Arquivos Cultura E História - Página 95 De 379 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

jorge o guerreiro

No manejo do cinzel

*Paulo Caldas Há séculos tornou-se invisível a linha de separação entre aMedicina e as múltiplas formas de expressão artística. Nesse universo sem fronteiras, seguidores de Hipócrates acompanharam ícones das letras, formas, matizes, harmonias, ritmos e melodias. Seria fastioso enumerar os médicos e médicas que durante a vida profissional se envolveram com cachetes e xaropes, injeções e radiografias e mais tarde conciliaram a inclinação às letras com o indispensável talento. É o caso de Mitafá. Neste “Jorge,o guerreiro”adota frases e metáforas como armadura, escudo e espada para vencer as adversidades. Fez da caneta um cinzel, esculpiu numa folha em branco a vida do protagonista desde a roda dos enjeitados e a infância, criou sua trajetória e,no manejo de pincéis e tons, deu cores às palavras e ideias. A publicação tem o projeto visual de Bel Caldas, na imagem da capa “Espiral da Vida” pintura em óleo sobre tela de Mitafá e a produção gráfica da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Os exemplares podem ser adquiridos pelos endereços eletrônicos mfgpinheiro@hotmail com. WhatsApp 81 988313043 e INSTAGRAM mitafá. *Paulo Caldas é escritor

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Crítica: Maquiavel, a democracia e o Brasil

*Por Rafael Dantas O mais recente livro de Renato Janine Ribeiro, Maquiavel, a democracia e o Brasil (pela Edições Sesc São Paulo e pela Editora Estação Liberdade), faz um mergulho nos conceitos do clássico O Príncipe e apresenta uma série de reflexões sobre a democracia brasileira atual. As rupturas e continuidades entre o contexto das monarquias e da idade média e o atual momento político ganham dimensões bem diferentes, respondendo a percepções sociais quase que opostas sobre a legitimidade e perspectiva de poder dos seus governantes. A análise de fatos passados nos principados italianos e em algumas monarquias e a comparação com as práticas de poder político no Brasil desde a redemocratização até o governo Bolsonaro são observados pelo autor sobre as lentes da fortuna e de virtù, ambas tratadas por Maquiavel. Destaque para o debate sobre o papel e a atuação das instituições que atuam na democracia e limitam o poder do governante. Afinal, qual o papel delas na transição para mudanças esperadas na sociedade ou para a continuidade do contexto social presente? O autor compreende que as instituições assumem uma relevância diferente quando se trata de países mais desenvolvidos e quando em questão está um Estado com intensas desigualdades socioeconômicas estruturais, como é o caso brasileiro. Em ambos os contextos e nos diferentes períodos em que os conceitos de Maquiavel podem ser estudados, Janine considera que uma questão transversal é a da legitimidade. Eis uma temática extremamente atual no Brasil e em outros países mesmo com longas experiências democráticas. A crise da legitimidade, que ganhou volume com a disseminação das novas tecnologias digitais, é um dos desafios intensos do panorama político nacional e internacional há alguns anos. Janine faz uma leitura histórica dos presidentes brasileiros, traduzindo suas trajetórias de acesso ao poder e de governabilidade por esses dois conceitos: a fortuna e a virtú. Como se mantiveram na gestão até o final de seus mandatos e como conseguiram vencer as eleições. Alguns chegando ao poder pela fortuna e governando com a vírtu , por exemplo. Outras experiências ascendendo e governando através da virtú. O autor não se esquiva de classificar os nossos presidentes. Trata-se de um breve passeio pela nossa lista de ex-presidentes, mas com a lente dessa percepção de Maquiavel. QUEM É RENATO JANINE RIBEIRO? Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo (USP), na qual se doutorou após defender mestrado na Universidade de Paris I (Pantheon-Sorbonne), França. Tem-se dedicado à análise de temas como o caráter teatral da representação política, a ideia de revolução, a democracia, a república e a cultura política brasileira. Foi ministro da Educação no governo Dilma Rousseff e, em 2021, eleito presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Entre suas obras destacam-se A sociedade contra o social: o alto custo da vida pública no Brasil (2000, Prêmio Jabuti de 2001) e A boa política: ensaios sobre a democracia na era da internet (2017), ambas pela Companhia das Letras, além de A pátria educadora em colapso (Três Estrelas, 2018). Pela Estação Liberdade, no fim de 2021, publicou Duas ideias filosóficas e a pandemia. ONDE ADQUIRIR O LIVRO? O livro pode ser adquirido pelo site da editora Sesc São Paulo *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente. Com especialização em Gestão Pública, ele é mestre em Extensão Rural e Desenvolvimento Local (rafael@algomais.com)

