Arquivos Cepe - Página 3 de 4 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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A mensagem do punk rock hardcore

A banda Devotos, formada por Cannibal, Neilton e Cello, conseguiu fazer a classe média subir o Alto José do Pinho, berço do grupo e de uma cena punk que surgiu no final dos anos 1980. Em 30 anos, o som instigante do punk rock hardcore foi pano de fundo para letras que deram voz aos problemas da comunidade. E ainda ajudaram a quebrar o estigma da violência das periferias. Devotos e outras bandas viraram matéria de jornais do Sudeste, que compararam a cena do Alto José do Pinho com o punk rock surgido em Londres em 1977. Só que a potência da voz, guitarra, bateria e baixo do Devotos nem sempre permitiram que as letras escritas por Cannibal fossem compreendidas por todo mundo. Daí a ideia de escrever  Música para o povo que não ouve, publicação editada pela Cepe a ser lançada no dia 1º de setembro, a partir das 16h, no Alto José do Pinho, com direito a show pós-lançamento. Editado como um fanzine, o livro de 196 páginas traz cerca de 90 letras e muitas fotografias dessas três décadas de estrada da banda, cartazes de shows, além de diversas matérias de jornal, e da história da formação e ascensão do grupo, contada por Cannibal e pelo diagramador do livro e produtor Marcus AsBarr. Este último define a produção de Cannibal não apenas como letras de música, mas também “manifestos e gritos de revolta”, em um misto entre “crônicas cotidianas e densas poesias”, descreve AsBarr. E pensar que Cannibal nem músico queria ser. “Quando conheci o movimento punk, aos 17 anos, não queria fazer música, queria panfletar, participar de passeatas, fazer parte das organizações dos shows, mas tocar não!”, revela o músico, que por conta disso sentia necessidade de mostrar ao público o que ele estava cantando. Na publicação, o leitor vai encontrar também letras que só foram executadas no início da carreira da banda, e que nem sequer foram gravadas.   Meu País   Vivo tão feliz Esse é o meu país E todos que o amam Sabem a sua fama De país do Carnaval Da selva mundial Do Rei do Futebol Do extermínio de menor Sabemos do presente Qual será nosso futuro? Os menores estão morrendo Que país inseguro Eu já disse isso a você Não adianta esquecer Eu vou sempre te lembrar Só me deixe expressar Não canto só pra mim Canto pra você Igualdade e consciência É o que nós devemos ter O futuro é inseguro E o caminho obscuro Mas tem solução Vamos todos dar...as mãos O país do Carnaval Da selva mundial Do Rei do Futebol Do extermínio de menor Mas já disse isso a você Não adianta esquecer Eu vou sempre te lembrar Só me deixe expressar O futuro é inseguro O caminho é obscuro Mas tem solução Vamos todos dar as mãos   SERVIÇO Lançamento do livro Música para o povo que não ouve (Cepe Editora), de Cannibal Quando: 1º de setembro, a partir das 16h Onde: Alto José do Pinho

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A beleza da arte vista por Carlos Ranulpho

