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Futebol feminino pode crescer com nova legislação para a modalidade

O futebol feminino no País pode apresentar um desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos. Tudo porque a Fifa (Federação Internacional de Futebol), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) decidiram que para participar dos campeonatos, os clubes precisarão ter uma equipe de categoria de base feminina ou se associar a um que já a tenha e seja estruturada. O prazo estabelecido para os times da série A foi até 2018 e os de outras divisões até 2019. “Com essa medida vai ser possível que em, aproximadamente quatro anos, tenhamos o mesmo nível de competitividade e qualificação do futebol feminino americano, que foi o que despontou mais rapidamente no mundo”, prevê o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho. Ele acredita que a Copas do Mundo feminina impulsionaram a decisão da Fifa, uma vez que houve um bom índice de audiência. A quantidade de times femininos, porém, ainda é pequena. Dos 20 clubes que irão disputar a Série A do Campeonato Brasileiro em 2017, somente oito possuem equipes formadas por mulheres. No Recife, dos três times principais, apenas Náutico e Sport estão com o feminino atuando. Em março de 2014, as jogadoras do Sport tinham encerrado os treinos e as competições devido à dificuldades financeiras. Elas só treinavam aos sábados e a maioria tinha outro emprego, porque não conseguia se sustentar como atletas. Em janeiro deste ano, o clube rubro-negro retornou com o feminino, por meio de investimentos (alimentação, hospedagem, pagamento − que antes não era oferecido). “Hoje, posso afirmar que o melhor time, em relação à estrutura no Nordeste, é o Sport”, assegura Djanira Ricardo dos Santos, coordenadora da equipe feminina de futebol do time. “As jogadoras estão profissionalizadas, com carteira assinada”, completa. Para Nira, como é conhecida, os investimentos não têm relação direta com as exigências da Fifa, mas ela acredita que a medida foi a melhor coisa que aconteceu para o futebol protagonizado pelas mulheres. O Santa Cruz, por sua vez, está desde o final de 2016 sem equipe feminina. A decisão de encerrar o time foi tomada após problemas estruturais e financeiros. Segundo o diretor de comunicação do clube, Inácio França, a previsão é que no próximo ano elas voltem a treinar e disputar campeonatos. “Vamos elaborar projetos, fazer um orçamento, identificar as profissionais para contratação, decidir o local onde serão os treinos, até mesmo quem será o treinador”, explica França. Já o Náutico, tem buscado parcerias e pensa em profissionalizar as jogadoras no futuro. O técnico do Futebol Feminino do Náutico, Jeronson de França Neto ou Zera, como é conhecido, avalia a necessidade de alguns ajustes para que a equipe volte a competir como nos anos anteriores. “Infelizmente o apoio que recebemos do clube não é suficiente para mantermos um time forte, que possa competir nacionalmente. O suporte é mais focado em assistência médica, treino, e inscrições em torneios”, relata. Por enquanto, como o Estádio dos Aflitos passa por reforma, o time está treinando no espaço cedido pela Marinha do Brasil e no Quartel do Derby. “Mas buscamos nos reestruturar, procurando financiamentos de parcerias que possam arcar com ajuda de custo”, espera o técnico. “A ideia é que a partir do segundo semestre estejamos mais organizados, para assim nos adequarmos às novas exigências”, projeta Zera. Para o técnico do Náutico, a medida da Fifa e das federações veio para suprir algumas lacunas na modalidade. “Falta investimento nos times femininos. Os clubes também entendem o futebol feito por mulheres como uma despesa, ao invés de ser investimento”, afirmou. “É um mercado que hoje, fora do País, está bem consolidado em relação a estrutura, investimento e qualidade das jogadoras”, adverte o técnico. Atualmente os clubes brasileiros participam dos torneios femininos sem terem qualquer despesa. No período de competição, normalmente a CBF em parceira com a Caixa Econômica Federal, custeia hospedagem, alimentação e passagem aérea. Além desse auxílio, os clubes ganham cotas para investir nas equipes: Sport e Vitória, por exemplo, que estão na Série A, recebem em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Já para os times da Série B, na faixa dos R$ 10 mil. Bárbara Micheline, goleira do Sport, começou aos 12 anos jogando futsal. Após um treino no campo, em 2005, foi chamada para a categoria Sub-20 da seleção brasileira e desde 2007 está na seleção principal, com algumas passagens em outros times do Brasil e do mundo. A goleira observa o futebol feminino no País ainda engatinhando para um maior reconhecimento, mas começa a se popularizar. “Lembro que em 2007 a seleção disputou o final do Pan-Americano no Rio de Janeiro e levou ao estádio mais de 50 mil pessoas, assim como, no ano passado, quando disputamos as Olimpíadas na Arena Manaus, 60 mil pessoas foram assistir à partida. Isso é um feito muito grande para o futebol feminino”, comemora. Bárbara ainda acredita que a nova medida vai ser fundamental para o crescimento do futebol feminino e a valorização das jogadoras. “Futuramente, vai ser muito difícil encontrar uma atleta de futebol feminino desempregada, que é uma coisa muito frequente ainda hoje”. Veja também: Vitória, um case de sucesso do futebol feminino   *Por Paulo Ricardo

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Veio a demissão. E agora?

