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Política

Campanha por Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 ganha força

Os movimentos Acredito, Agora, Ocupa Política, Extremos Não, Livres, Política Viva e Vem pra Rua se uniram para pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19. A campanha “CPI da Pandemia Já” inclui mobilização da população para cobrar dos parlamentares a instalação da comissão. Enquanto o pedido para a criação da CPI está parado sob a mesa de Pacheco há quase um mês, à espera de uma definição, o Brasil enfrenta uma situação catastrófica: o país superou a marca dos 250 mil mortos pela Covid-19, a média móvel de mortes bate recordes e o sistema de saúde de mais da metade dos estados está à beira do colapso. A campanha convoca os brasileiros a pressionar o Congresso por meio da assinatura de um e-mail endereçado ao presidente do Senado pela instalação imediata da CPI da Pandemia na Casa. Também permite a pressão via Twitter. Para os organizadores da campanha, há evidências claras da responsabilidade do governo federal, com crimes, erros e omissões graves. Os movimentos alertam: o governo gasta R$ 90 milhões com tratamentos inúteis, sabota as compras de vacina, o uso de máscaras e as medidas de isolamento de governadores e prefeitos, além de fechar metade dos leitos de UTI, espalhar desinformação e notícias falsas e promover aglomerações. A campanha também propõe a nomeação de pessoas competentes, capazes de cumprir seus deveres constitucionais de salvaguardar a vida dos brasileiros no comando das políticas públicas de combate ao coronavírus. Rafael Parente, membro do Agora e um dos organizadores da campanha, afirma: "Atravessamos uma tragédia sem precedentes que sequer tem um prazo para terminar. Analistas internacionais apontam o Brasil como um dos países com a pior resposta às crises sanitária, de saúde, econômica e de educação consequentes da pandemia. É nosso dever moral e ético identificar os erros de gestão e coordenação e responsabilizar quem está contribuindo para tornar o país uma ameaça global." Ana Luiza Rocha, do Movimento Acredito, acrescenta que é preciso investigar se esses erros foram crimes. "Em janeiro deste ano, o Amazonas ficou com seus hospitais sem oxigênio. Agora, acompanhamos diversos estados com o sistema de saúde entrando em colapso. Quantas mortes poderiam ser evitadas?”, questiona. Paulo Dalla Nora Macêdo, do movimento Política Viva, afirma que a sociedade precisa saber se houve falha na tarefa de defender a vida dos cidadãos e que essa é “a primeira tarefa de qualquer democracia”. Para ele, sem essa resposta, não teremos o resgate da confiança nas instituições. “Como confiar em algo que pode ter deixado um familiar morrer?”. Rodrigo Alonço, do movimento Vem Pra Rua, lembra que, além de responsabilizar os culpados, o foco da campanha é pressionar o Governo pela vacinação em massa. “Os hospitais particulares entraram em colapso, assim como os hospitais públicos. Faltam apenas leitos ou faltam vacinas?" Para ele, sem saúde, a economia não anda. Para Magno Karl, do Lives, documentos apontam que membros do Ministério da Saúde foram notificados antecipadamente sobre a situação precária em que se encontravam os estoques de suprimentos médicos, em especial os estoques de oxigênio medicinal em Manaus. “Neste contexto, uma CPI será fundamental para a investigação dos fatos e a eventual responsabilização dos culpados pela tragédia que matou milhares no Norte do Brasil”, afirma. Miguel Souza, do Extremos Não, conclui: “esperamos que o Senado tenha responsabilidade e solidariedade pelas 250 mil famílias de brasileiros, que perderam suas vidas."

