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Isabela Cribari: "A arte não nos faz só respeitar as diferenças, mas apreciá-las"

Psicanalista, fotógrafa e cineasta, Isabela Cribari conta como conseguiu unir a psicanálise e as artes na sua trajetória profissional, fala do projeto Cinema no Hospital, realizado no Agamenon Magalhães, no Recife, e analisa os danos causados às obras artísticas nos atos de 8 de janeiro. Ao longo da vida, Isabela Cribari conseguiu unir na sua trajetória profissional duas atividades aparentemente distintas: a produção artística e psicanalítica “Psicanálise, cinema, fotografia, imagem, palavra. Essas coisas não se dissociam mais para mim”, constata a cineasta, fotógrafa e psicanalista pernambucana. Nesta entrevista, ela conta como a conexão dessas atividades propiciou resultados tão interessantes como o documentário De Profundis sobre a população de Itacuruba, no Sertão do Estado, que foi obrigada a se deslocar para um outro local porque a cidade foi submersa por uma barragem. Pressionada a não falar sobre o assunto, boa parte dos moradores foi acometida por depressão e muitos cometeram suicídio. O projeto Cinema no Hospital também é fruto dessa fusão entre arte e psicanálise. Uma vez por mês, no Agamenon Magalhães, ela organiza a exibição de um filme e um posterior debate, que é aberta ao público e conta com debatedores de diferentes áreas. O projeto faz parte da grade curricular dos residentes de psiquiatria e dos estudantes de psicologia do hospital e tem levado o público – incluindo médicos e pacientes – a refletirem sobre suas vidas. O encontro já contou com a participação de cineastas como Camilo Cavalcante e psicanalistas como Maria Rita Kehl. Além dos projetos, Isabela também fala sobre a importância da arte para a democracia e os reflexos das depredações de obras artísticas durante os atos em 8 de janeiro. Você poderia falar sobre sua trajetória como cineasta e psicanalista? Quando me formei em psicologia, em 1990, já tinha interesse na psicanálise e comecei meus estudos na área. Logo depois, fui aprovada em concurso no serviço público estadual onde estou até hoje. No audiovisual comecei como produtora de série de documentários para TV Cultura, Discovery, CNN. Montei minha produtora, a Set Produções. Entre as séries que fiz estão A Indústria Cultural, com quase 50 episódios sobre várias áreas da indústria cultural. Fiz também Expresso Brasil, em que cada Estado foi abordado por uma personalidade cultural: Pernambuco foi Antônio Carlos Nóbrega; Maranhão, Ferreira Gullar; o Amazonas, por Márcio de Souza; Jorge Furtado, Rio Grande do Sul; além de Roraima de Davi Yanomami. Fiz ainda o Nordeste Feito à Mão, que foram 11 episódios, focando no artesanato da região. Você sempre conciliou a atividade de psicanalista com o audiovisual? Não. houve uma época que parei o consultório porque tive que sair daqui para fazer produções muito grandes. Fui para São Paulo, morava no bairro de Perdizes, que era o centro da psicanálise, onde estão editoras só de psicanálise, e a PUC (Pontifícia Universidade Católica). Aproveitei para estudar. Quando volto ao Recife, estava sem pacientes e resolvi fazer o Nordeste Feito à Mão, que demandou muito tempo. Gosto muito de documentário, tem muito a ver com o trabalho de psicanalista porque temos que lidar com o inesperado. É diferente da ficção, em que você vai para o set com todo o roteiro pronto, o elenco ensaiado, o fotógrafo já sabe onde vai colocar a câmera, o maquinista já sabe todos os movimentos dos equipamentos. Documentário não, é como um consultório, você não sabe o que o paciente vai falar. Quando fiz o filme De Profundis, juntei tudo: psicanálise, cinema, fotografia, imagem, palavra. Essas coisas não se dissociam mais para mim. Na época, soube, em São Paulo, que havia uma cidade no Sertão de Pernambuco, Itacuruba, com as maiores taxas de suicídio e depressão do País. Eu disse: meu Deus, há quase 30 anos esse pessoal vem sofrendo aqui do nosso lado! Sou da área de saúde mental, trabalho num hospital público, convivo muito com psiquiatra e psicólogos e ninguém sabia disso! Decidi ir lá saber por que esse povo sofria tanto. Escrevi um roteiro num edital sobre o tema, fui selecionada. Quando começamos a filmar, as pessoas diziam que não havia casos de depressão por lá. Aos poucos fui entrando no cotidiano dos moradores, eles começaram a falar, mas com medo porque a maioria trabalhava na Prefeitura. A Prefeitura colaborou com o filme, mas não tinha interesse de divulgar os casos de depressão. Depois, os que deram entrevistas não quiseram mais falar, nem dar autorização do que haviam dito. Pensei que o filme havia afundado. Na verdade, a cidade original onde moravam foi submersa para construção de uma barragem, e nunca mais eles falaram sobre isso. Até o padre disse: “o que ficou para trás, ficou. Ninguém fala mais nisso”. O suicídio era um sintoma social de tudo o que não foi dito, não foi elaborado. Foi aí que eu e a montadora fizemos um filme com fotos da cidade antiga. Um carro de som avisou que exibiríamos as imagens. Quando chegamos na praça para mostrar o filme, estava lotada. Embora não pudessem falar, a cidade antiga atingia a emoção deles. Mostramos fotos de Itacuruba Velha e das pessoas naquela época. Aí, elas começaram a falar, falar, falar… As pessoas toparam falar, mas pediram para não mostrar os rostos apenas as suas vozes. Um pedido que eu acatei e expliquei nos créditos finais do filme. Resolvi fazer uma oficina de cinema para eles entenderem o que a gente estava fazendo ali. Algumas pessoas se interessaram. Uma equipe fazia o trabalho de roteiro, outra de produção, outra de som, outra de fotografia, outra de montagem. As pessoas se juntaram em três grupos, um deles resolveu contar a história da mudança da cidade velha para a nova. Ou seja: tocar naquilo que ninguém falava. Achei fantástico, porque eu ia com eles entrevistar as pessoas nas suas casas. Não era mais o meu filme, era o filme deles. Eles fizeram esse filme com o que tinham: o computador, o celular. Eles foram entendendo o nosso trabalho e as pessoas foram falando. Quando o documentário passou em São Paulo, no Festival