Num período de crise prolongada como a que o Brasil enfrenta, o desemprego é um dos efeitos colaterais que mais afeta a população. Hoje são nada menos que 14 milhões sem emprego no País, segundo dados de abril do IBGE. É normal para quem está nessa condição sentir-se triste e até apreensivo. É preciso um tempo para assimilar essa situação difícil, porém o profissional não pode sucumbir ao desânimo e desespero, que podem atrapalhar na busca por uma recolocação no mercado de trabalho. Carla Miranda, sócia da ÁgilisRH, recorda-se de um candidato a uma vaga num processo de seleção que se colocava pouco confiante, que mal se ouvia sua voz na entrevista. “Por mais talentoso que fosse, as empresas tendiam a não contratá-lo em razão da sua postura”, alerta Carla. A saída é levantar a cabeça e traçar algumas estratégias para conseguir voltar a trabalhar. Um passo importante é estar atento às oportunidades, recorrer a sites de empregos e a redes sociais como o Likedin. Um cuidado importante: procurar empresas idôneas para enviar o currículo. Uma pesquisa nos sites de busca da internet ajuda a identificar organizações sérias. Essa pesquisa também será muito útil no momento da entrevista do processo de seleção. É possível conhecer como as organizações estão atuando, seus investimentos, o perfil do seu consumidor, etc, por meio do site das empresas onde se pretende trabalhar, da fanpage no Facebook e do noticiário. De posse dessas informações, o candidato à vaga, ao ser entrevistado, pode adaptar o seu discurso à realidade da organização. Outra dica preciosa é aproveitar o tempo vago para estudar para concurso e avisar aos amigos e às pessoas do seu network que está disponível para o mercado de trabalho. E nada de sentir-se constrangido por solicitar essa ajuda. Afinal, como ressalta Carla, as empresas não empregam para atender ao pedido de um amigo, mas sim em razão da competência do profissional e da disponibilidade de vaga. E, falando em network, uma boa forma de fazer relacionamentos é matricular-se num curso, oportunidade que permite conhecer pessoas de várias empresas. Além, claro, de se reciclar e ficar atualizado com as inovações da área em que se atua. Enquanto não aparece uma contratação, deve-se estar aberto a trabalhos como freelancer. “Fazer prestação de serviço de forma não continuada é uma maneira de manter-se no mercado e ainda obter renda”, aconselha a sócia da ÁgilisRH. Na hora de fazer o currículo todo cuidado é pouco. Nada de fotos – porque nem sempre a imagem é adequada, ainda mais se for um retrato três por quatro. A regra é ser objetivo. “Não precisa colocar molduras, cores, nem enfeites. Deve ser limpo e direto”, alerta Carla. Seguindo essa linha, as informações devem ser enxutas, mas não tão sucintas a ponto de não revelarem as habilidades do candidato. Por isso, é importante informar as atividades desenvolvidas nos empregos anteriores e os cursos como os de extensão e pós-graduação. Mas deve-se evitar colocar no currículo aqueles com matrícula trancada ou incompletos. Da mesma forma, não mencionar que possui inglês ou qualquer outro idioma em nível intermediário. “Caso a pessoa não seja fluente não vai conseguir executar a função exigida pela empresa”, recomenda Carla. Também estão descartadas frases subjetivas do tipo: “tenho liderança e empatia”. Deve-se evitar, ainda, dados relativos à documentação, como RG, CPF, o que é até perigoso. Bastam as informações essenciais para contatar o candidato, como endereço, telefone e e-mail. Nesse período de busca por uma colocação no mercado de trabalho torna-se imprescindível ficar de olho no bolso. Afinal, sem a renda proveniente do salário, a saída é “esticar” ao máximo o dinheiro da indenização e do seguro desemprego. É hora de liquidar o cartão de crédito, as prestações, não fazer novas dívidas e reduzir os gastos. “Sempre há gordura para cortar”, assegura Carla Miranda. Por fim, é interessante abrir os olhos para outras possibilidades de atuação em áreas distintas das que trabalhava. Muitas pessoas chegam até a abrir um negócio próprio. Veja na próxima edição da Algomais dicas para quem quer empreender.

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Por que os brasileiros jogam lixo na rua?