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Distritão deve ser novidade nas eleições 2022

*Por Maurício Costa Romão A Câmara dos Deputados voltou a tratar de mudança do sistema eleitoral brasileiro, desta feita buscando substituir o proporcional pelo majoritário. A mudança seria uma forma de superar as dificuldades causadas para muitos partidos pelo fim das coligações proporcionais e pela instituição da cláusula de desempenho partidário. Como não há tempo hábil para implementar o modelo majoritário de voto no formato distrital puro ou misto, para viger em 2022, até porque seria necessário delimitar espaços geográficos distritais nos estados da federação, os debates iniciais têm convergido para a modalidade distritão, cuja proposta, aliás, já fora derrotada no plenário do Congresso Nacional, em 2017. O distritão é uma variante magnificada do distrital puro. Pelo mecanismo, a circunscrição eleitoral seria um grande distrito (o estado, o município). Pernambuco, por exemplo, conformaria um distrito com 25 cadeiras de deputado federal, cuja ocupação dar-se-ia pelos 25 candidatos mais votados da eleição (a chamada “verdade eleitoral”). O distritão é louvado (1) por eleger os mais votados do pleito; (2) pela sua simplicidade (inteligibilidade); (3) por respeitar a vontade do eleitor; (4) por fortalecer os principais partidos e evitar fragmentação partidária e (5) por impedir transbordamento (spillover) de votos de puxadores para candidatos de pouca dimensão eleitoral. O rol dos deméritos, todavia, é apreciável: (a) reduz o pluralismo político do Parlamento; (b) diminui a participação das minorias; (c) tem baixa taxa de renovação da representação, devido ao recall dos atuais eleitos; (d) concentra mais votos e representantes nos partidos grandes; (e) supervaloriza as pessoas famosas (extra partidárias) em detrimento da qualidade da representação; (f) aumenta a personalização da representação; (g) tem baixa accountability (pouca ligação entre o parlamentar e as bases eleitorais); (h) relega partidos a plano secundário; (i) estimula competição entre correligionários de um mesmo partido e (j) favorece a influência do poder econômico. Um argumento de convencimento expressado por alguns parlamentares é o de que o distritão seria implantado agora, mas como transição para o modelo distrital misto, que vigeria a partir de 2030. No mecanismo misto o eleitor vota duas vezes e uma parte dos parlamentares é eleita pelo sistema majoritário-distrital puro e a outra parte pelo proporcional de lista fechada. Um dos modelos mais complexos em uso nas democracias contemporâneas. A justificativa de que o distritão seria um aprendizado para o distrital misto não se sustenta. São dois sistemas que guardam entre si enormes diferenças. E tem uma questão lógica: se o distritão não serve para ser permanente, por que submeter o país a essa traumática temporariedade? Ademais, o argumento da transição pressupõe que o distrital misto é superior ao distritão - a ponto deste servir apenas de trampolim para aquele - ou ao proporcional de lista aberta – a ponto de este ser substituído por ambos. Todos os sistemas eleitorais têm vantagens e desvantagens e é sempre controverso se falar de superioridade de um sobre outro, pois “nenhum sistema de voto é justo, perfeito, ideal” (“Teorema da Impossibilidade de Arrow”). Note-se, enfim, que a proposta de mudança de modelo eleitoral ressurge de forma flagrantemente casuística: “facilitar a vida de partidos nanicos” (Poder360, 24/02/21). O propósito explicitado é o de desfazer o regramento constitucional de 2017, que diminui a fragmentação partidária e imprime qualidade ao sistema político. Uma propositura vazada em tais desígnios não pode prosperar. ------------------------------------------------------------------------ Maurício Costa Romão, é Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. mauricio-romao@uol.com.br

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Deputado Aluisio Lessa na presidência da Comissão de Finanças

O deputado estadual Aluisio Lessa (PSB) foi reconduzido para a presidência da Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para o biênio 2021/2022. Esta comissão trata da coordenação e elaboração de pareceres aos projetos que regulam o orçamento do Estado. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Plano Plurianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) são projetos enviados anualmente pelo Poder Executivo, e regulamentam como o Governo do Estado gastará o dinheiro que dispõe para o ano seguinte. Além da Comissão de Finanças, Lessa é membro titular da comissão de Constituição, legislação e Justiça; membro da comissão de negócios municípios e membro da comissão de Segurança pública e defesa social.