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Baixar ou não baixar as taxas de juros: Eis a questão

Enquanto as prévias carnavalescas já ferviam em Olinda, na passarela do debate econômico nacional e do Painel Mensal da Agenda TGI estava em destaque a taxa de juros do País. Com a manutenção da Selic no patamar de 13,75%, o Banco Central passou a receber críticas duras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Usada como um remédio para ajudar no combate à inflação, a taxa tem como efeito adverso o esfriamento das atividades econômicas. Passada a Quarta-Feira de Cinzas, o embate, que transita entre o feeling político e as doutrinas da economia, volta ao palco. Afinal, os juros do Brasil estão adequados ou não para o momento em que vivemos? Puxado pelo presidente Lula, as discussões sobre a Selic e, em paralelo, a meta de inflação do País, colocou em lados opostos referências do mercado financeiro, da classe empresarial e política. Enquanto o Governo Federal por um lado luta para dinamizar a economia e conseguir a almejada retomada do crescimento, por outro, o Banco Central usa as ferramentas que têm em mãos para conter a inflação e levá-la à meta de 3,25% em 2023. “A definição da taxa de juros de referência (Selic) é essencialmente técnica. O Copom (Comitê de Política Monetária), composto pelo presidente e pela diretoria colegiada do Banco Central, estipula qual a taxa que pode empurrar a inflação para dentro da meta, analisando o comportamento de um conjunto de variáveis econômicas, fiscais e até políticas”, explicou o economista Sérgio Buarque. Leia a reportagem completa na edição 206 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Gasolina e etanol voltarão a ter impostos a partir do final do mês