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Festival Rec Beat Cais da Alfandega Recife Foto por Jose Britto

Festival Rec-Beat recebe encontro inédito entre músicos do Reino Unido e Pernambuco

A banda britânica O. participa de uma imersão artística com músicos locais e apresenta o resultado em show com direção musical do DJ Dolores. O projeto faz parte do programa Cultura Circular, do British Council e Oi Futuro O Rec-Beat será palco de um encontro inédito entre músicos do Reino Unido e de Pernambuco. O duo britânico O. participará de uma imersão com artistas locais, e apresentará o resultado na programação do festival, que acontece de 18 a 21 de fevereiro, com acesso gratuito, no Cais da Alfândega, Bairro do Recife. O encontro faz parte do programa Cultura Circular, uma realização do British Council com apoio do Oi Futuro, que visa fomentar experimentações artísticas e potencializar conexões entre cenas musicais ao redor do mundo.  O show contará com direção musical do DJ Dolores (synths e sampler), e as participações de Lucas dos Prazeres (ogan e mestre), Deco do Trombone (trombone), Parrô (saxofone), Henrique Albino (saxofone), Yuri Queiroga (guitarra/baixo) e a banda O., composta por Joseph Henwood (saxofone e efeitos) e Tash Keary (bateria). Antes da performance, os músicos se encontrarão no Recife para ensaios em estúdio, visando maior conhecimento pessoal e trocas artísticas entre eles. Todo o processo e a apresentação final serão documentados em vídeo que será lançado em março. Originário do sul de Londres, o duo O. é uma das grandes apostas entre os nomes da novíssima cena musical britânica. Mesmo com apenas um single lançado, a dupla de sax e bateria tem impressionado com suas apresentações ao vivo em turnês pela Europa, abrindo shows do ascendente grupo inglês Black Midi. Expandido as possibilidades dos seus instrumentos, a O. oscila entre experimentações com jazz, funk e krautrock, criando peças sônicas lisérgicas e sempre autênticas.  É por esse caminho que o perfil artístico da banda britânica possui intersecções múltiplas com os trabalhos dos músicos pernambucanos. A ideia é criar um ballet instrumental, que expandirá o vocabulário sonoro dos artistas em caminhos imprevisíveis. Tudo isso potencializado pelo intercâmbio entre tradições musicais europeias e nacionais, como o frevo e outros ritmos afro-brasileiros. Essa miscelânea cultural está em consonância com a proposta do Festival Rec-Beat, conhecido pela sua atitude pioneira de mapear novas tendências musicais do mundo inteiro e levá-las ao coração do carnaval do Recife. Com acesso gratuito, o evento se consolidou, ao longo de seus 27 anos, como um espaço democrático, inclusivo e libertário para o público conhecer novos artistas e experimentarem sons e ritmos heterogêneos. 