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Congresso volta ao trabalho com pautas urgentes na mesa

Da Agência Brasil Após pouco mais de um mês de recesso, o Congresso Nacional volta às atividades na segunda-feira (1º). Na primeira sessão, a Câmara e o Senado vão eleger os novos presidentes das duas Casas. Após a escolha dos presidentes, será preciso tratar de pautas que ficaram represadas em um Congresso que passou quase todo o ano passado lidando, em boa parte do tempo, com questões relacionadas à pandemia do novo coronavírus. No Senado, a eleição está marcada para iniciar às 14h. Após a escolha, por votação secreta, do novo presidente da Casa, que também comandará o Congresso, serão eleitos os membros da Mesa Diretora. Cinco senadores disputam a presidência: Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Lasier Martins (Podemos-RS), Major Olimpio (PSL-SP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS). Na Câmara, disputam a presidência os deputados Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP), Luiza Erundina (PSOL-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Alexandre Frota (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e General Peternelli (PSL-SP). O prazo para o fim do registro de candidaturas está marcado para às 17h. Às 19h será feita a eleição do novo presidente da Câmara e do restante da Mesa Diretora. As eleições serão presenciais em ambas as casas. Orçamento e MPs Os parlamentares entraram de recesso em 23 de dezembro deixando pendências importantes. Uma das tarefas mais urgentes é a votação do Orçamento de 2021. Sem isso, as contas do governo ficam engessadas e o Executivo não pode fazer investimentos em infraestrutura ou aprovar medidas emergenciais ligadas ao combate à covid-19, por exemplo. “Se o Orçamento não for votado, o país não anda e não se vota nada”, disse o deputado José Medeiros (Podemos-MT). O Congresso deveria ter aprovado a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) no final do ano passado, mas isso não ocorreu devido a um impasse na formação da Comissão Mista do Orçamento (CMO). A instalação da CMO estava prevista para outubro do ano passado, mas ainda não houve acordo sobre a distribuição de vagas entre os deputados. A CMO deverá contar com 31 deputados e 11 senadores. Além disso, existem 30 medidas provisórias (MPs) em tramitação. Dessas, 29 foram editadas em 2020 e 12 se encontram em regime de urgência, ou seja, obstruem a pauta da Câmara ou do Senado. Dentre elas, está a MP do Setor Elétrico. A MP destina recursos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para fins de redução da tarifa de energia elétrica aos consumidores até 31 de dezembro de 2025. A CDE é um fundo do setor elétrico que custeia políticas públicas e programas de subsídio, como o Luz para Todos e o desconto na tarifa para irrigação. O texto foi aprovado com modificações na Câmara e aguarda análise do Senado. Outra MP que tramita em caráter de urgência é a 1.003/20, que prevê a adesão ao Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility). A medida estabelece a liberação de cerca de R$ 2,5 bilhões para viabilizar o ingresso do Brasil nessa iniciativa. Deputados aprovaram o texto, que também aguarda posicionamento dos senadores. O Senado precisa votar a MP até 3 de março ou ela perde a validade. Auxílio emergencial Outro tema que deve ser discutido no início deste ano legislativo é o auxílio emergencial. Deputados terminaram as atividades no ano passado debatendo a MP 1.000/2020, que prorrogava o auxílio até dezembro do ano passado. Ela já cumpriu seu efeito, mas ainda é alvo de debates porque existem parlamentares, sobretudo da oposição, que defendem a prorrogação do auxílio. Eles consideram que a pandemia ainda reverbera negativamente no emprego e no orçamento do brasileiro. “É uma questão vital e essencial para impedir um caos social em nosso país: a votação urgente e necessária da prorrogação do auxílio emergencial”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em declaração divulgada em suas redes sociais. Na visão dele, 14 milhões de brasileiros sem nenhuma outra fonte de renda “estarão abandonados à própria sorte” sem a prorrogação do auxílio. Pautas econômicas paralisadas Em meio ao cenário atípico de 2020, com comissões paralisadas e pautas sobre a pandemia dominando os debates, o governo não conseguiu que as pautas econômicas que considera importantes fossem discutidas e votadas no Congresso. Na lista estão matérias do chamado Plano Mais Brasil, como a PEC Emergencial, que prevê medidas de controle de despesas e de reequilíbrio fiscal. O plano também traz a discussão de um novo programa para substituir o auxílio emergencial. As conversas em torno de propostas para as reformas tributária e administrativa também não avançaram. No caso da tributária, apenas uma das quatro partes do texto foi enviada ao Congresso. Já a administrativa, enviada em setembro, ficou parada. Também estão na lista de pendências para 2021 as privatizações de estatais importantes. Até agora, só a proposta de venda da Eletrobras foi enviada ao Congresso, onde aguarda discussão na Câmara.