Uma das grandes bombas deixadas para a transição será sentida no bolso dos brasileiros a partir de março. A desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), que começou às vésperas do processo eleitoral de 2022, terminará no próximo dia 28. Com o retorno de cobrança das alíquotas, a expectativa é de que seja acrescentado R$ 0,792 por litro da gasolina A (sem mistura de etanol) e de R$ 0,242 por litro do etanol. O repasse aos consumidores depende do valor definido pelas distribuidoras e dos postos. O aumento do preço dos combustíveis tem um impacto direto e indireto na inflação, visto que deve incidir em algum grau sobre a maioria dos produtos, visto que atinge o custo de logística das mercadorias. Aos cofres públicos, no entanto, a medida deve render R$ 28,88 bilhões ao caixa do governo em 2023. É importante observar o real efeito que a medida terá nas bombas de combustíveis a partir de 1º de março, além do tamanho do impacto inflacionário geral.

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Mercado financeiro prevê crescimento de 0,8% do PIB e inflação de 5,89%

O recém anunciado Boletim Focus, que é a pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), indicou um crescimento da taxa de inflação de 5,79% da última projeção para 5,89%. Ambos os números estão bem acima da meta de inflação do País para 2023 que está fixada em 3,25%. Como a meta tem um intervalo de tolerância de 1,5%, o limite superior seria em 4,75%. As estimativas para os próximos anos da inflação são de 4,02% para 2024 e 3,78% para 2025. O boletim também sinalizou um leve crescimento do PIB em comparação com a última edição, aumentando de 0,76% para 0,8%, praticamente estável. A expectativa para o PIB nos próximos anos é um pouco mais elevada, mas ainda assim muito baixa. Para 2024, a perspeciva é de um avanço de 1,5% e para 2025 de 1,8%. O boletim também estimou uma cotação para o dólar de R$ 5,25 para o final deste ano. Em 2024, a perspectiva é de que a moeda americana permaneça em um patamar elevado em relação ao real, ficando em R$ 5,29.

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"Os assistentes virtuais serão a próxima grande onda de aplicativos"

