Entrevistas - Página: 18 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Entrevistas

"É fundamental investir em educação e requalificação profissional."

Quando os profissionais, munidos com seus notebooks e smartphones, instalaram seus ambientes de trabalho nas residências, não tinham dimensão do quanto suas rotinas iriam mudar. Passado um ano, desde que a Covid-19 levou muitas empresas a fechar seus escritórios, o futuro ainda permanece meio nebuloso. Mas nesta entrevista a Cláudia Santos, o sócio da TGI, Fábio Menezes, vislumbra alguns cenários. Fábio, que é consultor em gestão estratégica de negócios, especialista em formulação e execução de planejamento estratégico empresarial, analisa as perspectivas do home office e dos impactos da tecnologia, como o 5G, além de alertar para a necessidade ainda maior de incentivar a educação no Brasil e requalificar os profissionais. Reflexões importantes para esta semana em que celebramos o Dia do Trabalhador. A pandemia impôs a necessidade do home office para muitas empresas e chegou-se a dizer que essa seria uma modalidade de trabalho que veio para ficar. No entanto, grandes empresas, inclusive da área de tecnologia como o Google, anunciaram o retorno ao escritório, mesmo que seja de forma híbrida. Qual o futuro do home office? Acho que o home office veio para ficar, não como substituto definitivo do trabalho presencial, mas como recurso, pelo menos para boa parte das empresas. Entendo que não necessariamente precisamos colocar a equação presencial x remoto, mas presencial + remoto. As análises que estão sendo feitas agora estão usando uma base muito específica, que é a pandemia. Muitas empresas saíram do 100% presencial para o 100% remoto, muito rapidamente, sem planejamento e sem nem mesmo desejo, foram obrigadas a se modernizar. Por isso, acho ainda cedo para avaliar se o home office funciona ou não. Aposto mais no modelo complementar: físico + remoto, com as adaptações necessárias a cada segmento de negócio, função dentro das organizações, perfis dos profissionais, entre outras características específicas. De certa forma, o avanço da tecnologia nas últimas décadas já foi construindo essa condição. Quantos de nós deixamos de ter computadores fixos (desktops) e telefones fixos em casa? Na medida em que usamos notebooks e smartphones já facilitamos muito a circulação do trabalho pelos ambientes corporativos e residenciais, literalmente nos bolsos e nas bolsas. Quando podemos checar o e-mail ou responder a uma mensagem em qualquer lugar, dia ou horário, usando uma ferramenta que está sempre conosco, ao alcance das mãos, isso significa que é cada vez mais difícil separar o home do office. Assim como tantas outras questões, a pandemia acelerou o que já estava em curso. Quais as habilidades que passaram a ser necessárias no trabalho com o surgimento da pandemia? Entendo que ninguém se preparou para enfrentar uma pandemia nas proporções como estamos vivendo. Talvez só consigamos analisar bem os impactos daqui a alguns anos, depois de sairmos do meio do furacão e após vários estudos complementares. No entanto, minha impressão é que a pandemia tem sido uma espécie de “pós-graduação” em planejamento estratégico para muitos empreendedores e profissionais. De fato, estamos vivendo um tempo em que é muito difícil projetar cenários e administrar as incertezas, estamos lidando com uma variável (o vírus) ainda muito desconhecida e surpreendente. E já que está difícil vislumbrar o futuro, um efeito quase que automático é a angústia gerada pelas incertezas, sobretudo quando os impactos envolvem o risco à saúde e à sobrevivência, tanto pessoal como empresarial. Por isso, outra competência importante é a capacidade de suportar pressões e ameaças, manter o equilíbrio e conseguir decidir com pragmatismo. Como a tecnologia vai continuar impactando o trabalho? O desenvolvimento tecnológico influencia a forma como as pessoas vivem de maneira abrangente – como produzem, estudam, consomem... Portanto, a tecnologia impacta também os modelos de trabalho na medida em que traz novas possibilidades, às vezes substituindo padrões antigos, outras vezes acrescentando recursos e ferramentas novas. Por exemplo, estamos nos aproximando cada vez mais do 5G e isso deve trazer novas possibilidades que mudarão a forma como muitas pessoas trabalham atualmente. Segundo um estudo da Nokia e da consultoria Omdia, a expectativa é de mais de US$ 1 trilhão de investimento até 2035, com potencial de agregar cerca de um ponto percentual ao ano no PIB brasileiro. A implantação do 5G vai acelerar as transformações que já estão em curso como IoT (internet das coisas), big data, analytics, entre outras. Vai possibilitar a conexão não só entre computadores, tablets e celulares, como também entre outros equipamentos, como carros, eletrodomésticos, drones e máquinas. Isso tudo muda a vida das pessoas e, consequentemente, aparecem novas demandas de trabalho. Afinal, quantas pessoas hoje trabalham diretamente com internet e mídias sociais ou usam, de alguma forma, essas ferramentas nos seus negócios? Leia a entrevista completa na edição 181.5 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Roberto Gusmão: "Nós vamos ter a Transnordestina aqui"

