Rafael Dantas, Autor em Revista Algomais - a revista de Pernambuco - Página 418 de 435

Rafael Dantas

Rafael Dantas

Casa-Grande & Senzala – A comida como método social em Gilberto Freyre

  Gilberto se propõe a revelar “o seu” Nordeste ao leitor. Um Nordeste orientalizado a partir das matrizes lusas com os seus encontros com a China, Índia, Japão; e nas tradições moçárabes e judaicas. Um Nordeste da Zona da Mata de Pernambuco. Sim, Pernambuco como um foco possível e preferencial de Gilberto. O livro Casa-Grande & Senzala é também um depoimento vivencial de Gilberto, que mistura endoetnografias nos cenários do Recife. Assim, ele traz leituras e experiências familiares; também dá interpretações sentimentais; e ainda busca os sinais de uma região orientada pelo patriarcado que nasce na cana sacarina. É uma obra para muitas interpretações, para ser revisitada apontando-se para as cozinhas como experiências formais da identidade do brasileiro. Por ser um livro de vocação sensorial, sugiro ler algumas páginas ao sabor de um bolo de massa de mandioca, ou bebendo um boa cachaça, para que se possa assim ter um encontro hedonista ao gosto de Gilberto. Ele se revela hedonista quando traz de Ruth Benedict os seus conceitos de “apolíneo” e de “dionisíaco”. São encontros desejáveis e necessários ao tema açúcar, um tema nem sempre tão “doce”. Entender ainda que Gilberto tem suas preocupações literárias e estéticas com Casa-Grande & Senzala. Ele relata ambientes, festas, indumentárias, comidas, processos culinários, rituais de comensalidade. Gilberto tem um olhar iconográfico dominante, e recorre ao desenho e a pintura como processo de criação e de representação cultural. Estes imaginários estão nos textos, e se pode dizer que Casa-Grande & Senzala é um livro “cinematográfico”. E com este desejo visual, Gilberto mostra o melhor deste livro. Tudo acontece em contexto ecológico, na Mata Atlântica e nos canaviais, temas que mais tarde são aprofundados no livro Nordeste de Gilberto. Esta sociedade do século 19, exemplar em Casa-Grande & Senzala, é ampliada também em Sobrados e Mocambos, com um olhar mais urbano sobre a civilização que nasce do açúcar. Casa-Grande & Senzala mostra as histórias das “casas” e das pessoas que vivem nestas casas. Relata religiosidade, maneiras de fazer a comida, escolher os ingredientes; as muitas receitas de um Portugal já globalizado com as “grandes navegações” que aproximaram o Oriente do Ocidente. Esta obra de Gilberto mostra as festas, os rituais do plantio e da colheita da cana sacarina; os encontros de portugueses africanizados pelo Magreb, de povos nativos, de milhares de africanos da Costa, que revelam novos gostos e interpretações de sabores que se espalham pelas cozinhas, pelas mesas, num Brasil à boca. Gilberto quer apresentar um lugar possível do “trópico”.  Mostrar uma civilização onde o poder formal está no mando masculino. Contudo, este poder está também nas cozinhas, territórios consagrados ao mando feminino. Cozinhas na “Casa-Grande”, lugar onde as relações sociais são formalizadas na intimidade de espaços geradores de comidas, de um poder que se projeta no ato da alimentação. Gilberto revela os rituais das alimentações, inclusive dos “santos”, que são íntimos nestas relações sociais já à brasileira. O Menino Deus, para adoração e para o convívio com as crianças da “casa”, torna-se tão próximo que parece estar também se lambuzando de geleia de araçá. Outros doces são marcantes e, em especial, os “bolos”, tema que fundamenta o seu livro Açúcar, também dos anos 1930. Gilberto mostra o doce como um preparo feminino, marcado pela mulher lusa como uma atividade especial, pois o doce tem um preparo que vai muito além do açúcar. É um preparo de memórias ancestrais da história colonial lusa. O termo “doce” valoriza e qualifica aspectos sociais como, por exemplo, “você é um doce”; “te dou um doce”; tudo mostra o açúcar como formador de laços sociais, e isso também é retratado em Casa-Grande & Senzala. As referências dos sabores, a nova forma para se construir o paladar, o reconhecimento do que é o gosto gostoso, daquilo que chega de Portugal com os “gostos do mundo”, e se misturam com este Brasil de mandioca, de peixes, de milho, de pimentas frescas, e de muitos outros produtos da “terra”, produtos nativos. Gilberto, em Casa-Grande & Senzala, expõe uma sociedade que se revela à mesa. É assim que ele quer interpretar o brasileiro: “a partir da comida”. Casa-Grande & Senzala é uma construção formal de análise que está na tese Social life an Brazil in the middlle of the 19th Century para o título de Master Artium ou Master of Arts, Columbia University, 1922. Com certeza, em Gilberto, estão todos os sentimentos do gourmet, do antropólogo e do artista, todos reunidos na sua maneira pessoal de gostar do Recife. * Raul Lody é antropólogo.