Como toda nova tecnologia que surge, o aplicativo ChatGPT tem suscitado muita discussão tanto sobre seus benefícios, quanto seus efeitos negativos. Há temor de que ela seja empregada para facilitar a divulgação de fake news, favorecer o plágio nas teses acadêmicas e até ser usada por hackers. Ao mesmo tempo, o ChatGPT abre uma série de possibilidades de usos para auxiliar o dia a dia de pessoas e empresas. “Assim como toda ferramenta com grandes potencialidades, essa tecnologia pode ser utilizada para o bem ou para o mal”, adverte João Paulo Magalhães, professor da CESAR School. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Magalhães afirma que o primeiro impacto do uso do aplicativo ocorrerá nas áreas de atendimento ao cliente e suporte técnico, proporcionando menos tempo de espera e menores custos. Ele acredita que assistentes virtuais, como Alexa, passarão a utilizar os modelos de linguagem semelhantes ao do ChatGPT para potencializar as suas funcionalidades e, em breve, ele prevê o surgimento de uma segunda onda desses aplicativos. “Todos nós aprenderemos e faremos o nos- so trabalho acompanhado de um assistente profissional digital”, projeta o professor. O que é o ChatGPT? Estritamente falando, ChatGPT é um aplicativo de mensageria, ou chat, no qual os usuários conversam não com uma pessoa, mas com uma inteligência artificial baseada em um grande mo- delo de linguagem natural, o GPT-3, que tem como objetivo che- gar o mais próximo possível de uma conversa com um humano. O seu grande diferencial é que esse modelo aprende a partir de uma quantidade gigantesca de dados, em sua maior parte oriun- da da internet, como notícias, livros, sites, artigos de revistas, etc. Isso faz com que o ChatGPT entenda perguntas complexas e gere respostas em uma linguagem muito natural para nós, humanos. Além disso, o ChatGPT é capaz de armazenar o contexto de uma conversa, então, se você estiver perguntando sobre um determi- nado assunto, o aplicativo manterá este assunto e tudo que foi perguntado em sua memória, assim como nós fazemos, o que torna a conversa muito mais fluida. De forma mais ampla, ChatGPT é a ponta de um iceberg de possíveis aplicações extraordinárias a partir dos grandes modelos de linguagem natural. Isso é possível porque a linguagem é, por si só, talvez a ferramenta mais poderosa já desenvolvida pois, por meio dela, podemos descrever e transmitir todos os outros co- nhecimentos, bem como imagens, vídeos e praticamente tudo o que existe. Se conseguirmos criar uma ferramenta que se aproxi- ma de nossa linguagem, muito provavelmente, os impactos em todas as áreas em que atuamos pode ser potencializado. Isto já está ocorrendo na criação de imagens e vídeos, bem como na programação de computadores, por exemplo. Você poderia dar exemplos de aplicações que essa nova tecnologia pode proporcionar? A primeira leva de aplicações vai ser um salto de melhorias nos assistentes digitais como o Alexa, a Siri e o Assistente do Google, além dos chatbots em geral, que encontramos em sites diversos. Uma segunda onda será marcada pelo que estou chamando de assistentes digitais profissionais e educacionais, um assistente digital que vai ajudar os profissionais e estudantes em suas tarefas do dia a dia, potencialmente em qualquer área, como por exem- plo, para fazer pesquisas em grandes bases de dados de conhecimento e conteúdo. Neste sentido, saem na frente as profissões que fazem uso maior da escrita, como o jornalismo, a escrita de livros ou criação de resumos e conteúdos diversos, bem como a programação de computadores, que poderá ser feita por meio de uma linguagem mais próxima do natural. A tradução entre idiomas também vai dar um salto de qualidade e rapidez, eventualmente chegando a ferramentas de tradução simultânea. O ChatGPT foi baseado em redes neurais e machine learning, o que isso significa para o público leigo em tecnologia? No geral, a parte mais técnica das tecnologias não deveria significar muito para o público leigo em geral. Assim como não precisamos nos preocupar em como a energia elétrica é produzida e transmitida para nossas casas, mas sim que a luz ligue quando tocamos no interruptor. O mais importante é entender os seus potenciais usos em nossas áreas de atuação, bem como os ris- cos decorrentes de toda ferramenta poderosa. Entre esses riscos, precisamos entender que toda ferramenta que tem como base machine learning é treinada a partir de dados e vai reproduzir e potencializar os conceitos e preconceitos ali presentes. Além disso, por não se tratar de uma ferramenta algorítmica, o seu comportamento pode se tornar catastrófico em situações limítrofes. Poderia nos exemplificar situações em que o Chat GPT usará machine learning? O ChatGPT é uma ferramenta baseada no modelo de Machi- ne Learning GPT-3, pois se caracteriza por aprender (fazer relações entre perguntas e respostas) a partir de grandes bases de dados, sem a necessidade de ser explicitamente programada para cada pergunta. Desta forma, o ChatGPT faz uso de machine learning desde o seu aprendizado (processo em que armazena essas relações), passando pela forma com que gera um texto fluido e também quando corrigimos alguma informação, que passa a fazer parte de sua base de conhecimentos, pelo menos para a conversa atual. Leia a entrevista completa na edição 205 da Algomais: assine.algomais.com

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A economia do Carnaval e os lucros da folia

*Por Rafael Dantas O Carnaval pernambucano movimenta muito mais do que apenas blocos e troças. A folia no Estado move uma série de cadeias econômicas distribuídas em municípios na Zona da Mata, Agreste e Sertão que têm a tradição de receber foliões. Embora o Recife e Olinda sejam os protagonistas das maiores festividades, destinos como Nazaré da Mata, Bezerros e até Belém do São Francisco têm grandes expectativas com o período. Além do turismo, o comércio também está aquecido e se preparou para a festa de Momo. De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o retorno dos festejos carnavalescos, sem as restrições sanitárias mais duras dos anos anteriores, deve gerar no País o faturamento de R$ 8 bilhões. O montante equivale a 0,12% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Como Pernambuco conta com dois dos destinos nacionais mais badalados da folia brasileira, Recife e Olinda, as expectativas são de forte aquecimento da economia local no período. Leia a reportagem completa na edição 205 da Algomais: assine.algomais.com

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Silvério Pessoa: "A cultura está dentro do grande guarda-chuva da economia criativa"