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carnaval recife 2

Confira a programação dos polos carnavalescos do Recife

Serão 44 polos, entre centralizados, descentralizados e comunitários. A Cultura Popular terá presença marcante, em uma programação que se estende por toda a cidade, reunindo atrações locais e nacionais, que celebram a volta do ciclo carnavalesco (Da Prefeitura do Recife) As manifestações populares são as grandes anfitriãs da festa, mostrando a força da cultura momesca recifense, principal diferencial do Carnaval de rua da capital do estado em relação a qualquer outra folia nacional. Assim, troças, caboclinhos, bois, ursos, escolas de samba, clubes de frevo, blocos líricos, caboclinhos, maracatus e tribos de índio reinam em destaque ao lado de nomes superlativos do cancioneiro nacional que integram as grades dos shows. Confira a programação completa no https://www.carnavaldorecife.com/ e pode conferir também neste link - https://bit.ly/3JZEHfv Frevo, Maracatu, Samba, todas as matrizes da cultura recifense se encontram no mais plural dos ciclos culturais, que conta também com rock, brega e sonoridades contemporâneas, fazendo a miscelânea nos palcos e nas ruas do Carnaval do Recife, reunindo um time de peso como Chico César, Mestre Ambrósio, Emicida, Elba Ramalho, Otto, Nação Zumbi, Duda Beat, Mundo Livre, ao lado de ícones da folia pernambucana como André Rio, Marron Brasileiro, Nena Gueiroga, Almir Rouche, Spok, Maestros Ademir Araújo e Duda, Lia de Itamaracá, Quinteto Violado e Banda de Pau e Corda,  entre tantos outros legítimos representantes do Carnaval. Neste ano, a escuta popular que apoiou a montagem da grade artística, na escolha de atrações pelo voto direto, aconteceu por meio do aplicativo Conecta Recife. Um processo democrático que contou com mais de 15 mil participações de moradores da cidade. Confira a programação de alguns dos polos anunciados: PÁTIO DE SÃO PEDRO Sábado (19) – Pátio da Diversidade (a partir das 9h) Banda Santroppê Andreia Luiza Banda Delikada Xuxinha E Bandalê Show Das Drags Banda Sentimentos Eduarda Alves Márcia Sampaio Romero Ferro e Convidados Domingo (19) – A partir das 15h Cultura Popular Recife Matriz Da Cultura Popular - Encontro De Bois - Boi Arcoverde, Boi de Mainha, Boi Faceiro, Boi Teimoso de Limoeiro, Urso do Ovão, Urso Texaco, Urso da Rua do Sapo, Urso da Tua Mãe, Boi Maracatu, Boi Diamante, Boi da Cutia, Boi Pavão, Boi D'Loucos, Boi da Munganga, Urso Branco da Mustardinha. Igor De Carvalho Bione Jader Mombojó Mundo Livre Segunda (20) – A partir das 15h Recife Matriz Da Cultura Popular - Encontro De Bois - Boi Treloso do Recife, Boi Mimoso da Bomba do Hemetério,, Boi Ta Ta Tá, Urso Cangaçá de Água Fria, Urso Branco de Cangaçá, Vaca Charmosa, Urso Peleja, Boi Cara Branca de Limoeiro, Boi Dourado de Limoeiro, Boi Leão de Limoeiro, Urso Zé Da Pinga, Boi Malabá, Boi Misterioso de Limoeiro, Boi Mandingueiro de Paulista, Grupo Cultural Boi Criança de Camaragibe. Gabi Da Pele Preta João Fênix Quinteto Violado - 50 Anos Alessandra Leão, Isaar E Karina Buhr Banda Eddie Terça (21) – A partir das 15h Recife Matriz Da Cultura Popular - Afoxe Okulê Byí, Zenaide Bezerra e passistas, Orquestra Imperial da Bomba do Hemetério, Maracatu de Baque Solto Pavão Dourado de