Houve uma época, nos anos 1970, que exposição de arte visual era algo inédito no Recife. Afinal, para quê produzir vernissages se não existiam compradores? Naquele tempo, as famílias ricas não decoravam suas paredes com obras de arte. Foi o marchand Carlos Ranulpho, 90 anos, que começou a introduzir na capital pernambucana o hábito de apreciar e adquirir quadros, em mostras memoráveis, que revelaram ao resto do Brasil o singular modernismo local. Nas páginas do livro Carlos Ranulpho, o mercador de beleza, assinado pelo jornalista Marcelo Pereira e editado pela Cepe, foi traçado não apenas o perfil biográfico de um dos marchands mais renomados do Brasil e há mais de 50 anos no mercado, mas também a apresenta a história de grandes nomes da arte nacional: Vicente do Rego Monteiro, Lula Cardoso Ayres, Cícero Dias, Wellington Virgolino, João Câmara, Aldemir Martins, Iberê Camargo, Maria Carmem, Portinari, Volpi, Mário Nunes, Teruz, Brennand, José Cláudio, Reynaldo Fonseca, José de Moura, Delano, Aloísio Magalhães, Guita Charifker… O 15º título da coleção Memória será lançada no dia 30 de agosto, às 19h, na Galeria Ranulpho, no Bairro do Recife. Desde criança, Carlos aprendeu a gostar de arte com o pai, o desenhista e caricaturista José Ranulpho. Essa sensibilidade fez com que Carlos apurasse o olhar para a beleza. A começar pelas joias, seus primeiros objetos de valor a serem comercializados. “Eu até que tinha jeito para desenho, mas como eu via meu pai com dificuldades financeiras, e ele nunca teve bons resultados com suas obras, eu não me estimulava, porque sempre pensava em alguma atividade que tivesse rendimento financeiro”, diz Carlos em trecho do livro. Após o sucesso com a venda de joias, não demorou para atentar para o valor das obras de arte. Fechou parceria com artistas e fez grandes amizades. “Carlos Ranulpho tem um admirável olho para a arte, pois ao longo de tantas décadas passaram por suas mãos hábeis muitos dos melhores artistas brasileiros. E, felizmente para a nossa arte, ele ama negociar. É um líder forte, determinado, empreendedor. E amoroso. O que explica a quantidade de amigos dedicados e carinhosos. Eu me incluo entre estes”, disse o editor, curador e crítico de artes visuais Jacob Klintowitz, que assina texto de apresentação. Muito ligado aos trabalhos de temática regionalista e conotação popular, Ranulpho acabou relacionado a uma estética tradicionalista também na linguagem - pintura, gravura e escultura. “Mesmo resistindo às inovações, a Galeria Ranulpho, nesses mais de cinquenta anos de existência, é responsável pelo lançamento e profissionalização de excelentes artistas, não apenas de Pernambuco como também de vários outros estados do Brasil”, diz a professora do Departamento de Teoria da Arte da UFPE, Ana Elisabete de Gouveia, no prefácio da obra. O xilogravurista J.Borges deve a Ranulpho parte de seu prestígio nacional e internacional. “Ranulpho procurou o dramaturgo e escritor Ariano Suassuna para lhe mostrar as matrizes de gravuras que adquirira de J. Borges. Ariano ficou surpreso, pois não conhecia, e com o maior entusiasmo declarou que, depois de Samico, ele era o maior gravador do Brasil”, revela Pereira. Naquela época, meados dos anos 1970, a elite artística e intelectual não via com bons olhos a aproximação de Ranulpho com artistas populares. “Eles preferiam que os artistas vivessem na miséria do que ganhar dinheiro com o seu trabalho”.   SERVIÇO Lançamento do livro Carlos Ranulpho, o mercador de beleza, de Marcelo Pereira (Cepe Editora) Quando: 30 de agosto, às 19h Onde: Galeria Ranulpho (Rua do Bom Jesus, 125, Bairro do Recife) Preço: R$ 80

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Eu não estou louca, individual de Juliana Lapa, aporta na Torre Malakoff