O Brasil é o quarto mercado mundial em produtos de limpeza, depois dos EUA, China e Japão, segundo pesquisa realizada pelo Euromonitor. Isso significa que o brasileiro é muito cioso da limpeza da sua casa. O mesmo, porém, não acontece da porta para fora. Basta observar as ruas das cidades brasileiras e constatar a grande quantidade de lixo acumulada. Para se ter ideia, no Recife, em vias como as Avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes, o trabalho de varrição chega a acontecer sete vezes por dia. Para o antropólogo Roberto DaMatta, esse comportamento tem origem na conflituosa relação que o brasileiro tem com as áreas privadas e públicas. A rua, sendo de todos, é tratada como se fosse de ninguém. “A representação da casa denota uma apropriação de um espaço que você possa chamar de seu. Já a rua é o lugar onde cada um deve zelar por si”, explica o estudioso que abordou o assunto na obra A Casa & a Rua. DaMatta ainda explica que o descaso com o que é público tem origens históricas. “Surge desde a época dos grandes impérios, onde se tinha uma lei para os nobres e, outra, para o povo, e um mesmo crime era julgado de forma diferente”, explicou. Para o professor, essa ideia de impunidade foi se perpetuando por gerações resultando no chamado “jeitinho brasileiro”. “A diferença é que hoje na Europa, por exemplo, existam multas severas para quem despeja o lixo no lugar inadequado. Mas nós brasileiros vamos sempre achar que podemos driblá-la ou que a punição não vai acontecer com a gente, então continuamos mantendo esse hábito e jogando a responsabilidade para o outro”, destaca. Cidades como o Rio de Janeiro e Jaboatão dos Guararapes já dispõem dessa legislação. Mas, em outras localidades, essas ações punitivas não ganharam tanto alcance por falta de regulamentação. A psicóloga social, Helenilda Cavalcanti, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), também acha, como DaMatta, que leis são importantes, mas não resolvem o problema. “Acredito ser fundamental uma formação como cidadão, que não se aprende necessariamente na escola”, afirmou. “Muitas vezes não temos uma atenção com o espaço público, por pensarmos que a responsabilidade é do outro, mas não damos conta de que vivemos em sociedade e nossas atitudes, por menores que sejam, como realizar a coleta seletiva, pode mudar tudo”, avaliou. “As leis podem ser importantes, mas também tem que partir de nós mesmos querer ajudar”, concluiu. Implicações históricas também são o ponto de partida da análise de Tiago César, professor de história da Universidade Católica (Unicap). A falta de atenção do poder público, segundo o acadêmico, levou as populações a jogarem seus lixos em locais baldios ou desabitados. “Essa prática era comum desde o Brasil Colônia e, embora as Câmaras Municipais legislassem sobre o assunto, sabemos que, mesmo sob o risco de multas, a população continuava a jogar seus dejetos em locais inapropriados. Estamos falando de um costume de longa duração que necessita de tempo e de um trabalho intensivo de parceria dos políticos com a sociedade”, analisa. “Hoje se quisermos mudar essa prática precisaríamos ter, primeiramente, reformas básicas e inteligentes nos locais mais degradados de nossas cidades, permitindo com que as classe sociais mais atingidas se sintam parte dela, começando por ter acesso a uma infraestrutura de qualidade, além de se potencializar uma escolarização de nível, paralelamente, e um trabalho de conscientização”, sugeriu o professor Tiago. Entretanto, ele explica que o descuido com o que é público não é um fenômeno associado unicamente a um grupo ou classe social. “Já vi gente muito instruída, estudando em ótimos colégios, jogando o papel do sanduíche no chão, tendo ao lado uma lixeira”, ressalva. DaMatta também acredita que a alternativa para resolver o problema seriam medidas de conscientização. “Possíveis programas educacionais, aliados a campanhas eficientes que incentivem a população e atendam as camadas mais necessitadas”, explicou. Já o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier, salienta que se deve levar em conta a dimensão cultural em relação a políticas públicas voltadas para os resíduos. “Nós convivemos com o lixo e não ficamos indignados. Os japoneses, por exemplo, se sentem incomodados, porque já faz parte da cultura deles. O brasileiro vai para o estádio, vê a sujeira no chão e pode até não ficar confortável, mas não toma nenhuma iniciativa para mudar aquilo”, destaca. Entre as soluções apontadas por Sérgio Xavier está um sistema de coleta seletiva eficiente, uma economia que valorize o resíduo – através da reciclagem, por exemplo, campanhas de integração com cooperativas, uma logística que facilite a entrega do material para reciclar. No entanto, Xavier ressalta as dificuldades de efetivar medidas que visem a conscientização da população. “Temos um grande analfabetismo ambiental no nosso País e no mundo, muitas vezes as pessoas não sabem que o lixo pode ser reaproveitado, que uma casca de uma fruta pode virar um adubo, por exemplo”, observa. *Por Paulo Ricardo

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Pessoas aderem ao consumo consciente para reduzir impacto ambiental