Tracunhaém, Bloco Pierrot de São José, Clube de Boneco Seu Malaquias, Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife. Antúlio Madureira Siba Devotos Combo X Marcelo Jeneci IBURA Domingo (19) Recife Matriz da Cultura Popular - Orquestra Ur-Frevo, Grupo de Dança e Passistas Pequenas Estrelas, Maracatu Rural Leão Vencedor de Chã de Alegria, Grupo Artístico e Cultural Boi de Ta Ta Tá, Troça Carnavalesca Comunitária Mista Tô Chegando Agora Rayssa Bacelar Ed Carlos Gaby Amarantos Almir Rouche Segunda (20) Recife Matriz da Cultura Popular - Troça Carnavalesca Mista A Bela da Tarde e seus Bonecos Gigantes, Orquestra Majestade O Frevo, Saltos Cia de Dança, Boi Calemba Pernambucano, Caboclinho Tupinambá de Recife Afroito Myllena Dantas Nego Thor Jorge Aragão Terça (21) Recife Matriz da Cultura Popular - Boi de Mainha, Orquestra Vai Pegar Fogo, Cia Pe-Nambuco de Dança, Urso Preto da Pitangueira, Escola de Samba Limonil Marrom Brasileiro Nonô Germano Os Neiffs Tayara Andreza VÁRZEA Domingo (19) Recife Matriz da Cultura Popular - Encontro de Caboclinhos (Caboclinho 7 Flechas, TRibo Taquaraci, Tribo Indígena Tainá, Caboclinho Caetés de Recife, Caboclinho Tupinambá de Recife, Clube de Índio Papo Amarelo, Tribo Aparahós, Clube Carnavalesco Misto Índio Taperaguases, Tribo Uirapuru, Caboclinho Jurema Carnaval, Canindé do Recife, Caboclinho Canidé, Índio Tabajara de Goiana, Associação dos Caboclinhos Índio Brasileiro de Buenos Aires, Tribo Indígena Tupã, Tribo Indígena Oruba, Caboclinho Potiguares de Goiana, Tribo de Índio Tupinambá, Caboclinho Carijós de Goiana, Tribo Guaianas, Caboclinho Tupynambá, Clube de Índio Tupi Guarani. Mestre Ambrósio André Rio Grupo Bongar Gilsons Segunda-feira (20) Recife Matriz da Cultura Popular  - Urso Pé de Lã, Luden Cia de Dança, Orquestra Brasileira do Recife, Boi da Muganga, Clube de Frevo Bola de Ouro Café Preto Nação Zumbi Marina Sena Clara Sobral Terça-feira (21) Recife Matriz da Cultura Popular  - Maracatu Piaba de Ouro, Bloco Flor da Lira de Olinda, Bloco Afro Obá Nylé, Escola de Samba Preto Velho. Larissa Lisboa Mundo Livre Emicida Banda Sentimentos ALTO JOSÉ DO PINHO Domingo (19) Recife Matriz Da Cultura Popular - Urso Brilhante Do Coque, Império Frevo Orquestra Itinerante, Cia De Folguedos, Tribo Indígena Tapirapé. Cinho Do Cavaco - Samba Das Antigas Em Canto E Poesia Banda Etnia Devotos Marcelo Falcão Segunda (20) RECIFE MATRIZ DA CULTURA POPULAR - Troça Carnavalesca Mista Tô Chegando Agora, Maracatu de Baque Solto Cambinda Nova de Nazaré, Boi D'loucos, Frevo Zen Orquestra, Companhia De Dança De A a Z, Bloco Carnavalesco Mulheres Do Samba. ELYS VIANA SKA MARIA PASTORA VINÍCIUS BARROS GERALDO AZEVEDO EDUARDA ALVES Terça (21) "Recife Matriz Da Cultura Popular - Galeria Do Ritmo, Cortejo Boi Pintado, Reisado Imperial, Cia 40 Graus de Dança, Orquestra Curica, Bloco Flores de Paulista. " Maestro Edson Rodrigues Isaar  E Valdi Afonjah Cascabulho Chinelo De Iaiá Sheldon CORDEIRO Domingo (19) Recife Matriz da Cultura Popular  - Orquestra Girassol, Grupo de Dança Em Movimento, Clube Carnavalesco Pão Duro, Coletivo Pernambucafro, Confete e Serpentina Gustavo Travassos Rogério Rangel Belo Xis Geraldinho Lins Segunda-feira (20) Recife Matriz da Cultura Popular - Grupo Cultural Boi Charuto, Urso Preto

