas que assumem especial destaque no judiciário, legislativo, Ministério Público e em algumas carreiras de Estado hospedadas no executivo federal. O dinheiro público também escapa pelos dutos da corrução sistêmica, pela má qualidade na elaboração, gestão e execução de políticas públicas e pelos subsídios contidos em programas recentes de apoio aos empresários e a grandes empresas que somaram, em média, R$ 63 bilhões por ano durante o período 2012-2016. Qualquer brasileiro conhece e pode apontar como se gasta muito e sobretudo como se gasta mal apesar de pagarmos impostos em montante equivalente a 36% do PIB. Quanto maior o tamanho do Estado, no contexto de uma cultura politicamente patrimonialista e corporativa, maior tende a ser o desperdício de recursos públicos e irrefreável a tendência para aumentar os impostos. O Estado não gera riqueza, quem produz riqueza são os empresários e trabalhadores. O Estado tributa pessoas e empresas, arrecadando, de um lado, e gastando, de outro para poder prover serviços públicos tais como educação, saúde e segurança. O Estado deve também, como arrecadador e gastador, mediar o conflito distributivo ao se defrontar com os diversos grupos de interesse dentro e fora do setor público que disputam os recursos disponíveis. Quando o Estado gasta mais do que arrecada gera inflação, juros altos, mais impostos e dívida, criando as condições para uma recessão e, por conseguinte, para o desemprego. A história recente indica que é necessário limitar os gastos públicos. O estrago, como visto acima, foi grande e profundo nas contas públicas e na economia. O PIB per capita recuou 9% nos últimos dois anos. A PEC 241 em votação terminal no Congresso Nacional tem esse objetivo. A legislação se propõe a limitar o crescimento do gasto público à inflação do ano anterior medida pelo IPCA. Ou seja, os gastos públicos se manterão constantes em termos reais por 20 anos, sendo permitido a partir do décimo ano uma revisão em cada período de gestão. A medida é dura e polêmica, mas é necessária conhecendo-se o ímpeto irrefreável para gastar do Estado brasileiro. Esse limite nos gastos vai gerar bons desafios para os políticos e para a gestão pública. Os recursos serão agora ainda mais escassos, exigindo a elaboração de um orçamento realista baseado em prioridades e em critérios claros e bem fundamentados para justificar as despesas primárias. O Executivo Federal e o Congresso Nacional vão, ainda mais, ser a arena e o locus do conflito distributivo onde os grupos de interesse incrustados nos diversos nichos do aparelho de Estado vão lutar para defender suas corporações que, aliás, já se manifestaram previamente por meio de questionamentos a PEC 241 realizados pela Procuradoria Geral da República e pelo Superior Tribunal de Justiça. Dois desafios se colocam com a possível aprovação da legislação: ser racional na elaboração e execução do orçamento e enfrentar os grupos de interesse, acostumados à cultura do Estado Pai-Patrão. Se tudo funcionar corretamente muito desperdício será reduzido e muitos privilégios extintos. O gasto terá que ser mais racional e bem focado. Os dois setores – educação e saúde –, que alguns críticos temem que terão seus orçamentos reduzidos, não possuem, de fato, limites exclusivos. Cabe ao Executivo, ao Congresso Nacional em interação com a sociedade civil, na definição das prioridades posicionarem bem esses setores no conjunto dos recursos livres da limitação. Aí teremos o teste da prioridade. Apenas 16% do orçamento federal é gasto com os 45% mais pobres. Os restantes 84% são despendidos com aqueles brasileiros que se situam entre os 55% mais ricos (STN/MF). Os gastos sociais poderão ser preservados e eventualmente ampliados. Um dos méritos da PEC 241 é que ela revelará as verdadeiras prioridades do Estado brasileiro e a força política dos grupos de interesse.