O presidente de Suape Roberto Gusmão está atento à votação de dois projetos de lei que estão próximo de serem votados no Congresso. Um deles é a lei chamada BR do Mar, que incentiva a navegação de cabotagem, feita nos portos dentro do País. Atualmente, só empresas brasileiras com navios próprios podem operar o serviço no Brasil. Pela BR do Mar, o mercado seria aberto a companhias sem frota própria, que poderiam alugar embarcações estrangeiras, desde que 2/3 da tripulação seja de brasileiros. O outro projeto é a PL 261, de autoria do senador José Serra (SP), que permite a uma empresa privada concluir obras de ferrovias, como a Transnordestina. Seria a oportunidade para Pernambuco concluir o trecho de Salgueiro a Suape, que está parado há anos. Grupos, como os que detêm as jazidas de minério de ferro, no sul do Piauí, que seriam transportadas pela Transnordestina, poderiam se interessar. Nesta entrevista a Cláudia Santos, no último dia 16, Roberto Gusmão comenta como essas novas legislações podem beneficiar o porto pernambucano. Gusmão também apontou soluções para tornar a movimentação de contêineres mais competitiva, a atração de players do setor metalmecânico para o complexo e a perspectiva de o Estado se tornar o principal produtor ensavador de gás de cozinha do Nordeste. Suape obteve o aval da Capitania dos Portos para receber navios de 366 metros de comprimento. De que forma essa autorização vai estimular a movimentação do porto? Esses navios apresentam um comprimento que é fundamental para que se tenha o maior número de contêineres carregados. São navios como o que interrompeu o Canal de Suez. Eles serão o futuro. O Panamá gastou US$ 3 bilhões para fazer uma outra passagem no seu canal que contemplasse o comprimento e a largura desses navios, que não estão ainda operando no Brasil. Um dos portos que primeiro conseguiu a autorização foi o de Santos, que é o maior da América Latina. Pela nossa estratégia de médio a longo prazos, precisamos já estar habilitados para quando houver essa demanda. Além disso, conseguimos, em março, do Ministério da Justiça e da Segurança a deliberação de que o Complexo de Suape está habilitado também quanto à segurança, no grau de risco dos portos. Muitos poucos portos têm essa certificação. O senhor mencionou o Canal do Panamá, e há uma expectativa que com a sua ampliação, Suape se consolidaria como um hub portuário. Os navios cargueiros provenientes principalmente da Ásia, trafegariam pelo canal e, em Pernambuco, passariam a carga para navios menores que a distribuiriam para outras localidades. Qual a perspectiva disso se tornar realidade? É uma perspectiva muito intensa. Hoje temos absoluta certeza que somos líder no Nordeste, principalmente nessa parte de cabotagem, que é a navegação no nosso próprio litoral. Existe uma lei que está sendo estabelecida que é a BR do Mar. Ela regulamenta essa questão da cabotagem, estabelecendo-a como prioridade, inclusive com uso de embarcações internacionais, salvaguardando a questão da mão de obra. Como somos líder em cabotagem, acreditamos, não só pelo Porto do Panamá, mas mesmo nas diversas rotas que há no mundo, que estamos habilitados e em condição de ser um hub. Já somos um hub de granéis líquidos, na parte de combustível, e nos habilitamos a ser também hub em todos os tipos de carga do Nordeste, pela localização privilegiada, pela profundidade do nosso canal (que tem quase 15,60 m e chegará em 20m), pela estrutura e infraestrutura do porto e do Complexo de Suape como um todo, mas principalmente pelo mercado. Estamos rodeados por cinco grandes capitais do Nordeste com 45 milhões de consumidores, num raio de até 800 km, o que faz com que Suape seja extremamente competitivo na parte logística, tanto do transbordo como você falou – isto é, os navios vêm carregados, deixam uma parte aqui e vai distribuindo em outros portos – como também a questão da carga completa aqui em Suape e a distribuição em caminhões para pequenas distâncias. Qual a sua expectativa para a votação no Senado do projeto BR do Mar? Acredito que serão aprovados agora neste primeiro semestre não só o BR do Mar, mas também o projeto de lei do senador José Serra (PL 261), que permite a um ente privado concluir os trechos que ainda estão faltando de ferrovias, como a Transnordestina. Hoje, se a decisão da conclusão da Transnordestina for técnica, não tenho dúvida de que Suape será o beneficiado (entre os trechos da obra que estão incompletos estão: de Salgueiro a Suape, que beneficiaria o escoamento de cargas pelo porto pernambucano, e da cidade de Missão Velha ao Porto de Pecém, que favorece o porto cearense). Mas, mesmo que a decisão não for técnica, nós nos habilitaríamos a fazer o trecho que está faltando de Salgueiro até Suape, por meio da iniciativa privada, com a chamada outorga autorizativa. Um ente privado, em vez de esperar que o governo faça uma concessão e essa concessão passe por uma licitação, ele faz uma proposição ao Governo Federal para autorizar fazer aquele trecho que ainda não foi feito. Hoje a concessão da Transnordestina está se arrastando há mais de 15 anos com um grupo que não tem uma estratégia muito bem definida como negócio. Agora, estamos falando de grupos que têm diversas jazidas de minério de ferro extremamente competitivos e que precisam de ferrovia para poderem se integrar a portos no Brasil como um todo, mas que hoje precisam de uma concessão, o que demanda um prazo muito grande, e agora vão poder fazer por meio de uma outorga de autorização. Assim, vamos conseguir ter a nossa Transnordestina para que possamos fazer um escoamento de cargas não só do Piauí, que tem diversas jazidas, principalmente de minério de ferro, mas também das outras mercadorias que Pernambuco também é líder nacional, como a gipsita (o gesso do Araripe) e as frutas do São Francisco. Será que finalmente a Transnordestina será concluída? ANTT (Agência Nacional do Transporte Terrestre) e o Tribunal de Contas sugeriram a caducidade da atual concessão da

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Sérgio Ferreira: "Precisamos incentivar a autoconsciência"

Sérgio Ferreira era um homem dos números e dos cálculos, mas foi fisgado pelas elucubrações filosóficas. Engenheiro e economista, fez doutorado em filosofia, com uma tese que unia os pensamentos de Viktor Frankl e Friedrich Nietzsche. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele conta um pouco dessa sua trajetória e analisa como a fusão desses dois grandes pensadores podem nos ajudar neste trágico momento da pandemia. O que o levou a estudar filosofia? Sou formado em engenharia e economia, sempre trabalhei com projeto econômico e adoro ser engenheiro também. Mas sempre gostei muito de filosofia, de pensar sobre a vida. Com as minhas filhas já criadas, resolvi voltar para a academia com o objetivo de entender melhor o mundo. Fiz meu mestrado em administração, especificamente em teoria institucional, que também nos dá uma certa ideia do mundo como um todo e das instituições. Fui presidente da AD Diper, no terceiro governo de Dr. Arraes. Quando saí de lá, nessa perspectiva de entender melhor o mundo, resolvi entrar para o movimento de cursilho de cristandade. Fui da igreja católica e esse foi um movimento trazido para cá por Dom Hélder. O interessante é que era um movimento somente dos leigos. Uma das mensagens do cursilho é sobre o sentido da vida, mas eu sentia que a resposta religiosa é boa quando se tem fé. Mas o mundo mudou de uns tempos para cá, quando Nietzsche falou que Deus estava morto. Ele não estava querendo dizer que Deus não existe mas que, como explicação do mundo, Deus não fazia mais sentido, porque na contemporaneidade, no mundo da ciência, essas explicações religiosas deixaram de existir. Durante muito tempo o mundo ocidental foi carregado de explicações dogmáticas que a gente aceitava, mas isso foi deixando de existir. É o que Nietzsche chama de morte de Deus. Eu tenho fé, mas consigo separar o conhecimento religioso do conhecimento filosófico científico que vive da crítica, de perguntas. No conhecimento religioso, você tem que aceitar as explicações que são dadas. Eu queria entender mais sobre o sentido da vida, não apenas sobre esse aspecto religioso. Nessa caminhada me deparei com um pensador chamado Viktor Frankl, que criou a logoterapia. Ele escreveu um livro muito famoso Em busca de sentido, sobre sua experiência como prisioneiro num campo de concentração. Ele nasceu em 1905 e morreu em 1997, era austríaco. Antes de ser preso, já com 16 anos, teve um artigo aceito na revista de Freud. Ele começou como freudiano mas, depois, foi achando que esse pensamento não explicava bem o que ele queria que era o sentido da vida. Ele achava que colocar o sentido apenas no prazer, principalmente sexual, não explicava. E onde entra seu interesse por Nietzsche? Estudando Frankl, reparei que ele de vez em quando citava Nietzsche e fiz meu doutorado unindo o pensamento dos dois. Nietzsche influenciou o mundo como um todo naquele período até a Primeira Guerra e depois também. Mas Nietzsche é amado e odiado. Muita gente acha que ele disseminou o suicídio porque esse pensamento da morte de Deus não é bem compreendido. Na verdade, Nietzsche é um crítico do niilismo mas muita gente acha que ele é niilista. Ele mostrou que as pessoas, ao quererem explicar o mundo a partir de Deus e se conscientizarem que isso não explica a realidade, vão ficar frustradas e verão que isso é “um nada” e o niilismo vem disso. Mas, para Nietzsche, os cientistas também acabariam niilistas por buscarem a verdade e ele afirmou que não existe verdade. Nietzsche diz que o mundo é aqui na Terra e temos que olhar para a Terra, não para os céus, para entender o mundo. Essa discussão foi cada vez me encantando mais ao longo da pesquisa. E Nietzsche tem um conceito importante que se chama vontade de potência. O que vem a ser vontade de potência? Nietzsche afirmou que o mundo está em eterna luta, tudo são lutas em movimento. Se você olhar para o cosmo como um todo, são asteroides batendo um com outro. Também na Terra os seres viventes querem ter mais força, querem progredir, permanecer, existir. A partir desse conceito eu respondo a uma pergunta que muita gente se faz nesta pandemia: se Deus só quer o bem do mundo, como é que está acontecendo tanto sofrimento? Acontece que coronavírus está querendo também permanecer, lutar, ele precisa infectar as pessoas para poder se reproduzir. E aí a partir desse conceito de Nietzsche, minha conclusão é que vai caber a nós, seres humanos, nos unirmos para vencer todas essas adversidades. Ou cooperamos mais, olhamos mais para a Terra, mais para o entorno, ou o mundo se acaba, porque o mundo é vontade de potência e se nós, seres humanos, não procuramos nos entender, nos organizar, ficarmos buscando explicações no céu, um vírus desse pode nos derrotar. Da mesma forma, tempos e tempos atrás, um asteroide bateu na Terra. Mas, ao contrário de Nietzsche, tenho minha religiosidade acredito que existem energias que nós não explicamos, não acho que tudo seja filosófico. Eu me considero um espiritualista. Essa união não parece pouco provável nestes tempos de tanta polarização política? Esse modelo de mundo dividido entre esquerda e direita, com partidos políticos, vem da Revolução Francesa, com os girondinos e jacobinos. Acho que até hoje existe uma crise de identidade porque logo depois disso chega Karl Marx, com a teoria dele desenvolvida em plena Revolução Industrial e ele não foi um crítico dessa revolução, dessa produção em massa. Ele foi contra o controle do capital que estava na mão de poucos, mas ele não criticou essa forma de ser do mundo, massificada. Nietzsche foi um crítico da Revolução Francesa. O que eu vejo – e talvez seja um sonho, uma utopia – é que nós precisamos nos unir porque desse jeito o mundo está acabando. E isso não é só no Brasil, o mundo todo é assim. Acredito que o modelo que foi criado até hoje está nos levando à destruição. A economia tem uma lei

