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Futebol pernambucano segue agonizando

Por Houldine Nascimento O fim de semana foi nebuloso para o futebol pernambucano com as eliminações de Santa Cruz e Náutico, que entraram em campo no domingo (26) pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro Série C. Em Ponta Grossa, no Paraná, o Santa se apegou desde cedo à vantagem mínima obtida com muita dificuldade no Arruda. O Operário estava consciente do que precisava fazer e entrou ligado para a decisão, tanto que fez 3 a 0, placar mais que suficiente para garantir o acesso à Série B em 2019. A equipe do técnico Roberto Fernandes foi de uma apatia enorme, assim como tinha ocorrido já na segunda etapa do confronto no Recife. Já o Náutico recebeu o Bragantino na Arena de Pernambuco e empatou por 1 a 1 com direito a um pênalti perdido pelo atacante Wallace Pernambucano, o autor do gol alvirrubro. Quase 28 mil torcedores estiveram em São Lourenço da Mata para ajudar o Timbu a reverter a derrota de 3 a 1 sofrida em Bragança Paulista, mas o Massa Bruta soube administrar o bom resultado construído na ida. O desespero do Náutico aumentou quando o Alvinegro abriu o marcador ainda no primeiro tempo, fazendo o placar agregado chegar a 4 a 1. Agosto nem terminou e as duas equipes pernambucanas não têm mais o que disputar este ano. Com a falta de competições nos próximos meses, será muito difícil gerar receita para pagar os salários dos funcionários. A situação do Santa Cruz é mais dramática porque, no primeiro semestre, saiu precocemente da Copa do Brasil e não teve oportunidade de angariar recursos das cotas conforme fosse avançando de fase. No sábado (25), o Sport foi ao Rio de Janeiro, perdeu do Botafogo por 2 a 0 e só não foi goleado graças a Magrão, que operou ao menos quatro milagres. A derrota faz o Leão chegar à 11ª partida consecutiva sem saber o que é vencer. Dos últimos 33 pontos disputados, conquistou apenas dois. O próximo jogo será a prova de fogo do Rubro-negro no Brasileirão. Isto porque o adversário é o lanterna Paraná Clube, de Claudinei Oliveira (ex-Sport), na Ilha do Retiro. Outro aditivo é que Eduardo Baptista finalmente terá uma semana inteira para trabalhar e tentar consertar as falhas recorrentes do time. Se não ganhar, o Sport pode preparar as malas para retornar à Segunda Divisão no ano que vem, aumentando a agonia do futebol local, que ainda teve o rebaixamento do Salgueiro à Série D.

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Só o Santa Cruz venceu e com dificuldade

Por Houldine Nascimento Neste fim de semana, os três grandes clubes do Recife entraram em campo e só um deles ganhou. Diante de quase 50 mil torcedores no Arruda, o Santa Cruz venceu o Operário-PR por 1 a 0 neste domingo (19). A vantagem no jogo de ida das quartas de final da Série C saiu de uma bonita cobrança de falta do lateral Vítor, aos 45 minutos do primeiro tempo. A massa coral explodiu de alegria. Quem viu a segunda etapa sentiu uma forte pressão da equipe visitante, que teve ao menos duas chances claras de empatar: aos 31, num cruzamento parcialmente cortado por Arthur Rezende, Bruno Batata tocou de leve e bola bateu no lado de fora da rede. Dois minutos depois, nova pane na zaga tricolor e o atacante do Operário, livre, isolou. Nos segundos finais, o Santa teve a chance de ampliar com Jailson, em chute da entrada da área. O goleiro Simão deu rebote e Leandro Costa, debaixo da trave, foi bloqueado na hora do arremate. Na partida de volta, no próximo domingo (26), às 15h, no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, o time pernambucano terá muito trabalho para segurar a vantagem mínima e conquistar o acesso. Mais preocupante é a situação do Náutico, derrotado pelo Bragantino no sábado (18), no Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista. O revés por 3 a 1 obriga o Timbu a vencer por pelo menos dois gols de diferença para levar aos pênaltis a decisão pela vaga para a Série B. O solitário gol alvirrubro foi de Ortigoza e pôs a equipe da Rosa e Silva de volta à briga. Se quiser subir, o Náutico terá de levar a melhor na “Batalha da Arena”, também no próximo domingo, mas às 17h. A presença do torcedor alvirrubro no frio estádio de São Lourenço da Mata é fundamental para empurrar os jogadores. O Sport continua sua triste saga na Série A. Na reestreia de Eduardo Baptista no comando técnico, o Leão foi atropelado pelo Santos na Vila Belmiro: 3 a 0. Eduardo Sasha, Rodrygo e Victor Ferraz marcaram para o Peixe, que começa a reagir com Cuca. Já Baptista terá muito trabalho para tornar o time rubro-negro minimamente competitivo.