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O poder da mulher que goza

*Por Beatriz Braga Somos viciados em sexo. Não apenas porque a indústria pornográfica movimenta muito dinheiro, mas porque o sexo está no epicentro das nossas vidas. Sexo vende moda, produtos, arte e nos define, em muitos momentos, enquanto indivíduos. Para um mundo tão obcecado pelo tema, somos bem ignorantes quando o assunto é o prazer feminino. Existe, por um lado, séculos de pesquisa científica dominada por homens. A noção de sexualidade que temos foi definida pela visão masculina do prazer e do sexo. Não é à toa que o clitóris ainda é muito ignorado e mal interpretado. O pai da psicanálise, Freud, por exemplo, foi um dos mais ferrenhos inimigos dessa exclusividade feminina. Por outro, a religião faz da sexualidade algo perverso que deve ser regrado. Através dela, aprendemos como, quando e com quais pessoas podemos dividir nossos desejos. O nome é um tabu, seu formato é misterioso, o cheiro é um problema e ao longo da história da humanidade “satisfazer uma mulher” é tido como algo tão difícil quanto correr uma maratona. Perseguida, piu-piu, xereca, procurada, dita-cuja, bacalhau, engole-espada, casa do caralho e siririca. A linguagem não mente. O que a mulher tem no meio das pernas ora é um asco, ora é um acessório, ora é um objeto não voador não identificado. No meio desse imbróglio de desconhecimento e culpa, vem Flaira Ferro. A artista pernambucana acaba de lançar o clipe divertido e importante “Coisa mais bonita”. A “coisa” é a famigerada masturbação feminina, cantada por Flaira de maneira desmistificada. “Não tem coisa mais bonita, nem coisa mais poderosa do que uma mulher que brilha, do que uma mulher que goza”, diz a música. O clipe é uma afronta. Primeiro, à visão patriarcal do corpo feminino, que deve ser discreto e misterioso. Sempre o “outro”, nunca o sujeito. Segundo, à educação galgada no “fecha a perna, menina”, que transforma a vulva em uma parte a ser silenciada. No vídeo, oito mulheres corajosas o suficiente para se expor em um mundo tão careta são filmadas no ato da masturbação (detalhe importante: nada foi fingido). Elas fazem um chamado ao autoconhecimento e, culminam, em sintonia, no orgasmo. O vídeo já passa de 120 mil visualizações no Youtube, chegou a ser retirado da plataforma por algumas horas e recebeu uma variedade críticas positivas e negativas. Enquanto o homem passa a vida brincando com o pênis, a mulher é ensinada a ter vergonha. Esse é um aspecto tão forte da nossa cultura que a labioplastia (cirurgia plástica da vagina) virou tendência nas mulheres que não gostam do aspecto de suas vulvas. O Brasil é o líder mundial no número de procedimentos do tipo, cujo visual mais procurado pelas pacientes é um clichê: batizado de “Barbie”, o objetivo é que os grandes lábios pareçam ao de uma boneca. Sexo trata-se de diversão para o homem; para a mulher, tantas vezes, significa dor. A sociedade não apenas nos priva do autoconhecimento, como também nos divide em duas categorias: a “feita pra casar” e a puta. A mulher que tem desejos, que fala sobre eles e que vai atrás deles é sempre a vadia. A que finge não tê-los é a mulher-modelo. A prostituição abraça essa mentalidade quando o homem recorre à profissional do sexo para não “manchar” a mulher “de respeito” com seus desejos. Isso é tão forte que, mesmo dentro da segurança - ou do que deveria ser - de um relacionamento, as mulheres ainda sofrem com o sexo. A psicóloga Sara McClelland, da Universidade de Michigan, descobriu que, ao questionar mulheres sobre suas vidas sexuais, elas mediam seus níveis de satisfação pelo fato do homem ter sido satisfeito ou não no ato. Quando perguntado aos homens, a grande maioria das respostas girava em torno de seu próprio gozo. Em A mulher de 30 anos, do escritor Balzac, a personagem Júlia definiu casamento como uma “prostituição legal”. Vez ou outra lembro dela, ao escutar histórias sobre o quanto sexo pode ser ruim para uma mulher, não importa o estado civil. Uma mulher dona da sua libido é uma ameaça ao patriarcado. Ela não depende do homem para sentir prazer e sabe que, ali embaixo, tem uma poderosa fonte de criatividade, impulso e vitalidade. Flaira canta o seu recado à parcela masculina que não quiser ficar para trás: “homem de verdade enxerga a beleza na mulher que é dona do próprio tesão”. De todas as histórias do Monólogos da Vagina, de Eve Ensler, lembro-me sempre da mulher de 72 anos que, quando finalmente encontrou seu clitóris, chorou. Não é à toa: ele tem 8 mil fibras nervosas, o dobro do pênis e é único órgão humano feito apenas para dar prazer. “Quem precisa de pistola quando se tem uma semiautomática?”, pergunta Natalie Angier em "Woman: an intimate geography". Nós encaramos o sexo como mais importante para o homem do que para mulher. A verdade é que é apenas mais fácil para eles reivindicarem isso. Para nós, somos sempre muito jovens, muito velhas, muito comprometidas, muito solteiras. Sempre muito, muito ou muito.  Está aí a importância desse clipe, de Flaira e dessas outras mulheres emponderadas que transformam o proibido na coisa mais bonita. A revolução será feminina e ela vai ser - tal como essa música - poética, forte, irreverente, irresistível e enérgica. E a melhor parte:  será irreversível. Confira o clipe da pernambucana Flaira Ferro que aborda o tabu do orgasmo feminino: Animação que explica o clitóris

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2018, que venha mais um ano feminista