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Paulo Dalla Nora Macêdo: "Como uma empresa socialmente responsável apoia um candidato que nega o aquecimento global?"

O impacto da pandemia sobre o avanço da ética e responsabilidade social das empresas foi o tema da matéria de Capa da edição 178.4 da Revista Algomais. Para tratar dos incentivos controversos que algumas corporações oferecem à políticos que tem propostas que vão de encontro aos seus seus princípios, conversamos com o empreendedor em inovação Paulo Dalla Nora Macêdo. Ele é Co-Fundador da Associação Poder do Voto, Conselheiro do Projeto 72horas e membro do Política Viva. . A ética nas empresas e o compromisso das corporações com a responsabilidade social é mais uma retórica ou podemos esperar de fato uma mudança nos próximos anos? Essa é uma questão fruto de muito debate nos últimos anos. Eu acredito que é um processo em evolução: há cinco anos era muito mais retórica e menos ação que hoje. Assim como nos próximos cinco anos será mais ação e menos retórica que hoje. Claro que isso também depende muito do mercado que a empresa atua: atuar na Suécia é diferente de atuar no Brasil, assim como atuar no mercado de refrigerantes é diferente de atuar no mercado financeiro, por exemplo. Mas de forma geral a evolução é para mais ação e menos retórica. A grande questão é quando vai chegar um ponto que o negócio em si vai ser colocado em cheque, por mais que tenha medidas de mitigação da responsalidade social. Exemplo: um fabricante de refrigerantes, por mais que coloque ações de responsabilidade social e medidas de mitigação, vai ser sempre um contribuidor muito negativo para a sociedade, sempre. Enquanto um negócio de sucos naturais de bom padrão será sempre positivo, mesmo com poucas medidas de responsabilidade social em curso. O que quero dizer: minha dúvida é quanto tempo vamos evoluir para avaliarmos o impacto do negócio em si, e não das suas medidas de responsabilidade social, e decidir que alguns negócios não valem a pena independente das medidas de responsabilidade social. . Nos Estados Unidos muitas empresas que financiaram Trump têm sinalizado arrependimento. Aqui no Brasil cases de grande repercussão, como a morte no Carrefour, parecem ter criado um sinal de alerta também na rede de supermercado. A repercussão negativa dos consumidores é o único caminho de pressão por novos comportamentos? A reação dos consumidores é uma grande instrumento de pressão, mas não é e nem deve ser o único. A pressão dos grandes fundos de investimento também são importante, como estamos vendo no caso da Amazônia. Mas em última instância o mais efetivo mesmo, e que é imprescindível, é a regulação bem feita e bem aplicada pelo governo. Por isso fiz uma crítica em uma artigo na Exame às empresas que têm uma boa política de responsabilidade social, mas  apoiaram Trump, direta ou indiretamente. É contraditório e na verdade cancela toda a política de responsabilidade social, pois com esse apoio elas viabilizaram o fim de vários instrumentos de controle e regulação que custaram alguns trilhões de dólares em "política de responsabilidade social" ruim para a sociedade, enquanto os seus esforços internos, no máximo, atingem alguns bilhões. É um troca péssima para a sociedade. . Que tipo de cuidados um empresário tem que tomar ao fazer doações para campanhas políticas? Em geral, o intuito é apoiar um candidato que contribua para a economia do Pais e aos negócios, mas o doador pode não levar em conta aspectos éticos. Hoje, no País, por exemplo, existem políticos que defendem a tortura e a ditadura. O caminho vai ser o mesmo do debate do modelo de negócio, só está atrasado porque pouca gente está prestando atenção e as empresas não querem jogar muita luz sobre isso. Mas será a mesma lógica: uma empresa hoje não consegue defender que vai instalar energia gerada a carvão na sua fábrica porque é melhor para os negócios. Em algum tempo os empresários vão ter que responder a esse tipo de pergunta: como sua empresa se diz socialmente responsável se você apoia um candidato que nega o aquecimento global e é contra qualquer ação para combater as suas causas. Vai haver essa convergência e vamos descobrir muita coisa interessante, muita gente vai passar vexame perante os consumidores e não terá explicação. LEIA TAMBÉM Paulo Dalla Nora Macêdo: “Os jovens deveriam ir para a política”   Paulo Dalla Nora Macedo: “Inteligência artificial pode silenciar robôs e sites que criam Fake News”