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João Campos analisa os 100 dias de sua gestão na Prefeitura do Recife

Assumir uma prefeitura em plena pandemia não tem sido fácil para os prefeitos eleitos no último pleito. No Recife não tem sido diferente. Mas João Campos tem atuado para não só enfrentar os desafios da crise sanitária mas, também, em outras áreas críticas da cidade como a desigualdade social, a mobilidade e a revitalização do centro do Recife. Nesta entrevista Cláudia Santos, o prefeito faz um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente da PCR. Levando em conta esses 100 dias à frente da Prefeitura do Recife, quais os maiores desafios que o senhor tem enfrentado na gestão da cidade? O Brasil tem enfrentado os dias mais difíceis da pandemia da Covid-19 e aqui no Recife não tem sido diferente. Nesses 100 dias, a gente trabalhou em três frentes para vencer o novo coronavírus: a vacinação, a abertura de leitos para o tratamento de pacientes com o reforço às normas sanitárias e o apoio à população mais vulnerável. Ainda em janeiro, o Recife tomou a decisão de fazer o processo da vacinação 100% digital. Em apenas quatro dias, criamos o sistema que permite o cadastro e o agendamento do dia, local e horário de imunização. A sistematização também nos permite ter o controle de estoque e de informações sobre as pessoas vacinadas. O resultado é que o Recife tem uma vacinação rápida e eficiente que permite o município abrir a imunização para outros grupos prioritários antes de outras cidades do País. Mas a pandemia não afetou apenas a saúde das pessoas. São muitos os desempregados e desassistidos pelo governo federal. Voltamos o nosso olhar para o cuidado com as pessoas, por meio de iniciativas de apoio à população como o AME Recife, nosso auxílio emergencial para as famílias que estão na fila do Bolsa Família e para aquelas com crianças até 3 anos. O AME Carnaval, que apoia o setor da cultura um dos mais afetados pela pandemia entre outras ações. E isso tudo sem deixar de dar continuidade aos serviços e projetos que a cidade precisa. Estamos nas ruas com a Ação Inverno, com investimento de R$ 69 milhões para atender quem vive em áreas de risco, asfaltamos ruas e passeios, construímos escolas e continuamos trabalhando pela qualidade de vida dos recifenses e das recifenses. Uma das muitas consequências da pandemia é o aumento da pobreza e da fome. Como a prefeitura tem enfrentado esta situação? A prefeitura do Recife tem uma grande preocupação com a questão socioeconômica. Estamos fazendo grandes esforços para amparar a população neste momento difícil em que as atividades econômicas foram duramente afetadas e o desemprego aumentou. Em março, lançamos o maior programa de proteção social da gestão, o Auxílio Municipal Emergencial Recife (AME Recife), que vai atender cerca de 30 mil famílias nos meses de abril e maio. Essa ajuda foi destinada a dois grupos: um formado por famílias que estão no Cadastro Único (CadÚnico), a chamada “fila” do Bolsa Família, e que estavam há meses sem nenhum tipo de assistência para dar conta das necessidades básicas; e outro formado por famílias que já recebem o benefício do governo federal e têm crianças com idade entre 0 e 3 anos, a primeiríssima infância. O primeiro grupo recebe duas parcelas de R$ 150 e o segundo um complemento de renda de R$ 50 também nos meses de abril e maio. O investimento foi de R$ 6,4 milhões dos cofres municipais. Quem trabalha no Carnaval, a maior festa do Recife, suspensa devido à pandemia, também recebeu ajuda da Prefeitura. Criamos o Auxílio Municipal Emergencial Carnaval (AME Carnaval), destinado a artistas, atrações e agremiações que tiravam da principal festa do Recife o sustento. Ao todo, cerca de 800 agremiações receberão o benefício até o fim do mês de abril. O investimento contou com apoio da Ambev e chegou aos R$ 4 milhões. Também oferecemos apoio aos setores produtivos, para que as empresas mantenham o seu funcionamento e não deixem mais pessoas desempregadas. A prefeitura adiou o pagamento do ISS para setores impactados mais severamente pela restrição de circulação de pessoas, como bares e restaurantes, hotéis, casas de eventos, salões de beleza, clínicas de estética, agências de viagem e espaços de entretenimento. Mas não basta somente fazer a nossa parte. A prefeitura também precisa unir esforços com a população. Por isso, em março, quando o Recife completou 484 anos, lançamos a campanha Aniversário Solidário, para arrecadação de alimentos em diversos pontos da cidade, como a sede da prefeitura, os postos de vacinação e supermercados parceiros. Diante dessa crise econômica, como estão as contas da prefeitura? Recebemos a Prefeitura com as contas em ordem, mesmo diante do cenário desafiador do ano de 2020, com os efeitos da pandemia restringindo receitas e exigindo investimentos na criação da rede emergencial de saúde e no apoio da população mais vulnerável. Porém, sempre é necessário cortar custos e manter um bom equilíbrio fiscal. Tivemos esse compromisso com o povo do Recife, de fazer da maneira correta, respeitando o dinheiro público. Por isso, lançamos um ousado plano de ajuste fiscal para melhorar a pontuação do Recife junto aos órgãos internacionais e conseguir fazer mais investimentos. Revimos contratos, cortamos despesas e atentamos para a gestão de pessoal visando a alcançar uma economia de R$ 100 milhões. Tudo isso apoiado na modernização da máquina pública e no planejamento integrado, para tornar a administração mais ágil e eficaz. Uma nova etapa do Parque Capibaribe está sendo realizada com o Parque das Graças. Qual a perspectiva de serem executadas outras etapas do projeto ainda na sua gestão? No dia do aniversário do Recife, 12 de março, a gente anunciou a construção do Parque das Graças, que vai ser o coração do Parque Capibaribe. É mais uma área verde que chega para a nossa cidade, para que a gente possa oferecer espaços de convivência aos recifenses e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente e do nosso Rio Capibaribe. O parque vai ter um quilômetro de extensão e a gente vai dividir em três fases. A primeira, já entrega