A artista Juliana Lapa abre, no próximo dia 1 de setembro, às 16h, na Torre Malakoff a exposição individual Eu não estou louca. A mostra, que tem incentivo do Funcultura e apoio da Galeria Amparo 60 e da Companhia Editora de Pernambuco, reúne desenhos, fotografias e objetos criados pela artista entre 2015 – 2018. As obras, que seguem caminhos distintos, formam uma narrativa bastante consistente e representativa do trabalho da artista. Segundo Juliana Lapa, a mostra começou a ser pensada através de uma pesquisa sobre as relações silenciosas e silenciadas no espaço urbano. “gostaria muito de trabalhar uma carga emotiva em paisagens que evidenciam tensões ou afetos do cotidiano. Neste momento de maior busca e entendimento sobre as questões do feminino, passei a entender o meu próprio corpo como um território onde estas tensões e afetos transpassam o tempo todo. Este trabalho ampliou bastante a leitura sobre emoções humanas como motores para auto-revoluções, sejam impressas em paisagens urbanas ou no meu próprio corpo desenhado". A partir dessa ampliação, foi concebida a exposição Eu não estou louca. As imagens apresentadas, ao mesmo tempo que contam suas próprias histórias, cri am juntas uma narrativa a parte. “É um verdadeiro conjunto de possibilidades. Eu não estou louca levanta questões sobre a saúde emocional da mulher e as constantes invasões mentais e físicas que vivemos. Porém, também representa essa incredulidade com o que estou vendo, com esse presente fantástico que vivemos hoje, na política e também no estudo da espiritualidade”, detalha a artista. A literatura é também uma referência importante no trabalho da artista. A frase “no meio da nossa vida me encontrei numa selva escura e sombria”, de Dante, na Divina Comédia, foi uma referência na concepção da série de desenhos Breu, apresentada em parte na Torre Malakoff. A série retrata a entrada neste ambiente interno, denso, escuro. São autorretratos da artista adentrando nesse ambiente de floresta, um lugar sem filtros, "no campo das verdades". A volta constante à mata, local onde a mãe natureza reina absoluta, é um dos focos da artista. Outro aspecto forte da exposição é a identidade animalesca da mulher, que também aparece com muita força nos desenhos apresentados na exibição. São mulheres feridas, que venceram o sofrimento, que soltaram seus bichos. “É um movimento de reconhecer tanto um ser caminhando para a evolução, quanto um ser passível de reproduzir as mazelas que sofreu e que se transforma nessa figura que, em sua essência, é divina e medonha. Este ser representa a força da natureza inevitável, que denuncia que as nossas mazelas sociais e ambientais se relacionam com o feminino devastado e enfraquecido nas engrenagens sociais, políticas e econômicas. Esse conjunto de obras é um espelho muito sincero e até doloroso, espero que outras pessoas encontrem ali também suas dualidades." Segundo a artista, os diários que escreve regularmente, há anos, foram inspiradores e determinantes na produção de boa parte das obras em exibição e, por isso, parte deles será apresentada ao público durante a mostra, juntamente com algumas fotografias que também representam essa investigação constante da artista sobre as emoções humanas. Haverá o lançamento de um catálogo, que reunirá alguns textos críticos sobre o trabalho da artista assinados por Pollyana Quintella e Mariana de Matos. Ao longo da exposição haverá também uma programação com educativo atuante junto a adolescentes de baixa renda, oficina de desenho e uma programação de visitas guiadas com acessibilidade comunicacional.   SERVIÇO Eu não estou louca – Juliana Lapa Sábado, 1 de setembro, às 16h Visitação da mostra até 11 de outubro. Torre Malakoff Praça do Arsenal, s/n – Recife-PE Terça a sexta, das 10h às 17h. Sábado, das 15h às 18h. Domingo, das 15h às 19h.

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Cepe inaugura sua maior livraria

Para abrigar e exibir de forma adequada centenas de livros que a Cepe já editou - sem falar das publicações mensais, como a Revista Continente e o Suplemento Pernambuco -, faltava um espaço grande. Com mais de 100 metros quadrados de área, será inaugurada nesta quarta-feira, 22 de agosto, às 15h, a Livraria da Cepe no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. Na ocasião também será lançado o livro Ideias Subversivas: na matemática e nas ciências para jovens de 8 a 80 anos, de Décio Valença, publicado pela Cepe Editora. A ação já parte da proposta de conceito do espaço que, além de livraria, se destinará também à promoção de eventos como oficinas e lançamentos literários. O projeto arquitetônico foi concebido para destacar a estrutura antiga do mercado em contraste com uma pegada mais moderna. Assinado pela dupla de arquitetas Maria Eduarda Campos e Mariana Asfora, o ambiente é amplo graças ao pé direito altíssimo e original, de quase dez metros, que foi preservado. “Também quisemos mostrar a coberta antiga”, acrescenta Maria Eduarda. A cor branca das paredes e pilares também foi mantida, o que contribui mais ainda para a sensação de amplitude. Em contraste, o tom escuro da madeira do balcão e das estantes, assim como o colorido e alegre sofá em formato de L, com oito metros e 12 cores em listras, um convite ao relaxamento para a leitura. Lembrando os tempos idos, uma antiga máquina de impressão está exposta na entrada da livraria. Há também rampa de acessibilidade para cadeirantes e pessoas com problemas de locomoção.   Serviço Inauguração da Livraria da Cepe Editora Quando: 22 de agosto (quarta-feira), às 15h Onde: Mercado Eufrásio Barbosa (Avenida Doutor Joaquim Nabuco, Varadouro)

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Um texto de boa têmpera - Por Paulo Caldas