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Pesquisa eleitoral e retórica - Por Maurício Costa Romão

Em 2010 o Ibope produziu extenso relatório sobre suas pesquisas em 24 estados, intitulado “Balanço das eleições de 2010”, e diz no intróito: “Neste documento podem ser observadas as intenções de voto obtidas nas pesquisas divulgadas na véspera da eleição e nas pesquisas de boca de urna comparadas aos resultados oficiais do TSE”. Depois de mostrar para cada estado da Federação o “percentual de votos previstos corretamente”, o instituto elabora um quadro resumo com o título: “Índices de acertos no 1º turno de 2010”, no qual detalha a quantidade e os percentuais de: (a) acertos de candidatos com estimativas dentro da margem de erro; (b) acertos na colocação dos candidatos, apesar de estimativas fora da margem de erro; (c) candidatos fora da margem de erro e da colocação final. A conclusão triunfante do relatório no seu quadro-resumo é a de que: “o percentual total de acerto, considerando a margem de erro ou a colocação do candidato” é de 98% para governador e 95% para senador. O que é que mudou de 2010 para cá, que não se pode mais comparar as estimativas de intenção de votos das pesquisas de véspera com os resultados das urnas e quem o faz comete uma inconcebível heresia?  Graças à sua popularização e disseminação urbi et orbi, a pesquisa tornou-se indissociável das eleições, a ponto de assumir protagonismo tal que é impensável acompanhar o processo eleitoral sem sua presença. Em virtude desse protagonismo, somado à carga emocional que transmite, a pesquisa passou a ser objeto das mais variadas críticas, até mesmo de influenciar decisões do eleitor e, em última instância, de definir eleições. O assunto é complexo e exigiria discussão mais aprofundada. Por enquanto, apenas a questão das intenções de votos das pesquisas de véspera e os resultados oficiais é abordada. É oportuno enfatizar, ab initio, que sendo a pesquisa um mero instrumento técnico de acompanhamento do processo eleitoral, que serve para apontar tendências com base em levantamentos sucessivos, não é seu propósito predizer os percentuais exatos que os candidatos obterão nas urnas.  O que a pesquisa faz é estabelecer um intervalo de variação para suas estimativas (ou prognósticos, numa conceituação mais livre e popular) dentro de certo nível estatístico de confiança, na expectativa de que os percentuais estimados de intenção de votos estejam circunscritos a esse intervalo de variação, quer dizer, à margem de erro amostral. O cientista político Jairo Nicolau sintetizou bem essa compreensão, de resto já incorporada à paisagem, popularizada na mídia e no seio do grande público: “... para avaliarmos o grau de precisão dos institutos precisamos comparar os resultados das urnas com os da última pesquisa publicada, levando em conta a margem de erro”. Devido à crescente enxurrada de críticas às pesquisas, eleição após eleição, derivada das discrepâncias entre suas estimativas de intenção de votos e os resultados das urnas, os institutos passaram a adotar a narrativa de que essa comparação é indevida (quando erram, naturalmente), elaborando malabarismos retóricos do tipo: “Uma coisa é a intenção de voto nas pesquisas, outra coisa é o comportamento do eleitor na urna, quer dizer, sua decisão de voto”; “Os levantamentos de véspera não têm função de antecipar resultados”; “O objetivo da pesquisa é contar a história da eleição até sábado”; “O que se divulga representa sempre o momento para trás, não para frente”; “Até por marketing, nós mesmos, dos institutos, tratamos esses números divulgados na véspera como prognósticos, mas, na verdade eles são diagnósticos, refletem uma realidade que já passou”... Desse contorcionismo com as palavras o que se extrai? Estimativas dentro da margem de erro, os institutos acertam [“Conseguimos prever 95% dos votos corretos do primeiro turno...” (Ibope, Congresso em Foco)], fora da margem, os institutos não erram [“Erram os que cobram precisão numérica de pesquisas encerradas na véspera da eleição, quando ainda há indecisos” (Datafolha, FSP)]. Corolário: os institutos nunca erram! Ora, se a pesquisa só olha no retrovisor e “reflete uma realidade que já passou”, por que, então, os próprios institutos alardeiam a cada eleição que acertaram tantos por cento dos resultados? Por que os seus sites continuam apresentando as pesquisas com dizeres tais como: “Pesquisa aponta vitória de fulano”. “Cicrano dispara e deve ganhar no primeiro turno”, “Beltrano pode ser eleito no domingo”, e por aí vai? Isso é “antecipar resultados” ou as palavras mudaram de significado? Ao adotarem tais narrativas ambíguas, os institutos cada vez mais se enrolam num novelo de contradições, potencializando os crescentes danos à imagem das pesquisas. O momento é de ressignificação para os institutos, que devem, sem subterfúgios: assumir o status preditivo das pesquisas; admitir que estimativa dentro da margem de erro é acerto e fora é erro; e reconhecer as dificuldades técnicas de lidar com: [a] a volatilidade do voto (o eleitor está decidindo o voto na undécima hora); [b] o comportamento errático do eleitor (cada vez mais “líquido”, despolitizado, indecifrável) e [c] a caixa preta do não-voto (brancos, nulos e indecisos) e [d] a característica “voluntária” do voto no Brasil. Maurício Costa Romão, é Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