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"Pessoas influentes devem propagar informações sobre a prevenção da Covid-19"

Por que, em plena pandemia, as pessoas não usam máscaras e descumprem o isolamento social? A resposta parece não ser simples. De acordo com a psicóloga Suzana Konstantinos Livadias, existem questões de cunho econômico e social, que levam indivíduos a questionarem por que podem se aglomerar no transporte público para trabalhar e não podem se unir a uma multidão para se divertir. Suzana, que coordena o Espaço Trans – voltado à população transexual e travesti no Hospital das Clínicas/UFPE – também critica o comportamento do presidente Jair Bolsonaro e de celebridades que não adotam as medidas preventivas e influenciam um grande número de pessoas. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a psicóloga analisa essas questões e faz um apelo para que a mídia e as pessoas influentes sejam responsáveis e estimulem a sociedade a se proteger contra o coronavírus. Você considera que muitas pessoas acreditam que não serão contaminadas e por isso não seguem as medidas de prevenção à Covid-19? Acho que tem esse fator. Não posso dizer que essa é a questão que motiva as pessoas a não seguirem as medidas, mas acho que, na medida em que não temos a concretude do vírus, porque ele é algo invisível, talvez as pessoas, de fato, tenham a dificuldade de entender a necessidade de prevenção e até por terem um repertório reduzido de informações e de compreensão da ciência. Mas acho que tem outra questão sobre pessoas representativas que, simbolicamente, têm uma importância. Elas poderiam ser esse intermediador de propagação de informações sobre a prevenção da Covid-19, na medida em que muita gente acreditaria naquilo que alguém importante está dizendo. Quando vemos, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro não usando a máscara, contrário ao isolamento social e ao lockdown, é compreensível o sujeito comum também dizer: “se o presidente, que é o presidente, não está usando, por que eu vou usar?” Ele ocupa um lugar simbólico de representatividade, é o cargo de poder máximo do nosso País. Ele exerce uma influência muito grande na medida em que os comportamentos dele serão divulgados, têm visibilidade, então isso impacta sim, e de uma forma negativa. Há um texto teórico chamado Pacto edípico e pacto social (do psicanalista e escritor Hélio Pelegrino?), é uma análise psicanalítica que vai trazer essa questão de que se essas regras de prevenção não são cumpridas na macroestrutura, por alguém que é responsável por cuidar das pessoas, na sua microesfera, as pessoas também não vão cumprir suas regras. Se os pactos sociais não são cumpridos, os pactos mais individualizados também não serão. Há uma autorização implícita, tácita, que as pessoas acabam também reproduzindo. Existe um desconhecimento das pessoas de que, ao não adotar as medidas de prevenção da Covid, pode impactar na saúde das outras pessoas, inclusive de familiares? Pessoas que têm um repertório mais restrito de informações podem ter dificuldades de entender que sua atitude pode prejudicar os demais. Mas acho que há também um pouco de ausência do senso de coletividade, de uma falta, talvez, de compreensão de que a minha atitude vai refletir num cuidado mais coletivo, de cuidar do outro. As pessoas estão mais voltadas para si, num certo egoísmo, num certo hedonismo, até porque, se a gestão pública, que cuida de todo mundo, informa que você tem que trabalhar, porque senão vai ficar com fome, isso sugere que você é o responsável pela sua sobrevivência. Então, se não há um cuidado de uma gestão pública para se responsabilizar por esse aspecto coletivo, o sujeito, por si, só também acha que não deve se cuidar. Mais uma vez eu volto à questão do pacto social. A população assiste a pessoas significativas, como Gabigol e Elba Ramalho (ambos foram flagrados pela polícia ao organizarem festas para muitas pessoas) fazendo grandes comemorações e podendo curtir, e passa a pensar: “se eles podem, por que que a gente não pode, né?” O fato de as pessoas terem que se expor para trabalhar e pegar transporte público lotado, as levam a pensar que também têm direito de se expor para se divertir? Eu acho que isso é uma relação muito direta. Divertir-se também está sendo colocado um pouco como álibi para sair, porque traria benefícios para a saúde mental. De fato, a saúde mental fica prejudicada se a gente não tem laços no convívio social. Mas é preciso ponderar. Diante das circunstâncias, o que a gente prioriza: a vida, o cuidado, o altruísmo no sentido de cuidar do outro ou aglomerar? Mas, essa relação de poder aglomerar para trabalhar e não poder para se divertir pode não ter sentido para muita gente. Outra questão é que em muitas comunidades vulneráveis, falar em isolamento social é até risível. Muitas pessoas trazem para nós o seguinte pensamento: “como fazer isolamento social se na minha casa moram 13 pessoas e só existem dois cômodos?”. Precisávamos dar alternativas para aqueles que não têm condições de fazer o isolamento social. Então, só os privilegiados, só aqueles que residem num espaço maior vão poder fazer? Leia a entrevista completa na edição 181.1 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Jornalismo é essencial em situações de caos como a que vivemos.