“Nós somos a cidade. Nós somos o trânsito, nós produzimos o lixo, a energia. Portanto, nós somos, ao mesmo tempo, o problema e a solução. A partir do momento em que eu sou sustentável, estou fazendo uma cidade mais saudável”. A provocação do arquiteto Roberto Montezuma sobre a participação cidadã nas transformações urbanas indica um caminho que passa pela conscientização popular e por atitudes transformadoras. E, de forma geral, elas começam em um novo modelo de consumo. De acordo com a vice-coordenadora do curso de Ciências do Consumo da UFRPE, Laurileide Silva, o incentivo ao consumismo que existia no mundo anos atrás começa a ser repensado. “A partir do início desta década, o mundo compreendeu que os nossos recursos são finitos e que o modelo de vida norte-americano é insustentável. Temos que repensar nossas formas de produzir e consumir, com ênfase para reaproveitar, reciclar e reutilizar”, sugere a acadêmica. O servidor público Sérgio Andrade Lima, 49 anos, é um adepto da permacultura. Esse sistema propõe a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza. “Estou preocupado com tudo o que consumo, seja roupa ou alimentos. Procuro saber de onde vem esses produtos”, explica. Na prática, ele prioriza adquirir alimentos que são produzidos regionalmente e, quando possível, consome produtos de feiras agroecológicas. Ele tem como costume comprar o tecido no mercado e encomendar as roupas por lá mesmo. “Isso não quer dizer que eu nunca compre em um shopping. Mas essa é uma forma de estimular um desenvolvimento local e sustentável, com menos gastos de energia e de combustíveis fósseis na sua cadeia de produção”, afirma Sérgio, que é agrônomo de formação. Outras práticas sustentáveis são a reciclagem e realização anual do plantio de árvores em um sítio que possui. Mestranda em Extensão Rural na UFRPE, Maria Clara Dias, 32, também mede sua forma de consumo e de usar a cidade a partir de princípios da sustentabilidade. Uma das práticas que entraram no seu hábito diário é o uso da bicicleta para a maioria dos seus deslocamentos urbanos. “Hoje vejo a bike como um meio de andar no Recife sem perder tanto tempo no trânsito. Conseguimos nos deslocar mais rápido. Além de garantir uma condição mais saudável de vida”, afirma Clara. Ela mantém algumas práticas de compras dentro do viés da sustentabilidade. “Procuro comprar em feiras e estabelecimentos próximos a minha casa”, afirma. Antes, quando morava em Mossoró (RN), Clara comprava produtos agroecológicos. Uma prática que ficou difícil na capital pernambucana, devido aos horários e à distância para as feirinhas. Além das compras conscientes, da reciclagem e do deslocamento com meios não poluentes, uma série de outras práticas tem sido introduzida no cotidiano da população. Para Laurileide, o avanço dessa atitude sustentável acontece pela própria necessidade de cada local enfrentar os seus problemas mais agudos. “Quanto mais o recurso é escasso, mais existe essa mudança no comportamento. No Sertão, por exemplo, várias metodologias para reaproveitamento da água estão em uso. Aqui no Recife há uma grande motivação em usar energia solar, porque o consumo da eletricidade é muito alto. Várias pessoas estão recorrendo a essa matriz energética porque a conta de luz é absurda”, exemplifica. A maior motivação cidadã pelas práticas sustentáveis tem sido o pontapé para o surgimento de vários negócios para atender essa demanda. A Less is More, por exemplo, nasceu com a proposta de ser uma loja virtual de moda que aposta no consumo consciente. “Nossa proposta vai de encontro ao fast fashion, que é aquele tipo de consumo de roupas legais, mas que não têm durabilidade nem qualidade, que são extremamente descartáveis”, afirma a proprietária Márcia Botelho. A loja comercializa roupas, bolsas, sapatos e outros produtos, em sua maioria de designers brasileiros, com perfil de médios e pequenos empreendedores. Ela aposta ainda numa seção chamada Armário Enxuto, que é um espaço de troca de peças. Para o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, introduzir o paradigma da sustentabilidade passa pela transformação do perfil econômico dos municípios. “É a economia que define os rumos da cidade. Nosso modelo é baseado na geração de muito resíduo, que desperdiça muita energia, emite muita poluição de gases. Sem mexer nesse modelo fica difícil buscar uma solução”, adverte. A economia do compartilhamento e as energias renováveis são algumas das tendências que estão se consolidando. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais

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São João para todos os gostos

Famosa por ser a Capital do Forró, a cidade de Caruaru, localizada no Agreste do Estado, conta com novidades na programação dos festejos juninos. A começar pelo São João da Roça, que trará de volta a tradicional festa rural nas comunidades de Gonçalves Ferreira, Pau Santo, Terra Vermelha e Vila Rafael e ainda trazendo atrações musicais, como Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Amazan e Josildo Sá. Outra novidade é a aposta na temática associada à sustentabilidade e acessibilidade. Durante o São João, o público poderá participar de atividades, como o plantio de mudas para compensar a pegada de carbono (quantidade total das emissões de gases do efeito estufa causadas pelo evento), campanha de educação ambiental com foco em água, energia e resíduos; ações de boas práticas ligadas ao polo hoteleiro; além de ações de combate à exploração sexual e trabalho infantil. Já no Pátio de Eventos, além do camarote reservado para portadores de necessidades especiais, intérpretes de libras estarão traduzindo tudo o que acontece no palco. A festa vai até o dia 29 deste mês e contará com mais de 400 atrações que atenderão a todos os gostos, inclusive para os que querem escapar da tradição. O Polo Azulão, por exemplo, localizado na Avenida Rui Barbosa, contará com um som mais alternativo, e entre os escalados para animar a festa estão Lenine, Almério, Eddie, Chico César e Siba. Para quem quiser curtir outros estilos musicais, o Som da Rural, conhecido por animar as noites na capital pernambucana, estará na Rua Silvino Macêdo, popularmente chamada de Má Fama, entre os dias 22 e 25 de junho. Já no Alto do Moura, no Polo Mestre Vitalino, a festa junina será representada pelo bom e tradicional forró pé-de-serra e das bandas de pífanos. No Polo Mestre Galdino, situado na Praça do Artesão, algumas manifestações culturais da região como Mazurca, Reisado, Maracatu e Bumba Meu Boi apresentam-se entre os dias 22 e 25. E para quem não dispensa uma mistura de ritmos, com artistas locais e nacionais, o Pátio do Forró irá sediar atrações como Fulô de Mandacaru, Matheus e Kauan, Gusttavo Lima, Bell Marques, Aviões do Forró, Dorgival Dantas, e grandes nomes da música nordestina como Alceu Valença, Flávio José, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Petrúcio Amorim e Alcymar Monteiro. Além das atrações musicas os pratos típicos são um show à parte. Nos polos gastronômicos da cidade, no Alto do Moura, Rua da Má Fama e na Feira de Artesanato, o público poderá experimentar as tradicionais comidas típicas. NO SÃO FRANCISCO Em Petrolina, localizada no Vale de São Francisco, os festejos juninos começaram desde o dia 19 de maio com o São João dos Bairros. Assim como Caruaru, a cidade terá uma atenção voltada para portadores de deficiência por meio de um espaço inclusivo próximo ao palco das 71 apresentações musicais durante os 17 dias de shows. A novidade deste ano será trazer de volta as festas juninas dos bairros, que acontecem em quatro finais de semana antecedente ao evento no palco principal. Isso porque, diferentemente de outros locais, Petrolina conta com duas fases de circuitos juninos, a primeira conhecida como festas nos bairros e no segundo momento artistas nacionais e locais se apresentam no Pátio de Eventos Ana das Carrancas. A primeira etapa, conta com os arraiais montados nos bairros José e Maria, Rio Corrente, Areia Branca e na Avenida dos Tropeiros, e com shows de artistas locais e convidados, além de quadrilhas juninas, festas na Zona Rural e 46ª Jecana – evento de Petrolina caracterizado pela corrida de jegues, além de celebrações religiosas e apresentações culturais. Já a segunda fase acontece nos dias 16 a 24 de junho, no pátio Ana das Carrancas, com apresentações de shows, como Wesley Safadão, Jorge e Mateus, Bruno e Marrone, Magníficos, Marília Mendonça, além do forró de raiz, como Flávio José e Maciel Melo. Serviço: São João de Caruaru acontece até o próximo dia 29 e o de Petrolina até dia 24. de junho. Veja a programação de outras cidades no site da Algomais. *Pelo repórter Paulo Ricardo 

