Rafael Dantas, Autor em Revista Algomais - a revista de Pernambuco - Página 424 de 435

Rafael Dantas

Rafael Dantas

Jovens empreendedores estão otimistas

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que o otimismo e a autoconfiança são duas das principais características dos jovens empreendedores no Brasil. Embora a maioria absoluta (62,2%) dos entrevistados tenha percebido que a situação econômica do Brasil piorou no início de 2016 na comparação com o ano passado, inclusive com reflexos negativos em suas empresas, no que depender da expectativa dos jovens empreendedores, a economia brasileira não terá o ano complicado que os analistas de mercado projetam. Quase a metade dos entrevistados (49,9%) afirma estar confiante com os rumos da economia, enquanto apenas 28% estão pessimistas. A expectativa positiva para 2016 é ainda maior quando os empresários imaginam qual será o desempenho do seu próprio negócio: 67,3% estão confiantes e apenas 10,9% se dizem pessimistas. A pesquisa aponta, ainda, que 78,3% dos entrevistados acreditam que o faturamento de sua empresa irá crescer nos próximos cinco anos, sendo que a dedicação pessoal e o empenho do entrevistado (81,1%) são as principais justificativas. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, confiar em si mesmo é fundamental para se desenvolver como empresário, mas não é o suficiente: "A pesquisa revela um retrato interessante do jovem empresário, ao mostrar sua garra e crença no próprio potencial como motor do crescimento da empresa, mas isso por si só não basta. É preciso preparar-se e estar sempre atento ao cenário econômico para evitar riscos para o negócio. Mesmo os empresários mais confiantes precisam ter a humildade de reconhecer que o conhecimento do mercado é imprescindível", afirma a economista. Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a percepção dos jovens empreendedores de que a situação econômica vai melhorar pode estar relacionada ao aprofundamento da crise. "É como se na percepção desses empresários o país já tivesse chegado ao fundo do poço e que daqui em diante, a realidade da situação vai requerer algum tipo de mudança. Pode parecer contraditório, mas apesar do ambiente econômico adverso para 2016, uma quantidade considerável de empresários está confiante com relação aos seus negócios. Isso pode se explicar pelo fato de que muitos deles acreditam que com empenho pessoal, dedicação e uma dose de criatividade é possível driblar as dificuldades impostas pela crise", afirma Pinheiro. 35,6% dos jovens empreendedores vão investir mais neste ano O otimismo dos jovens empreendedores se reflete, em parte, na disposição para realizar investimentos: três em cada dez empreendedores (35,6%) pretendem investir mais em 2016, na comparação com o ano passado, enquanto 17,3% manterão o mesmo nível de recursos empregados. Para 23,6% haverá redução no montante de recursos investidos ou nem haverá investimentos. Os empreendedores indecisos também somam 23,6%. Considerando somente os que pretendem investir em 2016, as ações mais mencionados são compra de equipamentos, como maquinário e computadores (29,3%), investimentos em mídia e propaganda (27,2%), ampliação do estoque (25,1%) e qualificação da mão de obra (25,0%). O capital próprio (73,4%) será o principal recurso utilizado para os investimentos em 2016, muito a frente do microcrédito (6,0%) e do financiamento (4,3%). A predominância dos recursos próprios dos empreendedores para a realização dos investimentos tem relação direta com a dificuldade que esses empresários enfrentam para contratar linhas de financiamentos vantajosas ao seu negócio. Quatro em cada dez empresários ouvidos (42,5%) garantem que está difícil conseguir um empréstimo ou financiamento, ao passo que somente 13,6% vão em direção contrária, ao dizer que está fácil. Apenas 25% não sentiram efeitos da crise. Maior temor é ficar endividado Mesmo com a boa dose de autoconfiança, a pesquisa revela que os jovens empreendedores não deixam de demonstrar preocupações com o futuro da empresa. De acordo com o levantamento, o maior temor dos empreendedores é não conseguir honrar os compromissos financeiros e acabar ficando endividado (22,3%), seguido por não crescer como o esperado (19,8%), ter de fechar o negócio (19,8%) ou ser obrigado a voltar ao mercado de trabalho como funcionário assalariado (18,2%). As consequências negativas da deterioração da conjuntura econômica não passaram despercebidas pelos jovens empreendedores. Apenas 25% dos empresários consultados pelo SPC Brasil garantem não ter sofrido qualquer impacto no desempenho de suas empresas em função da crise. Para 36,0% dos empresários ouvidos houve piora nas condições gerais do seu negócio ao longo do ano passado, enquanto 21,7% notaram melhora no desempenho de suas empresas. A percepção negativa é mais acentuada nas regiões Sudeste (42,3%), Sul (40,4%) e Centro-Oeste (35,1%). Já os otimistas estão concentrados principalmente nas regiões Nordeste (27,9%) e Norte (25,9%). Para 38,7% dos entrevistados não houve alteração na performance da empresa de um ano para o outro. A queda no faturamento (37,7%), diminuição das vendas (29,7%), menor margem de lucro (18,6%), dificuldade para fazer reserva financeira (12,8%), aumento da inadimplência dos clientes (11,4%) e ter de demitir funcionários (9,4%) foram os problemas mais sentidos pelos entrevistados ao longo do ano passado. Os obstáculos enfrentados também fizeram com que alguns projetos tivessem de ser abortados em 2015, sendo que os mais citados foram a expansão das vendas (26,2%), realização de reforma (17,1%), compra de equipamentos (11,9%) e pagamento de dívidas (11,6%). Carga tributária é a principal barreira para o crescimento O estudo mostra ainda que a estrutura e a carga tributária são os principais alvos de reclamações dos jovens empreendedores. Quatro em cada dez (43,8%) entrevistados sentem falta de políticas públicas que facilitem o pagamento de impostos e 36,3% acreditam que deveria haver uma redução dos tributos e impostos cobrados de empresas que são geridas por jovens. Há ainda um percentual elevado (39,5%) de entrevistados que pedem mais cursos gratuitos para novos empresários sobre gestão, finanças, planejamento e tecnologias. Metodologia A pesquisa analisa as percepções sobre o cenário econômico, bem como as expectativas para o futuro, na visão dos jovens empreendedores. Foram entrevistados 788 residentes de todas as regiões brasileiras, com idade entre 18 e 34 anos, de ambos os sexos, e que possuem um negócio próprio. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais e a margem de confiança, de 95%.

