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Entrevistas

Edgard Leonardo: “O Brasil pode ter vantagens ao enfatizar a sustentabilidade”

Os próximos meses não serão fáceis para a economia brasileira e pernambucana. A possibilidade de uma segunda onda da pandemia, a dificuldade de a população adotar as medidas de prevenção ao coronavírus e a perspectiva de que ainda vai levar um tempo para os brasileiros se vacinarem contra a Covid-19 são alguns indicativos das dificuldades que estão por vir. Um cenário que impacta no crescimento econômico e no nível de emprego. Mas, segundo o professor Edgard Leonardo, da Unit (Universidade Tiradentes), existem algumas boas perspectivas também. Nesta conversa com Cláudia Santos, ele analisa as vantagens que podem surgir caso o País adote a economia verde, salienta o espaço que se abre com a desconcentração da produção industrial na China e com a liquidez internacional, e traça um panorama positivo para Suape. O que muda na economia do Brasil e de Pernambuco com a vitória de Joe Biden para a presidência dos EUA? As relações diplomáticas entre o Brasil e os EUA existem e certamente permanecerão independentemente de quem esteja no papel de presidente. Com Joe Biden, a pauta da ecologia e dos direitos humanos seguramente ganha relevância e perde o alinhamento que havia entre o perfil pessoal de Trump e Bolsonaro, o que deve resultar em uma mudança na política externa brasileira que será menos personalista. A pauta da ecologia certamente resultará em maior pressão sobre o Brasil, porém vale salientar que nosso País é um grande player no cenário do agronegócio e os EUA historicamente têm-se utilizado de todos os meios para obter vantagens nos mercados onde concorremos. Os EUA protegem (embora não pareça ser o discurso) produtos de grande interesse dos exportadores brasileiros, subsidiando a produção local de açúcar, milho, soja, algodão; e tarifando o açúcar, o fumo, os derivados lácteos e a carne bovina brasileira. O Auxílio Emergencial será distribuído até dezembro. Como fica a economia e a situação das pessoas economicamente mais vulneráveis? O melhor auxílio sempre será o emprego. Uma economia forte, com crescimento estável e duradouro, que permita a criação de emprego e renda para sua população. Todavia, estamos longe disso e um dos grandes riscos que corremos, que impactaria inclusive nossa produtividade, comprometendo nossa retomada e nossos sonhos a médio e longo prazo, é que o desemprego e o subemprego elevados e prolongados podem gerar a chamada histerese no mercado de trabalho. O termo se refere à dificuldade da taxa de desemprego voltar ao seu estado original após sofrer um choque ou, em outras palavras, a dificuldade do desemprego ceder após uma alta pronunciada e duradoura. A histerese poderia deteriorar o capital humano quando ainda temos uma parcela grande de jovens no mercado, comprometendo nossa produtividade. E vale ainda salientar que para os próximos anos não teremos mais o chamado bônus demográfico. O fato é que, mesmo com a retomada do crescimento e com o aumento esperado de 3,6% do Produto Interno Bruto em 2021, o nível do PIB ainda estará significativamente abaixo do que estaria, caso o País tivesse seguido a tendência anterior, pré-crise. O que infelizmente ainda resultará em níveis de emprego muito baixos. Por isso, além de necessárias às camadas mais desassistidas da população brasileira (que já são muitas e tendem a aumentar), essas medidas são imprescindíveis e já se mostraram importantes para segurança alimentar dessas populações e para manutenção dos níveis mínimos de atividade econômica. É preciso manter a sinalização clara do compromisso com o equilíbrio fiscal e continuar com as reformas. O Brasil oferece boas oportunidades de investimento em um momento de alta liquidez internacional. Os gargalos de infraestrutura, evidenciam que há oportunidades de investimentos que podem atrair investidores nacionais e estrangeiros. Um grande mercado potencial é um de nossos atrativos; além de vantagens comparativas ainda não totalmente exploradas, principalmente na cadeia do agronegócio, onde é possível aproveitar ainda mais nossas vantagens, aumentando a nossa competitividade na indústria de alimentos. Não podemos esquecer das micro e pequenas empresas que representam cerca de 95% das empresas do País e respondem por quase 60% dos postos de trabalho formais, que carecem de medidas acessíveis e o caminho precisa ser direto via BNDES e bancos estatais. O Senado aprovou recentemente o projeto de autonomia do Banco Central. Caso ele seja aprovado na Câmara, quais serão as consequências para a economia brasileira? O debate de um Banco Central com maior autonomia, embora seja uma posição defendida pelo Governo Bolsonaro, não é um debate recente e vem sendo discutido há um bom tempo pelo Legislativo brasileiro. Hoje, os membros do BC podem ser livremente nomeados e demitidos pelo presidente. No projeto aprovado, o presidente e os oito diretores terão mandatos fixos de quatro anos e o mais interessante é que os períodos não serão coincidentes com o mandato da Presidência da República, o que certamente permite maior liberdade de atuação. Todavia o papel da entidade permanece: atuar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, zelar pela estabilidade de preços sendo o executor da política monetária; além de fomentar o pleno emprego. Uma autoridade monetária independente é importante para proteger a instituição e, com isso, todo o sistema financeiro de interferências político-ideológicas, mantendo uma maior confiança em todo sistema. Pesquisas apontam que países com independência da autoridade monetária apresentam inflação mais baixa, dada à redução no risco de que em períodos eleitorais medidas pouco saudáveis do ponto de vista econômico sejam tomadas para viabilizar candidatos apoiados pelo atual mandatário. Outro ponto a salientar é que temos no mundo exemplos de bancos centrais independentes: EUA, Zona do Euro, Canadá, Reino Unido. O senhor acha que a chamada economia de baixo carbono tende a ser adotada por muitos países, como tem sido orientado por especialistas em todo o mundo? Ficou claro em momentos recentes que existe uma grande concentração de atividade industrial na Ásia (na China em particular), o que exporia os países a riscos de abastecimento. Tal percepção aponta uma tendência de desconcentração da atividade industrial gerando vantagens para o Brasil nesse cenário. A questão da mudança climática é uma das grandes preocupações atuais e,

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“Toda empresa com um alto fluxo de dinheiro se tornará uma fintech.”