Sem limite Read More »

"O mundo é mais inteligente por causa do digital"

Gustavo Maia é um recifense apaixonado por política e um empreendedor incansável. Embora jovem, já teve vários negócios. O Colab, aplicativo que criou com amigos, recebeu o prêmio AppMyCity de melhor app urbano do mundo. Inquieto, disse nesta conversa com Algomais, que planeja introduzir mudanças no produto para ser ago como o Pokemon Go da cidadania. Confira mais na entrevista. Você passou a infância no Recife? Sou recifense, mas aos 5 anos me mudei para São Paulo, com minha família. Meu pai é executivo da PWC e foi transferido para lá. Aos 6, ele foi transferido para os Estados Unidos, Indianápolis. Depois, voltamos para São Paulo, em seguida para o Recife. Foram dois anos fora. Em 1999 fomos para Campinas. Passei um ano e meio e fui fazer intercambio no Canadá. Depois voltei para o Recife para fazer faculdade, publicidade. Entrei na faculdade aos 17 e aos 18 montei um escritório pequeno de design, com amigos, para oferecer pequenos serviços de agência de publicidade. Você nunca pensou em ser um assalariado? Eu cheguei a estagiar, fui diretor de artes, de criação em agência, ainda durante a universidade. Daí fui chamado por amigos da faculdade para ser sócio deles na agência Massapê em 2006. Na época era uma sala em cima de um estacionamento da clínica da mãe de um dos sócios. Reformamos e começamos a crescer. Mas, quando estava no fim da faculdade, não queria mais a publicidade. Fui ser sócio, menos como publicitário, mais como empreendedor. Passei um tempo na agência, depois saí e montei uma agência de marketing digital, a Quick Site, em 2008. Era um modelo para desenvolver sites rápidos para pequenos e médios empresários em 48 horas. Nessa época, 2008, ou você contratava o sobrinho de alguém para fazer o site ou uma agência, o que saía muito caro. A gente entrava com preços baratíssimos, 12 vezes, no cartão. Era legal, mas tivemos dificuldade em escalar. Mas vendemos mais de mil sites. Depois abrimos paralelamente a Quick Solution, que era o braço para fazer portais maiores. Ainda nesse ano, criamos o Quick Político, para desenvolver site para candidatos. Sempre fui apaixonado por política. Fizemos o site de João da Costa, no Recife, e de Elias, em Jaboatão. Em 2008 pegamos o desafio de desenvolver o portal nacional do PSDB, que era algo grande. Nós atendemos bem. Éramos novinhos, mas conversávamos com os ex-ministros de FHC. Foi uma experiência bem legal. Nessa época criamos também um site de compra coletiva o “Gentes Finas”, que faturou R$ 300 mil em 3 meses e fechamos porque houve o pico da compra coletiva, mas em seguida caiu rápido. Foi um negócio bem-sucedido para nós. Nesse meio tempo, montamos um empreendimento em Tamandaré. Nós estávamos sem dinheiro, mas vimos um terreno legal, fizemos um projeto arquitetônico e dividimos o imóvel em flats. Fomos buscar investidores, que foram comprar como investimento para vender depois. Tiramos isso do papel e hoje exitem 10 flats e outras coisas. Quando nasce