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Câmara comemora dez anos da revista Algomais

Celebrar a consolidação de uma revista que, há dez anos, oferece informações e análises sobre política, economia e cultura ao povo pernambucano. Foi com essa motivação que a Câmara do Recife, por iniciativa do vereador André Régis (PSDB), promoveu uma reunião solene nesta quarta-feira (30) na Casa de José Mariano. Para comemorar a primeira década de atividade da Algomais, integrantes da revista confraternizaram com admiradores, representantes do poder público e de veículos de comunicação. Em sua 120ª edição, a publicação conta com uma tiragem mensal de 12 mil exemplares. Em suas páginas, figuram desde março de 2006 pautas discutidas por um conselho editorial e que versam sobre histórias de sucesso e temas relevantes sobre o passado e o futuro de Pernambuco. Ex-colunista da Algomais, André Régis falou sobre sua participação na revista e da admiração que nutre por ela. “Há dez anos eu recebi um telefonema do jornalista Antônio Magalhães pedindo para conversar sobre um projeto. Ele me convidou para ser colunista de uma revista que iria surgir”, contou o vereador. “Foi um estímulo do ponto de vista intelectual. Tenho muita honra de ter no currículo alguns artigos que foram publicados na revista”, disse. André Régis fez questão de destacar o sucesso da empreitada editorial e sua longevidade. “Além de ser uma revista, ela é um empreendimento. Dez anos de um empreendimento é algo que, no Brasil, precisa de um ato de comemoração. Vivemos em uma sociedade em que o ambiente de negócio é muito difícil. É preciso que haja perseverança, estratégia e compromisso para que um produto ultrapasse a marca de uma década”, analisou o parlamentar. Após receber uma placa comemorativa, o diretor executivo da Algomais, Sérgio Moury Fernandes, agradeceu a honraria e falou sobre o papel social da publicação. “Temos orgulho do que fazemos e do espaço que ocupamos na vida de cada um de vocês que buscam na Algomais conteúdo além do que o noticiário político, econômico ou social pode trazer”, destacou. Agradecimentos à equipe, colaboradores, colunistas e demais envolvidos também constaram no discurso do diretor executivo. De acordo com ele, a constituição de um Conselho Estratégico para discutir os desafios de Pernambuco também vai comemorar, nos próximos dias, os dez anos da revista.

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UFPE lança livro sobre lideranças protestantes

A Editora da UFPE lançou o livro Lideranças Protestantes do Brasil - Ensaios Biográficos. A publicação, disponível em formato digital, foi organizada pelos pesquisadores Ester Fraga Vilas-Bôas, Newton Darwin de Andrade Cabral e José Roberto de Souza. A história de diversos pastores e reverendos do meio evangélico brasileiro estão contadas nas páginas no livro. Destacamos alguns nomes nordestinos, como Robinson Cavalcanti e Jerônimo Gueiros. "As pessoas aqui reunidas, por mais diferentes que sejam umas das outras, têm como denominador comum, o situarem-se no mundo do protestantismo histórico. No Brasil, como lideranças que foram, importa suas experiências desenvolvidas como especialistas na administração do sagrado, bem como intelectuais que marcaram posição no âmbito das suas instituições religiosas", afirmou no prefácio o sociólogo Drance Elias da Silva. Lideranças Protestantes do Brasil - Ensaios Biográficos tem textos de Emerson Silveira, Leonildo Campos, Sérgio Dusilek, Micheline Reinaux de Vasconcelos, Alderi Souza de Matos, Julio Cesar Tavares Dias, José Roberto de Souza, Ester Fraga Vilas-Bôas, Marco Ananias Ferreira, Maurício Amazonas, Newton Darwin de Andrade Cabral, Magali do Nascimento, Roberto Motta, Edjaelson Pedro da Silva e Alexander Fajardo.

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O que esperar de um político cristão?