*Paulo Caldas Walther Moreira Santos, no seu "0 metal de que somos feitos" - Companhia Editora de Pernambuco-(Cepe) 2013, demonstra o domínio na arte de escrever. No conto "Herança", por exemplo, passa ao leitor agruras de uma guerra revelada no clamor dos oprimidos, sem contudo esmaecer o culto e a coragem de um povo digno e autêntico. A rigor, no entanto, reside na criatividade a virtude de sua escrita, o que por certo motivou a conquista dos prêmios Pernambuco e São Paulo de Literatura e ser finalista do cobiçado Portugal - Telecom. Neste livro, a narrativa se mostra madura, própria de quem conhece os labirintos da prosa ficcional. Em diversos trechos o autor sobrepõe as vozes (narrador e personagem) manuseando com perícia o artifício da falsa terceira pessoa. Mesmo que, embora eventualmente, busque refúgio em pronomes e marcações na identificação dos diálogos, esse pecado venial foge à retina do leitor envolvido pela sedução das cenas. O autor abraça a beleza estética quando forja, no capricho, sua poética com imagens marcantes, vindas da concepção de símiles e metáforas bem encaixadas: "a pobreza é uma ratazana suja que ninguém quer como companhia", ou quando constrói esta alegoria: "nem sempre a culpa é um rochedo que surge inteiriço do nada e em cima da pessoa vai esmagando-a aos poucos até que não possa respirar. Às vezes a culpa é uma areia fina que aparece calada e mansamente vai se acumulando sem a pessoa perceber até que esteja completamente enterrada numa duna". Dentre tantas outras virtudes do livro, a dinâmica narrativa é consolidada pelo apego aos detalhes certificadores e se acentua ao ritmo de aventura vivenciado no conto (quase novela) "Campo semeado em tempo morto", passado na cidade imaginária de Alto Paraíso, com destaque para a montagem dos personagens Max, Ernesto, Cassandra e Dona Olga, que fogem pela contramão do meramente convencional. Nesses trechos, particularmente elogiáveis, concebeu esmeradas metáforas: " a doçura do piano de Dona Olga", "a dor de Seu Júlio transbordava da biblioteca", “a presença de sua ausência nos dava nós na garganta" e "silêncios amontoados pelos cantos". Não obstante os cinco anos de lançado, vale a pena uma busca pelo livro nas plataformas de venda da editora. *Escritor

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Livro traz retrospectiva do artista Ypiranga Filho