*Por Beatriz Braga Em 2017, “feminismo” foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Merriam-Webster, devido ao aumento de 70% nas buscas pelo termo em relação a 2016. O ano que passou não foi fácil. Perdemos Mirella, Remís e outras milhares de anônimas silenciadas. Foi o ano que ouvi de uma amiga o relato doloroso de um estupro. Foi também o que chorei junto a outra grande mulher que amo e que teve o seu corpo invadido e sua liberdade violada por um homem. Dentro de um carro fechado, fizemos nossa alcova e olhamos, pequenas, o mundo. Mais homens impunes, mais mulheres tornando-se estatísticas. Sentimos raiva. Como não sentir raiva de cada homem que passa na rua? Que me olha com desrespeito, que tenta minimizar meu pequeno espaço no asfalto? Como não me irritar a cada machismo velado? A cada sinal de que o mundo não é bom lugar para ser mulher? Como não permanecer irritada, quando mulheres perdem vidas e energia porque os homens ao seu redor são legitimados pelo poder do seu sexo? Eu poderia me ater às dores, mas em 2017 entendi o que é ser mulher. As mulheres que eu conheço transformam dor em pilastras. Quiseram cortar os seus caules, mas elas são sementes de raízes profundas. São furacões e tempestades. São fênix e são muralhas. No ano passado, o presidente eleito dos Estados Unidos foi um homem que faz apologia ao estupro. Mas também em 2017, houve um dos maiores protestos femininos da história. A Marcha das Mulheres reuniu mais de 670 manifestações em mais de 20 países para dizer que Trump não é bem-vindo. Se a era é da hashtag, tivemos: #BalanceTonPorc (delete seu porco, em francês); #NiUnaAMenos (nenhuma a menos, em espanhol); #NãoÉNão #MexeuComUmaMexeuComTodas, #NãoSejaUmPorquê, #MeuMotoristaAbusador e #MeToo (eu também, em inglês). Essa última foi compartilhada mais de 6 milhões de vezes por mulheres relatando seus contos de assédio em vários lugares do planeta. A série da Netflix com 53 indicações ao Emmy, House of Cards, foi cancelada pelas acusações de abuso sobre seu ator principal. A máscara caiu para Kevin Spacey, Harvey Weinstein, Brett Ratner, Louis C.K, James Toback, George Takei, Adam Venit, Ben Aflleck, Dustin Hoffman, Jose Mayer e uma lista que só faz crescer. As mulheres e homens que os delataram foram eleitos “a personalidade do ano” pela revista Times. O movimento culminou, neste janeiro, em um The Golden Globes de luto, com mulheres vestidas de preto, alertando que o abuso e a desigualdade não serão mais tolerados. Na índia, a ministra da Mulher, inspirada pelo que acontece nos Estados Unidos, enviou uma carta a 25 diretores e atores pedindo respeito às profissionais de Bollywood. Na Arábia Saudita, as mulheres finalmente conquistaram o direito de dirigir veículos, proibição que era símbolo do machismo no país. Começamos o mês com a Islândia se tornando o primeiro país do mundo a colocar em vigor uma lei que legaliza a igualdade de salário entre homens e mulheres. Feminismo é a palavra do ano porque foi um dos assuntos mais comentados. O termo tem se tornado mais acessível. Estamos discutindo se Anitta é feminista ou não em roda de bares, simplesmente porque agora podemos. “Girlpower” é o novo “Ramones” e emponderamento feminino tem vendido bastante camiseta. Obviamente nem tudo é perfeito, muita coisa é lucro. O mais importante é que os grandes passos acontecem no cotidiano. Cada “não” é uma revolução. Em 2018 me comprometo a criticar menos e defender mais mulheres. Afinal, cada julgamento é uma contribuição para minha própria falta de liberdade, sou eu impondo a mim mesma uma lista de proibições. Comprometo-me a usar a tática de uma amiga e responderei com um “boa tarde” a cada cantada e olhada na rua. Perguntarei “estou fazendo isso porque eu quero?” cada vez que decidir ir a um salão de beleza. Tentarei olhar no espelho e ser mais gentil com meu corpo. Lerei livros escritos por mulheres. Verei filmes dirigidos por mulheres. Lerei mais poetisas. Escutarei mais cantoras. Ouvirei mais vozes femininas. Essa será o meu grande movimento. Enquanto empresária, me comprometo a jamais enxergar um útero como prejuízo. Usarei menos sutiens desconfortáveis e sapatos cruéis simplesmente porque não sou obrigada. A nada. Eu vou às ruas este ano, marchar ao lado de outras mulheres e revigorar o sentido de sororidade que tenho aprendido. Seguirei lendo as péssimas notícias de jornal e provavelmente terei conversas tão difíceis como as passadas. Mas estamos vivendo um momento importante para a posição da mulher no mundo. Segundo o Merriam-Webster, a busca pela palavra feminismo alcança picos relacionados aos acontecimentos na vida real, desde hashtags como o #MeToo a lançamentos de séries como The Handmaid´s Tale. Tudo importa para o que o movimento crie novos ninhos. Do mais importante comprometimento comigo mesma, escolho esse: permanecerei com raiva. Por enquanto, em tempos como esse, essa é a única resposta possível às estatísticas, aos fatos e ao quebra-cabeça do qual fazemos parte. Raiva é o que me conecta às milhares de mulheres ao redor do mundo, de todas línguas, classes, raças e idades. É o que fará de 2018 mais um ano feminista. Que venham os próximos doze meses e todas as pequenas e grandes revoluções que neles couberem.