Por Thiago Oliveira* Lugar De cristão é na política? E porque não seria? Uma das coisas que herdamos da reforma é que toda vocação, inclusive a política, glorifica a Deus. João Calvino dedica parte de sua obra máxima, as Institutas, para falar sobre política e enaltece o trabalho dos magistrados, isto é, os que integram o poder do Estado. O próprio apóstolo Paulo diz que os governantes são servos de Deus e que sua autoridade é derivada do próprio SENHOR. Ademais, os cristãos foram chamados para exercer o que na teologia chamamos de “mandato cultural”. Exercer este mandato é se integrar ao mundo criado por Deus e administrá-lo com excelência, observando as leis divinas para o louvor do Criador. O poder político está intensamente ligado ao mandato cultural dos homens. No entanto, precisamos ressaltar que a postura política de um cristão deve ser íntegra e se ele almeja participar do poder político, deve manter-se fiel a ética contida na Bíblia Sagrada e por ela se guiar. Infelizmente, muitos políticos que se denominam evangélicos, têm dado um mau testemunho, parecendo ignorar o preceito bíblico de que deveriam ser luzeiros deste mundo. Muitos, não todos, fazem das igrejas um curral eleitoral e cumprem seus mandatos beneficiando apenas os seus eleitores “crentes”. Eles promovem eventos como “marchas para Jesus” e “dia da consciência evangélica”. Fazem shows com os mais famosos artistas do segmento Gospel e elaboram projetos que não saem da órbita evangelical. Isso está errado e a Bíblia demonstra isso com exemplos. José quando esteve no Egito era autoridade destacada. Acima dele apenas faraó. Ao interpretar o sonho do soberano egípcio e prever que haveria sete anos de fartura seguidos de sete anos de seca, teve a ideia de estocar alimentos para que quando viesse o período das “vacas magras”, o povo egípcio tivesse como se alimentar. Além do mais, povos vizinhos também puderam comprar alimentos e assim ir sobrevivendo num período de imensa dificuldade. José, um hebreu, na posição política que exercia tratou de realizar um bem comum. Toda a população - e não um segmento dela - foi beneficiada com aquele empreendimento. De igual modo, Daniel foi um administrador politico do império persa. Ele se destacou sobre os demais ao ponto do rei querer elevar a sua posição e coloca-lo como administrador de todo o reino e não apenas de uma província. A Bíblia nos diz que o político Daniel era “fiel; não era desonesto nem negligente”(Dn 6:4). Outra passagem bíblica que não diretamente sobre governo, mas pode nos repassar um bom princípio, é Jeremias 29:7. O versículo diz o seguinte: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela". O contexto corresponde ao período do cativeiro da babilônia. O povo de Israel, deportado, teria de permanecer na cidade que não era a cidade santa de Jerusalém, mas a cidade de seus inimigos, e contribuir para a sua prosperidade. Foi uma ordem divina! Sabemos que para que um povo prospere, um cenário político favorável dá aquele empurrão para que as engrenagens da economia se movam a todo o vapor. Assim sendo, os judeus deveriam se envolver em toda e qualquer atividade que levasse a Babilônia ao caminho do progresso e da paz. Será que isso não envolve – em maior ou menor grau – um engajamento na esfera política? O que pretendo demonstrar citando tais exemplos escriturísticos é que aquele que ingressa na política deve exercer o seu papel sem segmentar o público alvo. Os benefícios derivados da atuação de um político cristão devem refletir em toda a sociedade. E dentro de nosso ambiente plural, um político cristão também governa para ateus e pessoas de outros credos. Ele tem que ser representante destes grupos também e atender as demandas mais urgentes da sociedade. Se um político é alguém que deveria, ao menos em tese, servir a população. Um cristão teria de ter uma atenção redobrada quanto a esta questão do servir, pois, este é o estilo de vida que o próprio Senhor Jesus adotou. O próprio disse que veio ao mundo para servir e não para ser servido (Mt 20:28). Além da Bíblia, podemos extrair da história bons exemplos de cristãos que foram excelentes políticos. Lord Shaftesbury (1801-1885) foi membro do parlamento inglês por mais de quarenta anos. Um homem dedicado às causas humanitárias. Ele criou lei em prol do bem estar daqueles que eram os mais explorados pela revolução industrial, sobretudo crianças e mulheres. Seus projetos de lei eram pensados para amparar os párias da sociedade. Embora conhecido como “o evangélico dos evangélicos”, teve uma atuação não segmentada e legislou para todo o povo, sem acepções. Que os políticos brasileiros que compõem a bancada evangélica (ou conservadora) sigam tais modelos de gestão e façam com que os seus mandatos sejam relevantes para a nossa sociedade como um todo. *Thiago Oliveira é historiador e especialista em ciência política

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Impulso na produção de famílias agricultoras