Ypiranga, publicado pela Cepe Editora e organizado por Lêda Régis, traz diversos textos curatoriais e vasto acervo fotográfico para traçar uma retrospectiva inédita sobre a obra do artista visual pernambucano Ypiranga Filho. O lançamento do livro, que acontece dia 9 de agosto, no Museu do Estado, às 19h, também contará com exposição de mais de 100 obras do artista Pelas mãos do artista pernambucano Ypiranga Filho, 82 anos, a dureza do ferro se fez flexível, ressignificando o material. O trabalho com o metal foi pioneiro em Pernambuco nos anos 1960 e 1970, auge do modernismo e da predominância do figurativismo tropicalista no Estado. Daí se percebe a relevância de Ypiranga, que nadou contra a corrente vigente, apostando no experimentalismo característico da arte contemporânea. Subverteu as linguagens tradicionais da escultura, gravura, desenho e pintura ao criar com a fotografia, o filme, a arte xérox e a arte postal. Sua obra é considerada patrimônio fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil. Todas as faces do prolífico Ypiranga podem ser lidas e vistas no livro Ypiranga Filho, organizado por Lêda Régis e publicado pela Cepe Editora. O lançamento ocorre dia 9 de agosto, às 19h, no Museu do Estado, e conta ainda com exposição de mais de cem obras do artista, sob curadoria de Joana D’Arc Lima e Raul Córdula. Os dois assinam textos curatoriais presentes no livro de 292 páginas, ao lado de outros grandes nomes como Marcus Lontra, Adão Pinheiro e José Cláudio. Para o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, que assina a apresentação do livro, os textos curatoriais “formam uma base teórica e antecedem a retrospectiva inédita da obra de Ypiranga Filho, que a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) tem a honra de agora publicar”, escreve Leitão. O livro ainda conta com cronologia biográfica, e elenca todas as exposições do artista, pouco conhecido nacionalmente, apesar da relevância de seu trabalho. “Ypiranga se formou na Escola de Belas Artes, em 1969, criando uma escultura feita com cabos de vassoura como se fossem móbiles. Um marco”, pontua a curadora. No prefácio de Raul Córdula revela-se o início da relação de Ypiranga com os artistas que trabalhavam com máquinas das fábricas, na Alemanha, onde morou na década de 1960. “Assim sua obra pendeu para a expressão que emana das formas e volumes contidos nas sobras da indústria e na manipulação daqueles materiais”, escreve o artista e crítico de arte. O também crítico e curador carioca Marcus Lontra ressalta a preocupação ética das esculturas de Ypiranga, que constrói e transforma paisagens sem deixar de se integrar à natureza. “Ypiranga reforça, com toques sutis de melancolia, a ideia de que o mundo sem ganância e sem exploração pode ser um terreno fértil para aflorar a criatividade e o talento humano”, define Lontra, para quem o estilo do artista dialoga com o cubismo, surrealismo, e, entre os brasileiros, com as obras de Maria Martins, de Frans Krajcberg, Mário Cravo Neto e Boaventura da Silva Filho, o Louco. Entre os trabalhos marcantes da carreira de Ypiranga, o também artista Adão Pinheiro recorda O Cangaceiro. “Eram ferros e jantes, com uma solda elétrica aparente, brutal”, descreve. Integrante de vários grupos artísticos importantes dos anos 1960 e 1970, fez parte da Cooperativa de Artes e Ofício da Ribeira, em 1964, com grande papel político e social naquele período de repressão. Socialista declarado, sempre defendeu a coautoria do artista e do artesão. “Um trabalhador das artes consciente de seu papel social”, escreve Joana. Exposição Na mostra expositiva, espelho tridimensional do livro, estarão presentes 11 esculturas, 22 desenhos, 14 pinturas e 53 gravuras, além das obras chamadas por Joana de Transbordamentos, que estarão impressas em um painel. Buscando transmitir uma ideia de extrapolação de fronteiras definidas que escapam às definições normativas, a curadora trata como transbordantes os fazeres artísticos que relacionaram arte e vida pública, “como no happening intitulado Brigada de Artilharia Leve, proposto pelo artista Daniel Santiago, 1987, na Brigada Portinari, 1982, Evoé Nelson Ferreira, Olinda Arte em Toda Parte (2001-2007), participação na organização da I Mostra de Art-Door do Recife (1983-1986), entre outros projetos coletivos e colaborativos durante os anos 1990 até 2016”, explica. Serviço Lançamento do livro Ypiranga Filho (Cepe Editora) e exposição de obras do artista Quando: 9 de agosto, às 19h Onde: Museu do Estado (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças) Preço: R$ 90 (livro impresso) / R$ 25 (E-book)

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Tetralogia de Raimundo Carrero ganha lançamento no Recife