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jose teles

José Teles: "A história da música é muito contada do ponto de vista dos cariocas e paulistas"

No momento em que existe uma discussão sobre as diferentes narrativas dos acontecimentos, é interessante e oportuno o lançamento do livro Choro e Frevo, Duas Viagens Épicas, de José Teles (que pode ser adquirido pelo Whatsapp 81 98871-9261). Jornalista e crítico de música com anos de experiência em jornais, Teles é autor de vários livros sobre a história musical de Pernambuco. Sua mais recente obra descortina fatos pouco conhecidos ou que foram “inviabilizados” com o passar dos anos, muitas vezes, em razão do maior destaque dado à cultura do Sudeste. A começar pelas duas viagens mencionadas no título ocorridas nos anos 1950. Numa delas, um grupo de instrumentistas de Pernambuco percorre o trajeto do Recife ao Rio de Janeiro num Jeep, de 1951, para se encontrar com Jacob do Bandolim, então, já venerado como um craque do choro. Na casa do bandolinista uniram- se músicos cariocas e pernambucanos numa apresentação virtuosa. Um adolescente que assistia a tudo, ficou tão extasiado que decidiu ser também violonista: ninguém menos que Paulinho da Viola, que se impressionou, principalmente, com a performance de Chico Soares, o Canhoto. Outra “viagem épica” contada no livro foi a do bloco Vassourinhas para o Rio de Janeiro. Recebido com entusiasmo pelo povo e pela imprensa cariocas, o grupo porém enfrentou muita confusão na volta ao Recife. Antes, fizeram uma escala na Bahia, onde inspiraram Dodô e Osmar a criar o trio elétrico. Como surgiu a ideia de produzir este livro e como foi o processo de pesquisa? Nunca ninguém havia escrito essa história sobre essa viagem do Vassourinhas. Muitos escreveram no oba-oba, que a ida ao Rio e a Salvador foi um sucesso. Mas teve muita confusão. Eu escrevi uma matéria grande no Jornal do Commercio, tempos atrás, sobre o assunto. Na época até falei com uma pessoa que viajou junto com o Vassourinhas. Desde então, eu tinha a ideia de escrever esse livro. Um dia estava conversando com Amaro Filho (radialista, produtor cultural e documentarista) num bar na rua Mamede Simões, e ele me falou de uma outra viagem de chorões pernambucanos que foram num Jeep para um encontro com Jacob do Bandolim no Rio de Janeiro. Ele queria fazer um documentário sobre isso. Aí eu falei da ideia de fazer um livro da viagem do Vassourinhas. Então, pensamos: por que não fazer um livro sobre as duas viagens? O Vassourinhas já era uma lenda do Carnaval, conhecido no Brasil inteiro nos anos 1950. Existiam vários clubes com o nome de Vassourinhas pelas cidades. Era uma espécie de Flamengo (risos). A quantidade de matéria sobre a chegada do Vassourinhas na imprensa do Rio foi absurda. Decidi fazer o livro, mas, dessa vez, não conseguiu falar com ninguém que participou da viagem e o edital do Funcultura tinha um prazo para terminar. Já a viagem dos chorões foi muito pouco noticiada na imprensa. Mas, por sorte, Amaro encontrou-se com Chico, filho de João Dias, marido de dona Ceça. Ele foi na casa de Chico que forneceu um material enorme. O pai dele se correspondia com Jacob e tinha muita foto, gravação. Aí já foi um grande avanço. Depois, Amaro teve acesso ao diário de dona Melita (Conceição Melin), que era esposa do violonista Zé do Carmo. O diário dela já dava um livro, é muito meticuloso. Amaro também conseguiu falar com o pessoal de Jacob do Bandolim que mandou muito material pra gente, até as gravações feitas naquela noite que tinham Jacob falando quem era cada um dos chorões que tocavam. No livro você fala na quantidade de exímios violonistas pernambucanos e como eles influenciaram o choro e gente bamba como Pixinguinha, um fato que pouca gente sabe. Por que Pernambuco tinha tantos bons instrumentistas de violão? A história da música é muito contada do ponto de vista dos cariocas e paulistas. É sempre de lá pra cá e nunca daqui pra lá. Por exemplo, João Pernambuco foi um dos maiores violonistas do Brasil, influenciou vários artistas no Rio, como o próprio Pixinguinha. Sua influência na música que se fazia no Rio nas primeiras décadas do século 20 é imensa e o violão popular brasileiro se fundamenta na sua obra. Muitos expoentes do samba e do choro, como Pixinguinha e Donga beberam na fonte de João Pernambuco. A presença do violão na música do Brasil é uma história que nunca foi contada. Na verdade, os escravos sempre tiveram uma relação forte com o instrumento, porque na África não havia só tambor, mas também muito instrumento de corda. No livro, eu mostro anúncios de jornais sobre escravos fugidos, que ressaltavam o fato deles tocarem violão. Quando surgiram os blocos no Carnaval, eles desfilavam com muitos violões. Blocos como Apôs-Fum e das Flores, saíam com 70 violonistas, além de bandolim, banjo. Esses instrumentos eram muito comuns no Recife e havia muitos frevos compostos para eles. Havia um violonista daqui que era muito bom, que foi importantíssimo: Alfredo Medeiros. Eles foi para o Rio, por causa de uma perseguição do governador Agamenon Magalhães que o exonerou do cargo que ocupava no Tesouro Estadual. Era uma pessoa muito conhecida no Rio. No Recife havia dois programas de grande audiência com violonistas: o Clube das Cordas, na Rádio Clube de Pernambuco, e Quando os Violões se Encontram, na Rádio Jornal do Commercio. Já Rossini Ferreira, que participou da viagem até a casa de Jacob, era muito bom no bandolim. Ele trabalhava como administrador de um empresário pernambucano, que se mudou para o Rio e ele foi junto. No anos 1970 houve um movimento de revalorização do choro e em 1977 aconteceu o Concurso do Choro 77, do qual foi vencedor o grupo Amigos do Choro que Rossini integrava. O grupo concorreu com uma música do bandolinista pernambucano. Em seguida aconteceu o Festival Nacional do Choro, com muita gente experiente concorrendo e que teve grande cobertura da imprensa. E, mais uma vez, Rossini ganhou. Entre os chorões pernambucanos que viajam no Jeep está Ceça Dias. Quem era essa instrumentista e era comum mulheres

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Solenidade de transmissao de cargo do diretor presidente da Cepe