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Nossa música deveria ser valorizada

Autor de sucessos como Confidência, Jorge de Altinho conta, nesta entrevista a Cláudia Santos, como passou de fã da Jovem Guarda para artista de música regional. Também fala sobre o forró estilizado e a estratégia que construiu para sua música tocar nas rádios FMs. Você é Jorge de Altinho, mas nasceu em Olinda? Sim, mas aos 5 anos meus pais se mudaram para Altinho. Meu pai abriu uma mercearia por volta de 1956. Toda a minha infância e adolescência foi na cidade. Era uma infância maravilhosa, como não existia essa degradação da natureza, nem o aquecimento global, costumo dizer que os invernos eram certos, chovia muito, a gente brincava de fazer açudes nas ruas. Tomávamos banho nos rios Una e Taquara. A gente chegava da escola e ia pescar e tomar banho. Quando tinha lá pelos meus 15 anos eu tinha o hábito de copiar minhas matérias escola ouvindo rádio e um dia achei interessante uma música da banda Renato e Seus Blue Caps, Menina Linda. Tocava muito no rádio. Aí, copiei um pedacinho da música, no outro dia outro pedaço. Antes de começar a aula os meninos se reuniam para ouvir Zé Maria, filho de um seresteiro, tocar na porta da escola. Eles estavam malucos pra tocar Menina Linda, mas não conheciam a letra. Eu disse a eles que tinha a letra, mas não sabia cantar. Eles insistiram pra eu cantar, aí cantei e agradei. Comecei a liderar o grupo. Nós fazíamos muito piquenique com a escola e cantávamos muito nesses encontros. Foi o seu primeiro contato com a música? Sim. Com a febre da Jovem Guarda queríamos formar um grupo de guitarra, baixo e bateria, mas o poder aquisitivo não ajudava. Então pegamos uma caixa de tocar no desfile do 7 de setembro e três violões e improvisamos um grupo imitando uma banda da Jovem Guarda. A gente cantava em aniversário, piquenique, festa dos distritos. Mais tarde, o presidente do Clube Altinense, Homero, comprou uns instrumentos usados, mas de boa qualidade, em Belo jardim. Ele adquiriu uma bateria, contrabaixo e guitarra nacional da Giannini. Foi uma festa quando chegaram os instrumentos. Ensaiávamos todos os dias. O repertório era Roberto Carlos, Tim Maia, Renato e Seus Blue Caps. Por que começou a cantar forró? A Jovem Guarda acabou nos anos 70, o programa saiu do ar, Roberto Carlos seguiu a linha da canção, e até o os Beatles acabaram. O pessoal da Jovem Guarda ficou órfão. Altinho é uma cidade muito próxima a Caruaru. Sofri muito a influência das rádios da cidade que tocavam muito a música nordestina, especialmente a Rádio Cultura do Nordeste, que pertencia aos irmãos Almeida (Onildo e José). Onildo era um compositor gravado por artistas como Luiz Gonzaga. Também sofri a influência da cultura local. A feira de Caruaru na época era dentro da cidade, em cada esquina havia uma manifestação popular: dois emboladores com pandeiro fazendo verso, várias pessoas lendo literatura de cordel, violeiros, sanfoneiros, artesanato. Enfim era um caldeirão cultural. Quando a Jovem Guarda acabou, culminou também que eu fui morar no Sertão. Em que cidade? Em várias: Salgueiro, Parnamirim, Ouricuri, Bodocó, Serrita, Cabrobó, Floresta, Belém do São Francisco. Nesta época eu trabalhava no sistema de rádio do Governo do Estado, minha função era operador. Eu tirava as férias dos colegas. Era itinerante. Depois passei três anos morando em Petrolina, mas no sistema de televisão do Governo de Pernambuco, também como operador. Aí surgiu a oportunidade de gravar meu primeiro disco no início dos anos 80 pela Odeon. Gravei com 12 músicas de minha autoria. Como foi a repercussão? Eu gravei meu primeiro disco, mas ele não teve o acompanhamento da gravadora que eu desejava. Eu também tirei seis meses de licença sem vencimentos para me dedicar à música, mas o disco não atingiu a vendagem que a gravadora estava esperando. Voltei para o meu emprego. Em 1981 fiquei sem gravar. Quando foi em 1982, João Florentino (proprietário da rede Aky Discos e da distribuidora Condil), me chamou pra fazer um LP. Ele também era atacadista de discos e me disse: “rapaz, você fez um bom disco e a gravadora não acreditou, não investiu”. Disse a ele que só gravaria se fosse no Rio de Janeiro, com um trabalho de divulgação nas rádios. Ele respondeu: “vou tentar o possível para realizar o trabalho nas rádios, mas tenho uma rede de lojas de Manaus a Salvador, que é melhor do que rádio porque o povo vai lá comprar. Então nós fechamos. Só que João mandou fabricar o disco na Tapecar no Rio e a capa no parque gráfico da Continental em São Paulo. O disco chegou primeiro que a capa. Olha a confusão armada! Quando o disco chegou em Caruaru, de cara estouraram cinco músicas, as rádios começaram a tocar e o povo começou a querer o disco. As pessoas chegavam nas lojas e levavam o disco e um papel que valia uma capa, que era entregue posteriormente. Teve gente que vendeu o LP embalado em cartolina (risos). Foram vendidos em um mês e 20 dias 58 mil discos sem capa, um fato inédito no País (risos). Qual foi seu primeiro sucesso? Confidência. Ela entrou na cabeça do povo. Veja, isso foi em 1982 e tenho sempre que abrir o show cantando essa música e se eu não cantá-la não é Jorge de Altinho. Para você ver como ela marcou. Bem, quando o disco estourou – chegou a vender mais de 100 mil cópias – aí o presidente da RCA Victor veio aqui e me convidou para a gravadora que também trabalhava com Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Assinei um contrato de 10 anos. Sua música era tocada nas FMs? O espaço para a música regional só era na AM, onde tocava entre 4h e 5h da manhã quando todo mundo estava dormindo. Só os tiradores de leite ou o pessoal da roça escutavam. Nessa época, o Recife só tinha uma emissora FM, a Manchete, e a ordem da direção era só tocar MPB.