Você deve ter recebido várias mensagens do seu banco convidando-o para se cadastrar no PIX, um novo meio de pagamentos instantâneo desenvolvido pelo Banco Central. A expectativa é que o sistema substitua DOCs e TEDs, por ser gratuito e estar disponível a qualquer dia e hora. Essa é apenas uma das transformações digitais que estão a caminho e têm causado uma ferrenha disputa entre fintechs e bancos tradicionais. No ritmo dessas inovações, a notícia do lançamento do primeiro banco digital do Nordeste, comandado pelo pernambucano Edísio Pereira Neto, de 32 anos, mostra como esses tempos disruptivos são surpreendentes. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o CEO do Zro Bank fala sobre os planos da fintech que se prepara para uma expansão internacional, o impacto do PIX e do chamado open banking na vida das pessoas e o futuro das criptomoedas, que segundo ele, estão sendo criadas por nações como a China, os Estados Unidos e até o Brasil, além de empresas como o Mc’Donalds. Fale um pouco sobre sua carreira. Quando começou a trabalhar e como foi criar o Zro Bank? Eu comecei a empreender aos 16 anos, fundando uma empresa de câmbio no Recife, chamada Europa Câmbio. Conseguimos crescer bastante e ter mais de 15 lojas no Nordeste até concretizar a venda da companhia para o Grupo B&T, da qual recebi parte do pagamento em dinheiro e parte em participações, além de ser convidado para assumir o cargo de diretor estatutário da B&T Corretora. Durante dois anos, liderei o setor de negócios da B&T Corretora, com mais de 300 colaboradores, ajudando a atingir o posto de maior corretora do Brasil, com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Miami, além de 200 lojas em todo o País, superando o volume de mais de R$ 35 bilhões em câmbio por ano. Em 2018, fui co-fundador da fintech Bitblue, uma plataforma online que integra o mercado de criptomoedas internacional com o nacional e que ainda no primeiro ano superou mais de R$ 700 milhões em vendas no site, sendo acelerada pela Endeavor, após ser eleita no programa de melhores startups do Brasil. Em 2019, mesmo atingindo o auge da minha carreira, aceitei o convite para ser CEO do Zro Bank, um projeto ousado de criar o primeiro banco digital multimoedas do Brasil, atuando com tecnologia de ponta, em blockchain, e com serviços inovadores como transferência de dinheiro via chat, pagamentos digitais com QR Code e portfólio de moedas digitais. . . O desenvolvimento do projeto durou pouco mais de um ano e foi marcado como o primeiro banco digital desenvolvido no Nordeste e selecionado como TOP 10 Fintechs pelo prêmio mundial da Visa, em Miami, além de citado no ranking das 100 melhores startups da América Latina pelo Innovation Awards. O banco entrou no ar há 30 dias e rapidamente superou a marca de mais de 10 mil contas. Agora, estamos focados em planejar o próximo passo: a internacionalização do Zro Bank. É importante deixar claro que o Zro Bank é um banco digital feito para qualquer tipo de pessoa pois, de um jeito simples e leve, disponibilizamos todos os serviços financeiros com zero taxa, desde conta digital, TEDs ilimitados, cartão sem anuidade, emissão de boletos, pagamento de contas, etc. O bitcoin é apenas um produto disponível em nosso aplicativo, que utiliza quem quer e quem não entende nada de criptomoeda, não tem problema, pode usar o banco da mesma forma e usufruir de todos os serviços gratuitos. Como você avalia as perspectivas das fintechs no Brasil? São as melhores possíveis. Durante muitos anos o Banco Central foi visto como um obstáculo para o empreendedor, privilegiando sempre os cinco grandes bancos do País. O cenário atual mudou radicalmente e eu sou fã do trabalho feito pelo Roberto Campos Neto que vem abrindo cada vez mais oportunidades e descentralizando o poder dos grandes players que agora estão correndo atrás de adquirir suas próprias fintechs. Movimentos como o open banking e PIX são marcos que irão mudar a vida do brasileiro para sempre, tanto o consumidor quanto o empreendedor. Qual o motivo da disputa entre bancos tradicionais e as fintechs em cadastrar clientes para serem usuários do PIX e qual o impacto do PIX no mercado financeiro do Brasil? A disputa é a mesma de sempre, todos querem ter cada vez mais clientes em sua base, seja com contas, cartões e agora PIX. Faz parte de uma disputa saudável, em que, agora, não é mais só o dinheiro que comanda, pois estamos vendo muitas fintechs com orçamentos inferiores tendo mais sucesso do que os grandes bancos com propagandas na televisão. O fato é que o PIX vai mudar a história do mercado financeiro e do consumo no Brasil, permitindo pagamentos 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem custos e com confirmações imediatas. Tudo isso trará um dinamismo ao mercado, gerando muita redução de custo com intermediadores, criando uma nova onda de pagamentos com QR Code que tem tudo para acabar de vez com o cartão, assim como funciona na China. . O aplicativo do Zro Bank permite realizar transações financeiras em real e bitcoin. Qual é o futuro das criptomoedas, uma vez que a China já anunciou a criação de sua moeda digital? Sabemos que criptomoeda é a próxima curva do mercado financeiro e é por isso que a China já está testando sua própria criptomoeda, além dos Estados Unidos que está em fase de desenvolvimento e até o Brasil que montou um grupo de estudos pensando em criar a sua até 2022. Acreditamos que essa será a tendência de todos os países no mundo, porque dinheiro em papel custa caro e criptomoeda é rápida, rastreável, segura e permite a inclusão financeira mundial. . . Percebemos que além dos países, grandes empresas estão também com suas moedas digitais, tokenizando seus ativos e criando um possível novo mercado de ações, assim como Facebook e Mc’Donalds, que estão testando suas próprias criptomoedas. Então, as pessoas terão que se acostumar a comer um BigMac

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Moacyr Araújo: “Doenças como a Covid-19 têm relação direta com a degradação ambiental.”