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“A festa” reúne elenco magistral em divertida história

*Por Houldine Nascimento É delicioso assistir a um filme com um elenco recheado de estrelas e com uma proposta curiosa como a de “A festa” (The party, 2017), que estreia no Moviemax Rosa e Silva nesta quinta-feira (26). Sete atrizes e atores renomados vivenciam por pouco mais de uma hora seus personagens em apenas um cenário. Na história, Janet (Kristin Scott Thomas) é uma política de oposição e está prestes a assumir no gabinete paralelo o ofício de ministra da Saúde. Para celebrar o novo cargo, ela convida alguns amigos para um jantar. Aos poucos, eles chegam e as características de cada um são apresentadas. Há a cínica April (Patricia Clarkson), sua melhor amiga, e o marido alemão, o estúpido coach Gottfried; um casal feminino, Jinny (Emilly Mortimer) e Martha (Cherry Jones); além do nervoso banqueiro Tom (Cillian Murphy), desacompanhado da esposa Marienne, prestes a chegar. O que seria aparentemente uma razão para alegrar a todos, a ascensão de Janet não entusiasma o esposo, o acadêmico Bill (Timothy Spall), que permanece estático no meio da sala. Qual o motivo disso? A revelação muda o clima do encontro, que vai ficando tenso para todo mundo. Com habilidade, a cineasta inglesa Sally Potter não deixa que a atmosfera do filme perca o humor ao caprichar nos diálogos e nas interpretações, além de manter o espectador atento, rindo com o desenrolar dos fatos e ansioso para saber o desfecho de tudo aquilo. A trama central é posta em evidência, mas permite construir o arco dramático de cada personagem. Enquanto prepara a comida, Janet fala ao telefone com uma misteriosa pessoa e, pelo teor da conversa, se trata de alguém com muita intimidade. Jinny espera trigêmeos e vive o dilema de criá-los sozinha após descobrir um segredo de sua companheira. Tom, por sua vez, está com o casamento desmoronando. A cena inicial se repete no fim e ganha um surpreendente e divertido ressignificado. Uma curiosidade: todo elenco foi pago de forma igualitária. As situações são vistas em preto e branco e houve a opção de rodar a maioria das cenas na ordem cronológica. Com um enredo simples e pouco tempo de projeção, a diretora mostra que é possível desenvolver de maneira satisfatória personagens e dar nuances a cada um deles.

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Náutico faz o que dele se espera. Já o Santa...

 Por Houldine Nascimento No dia destinado às comemorações dos 50 anos do hexacampeonato pernambucano, maior sequência de títulos de um clube do estado, o Náutico completou a festa com uma vitória sobre a Juazeirense por 1 a 0, na Arena de Pernambuco. O gol foi marcado nos acréscimos pelo atacante Ortigoza, que vivia um jejum. Antes de o jogo começar, o ex-jogador Ramos, autor do gol do título conquistado em 21 de julho de 1968, foi a campo e saudou os torcedores com a taça mais importante da gloriosa trajetória do Náutico. O hexa também veio de forma dramática e o zero só saiu do placar no segundo tempo da prorrogação, o que fez o Alvirrubro levar a melhor sobre o Sport na histórica final. Dos últimos sete jogos na Série C, o Timbu venceu seis e empatou um. O excelente desempenho sob o comando de Márcio Goiano dá uma tranquilidade ao time na competição nacional: é o vice-líder do grupo A com 26 pontos. Os resultados mostram que a chegada do treinador foi benéfica. Das equipes que disputam a Terceira Divisão, o Náutico está entre as mais tradicionais e hoje faz o que dele se espera. O mesmo não pode ser dito do Santa Cruz, que perdeu para o Botafogo (PB) por 2 a 0, em João Pessoa. Apenas a torcida mandante pôde estar presente no duelo. Os fãs do Belo saíram felizes com o meia Marcos Aurélio, ex-Sport, que se credencia como carrasco Coral. Os dois gols do time paraibano saíram de seus pés, em cobranças de falta. O primeiro surgiu aos 39 minutos e o segundo aos 26 minutos da segunda etapa. A derrota empurra o Santa para fora do G-4, mas com mesma pontuação do Botafogo (21), o último da zona de classificação à próxima fase. No domingo (22), o Salgueiro foi a Natal e se deu mal contra o ABC. A derrota por 2 a 0 mantém a equipe sertaneja em nono lugar com 16 pontos, dentro da zona de rebaixamento. Ainda restam três jornadas aos clubes na primeira fase. O Náutico abre a próxima rodada, na sexta-feira (27), às 20h, quando visita o Globo no Rio Grande do Norte. No sábado (28), às 16h, é a vez de o Salgueiro ir à Bahia enfrentar a Juazeirense na luta contra a queda. No mesmo dia, mas às 20h30, o Santa Cruz encara o Confiança, no Arruda, em briga direta por uma vaga no grupo dos quatro primeiros.