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Uma lista incrível de livros escritos por mulheres

*Por Beatriz Braga Faltam duas semanas para 2017 acabar e percebo que ao caminhar em direção ao novo ano que bate na porta, carrego comigo as leituras fortes que fiz de mulheres poderosas nos últimos 12 meses. Suas palavras me colocaram para frente e me causaram pequenas e grandes revoluções pessoais. Com o suporte delas, fiz as pazes com meu corpo; com minhas celulites e “imperfeições”; aprendi a aceitar a minha biologia; tenho entendido que existe ganhos em ver o tempo se esvair das minhas mãos; e estou tentando reconhecer as origens e raízes machistas que me circundam, sendo esse o primeiro passo para transformá-las. Busco inspiração em livros escritos por mulheres e acredito que o ano que chega será melhor pelos frutos que colhi desses encontros. Deixo aqui, pois, a minha lista de obras que li e revisitei em 2017 e levarei na bagagem para um novo ciclo mais empoderado. Aproveitando o timing do fim de ano para, quem sabe, inspirar algum presente legal por aí. 1) PERDAS E GANHOS | Lya Luft A minha frase preferida do livro é essa aqui: “A felicidade é assim: cada um, a cada dia, aceita a que o mercado lhe oferece… ou determina a sua”. A citação fica mais poderosa depois da leitura que nos traz a sugestão deliciosa de receber a passagem do tempo de forma mais tranquila e sábia. Entender que a vida, a cada ano que passa, apesar das perdas, também significa uma sucessão de vantagens. A felicidade, para Lya, é possível quando aceitamos que ela também contempla a dor, a  crueldade e  a maldade ao nosso redor. Uma passagem autobiográfica, de reflexões, desabafos e conselhos. 2) LUA VERMELHA | Miranda Gray Me indicaram esse livro na Benção do Útero e é uma ótima fonte de autoconhecimento. Somos também o que acontece dentro de nós, sangue, ciclo e natureza. O livro nos ajuda a desmistificar os estigmas que recebemos ao longo da vida sobre nós mesmas: histéricas; a menstruação vista como tabu; vergonha, pudor e etc. Miranda Gray, a criadora da Benção - movimento que acontece durante a lua cheia no mundo inteiro - explora arquétipos do ciclo menstrual e nos oferece uma visão mais plena para enxergarmos a nós e outras mulheres. Aquela sábia conclusão de que uma mulher que se conhece é imbatível. 3) TOMATES VERDES FRITOS | Fannie Flagg Esse romance clássico foi meu grande companheiro em 2017. Leve, inspirador e uma delícia de ler. O livro conta a história do encontro de Evelyn, uma dona de casa frustrada, e Ninny, uma senhora falante que mora num lar para idosos. Juntas, elas vão revivendo histórias do passado de Ninny, que giram em volta da vida de uma casal de mulheres,  Idgie e Ruth, e o café do qual são proprietárias. O livro trata, com doses de leveza e melancolia, questões pesadas, como assédio, racismo, machismo e família. Daquelas leituras de dar saudade e uma ótima fonte de inspiração para avançar por cima dos padrões impostos pelo mundo. 4) A SHORT HISTORY OF WOMEN | Kate Walbert Comprei esse livro em uma viagem aos Estados Unidos e não encontrei indicações da versão traduzida para português na internet. “A short history of women” traz crônicas sobre cinco gerações de mulheres da mesma família, levando em conta os diferentes cenários que cada uma se encontrava, desde do ano de 1914 até o começo dos anos 2000. Amei a narrativa, pois me deu mais uma noção do que venho me deparando nas conversas feministas que tenho por aí: o poder da nossa ancestralidade. Somos também o legado das mulheres que vieram antes de nós, seus traumas, dores e conquistas. O livro começa com a história de uma mulher que morreu após fazer greve de fome em nome da causa sufragista e vai mostrando o quanto o eco de suas escolhas influenciaram a vida das mulheres da sua linhagem. Mãe e filhas, esse poderoso vínculo de fortaleza. 5) O SEGUNDO SEXO | Simone de Beauvoir Se você é mulher, em algum momento sente ou entende que o seu lugar do mundo é definido pela forma que o homem enxerga a sociedade. Somos julgadas e vistas através do olhar masculino sobre o que é feminilidade, poder e mundo. Entender, estudar e buscar as pistas dessa relação da mulher com a vida ao seu redor é munição necessária para começarmos a mudar o cenário. É exatamente o que esse livro de Simone de Beauvoir é: necessário. 6) VAGINA, UMA BIOGRAFIA| Naomi Wolf O livro Vagina, de Naomi Wolf, foi alvo de muitas polêmicas quando foi lançado. O objetivo principal da obra é reformular a forma pela qual a vagina é entendida na sociedade machista. Cérebro e vagina estão plenamente conectados no corpo da mulher e é preciso levar isso em conta, uma vez que a vagina tem importância fundamental na consciência feminina. A obra é baseada em estudos científicos e na própria vida da autora.  Além disso, outros assuntos entram em jogo como a pornografia e suas consequências, sexo tântrico, estupro e etc. Vale muito a pena ler e fazer uma viagem (sem volta) para dentro. 7) MONÓLOGOS DA VAGINA | Eve Ensler Um livro leve que você vai devorar em uma semana. A obra super reproduzida nos teatros do mundo inteiro traz crônicas baseadas em histórias reais emocionantes, trágicas, hilárias e simplesmente femininas. Dar voz às mulheres em suas diferentes peles e sensações. A vagina ocupa papel de origem e central na narrativa que nos leva a refletir sobre a maneira como ela é vista e tratada no mundo inteiro. Divertido, instigante e comovente. 8) UM TETO TODO SEU Virginia Woolf buscou entender porque as bibliotecas estavam abarrotadas de livros escritos por homens e a visão da mulher sobre o mundo era escassa. Neste livro, baseado em suas palestras em universidades, Virginia discorre sobre o quanto a posição das mulheres no mundo influencia na sua capacidade de trabalhar e escrever. Uma das comparações famosas que ela faz na obra é o que