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João Campos assegura que o Recife pode comprar a vacina diretamente

O prefeito do Recife, João Campos, assegurou nesta quarta-feira (6), em entrevista ao Bom Dia Pernambuco, que poderá implantar um plano de vacinação municipal independente, caso o governo federal não distribua os imunizantes para as cidades. “Cabe ao Ministério (da Saúde) a aquisição e distribuição das vacinas. Isso é o normal e é o que é certo. Mas a gente não pode apenas aguardar que isso aconteça, porque, se o ministério simplesmente desejar não fazer, eu não vou achar que isso é normal e vou dar início ao plano próprio”, declarou Campos detalhou que formou um comitê da vacina ainda no processo de transição do seu governo, a partir de dois eixos, sendo um deles o diálogo com o governo federal e o PNI (Plano Nacional de Imunização). “Mas, se o Ministério não fizer a distribuição para as cidades brasileiras, o Recife vai comprar a vacina diretamente. O que a gente não pode aceitar é que o Recife fique sem vacina. A gente está em diálogo com a parte da logística, da infraestrutura, e também estamos em diálogo com fabricantes de vacinas”, disse. O município, segundo Campos, dispõe de recursos para custear um plano municipal de vacinação. O prefeito ressaltou que o Recife tem 1,6 milhão de habitantes, dos quais 600 mil pessoas são do grupo de risco da doença transmitida pelo novo coronavírus. “Se comparado a outros países ou cidades no mundo, não é um número tão expressivo. O Recife pode bancar isso”, informou.