A emissão de gases de efeito estufa produz consequências que vão muito além do que tornar o ar que respiramos mais poluído. Repercute no surgimento de pandemias, de crises hídricas e econômicas e até na inundação de boa parte do Recife num futuro próximo. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o professor e pesquisador do Departamento de Oceanografia da UFPE, Moacyr Araújo, que também é vice-reitor da universidade, explica como a economia baseada no consumo do carbono provoca uma série de catástrofes, como a Covid-19, além de ampliar as desigualdades sociais. Araújo, que coordena ainda a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA), aponta que a saída para o planeta está nos princípios da Agenda 2030, dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e do chamado Green New Deal. Como a devastação ambiental pode interferir no surgimento de pandemias como a Covid-19? Estudos que vêm sendo compilados no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apontavam, já em 2016, que mais de 30 novos patógenos humanos foram detectados nas últimas três décadas, o que significa, em média, mais de 10 novas ameaças à saúde da espécie humana em cada década. Um número muito elevado! Esses estudos indicam ainda que aproximadamente 75% de todas as doenças infecciosas emergentes em humanos provêm de animais, as chamadas zoonoses. Os exemplos mais conhecidos são o ébola, a gripe aviária, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), o vírus nipah, a febre do Vale Rift, a síndrome respiratória aguda grave (SARS), a febre do Nilo Ocidental, o zikavírus e, agora, o coronavírus. Qual a relação dessas doenças com a degradação ambiental? A relação é direta. Essas zoonoses se dão, sobretudo, pelas transformações impostas ao meio ambiente, em grande medida resultado das atividades humanas, que vão desde as alterações no uso da terra (como as queimadas no Pantanal, na Amazônia e em outros biomas brasileiros) até a alteração climática. Essas intervenções impõem mudanças mais ou menos aceleradas nos hospedeiros animais e humanos, forçando os patógenos, em constante evolução, a explorarem novos hospedeiros. A relação entre a degradação ambiental promovida pela ação humana e o surgimento de novas zoonoses é tão direta que um recente estudo publicado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) registra que “existe apenas uma espécie animal responsável pela pandemia do Covid-19, os seres humanos”. Especificamente em relação às mudanças climáticas, como elas podem estimular uma pandemia? Elas alteram os ecossistemas de diversas formas, sejam eles terrestres ou aquáticos. Aumentos de temperatura, por exemplo, podem induzir alterações ambientais que provoquem mudanças comportamentais em diversas espécies animais, como a procura por novos habitats de temperatura mais amena etc., o que pode induzir uma eventual maior aproximação física com os seres humanos, que até então não existia. As doenças associadas aos morcegos, por exemplo, surgiram, em grande medida, devido à perda e/ou modificação de seu habitat natural. Esse movimento de mudança de habitat não induz apenas os morcegos a  procurarem novos locais de vida. Os seres humanos também se veem diante da necessidade de se mudarem. A crise hídrica, por exemplo, decorrente da variação do clima, faz com que se observe hoje em dia uma intensificação de processos migratórios em diferentes locais do planeta. Vejamos o que ocorre hoje na África, onde populações inteiras, que já tinham características nômades, e mesmos aquelas até então sedentárias, se veem obrigadas a percorrer distâncias cada vez maiores em busca de sobrevivência alimentar, resultando, muitas vezes, no aumento do contato dessas populações com novas espécies de animais silvestres. Qual a probabilidade de enfrentarmos outra pandemia, caso persista a degradação ambiental? Ela pode surgir no Brasil? Apesar da impossibilidade de prevermos com exatidão onde ou quando virá o próximo surto, a comunidade científica é unânime em concordar que a probabilidade de termos novas pandemias é elevada. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar. Quanto à possibilidade de ela surgir no Brasil, eu confesso que isto me parece estar cada vez próximo da realidade, o que tem sido alertado e enfatizado mais recentemente por cientistas nacionais e internacionais. Muito desta inquietação vem do nível de degradação ambiental que os recursos naturais brasileiros já vêm sofrendo historicamente, processo que foi fortemente acelerado nos últimos quatro anos. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que tivemos 25% a mais de desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2020 quando comparado ao primeiro semestre de 2019. A destruição que observamos neste exato momento em nossos biomas é sem precedentes históricos. Até agosto deste ano, o fogo já havia atingido mais de 12% de nosso Pantanal (maior planície interior inundada do mundo). No nosso Cerrado, onde existe a savana mais biodiversa do mundo, já foram registrados mais de 38 mil focos de calor até setembro deste ano e, na Amazônia, os números de queimadas e incêndios florestais são ainda mais assustadores. Isto, com certeza, terá consequências ainda imprevisíveis para os seres humanos, e a possibilidade de uma nova pandemia faz parte, sim, dos prognósticos. LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 175.3 DA REVISTA ALGOMAIS

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Nêuton Magalhães: “Quando as emoções não estão bem, a dor se intensifica.”

Imprevisibilidade, confinamento, medo de se contaminar pela Covid-19 e trabalhar em home office sem as condições ergométricas adequadas. Eis um conjunto de fatores causados pela pandemia que tem influência no surgimento de um quadro de dor ou até no agravamento de dores crônicas. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o neurocirurgião Nêuton Magalhães comenta como a crise desencadeada pela disseminação do novo coronavírus tem provocado sintomas dolorosos nos pernambucanos. Magalhães, que é sócio-fundador da Clínica Neurodor (especializada em dor de difícil controle, localizada no Hospital Jayme da Fonte), explica como o estado emocional pode contribuir para manifestação desse sintoma e orienta como ele pode ser prevenido. Quais as principais queixas de dor que têm chegado aos consultórios durante a pandemia? Dor na coluna. O sedentarismo a que muitos se submeteram nesta pandemia pode ser uma das origens das queixas da dor? Por que a falta de exercício provoca dores? Sim, sem dúvida, o sedentarismo contribui muito para o surgimento de dores de origem muscular. Com a falta de exercício, cria-se um cenário para desenvolvimento de vários fatores perpetuantes de dores na coluna como, por exemplo, obesidade e atrofia muscular. Além disso, problemas emocionais como ansiedade e depressão se acentuaram durante a pandemia e isso contribui para aumentar as dores. A pandemia tem levado as pessoas com sintomas de dor a se automedicarem ainda mais e protelar a ida a uma consulta médica? Qual a consequência disso? Sim, muitas pessoas e alguns médicos não se adaptaram aos meios digitais (teleconsultas) e isso levou à automedicação em muitas situações. As consequências disso podem ser danosas para nosso organismo. O uso crônico de analgésicos simples pode levar a problemas gástricos e renais sérios ou irreversíveis. No geral, em casos de dor na coluna, não devemos tomar analgésicos mais que 15 dias, no máximo 30 dias, se houver necessidade e, preferencialmente, sob prescrição médica. A dor de cabeça ou pelo corpo pode ser um sintoma de Covid-19. Como diferenciá-la dos demais tipos de dor? A dor de cabeça decorrente da Covid-19 geralmente vem acompanhada de sintomas no corpo inteiro e febre (sintomas gripais). Dores nas articulações também podem ocorrer, além de outros sintomas como perda ou diminuição do olfato. LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 175.2 DA REVISTA ALGOMAIS