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Copa do mundo

*Por Bruno Moury Dizem meus tios que quando Paolo Rossi fez o terceiro gol, aos trinta do segundo tempo, atravessei a sala de casa na velocidade do Zico e me enfiei embaixo da cama com a precisão do Sócrates. Chorei copiosamente com o calcanhar de fora. Lá costumava chorar quando criança. Maradona e Caniggia detonaram o Brasil. Após o apito final, fui para a varanda do apartamento dos meus pais e gritei: “Argentina, Argentina, Argentina”. Fui mais esculhambado pela vizinhança do que Lazaroni pela torcida. Adolescente possui um jeito estranho de extravasar suas decepções e angústias. Quando Zidane acabou conosco em duas oportunidades, afoguei minhas mágoas com excesso de bebida. Tomei todas. Com o 7x1 minha reação foi desligar a TV quando já estávamos tomando de cinco. Fui dormir. Até hoje não vi os dois últimos gols. Nunca mais assisti. Quando imagens desse jogo são mostradas, me faço de doido. Finjo que não é comigo. Nunca vi. Não quero ver. Tenho raiva de quem viu. Derrotas em copa do mundo me dão profunda melancolia. É como se o mundo fosse acabar. Como é que um bicho “véio”, vivido, pai de família, pode ser tão imbecil ao ponto de se sentir deprimido em razão do resultado de um jogo onde 22 marmanjos correm atrás de um pedaço de couro redondo? Não sei explicar. Maluco é o futebol. Eu não! Essa paixão ardente que nós, brasileiros, temos. O sonho de infância. O grande sonho de ser um jogador. Talvez seja essa a explicação para nos transformarmos em loucos varridos durante 90 minutos. Essa frustração infantil é que faz roermos as unhas das mãos e pés. Sim, pés. Que faz brigarmos entre si, abraçarmos inimigos, beijarmos bochechas desconhecidas e rasgarmos as roupas uns dos outros. Que faz uma senhora elegante como minha sogra ir à feira do troca-troca, ávida por completar seu álbum de figurinhas da copa. “Só falto o Sérgio Ramos, da Espanha”. Que louco, isso! “Vá logo meu filho que titia tem que ir trabalhar. Você tem ou não tem o Sérgio Ramos?” Só o futebol permitiria o diálogo entre uma sessentona e um menino de sete anos sem três dentes faltando na linha de frente. O ponta direita, o centroavante e o ponta esquerda. Minha sogra procura pelo Sérgio Ramos até hoje. E já terceirizou a busca ao meu sogro. Agora é marcação homem a homem. Memória futebolística é algo de impressionar. Lembro de absolutamente tudo que fiz no dia em que conquistamos o tetra. Da hora que acordei até a hora de dormir. Lembro do que comi no café da manhã, da roupa que vesti, pegando o carro para ir à casa de um amigo que bebeu demais antes do jogo e passou todo o segundo tempo vomitando agarrado à privada. Jamais diria que seu nome é Leonardo Dowsley. Isso não se faz com um amigo. Joguemos juntos, meu povo. Amarre aquela pessoa azarada ao pé da mesa para que ele não embarque para Moscou. Ponha a cueca da sorte. Ore pela costela do Neymar ou pela Marquezine, se preferir. Tenha paciência para explicar o impedimento a quem só assiste aos jogos a cada quatro anos. Cante alto o nosso hino. Beba com moderação ou beba até cair porque, de um modo ou de outro, você ouvirá a voz do Galvão ao pé do ouvido: “Olha o que ele fez! Olha o que ele fez! Olha o que ele fez!”