Com a popularização desse oceano de notícias que é a internet não faltaram profetas do apocalipse da comunicação assegurando que o jornalismo estava com os dias contados. Afinal, agora, todo usuário da web passou a ser também um produtor de informação. Mas, o tempo e a Covid-19 mostraram que a essência do fazer jornalístico continua imprescindível. “Esse tipo de informação, verificada, de qualidade e contextualizada, vai ser sempre essencial, seja em que formato for”, garante Lívia de Souza Vieira, professora da Faculdade de Comunicação da UFBA (Universidade Federal da Bahia). “Em momentos de incerteza, os cidadãos procuram informações confiáveis e, no caso da pandemia, isso é mesmo uma questão de vida ou morte”, endossa a acadêmica que é doutora em Jornalismo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e editora da newsletter Farol Jornalismo, que aborda pesquisas e tendências do setor. Neste momento em que a Algomais completa 15 anos, Cláudia Santos conversou com a especialista sobre as perspectivas do jornalismo, a viabilidade dos modelos de negócios para o setor e o uso das novas tecnologias. Durante a pandemia, houve um aumento da procura por informação jornalística e de assinantes. A senhora acredita que esse cenário positivo deve se manter? Como o jornalismo pode se destacar no imenso mar de informações da internet? Sim, houve um aumento da procura por jornalismo, ou seja, por informação confiável, durante a pandemia. Canais de TV, sites jornalísticos, bateram recordes de audiência em diversos países do mundo, inclusive aqui no Brasil. E não só de audiência, mas houve também um aumento do número de assinantes: o New York Times, por exemplo, ganhou 600 mil novos assinantes nos três primeiros meses de 2020. Isso compensou, em parte, a queda das receitas vindas da publicidade durante esse período. Esse cenário positivo mostra que o jornalismo é essencial em situações de caos como a que a gente está vivendo. Em momentos de incerteza, os cidadãos procuram informações confiavéis e, no caso da pandemia, isso é mesmo uma questão de vida ou morte. Eu acredito que a audiência pode até diminuir ou estagnar depois que a pandemia terminar (e reter essa audiência é um grande desafio para os veículos), mas como o jornalismo correspondeu muito bem a essa procura, pavimentou-se um bom caminho em direção ao aumento da credibilidade e da confiança, que são tão importantes nesses tempos de desinformação. O jornalismo pode se destacar não só produzindo informação de qualidade mas, também, criando estratégias de circulação dessas informações para que elas atinjam o maior número de pessoas. É importante não só a diversidade de pautas e assuntos mas, também, de profissionais e de fontes. Um veículo com profissionais negros, LGBTs, com necessidades especiais, vai também ser mais sensível a essas pautas. A diversidade tornou-se um tema imprescindível na pauta jornalística? Sim, não só diversidade de pautas e assuntos mas, também, diversidade de profissionais e de fontes. E uma coisa está relacionada à outra. Um veículo com profissionais negros, LGBTs, com necessidades especiais, vai também ser mais sensível a essas pautas e seus repórteres vão procurar especialistas que também representem essa diversidade. É um círculo virtuoso. O jornalismo nas periferias, por exemplo, tem crescido muito no vácuo que os grandes veículos deixaram ao longo dos anos por ignorarem ou estereotiparem essas comunidades. Qual o futuro do jornalismo local e como a senhora analisa a existência dos chamados “desertos de notícias”, lugares onde não há informação jornalística local disponível para as pessoas que vivem neles? A questão dos “desertos de notícias” impacta o jornalismo local e até a maneira de consumir informação no futuro, pois ela depende muito das condições de acesso. A qualidade da conexão de internet e a própria existência dela são fundamentais para como as pessoas vão se informar no futuro. No Brasil, cerca de 70% das pessoas têm acesso à internet, então ainda existem cerca de 47 milhões de brasileiros sem internet. Esse é um dado importante. Há ainda muitos “desertos de notícias” no Brasil, ou seja, municípios sem cobertura jornalística local. O último levantamento do Atlas da Notícia mostrou que os “desertos de notícias”, quando somados aos “quase desertos”, ainda atingem 29,6% da população brasileira. O que eu acho que vai sempre existir é a necessidade de fornecer ao cidadão informações que vão ajudar nas decisões do seu dia a dia, na sua vida em comunidade e na maneira como ele age em sociedade. Esse tipo de informação, verificada, de qualidade e contextualizada, vai ser sempre essencial, seja em que formato for. Analistas têm apontado que as pessoas estão demandando um jornalismo mais propositivo. O que a senhora acha dessa análise? O jornalismo de soluções, ou propositivo, tem ganhado força não por passar uma visão positiva dos fatos, mas por não encerrar a apuração no fato em si, na tragédia. A ideia é contextualizar, de maneira a apresentar ao leitor as soluções possíveis para determinado problema. Pesquisas têm mostrado que as pessoas estão cada vez mais evitando as notícias (news avoidance), porque elas as deixam tristes, ansiosas e mal-humoradas. Estamos vendo isso acontecer nesta pandemia. Então, o que o jornalismo de soluções procura fazer é apresentar caminhos possíveis, não de maneira romântica ou ilusória, mas de modo a contextualizar os diferentes cenários, comparar com outros, para trazer uma visão mais holística do problema relatado. Assine a Revista Algomais e leia a entrevista completa na Edição 180.5: assine.algomais.com

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“Observamos, cada vez mais, pacientes jovens chegando ao hospital.”