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Queiroz Filho: “A ampla não cabe mais num escritório.”

Na última sexta-feira, dia 2, o mercado publicitário de Pernambuco foi surpreendido com um anúncio imobiliário colocando a sede da Ampla, no Recife, para alugar. Detalhe: o anúncio foi feito pela própria Ampla. Essa foi a maneira bem-humorada criada pela agência para divulgar a revolução que está passando. Afinal, o moderno prédio de 900 m² situado na Madalena era um sonho conquistado pelo fundador, Seu Queiroz, e uma referência no bairro. Mas a pandemia acabou acelerando um processo da forma como a empresa tem evoluído e atuado nos últimos anos e que foi chancelado com o sucesso do home office. Hoje, todos os seus funcionários estão trabalhando de suas casas e assim vão permanecer. E eles podem residir em qualquer lugar do mundo, no Recife, em Lisboa ou Moçambique. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o CEO da Ampla, Queiroz Filho, detalha toda essa reviravolta, fala dos planos da agência e de como a pandemia e a internet impactaram o mercado publicitário. Como surgiu a ideia de implantar o home office permanente na Ampla? Vou tentar resgatar um pouco o início da Ampla, que nasceu em 1976, fundada por Seu Queiroz, que era arrimo de família, filho de empregada doméstica. Papai era um vendedor nato, trabalhava como balconista da Primavera (Magazine Primavera que vestia as famílias tradicionais do Recife) e foi cooptado por Mário Leão Ramos, que tinha uma agência muito famosa chamada Abaeté e uma gráfica. Ele era cliente da Primavera e ficou impressionado com a capacidade de venda de Seu Queiroz e o convidou para trabalhar na gráfica dele que estava quebrada. Papai revolucionou a gráfica. Depois ele colocou papai na agência. Terminou que Ramos acabou indo pro Rio de Janeiro e colocou papai para gerenciar a Abaeté. Ele disse que ninguém sabia administrar a agência, porque lá só tinha intelectual. Papai cuidou da empresa dele até 1976, época em que saiu da agência para ser representante comercial que era o sonho dele, olha só! (risos). Quando foi avisar aos clientes que sairia da Abaeté, mas continuaria fazendo as visitas para eles para vender veículos, a Pitú, a Icopervil e o Açúcar Estrela não aceitaram. Disseram que ele iria montar uma agência e eles sairiam da Abaeté para continuar sendo atendidos por papai. Montar a Ampla não foi um sonho para seu Queiroz, foi um acaso que virou um sonho. De 1976 a 1992, a gente pulou muito de casa, o negócio foi crescendo e uma hora ele disse: “tenho que ter minha casa própria”. Esse sonho foi realizado em 1992 com a sede no bairro da Madalena. E lá estamos até hoje. São 28 anos. Ele tinha muito orgulho de dizer que o prédio não era uma casa como a das outras agências que se adaptaram para escritório. O da Ampla foi projetado para ser uma agência de publicidade. A sede tem cerca de 900 m² de área, o prédio é lindo, é imponente e é um patrimônio da família Queiroz. De um tempo pra cá, a gente vem se questionando se a melhor alternativa para a Ampla é continuar no prédio, mas a amarra sentimental é muito forte. Fizemos em 2017 uma fusão com a Massapê, de Gabriel Freire, Anselmo Albuquerque e Henrique Pereira. Quando esses meninos chegaram na agência, a intenção era pra mexer com um bando de velhos, como eu. Era pra chutar o pau da barraca. Nessa discussão sadia, a gente chegou a pensar, em 2018, num projeto no Bairro do Recife, no shopping Alfândega, que transformou o último andar num coworking. Aquela coisa moderna, sem paredes, integração de várias empresas de tecnologias que se confunde com o nosso negócio. Mas faltou coragem pra sair, havia o elo emocional da família Queiroz. A coisa não aconteceu, mas a chama não apagou. Todos concordávamos que estava chegando a hora de tomar essa decisão difícil, mas que ia nos fazer mais felizes. Aí, em 2020, chega a pandemia. O home office veio com uma imposição, mas as empresas do nosso segmento aprenderam e se saíram muito bem. Um dia, conversando com minha irmã e meu sobrinho, decidimos que era a hora perfeita de tomar a decisão de implantarmos o home office e colocar o prédio para alugar. A gente sabia que seria o melhor para a empresa, não o melhor para a família, que é a dona do prédio e ter um cliente que paga aluguel religiosamente todo mês, como a Ampla é muito bom. Nesses tempos de pandemia teremos uma dificuldade enorme de alugar, mas temos que colocar a empresa na frente de tudo, como seu Queiroz colocou. Tinha gente que não entendia e dizia: você tem uma família linda, é o cara mais família que conheço e bota a empresa em primeiro lugar? Ele dizia: “eu tenho essa família linda por causa do trabalho”. Então seguimos o DNA de seu Queiroz. E os funcionários gostam da ideia de trabalhar em home office? Todos fomos trabalhar em casa em 16 de março. Quando chegou no final de junho, fizemos uma pesquisa interna com os colaboradores para saber como estavam aqueles quase 90 dias de home office. A pesquisa mostrou um alto percentual de aceitação, mesmo com as dificuldades. Elencamos, então, essas dificuldades e resolvemos o que podíamos resolver. O mais comum era não ter mesa e cadeira adequadas para trabalhar. Mandamos para as casas deles as mesas e cadeiras em que trabalhavam na Ampla. A pesquisa também mostrou o aumento do gasto de energia na residência. Criamos, então, um voucher pra todos os colaboradores de R$ 100. O que os funcionários acharam de positivo no home office? A convivência familiar, a presença deles em casa. Além disso, hoje, um dos principais ativos é o tempo, e como eles não se deslocam mais para ir ao trabalho, podem gastar esse tempo livre com o que quiserem. Outro formato fundamental é a flexibilidade. Muitos funcionários deixaram de fazer um curso ou de ter uma experiência na Europa porque não queriam perder o emprego na Ampla. Agora