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E aí? Qual seu tipo de cerveja? (Por Rivaldo Neto)

De vez em quando em uma conversa com amigos quase sempre sou abordado com a seguinte pergunta: Qual tipo de cerveja artesanal eu devo começar? A pergunta parece de fácil resposta, mas não é. Isso também não quer dizer que existe dificuldade em respondê-la, também não é o caso. A grande questão é a complexidade da pergunta, pois isso gira muito em torno do que é mais simpático ao seu paladar. Podemos assim dar alguns passos básicos, dicas simples para descomplicar esse processo de descoberta dos estilos e sabores do variado mundo cervejeiro e assim o “iniciante” começa um delicioso caminho até escolher os tipos, estilos, harmonização e até qual cerveja cai bem em alguns tipos de climas. O interessante nesse processo é equilibrar e ir abrindo o leque. A maioria das pessoas já experimentou cervejas Pilsens, até porque era o tipo de cerveja fartamente mais encontrada nos bares, restaurantes e supermercados. Isso não quer dizer que devemos deixar a “loira”, de lado, muito pelo contrário, ela funciona como uma espécie de “farol guia”. Mesmo tendo esse ponto de partida, que podemos chamar de ponto de equilíbrio, abra sua mente para o que está por vir. Não seja muito ousado no começo, vá com rótulos mais leves e menos robustos, mas não tenha preconceitos. As cervejas artesanais tem sabores muito mais diversificados do que a maioria está acostumado a provar. Quando for a um local que venda esse tipo de bebida, procurar se informar. Se estiver em uma loja especializada, procure o vendedor para que o ele possa fazer uma breve descrição do rótulo escolhido. Existe muita literatura sobre cervejas hoje na internet, descrevendo as famílias e os estilos. Uma leitura mais profunda sobre o assunto vai agregar muito as suas escolhas e assim delimitar um caminho. Esse conhecimento permite que ela seja escolhida de forma mais direcionada e que possa ser julgada de acordo com a família à qual pertence. Se seu ponto de partida, depois desse processo, foi iniciar com uma Pilsen ou Lager, vá passando por etapas. Depois de familiarizado, a ideia é embarcar em rótulos mais intensos com sabores mais amargos por exemplo. Um ponto fundamental nesse processo são as taças e copos, adquira alguns. Tenho visto em lojas kits para cerveja com ao menos 4 tipos para determinados estilos de cerveja. Isso eu posso garantir, faz toda diferença. Apenas citando um exemplo: Se por exemplo, você quiser optar por uma cerveja Weiss, aquele longo copo vai proporcionar a você uma experiência totalmente diferente pelas características que ele possui e as necessidade que o estilo necessita para que os aromas da bebida sejam aproveitados da melhor forma possível. São dicas simples que vai ampliar seu paladar e o seu conhecimento cervejeiro, pode apostar. MUNDO CERVEJEIRO O golaço da Babylon Fui ao lançamento da Kaffe Amber Lager , da Cervejaria Babylon, que ocorreu na Kaffe Torrefação e Treinamento. De antemão posso dizer que foi um golaço da Babylon. Ela é uma mistura de malte com o cold brew feito na própria Kaffe. O cold brew é uma forma de extração do café a frio, sem contato algum com água quente. Tal processo é bem mais lento e cuidadoso e pode chegar a 18 horas. O resultado é uma cerveja deliciosamente leve, refrescante com uma espuma intensa, densa e de excelente cremosidade. Um show!    

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Será que dá pra aprender a gostar de cerveja? Por Rivaldo Neto

Em um passado não muito distante, quando os bares e restaurantes tinham uma escassa variedade de cervejas, muitas pessoas começavam a se aventurar nas bebidas alcoólicas, e assim, podemos dizer, definir seu paladar pessoal. Em sua maioria esmagadora, as cervejas eram compostas de cervejas Pilsens. Até com uma certa lógica, isso porque nosso clima tropical, e principalmente estando no Nordeste, a tendência natural era que partíssemos para algo mais leve e refrescante.     Com isso, grande parte das cervejas comercializadas nesse tempo eram claras e leves. O que acontecia era que, de certa forma, quando algumas pessoas experimentavam bebida e não gostavam, fechavam questão e diziam: Não gosto de cerveja! Mas será que realmente devemos “bater o pé” e fechar questão em cima disso? A resposta é: Jamais! Mas por que esse questionamento agora? Hoje com as cervejas caseiras, artesanais e a entrada de diversos rótulos importados, a bebida abriu um imenso leque de variedades em sua composição. Hoje, as cervejas variam demais de sabores! Os insumos são os mais diversos. Podemos ter uma cerveja com aroma de Churrasco, ou casca de laranja ou até bacon. Cervejas de trigo, Stouts com rapadura, e fruitsbiers com graviola e outras mais. São mais de 140 estilos. E vez por outra surgem outros.   E como gosto não se discute, nisso a velha frase se encaixa perfeitamente, já vi pessoas que não gostavam da Pilsen, abrirem uma IPA (que é um estilo muito mais robusto e intenso, com um alto índice de amargor) e simplesmente adorar. Pessoas que gostam de café começam a curtir cervejas Stouts. Nada mais lógico, até porque são escuras, aromáticas com um retrogosto intenso de café e grãos torrados. Então dê uma chance a seu paladar, libere sua imaginação e mergulhe nos novos sabores deste mundo criativo que a cerveja proporciona.   Mundo Cevejeiro O "mercado da cerveja artesanal de Pernambuco" foi o tema da reunião da Rede Gestão, realizada no dia 9 passado na TGI. O encontro contou com a presença Thomé Calmon, da Debron, Felipe Magalhães, da Babylon e presidente da Apecerva e Dante Peló Júnior, da Capunga.  