O ano de 2016 será de fortalecimento na convivência com o Semiárido para milhares de famílias agricultoras no Sertão pernambucano e região do São Francisco. As famílias, que já estão se beneficiando com as 3.975 cisternas construídas através do programa Pernambuco Mais Produtivo, agora poderão receber em suas comunidades outros dois tipos de tecnologias (implementações) de armazenamento de água e incremento à produção de alimentos. Ao todo, serão construídos 50 tanques de pedra e 20 barreiros lonados, além de 370 abrigos de armazenagem. Dos 19 municípios beneficiados pelas construções de cisternas, quatro já foram selecionados: Terra Nova, Salgueiro, Verdejante e Mirandiba. Uma das pessoas mais animadas é o agricultor e líder comunitário Reginaldo Daniel Damasceno, presidente da Associação do Assentamento Fênix (Sítio Tiririca), em Verdejante: “Na minha propriedade, eu já tenho tarefas de maracujá, sorgo, cana e outras, que só estão desenvolvendo por causa do sistema de gotejamento trazido com o projeto, já que o poço está com pouca água. Agora, nossa expectativa é a construção dos abrigos para armazenar a produção”, comemora Reginaldo, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf) local e vice-presidente do Conselho municipal. “Nesse momento, os sindicatos e lideranças comunitárias estão procurando em suas localidades as áreas mais propícias para receberem essas tecnologias. Após a indicação dos locais, a equipe técnica vai conferir de perto, fotografar e georreferenciar estes pontos para que se iniciem as construções”, destaca o coordenador do projeto, Salomão Jalfim. Ele ainda acrescenta que, com as chuvas que caíram no início do ano na região, praticamente todas as cisternas encheram e não houve reclamações de vazamentos, o que garantiu maior segurança às tecnologias construídas. O programa Pernambuco Mais Produtivo é desenvolvido através da Secretaria de Agricultura Familiar (SEAF) e Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (ProRural) do Governo do Estado de Pernambuco, com apoio da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). Nas regiões do Araripe e São Francisco, a Diaconia executa a iniciativa em parceria com a ONG CAATINGA. Conheça um pouco de cada tecnologia: Tanque de Pedra ou caldeirão (foto): tecnologia de uso comunitário construída em áreas rochosas (lajedos). São erguidas paredes na parte mais baixa ou ao redor da área da pedra, que servem como barreira para captação e acúmulo da água de chuva. O volume armazenado depende do tamanho e da profundidade do tanque, e serve para o consumo dos animais, plantações e afazeres domésticos, como a lavagem de roupa. Barreiro Lonado: tanque longo, estreito e fundo escavado no solo, que armazena água por mais tempo, diminuindo a evaporação durante a estiagem. Diferente do barreiro comum, o tipo lonado tem o seu fundo e superfície cobertos por uma lona plástica, com capacidade de armazenar mais de 150 mil litros. Abrigos de Armazenagem: pequenas casas de alvenaria (medindo 5 m x 2,5 m) que servirão para estocagem da produção. Esta demanda surgiu a partir do uso dos calçadões como terreiros de secagem de grãos.

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A esquecida rua do Imperador

Dentre as ruas que marcaram o centro do Recife, destaca-se a Rua do Imperador D. Pedro II, a primeira surgida na ilha entre os anos de 1606 e 1613, quando os frades franciscanos nela fizeram erguer o convento e uma igreja dedicada a Santo Antônio. Por ocasião da invasão holandesa, em 1630, foi o Convento de Santo Antônio cercado por muralhas e transformado no Forte Ernestus, uma fortificação retangular com quatro baluartes, dispondo de 19 canhões de diversos calibres. Nesta rua fixou residência o Conde João Maurício de Nassau-Siegen, que aqui chegou como governador do Brasil Holandês em 1637, ocupando uma casa então localizada na atual esquina da Rua Primeiro de Março. Nela o sábio Georg Marcgrave (1610-1648) instalou o primeiro observatório astronômico em terras das Américas e iniciou seus estudos sobre a fauna, flora e tipos humanos da região. Naquele local ele ergueu uma torre de observação em madeira, onde instalou o seu telescópio com o qual fez observações sobre o nosso céu e documentou o primeiro eclipse solar, ocorrido em 13 de novembro de 1640. No extremo norte da ilha, o Conde de Nassau fez erguer o Palácio das Torres (Friburgo) em 1642, rodeado por jardins, árvores frutíferas e dois grandes viveiros para criação de peixes, construindo assim um Jardim Zoobotânico destinado às experiências e estudos dos membros de sua comitiva de cientistas. O trajeto do caminho do palácio, margeado pelo Capibaribe, veio a ser aplainado e transformado em pista de esportes equestres (cavalhadas, corridas, etc.), sendo no seu extremo construído o templo religioso dos calvinistas franceses (1642). No final do século 17 foi criada a Ordem Terceira de São Francisco que iniciou a construção da monumental Capela Dourada dos Irmãos Noviços, construída entre 1695 e 1697, junto ao Convento Franciscano. Os Irmãos Terceiros de São Francisco, irmandade constituída pelos mais ricos comerciantes da então Vila de Santo Antônio do Recife (1709), logo iniciaram a construção do seu templo cujas obras se estenderam de 1702 a 1828. Em 1731 a primitiva Rua de São Francisco recebeu o prédio da Cadeia Pública (hoje ocupado pelo Arquivo Público Estadual) e, por conta dele, a denominação de Rua da Cadeia Nova, pois a primitiva prisão continuaria no bairro do Recife. O primitivo templo dos calvinistas passou a ser ocupado pelo Colégio dos Jesuítas (1686). Com a expulsão dos padres da Companhia de Jesus do Brasil (1757), o conjunto de prédios veio a ser ocupado pelo Palácio dos Governadores da Capitania, seguindo-se do Tribunal da Relação de Pernambuco e pela igreja do Divino Espírito Santo, esta a partir de 1855. No ano de 1859 o Recife recebe com grandes festas a Família Imperial Brasileira, que desfila em grande cortejo na então Rua do Colégio, naquele 22 de novembro. É nesta ocasião que o D. Pedro II, emocionado com a calorosa recepção quando do seu desembarque, haveria exclamado: “Pernambuco é um céu aberto...” A partir da visita da Família Imperial, a antiga Rua da Cadeia mudou seu nome para Rua do Imperador D. Pedro II. Com o centro religioso de devoção, com o Convento de Santo Antônio a receber, todas as terças-feiras, centenas de devotos, durante todo ano... Com suas calçadas largas a permitir a formação a um só tempo de dezenas de conglomerados de homens a falar de política, futebol, vida alheia, negócios e tanta coisa mais... Com os diversos centros administrativos no seu entorno, como o Palácio da Justiça, Fóruns Cível e Criminal, Secretaria da Fazenda, a secção regional da Ordem dos Advogados do Brasil, cartórios, repartições, redações de grandes jornais (Jornal do Commercio, 1919), instituições culturais (Gabinete Português de Leitura, 1850; Arquivo Público Estadual, 1945), bancos, escritórios de advocacia, casas comerciais, bares... Até recentemente, era a Rua do Imperador uma das mais movimentadas da cidade do Recife. A sua história, porém, se confunde com a própria história do Recife... As pedras do seu calçamento testemunharam o caminhar para a forca mártires das revoluções liberais, a exemplo de Agostinho Bezerra Cavalcanti e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1825)... Foi da sacada de um dos seus sobrados que o então estudante da Faculdade de Direito do Recife (que funcionava no prédio do antigo Colégio dos Jesuítas), Antônio de Castro Alves (1847-1871), conclamava a Mocidade Acadêmica naquele seu Improviso, quando da questão Ambrósio Portugal (1867): Moços! A inépcia nos chamou de estúpidos! Moços! O crime nos cobriu de sangue! Vós os luzeiros do paí­s, erguei-vos! Perante a infâmia ninguém fica exangue Protesto santo se levanta agora, De mim, de vós, da multidão, do povo; Somos da classe da justiça e brio, Não há mais classe ante esse crime novo! Sim! mesmo em face, da nação, da pátria, Nós nos erguemos com soberba fé! A lei sustenta o popular direito, Nós sustentamos o direito em pé!