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Em “Los territorios”, diretor brinca com o real e o imaginário

*Por Houldine Nascimento Co-produção entre Brasil e Argentina, o filme “Los territorios” chega ao circuito comercial brasileiro acima de qualquer tipo de classificação. Uma obra difícil de definir, o primeiro longa-metragem do cineasta argentino Iván Granovsky brinca com o real e a ficção na extensa jornada que o herói – o próprio Iván – faz por diversos lugares do mundo. A partir do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo, em Paris, Granovsky decide partir para áreas onde ocorrem conflitos de várias ordens. No seu roteiro, além da França, Argentina, Espanha, Grécia, Palestina, Israel, Alemanha, Portugal e o Brasil, especificamente Brasília, na onda do impeachment de Dilma Rousseff, e São Paulo, quando entrevista o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com um humor de fina ironia, Iván tira sarro de si ao colocar seu personagem como um homem fútil que ainda está perdido na vida. O pai dele, Martin Granovsky, é um jornalista de prestígio na Argentina e foi correspondente internacional por muitos anos. Na cabeça do filho, quando o pai viajava ao exterior, ia cobrir guerras pelo planeta, mas a frustração vem ao saber que Martin não era repórter de guerra. Fazer o que o seu pai nunca fez. “Ir ao front”, como ressalta Iván, passa a ser sua motivação. Diante disso, ele entrevista algumas lideranças políticas, vai até o País Basco e chega a conversar com o jogador argentino Ezequiel Lavezzi, à época atleta do Paris Saint-Germain. O encontro com o conterrâneo gera questões sobre o papel do entrevistador. Deveria ir a fundo nas perguntas, como inquirir o entrevistado sobre os donos do clube, ou não ousar? Outro momento divertido da produção são as cartas que a mãe envia ao herói, que usa os cartões de crédito dela para viajar e se alimentar, no que é, evidentemente, o lado ficcional desta produção que tenta abarcar o mundo e seus conflitos. Uma tarefa arriscada e que torna o filme disperso em alguns momentos. No fim das contas, a moral de "Los territorios" é que seguimos como uma Torre de Babel e ninguém se entende.

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Sport desperdiça chance de vencer Corinthians

*Por Houldine Nascimento A Arena de Pernambuco, definitivamente, não é um mando de campo ideal para os clubes do estado. É diferente ter 29 mil torcedores lá e a mesma quantidade de pessoas na Ilha do Retiro, por exemplo. O time visitante não se sente tão incomodado atuando em São Lourenço da Mata. Nesse domingo (20), a diretoria do Sport decidiu levar o duelo com o Corinthians para a Arena de Pernambuco. Embora superior na maior parte do jogo, o Leão respeitou demais o adversário paulista, cheio de reservas, e só empatou por 1 a 1. Com as ausências de Marlone e Fellipe Bastos, que pertencem ao Corinthians, o técnico Claudinei Oliveira pôs três atacantes: Rogério, Gabriel e o estreante Rafael Marques, que variavam de posição. Além deles, o meia Everton Felipe flutuava vez ou outra pelos lados. A iniciativa não surtiu efeito num primeiro tempo morno, com poucas oportunidades de abrir o placar. A mais clara foi uma finalização de Rogério, após sair na cara do goleiro Walter, que cresceu e impediu o gol. O Sport trocava muitos passes, mas não era “vertical”, deixando de agredir o rival, cuja preocupação maior era a permanência de Fábio Carille no comando técnico. O Rubro-negro foi castigado aos nove minutos da segunda etapa. Após cobrança de escanteio, o centroavante Roger, campeão da Copa do Brasil pelo Sport, cabeceou forte e marcou o primeiro gol com a camisa corintiana. Diante do revés, Claudinei decidiu tirar Everton Felipe, em tarde infeliz, e colocar Carlos Henrique, um atacante de área. A mudança foi um grande acerto. Aos 18, Rogério fez o que quis pela direita com o lateral Juninho Capixaba, tocou para Carlos Henrique, que, de bico, chutou cruzado, empatando o jogo. A igualdade no marcador animou a torcida rubro-negra, que voltou a incentivar o time. No entanto, o resultado se manteve até o fim do confronto. Michel Bastos e Deivid ainda fizeram a estreia pelo Sport. O 1 a 1 deixa o Leão do Recife provisoriamente no 11º lugar do Brasileirão com oito pontos. Já o Corinthians segue entre os três primeiros, com 11.