a ideia do Colab? Em 2010 fizemos várias campanhas para governador, senador, deputados, basicamente em Pernambuco. Em 2011, a Quick recebe um pequeno investimento e montamos um escritório em São Paulo. Aqui fazíamos mais desenvolvimento e lá a parte comercial. Em 2012 voltamos a fazer eleição. Era pré-campanha de Raul Henry, que nem chegou a ser candidato. Ele queria fazer um programa de governo colaborativo, perguntando à população, através das redes sociais, o que ela queria. Fazíamos enquetes no Facebook de Raul, toda semana, com 30 mil a 50 mil pessoas respondendo sobre algum tema da cidade. Na época surge o Ocupe Estelita e os Direitos Urbanos. Estávamos trabalhando para um candidato e construímos esse diálogo entre as pessoas através da rede social. Nessa época Eduardo Campos indicou Geraldo e Raul o apoiou. Aí fomos trabalhar na campanha de Geraldo. Acabado o pleito, começamos a formatar o Colab. Colocamos no papel e o lançamos em março de 2013. Explique o que é o Colab? É uma rede social da cidadania. Conectamos o cidadão com o governo. Víamos o povo cada vez mais na rua querendo uma interlocução maior. E nós conhecíamos os políticos. Trabalhei com muita gente boa, séria, comprometida. Mas o governo é uma máquina gigante, ineficiente, difícil. Ajudamos a construir essa relação de forma estruturada para levar o desejo das pessoas até o governo, de forma que ele possa revolver. Não é uma ferramenta da prefeitura ou do governo, mas da sociedade civil, que disponibilizamos uma estrutura para trazer o governo para dentro. Basicamente é um aplicativo de celular – mas é disponível também em site – no qual você vê um problema na rua, identifica isso com foto e localização. Essa informação vai para um sistema em que a gente coloca a prefeitura para fazer o atendimento. A primeira prefeitura que trabalhamos foi a de Curitiba. A resposta da prefeitura é rápida? Assim que uma pessoa faz uma publicação, a mensagem chega na prefeitura imediatamente. A primeira coisa que a prefeitura faz é dizer que recebeu a demanda, que identificou ser verdadeira, pois tem gente que publica informações falsas. Daí comunica que está mandando para um técnico responsável. Em 95% dos casos, essa primeira resposta é em menos de cinco horas. A prefeitura também pode consultar a população em situações como: Qual a banda que você quer que toque no show que será aberto ao público? Ou onde colocar R$ 1 milhão entre cinco projetos previstos? No passado eram 80 ou 90 pessoas nas assembleias do Orçamento Participativo. Com o Colab, fizemos com 10 mil pessoas participando este ano em Santos (SP). Vocês estão em quantas cidades? Hoje a Colab é uma das ferramentas sociais de relacionamento com o cidadão de Curitiba, Porto Alegre, Teresina, Natal, Recife, Campinas, Pelotas, Santos. São 150 prefeituras no País que utilizam a plataforma oficialmente. Temos pouco mais de 150 mil usuários e uma taxa de resolução muito superior a qualquer tipo de programa. Em algumas prefeituras em que se usa telefone para solicitar serviços,