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Sucesso de Miriam           

Depois de atuar na assessoria do pai, Julião Konrad, Miriam Konrad Viezze partiu para carreira solo e faz sucesso com a filial do The Black Angus que comanda no Shopping Recife, com espaço do restaurante e da loja de vinhos. E tem outros grandes projetos para este ano. Vendas Pesquisa do Portal Administradores, com cinco mil entrevista, revela que 70% das pessoas se incomodam muito ao serem recebidos numa loja com o tradicional "Olá, posso ajudar?", sempre acompanhado de um insistente sorriso meigo. Som ruim Cada vez mais comum encontrar aviões com serviço de som interno deficiente, não se conseguindo ouvir com clareza o que o comandante fala. Aprendizado Pouco a pouco os recifenses vão entendendo que é fundamental fazer a reserva de mesas nos restaurantes badalados, especialmente nas sextas e sábados. Muita gente ainda acaba voltando da porta por falta de lugar. Problema Os prefeitos das principais cidades do País estão com um problema comum: a alta geométrica do desemprego tem obrigado muita gente a abandonar planos de saúde e escola particulares dos filhos. Isto acarreta forte aumento nos custos da saúde pública e nas escolas municipais. Brilho feminino Silvana Aguiar Arruda herdou do pai, Severiano Aguiar o gosto pelo trabalho no turismo; da mãe, Glorinha Aguiar, a elegância, o dinamismo. Casada com Sérgio Arruda, forma um dos casais mais queridos da nossa sociedade. Depois da aposentadoria do pai, assumiu o comando da Sevagtur, uma das maiores agências de viagens do Estado, onde faz um trabalho dos mais competentes, com destaque para os grandes grupos que leva, todos os anos, para férias na Disney e excursões exclusivas no Carnaval. Faz parte de um grupo que constantemente realiza excursões de bicicleta, por roteiros charmosos na Europa. E é também, excelente anfitriã, especialmente em festas que faz na sua casa de Toquinho. Nova sede de Suape               O secretário Thiago Norões acompanha as obras de conclusão da nova sede de Suape, no seu complexo industrial e portuário. O prédio tem uma bela arquitetura e até um heliponto, que vai facilitar a visita de empresários que pretendam investir no espaço. Bacharéis Funcionam atualmente no Brasil mais de mil cursos de direito autorizados pelo Ministério da Educação. Só em São Paulo são 250. Em Pernambuco, 32, mas só três receberam o selo de qualidade da OAB: Damas, UFPE e Unicap. Moto O técnico do Santa Cruz, Marcelo Martelotti, costuma ir para os treinos da equipe a bordo de sua poderosa moto, que usa também nos seus passeios na cidade. Garante que pilota com toda precaução no trânsito.