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Gustavo Escobar: “Se sua empresa sequer começou a implantar a LGPD, então corra!”

Vivemos, no cotidiano, informando nossos dados pessoais a todo momento: quando entramos num prédio empresarial e nos identificamos, quando fazemos uma compra online, ou quando nos cadastramos numa rede social, só para ficar em alguns exemplos. Com a instituição da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigência semanas atrás, as empresas passaram a ter uma série de obrigações para preservar a privacidade dessas informações das pessoas, sejam clientes, fornecedores e até empregados. Muitos empresários, porém, segundo o advogado Gustavo Escobar, ainda não atentaram para a urgência da sua adequação às exigências da nova lei. O que é temerário: entre as penalidades previstas está a multa de até R$ 50 milhões. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Escobar, que é especialista em propriedade intelectual e proteção de dados, explica detalhes da LGPD, o que é necessário para se adaptar às suas determinações e alerta que essa adequação já deveria ter sido feita pelas empresas. Você poderia dizer, em linhas gerais, o que estabelece a Lei Geral de Proteção de Dados? A LGPD cria um sistema de proteção e regula o uso dos dados pessoais pelas empresas. Até hoje, o tratamento desses nossos dados não tinha uma proteção mais robusta. Com a vigência da lei, há uma mudança de cultura que coloca as pessoas (titulares dos dados), ou seja, todos nós, no centro da atenção e no controle das nossas informações. A legislação, em síntese, determina que o consentimento para uso dos dados pessoais deve ser a regra e cria todo um sistema legal para fazer valer essa previsão, inclusive com multas pesadas. A lei considera dados pessoais toda informação que identifique ou possa identificar uma pessoa física. Ela se aplica a todos que fazem tratamento de dados de clientes, funcionários, fornecedores etc. Na verdade, na prática, todas as empresas serão impactadas e precisarão se adequar à LGPD. Usando o teor da própria legislação, podemos dizer que a lei tem como fundamentos: “o respeito à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais”. Por que a lei foi criada? Desde a década de 90, na Europa, existem iniciativas que visam a preservar a privacidade e a proteção aos dados pessoais. À medida que o uso desses dados foi crescendo por parte das empresas, também aumentou a preocupação de todo o mundo civilizado com a necessidade de impor limites e regras. Com o crescimento exponencial do tratamento de dados, a partir do desenvolvimento tecnológico e da velocidade da internet, com o surgimento do chamado big data, redes sociais e depois dos escândalos envolvendo o Facebook e a empresa Cambridge Analytica, que foi acusada de usar massivamente os dados de usuários daquela rede social para manipular a opinião política e influenciar no resultado de eleições, houve praticamente um consenso de que era necessário se fazer algo para impor limites a esse uso indiscriminado de nossos dados pessoais. É nesse cenário que, na Europa, surgiu o RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados), criando as bases para várias legislações nacionais, inclusive, para a nossa LGPD. É preciso compreender que no cenário de globalização e interconectividade, os dados transitam sem fronteiras entre servidores e computadores que estão localizados em países e mesmo continentes diferentes. Dessa forma, para preservação de tratados internacionais e reciprocidade entre as nações, o Brasil foi induzido a se adequar ao status quo que regula a proteção de dados pessoais. É assim que temos a atual legislação. Os países mais avançados impõem essa regra aos demais, as empresas multinacionais se adequam e passam a pressionar a sua cadeia de fornecedores a se adequar para poderem continuar a fazer negócios e, desta forma, de cima pra baixo, vai surgindo um movimento que passa pela legislação até às cláusulas dos contratos e obrigações de compliance, chegando às pequenas e médias empresas. O que é ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados)? A Autoridade Nacional de Proteção de Dados é o órgão criado pela LGPD que, com autonomia técnica, tem várias funções associadas à implementação, cumprimento e eficácia da proteção de dados no Brasil. A ANPD tem funções que vão desde “elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade”, passando por “editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de dados pessoais e privacidade”, como também “editar normas, orientações e procedimentos simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microempresas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empresariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei”, até à imposição de pesadas sanções em casos de violações à lei, vazamento de dados, etc. Quais as consequências da LGPD para as pessoas físicas? O que acontece se os dados de alguma pessoa vazar? Na verdade, para as pessoas físicas, desde que não sejam responsáveis por tratamento de dados, a lei não tem consequências, mas sim, proteção. A LGPD protege os dados pessoais das pessoas naturais (pessoas físicas) e regula como e quando esses dados podem ser usados. Dessa forma, havendo vazamentos por parte de empresas que façam tratamento de dados pessoais (atualmente praticamente todas empresas), surge a possibilidade de que os titulares dos dados (pessoas físicas) possam acionar as empresas pedindo uma reparação moral pelo uso ou exposição indevida de seus dados. Assine a Revista Algomais e leia a entrevista completa na edição 174.4

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Luciano Meira: “Precisamos redesenhar a sala de aula, este é um momento apropriado.”