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Paulo Augusto de Freitas Oliveira é o novo procurador-geral de Justiça

O governador Paulo Câmara oficializou, nesta segunda-feira (04.01), durante reunião no Palácio do Campo das Princesas, o promotor de Justiça Paulo Augusto de Freitas Oliveira no cargo de procurador-geral de Justiça do Estado para o biênio 2021-2023. A posse acontecerá no próximo dia 14 de janeiro. O novo chefe do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) era o primeiro nome na lista tríplice apresentada ao governador após o pleito interno da instituição. Além dele, também constavam os nomes dos promotores Marcos Antônio Matos de Carvalho e Maviael de Souza Silva. “Tivemos a grata satisfação de anunciar o nome de Paulo Augusto para chefiar o Ministério Público de Pernambuco, e sabemos que ele está preparado para assumir essa missão tão nobre. Quero desejar sorte e dizer que podem contar com a gente. Tenho certeza de que ele vai continuar a demonstrar a importância do papel do Ministério Público, pela forma de gerir, democrática e transparente, e que continuaremos com uma instituição forte. Parabéns pela vitória na eleição”, afirmou Paulo Câmara. O governador também agradeceu o trabalho realizado pelo, agora, ex-procurador-geral Francisco Dirceu, que atuou durante quatro anos à frente do MPPE. “O Ministério Público foi parceiro do Governo de Pernambuco nesse período. Trabalhamos com muita transparência e lealdade em prol do povo pernambucano”, disse. Com 45 anos de idade, sendo 15 de carreira como promotor de Justiça, Paulo Augusto de Freitas Oliveira é natural do Recife e graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2001. Tomou posse como promotor de Justiça no MPPE em dezembro de 2005, inicialmente na Comarca de Floresta. Atuou como secretário do Colégio de Procuradores de Justiça de 2017 até novembro de 2020 e, de 2017 até hoje, exerce o cargo de chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça. O novo chefe do MPPE agradeceu ao governador Paulo Câmara a escolha e assegurou que a instituição continuará sendo parceira do Governo. “Hoje, tenho a sensação de pertencimento por estar servindo ao meu Estado. Por isso, tenha certeza de que o Ministério Público seguirá parceiro do Governo da mesma forma que foi Dirceu, que é uma referência para mim, para que a gente possa continuar correspondendo ao povo”, destacou Paulo Augusto.

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Paulo Câmara convoca prefeitos do litoral para intensificar fiscalização nas praias

O governador Paulo Câmara anunciou, em pronunciamento nesta segunda-feira (04.01), após reunião com o Gabinete de Enfrentamento à Covid-19, que vai receber prefeitos de municípios do litoral pernambucano já na próxima quarta-feira, dia 6. O encontro tem como objetivo intensificar a parceria com as autoridades municipais para a fiscalização de bares e barracas de praia. “Os números da pandemia permanecem preocupantes, e temos pela frente um período delicado de férias, com muita atividade social, sobretudo nas praias. Os estabelecimentos nesses locais precisam também cumprir os protocolos”, justificou Paulo Câmara, se referindo ao Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19, que prevê regras gerais e específicas de acordo com cada setor. Segundo Paulo Câmara, a Secretaria Estadual de Saúde continua reativando leitos de terapia intensiva. Além disso, o Governo de Pernambuco vai distribuir um novo lote de um milhão de máscaras nesse período. O governador finalizou o pronunciamento pedindo o engajamento da população no combate ao novo coronavírus. “Todas essas medidas só vão surtir o efeito esperado se pudermos contar com a compreensão de todos. Uso de máscara, atenção para higienização das mãos e evitar aglomerações. Cada um de nós pode contribuir observando essas atitudes simples. Só assim vamos conseguir reduzir os índices atuais de contaminação”, recomendou.