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A MÍDIA

Pesquisa com 33 mil pessoas de 28 países, feita pela consultora Edelman, mostra que a mídia está bem na fita: globalmente subiu de 45% para 47% e, separadamente, no Brasil, de 51% para 54%. O GANDHI DESCONHECIDO Esta verdade nova vem por conta da jornalista e escritora Caitlin Moran. Ela lista um rosário de maus costumes de Gandhi, garantindo que pesquisou e conheceu o lado escuro do Mahatma, que na vida íntima familiar era fissurado por sexo e até capaz de gestos de crueldade. Nos quase 20 anos que viveu na África, praticou vários atos de racismo. Teria até afirmado que a população branca da África do Sul deveria predominar no país, fazendo dos negros minoria social. Quando foi preso, ficou revoltado por ter ficado na mesma prisão dos negros, e não para onde eram levados os brancos em reclusão. Ainda afirmam que o grande pacificador da Índia pouco se preocupava em ajudar aos que precisavam. E mais: Gandhi acreditava que a mulher era responsável por despertar e liberar a libido sexual do homem e dizia que o impulso sexual masculino era involuntário e incontrolável, cabendo ao sexo feminino preservar a sua sexualidade. Para tentar domar a sua libido, usou diversas meninas menores de idade, levando para a cama e dormindo nu até com uma sobrinha-neta. Foi publicado no livro Great Soul, de Joseph Lelyveld, que Gandhi teve experiências homossexuais, inclusive com o arquiteto judeu Hermann Kallenbach, por quem teria se apaixonado loucamente. A morte trágica e a propaganda pessoal teriam feito dele uma figura capaz de superar todos os erros e falhas. INCENTIVO À CULTURA O rico empresário Roberto Medina jogou R$ 6 milhões a mais no “pé do cipa”, convencendo o governo federal de que o superlucrativo Rock in Rio precisava de uma ajudazinha da Lei Rouanet. Quem precisa não recebe, mas quem tem a chave da porta do poder faz a água correr para o mar. DRAMÁTICA HISTÓRIA DE CHIFRE Vai sair um livro de Anna Sharp, neta de Ana Ribeiro, mulher de Euclides da Cunha. Como todos sabem, o autor de Os Sertões foi assassinado por Dilermando de Assis, que comia a mulher dele. Cunha descobriu o romance entre sua mulher e o garanhão que era oficial do Exército e campeão de tiro. Quando o escritor tentou a vingança, ele reagiu matando-o. Foi uma legítima defesa, no dia 15 de agosto de 1909. Alguns anos depois, o filho de Euclides da Cunha tentou vingar o pai, mas foi também assassinado pelo oficial Dilermando, macho da mãe dele. Agora a nova escritora vem contando que Euclides tratava a esposa, avó dela, muito mal desde o dia do casamento. Ela casou com 15 anos e, quando ele teve tuberculose, tentou obrigá-la a beber o seu sangue.

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O ciclo da economia de Pernambuco: 2005-2015