Luciano Meira, professor de psicologia da UFPE, sempre foi um entusiasta do uso das novas tecnologias na educação, por isso, tem olhado com profunda atenção a repentina introdução da aprendizagem remota na pandemia. Mas ele sempre defendeu que não basta transpor para mídias digitais a tradicional aula expositiva, na qual o professor apenas coloca os conteúdos para os estudantes. O resultado disso são alunos desinteressados e exaustão de docentes e aprendizes, que, segundo o especialista, é o que tem acontecido na maioria das escolas, salvo exceções. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Meira, que também é sócio-empreendedor da Joy Street e professor colaborador da Cesar School, aponta os caminhos para a construção de propostas didáticas que engajem alunos e transforme a aula remota numa experiência virtual significativa. Ele reconhece as dificuldades e a falta de apoio na formação dos professores para este momento, critica a ausência do Ministério da Educação e opina sobre a reabertura das escolas. O que o você tem achado da experiência das aulas remotas na pandemia? O primeiro a se destacar é o papel central, crítico, fundamental do professor e de sua gestão na organização de um ambiente de ensino e aprendizagem que favoreça a construção das relações entre professores e estudantes – que são essenciais como sustentação para o aprendizado nesse novo ambiente. Outro destaque é a necessidade de elaborar o design instrucional, que cuida da montagem de trajetórias de aprendizagem, desde a construção da matriz de competências a serem desenvolvidas, passando pelo desenho detalhado das sequências didáticas para cada tópico de aprendizagem, até os métodos de ensino e formas de avaliação de desempenho dos aprendizes. Temos visto muitas excelentes iniciativas, que são extremamente interessantes, mas, por outro lado, não há muita novidade. Segundo o Instituto Península, em pesquisa realizada ainda no início de abril, com cerca de 2.500 professores no Brasil, mais de 50% deles tentavam construir algum tipo de contato com seus alunos. O que era fundamental naquele momento para evitar que os estudantes deixassem de perceber a escola como um centro das suas vidas ou pelo menos com alguma centralidade nas suas vidas. Um dado interessante é que 60% dos professores ocuparam o seu tempo estudando. É uma situação nova para muita gente, muitos professores jamais haviam entrado num ambiente de salas de aula virtual ou feito cursos online. Isso deveria ser muito frequente, mas a pandemia nos levou para esse ambiente, fazendo avançar, talvez em vários anos, a transformação digital, tão necessária para a educação. Transformação digital não é usar equipamentos ou dispositivos tecnológicos na escola, mas mudar comportamentos e inovar na sala de aula. É uma nova forma de ver a educação habilitada por plataformas digitais. O Instituto Península, um mês depois, em maio, realizou a segunda pesquisa, dessa vez com cerca de 7.500 professores, dos quais 83% não se sentiam preparados para o estabelecimento de um ambiente de aprendizagem produtivo remotamente. Isso é revelador. O fato é que, caso se trate apenas da transposição de uma aula expositiva para uma mídia digital, não vamos ter a mudança fundamental que precisamos na educação, em termos do engajamento das crianças, da imersão dos professores em propostas e práticas didáticas que favoreçam uma aprendizagem significativa. O que me parece é que os ambientes e a abordagem utilizados no ensino remoto até aqui, na maior parte dos casos, não favoreceram à transformação inovadora para engajar melhor os estudantes e construir cenários de aprendizagem que já necessitávamos antes desse movimento. Precisamos muito mais de design instrucional para fazer da aula remota uma experiência virtual significativa. Após seis meses de aulas por sistemas online, há relatos de alunos que se sentem muito cansados. Por que isso acontece e qual seria a possível solução? A fadiga tem uma diversidade de origens. Pode ser a fadiga ocular, que aflige o nervo ótico pela hiperexposição à tela, mas essa não é minha área de expertise. Ficamos também fatigados porque somos seres corpóreos. Todos temos uma presença física no mundo que precisa de uma expressão. Isso exige um tipo de interação social que é melhor estabelecida quando estamos em momentos de conversação com as pessoas convivendo num mesmo ambiente físico. Quando você está numa tela e vê as faces de várias pessoas, você passa a se fixar e, de uma certa forma, estabelecer um escrutínio do rosto de todas elas. Isso é cansativo porque você começa a avaliar todas as expressões que estão ali naquela tela mais detidamente, o que não é o caso do mundo físico, porque nossa atenção é fluida e está mais conectada com o sentido, não com a imagem do que aparece. Isso se dá porque no mundo físico nós transitamos corporeamente e no mundo online estamos fixos diante de uma observação e de um conjunto de imagens. Não temos os dispositivos psicológicos que permitem no mundo físico nos desconectarmos, digamos assim, a atenção de um rosto específico e passar a ter uma análise mais ampla do sentido de uma interação. Bom, isso é um pouco da explicação psicológica. Além disso, do ponto de vista educacional, essa fadiga, emerge, na minha opinião, mais rapidamente e com consequências mais sérias se a transposição que foi feita daquela experiência da sala de aula for unicamente baseada na exposição de conteúdo. E mesmo que haja um debate após a exposição, é sempre o mesmo debate, a criança se esforça para participar disso. Mesmo um bom jogo quando é jogado diversas vezes, a criança não quer mais jogar, ela precisa de novos jogos, novos tipos de sequenciamento das formas didáticas e isso exige, como já disse, inovação das práticas didáticas. Existe hoje um conjunto enorme de possibilidades: sala de aula invertida, prática por projetos, challenge basead learning (aprendizagem baseada em desafios) que os professores podem pesquisar em lugares como site da Nova Escola e o portal do Porvir (porvir.org), talvez um dos melhores que temos hoje no Brasil para os educadores buscarem boas ideias de como pode se dar essa reorganização didática no âmbito da sala de aula. Professores também se

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Amaury Cantilino: “A pandemia deixará muitas pessoas vulneráveis a problemas de saúde mental.”