Companhia Editora de Pernambuco tem nova diretoria

(Da Cepe - Foto: João Uchôa) O jornalista João Baltar Freire assumiu na última sexta-feira (10) a presidência da Cepe. Compõem a nova diretoria ainda o administrador de empresas Igor Burgos, como diretor administrativo e financeiro, e o jornalista Ricardo Melo, reconduzido na diretoria de Produção e Edição. A secretária executiva de Imprensa, Daniella Brito, assume o Conselho Administrativo da Cepe. À frente da Cepe desde 2014, o jornalista Ricardo Leitão destacou a assertividade de todo o processo de transição de gestão. “Nós tivemos uma transição muito cordial. João teve condições de conhecer separadamente cada setor e avaliar o que foi feito por cada um. Tenho certeza de que a nova diretoria terá condições de avançar onde não pudemos ou não tivemos condições para isso. Aqui na Cepe  fizemos boa parte do que planejamos. Ela tem uma equipe experiente e está com as contas equilibradas. Agora, a nova gestão avançará muito mais com toda certeza”, afirmou. Em sua fala, o presidente João Baltar também relembrou os encontros que reuniram as equipes de transição. “Além de ter sido de uma riqueza de conteúdo, uma espécie de intensivo de aprendizagem de uma empresa prestigiosa, foi também um momento de muita camaradagem. E isso já é um presságio bom do que poderemos continuar construindo. Já vamos pegar na Cepe um alicerce muito bem fundado. Aqui foram tratadas e impressas coisas que não foram triviais. Coisas que literalmente significam a oficialidade do nosso Estado e isso nos traz muito mais responsabilidades”. O secretário de Comunicação, Rodolfo Costa Pinto - pasta a qual a companhia está institucionalmente vinculada -, também destacou a empresa. “A Cepe é um grande exemplo de coisas que não são feitas no Brasil, mas são feitas aqui, como instrumento de fomento cultural, fazendo a gente olhar para a frente. Podem contar comigo, com a Secretaria de Comunicação para a gente avançar cada vez mais”.

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Carnaval Armacao Resort

Hotéis de Porto de Galinhas promovem programações especiais para o Carnaval

Porto de Galinhas é o destino ideal para quem quer relaxar longe dos grandes focos de folia. Mas os hotéis que fazem parte de Associações de Hotéis do destino, estão preparando programações especiais e também é possível viver um pouquinho da experiência do Carnaval de Pernambuco, Vila de Porto de Galinhas. O The Westin - Porto de Galinhas preparou uma programação bem animada para os hóspedes. Haverá muito frevo e folia, para os pequenos a programação contará com camarim de pinturinha e tereré, oficinas de chocalho e bolhinha de sabão, customização de sombrinhas e máscaras, além de um bloquinho kids. Para os papais foi preparado um bloco com orquestra de frevo.  O Vivá Resort contará com shows culturais, passistas de frevo, oficina de sombrinhas de frevo, pintura facial, além do Bloco Galinha Bronzeada com boneco gigante e orquestra de frevo. Já o Armação Resort se transformará num Carnaval, com uma programação intensa para crianças e adultos, que contará com bailinho de carnaval, jogos aquáticos, shows culturais e aulão de Frevo. Tudo com muita alegria e diversão. Quem escolher passar o Carnaval no Hotel Solar Porto de Galinhas vai encontrar muita folia para toda família. Para criançada haverá pintura facial, oficina de sombrinhas de frevo, atividades com recreadores fantasiados. A animação contará com shows musicais, baile de Carnaval e apresentação do Maracatu Alfaias da Praia. E para quem quiser aproveitar ainda mais  os dias de folia fora dos hotéis, a Prefeitura do Ipojuca divulgou a lista de diversos blocos que acontecem em Porto de Galinhas.  Programação:  Sábado (11/02) 15h - Jacaré do Marupiara  Domingo (12/02) 14h - Sindicato na folia Sexta (17/02) 16h - Sheldon Folia Sábado (18/02) 12h - Bloco da Karolina Boneca  Domingo (19/02) 15h - Galinha no Brilho  15h - Segura o Pinto  16h - Um metro de Porta  Segunda (20/02) 14h - Galinha na Praia (Jangadeiros) 19h - Se você não for, só você não vai Terça (21/02) 16h - Trelosinho e esquenta aí  16h - Diz que me ama porra  16h - Piratas Pirados  17h - Tomé Folia  21h - Alfaias da Praia  Quarta (22/02) 10h - Maré vem aí  17h - Bloco dos Guarda vidas  18h - Batatinha  18h - Tabaco na Folia  Quinta (23/02) 17h - Senta Aqui  Domingo (26/02) 16h - Beber, cair e levantar 18h - Porto Hall na ressaca 