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Eu não sou um homem fácil

*Por Beatriz Braga Você é homem e acorda num dia comum. Abre o guarda-roupa, põe uma calça justa o suficiente para apertar seus sacos. Hoje não é dia de vestir shorts, pois a sua perna “não está feita”. Vai ao trabalho e sua chefe - que fala de fluxo menstrual sem tabu - ignora seu trabalho e sugere troca de favores sexuais. Você é despedido por ser histérico. Sai em um encontro e a parceira reclama da perna peluda, diz que assim não dá pra ter tesão. Tudo que seu pai fala é sobre como você anda promíscuo e o relógio biológico está alarmando. O mundo está ao contrário e só você reparou. Essa é a trama de Eu não sou um homem fácil, primeira comédia francesa da Netflix. Damien sofre um acidente e acorda em um mundo onde os corpos masculinos são hipersexualizados. Mulheres são a maioria nos cargos de liderança e exercem profissões antes consideradas dignas de testosterona, como pintoras e açougueiras. Elas assobiam nas ruas, correm de peitos livres e dizem coisas como “do que você está reclamando? de ganhar presentes e mulheres carregando pesos para você?”. O filme é uma comédia francesa que acerta no tragicômico. O homem recém acordado era um machista mulherengo. Na sociedade às avessas, só aguenta as primeiras horas. No começo, acha graça das mulheres que fixam o olhar na sua bunda. Em pouco tempo, pede pra sair. Logo ele, macho alfa das arábias, torna-se “masculista” (respectivo para feminista no filme) e cheio de “mimimi”. Mulheres, vocês conhecem algum homem que aguentaria o tranco? O cara que estava noO cara que estava notopo da pirâmide, a pica das galáxias, de uma hora para outra, se encontra nafrente do espelho testando enchimento para bunda (porque rapidamente foiatingido pela pressão de ter um corpo perfeito, durinho e preenchido). O filme apela para os estereótipos. As mulheres da trama gostam de carros, futebol, arrotam e traem. Os homens são sentimentais e dependentes. Isso, no entanto, não me incomoda, porque também é uma provocação. Afinal, o mundo nos encaixa em fôrmas pré-definidas cada vez que abrimos os olhos. Dois pontos me chamaram a atenção no roteiro. O primeiro é a linguagem não verbal dos personagens. Falamos não apenas com palavras, mas nossa postura revela muito do que somos e do que achamos que merecemos ser. No filme, ao inverter os papéis, vemos mulheres mais eretas, de braços abertos, com pernas espaçadas e olhares indicando poder. A linguagem corporal implica que elas são os seres dominantes. Ao passo que vemos homens ineditamente se encolhendo, cruzando as pernas, curvando o tronco, olhando para baixo e ocupando menos lugar no sofá. O movimento que revela opressão, timidez e insegurança. As roupas que usamos estimulam essa dicotomia. Enquanto no mundo real os homens sambam em roupas confortáveis o suficiente para fazer o que quiserem com as pernas, mulheres se equilibram em saltos, saias, shorts e sutiens apertados. Além disso, estão sempre na trincheira sobre o que é vulgar, agradável, indecente e adequado. O ato dos homens abrirem as pernas no transporte público recebeu até nome: manspreading. Eles costumeiramente se expandem. As mulheres são ensinadas a se diminuírem. Na palestra “Sua linguagem corporal pode moldar quem você é”, a psicóloga americana Amy Cuddy fala sobre como a atenção às nossas posturas podem amenizar angústias. Ela cita as mulheres como mais propensas a se encolherem corporalmente, como consequência de uma sensação de inferioridade crônica. A dica dela é quase simples: moldar a linguagem corporal a nosso favor. Fingir que nos achamos poderosas até de fato convencermos a nós mesmas que somos. Mulheres, atenção: corpos erguidos, nariz pra cima e braços abertos para dizer ao mundo que sabemos do nosso valor. O outro ponto é uma lembrança. No filme, a sociedade - que tem como verdade inquestionável que Deus é uma mulher - acredita que a natureza concedeu o poder da gravidez ao sexo forte. Mulheres grávidas não são criaturas frágeis destinadas à reclusa de uma alcova, são seres ativos da sociedade. E não são mesmo? São quem aguenta a barra de gerar um ser e parir entre as suas pernas. Estejamos atentos para desmistificar a visão enraizada; afinal são elas que fazem o mundo girar; carregando no ventre a tarefa árdua de dar luz à Terra. Não vou mentir. Dá um certo prazer ver um homem branco e chauvinista ser ridicularizado porque suas angústias são consideradas exageros; ou no momento em que ele entende que assédio não é elogio, porque sentiu na pele o incômodo; e quando percebe que o problema do sexismo está em toda parte da sua vida, sem exceção. Mas a questão não é essa. Não queremos vingança. Não queremos corpos masculinos sendo tratados como objetos para o prazer feminino. Não queremos Magic Mike. Não temos inveja do papel que o homem ocupa na sociedade, nossa meta não é chegar ali. Queremos, sim, mulheres se sentindo confortáveis ao ocupar espaços. Queremos uma lista inquestionável de quereres, mas isso só será possível no meio termo de uma comunidade que reconhece e recusa suas vantagens imparciais. O filme fala de privilégios e da emergente necessidade de questionarmos as nossas posições. A lição é muito simples de entender e difícil demais para pôr em prática neste mundo piramidal: empatia. Colocar-se no lugar do outro. É assim que chegaremos ao equilíbrio. Quando eu, branca, imaginar a perspectiva do negro na rua ou no mercado de trabalho. Quando você, homem, imaginar-se acordando em um matriarcado. Calar-se diante do próximo. É pedir muito? Fica o questionamento: quem estará disposto a abrir mão do privilégio e ser ameaçado pelo desconhecido quando a contraproposta é “apenas” um mundo mais justo? Por Beatriz Braga