Depois do 28º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e da 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), a tetratologia Condenados à Vida, de Raimundo Carrero, ganha lançamento no Recife no próximo sábado (04), a partir das 14h, no Cinema do Museu (Museu do Homem do Nordeste/Fundaj), quando também será exibido o filme Carrero, o áspero amável, da cineasta Luci Alcântara. Editado pela Cepe, a obra, que marca os 70 anos de vida do escritor (comemorados em dezembro) reúne em um só volume os romances Maçã Agreste (1989 e já esgotado), O amor não tem bons sentimentos (2007), Somos pedras que se consomem (1995) e Tangolomango (2013), cujos personagens transitam entre os livros. Foi a partir de Maçã Agreste que Carrero começou a narrar as histórias da família Cavalcanti do Rêgo - Dolores, Ernesto, Leonardo, Raquel, Guilhermina, Jeremias, Matheus, Ísis e Biba. Parentes que se relacionam e se destróem, tendo a cronologia da decadência da elite nordestina da cana de açúcar diante da industrialização como pano de fundo. Destaque para o prefácio inédito do também escritor, jornalista e crítico literário carioca José Castello, que anteriormente resenhou quase todos os livros dessa tetralogia, com exceção de Maçã Agreste, considerado por Carrero sua obra mais importante e, no entanto, menos conhecida. “A leitura desses quatro grandes romances de Carrero dilacera. Rasga a proteção íntima que costumamos usar para nos defender do mundo. A verdade é: eles nos atordoam. Enquanto relia os quatro livros, senti, muitas vezes, uma mistura desconfortável de espanto e horror”, descreve Castello em seu prefácio. Membro da Academia Pernambucana de Letras, Raimundo Carrero é um dos escritores mais premiados do País. Já ganhou o Prêmio Jabuti, mais importante prêmio literário do Brasil; dois troféus da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA); e dois prêmios Machado de Assis da Biblioteca Nacional. Em Pernambuco é vencedor dos prêmios José Condé e Lucilo Varejão. Seus livros já foram traduzidos para o francês, português, espanhol, romeno e búlgaro. Filme Escrito, produzido e dirigido por Luci Alcântara, o filme Carrero, o áspero amável, apresenta, em cerca de 25 minutos, o escritor em reflexões sobre o processo criativo (“a mim interessa investigar o homem e suas ansiedades”), a experiência de sua oficina de criação literária, os impactos provocados pelos AVCs (Acidente Vascular Cerebral), em uma narrativa audiovisual que conta com a participação do editor Tarcísio Pereira e do escritor Paulo Caldas. Trechos dos filmes Geração 65, aquela coisa toda (2008), a Minha alma é irma de Deus (2009), e da peça teatral O amor não tem bons sentimentos (2009) costuram a proposta, que contou com o apoio cultural da Companhia Editora de Pernambuco. Serviço Lançamento da tetralogia Condenados à vida, de Raimundo Carrero Data: 04.08.18, sábado Horário: 14h Local: Cinema do Museu (Museu do Homem do Nordeste) Endereço: Avenida Dezessete de Agosto, 2.187, Casa Forte Preço do livro: R$ 80,00 (impresso) e R$ 24, 00 (E-book)

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Poesia para falar sobre crianças e suas emoções

Reconhecer e lidar com os sentimentos, como a raiva, a decepção, a ansiedade, entre tantos, podem ser situações desafiadoras quando se é criança. Foi justamente sobre esse emaranhado de emoções que a publicitária Marcela Egito se debruçou para escrever o seu livro de estreia,'O que é isso que eu sinto?', que será lançado pela Cepe Editora no próximo domingo (22), a partir das 9h, dentro do projeto 'Domingo dos Pequenos no Museu', no Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte. Apaixonada por livros infantis, e autora de outros textos ainda não publicados, Marcela Egito teve como elemento de inspiração a sua própria trajetória de vida. Mãe do pequeno Tiago, encontrou Igor Cayo, que assina as ilustrações e o projeto gráfico do livro, pai de José e Clara. Com a nova família, além das alegrias Marcela se viu diante de uma overdose de sentimentos – o que a levou a recorrer à poesia para ajudar os pequenos a entender suas próprias emoções. “Quando somos crianças, sentimos. Mas nem sempre conseguimos dar nomes a tantos sentimentos”, indica a autora no texto de abertura do livro.  Em 24 páginas, O que é isso o que eu sinto? adota versos para falar sobre tristeza (“Quando começou/ a chover aqui dentro? /Do peito./ Quero fechar a janela/ pra ninguém entrar.”), melancolia (“Arco-íris depois da chuva,/fim de tarde em casa vazia,/brincar no chão frio./Será que toda tristeza já/foi melancolia?”), ansiedade, (“...E esse balão aqui dentro do peito?/Não é de festa./É só de ar.”), alegria (“De todas as cores e tamanhos./Às vezes tão grande que mal cabe no peito./Cabe no sorriso que se repete.”), euforia(“Era uma vez uma alegria que perdeu o controle./Ela saiu correndo com o vento.”), decepção (“Não era do jeito que esperava./Eu imaginei diferente./Achava que era só felicidade./Só beleza.”), raiva (“Do nada ela cresce./Assim do nada mesmo?/É!/Toma o menino que fica vermelho.”), medo (“A primeira vez que o vi era/apenas uma sombra/na parede.”), saudade (“O trem deu partida/e só restou o apito./Na lembrança./Na saudade./O apito dentro do peito.”) e o amor, “essa luz que nunca se apaga”, destaca a autora. Além do lançamento, que contará com sessão de autógrafos dos autores, o livro O que é isso que eu sinto? ganhará leitura especial com a turma do Tapete Voador. A programação do Domingo no Museu, que comemora três anos de atividades, contará ainda com oficinas de confecção de carimbos para crianças e adolescentes (15 vagas) e de intervenção em fotografia do acervo do Museu do Homem do Nordeste (15 vagas). Toda programação é gratuita.     Serviço: Lançamento do livro O que é isso que sinto? Data: 22 de julho, domingo Horário: 9h às 12h Local: Museu do Homem do Nordeste Endereço: Avenida Dezessete de Agosto, 2187 - Casa Forte.  Valor do livro: R$ 25,00 (impresso) e R$ 8,00