Essa segunda onda da Covid-19 tem requerido muito das energias e até da capacidade de convencimento dos profissionais de saúde. Além de cuidarem de pacientes que agora estão em estados mais graves do que no início da pandemia e de conviverem com o aumento de óbitos, eles agora precisam convencer muitas pessoas que chegam aos hospitais de que não existe tratamento precoce eficaz para a doença. “Muitos vêm com informação já construída na sua cabeça de que vão tomar um coquetel de medicações e na verdade não é isso que acontece. Temos sempre que estar nesse convencimento com os pacientes e isso realmente demanda muito tempo”, lamenta a infectologista Millena Pinheiro, supervisora médica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Português. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a médica comenta o atual estágio da pandemia, observa que a Covid-19 tem acometido mais os jovens, lastima a lentidão do processo de vacinação e analisa as possibilidades de mutação do novo coronavírus. Millena também fornece dicas importantes sobre o uso de máscaras e faz um apelo à população para cumprir o isolamento social. Como tem sido a rotina de trabalho dos profissionais no tratamento aos pacientes com Covid-19 nos serviços médicos onde a senhora trabalha? Tem sido uma rotina muito cansativa, primeiro porque o número de pacientes aumentou bastante nessas últimas quatro a seis semanas. Observamos, cada vez mais, pacientes jovens chegando aos hospitais, os pacientes têm chegado um pouco mais tardiamente na evolução da sua doença. Muitas vezes já chegam bem inflamados, com quadro respiratório mais ou menos estabelecido, demandando oxigênio, muitos deles demandando UTI. Portanto, são pacientes mais complicados que chegam ao hospital atualmente. E há o cansaço de todo esse período. É um atendimento que demora muito, precisamos no paramentar e nos desparamentar com bastante cuidado. Em razão de tantas fake news, os pacientes têm muitas perguntas, principalmente sobre tratamentos que, na verdade, não são liberados como tratamento precoce. Sabemos que não existe, do ponto de vista científico, uma evidência de que se previna com tal tratamento. Temos que, realmente, justificar bastante, porque que não vamos usar a medicação X, Y ou Z. Enfim, hoje em dia é um momento muito delicado, porque os pacientes estão muito complexos, não só do ponto de vista de doença mas, também, do ponto de vista de exigência de informação. Muitos vêm com informação, já construída na sua cabeça, de que vão chegar no hospital, vão tomar um coquetel de medicações e na verdade não é isso que acontece. Temos sempre que estar nesse convencimento com os pacientes e isso realmente demanda muito tempo. Então, fora o tempo da paramentação, tem o tempo dessa conversa para explicar tudo direitinho, o paciente se convencer e ficar seguro. Muitas vezes, acaba até nem acontecendo, porque o paciente quer porque quer tomar a medicação X, por exemplo. E, aí, chama a segunda opinião, terceira opinião. Enfim, é um momento delicado, o que torna cansativo esse atendimento. Na sua opinião, quais as expectativas da evolução da pandemia em Pernambuco e no Brasil? Estamos em plena segunda onda, com um número elevado de casos, um número elevado de mortes, inclusive muito mais elevado do que na primeira onda e vemos que as medidas que podem melhorar a aceleração desse vírus não estão sendo efetivamente tomadas. Muitas vezes por parte da população que está cansada e que precisa trabalhar, se movimentar, cansada de ficar isolada em casa. Essas pessoas têm saído. E também por  causa do poder público que não quer mais tomar medidas que não são simpáticas, eles não querem mais fazer lockdown. Eu entendo que existe a balança entre a economia e a saúde e que é preciso ter muito equilíbrio para não esgotar um lado nem o outro. Existem essas questões de fechamento de muitos comércios por falta de público. Existe também a questão das escolas, que é um local que muitas pessoas defendem que se mantenha aberto. Em muitos países da Europa, são consideradas essenciais, foram as últimas a serem fechadas, ficaram abertas durante boa parte da pandemia. Já aqui existem duas situações bem diferentes: as escolas públicas, que ainda não abriram na sua grande maioria; e as escolas particulares, que abriram em sistema híbrido. Mas que, ainda assim, em algumas, houve impacto na transmissão, em outras não, dependendo muito da forma como cada escola aplica os seus protocolos de segurança. A relação da família com a escola também tem que ser muito próxima. Da forma como estamos acelerando os casos e estão sendo conduzidas as medidas que podem efetivamente conter esse avanço da pandemia, vejo que teremos ainda muitos óbitos. Isto porque não se está restringindo circulação de pessoas de uma forma adequada apenas nesse horário das 20h às 5h da manhã. Por que essa restrição nesse horário não é efetiva? Porque esse não é o período de maior aglomeração. E, muitas vezes, as pessoas que querem fazer algum encontro, vão antecipar e vão terminar nesse horário e, às vezes, até há uma aglomeração antes das 20h, em alguns locais, porque as pessoas vão ter menos tempo para se encontrar e resolver seus problemas. Acredito que esse tipo de medida é insuficiente para impactar os números. Neste nível que está a pandemia qual a melhor maneira de usar máscara: a de pano, a PFF2 ou usar duas máscaras? Bom, o mais importante é a máscara se adaptar bem ao seu rosto. Não pode ter frestas laterais, frestas na região do nariz e, se for a de pano, você tem que fazer aquele teste da vela, que é você tentar soprar a vela, estando de máscara, e não conseguir apagá-la. Neste caso, é uma máscara segura para você usar. A PFF2 é a máscara também chamada de N95, sua indicação maior é para pacientes que estejam gerando aerosol, ou seja, pacientes entubados, que usam algum tipo de terapia respiratória, que estejam usando nebulização (o que é muito raro, na verdade, que a gente não orienta nebulizar esses pacientes). Ela é usada principalmente quando se

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“Acreditamos no design como uma ferramenta a serviço da transformação.”

A experiência do Laboratório O Imaginário, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), é um exemplo de sucesso de como a a academia pode intervir de forma respeitosa nas comunidades e ajudá-las a empreender, gerar renda e, ao mesmo tempo, valorizar suas culturas e tradições, empoderando seus integrantes. “Imaginar que a sociedade banca a geração desse conhecimento (acadêmico) e não fazer uso dele é inadmissível”, defende Ana Andrade, arquiteta que coordena o Laboratório com a professora Virgínia Cavalcante. Só para ficar num exemplo deste trabalho, no quilombo Conceição das Crioulas, a confecção de bonecas inspiradas nas seis mulheres que fundaram a comunidade garante a sustentabilidade de seus integrantes e aumentou a autoestima das artesãs que, hoje, vendem as suas criações até para o museu Masp, em São Paulo. Nesta conversa com Cláudia Santos, Ana Andrade fala das estratégias e dos resultados desses 20 anos de atuação da iniciativa que transformou a vida de vários artesãos. Como surgiu a ideia da criação do Laboratório O Imaginário? Na época (2000), eu era diretora de cultura da UFPE e trabalhava com a pró-reitora Célia Campos, durante o reitorado de Mozart Neves. Nesse momento, tentando fazer as coisas mais eficientes e concisas, criamos o Centro Cultural Benfica. Ele reunia todo o acervo da universidade em termos de arte, arte popular e arte contemporânea. Constatamos que tínhamos um acervo valiosíssimo na área de arte popular. Fui professora do Departamento de Design da UFPE, durante muitos anos, e essa aproximação deu um estalo, confirmado com oportunidades que aconteciam, naquela época, com o Programa Comunidade Solidária, no governo de Fernando Henrique e que teve como figura muito marcante a doutora Ruth Cardoso. Ela fez um fortalecimento da extensão universitária e provocou uma grande aproximação da universidade com programas de inclusão social do Comunidade Solidária. Havia os programas Artesanato Solidário e o Universidade Solidária. Assim, a pró-reitoria de extensão, juntando as diretorias de Cultura e de Extensão, investiram nesse programa que buscava fazer com que o estudante reconhecesse essas realidades diferentes daquela em que ele estava inserido e pudesse e contribuir. Unimos essas oportunidades e, daí, surgiu o Laboratório, que é um laboratório de design formado por professores do Departamento de Design da UFPE, mas também por outros professores de outros departamentos, bem como estudantes e técnicos, com a ideia de fazer com que o design, de fato, seja um instrumento da sustentabilidade. Acreditamos no design como uma ferramenta que pode estar a serviço da transformação. Como vocês conseguem introduzir o design, agregando valor ao artesanato, sem ferir a essência e a tradição artesanal? Há duas questões que precisamos pontuar. A primeira é o respeito ao conhecimento popular. Mesmo sendo da academia, temos que reconhecer o valor do conhecimento popular, das pessoas e de seus saberes. Essa questão de valor e respeito está intrínseca na ação junto a qualquer comunidade, não só a comunidade artesanal. O outro ponto é que o design tem uma natureza interdisciplinar. Só se consegue fazer design se houver uma boa interlocução com o contexto. Neste sentido, existem as questões relativas à forma, ao material e à maneira de se produzir. E há também as questões relacionadas às suas funções: como e para que se usa determinado objeto, como ele deve ser feito para ser usado melhor e proporcionar mais conforto e segurança e, até mesmo, incluir a questão plástica, se imaginarmos que decoração é também uma função. Existem ainda as questões relativas aos significados que são relacionadas também ao valor nessa interlocução com o mercado e na valorização do contexto. Então, respondendo, eu diria o seguinte: o design, pela sua natureza, tem a capacidade de fazer essa interlocução com o mercado e ela tem que ser feita com base no respeito ao conhecimento e ao valor dessas pessoas com quem se está lidando. Você poderia contar a experiência d’ O Imaginário na comunidade quilombola Conceição das Crioulas no Sertão? A experiência em Conceição das Crioulas foi fundamental porque foi por intermédio dela que conseguimos fazer um desenho de um modelo de intervenção. Inicialmente, nós trabalhávamos com o Sebrae para atender grupos de artesãos de diversas localidades, com diversos interesses. O que observamos nesse modelo era que as oficinas que realizávamos para os artesãos não tinham sustentabilidade. Terminada a oficina, não havia continuidade porque conciliávamos interesses, modos de fazer e histórias diversos. A oportunidade de atuarmos em Conceição das Crioulas, através do programa Universidade Solidária e depois do Artesanato Solidário, permitiu desenharmos um modelo que tinha como foco a comunidade, sua história, seus valores, seus desejos e seus produtos e, a partir desse entendimento, montava-se uma ação que não visava apenas ao produto dos artesãos, mas o produto, a forma de fazer, a história do local, as oportunidades que o local fornecia e as capacitações para inclusão de mais pessoas nesse fazer, a melhoria desse fazer, todas as questões que poderiam valorizar o local a partir de um produto simbólico que foram as bonequinhas de Conceição. Por meio delas, traduziu-se toda a história da comunidade, seu mito fundador das seis negras que compraram as terras ao imperador, começaram a plantar algodão e ergueram o povoado. A junção dessas oportunidades e esses reconhecimentos garantiram o sucesso de um projeto. A gente conseguiu fazer com que ele continuasse acontecendo, independentemente da gente estar presente no local durante todos esses anos. Elas hoje expõem no Masp, trabalham e o protagonismo da mulher foi fortalecido. Os homens se inseriram para facilitar e aumentar a produção. Enfim, realizamos tudo que achávamos que podia acontecer nessa maneira de fazer. Não é só fazer oficinas específicas, mas investir, inclusive, naquilo que a comunidade queria naquele momento, que era o reconhecimento do seu território nas brigas de terra com os posseiros. Para ajudar, chegamos até a fazer site e um jornal chamado Crioulas. Todas essas ações, inclusive, de comunicação, ajudaram a tornar o projeto, de fato, sustentável com o empoderamento das quilombolas. Leia a entrevista completa na Edição 180.3 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"As mulheres negras são maioria entre as que perdem suas vidas por feminicídios"