Secretário de Cultura de Pernambuco, empossado há menos de dois meses, o músico Silvério Pessoa celebra nos próximos dias o seu primeiro carnaval como gestor público. Os desafios são maiores que apenas apoiar a retomada do ciclo cultural, mas está também no campo da reestruturação do setor, que sofreu por anos com a pandemia e com toda desarrumação das políticas públicas nacionais, após a dissolução do Ministério da Cultura. "Acreditamos que a cultura tem um valor e uma importância tal e qual a saúde, a educação e a segurança. Isso está dentro de um grande guarda-chuva que se chama a economia criativa. O artista deve ser protagonista do seu negócio, gerenciar sua carreira, desenvolver atitudes de autonomia diante do mercado, dos negócios da cultura. Isso pode ser no artesanato, na moda, no cinema, no teatro, na dança na música, na literatura, em todas as linguagens, possibilitando o artista de inserir sua prática no mundo de forma sustentável". Em síntese, Silvério Pessoa defende que o artista viva da sua própria arte e saiba conduzir a carreira. Além da Pandemia, Silvério destacou que a classe artística sofreu com o desmanche das políticas culturais nacionais nos últimos quatro anos. "O carnaval vem de uma parada abrupta, mas os nossos problemas não vieram só pelo coronavírus. Agora com a volta do Minc (Ministéro da Cultura), há uma esperança. Essa retomada exigirá de nós paciência, colaboração, espírito de coletividade". Acerca da sua gestão da secretaria de cultura, Silvério defendeu que o foco principal será no fomento da arte das periferias e subúrbios, não só da Região Metropolitana do Recife, mas da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão. "Quando liberamos recurso para um mestre ou um artista, há todo um giro financeiro. Vocês não imaginam como um show de um artista, seja destacado nacionalmente ou não, faz circular recursos financeiros. Seja o maracatu, a escola de samba, a cirandeira, a costureira, até na montagem do palco dos festivais". Além do alcance de vários profissionais e artistas, festividades como o Carnaval têm também uma distribuição bem abrangente pelo território pernambucano. "O foco principal do Carnaval é o Recife e Olinda, mas posso declinar um pouco esse olhar. Em Triunfo, os caretas têm uma circulação destacável. Arcoverde hoje movimenta um espaço significativo no Carnaval pernambucano. Bezerros está retornando com um dos carnavais mais destacados com papangus. Nazaré da Mata promove o encontro com o Maracatu Rural, sem falar nos bois, orquestras. Diria, inclusive, usando linguagem jovial, que o barato é sair do centro e procurar esses outros carnavais, não diria alternativos, mas que revelam a essência mais próxima da cultura do povo. Isso só se encontra no interior". Na entrevista, questionei o secretário acerca do pagamento dos artistas, visto que há uma reclamação quase histórica da demora para recebimento de cachês dos shows e eventos. Silvério explicou que como músico, ele conhece de perto essa realidade e enfrentar essa burocracia é uma das metas do governo para acelerar os pagamentos, mas pediu paciência. "Estou na secretaria primeiramente como músico, como artista. Isso pode me ajudar a desenvolver ideias e ações para facilitar a vida do artista principal e dos instrumentistas. Mas não temos nem 60 dias de gestão ainda. Estamos herdando uma estrutura pensada há 16 anos, que vinha tocando a cultura. É nosso pensamento e particularmente a minha sensibilidade de resolver essa questão porque passei por isso. Já passei um ano para receber um cachê. Já passei 6 meses. Sei de uma forma vivencial dessa dificuldade. Não era fácil. Às vezes fazia um caixa, um saldo de giro para remunerar os músicos até receber da instituição para saldar o serviço. Agora no interior da estrutura, dentro da máquina, é que se percebe como é difícil e complexa essa dinâmica para girar essa questão financeira de cachês.O desejo e vontade é imediata, mas o caminho não é tão fácil. Exige do artista estar devidamente formal, constituído dentro da burocracia, com suas certidões. Confesso que é muito complexo, mas temos ideias e vamos tentar viabilizar os pagamentos dos artistas. Serão remunerados da forma mais imediata possível. Não é um desejo distante, mas a gente precisa ter tempo, colaboração e crédito da classe artística", finalizou Silvério Pessoa.