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Quem não lembra da Antárctica de Olinda?

Lembro de quando vi pela primeira vez um tipo de cerveja diferente das quais eu estava habituado a beber. As prateleiras eram restritas, poucos rótulos e uma ferrenha concorrência entre as cervejarias Antárctica e Brahma. Eram basicamente essas duas, pois aqui o mercado não era abastecido com variedades de rótulos. Vez por outro uma Cerpa (carinhosamente apelidada de “Cerpinha”, da cervejaria do Pará). Lembro quando a Brahma, em torno de 1985, lançou a Malt90. Eu e alguns amigos na época gostávamos dela, recordo que dizíamos que ela era “levinha”, em embalagens de 600ml e 300 ml, mas ela não foi bem aceita pelos consumidores e sua vida útil foi bem curta e logo foi retirada do mercado. Nos bares eram vendidas também garrafas de cerveja de 300ml, eram “buchudinhas”, chamadas de chopinho. Nos estádios de futebol eram comercializadas pelos gasoseiros (como era e ainda são chamados os vendedores de bebidas em isopor nos estádios). O ritual para por no copo era interessante, pois se abria a garrafa e mergulhava o gargalo no copo e, aos poucos, iam retirando até sair todo o líquido. Cervejas escuras basicamente apenas a Malzebier, que até hoje vemos no mercado, que é uma cerveja doce e caramelizada. Fazia parte do folclore dizer que fazia bem a mulheres grávidas, pois ajudava na amamentação. Um fato interessante é que na Alemanha ela não é considerada cerveja e sim um energético.   Mas voltando à “guerra” que existia entre Brahma e Antárctica, em que, pelos menos aqui em Pernambuco, a chamada “Antárctica de Olinda”, era disparadamente a mais apreciada. Era uma cerveja muito gostosa, uma pilsen que agradava muito o paladar de quem a bebia, se afirmava que o grande diferencial era a água que usava na sua produção, a água mineral Santa Mônica. Infelizmente, devido a uma questão fiscal, deixou de ser produzida aqui e por um tempo mudou a produção para a Paraíba. Quando isso ocorreu as últimas grades produzidas pela Cervejaria, sediada na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, eram muito disputadas, tendo até preços diferenciados e, para se certificar da sua procedência, conferia-se a tampa. Entre meus amigos cervejeiros tinham os que gostavam da Brahma, lógico, mas a mais popular era mesmo a Antárctica de Olinda.   Então para dar uma mexida no mercado em mais uma capítulo do que foi essa disputa acirrada, a Brahma lançou a Brahma-Extra. Era uma cerveja opaca, que chegávamos a ver os insumos dela no copo. Lembrava apenas na tonalidade uma weiss, mas bem mais clara. Não era fácil de se encontrar, mas ela era mais apreciada que a sua irmã, Brahma Chopp. Do lado da Antárctica veio a pilsen Extra. Pela tonalidade era parecia uma cerveja Ale, não tão avermelhada, mas bem mais encorpada, forte e saborosa. Era a que tinha a maior graduação entre todas. Era uma verdadeira disputa conseguir grades nas antigas distribuidoras, pois se dava-se a preferência de vendas para bares e restaurantes. Aposto que muita gente que leu esse relato lembrou de muitas experiências que viveu. Talvez quem não bebesse na época, pode ter se recordado do seu pai no domingo ou em um estádio de futebol, curtindo uma cerveja gelada. A tradição de consumir cervejas em Pernambuco é muito intensa, faz parte de nossa cultura, das nossas praias e do nosso convívio familiar. O alicerce do desenho do Polo Cervejeiro que hoje vive o Estado talvez venha daquela velha “Antarctica de Olinda” que você bebeu. O futuro agradece!

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Nove dicas de filmes irresistíveis