Ao longo dos dez anos de circulação da Revista Algomais, a economia de Pernambuco passou por mudanças na base produtiva e infraestrutura. Nos dois governos de Jarbas Vasconcelos (1999-2006) foram criadas as pré-condições políticas, os programas de desenvolvimento e as primeiras negociações que conduziram a um período de forte crescimento econômico durante o Governo Eduardo Campos (2007-2014) que ampliou e consolidou um ambiente de negócios que trouxe para Pernambuco um bloco de investimentos da ordem de R$ 105 bilhões, dois terços dos quais foram alocados ao setor industrial e endereçados, em grande parte, para Suape. Os governos do PSB ousaram politicamente para atrair esses investimentos, inovaram na gestão pública e assumiram para si e em parceria com o setor privado importantes investimentos em infraestrutura econômica, especialmente rodovias. Na segunda metade da década passada houve a feliz convergência de um bom desempenho das economias internacional e nacional, estabilidade macroeconômica e a chegada à maturidade dos investimentos realizados em Suape, fruto do esforço de sucessivos governos desde 1974. Durante o período 2005-2015, as taxas de crescimento anual do PIB de Pernambuco – à exceção do ano de 2007– situaram-se sempre acima das taxas brasileiras. Com isso o PIB por habitante cresceu 7,0%, em termos reais, entre 2010 e 2013. Mudanças na estrutura econômica do Estado ocorreram durante esse período. A construção civil avançou substancialmente pois a ela coube o papel de edificar e de instalar os novos equipamentos produtivos e de construir a nova infraestrutura. Assim, a participação da construção civil no PIB aumentou de 5,6%, em 2005, para 9,4%, em 2013, constituindo-se, nessa fase, no principal motor da economia pernambucana. Estavam sendo implantadas novas cadeias produtivas na economia do Estado e outras estavam se modernizando, gestando uma nova conformação do aparelho produtivo com a presença das indústrias naval, petróleo e gás, offshore e automotiva. As indústrias de alimentos e bebidas se modernizaram e se interiorizaram. Evidentemente que, concluídos esses investimentos e iniciadas as operações desses empreendimentos, estão sendo observadas mudanças graduais na estrutura econômica do Estado, fenômeno que foi desacelerado mais recentemente por causa da crise econômica. Esse dinamismo econômico se manifestou claramente nos indicadores do mercado de trabalho. A ocupação total, segundo a PNAD, cresceu 1,2% ao ano entre 2005 e 2014, liderado pelo pujante crescimento do emprego na construção civil que se expandiu no mesmo período à taxa de 7,1% anuais, seguido dos setores transporte, armazenagem e comunicação (6,1%) e de alojamento e alimentação (5,1%), que se beneficiaram da expansão dos investimentos puxada pela construção civil. Esses setores aumentaram sua importância relativa no conjunto da ocupação durante esse período: a construção civil elevou sua participação de 5,5%, em 2005, para 9,0% em 2014 enquanto os setores de transporte, armazenagem e comunicações e o de alojamento e alimentação subiram, respectivamente, de 4,3% para 6,4% e de 3,6% para 5,5%. Com a demanda por mão de obra em ascensão, especialmente nas ocupações de baixa e média qualificação da construção civil, o rendimento médio real de todos os trabalhos da população ocupada com 10 anos ou mais elevou-se ao ritmo de 5,4% ao ano, bem superior à apresentada para o País como um todo (4,1%), durante o período 2005-2014. Com isso taxa de desemprego caiu de 11,0%, em 2005, para 8,7% em 2014. O emprego formal também cresceu expressivamente durante esse período contribuindo para reduzir a taxa de informalidade no mercado de trabalho, uma característica estrutural da economia pernambucana. O estoque de emprego formal segundo a RAIS cresceu 4,4% ao ano entre 2005 e 2015, sendo que a construção civil se expandiu ao ritmo de 7,5% e os serviços e o comércio às taxas, respectivamente, de 6,3% e de 5,9% anuais. Esses crescimentos teriam sido bem mais expressivos durante o período não fosse o efeito da crise econômica que queimou 9,6 mil e 89,8 mil empregos com carteira, respectivamente, em 2014 e 2015. Isso significa que a crise extinguiu parte, mas ainda deixou intactos significativa parcela dos empregos gerados durante aquele período. Se houve um ciclo virtuoso de fatores que propiciaram um robusto crescimento da economia de Pernambuco no início do período que estamos analisando, ocorreu o inverso no seu final, ou seja, nos anos de 2014 e de 2015 quando a crise começou a manifestar seus primeiros impactos sobre o Estado. No rastro da economia mundial, ainda em recuperação da crise de 2008, a economia nacional, devido aos sucessivos equívocos e voluntarismo da política econômica do Governo Dilma, entrou em forte recessão. Pernambuco ficou exposto e absorveu os efeitos da retração no nível de atividade da economia brasileira. Além disso, a crise atingiu o Estado no momento em que o mercado de trabalho estava fragilizado pela grande desmobilização – previsível e inevitável – de mão de obra ocorrida em decorrência da conclusão da fase de implantação dos investimentos produtivos e em infraestrutura, especialmente em Suape. O mercado de trabalho foi pego, portanto, na fase de transição da implantação para a de funcionamento de vários empreendimentos produtivos e de infraestrutura. E finalmente, a economia estadual sofreu as consequências econômicas das investigações no âmbito da Operação Lava Jato. O envolvimento da Sete Brasil que, para produzir sondas que seriam alugadas a Petrobras, tinha feito várias encomendas ao Estaleiro Atlântico Sul, viu-se obrigada a cancelar contratos que desencadearam efeitos em cadeia que atingiram severamente a recém-instalada indústria naval e o setor metalmecânico da economia estadual. A Refinaria Abreu e Lima, por outro lado, ficou inconclusa. Os números são inequívocos: a economia estadual retrocedeu 2,2% entre janeiro e setembro de 2015 comparada com o mesmo período de 2014, o Estado perdeu quase 90 mil empregos em 2015, a taxa de desemprego voltou aos 11% no final de ano passado e o rendimento médio real do trabalho caiu quase 1% em termos reais, corroendo parte dos ganhos observados nos anos anteriores. Todavia, quando forem restabelecidas as condições políticas e econômicas para a retomada do crescimento, Pernambuco poderá se recuperar com mais rapidez devido ao grande bloco de investimentos feitos anteriormente, embora continuem a pairar incertezas

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“A vida toda serei um adolescente"