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Cepe dedica três lançamentos ao teatro pernambucano

Teatrólogo, dramaturgo, escritor, crítico literário, jornalista… Hermilo Borba Filho (1917-1976) foi tantos que as comemorações pelo centenário de seu nascimento - completado ano passado - ainda acontecem, um ano depois, para dar conta das homenagens! Uma delas, preparada pela Cepe Editora, é o lançamento de três publicações que se debruçam sobre a vida e a obra do teatrólogo de Palmares. Destaque para o inédito ensaio 'Teatro Popular do Nordeste, o palco e o mundo de Hermilo Borba Filho', de Luís Reis. Também serão reeditados o romance 'Sol das Almas' e o álbum de contos 'Dez Histórias do Nordeste sobre dez desenhos de José Cláudio', ambos escritos por Hermilo, tendo sido a segunda publicação ilustrada pelo artista pernambucano. O evento de lançamento ocorre dia 17 de julho, no Museu do Estado, às 19h. No ensaio de Luís Reis, o leitor conhece a trajetória do Teatro Popular do Nordeste (TPN), que se mistura com a do próprio Hermilo, um de seus fundadores e líderes, assim como do  Movimento de Cultura Popular (MCP), e integrante do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Para mostrar tudo isso, a obra de Reis traz, a cada início de capítulo, cartas dirigidas a atores e, ao final, fotografias das peças encenadas no palco, além de croquis de figurinos, distribuídos em 232 páginas. É a partir dos registros do teatrólogo, portanto, que Reis baseia sua narrativa sobre o TPN, que estreou em 1958 no palco do democrático Teatro do Parque com a peça A pena e a lei, de Ariano Suassuna. O autor armorial foi o grande parceiro de criação de Borba no TPN, como também a esposa e atriz Leda Alves. “O teatro é mais do que uma arte de comunidade, é uma arte de comunhão”, disse certa vez Hermilo, natural de Palmares, município da Mata Sul de Pernambuco. Com o objetivo de tornar o teatro uma cultura popular no sentido de feita para o povo, o grupo realiza montagens inspiradas em autores ocidentais clássicos como Molière, Gil Vicente, Goldoni, Schiller e Goethe, e também nas encenações dramáticas e espontâneas nordestinas como o bumba meu boi e o mamulengo. A ideia, como diz o autor, é “tentar levar toda essa cultura teatral ao povo, a fim de instruí-lo, de aprimorá-lo como consumidor de arte”. Se nos palcos a proposta do teatrólogo era usar a arte como ferramenta crítica da realidade, na literatura ele se entrega à “liberdade imaginativa encontrada nas fábulas do povo nordestino. Diferentemente de suas encenações, seus contos e seus romances trazem uma extravagante presença do erotismo, da sexualidade”, define Reis. O contraponto do sexo com a religião também é muito presente no romance Sol das Almas (272 páginas), cuja primeira edição foi publicada em 1964. Nesta versão editada pela Cepe, a obra ganha prefácio do escritor Raimundo Carrero, que a define como ‘divina e transcendental’. “Sol das almas se caracteriza, sobretudo, pela força da linguagem, pela densidade psicológica e pela caracterização do personagem”, derrete-se o premiado escritor. Hermilo dá voz ao narrador Jó, um pastor protestante que vive o conflito do ‘pecado da carne’. “(...) sempre tive a certeza de que era um libidinoso. E o que é mais: um hipócrita”, confessa o protagonista ao leitor. Casado com Estela, ele a deseja mas a religião só permite sexo com fins de procriação. Após deparar-se com um livro a descrever atos sexuais, Jó não se conteve. “É a luta eterna entre Deus e o diabo, sendo o coração humano o campo de batalha”, resumiu Carrero.   Arte e Literatura Geralmente é a partir do texto que se cria a  ilustração. No caso de Dez histórias do Nordeste sobre dez desenhos de José Cláudio (60 páginas), essa lógica foi invertida. Nos anos 1970, o já grande amigo de Zé, Hermilo, foi desafiado a escrever contos a partir dos desenhos do artista:  “eu desenho e você ilustra escrevendo”. Assim disse o artista ao escritor, como conta o prefácio da curadora Clarissa Diniz. Publicados pela primeira vez em 1976, os contos de Hermilo não acompanharam as ilustrações de Zé. Como explica o editor da Cepe, Wellington Melo, na apresentação desta nova edição, os tais contos foram anteriormente batizados de Dez histórias da Zona da Mata dentro do livro As Meninas do Sobrado, acrescido de mais 21 contos. “O fato acabou por privar os leitores de um dado importante sobre o conjunto aqui publicado, qual seja, sua gênese a partir do diálogo com os desenhos de José Cláudio”, diz Wellington. A compreensão dos originais agora se faz completa graças à recuperação dos desenhos de José, guardados por Leda Alves durante anos, e depois devolvidos ao artista.  “É na materialidade do texto final que se revela a alquimia, e o gênio de Hermilo se coloca na roda de capoeira com o gênio de José Cláudio”, define Wellington. O álbum ganha edição especial, em formato de pôster, com os desenhos ao lado dos contos.   Mais homenagens Ainda dentro da comemorações do centenário de Hermilo, acontece no dia 18 de julho, no Arquivo Público, uma exposição das crônicas originais publicadas pelo escritor nas páginas de opinião do jornal Diário de Pernambuco, com apoio da Cepe Editora. De 19 a 22 de julho, o Teatro Hermilo Borba Filho contará com programação dedicada ao teatrólogo. Por lá estarão também os livros lançados pela Cepe. E em Palmares, de 24 a 29 do mesmo mês, uma programação de exibição de filmes e palestras ocupará a Fundação da Casa da Cultura Hermilo Borba Filho. Aliás, essa é a primeira fundação de cultura criada no Interior do Estado, em 1983.   Serviço Lançamento dos livros Teatro Popular do Nordeste (TPN), o palco e o mundo de Hermilo Borba Filho (Luís Reis), Sol das Almas (Hermilo Borba Filho), e Dez Histórias do Nordeste sobre dez desenhos de José Cláudio (Hermilo Borba Filho e José Cláudio) Quando: 17 de julho, às 19h Onde: Museu do Estado (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças)   Preços: TPN - R$ 50 (livro impresso)/ R$ 20 (E-Book) Sol das Almas - R$