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feirinha cabo

Feirinha do Vale da Lua é opção para quem quer pré-carnaval em família

Frevo toma conta da edição de fevereiro, que acontece neste final de semana (11 e 12), no Cabo de Santo Agostinho (Foto: Marcelo Ferreira) Com orquestra e oficina de frevo, a Feirinha do Vale da Lua chega a sua 38ª edição. Dessa vez, a programação estará ainda mais colorida e festiva, em alusão à folia de Momo. Nos dias 11 e 12 de fevereiro, mais de 60 empreendedores do Cabo de Santo Agostinho estarão expondo seus produtos na Vila de Nazaré, lugar que mescla belas paisagens e muita história.  A programação conta com oficinas, terapias holísticas, trilha e muita música boa. Entre os expositores, têm artesanato, souvenir, roupas - produções locais e brechó -, e plantinhas para deixar a casa mais verde. Comidas diversas e cachaças tradicionais também estão entre os carros-chefes da Feirinha. Massagens, leitura de cartas, aromaterapia e oficina de Yoga também são opções para quem vai curtir o final de semana na Vila.  As inscrições e taxas para oficinas podem ser consultadas na página da Feirinha no Instagram (@feirinhadovaledalua) ou pelo telefone (81) 99579-7121. Programação completa: Sábado 11/02 14h - Oficina de modelagem em argila com o artesão Diego Barro;15h30 - Roda de conversa sobre a história do Cabo com o Prof. Enerson Silva;16h30 - Oficina de Frevo com Reny Silva, bailarino do Balé Brilhart;17h30 - Aulão de Yoga com Dani Costa;18h30 - Bingo da Feirinha. Apresentação cultural: Orquestra Tropical - Frevo (18h) Domingo 12/02 9h - Trilha DespertAmar (Ecológica e de Imersão na Natureza);14h - Oficina de modelagem em argila com o artesão Diego Barro;16h - Apresentação de Modelagem em Argila com Luzarcus;16h30 - Aulão de Yoga com Dani Costa;18h - Bingo da Feirinha. Apresentação cultural:  A Banda da praia (17h) Conheça a Feirinha:Pautada no fortalecimento do empreendedorismo de mulheres que vivem na Vila e nas praias próximas, a Feirinha do Vale da Lua existe há três anos e beneficia mais de 60 famílias que expõem mensalmente seus produtos. O fomento ao turismo e à economia da região, bem como a valorização da cultura popular cabense, são pilares norteadores da proposta.  Serviço:Feirinha do Vale da Lua (Pátio da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, na Vila de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho)Quando: 11 e 12 de fevereiro Contato: Denise (81 9579-7121)