    Irrequieto, eloquente e bem-humorado, Alceu Valença esbanja uma vitalidade que nem parece que fará 70 anos em julho. Nesta conversa com Algomais ele fala do filme que está lançando, inspirado nas conversas sobre Lampião que ouvia na infância, das traquinagens de criança, de como Jean-Paul Bemondo o ajudou a conquistar garotas e da política das gravadoras. Como foi ser menino em São Bento do Una? Muito bom. Eu jogava pião, corria atrás de bezerros na fazenda, via os cavalos com os vaqueiros aboiando, via na feira os emboladores, os cegos que tocavam, os cordelistas cantando seus cordéis, as mentiras que contavam dos cangaceiros, dos circos que passavam, da discussão se Lampião era bandido ou herói. São Bento para mim é um mito em tudo: o mito da música, do Agreste, dos forrós. Isso tudo está no meu filme chamado A Luneta do Tempo, que vai ser passado, finalmente, no dia 24 de março no circuito comercial. Por que fazer cinema? Meu pai morreu, eu fui enterrá-lo e me lembrei muito do papo dele comigo sobre grupos como o de Lampião. Lembro de vovô que fez o folheto Patativa e Azulão com tio Lucilo. Por isso, talvez eu tenha feito um folheto chamado A Luneta do Tempo, que primeiro era cordel virtual, não um filme. A mitologia segura a gente. Lampião, Corisco são mitos, entre outras dezenas de mitos brasileiros. Meu filme é bem-feito, mas não tem estouros, essa coisa chata da indústria do entretenimento. Não suporto efeitos especiais. Verdade que você começou a cantar aos 4 anos? Foi no Cine Teatro Rex em São Bento do Una. O prêmio era uma caixa de sabonetes. Eu concorri mas perdi a caixa de sabonetes! Um outro menino cantou Granada e ganhou porque cantava melhor do que eu. Mamãe conta que eu não entendia o que era palco o que era plateia e quando o menino vencedor começou a cantar fiquei na frente rebolando, e fazendo o que se chama de bunda canastra (cambalhotas). Aí o público ficou louco por mim naquele momento e eu sem entender muito bem, porque eu queria me amostrar pra mamãe. Como foi o início nos estudos? Tia Bebete foi minha professora. Na primeira aula, achei chato demais, pedi para sair da aula para poder cuspir. Ela deixou e aí corri para casa. Fiquei embaixo de uma cama. De repente, Miau, meu gato, me viu chegou perto de mim e fiquei com ele horas e horas debaixo da cama. Depois fui morar em Garanhuns e estudar no Colégio Diocesano de Padre Adeumar da Mota Valença, que era o diretor do colégio. Depois vim para cá e fui morar na rua dos Palmares, onde eu via passar os frevos, os caboclinhos. Essa rua eu denominei num poema de “carnavalódroma”. O maestro Nelson Ferreira morava ao lado da minha casa e na frente morava o poeta Carlos Pena Filho, que era casado com Tânia Carneiro Leão, mulher muito bonita. Olhava o belo casal passeando na rua e pensei que se fosse poeta também poderia arranjar uma gata para mim. Ao lado esquerdo da minha casa morava Maria Parísio, cantora lírica. Nesse momento eu estudava no Colégio Nóbrega e fui expulso. Por que? Eu precisava de um ponto para poder passar em francês. O professor estava com marcação comigo. Eu tirei 10, 10, 10, mas depois eu não estudei muito, porque jogava basquete na seleção pernambucana infantil e juvenil e tive que viajar para o Paraná para jogar. Ele botou zero, zero, zero. Acontece que eu tinha sido escolhido para fazer um concurso para ir para França e ainda ia ganhar um dinheirinho. Mas não podia tirar nota baixa. Precisava de um ponto só. Pedi ao professor, bote um, preciso viajar. Ele não quis, aí disse: quer saber de uma coisa? Soque no cu! (risos) Fui expulso. E foi para onde? Para o colégio do professor Rodolfo Aureliano, um desembargador que era colega de meu pai, que era procurador. Nessa época eu ia para os carnavais no Clube Português, chegava perto das moças, mas elas me davam um chute. Comecei a me achar feio. Até que um dia surgem filmes da nouvelle vague e um deles era À bout de souffle (Acossado) , com Jean-Paul Belmondo. Era o novo galã, a nova estética. Eu era parecido com ele, só que mais bonito, porque na época em tinha um nariz direitinho e ele havia levado um murro e tinha um nariz quebrado. Eu ia para o cinema São Luiz e ali aprendi a fumar por causa dele – a pior coisa que fiz na minha vida. Eu fazia assim: (coloca a mão como se estivesse com cigarro entre os dedos e toca os lábios). As meninas diziam: “meu Deus do Céu ele é igual ao artista!”. Aí namorei muito por causa de Belmondo. Nessa época eu era muito botado para fora das salas de aula, de castigo. Mas eu devo muito a Dr. Aureliano porque ele me colocava na sala dele e ficava até duas horas da tarde tendo que ler. Ele me apresentou a livros de Jorge Amado, Graciliano Ramos. Ele mandava bilhetes para papai dizendo que eu tinha sido expulso da classe. Eu levava e falsificava a assinatura de papai e entregava no colégio. Até que um dia ele desconfiou e mandou a caderneta lá pra casa por um cara que trabalhava no colégio. Aí eu corri para casa, botei uns óculos, penteei o cabelo para trás para fingir que eu era meu irmão. Quando ele chegou ficou olhando pra mim e disse: sou do colégio Padre Félix. Perguntei: aconteceu alguma coisa com Alceu? Aí ele disse “é que Dr. Aureliano mandou isso aqui”. Eu assinei e ninguém soube, aliás papai soube algum tempo atrás (risos). Você se formou? Em direito, mas trabalhava como estagiário em jornalismo. Trabalhei na redação da Bloch e do Jornal do Brasil, onde falei muito bem de São Bento. Mas eu mentia muito. Para eu reescrever uma reportagem do Diario de Pernambuco

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