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Tambaú Alimentos cresceu 25% e terá 10 lançamentos em 2023

Com sede em Custódia, a pernambucana Tambaú Alimentos comemorou o ano de 2022 com um crescimento de 25% do faturamento. O presidente da empresa, Hugo Gonçalves, também tem boas perspectivas para este ano. “A Tambaú é uma empresa que vem tendo crescimento elevado ao longo dos anos, nossa expectativa é muito otimista. O governo tem falado em manter os auxílios de transferência de renda, assegurando ajuda para cada criança. Acreditamos que esse dinheiro quando chega na mão da população pobre se reverte em consumo alimentar. No segundo semestre teremos lançamento de vários produtos que estão em desenvolvimento”. Lançamentos Em 2022, a marca lançou 10 produtos, ampliando o seu mix e formatos, como o Barbecue 100% Nordestino, a Mostarda 100% Nordestina e o Cogumelo inteiro e fatiado. Para 2023, estão previstos outros 10 lançamentos. Comunicação Outra novidade para 2023 é o aumento dos investimentos em marketing em comunicação. O orçamento para a área será cerca de 240% maior que em 2022. Uma das grandes apostas é o patrocínio da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. No período do espetáculo mais de 60 mil visitantes poderão conhecer mais da marca e os seus produtos. Serão instalados painéis no caminho entre Recife e Brejo da Madre de Deus. A campanha contará também com anúncios em TV, rádio, mídia impressa e exterior. Haverá também degustação de produtos da Tambaú. “A Paixão de Cristo é um dos eventos mais importantes do estado, e reúne milhares de pessoas, de todos os lugares e de todas as idades. Para a Tambaú, é um prazer poder participar de um evento dessa dimensão que envolve, comove e emociona tanta gente. Como uma das marcas mais tradicionais de Pernambuco, é uma grande honra fazer parte deste espetáculo tão grandioso e de celebrar o significado real da Páscoa”, afirma Hugo Gonçalves, presidente da marca.

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Na Geração Z, 80% querem mudar de emprego em 2023, diz relatório do LinkedIn

Pesquisa da consultoria Korn Ferry mostrou que profissionais de todas as idades veem os jovens mais otimistas do que os Millenials A Geração Z, aqueles nascidos 1997 e 2012, e que hoje tem entre 18 e 24 anos, tem se mostrado inquieta no mercado de trabalho e ansiando por novos desafios. De acordo com relatório do LinkedIn, quatro em cada cinco profissionais (80%) desta faixa etária pretendem encontrar um novo emprego em 2023 em busca de melhores salários, mesmo diante do boom de desligamentos dos setores de tecnologia e bancário. A pesquisa, que foi realizada com jovens do Reino Unido, mostrou que eles consideram seus trabalhos insatisfatórios e que não geram contribuição direta para a sociedade. E muito mais do que a remuneração salarial, está a valorização do propósito que a Geração Z tem sobre o próprio trabalho e sua visão positiva em relação ao futuro. Em uma nova pesquisa da consultoria organizacional Korn Ferry, 60% dos profissionais de todas as idades dizem que a Geração Z é mais otimista em relação ao futuro do que os Millenials. Mais da metade dos profissionais diz que estes jovens trarão mais motivação para seu trabalho do que a geração anterior e que eles darão mais ênfase ao fato de seu trabalho ter um propósito. Para Fernando Guimarães, Líder de Estratégia Organizacional, Sul-América da Korn Ferry, a realidade está distante de quando os Millenials começaram a entrar na força de trabalho no início dos anos 2000. "De fato, se especulava muito sobre como os trabalhadores mais velhos viam os Millenials como autoritários, preguiçosos, egocêntricos e desleais a seus empregadores. Esses estereótipos foram dissipados”, diz. Guimarães observa que a qualificação parece diferente para a Geração Z do que para as gerações anteriores, e os talentos da Geração Z estão adotando uma abordagem mais holística para escolher onde querem trabalhar. “Muito mais alunos da Geração Z estão se afastando dos bacharelados tradicionais e optando por certificações específicas baseadas em habilidades ou programas de credenciamento”, comenta o líder da Korn Ferry. Acompanhar o mercado para seguir obtendo sucesso em aquisição de talentos, especialmente com as novas gerações, é um dos pontos cruciais do RH atualmente, segundo Fernando Guimarães. “Os líderes de gestão de talentos de hoje precisam entender não apenas como a composição do talento está mudando, mas também como combinar melhor as habilidades com as oportunidades para que os jovens funcionários possam se desenvolver em suas carreiras”, explica o especialista. Do recrutamento à relação com as novas gerações Guimarães explica ainda que muitos empregadores terão que olhar além das práticas tradicionais de recrutamento para contratar talentos da Geração Z e levar em consideração a autenticidade de suas marcas conectadas aos valores da empresa, que são muito importantes para a contratação mais jovem de uma empresa. A chave para os gerentes é entender o que motiva todos os funcionários a darem o melhor de si em seus trabalhos todos os dias e criar uma cultura em que todos os funcionários se sintam apoiados e valorizados, finaliza o especialista. Pontos-chave para empresas, segundo a Korn Ferry: A qualificação para um profissional em início de carreira parece diferente para a Geração Z do que para as gerações anteriores, com muito mais pessoas da Geração Z optando por certificações baseadas em habilidades específicas ou programas de credenciamento em vez de programas de graduação tradicionais. Os empregadores precisarão ajustar sua abordagem para considerar talentos não tradicionais e trabalhadores ocultos se quiserem aproveitar toda a capacidade da Geração Z. As organizações precisarão entender os valores da Geração Z e operacionalizar sua estratégia de marca para corresponder.