Na semana do 8 de Março, conversamos com Glauce Medeiros sobre violência de gênero, políticas públicas e sobre a sua gestão na Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife. Socióloga, com mestrado em Extensão Rural e Desenvolvimento Local, ela tem uma trajetória acadêmica e profissional dedicada à luta por igualdade social e de gênero. A violência contra a mulher, que é um dos principais temas de todas as estruturas públicas voltadas para a população feminina, aumentou com o confinamento? O que já se sabe sobre esse fenômeno? O estudo Violência Doméstica Durante a Pandemia de Covid-19 feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou aumento de 22% dos casos de feminicídio no Brasil só nos dois primeiros meses de pandemia, ao passo que as denúncias de casos de violência contra a mulher nas delegacias diminuíram. A subnotificação da violência contra a mulher aumenta em períodos de isolamento. É preciso ficar em casa para salvar vidas, mas mantemos nossos serviços para que as mulheres tenham o apoio necessário quando estiverem em situação de violência. O confinamento aumentou a vulnerabilidade das mulheres ante os seus agressores. A necessidade de isolamento fez com que as mulheres vítimas de violência passassem a ter convívio exclusivo com os agressores, e as manteve afastadas do convívio com familiares e amigos, e sob vigilância do agressor, o que diminuiu as possibilidades de denunciar e de pedir ajuda. Desse modo, a subnotificação aumenta ainda mais. No início da pandemia, a Prefeitura do Recife disponibilizou o serviço de orientação por Whatsapp 24h, e garantiu o atendimento presencial e pelo Liga Mulher das 8 às 18h. Realizamos também a campanha Ficar em casa não é ficar calada, com vídeos e cards para a internet e cartazes distribuídos em postos de saúde supermercados e farmácias. Os casos de violência doméstica atingem mulheres de todas as classes sociais ou existe alguma classe que sofre mais este tipo de agressão? A violência contra a mulher não tem classe social, mas a autonomia financeira impacta diretamente nas condições concretas para que as mulheres saiam do ciclo violência. Desta forma, infelizmente, as mulheres negras, que estão na base da pirâmide social, são maioria entre as que perdem suas vidas em decorrência dos feminicídios. De acordo com os dados do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, 73% das mulheres que morrem pela condição de gênero são mulheres negras. Qual tem sido a principal agenda da Secretaria da Mulher neste período de plena pandemia? Neste período de pandemia, a Secretaria da Mulher tem centrado esforços na prevenção e no enfrentamento da violência contra a mulher por meio da ampliação dos nossos serviços de atendimento e acolhimento. Os atendimentos feitos pelo Centro de Referência Clarice Lispector, de orientação jurídica, acompanhamento psicológico e social para mulheres vítimas de violência doméstica e sexista, passaram a ser realizados também nas unidades do Compaz. No dia 8 de março, o prefeito João Campos anunciou a autorização para ampliarmos o horário de atendimento presencial do Clarice Lispector para 24 horas. A rede municipal de proteção das mulheres em situação de violência conta ainda com a Brigada Maria da Penha, uma parceria da Secretaria da Mulher e da Secretaria de Segurança Urbana, e com o Centro de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sony Santos, o centro fica dentro do Hospital da Mulher do Recife e é coordenado pela Secretaria de Saúde. A Prefeitura do Recife é a primeira capital do País que instituiu uma paridade de gênero nas suas secretarias, com 50% dos postos ocupados por mulheres. Em que essa decisão influencia no trabalho da gestão municipal? Essa medida traz um simbolismo muito grande, mas é também uma política efetiva na construção da igualdade gênero. Esse gesto indica o compromisso da gestão com a promoção da igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens. E garantir a paridade de gênero no secretariado significa que a tomada das decisões que impactam o dia a dia das mulheres vai ser pensada por quem também vivencia as consequências de viermos em uma sociedade que oprime as mulheres. As políticas públicas para mulheres têm muito forte a característica da transversalidade, então ter mulheres nas diferentes áreas de atuação fortalece a formulação e execução de políticas específicas para esse público em todas as áreas. Ter mais mulheres em cargos de poder contribui para termos uma sociedade que trate as mulheres com mais respeito? Sim. A disparidade de representação entre mulheres e homens nos cargos de poder é fruto de um conjunto de desigualdades historicamente construídas e socialmente naturalizadas, que relegaram às mulheres ao espaço privado e às funções domésticas e de cuidado. Quebrar essa barreira e ascender aos postos de comando é romper também com o padrão de pensamento e comportamento que estrutura não só essa, como outras opressões. É uma reação em cadeia, em que a conquista de um direito pavimenta o caminho em direção à equidade. A senhora está ainda nos primeiros meses à frente da Secretaria da Mulher. Quais marcas ou legados a senhora gostaria de deixar até o final desse mandato? Assumir a pasta da Secretaria da Mulher é um grande desafio, o cotidiano de trabalho é muito intenso, mas só é possível realizá-lo, em razão de uma equipe totalmente comprometida e uma gestão integrada. As políticas para mulheres só têm robustez se desenvolvidas de forma transversal, e hoje tenho a felicidade de fazer parte de uma gestão que enfrenta as desigualdades de gênero de forma efetiva, garantido a paridade de gênero nos cargos de lideranças. Esse é um legado histórico, uma importante marca da gestão do prefeito João Campos. Enquanto secretaria, queremos servir cada vez mais e melhor a nossa população, contribuir com políticas públicas estruturadoras para as mulheres, promovendo a autonomia financeira e gerando oportunidades, realizar ações de prevenção da violência doméstica e sexista, sempre garantido serviços de qualidade nos equipamentos de atendimento às mulheres em situação de violência. Tudo isso dialogando com os vários setores da sociedade.   A senhora tem trabalhado no movimento de

