A terra, o mar, os sons e todo o universo de uma das maiores artistas da música popular brasileira serão celebrados na “Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo”, que chega ao museu no dia 21 de março e fca em cartaz até 21 de junho. A exposição é um tributo e um reconhecimento à trajetória de uma artista cuja vida e obra vêm seduzindo gerações e fortalecendo a identidade do povo pernambucano a partir da Ciranda e de outros gêneros da cultura popular. Com acesso gratuito, a abertura da exposição, às 18h, contará com o show Ciranda do Mundo, da mestra cirandeira Lia de Itamaracá, no espaçoespecialmente montado pelo projeto Som na Rural em frente ao Paço do Frevo. Idealizada pelo Itaú Cultural, a Ocupação Lia de Itamaracá estreou em São Paulo, em abril de 2022, e permaneceu em cartaz até julho. A exposição segue nessa primeira itinerância e chega à terra natal da artista, acompanhando os desejos da própria. Após o término da temporada paulistana, o Itaú Cultural doou parte do acervo - composto por fotografas e mobiliários - para a mestra cirandeira. “Ver a Ocupação Lia de Itamaracá aportar em Recife em um espaço tão signifcativo como é o Paço, casa do Frevo, nos encanta tanto quanto mobiliza em muitas camadas, pela potência desse encontro poético e cheio de pertencimento”, comemora Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Artes Cênicas, Literatura e Música do Itaú Cultural. “No fm do ano passado e entrando neste, também vimos a Ocupação Paulo Freire no Recife. É mesmo muito importante para nós ser ponte e colaborar com essas ações que fortalecem e legitimam a riqueza e singularidade de nossa cultura”, completa ela. Com o patrocínio do Itaú, da Rede e o apoio cultural e fnanceiro do Itaú Cultural, a exposição tem a realização do Paço do Frevo juntamente ao Centro Cultural Estrela de Lia, instituição formada por profssionais que trabalham na produção artística da cantora e que repensaram a mostra para esta montagem no Recife. “Me sinto muito feliz por essa exposição estar sendo feita pelas pessoas que já trabalham comigo, sabem da minha história, conhecem minha luta. Me sinto muito à vontade, muito acolhida e amada por conta da exposição estar sendo montada outra vez, pelas nossas mãos”, destaca Lia de Itamaracá. No Recife, a mostra está recebendo a coordenação geral de Beto Hees, empresário e produtor da artista, e produção de Marcos Paulo, também da equipe de Lia. A curadoria é de Michelle de Assumpção, biógrafa da cantora, que fez parte da equipe curatorial da primeira mostra, em São Paulo, e atualmente é assessora de imprensa da pernambucana. Diretora do Paço do Frevo, Luciana Félix celebra o encontro entre a Ciranda e o Frevo como um marco para a história do museu. "É o encontro de duas grandes expressões da cultura popular, de dois patrimônios imateriais do Brasil que têm em comum a característica de unir pessoas, trazer alegria, envolvimento e, sem dúvida, fará despertar a vontade de todos participarem da grande potência que essa exposição. Lia tem toda a força da representatividade das culturas populares. Estamos muito felizes de abrir as portas para essa pernambucana que envolve diversas gerações de pessoas que se encantam e se emocionam com sua luta e sua arte." Também assinam a mostra Lia Letícia, artista visual responsável pelo projeto expográfco e que já trabalhou com Lia em mostras realizadas anteriormente; Ytallo Barreto, fotógrafo que assina o projeto audiovisual, e Lili Barreto, design responsável pela identidade visual da exposição. MERGULHO NAS ÁGUAS DE LIA - “Estamos retomando alguns conceitos que nos ajudaram a construir a narrativa da primeira mostra, mas nos aprofundando ainda mais em temáticas inicialmente exploradas na primeira exposição, como a questão da raça, que permeia toda a vida e trajetória artística de Lia. Bem como ofertando experiências que vão promover um mergulho nas águas de Lia”, conta Michelle de Assumpção. A curadora se refere a uma experiência de realidade virtual, a instalação Águas de Lia, que vai permitir que as pessoas vivenciem situações como estar numa roda de Ciranda e conhecer o trabalho no curral, local onde os pescadores da Ilha de Itamaracá vão retirar seu sustento. A questão da raça se transformou num eixo importante da Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo. “Desde São Paulo abordamos o tema, mas dessa vez traremos outros recursos, como depoimentos em vídeos, que vão tratar de uma questão que atravessa e deixa uma marca não apenas na história de Lia, mas de todos os artistas da cultura popular que atuam em gêneros feitos pelo povo pobre, trabalhador e negro do Brasil, sobretudo do Nordeste”, ressalta a curadora. A temática da racial irá se desdobrar, também, na etapa formativa da exposição, através de uma roda de diálogo, com data a ser defnida, que debaterá o racismo na cultura popular. A Ocupação Lia de Itamaracá - Paço do Frevo será composta por documentos, fgurinos, objetos pessoais, fotografas, mobiliários e diversos recursos audiovisuais, como videoclipes e imagens recentes de apresentações da artista pelo mundo. A exposição irá contar, também, com materiais exclusivos como uma entrevista e um ensaio fotográfco inédito, com autoria de Ytallo Barreto. As canções de Lia, como parte de um cancioneiro popular que aborda as questões mais simples e cotidianas do povo, como o amor, o trabalho e as brincadeiras, também ganham o devido destaque na mostra. Será possível perceber os sons de Lia com os ouvidos, com os olhos e com a pele. Mais do que celebrar os quase 80 anos da mestra cirandeira Lia de Itamaracá, a Ocupação no Paço do Frevo, centro de referência em salvaguarda da cultura popular, busca preservar e difundir saberes inerentes à cultura popular pernambucana e à criação dos seus fazedores e detentores - como é considerada Lia de Itamaracá -, registrando-os para além das memórias afetivas de quem os vive. SHOW CIRANDA DO MUNDO E SOM NA RURAL - Na abertura da Ocupação, Lia de Itamaracá presenteia o público com o show Ciranda