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José Teles: "A história da música é muito contada do ponto de vista dos cariocas e paulistas"

No momento em que existe uma discussão sobre as diferentes narrativas dos acontecimentos, é interessante e oportuno o lançamento do livro Choro e Frevo, Duas Viagens Épicas, de José Teles (que pode ser adquirido pelo Whatsapp 81 98871-9261). Jornalista e crítico de música com anos de experiência em jornais, Teles é autor de vários livros sobre a história musical de Pernambuco. Sua mais recente obra descortina fatos pouco conhecidos ou que foram “inviabilizados” com o passar dos anos, muitas vezes, em razão do maior destaque dado à cultura do Sudeste. A começar pelas duas viagens mencionadas no título ocorridas nos anos 1950. Numa delas, um grupo de instrumentistas de Pernambuco percorre o trajeto do Recife ao Rio de Janeiro num Jeep, de 1951, para se encontrar com Jacob do Bandolim, então, já venerado como um craque do choro. Na casa do bandolinista uniram- se músicos cariocas e pernambucanos numa apresentação virtuosa. Um adolescente que assistia a tudo, ficou tão extasiado que decidiu ser também violonista: ninguém menos que Paulinho da Viola, que se impressionou, principalmente, com a performance de Chico Soares, o Canhoto. Outra “viagem épica” contada no livro foi a do bloco Vassourinhas para o Rio de Janeiro. Recebido com entusiasmo pelo povo e pela imprensa cariocas, o grupo porém enfrentou muita confusão na volta ao Recife. Antes, fizeram uma escala na Bahia, onde inspiraram Dodô e Osmar a criar o trio elétrico. Como surgiu a ideia de produzir este livro e como foi o processo de pesquisa? Nunca ninguém havia escrito essa história sobre essa viagem do Vassourinhas. Muitos escreveram no oba-oba, que a ida ao Rio e a Salvador foi um sucesso. Mas teve muita confusão. Eu escrevi uma matéria grande no Jornal do Commercio, tempos atrás, sobre o assunto. Na época até falei com uma pessoa que viajou junto com o Vassourinhas. Desde então, eu tinha a ideia de escrever esse livro. Um dia estava conversando com Amaro Filho (radialista, produtor cultural e documentarista) num bar na rua Mamede Simões, e ele me falou de uma outra viagem de chorões pernambucanos que foram num Jeep para um encontro com Jacob do Bandolim no Rio de Janeiro. Ele queria fazer um documentário sobre isso. Aí eu falei da ideia de fazer um livro da viagem do Vassourinhas. Então, pensamos: por que não fazer um livro sobre as duas viagens? O Vassourinhas já era uma lenda do Carnaval, conhecido no Brasil inteiro nos anos 1950. Existiam vários clubes com o nome de Vassourinhas pelas cidades. Era uma espécie de Flamengo (risos). A quantidade de matéria sobre a chegada do Vassourinhas na imprensa do Rio foi absurda. Decidi fazer o livro, mas, dessa vez, não conseguiu falar com ninguém que participou da viagem e o edital do Funcultura tinha um prazo para terminar. Já a viagem dos chorões foi muito pouco noticiada na imprensa. Mas, por sorte, Amaro encontrou-se com Chico, filho de João Dias, marido de dona