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Galeria Reciclada Cepe participa pela primeira vez da Fenearte

Transformar resíduos sólidos em algo produtivo é o grande desafio do mundo contemporâneo. A indústria gráfica, por exemplo, gera uma quantidade considerável de papel triturado resultante da máquina encadernadora. Na Cepe, esse suposto ‘lixo’ virou obra de arte graças à adição de cola e de muita criatividade para modelar esculturas e painéis. Assim nasceu a Galeria Reciclada Cepe, que agora expõe os trabalhos resultantes da iniciativa pioneira da gráfica pernambucana no Brasil na 19ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), de 4 a 15 de julho, no Centro de Convenções. Trata-se da primeira participação da Cepe no evento, onde terá um espaço de 37 metros quadrados, ocupados por cerca de 16 peças. O criador do acervo é o superintendente de produção gráfica, Júlio Gonçalves, que começou a colocar a mão na massa, literalmente, em março do ano passado. “A partir do momento em que tomei contato com o resíduo da máquina encadernadora, comecei a fazer testes com ele para ver no que poderia dar”, conta Júlio, artista autodidata autor de esculturas, painéis e peças utilitárias (bandejas, fruteiras) com inspiração pássaros, peixes, flores e figuras totêmicas. No repertório dos suportes para criação também entram o papelão das embalagens, madeirites, rolos de fita durex e até vasilhames de detergente. Para executar as obras, feitas no ateliê-laboratório dentro da Cepe, Júlio conta com a ajuda do auxiliar de acabamento gráfico Sílvio Capistrano, e Lígia Régis, da equipe do Diário Oficial. O próximo passo é transmitir o conhecimento a comunidades e criar uma fonte de renda a partir dos resíduos.

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