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Respeitem os seios caídos (por Beatriz Braga)

*Por Beatriz Braga Bruna Marquezine colocou os peitos de fora e a internet se chocou. O corpo natural feminino, esse famigerado inquilino do mundo. O susto veio do fato de que a atriz - que está longe de não se encaixar nos padrões de beleza - ter “seios caídos”. A verdade é que ela apenas não tem silicone e que aparentemente estamos desaprendendo o que é um corpo natural. Impressiona-me que para milhares de pessoas, quando uma mulher mostra os seios, eles tem que ser turbinados, plastificados, empinados e todos os “ados” que o mercado nos ensinou a chamar de atraente. Até quando vamos acreditar que o que se mostra na mídia é algo tangível? E até quando ficaremos de sentinela sobre os efeitos da gravidade ou do bisturi no corpo da mulher? É carnaval e eu não queria falar dos peitos de Bruna Marquezine. Queria falar do carnaval que eu vi - dos últimos dias, da brincadeira, da rua cheia de gente misturada. Queria falar do senhor de cabelos brancos que conheci esperando a orquestra do bloco Nem Sempre Lily Toca Flauta ressoar no Recife Antigo. “São 54 carnavais com minha mulher”, disse sorridente. E o segredo? “A parceria”, revelou no auge dos seus 79 anos. A esposa não demorou a chegar, rodeada de amigas que fizeram a alegria da minha sexta de abertura. “Olhe, menina, a verdade é essa: envelhecer é uma merda. Cai tudo. Mas em compensação a cabeça fica livre”, disse uma das colegas do casal. “É verdade, hoje a minha cabeça é livre”, repetiu outra senhora de 63 anos, com um sorriso de orelha à orelha, o enfeite grande e verde na cabeça, desfilando no carnaval de rua. Aprendemos a nos odiar, a exigir o inalcançável até que, quem sabe, a vida por sua natureza simplesmente nos diz: pare de tentar, é impossível. E, então, quiçá, nos daremos a permissão de sermos livres. Estamos divididas entre o que é ser desejável ao homem - a mulher objeto de seio turbinado - e o corpo que serve ao filho - a mãe, vaca leiteira, cujo destino há de ser apenas isso. O nosso papel, neste mundo masculino, será sempre o de servir, garantido por essa eterna vigilância para que cumpramos nossos deveres. Como dizia um cartaz que vi no carnaval: “não peça desculpas por ser esse mulherão da porra”. Vamos parar de nos culpar pela natureza dos nossos corpos e por estarmos começando a entender o que é nos aceitar por completo. Este carnaval teve o de sempre. Teve, por exemplo, homem pegando na minha bunda sem permissão porque, para ele, um corpo não coberto é domínio público. Assim como tive, também, a oportunidade de distribuir as tatuagens da campanha “não é não” (contra assédio no carnaval) para as mulheres que encontrei. Eu sei que, para você aí, talvez esse gesto não signifique nada. Mas eis o que sinto: quando mulheres se conectam, uma rede poderosa começa a surgir dentro e fora da gente. E quando uma mulher desafia - mesmo que minimamente - os padrões impostos pelo mercado, é resistência. Assim como sempre que uma mulher liberta sua mente é o mundo ficando um pouco melhor, como me disseram minhas amigas foliãs lá de cima. Há que se respeitar os cabelos brancos. Melhor dizendo: há que se respeitar os seios caídos.

