Aprendizado por biografias e histórias de organizações
*Por Eduardo Carvalho, Harvard/IPERID Fellow A palavra “biografia” tem origem no idioma grego e é formada pelos termos bio (vida) e graphein (escrita). Historiadores acreditam que o filósofo Damáscio foi o responsável por criar o termo para referir-se a esse gênero textual. Surgiu durante as Civilizações Clássicas, ou seja, na Grécia e na Roma Antiga. As biografias têm como objetivo narrar fatos marcantes da vida de uma pessoa, destacando suas conquistas, desafios e legados. Não se limita apenas à narração de acontecimentos pessoais/íntimos, mas desenvolve uma análise de como as ações influenciaram ou foram influenciadas pelos acontecimentos da época em que a pessoa viveu. Contém dados e acontecimentos importantes, pode ou não ter fotos, ou entrevistas de pessoas próximas ao personagem. É construída com dados precisos, incluindo nomes, locais e datas dos principais acontecimentos importantes. Não precisa referir-se especificamente a personalidades que fizeram grandes feitos ou que estiveram em posições de poder e influência. Pode também abordar histórias sobre a vida de pessoas comuns, a exemplo do projeto desenvolvido pela StoryCorps nos Estados Unidos. A organização não tem fins lucrativos e compromete-se com a visão de que todos têm uma história importante para contar. A sua missão é ajudar as pessoas a terem conversas significativas sobre as suas vidas, gravando em estúdios localizados em pontos de fácil acesso ao cidadão. Desde a sua fundação em 2003, ajudou mais de 700 mil pessoas a narrar as suas histórias de vida. Essas gravações estão coletadas na Biblioteca do Congresso dos EUA, constituindo a maior coleção de vozes humanas já reunida. As histórias são transmitidas na NPR para mais de 12 milhões de ouvintes e também podem ser acessadas em plataformas digitais. A StoryCorps promove empatia, compaixão, e aprendizados relevantes sobre cidadãos da sociedade americana. O museu virtual da pessoa é outra organização que merece destaque para propósito semelhante. Quando se trata de líderes empresariais, as biografias oferecem uma visão aprofundada sobre suas trajetórias, filosofias e estilos de gestão. Revelam lições importantes de liderança, histórias de superação pessoal, a importância da resiliência, da empatia, da imaginação, da visão clara e inovadora, entre muitas outras habilidades. Há inúmeras biografias publicadas sobre líderes mundiais na política, artes, literatura, ciências, empreendedorismo, medicina. Os Estados Unidos têm uma cultura de registrar biografias dos seus líderes. A vida de Steve Jobs, por exemplo, demonstra a importância da paixão pelo produto, a busca incessante pela perfeição e a habilidade de criar uma visão clara e inspiradora. Jobs não apenas fundou a Apple, mas também redefiniu indústrias inteiras com produtos inovadores como o iPhone e o iPad. Sua história nos ensina sobre a importância da inovação, da resiliência e da capacidade de recomeçar após fracassos. Jobs enfatizou um princípio importante na sua palestra no evento de graduação (commencement) em Stanford em 2005: “Você não pode conectar os pontos olhando para frente, você só pode conectar olhando para trás”. Outros grandes exemplos de líderes mundiais são: Howard Schultz (cresceu em um bairro pobre de Nova Iorque e superou inúmeras adversidades para transformar a Starbucks em uma marca global), Oprah Winfrey (superou uma infância difícil e se tornou uma das mulheres mais influentes do mundo), Elon Musk (fundou várias empresas de sucesso e está, continuamente, desafiando e redefinindo indústrias inteiras. Sua capacidade de imaginar um futuro diferente e trabalhar incansavelmente para realizá-lo é uma lição poderosa sobre a importância da visão e da inovação). Enquanto as biografias focam em indivíduos, as histórias de organizações oferecem uma visão holística sobre o desenvolvimento e a evolução das empresas. Esses relatos não apenas documentam o crescimento e as mudanças internas, mas também contextualizam a organização dentro do cenário econômico e social em que operam. Compreender as histórias das organizações vai além de conhecer datas e eventos; trata-se de desvendar os valores, as estratégias e as culturas que levaram a entidade ao sucesso ou fracasso ao longo do tempo. Frequentemente compreendem momentos de crise e superação, que oferecem lições valiosas sobre resiliência. Também mostram a importância de valores e práticas consistentes que alinhem os objetivos da empresa com os comportamentos dos funcionários. Essas histórias de superação inspiram e mostram que dificuldades fazem parte da jornada de qualquer organização. Ensinam que, com liderança forte, visão clara e uma equipe dedicada, é possível superar obstáculos aparentemente intransponíveis. Biografias e histórias de organizações são fontes ricas de conhecimento e inspiração. Oferecem uma janela para o passado, permitindo-nos aprender com as experiências de outros e aplicar em nossos próprios contextos. Proporcionam insights valiosos que podem guiar futuros líderes e empreendedores em suas jornadas. Oferecem lições valiosas que podem ser aplicadas em diversos contextos profissionais e pessoais, ajudando-nos a navegar pelos desafios e oportunidades do mundo. É aprendizado relevante, logo muito importante de ser abordado nas escolas, universidades e empresas.
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