"O mundo é mais inteligente por causa do digital" Read More »

5 Cervejas inglesas que você vai querer dizer: Salve a Rainha! (Por Rivaldo Neto)

Entrar em um Pubs inglês e experimentar algumas cervejas disponíveis em seus bicos é um desejo de 10 entre 10 amantes da cervejas. A Inglaterra produz estilos tradicionais, mas com muitos rótulos ousados e muito bem resolvidos, podemos dizer que a terra da Rainha Elizabeth tem uma imensa tradição na produção de cervejas de altíssima qualidade. São cervejas com personalidade, geralmente com um teor alcoólico potente e características marcantes. Ao entrar em pub inglês, o universo parece que para. “Pub” vem do termo em inglês “Public House” (Casa Pública). São estabelecimentos comuns no Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) licenciados para vender bebida alcoólica, oferecendo variedade em cervejas, destilados e vinhos. Nas tradições dos pubs encontram-se também os jogos, como dardos e sinuca. É nesse universo onde os ingleses fazem um happy hour com os amigos, e curtem alguns momentos de descontração. Leia também: O que é uma cerveja "puro malte"? 10 coisas interessantes que você precisa saber sobre cerveja Listamos aqui 5 cervejas do Reino Unido que vale muito a pena a gente experimentar: Vamos começar pela Spitfire, nome dado em homenagem a um caça inglês. Criada nos início dos anos 1990 para celebrar o 50º aniversário da Batalha da Inglaterra (batalha travada em 1940 com a força aérea inglesa contra a nazista). A cerveja é avermelhada e utiliza 3 lúpulos de Kent, lúpulo inglês bem cítrico e excelente para "dry-hopping", que conferem equilíbrio e aroma floral, 4,5%Vol, amargor alto e um pouco doce no final dando um bom equilíbrio a bebida. Partimos para a Bombardier, “Conhecida como ‘a bebida da Inglaterra’. Essa autêntica cerveja do estilo Premium Bitter tem cor de cobre, aroma picante, meio ácida e frutada, e também um pouco caramelizada, contendo 5,2%Vol. É na verdade uma “Strong Bitter”. Segundo Ronaldo Morado, no livro "Larousse da Cerveja", as cervejas desse estilo são mais encorpadas, amargas e alcoólicas que outras Bitters tradicionais. Uma curiosidade é que o antigo rótulo e formato da garrafa de Bombardier se modernizou deixando os fãs meio que saudosos em relação ao novo modelo. Uma excelente English Brown Ale é a Newcastle Brown Ale, cerveja tradicionalíssima, tem como lema “a cerveja do homem do trabalho”. Tem uma bela cor âmbar, 4,7%vol, espuma bem consistente, com muito gosto de tostados (maltes e cevadas), tem um leve e dulçor um amargor muito bom. Para mim uma das garrafas mais bonitas do universo das cervejas, e como não podia ficar de fora, uma autêntica English India Pale Ale (IPA), a Mean Time é considerada a tradução fiel do estilo criado para colonizações inglesas na Índia no século 19. A cerveja, que pode ser armazenada por longos períodos, possui notas florais e cítricas, provenientes dos lúpulos Fuggle (amadeirado) e East Kent Golding (cítrico de limão e floral) e possui 7,5%Vol. Como não podia deixar de ser e impossível não falar da cerveja número 1 do Reino Unido. Intitulada de “Orgulho de Londres”, a London Pride, da cervejaria Fuller’s é uma espetáculo. Aromática, frutada e amarga, 4,7%Vol e possui três lúpulos diferentes: Target (aromático), Challenger (aromático, picante e amargo) e Northdown (lúpulo versátil com características frutadas). É uma cerveja que cai perfeitamente com grelhados, salsichas e costelas ou com um bom molho barbecue. Um verdeiro ícone das cervejas inglesas. Então saudemos a rainha em sua língua pátria: "God Save the Queen". MUNDO CERVEJEIRO Concurso Mestre Cervejeiro Eisenbahn 2016 anuncia os 15 finalistas e tem pernambucano na final. As cervejas finalistas da 7ª edição foram escolhidas entre mais de mil inscritas. O estilo escolhido é o Altbier, escolha comemorativa aos 500 anos da lei da pureza Alemã – A Reinheitsgebot. Desde 2007, o concurso Mestre Cervejeiro Eisenbanh vem consagrando novos talentos e reiterando seu posicionamento de valorizar e democratizar a cerveja especial brasileira. E agora, na sua 7ª edição, a mais tradicional competição do setor anuncia os 15 finalistas da edição 2016. FINALISTAS: Adriano Sachweh – Santa Catarina Alexsander Simões – Paraná Carlos Eduardo Costa Vanini – Minas Gerais Carlos Heinz Stahnke – Rio Grande do Sul Carlos Henrique Pessoa de Menezes e Silva – Espírito Santo Diego Silva dos Santos – Rio de Janeiro Gabriel Campana Loureiro – Bahia Lúcio Rogerio Botelho – Rio de Janeiro Marco Antonio Valle Agostini – Pernambuco Márcio Ribeiro Gonsalves – Minas Gerais Marcus Vinicius Iatslv – Paraná Rafael Dornelas Coradini – Rio Grande do Sul Reginaldo Fernando Ravelli – São Paulo Ricardo de Almeida Lima – Paraná Vinicius Grigolo - Paraná *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