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Máquina do tempo (Por Bruno Moury)

Não é preciso nenhuma engenhoca construída por um cientista maluco para voltar no tempo (sim, eu também assisti De volta para o futuro). Minha máquina do tempo é um Graham’s Twany Port de 30 anos. Vinho do porto do bom! Foi ele que me trouxe até aqui. Estou em 1992. Tenho 17 anos. Acabo de chegar na Rua Bruno Veloso, em Boa Viagem, aqui mesmo no Recife. O Graham’s me trouxe, em sexta marcha, ao paraíso: uma gaiola de 150 metros quadrados. O apartamento 602 do Edifício Sérgio Godoy. Aqui guardei felicidade. Vejo a sala de estar. A varanda mais adiante. Reconheço os móveis. Olha lá, o bar da sala! Não se usa mais, em 2017. Dobro à direita, percorro o corredor e entro no quarto de Edmar, meu irmão. Escolho um disco de vinil, do Queen. Ponho Don’t Stop me Now para tocar na radiola, com Freddy botando pra foder. Saio do seu quarto e entro no meu. Abro meu guarda-roupas. Vejo, colado na porta, pôsteres do Legião, Paralamas, Guns e R.E.M. A cama desarrumada. O quarto está uma bagunça. Entro no quarto dos meus velhos. Lá está meu pai. Deitado na sua cama. O calcanhar rachado. Me aproximo com cuidado para não acordá-lo. Beijo o seu rosto e aliso o seu cabelo. Sussurro no seu ouvido: “obrigado, por tudo”! Minha mãe está ao seu lado. Estão descansando após o cozido. É um domingo. Deito entre eles. Abraço-os. Sinto o cheiro. Beijo-os novamente. Levanto. Retorno à sala. Abro a porta. Chamo o elevador. Estou no pilotis. Falo com Aderbal, o porteiro, que olha com cara de quem desconfia me conhecer. Desço as escadas. Estou na rua. Escondo-me atrás de uma árvore e fico espiando a escadaria do Almeida Garret, o prédio em frente. Lá, reunidos, estamos todos nós: eu, Paulo Gordo, Macaxeira, Forminha, Breno, Marne, Patão, Pitoquinha, Alessandra, Ana Paula, Maguinho, Arroz, Pompéia, Zéconha, Fifa, Mamá e mais um bando de amigos. Olha eu lá no meio da turma. Como sou magrinho. Olha como estamos felizes! Meu Deus! Quero ir lá abraçar a todos, mas não posso. Ah, Rua Bruno Veloso! Que saudade! Que prazer voltar aqui. Localização estratégica para um jovem com testosterona: uma esquina depois do Sampa Night Club e uma antes do Holliday. A lot of teachers! Jogar bola na praia, tomar Coca-cola na barraca do Gordo, comer e beber na picanha no Tio-Dadá, ir para festinhas de prédios vizinhos, jogar Playtime, Atari, andar de skate, surfar em frente ao Acaiaca (ainda não tem tubarão...). Delinquência juvenil perdoada pelo tempo. Saudade do caralho. Desculpe-me por escrever sobre meu infinito particular sob o efeito do Porto. Choro. Agora estou rindo. Estou eufórico. Escuto Stones. Sinto o cheiro da minha infância. Percebo que já retornei a 2017. Preciso dormir. Amanhã acordar. Quem sabe alugar uma fita de vídeo ou assistir aula no Colégio Atual. Sentar ao lado de Nilo. Meu amigo Nilo. Morto num acidente de carro. Vivo. Vivíssimo. Intacto em minha memória.