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“Ter mulheres ocupando posições de liderança não é uma opção, é uma necessidade.”

Empresas que planejam o futuro dos seus negócios devem pensar seriamente na posição que as mulheres ocupam no seu time de funcionários. Estudo da McKinsey & Company apontou que dos nove traços identificados como essenciais para as lideranças enfrentarem os desafios que estão por vir, elas se saem melhor em cinco e empatam com os homens em dois – estímulo intelectual e comunicação eficiente. “A favor das mulheres estão a capacidade de inspirar e servir como modelo de conduta, a participação ativa nas decisões, o equilíbrio entre expectativas e recompensas e o desenvolvimento de pessoas”, especifica Pollyanna Cavalcanti, diretora de pessoas, cultura e performance da empresa Avantia. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Pollyanna analisa por que, mesmo com todas essas vantagens, mulheres em cargos de liderança ainda são exceções no Brasil e no mundo. Entretanto, existem saídas. Pollyanna aponta algumas delas, como implantar políticas afirmativas nas empresas que estimulem uma cultura inclusiva. Ela também ressalta a importância dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU – que inclui a igualdade de gênero – do papel do RH nesse processo e do entendimento de que a maternidade não seja vista como uma pausa ou uma perda no período produtivo da mulher. Quais as vantagens que as empresas podem ter ao contarem com mulheres no seu time e em cargos de liderança? Melinda Gates disse recentemente que “se você quer elevar a humanidade, empodere as mulheres. É o investimento mais amplo, universal e com maior potencial de alavancagem que podemos fazer pelo bem do ser humano”. Eu acredito que esse empoderamento se faz necessário para que as organizações possam, de fato, exercitar a diversidade de pensamentos e ideias e, consequentemente, promover ambientes mais inovadores e sustentáveis. Em um estudo da McKinsey & Company, dos nove traços identificados como essenciais para as lideranças enfrentarem os desafios futuros, as mulheres se saem melhor em cinco e empatam com os homens em dois – estímulo intelectual e comunicação eficiente. A favor das mulheres estão a capacidade de inspirar e servir como modelo de conduta, a participação ativa nas decisões, o equilíbrio entre expectativas e recompensas e o desenvolvimento de pessoas. Logo, na minha opinião, ter mulheres ocupando posições de liderança não é uma opção. É uma necessidade. Por que as mulheres no Brasil ocupam hoje apenas 34% dos cargos de liderança sênior nas empresas, segundo mostram alguns estudos? Corroborando sua pergunta, a Mckinsey publicou um estudo em 2020 que trazia uma fotografia semelhante: a cada 100 homens promovidos para posições de gestão, apenas 85 mulheres eram promovidas. Esse gap aumenta ainda mais quando falamos de mulheres negras. Quando paramos para avaliar as justificativas, vemos inúmeros fatores, tais como: processos seletivos que não garantem amostras equivalentes de candidatos (internos/externos) para as vagas em questão; ausência de políticas afirmativas nas organizações que estimulem uma cultura mais inclusiva e apoiem as mulheres em novas posições; ausência de programas de capacitação e mentorias para mulheres em posições de liderança. Além desses pontos, os desafios gerados pela crise da Covid-19 também trazem um grande alerta: muitas mulheres foram desligadas ou consideram deixar seus empregos por não conseguir conciliar suas atividades do trabalho com os cuidados do lar e criação dos filhos. Ou seja, com essa baixa de mulheres no mercado, a tendência é ter cada vez menos mulheres em posições de liderança atuais e futuras. . Pesquisas também mostram que mulheres em posição de liderança ganham em média 25% a menos que os homens. Como alcançar a igualdade? Nenhuma empresa declaradamente remunera homens e mulheres de maneira diferente. Porém, vários estudos comprovam que a diferença existe, sim. Então, para se alcançar a igualdade, várias medidas precisam ser adotadas em ambos os lados. Nas empresas, considero importante que: o espaço para negociação de remuneração (tanto nas contratações, quanto nas promoções) seja ampliado, tanto pela área de RH quanto pelos próprios líderes; a maternidade não seja vista como uma pausa ou uma perda no período produtivo da mulher; contratações, promoções ou indicações para assumir novas posições não sejam repensadas pelo fato da mulher ser mãe. As mulheres por sua vez, precisam aprender a negociar melhor suas condições de remuneração, buscar seu espaço de fala e, também, a dizer não para cenários que não sejam favoráveis. O caminho é longo, mas não impossível. As escolhas que fizermos hoje, certamente irão nortear o ritmo das mudanças e alcance da igualdade em nossos ambientes de trabalho. O que você acha da iniciativa da ONU de incluir entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas? Importantíssima. Na Avantia, nós aderimos ao WEPS (Women’s Empowerment Principles) em março de 2019. Fomos a primeira empresa de tecnologia do Porto Digital a fazer parte do movimento. Na época, poucas empresas locais estavam trabalhando esta pauta de maneira mais ativa. Em dezembro de 2019, tínhamos 18% de mulheres em nossa área de desenvolvimento. Hoje, esse número aumentou para 27%. Resolvemos todas as nossas questões relacionadas ao assunto? Não, mas consideramos que cada passo já é um avanço. Ter assumido o compromisso nos fez parar para planejar nossa atuação, sensibilizar e capacitar nossas lideranças para a temática, implementar políticas mais atrativas para as mulheres, envolver os homens na pauta e mensurar números que antes não eram vistos. Leia a entrevista completa na edição 180.1 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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