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gilu cantor

Gilú Amaral lança “Mourisca”, single de seu novo trabalho solo

Percussionista pernambucano apresenta a música em show no dia 9 de fevereiro, no Casbah, em Olinda. O disco “O Sopro e a Percussão” chega ao público em março Um dos músicos mais experientes e inventivos da atual cena pernambucana volta a brilhar em um trabalho autoral. Aos 38 anos, e com pouco mais de 26 de carreira, Gilú Amaral lança neste começo de ano seu novo disco, batizado de “O Sopro e a Percussão”. Antes, porém, o artista se dedica ao lançamento do single "Mourisca”, que chega no dia 9 de fevereiro a todas as plataformas digitais e com show no Casbah, em Olinda, a partir das 20h. A ocasião também contará com uma jam session de percussão conduzida por Guilherme Peluci. Entre outras conquistas, o percussionista é o fundador da Orquestra Contemporânea de Olinda e participou de diversas bandas, como a Academia da Berlinda. O novo álbum dá seu recado já a partir do título: “O Sopro e a Percussão” veio ao mundo, segundo Gilú Amaral, para enfatizar a força da percussão e a potência dos metais dentro da música que é feita em Pernambuco. São sete faixas, gravadas, mixadas e masterizadas entre 2017 e 2021, no Estúdio Carranca. Nelas, o artista lançou um desafio à equipe envolvida, num time de músicos tarimbados liderado por Henrique Albino, mas que conta também com Parrô Melo, Ivan do Espírito Santo, Nilsinho Amarante e Alexandre Rodrigues (Copinha), Alex Santana e Jonatas Gomes, entre outros. “Me sinto muito experiente, à vontade em ter feito esta provocação de as composições começarem a partir da percussão, para só depois convidar os arranjadores para colocar em cima da peça percussiva os seus arranjos de metais”, comenta ele. O mais comum é a lógica ser inversa, já existindo uma melodia para depois ser acrescentada a parte rítmica. Embora seja um disco brasileiro, o ouvinte mais atento logo percebe que “O Sopro e a Percussão” possui também uma relação muito estreita com a música mundial. “As raízes desta árvore se batem lá no subsolo, se entrelaçam em algum momento. Mostra como vejo isto e como influencia em minha música atual. Remete ao regional, mas ao mesmo tempo com uma pegada jazzística, com muita inteligência das coisas que vi no mundo. Também tem fortes influências de Moacir Santos, do Hermeto [Pascoal], de Naná Vasconcelos, Letieres Leite, que me inspiraram a fazer este disco”, observa Gilú. Seguindo um caminho diferente do primeiro disco solo “Pejí” (2018), o álbum lançado agora é todo instrumental. Cada música tem um espírito, uma energia diferente. É recheado de sonoridades distintas, vários tipos de percussão, como a mimbira, a zabumba, a alfaia, o pandeiro, o ilú, a ngoma, o caixa, o ganzá, o baji, o berimbau. “A gente tem em Pernambuco muitos ritmos percussivos, como o maracatu, o coco e a ciranda, num estado com uma diversidade cultural muito grande, e temos o frevo, que é um dos nossos principais ritmos. Continuamos enfatizando estas duas grandes escolas, mas crio peças percussivas explorando ritmos originários e também fazendo releituras de ritmos do mundo afora, mesclando, trazendo minha bagagem como músico profissional, tendo passado por tantas bandas”, compara. TrajetóriaUm dos principais projetos da carreira de Gilú Amaral foi o espetáculo solo “Percursos”, de 2015, e que o levou a fazer turnês nos Estados Unidos e na Europa, duas vezes. O artista também participou de festivais e tocou em casas de shows importantes, como a Casa da Música, em Porto (Portugal). “Desde criança, quando comecei a subir ao palco, toco do mesmo jeito, imerso em cena, encarando o público com a mesma entrega”, explica ele, que aos 12 anos ganhou os primeiros cachês e, aos 19, se lançou no mercado internacional. Até hoje, Gilú já esteve presente na gravação de mais de 200 discos e turnês, a exemplo de Naná Vasconcelos, além de Ave Sangria, Renata Rosa, Banda de Pau e Corda e Bonsucesso Samba Clube. A Orquestra Contemporânea de Olinda, da qual é um dos fundadores, também lhe abriu muitas portas, com indicação ao Grammy e por ter sido escolhido entre os 10 Melhores Concertos do Brasil, em ranking do jornal O Globo. Gilú também é produtor musical, compositor de trilhas sonoras para filmes e espetáculos de dança, além de curador do Festival Aurora Instrumental. “Sou um cara que pensa a música de forma ampla, tenho um festival como o Aurora Instrumental, que em sua edição mais recente, no final do ano passado, por exemplo, fez uma edição inteira dedicada às mulheres e que busca encarar a arte pelo viés da transformação social, em como isto chega na sociedade”, pontua. Outra parceria importante na trajetória do artista foi com o DJ Rimas.INC (Clécio Rimas), mesclando instrumentos percussivos com as batidas eletrônicas.

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A poesia plena de Janet

*Paulo Caldas A bem cuidada poesia de Janet Zimmermann aflora feliz dentre elementos da natureza: ventos, céu, gente, flores, árvores, pássaros. E se impõe bela nascida das longevas núpcias da autora com o seu notável talento. No conteúdo deste "Chamas de flores" há versos que se bastam. Concebido de modo sintético, "No miolo de uma rosa incandescente, Deus aninhado descansa", é um exemplo. Outros escritos, também parceiros da harmonia, se apresentam   discursivos,  tal o poema "fragmento", ou ainda quando flertam com a simetria, nos versos de "Sustentáculo". A autora cumpre bem-sucedidas incursões às técnicas da boa escrita. Caminha de braços dados a metáforas, símiles, aliterações e rimas internas e assim traz à luz imagens expressivas: "Brincar com os pés descalços era calçar a liberdade e alçar altos voos", ou ainda quando compõe: "Quando um olhar sorri mais do que a boca, e puro derruba muros, depõe armas, repõe esperanças, planta nos corações dos olhos molhados, pés de infância". A obra traz um selo da Life Editora, Campo Grande, com a coordenação editorial de Valter Jerônymo. Os exemplares são adquiridos pelo site www lifeeditora.com.br. *Paulo Caldas é escritor

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