Neste ano, a campanha do Setembro Amarelo pela prevenção do suicídio tem na pandemia um componente importante a ser levando em consideração. Segundo Amaury Cantilino, professor de psiquiatria do Centro de Ciências Médicas da UFPE, nesta situação de isolamento, estresse e dificuldades econômicas, deve-se ter atenção especial às pessoas com transtornos psiquiátricos pré-existentes, com o crescimento do alcoolismo na população, a exaustão dos profissionais de saúde e com as sequelas traumáticas de quem ficou internado muito tempo em UTI. Cantilino, que é doutor em neuropsiquiatria e ciências do comportamento, faz um alerta para os governos se prepararem para um crescimento dos casos de transtornos mentais e comportamentos suicidas. Mas, esperançoso, o especialista orienta que a melhor forma de prevenir o suicídio é cada um identificar aquilo que valoriza e assumir atitudes que levem a esses valores. E, neste momento, em que o sentimento de impotência é muito presente diante da ameaça da Covid-19, o psiquiatra lembra que uma vida significativa não depende daquilo que desejamos, mas daquilo que fazemos. “A ideia é aceitar aquilo que está fora do nosso controle e praticar ações, dentro das nossas possibilidades”. Tempos de pandemia podem aumentar o risco de suicídio? O que dizem as estatísticas dos estudos científicos? Um artigo recente de Gunnell e colaboradores saiu num dos mais respeitados periódicos da psiquiatria, o JAMA Psychiatry. Os autores afirmam que o suicídio provavelmente tem se tornado uma preocupação mais urgente à medida que a pandemia vem se espalhando e tem efeitos de longo prazo na população em geral, na economia e nos grupos vulneráveis. Há algumas evidências de que as mortes por suicídio aumentaram nos EUA durante a pandemia de influenza de 1918-1919 e entre pessoas mais velhas em Hong Kong durante a epidemia de síndrome respiratória aguda (SARS) de 2003. O contexto atual está em evolução. Uma resposta interdisciplinar abrangente que reconheça como a pandemia pode aumentar o risco e aplique o conhecimento sobre abordagens eficazes de prevenção do suicídio é fundamental. Gunnell e colaboradores também ressaltam que os prováveis efeitos adversos da pandemia em pessoas com doença psiquiátrica e na saúde mental da população como um todo podem ser exacerbados pelo medo, autoisolamento e distanciamento físico. Aqueles com transtornos psiquiátricos podem ter piora dos sintomas e outros podem desenvolver novos problemas de saúde mental, especialmente depressão, ansiedade e estresse pós-traumático – todos associados a um risco aumentado de suicídio. Esses problemas estão afetando sobretudo aqueles com altos níveis de exposição à Covid-19, como profissionais de saúde da linha de frente e aqueles que desenvolvem a doença. De acordo com um estudo recente do Well Being Trust, os altos níveis de estresse, isolamento e desemprego devidos à pandemia Covid-19 podem causar até 75 mil “mortes por desespero” relacionadas a drogas, álcool e suicídio. As consequências para os serviços de saúde mental já estão sendo sentidas, por exemplo, no aumento da carga de trabalho de psiquiatras e necessidade de encontrar novas formas de trabalhar, como o uso da telemedicina. Qual o perfil das pessoas que apresentam maior risco de suicídio? Quanto ao risco de suicídio, o fator de maior preocupação é a existência anterior de um transtorno psiquiátrico, seja depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, dentre outros. Mas também podem ser consideradas categorias vulneráveis os idosos (maior de 80 anos), adolescentes e indivíduos de áreas carentes. Os efeitos podem ser piores em locais com poucos recursos, onde a adversidade econômica é agravada pela falta de suporte em saúde mental. Os trabalhadores da saúde têm experimentado uma sobrecarga emocional em razão de vários motivos, incluindo questões organizacionais, redução de recursos humanos e turnos de trabalho implacáveis. Além disso, deve-se mencionar o medo de se infectarem e de transmitirem a parentes. Sofrem com o luto pela perda de pacientes e colegas. Muitos se separaram de suas famílias. Pessoas que vivem em ambientes de grande violência interpessoal e/ou doméstica estão, neste momento, ainda mais expostas e indefesas. De que forma o isolamento social, que é necessário neste momento, pode contribuir para o comportamento suicida? O isolamento social e a solidão contribuem para o risco de suicídio e tendem a aumentar durante a pandemia. Especial atenção deve ser dada aos indivíduos enlutados. Fornecer apoio comunitário para aqueles que vivem sozinhos e encorajar famílias e amigos a se fazerem presentes é fundamental. Sabemos que os vínculos sociais e a convivência com pessoas queridas são impulsionadores de uma vida satisfatória. Outras preocupações incluem os efeitos sociais das restrições de reuniões religiosas. Sabe-se que as igrejas são fonte de amparo social e espiritual em momentos de sofrimento emocional. Leia a entrevista completa na Edição 174.2 da Revista Algomais:  http://assine.algomais.com/

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Clélia Franco: "Pandemia trouxe grande prejuízo à qualidade do sono"