5 Cervejas inglesas que você vai querer dizer: Salve a Rainha! (Por Rivaldo Neto) Read More »

Saia do estresse

O exaustivo estilo de vida pós-moderno e o acúmulo de atividades na rotina parecem levar as pessoas a um destino inevitável: o estresse. Essa teoria, no entanto, não é uma verdade absoluta e há várias formas de evitar ou, pelo menos, amenizar os efeitos do cotidiano estressante. Quando a tensão emocional se torna constante, pode causar um desgaste extremo a ponto de evoluir para diversas doenças físicas e psicológicas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia e Controle do Estresse (IPCS) em todo o Brasil revelou que cerca de 52% dos entrevistados disseram ter ou já ter tido o diagnóstico de estresse. De acordo com o instituto, trata-se de uma reação do organismo a situações que exigem esforço emocional para serem superadas. Quanto mais esse contexto durar ou quanto mais grave ele for, mais estressada a pessoa pode ficar. E, se ela não souber lidar com esse tipo de experiência, o corpo e a mente podem entrar em colapso. Entre os fatores que mais causam estresse nos brasileiros estão relacionamentos, problemas financeiros e sobrecarga de trabalho. O psiquiatra pernambucano Amaury Cantilino explica que o estresse pode desencadear uma reação fisiológica comum a todos os seres humanos, na qual o organismo produz substâncias que dão vigor e energia. "Essa reação envolve a liberação de noradrenalina, um neurotransmissor, pelo cérebro e do hormônio cortisol pelas glândulas adrenais. Juntos, os dois vão provocar efeitos no corpo, como aumento nas frequências cardíaca e respiratória, diminuição da circulação sanguínea e aumento da pressão arterial", conta. "Isso é algo com que conseguimos lidar razoavelmente bem em curto prazo. O problema é quando essas situações se tornam crônicas e o corpo começa a liberar as substâncias constantemente, durante semanas ou meses", revela Amaury Cantilino. Segundo ele, as reações se tornam crônicas, geralmente, porque as situações de estresse podem persistir durante um tempo ou porque o indivíduo não conseguiu recobrar o seu estado de funcionamento normal. "Então, vai ter uma exposição prolongada ao cortisol e à noradrenalina, o que vai gerar problemas", completa. Segundo estudos do IPCS, o processo do estresse emocional se desenvolve em quatro estágios. O primeiro é a fase de alerta, em que o cérebro produz uma quantidade saudável de substâncias que preparam o indivíduo a enfrentar emergências. Eventualmente, podem surgir dor muscular, azia, espinhas, nervosismo, ansiedade e inquietação, no entanto, se a causa do estresse desaparecer ou for solucionada, o organismo consegue sair do processo sem sequelas. O segundo estágio, a resistência, se desenvolve quando a situação de estresse persiste ou piora. Nesta fase, o corpo tenta resistir ao alto nível de tensão. Os sintomas principais são dificuldades com a memória e muito cansaço. Se o esforço a mais do organismo for suficiente para lidar com esse processo, o estresse pode ser eliminado com certa facilidade. Se o problema continuar, o corpo entra na terceira etapa do estresse, o estágio de quase-exaustão, e começa a sofrer um colapso gradual. É aí que a queda na qualidade de vida se torna bastante perceptível. Entre os sintomas, insônia, falta de libido, problemas de pele, queda de cabelo, gastrite ou úlcera, perda ou aumento de peso, apatia, cansaço mental, dificuldade de concentração, infecções ginecológicas, tumores, crises de pânico, pressão alta e alteração dos níveis de colesterol e triglicerídeos. O último estágio, da exaustão, engloba todos os sintomas da terceira fase, porém mais intensificados, impedindo a sensação de bem-estar no indivíduo. O organismo, desgastado e cansado, fica vulnerável a doenças graves, como depressão, diabetes, enfarte - levando à morte em casos extremos. Nessa etapa, a ajuda médica e psicológica é indispensável. Veja mais: Saiba como aliviar o estresse Confira como a meditação ajuda a combater o estresse. Seus benefícios foram comprovados por estudos científicos. Conheça a Síndrome de Burnout e as consequências do estresse no trabalho  

Saia do estresse Read More »