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Paulo Dalla Nora Macêdo: "Os jovens deveriam ir para a política"

Com alguns dados em mãos da recente pesquisa da änima e da On The Go sobre a Geração Z, o repórter Rafael Dantas entrevistou Paulo Dalla Nora Macêdo, Co-Fundador da Associação Poder do Voto, Conselheiro do Projeto 72horas e membro do Política Viva. O estudo do comportamento de brasileiros de 15 a 18 anos diante da pandemia foi o tema da matéria de capa da Algomais na edição 177.2. Nessa entrevista, Dalla Nora analisa a desilução desses adolescentes e jovens da política do País e a relação entre o uso das redes sociais e a formação desse público. . Apenas 7% dos jovens acham que a sua contribuição para um mundo melhor se dará através da escolha de melhores governantes. Esse indicador, juntamente com a sua observação do comportamento político dos jovens, aponta para um descrédito do atual modelo de representação política ou por uma falta de engajamento dos jovens mesmo nas causas mais coletivas? Por trás dessa insatisfação tem o grande elefante na sala: de fato os jovens de hoje dificilmente terão um vida melhor que os seus pais, na média do mundo, não por conta da política mas por conta do esgotamento do sistema econômico em crescer produtividade ao substituir mão de obra por automação. A McKinsey, a consultoria mais respeitada do mundo, prevê índices de desemprego estruturais acima de 30% para 2040. Essa geração é a primeira do pós guerra que deve ter menos renda, na média, que seus pais. A grande ironia é que só a política, que os jovens estão desprezando, pode criar soluções para isso através de políticas públicas. Além da política tradicional, que outras formas os jovens tem participado da vida política do País? Os jovens estão se aproximando de movimentos sociais, o que é muito bom, mas temos que entender que eles não mexem a agulha da desigualdade e outros dos grandes problemas no Brasil. Idealmente os jovens deveriam entrar nesses movimentos e irem para a política. Muitos deles talvez tenham conflitos com a política porque em um movimento social você pode ficar 100% puro, na política não existe isso, é a arte de comprometimento e abrir mão. Política de cancelamento teria levado Hitler a ganhar a guerra pois Churchill não se sentaria com Stalin, por exemplo. 74% consideram que os governantes têm responsabilidade em contribuir com a melhoria do mundo. Mas para 21% dos jovens, eles são pouco responsáveis, a maior taxa entre os agentes pesquisados. Isso pode indicar uma descrença com a classe política ? É um número preocupante que aponta para um descrédito no sistema da democracia representativa, onde escolhemos os representantes e eles votam e implementam as políticas. Esse sistema de fato precisa se aprimorar, envolver melhor os cidadãos, mas a tentação de o substituir por uma democracia direta ou pela irrelevância da política, em ambos os casos o caminho de entrada para autocracias, e esse é o pior caminho. Com a pandemia, aumentou muito o tempo ligado as redes sociais. Qual o impacto disso na atividade política e até no acesso de informações desses jovens e adolescentes? É um impacto imenso, um desastre anunciado. E é inútil o debate de como “aprender” usar as redes sociais em “favor” do debate construtivo, são inúteis também as constatações, óbvias por sinal, de que as forças democráticas não aprenderam a usar esses mecanismos e que o debate tem de chamar atenção para os “temas que interessam a população”. Salvo um cenário de extrema depressão e perda de renda, como a que parecia que iríamos entrar antes do auxílio emergencial e onde a atenção para coisas práticas pode aumentar muito como de fato deu sinais, isso é inútil no formato de funcionamento das redes sociais hoje. O algoritmo das redes é pensado para ampliar o ódio, o bizarro e o divisivo. Quem fala em “liberdade de expressão” não tem a mínima ideia de como as redes funcionam. É matemática pura. Os assuntos não estão competindo por espaço e atenção todos na mesma condição. Só uma regulação global. que precisa ser comandada pelo Presidente Americano e pelo Congresso dos EUA, pode nos tirar desse buraco negro. Há 30 anos atrás você tinha os profetas do apocalipse gritando em caixotes nos centros das cidades, isso atraia algumas dezenas de malucos. Agora eles gritam para uma audiência global com algoritmos que impulsionam em progressão geométrica as suas palavras. Por isso a eleição de Biden pode ter sido o fato mais importante das últimas décadas. . *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e colunista da Gente & Negócios (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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