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Hidroterapia ajuda crianças com microcefalia

A educadora da física Karina Meyer e também diretora da rede de academias de atividades aquáticas de Salvador explica a importância da hidroterapia na vida das crianças com microcefalia. "Nos exercícios fora d'água, as crianças sentem dor porque têm rigidez muito forte nas articulações, mas, na água, elas conseguem executar movimentos com mais facilidade. Percebemos na expressão facial delas o quanto é lúdico, prazeroso e relaxante. São crianças que passam por muito estresse como dores e outras patologias trazidas pela microcefalia. A gente promove socialização e o trabalho é também com as famílias, costumo dizer que é um trabalho socioafetivo”, diz. As aulas ocorrem todas as sextas-feiras, em duas unidades do espaço, nos bairros Pituba e Villas, em Salvador. Os exercícios são feitos em piscinas com água aquecida, em aulas que duram 30 minutos, para duas turmas por sexta-feira. Os estímulos que a criança recebe dentro da água facilitam o desenvolvimento motor, área prejudicada devido ao grau de comprometimento cerebral que a doença provoca. De acordo com o quadro de especialistas da academia que oferece o serviço gratuito, a mínima sustentação de peso dentro da água contribui para que o tratamento tenha eficácia em casos de dores, inflamações, espasmos musculares, movimentos, força e geram melhor qualidade de vida para pacientes e familiares. Relaxamento melhora no dia a dia das crianças é notada, sobretudo, por pais e mães que acompanham as atividades dentro da água, junto com os bebês. A microempresária, Ingrid Guimarães, é mãe de Nicole, de 1 ano e meio. Ela diz que as atividades melhoram nas tarefas com a filha, como dar banho e alimentar, algo que foi notado em apenas um mês de aulas. “A maioria dos bebês tem hipertonia muscular [tônus forte], então precisam relaxar e isso fica mais fácil com a água morna. No dia a dia, para dar banho é mais tranquilo, na interação ela relaxa e dorme muito bem. As disfunções no sono são comuns por conta da microcefalia, mas a hidroterapia ajuda muito na qualidade do soninho dela”, diz a mãe de 27 anos, que diz desejar o acesso a esses serviços para um número maior de famílias. Outro bebê que participa das aulas semanais é Pedro, de 1 ano e 5 meses. Acompanhado pelos pais, o menino chorou um pouco ao entrar na água, mas logo se acalmou e curtiu as brincadeiras, orientadas pela “Prô Karina”, e executadas pela mãe Deisiane Cardoso. Ela conta que o filho tem uma especificidade causada pela microcefalia: além de ser sensível a movimentos bruscos, sente dor a toques mais firmes na própria pele. Dentro da água, a leveza do líquido fornece alívio à criança e faz com que ele se acostume, aos poucos, ao toque. “Pedro não tem a mesma rigidez e firmeza que as outras crianças, além disso, tem a alta sensibilidade que o incomoda e assusta. Então, a água permite esse contato contínuo, mas de forma leve e delicada”, diz a mãe que comemora a amizade e parceria criada com as outras famílias a partir da microcefalia. Segundo ela, existe o compartilhamento de informações, serviços, atendimentos e de experiências com cada criança no convívio com os pais. “No dia a dia, a gente executa exercícios que a professora ensina. Até para tomar banho ele chorava muito e hoje isso melhorou 100%. Eu agradeço muito pelo projeto, não falto nenhuma aula, espero que, mais para frente, todas as mães tenham essa oportunidade, porque os resultados são nítidos tanto a curto, como a longo prazo”, diz Deisiane, de 28 anos. Ao falar sobre a troca que tem, como ser humano, a professora Karina se emociona e declara que ganha muito em cada aula. A troca de experiências e a especificidade de cada criança proporcionam, segundo ela, um aprendizado jamais adquirido de outra forma. Síndrome Congênita A microcefalia é uma malformação que pode ser identificada ainda durante a gestação, em exames de ultrassonografia, nos quais se medem a circunferência do crânio do feto, que se apresenta menor que em fetos sem a anomalia. A condição neurológica rara pode ser causada por infecções adquiridas pela mãe, principalmente nos três primeiros meses de gravidez. Entre as principais infecções que podem causar a microcefalia, estão a toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e, recentemente, a descoberta do vírus Zika como um dos principais causadores da malformação nos últimos dois anos. Apesar do tamanho da cabeça dos bebês, menor que dos demais, a microcefalia existe por conta de um atraso no desenvolvimento cerebral e pode se associar a outras complicações, como dificuldades para se alimentar, dificuldade no controle muscular, irritabilidade, crises convulsivas, atraso no desenvolvimento, desordens psicomotoras, distúrbios auditivos e visuais e comprometimentos articulares. Vírus Zika O vírus Zika é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, que também é vetor de outras doenças, como dengue e chikungunya. No caso do zika, a doença pode ocasionar malformações neurológicas, como encefalomielite aguda, microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré. Outras complicações vêm sendo estudadas e descobertas por especialistas, como a ocorrência de hidranencefalia, que provoca o acúmulo de líquido em áreas que deveriam estar preenchidas pelo cérebro, dentro do crânio dos bebês. Por conta da complexidade de efeitos causados pelo zika, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia passou a notificar, desde outubro de 2015, casos de Síndrome Congênita Associada à Infecção pelo vírus Zika , em vez de registrar somente como microcefalia. Desde então, foram notificados, até janeiro deste ano, 1.555 casos da síndrome, entre os quais, 30 tiveram confirmação da existência do vírus da zika, em exames laboratoriais. (Agência Brasil)