*Por Beatriz Braga De vez em quando eu penso em Wadjda. Ela queria ter uma bicicleta, mas vivia na Arábia Saudita, onde coisas muito simples são difíceis se você é uma garota. Seu melhor amigo tinha uma magrela e ela só descansaria quando ganhasse dele em uma corrida. Entre a menina de 12 anos e seu objeto de consumo existia um mundo machista e cruel. A bicicleta era seu ato de resistência. O filme é o "Sonho de Wadjda" e me lembro dele frequentemente, quando penso nas barreiras que enfrentamos no Ocidente por sermos mulheres. Visualizo nelas a bicicleta, penso na persistência da garota árabe e recarrego meu otimismo. Do mesmo jeito, toda vez que me enxergo presa às agruras da busca da beleza inalcançável ou da pressão da vida perfeita que nos rodeia, eu penso em Frances. Desajeitada, meio patética e sorridente dançando Bowie nas ruas de Nova York. Ninguém disse que seria fácil, então fazer o que? Bailemos! As personagens dos meus filmes preferidos me cercam no dia-a-dia, me energizam e me inspiram. De vez em quando, por exemplo, me encontro no carro com Thelma e Louise, naquela estrada revolucionária, afugentando os machismos encontrados pelo caminho. São tantas mulheres poderosas que me rodeiam, não apenas na vida real, mas na ficção também. Por isso decidi apresentar uma lista de filmes que me acompanha, quem sabe algumas personagens vocês ainda não conhecem e possam virar suas parceiras também. 1 - O SONHO DE WADJDA (2012) Foi o primeiro filme produzido dentro da Arábia Saudita e tem uma mulher como diretora, Haifaa A-Mansour. Wadjda é a garota que quer a bicicleta verde e tem atitudes que são pequenas revoluções no seu dia a dia, tais como usar tênis e ter um melhor amigo. O filme é a visão da vida das mulheres árabes aos olhos de uma garota que ainda está aprendendo o lugar que reservaram para ela. Ela não tem nada a ver com o mundo em que vive e isso é lindo, inspirador e delicioso. Um filme que você não verá o tempo passar e talvez leve para sua vida como eu fiz. 2 - TRANSPARENT (2014) Existe vida além do Netflix! O melhor seriado lançado nos últimos tempos é produção da Amazon (disponível no Amazon Prime Video) e já está na quarta temporada. Recomendo que você não fique mais nem um dia sem assisti-lo. A trama conta a história de um pai de três filhos, Morton, que decide assumir a identidade na qual se reconhece, Maura. O começo não é fácil, mas o relato delicado, sensível e divertido do dia a dia da família vai mostrando a evolução dos personagens, que vão confrontando suas próprias sexualidades e preconceitos. "Transparent" (perceba o jogo de palavras) fala sobre família, autoconhecimento, coragem, afeto e amor. Não lembro de nenhum outro seriado que tratou o tema tão bem como esse. Além de importantíssimo, é uma série leve e deliciosa de assistir. Vida longa à produção! 3 - SHE´S BEAUTIFUL WHEN SHE´S ANGRY (2014) Um documentário sobre as mulheres corajosas dos anos 1960, que fizeram parte da segunda onda do movimento feminista. O título é uma menção à forma condescendente com que somos tratadas em nossas lutas diárias, que ainda persiste neste século, assim como muitas das pautas retratadas no filme. O documentário é uma ótima introdução a nomes importantes da briga pelos direitos femininos. Além de ser uma lembrança de que avançamos muito por conta dessas mulheres e, em memória de suas lutas e esforços, é preciso persistir e continuar lutando. Disponível no Netflix. 4 - A MULHER MAIS ODIADA DOS ESTADOS UNIDOS (2017) Esse não é um dos melhores filmes que já vi, mas o considero bem importante, principalmente para nós, brasileiros. Se você tiver um tempinho, conheça a história de Madalyn Murray O’Hair, que militou em favor da causa ateísta, tornando-se odiada por muitos cristãos nos Estados Unidos. Um assunto que deveria ser discutido no nosso país, mas é deixado de lado. Enquanto isso vemos a religião tomar o lugar da política de forma muito perigosa. Madalyn foi a criadora da associação Ateus Americanos e conseguiu feitos como acabar com a oração matinal e a leitura da Bíblia das escolas onde vivia. A mulher decidiu agir quando seu filho disse uma frase que volta e meia me vem à cabeça: “Você sempre diz o que há de errado com as pessoas, mas nunca faz nada a respeito. Você só reclama”. Disponível no Netflix. 5 - FRANCES HA (2012) Frances já não é tão nova e ainda não tem um rumo certo na vida. Desajeitada, muito bem humorada, se mete em situações desastrosas e patéticas, sem perder a vocação para sonhadora e o sorriso no rosto. A protagonista vai aprendendo que os planos que tinha nem sempre foram os mais certeiros, ao mesmo tempo em que o resto das pessoas parece estar com o futuro todo organizado. A trilha sonora é maravilhosa, a protagonista é adorável e acho que, em algum momento, é sempre possível nos identificarmos com Frances. Uma comédia com toques dramáticos, amável e inspiradora. A vida nem sempre vai “dar certo”, mas Frances nos lembra que o importante é não perder o gingado. Disponível no Netflix. 6 - AS SUFRAGISTAS (2015) Estrelado, dirigido e produzido por mulheres. "As Sufragistas" conta a história do grupo de mulheres britânicas que lutou contra o sistema machista inglês no começo do século passado. Elas sabiam que eram dignas do voto e resolveram lutar por isso, mesmo que significasse uma vida de prisões, perseguições e sofrimentos. Tudo para que, hoje, esse direito também seja nosso. Inicialmente pacífico, o movimento recebe respostas truculentas da polícia e responde na mesma moeda. “A guerra é a única coisa que o homem ouve. Vocês nos bateram e nos traíram e agora não nos sobrou mais nada”, diz a protagonista, Maud Watts. Quando o filme acaba, a tela em preto é um soco no estômago. Sobe uma lista com datas nas quais o sufrágio feminino foi

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A crônica da cervejeira. Vale a pena investir em uma? (por Rivaldo Neto)