Ceça. Ele foi na casa de Chico que forneceu um material enorme. O pai dele se correspondia com Jacob e tinha muita foto, gravação. Aí já foi um grande avanço. Depois, Amaro teve acesso ao diário de dona Melita (Conceição Melin), que era esposa do violonista Zé do Carmo. O diário dela já dava um livro, é muito meticuloso. Amaro também conseguiu falar com o pessoal de Jacob do Bandolim que mandou muito material pra gente, até as gravações feitas naquela noite que tinham Jacob falando quem era cada um dos chorões que tocavam. No livro você fala na quantidade de exímios violonistas pernambucanos e como eles influenciaram o choro e gente bamba como Pixinguinha, um fato que pouca gente sabe. Por que Pernambuco tinha tantos bons instrumentistas de violão? A história da música é muito contada do ponto de vista dos cariocas e paulistas. É sempre de lá pra cá e nunca daqui pra lá. Por exemplo, João Pernambuco foi um dos maiores violonistas do Brasil, influenciou vários artistas no Rio, como o próprio Pixinguinha. Sua influência na música que se fazia no Rio nas primeiras décadas do século 20 é imensa e o violão popular brasileiro se fundamenta na sua obra. Muitos expoentes do samba e do choro, como Pixinguinha e Donga beberam na fonte de João Pernambuco. A presença do violão na música do Brasil é uma história que nunca foi contada. Na verdade, os escravos sempre tiveram uma relação forte com o instrumento, porque na África não havia só tambor, mas também muito instrumento de corda. No livro, eu mostro anúncios de jornais sobre escravos fugidos, que ressaltavam o fato deles tocarem violão. Quando surgiram os blocos no Carnaval, eles desfilavam com muitos violões. Blocos como Apôs-Fum e das Flores, saíam com 70 violonistas, além de bandolim, banjo. Esses instrumentos eram muito comuns no Recife e havia muitos frevos compostos para eles. Havia um violonista daqui que era muito bom, que foi importantíssimo: Alfredo Medeiros. Eles foi para o Rio, por causa de uma perseguição do governador Agamenon Magalhães que o exonerou do cargo que ocupava no Tesouro Estadual. Era uma pessoa muito conhecida no Rio. No Recife havia dois programas de grande audiência com violonistas: o Clube das Cordas, na Rádio Clube de Pernambuco, e Quando os Violões se Encontram, na Rádio Jornal do Commercio. Já Rossini Ferreira, que participou da viagem até a casa de Jacob, era muito bom no bandolim. Ele trabalhava como administrador de um empresário pernambucano, que se mudou para o Rio e ele foi junto. No anos 1970 houve um movimento de revalorização do choro e em 1977 aconteceu o Concurso do Choro 77, do qual foi vencedor o grupo Amigos do Choro que Rossini integrava. O grupo concorreu com uma música do bandolinista pernambucano. Em seguida aconteceu o Festival Nacional do Choro, com muita gente experiente concorrendo e que teve grande cobertura da imprensa. E, mais uma vez, Rossini ganhou. Entre os chorões pernambucanos que viajam no Jeep está Ceça Dias. Quem era essa instrumentista e era comum mulheres

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