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Projeto Quartas da Dança anuncia selecionados

Realizado em parceria entre a Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco, projeto disponibilizará pauta para espetáculos de dança nos teatros Barreto Junior e Arraial Ariano Suassuna Foi divulgada a lista dos selecionados que participarão do Projeto Quartas da Dança que acontece nos meses de junho e julho nos teatros Barreto Júnior e Arraial Ariano Suassuna. Nesta edição de 2017, o projeto é resultado de uma articulação entre a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Cultura e da Fundarpe. O Quartas da Dança faculta a pauta desses equipamentos com condições especiais. Os grupos selecionados terão direito à bilheteria das apresentações, pagando apenas 10% da arrecadação pela ocupação dos teatros. A abertura acontece no dia 14 de junho às 20h, no Teatro Barreto Junior, com o espetáculo Luzes do Oriente Studio Dança Hanna Costa. A programação continua no dia 21 de junho, às 20h, com o espetáculo Fragmentos Clássicos, de Simone Monteiro Ballet, Grupo Endança e Ária Social. Em julho, o projeto continua no equipamento cultural da Prefeitura do Recife. Nos dias 12, 19 e 26 de Julho, às 20h, o espetáculo O Homem Sambaqui será apresentado no palco do Teatro Barreto Junior. Já no Teatro Arraial Ariano Suassuna, nos dias 14 e 21 de junho, o grupo de dança Riacho de Pedra sobe ao palco para apresentar o espetáculo Chetuá, sempre às 20h. Em julho, nas quartas-feiras 5, 12, 19 e 26, o Balé Afro Raízes apresentará o espetáculo Os Guerreiros, sempre às 20h.   Serviço: Teatro Barreto Junior 14 de junho, às 20h - Luzes do Oriente, Studio Dança Hanna Costas 21 de junho, às 20h - Fragmentos Clássicos, Simone Monteiro Ballet, Grupo Endança e Ária Social 12, 19 e 26 de julho, às 20h - O Homem do Sambaqui, Trapiá Cia de Dança   Teatro Arraial 14 e 21 de junho, às 20h - Chetuá, Grupo Riacho de Pedra 5, 12, 19 e 26 de julho, às 20h - Os Guerreiros, Balé Adro Raízes (PCR)

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Direitos ambientais e indígenas ameaçados

Relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) criticaram a situação dos povos indígenas no Brasil e o que classificam como “ataques aos direitos ambientais” no país. Em comunicado, a relatora especial das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli Corpuz; o relator sobre os Defensores dos Direitos Humanos, Michel Forst, e sobre o Meio Ambiente, John Knox, e o relator da CIDH sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Francisco José Eguiguren Praeli, afirmam que “os direitos dos povos indígenas e os direitos ambientais estão sendo atacados no Brasil" e que as autoridades políticas vêm aprovando medidas que enfraquecem a já frágil proteção institucional e legal às comunidades tradicionais em geral. O principal alvo das críticas dos relatores internacionais é o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 2, aprovado no mês passado, que pede o indiciamento de 96 pessoas entre lideranças comunitárias, antropólogos e servidores públicos acusados de fraudarem processos de demarcação de terras indígenas, quilombolas e de assentamentos rurais destinados à reforma agrária. O relatório do deputado e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Nilson Leitão (PSDB-MT), também propõe a reestruturação da Funai e a reanálise de processos de terras indígenas já demarcadas, bem como dos procedimentos administrativos demarcatórios em andamento no Ministério da Justiça. Para os três relatores da ONU e o relator da CIDH, o Brasil deveria fortalecer a proteção institucional e legal para os povos indígenas, afrodescendentes e outras comunidades. "É extremamente preocupante que, em vez disso, o Brasil esteja considerando enfraquecer essas proteções", dizem os relatores, afirmando que, ao longo dos últimos 15 anos, o Brasil “tem visto o maior número de assassinatos de defensores ambientais e territoriais de qualquer país, com uma média de uma morte semanal”, situação que afeta particularmente os povos indígenas. Os relatores são especialmente severos ao comentar as críticas que o documento aprovado pela Câmara dos Deputados traz à própria ONU e a acordos internacionais assinados pelo Brasil, como a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que na opinião de alguns parlamentares representa “uma ameaça à soberania do Brasil”. "É muito lamentável que, em vez de exemplificar os princípios consagrados na Declaração, a comissão de investigação do Congresso questione os motivos por trás disso e os da própria ONU, minimizando os progressos obtidos até agora", lamentam os relatores, observando que uma série de projetos de lei recentemente aprovados ou sob análise do Congresso visam a enfraquecer a proteção ao meio ambiente. Procurada pela reportagem, a Funai não se manifestou sobre o comunicado divulgado hoje. A Agência Brasil não conseguiu contato com o deputado Nilson Leitão, autor do relatório final da CPI da Funai-Incra 2, mas, em nota recente, o parlamentar disse que as recomendações de seu relatório são uma resposta às práticas ilícitas constatadas pela CPI e visam a, entre outras coisas, tirar da responsabilidade de organizações não-governamentais serviços prestados aos povos indígenas, como saúde e educação, devolvendo-a a responsabilidade direta da Funai. “É preciso dar à Funai a importância que todo mundo diz que ela tem, mas que dizem da boca pra fora. É preciso dar importância de verdade, com orçamento. A sociedade compreender que o indígena não é propriedade particular de nenhum setor ideológico”, disse Leitão em nota divulgada por sua assessoria. (Agência Brasil)

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