Se você está com dificuldades de dormir nesta quarentena, saiba que não é o único. Relatos sobre noites mal dormidas têm chegado com mais frequência nos consultórios médicos. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a neurologista especialista em medicina do sono e coordenadora do Departamento Científico de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, Clélia Franco, explica os vários motivos que têm deixado as pessoas insones nesta pandemia. Clélia, que também atua no Hospital das Clínicas da UFPE, no Hospital Oswaldo Cruz da UPE e na Real Neuro do Hospital Português, também orienta como não passar as noites em claro, apensar dos problemas provocados pela Covid-19. Muitas pessoas têm reclamado da dificuldade de dormir na pandemia. Existem pesquisas revelando um aumento dos distúrbios do sono depois da decretação do isolamento social? O que elas mostram? Os estudos já publicados sobre o impacto da pandemia no sono das pessoas mostram que houve grande prejuízo na qualidade do sono em grande parte dos adultos e também nas crianças, com surgimento de transtornos como a insônia e os transtornos do ritmo circadiano (que determina as funções do ciclo biológico dos seres vivos num período de 24 horas, dentre elas o estabelecimento do sono e da vigília). Nesse caso, as pessoas passam a ter dificuldades para iniciar ou manter o sono. No caso da insônia, passam a ter ter vontade de dormir em horários irregulares do dia e falta de sono noturno. Quais os fatores que estão relacionados aos distúrbios do sono na pandemia? O estresse agudo, o medo, a insegurança relativos ao risco de adoecimento e morte pela Covid-19, às mudanças súbitas na rotina e contextos de vida, ao isolamento social, a perdas financeiras e emocionais relacionadas ao desemprego e afastamento entre pessoas, às dificuldades inúmeras de acessibilidade aos serviços pelo isolamento, o agravamento de doenças físicas e mentais preexistentes por dificuldades no acompanhamento durante a pandemia. Foram muitas restrições e mudanças súbitas gerando alta carga de estresse para a maioria das pessoas. Pessoas relatam também que, embora tenham mais tempo para dormir, a qualidade do sono piorou. Por que isso acontece? Porque quando a mente está intranquila ou em estado de alarme diante de uma ameaça ou problema (que foram ou são muitos durante a pandemia), os mecanismos neurais que mantêm a vigília – o alerta – ficam hiperativados. O eixo neuro-hormonal hipotálamo - hipófise - adrenal está hiperativo nessas situações de estresse e alarme, no estado hiperalerta. Com isso, maiores níveis de substâncias pró-vigilância estão atuantes no âmbito cerebral e sistêmico, tais como noradrenalina, adrenalina e cortisol, que prejudicam a atividade dos sistemas pró-sono ou de relaxamento, dificultando o início do sono ou deixando-o mais superficial e não reparador. Assine a Revista Algomais para ler a entrevista completa: http://assine.algomais.com/

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Maurício Romão: “Fake news não decidem eleições"

Numa campanha eleitoral influenciada pela pandemia e com a perspectiva de uso intenso das redes sociais, as fake news, segundo o analista político Maurício Romão, continuarão sendo um recurso usado pelos candidatos. Mas, ressalta que elas não são tão decisivas no resultado das eleições. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Romão, que é Ph.D em economia pela Universidade de Illinois (EUA), comenta a disputa no Recife, a influência do presidente Jair Bolsonaro no pleito e assegura que o brasileiro é religioso, tradicional nos costumes, pacato, conciliador, de apego familiar. “Uma candidatura que não respeite esse status quo está fadada à derrota”, sentencia. Como a pandemia pode impactar a próxima eleição? As campanhas dos candidatos vão acontecer com pouca presença física junto ao eleitorado. A campanha, digamos, analógica, passa a ser virtual e isso traz consequências: a rua física se torna rua virtual, o comitê físico agora é remoto, os contatos pessoais de rua passam a ser de redes, e o bom cabo eleitoral agora é o que tem influência digital. A propaganda com panfletos, santinhos, etc., agora será divulgada com mensagens de vídeo e por aí vai. É uma mudança muito profunda em termos de eleição. Então as mídias sociais terão um peso grande nesta eleição? Terão influência cada vez maior à medida em que seu uso se vai alastrando. O Brasil é o quarto país mais conectado à internet do mundo, tem cerca de 134 milhões de usuários, o que dá uma ideia de como essa ferramenta pode impactar nas eleições. Mas, apenas um pouco mais de 60% da população brasileira têm acesso à internet. As classes D e E, por exemplo, quando se tornam usuárias de internet, o fazem com pacotes de dados limitados.  As mídias sociais são segmentadas por essência. O óbvio precisa ser dito: o alcance das mídias sociais depende do seu uso profissional pelo candidato. Não adianta apenas divulgar os eventos da campanha, o dia a dia do candidato ou disparar mensagens de apelo, genéricas, retóricas, pelo Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, etc., na tentativa de apreender a atenção do internauta eleitor e eventualmente conquistar seu voto. As mídias sociais exigem consonância cognitiva entre o emissor e o receptor das mensagens. Além da criatividade, candidatos têm que ter postura ativa, interagindo com os eleitores, mostrando suas propostas e soluções para os problemas da comunidade. Mas, a TV aberta continua importante, principalmente com o afastamento social causado pela pandemia. É um veículo de massa. Alcança milhares de eleitores, incluindo os que estão nos mais distantes rincões. As inserções, todavia, são muito mais valorizadas pelas campanhas do que o horário fixo da propaganda eleitoral, naquele formato antiquado, repetitivo. Nas inserções, a comunicação se faz de surpresa, imiscuindo-se momentaneamente pela programação que o eleitor está vendo ou ouvindo. Enfim, as redes sociais serão mais relevantes do que foram no passado e, se forem usadas profissionalmente e com competência, junto com o rádio e a TV, poderão ser decisivas. Há um combate às fake news por parte do STF e de iniciativas como a do Sleeping Giants. O senhor acredita que as fake news serão usadas com a mesma intensidade da campanha anterior? O problema das fake news é mundial. Em todos os lugares estão tentando achar uma fórmula de coibi-las. O intento é necessário e urgente, mas sempre esbarra na questão de controle da mídia, individualidade, liberdade de expressão, etc. Na eleição deste ano acho que ainda vão dar muito o que falar, mas não creio que influenciarão resultados, até porque se trata de um jogo de soma zero: os concorrentes praticam o mesmo expediente. Com todos os lados usando massivamente as tecnologias digitais, fake news não decidem eleições para um deles. Qual foi o impacto das fake news na eleição passada para presidente, já que você mencionou? Há uma narrativa forte do PT de que o partido perdeu a eleição de 2018 por causa das fake news bolsonaristas. Yoval Harari, no seu livro 21 Lições Para o Século 21, diz que “os humanos pensam em forma de narrativas e , não, de fatos, números ou equações e quanto mais simples a narrativa, melhor”. O PT sempre cria narrativas simples e eficazes. Na derrota de 2018, para se justificar perante sua militância, dissemina uma fake news travestida de narrativa, bem simples. Mas exagerou na dose, foi de simples à simplória: como uma eleição com uma diferença de 18 milhões de votos a favor de Bolsonaro contra Haddad no primeiro turno e mais de 10 milhões no segundo, teria sido decidida por causa das fake news? LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 173.4 DA REVISTA ALGOMAIS

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