Tudo que é acessório relativo ao consumo de cervejas para o cervejeiro de plantão é um item de desejo. Já falei de alguns aqui na coluna. Mas todos os dias novos e novos produtos inundam o mercado com criatividade e descontração. Mas acredito que realmente a “joia da coroa” sejam as desejadas cervejeiras. Ela é uma espécie de “Santo Graal”, venerada e amada. Essas pequenas geladeiras são responsáveis por deixar sua bebida na temperatura certa, se enquadrando no divertido ritual de tomar uma cerveja adequadamente refrigerada para ser consumida de uma forma em que todos os insumos possam ser devidamente preservados. Mas enfim, vou contar um pouco da minha experiência se realmente vale a pena fazer esse investimento, pois não são baratas afinal de contas. A primeira vez que vi uma cervejeira, faz algum tempo, foi numa loja no shopping. Lembro que fiquei meio que em encantamento, mas quando vi o preço do “brinquedinho” me assustei. Custava em torno de R$ 2.300, mas depois do lançamento de algumas outras marcas e com o passar do tempo, o preço caiu em torno de R$ 1 mil e comecei a cogitar em adquirir uma. Recentemente, Tiago, um amigo com a mesma paixão por cervejas, me mostrou uma foto e falou: “Olha o que eu comprei pra pôr na sala, chega essa semana”, relatou orgulhoso. Naquele momento eu resolvi que teria uma e que isso seria apenas uma questão de tempo. Depois da "permissão conjugal" para compra, comecei a pesquisa quase que diária para comprá-la. Escolhi o modelo e fiquei monitorando o produto, pois tinha meses em que subia de preço e em outros baixava. Em um determinado momento, ela entrou no patamar que eu desejava. Efetuei a compra e fiquei aguardando o prazo de entrega de 16 intermináveis dias úteis. Terminado o prazo, a empresa me avisou que em meia hora faria a entrega, e que teria de ter alguém para receber. Quando o interfone toca e a voz do interfone fala: “É uma encomenda, uma cervejeira, é pra o senhor?”. Eu mais que apressadamente dei o “ok” e fiquei aguardando. Era um sensação estranha e engraçada. Eu aguardando no corredor para vê-la adentrar. Sendo conduzida. Parecia uma espécie de “casamento”, com a sensação do noivo, no caso eu, de barriga fria. Ao aparecer, ela realmente era tudo que eu esperava. Desembalei com o entregador, coloquei no canto da sala, peguei um boneco do Hommer Simpson, devidamente separado para ficar acima dela com uma lata de cerveja da mão para decorar o “altar cervejeiro”. Fui alertado para o entregador que só após 2 horas é que poderia ligá-la, procedimento comum de eletros que trabalham com gás quando são transportados. Voltei ao trabalho e retornando à noite para casa já com várias cervejas para serem devidamente distribuídas dentro dela. No caso do modelo que escolhi,  é muito silencioso e funciona assim: Possuí 5 níveis de temperaturas, (4°C, 2°C, 0°,-2°C e -4ºC), o que pode variar de acordo com o estilo a ser consumido. Ela não ocupa muito espaço, mas mesmo assim possui uma boa capacidade de armazenamento. Podem ser colocadas até 60 longs necks, ou se preferir, 37 garrafas de 600 ml, ou então 75 latas. Como as prateleiras são móveis, cabem até 5 pequenos barris de cervejas. Ao mudar a temperatura para a desejada, ela fica piscando até estabilizá-la. Por fim, cerveja gelada, na temperatura ideal, na comodidade do lar com com todo o charme que um produto assim pode proporcionar. Vale a pena? Vale! Demais!!! *Rivaldo Neto é designer e apreciador de boas cervejas

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Empresa aposta em Pernambuco como futuro Polo Cervejeiro (por Rivaldo Neto)

“O oceano Atlântico é um braço do Capibaribe”, quem já ouviu essa frase sabe bem que é uma citação genuinamente pernambucana. Ela retrata bem a forma como o pernambucano se olha e se encara. Tudo da gente tem a divertida mania de meio que “exagerar” com alguns fatos, e quem sou eu pra dizer que não? Até que porque, como pernambucano, eu concordo com tudo (rs). Pois, saibam de mais uma grandiosidade pernambucana: a primeria cerveja artesanal das Américas foi produzida em Pernambuco pelo mestre-cervejeiro Dirck Dicx, trazido pelo Conde Maurício de Nassau durante o domínio holandês. Pelo menos assim reza a lenda. É com esse pensamento Jadir Rocha, Ilceu Dimer e Luciano Fialho entraram nessa sintonia da pernambucanidade e apresentaram na última segunda, dia 18/09, na Beerdock de Boa Viagem, a Dimer e Fialho Consulting. Trata-se da primeira Consultoria com expertise no produto “Cerveja Artesanal”. Nascida de uma fusão da pernambucana Contti Auditoria e Consultoria Contábil e a gaúcha Dimer Consultoria. A ideia é prestar um serviço completo no que diz respeito a cervejas artesanais, tanto aqui quanto em outras regiões. Desde um planejamento estratégico geral para criação de um plano de negócio, contando também com toda a assessoria necessária para a sua implementação. O potencial é realmente promissor pelo simples fato do Brasil ser o terceiro maior produtor de cervejas artesanais do mundo. Sendo que 91% destas se encontram no Sul/Sudeste do País. Ou seja, um vasto mercado ainda se encontra aberto para que seja explorado. O mercado de cervejas artesanais vem crescendo anualmente, mesmo em tempos de crise econômica. Alguns anos mostrou diminuição no crescimento e não de queda, o que mostra que o setor vem realmente se consolidando e dando passos importantes e profissionalizando suas operações. Para se ter uma ideia, em 2005 havia no país 46 cervejarias artesanais, na última contagem em 2015 já contava com 372. Um crescimento absoluto de impressionantes 700%. Com números tão animadores um dos objetivos da consultoria é impulsionar Pernambuco a se tornar um Polo Cervejeiro e com isso se tornar referência no Norte/Nordeste. Atualmente Pernambuco conta com nove cervejarias artesanais (não estou contando as informais)  que produzem e comercializam seus rótulos, são elas: DeBron, Ekäut, Capunga, Duvália, Babylon, Patt Lou, Pernambucana, Haus (Petrolina). Em outubro tem início de produção a Navegantes, a caçula do seleto grupo. Potencial e talento nosso Estado tem de sobra, Nassau nos fez um grande favor em trazer Dirck Dicx para nos inspirar, mãos à obra! *Rivaldo Neto é designer e apreciador de boas cervejas (neto@revistaalgomais.com.br)

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