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O Sport caminha para o abismo (por Houldine Nascimento)

A temporada do Sport mal começou e o clube já acumula fracassos esportivos. O mais recente veio na quinta-feira passada (15), quando o Leão recebeu o Ferroviário-CE, na Ilha do Retiro, em duelo válido pela segunda fase da Copa do Brasil. Quem viu a partida até os 30 minutos do segundo tempo supôs que a classificação do time pernambucano estava sacramentada. Àquela altura, o Sport vencia por 3 a 0. Mas o torcedor rubro-negro jamais imaginaria o que estaria por vir nos dez minutos seguintes. O time da casa sofreu um apagão sob os olhos da própria torcida e teve a capacidade de levar três gols muito rapidamente, cedendo o empate ao Ferrão – como é chamada a equipe cearense – e a vaga na terceira fase da competição nacional acabou decidida nos pênaltis. De forma heroica, o Ferroviário venceu a disputa nos penais por 4 a 3 e avançou. Méritos do Tubarão da Barra, mas a sensação que ficou foi de um fracasso retumbante do Sport. Um time da Série A nacional sucumbiu diante de um da Série D, a quarta divisão. Na histórica derrota, a torcida se voltou contra o presidente, Arnaldo Barros. Como medida, o mandatário decidiu destituir a diretoria. Um dos integrantes da cúpula leonina é o seu filho, Rodrigo Barros. A presença de um parente na condução dos destinos do Sport motivou o pedido de impeachment de um conselheiro do clube. O vexame é a cereja do bolo daquilo que se desenha desde 2016, quando Barros era o vice-presidente de futebol e o Sport por pouco não foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, nova luta contra a queda e, mais uma vez, o Leão escapou do descenso na última rodada. Com Arnaldo Barros no comando, o clube vem passando por vários apuros. Já em 2017, o Sport passou a atrasar salários, o que contribuiu para a queda de rendimento do elenco. Antes referência no Brasil por cumprir as obrigações, o Rubro-negro se tornou mais do mesmo e atletas têm recusado defender a equipe. O caso da vez foi o do quarto goleiro do Corinthians, Matheus Vidotto, de 24 anos, que rejeitou uma proposta de empréstimo do Sport. Pior do que isso é o fato de vários jogadores com contrato em vigor se rebelarem. O meia Diego Souza se foi e outros lutam para seguir o mesmo caminho. O volante Rithely e o atacante André estão desesperados para deixar Recife. Até o indisciplinado atacante Juninho se nega a vestir a camisa rubro-negra. Além disso, não conseguiu manter peças importantes, como o lateral Mena e o volante Patrick. Assim, o time passa por um desmanche. Prova clara de que as coisas vão muito mal na Praça da Bandeira. Essa trajetória desastrosa começou a ganhar corpo em julho de 2017, quando Arnaldo Barros construiu a saída do Sport da Copa do Nordeste. A medida, além de causar dano financeiro, prejudicou seriamente o time na esfera esportiva, já que agora só resta o Campeonato Pernambucano no primeiro semestre. A atitude à época foi no mínimo contraditória, uma vez que Barros sempre fez questão de desvalorizar o Estadual, dizendo que “o Sport não cabia mais em Pernambuco”. O Brasileirão ainda não teve início, mas devido às ações estapafúrdias de seu presidente, o Sport já é um sério candidato ao rebaixamento. Quem tem visto os jogos, sente as atuações sofríveis do time pernambucano. Ate o momento, não há uma equipe consistente formada. Para evitar a queda, será necessário realizar contratações em diversos setores: da defesa ao ataque. Não por acaso, a rejeição a Arnaldo Barros é grande. Estamos em fevereiro e a perspectiva não é nada boa para o Sport. --

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