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A Sociedade da Neve 1 1

Crítica: A Sociedade da Neve (Netflix)

Resiliência diz respeito à capacidade de se adaptar às mudanças, de resistir às dificuldades e desafios que surgem. Não há palavra melhor que expresse em profunda essência a história contada em A Sociedade da Neve. O longa espanhol narra a história dos passageiros de um voo que caiu nos Andes em 13 de outubro de 1972, em sua maioria integrantes da equipe uruguaia de rugby, “Old Christians Club”. Dos 45 ocupantes do avião, apenas 16 sobreviveram à queda e à jornada de 72 dias em meio às montanhas do Vale das Lágrimas. Com direção do cineasta espanhol Juan Antonio Bayona, o filme é baseado no livro “A sociedade da neve”, de autoria do jornalista e escritor uruguaio Pablo Vierci. J.A.Bayona consegue o feito de unir tensão à poesia. Numa das cenas, um plano aberto exibe a imensidão dos Andes pincelada em sua totalidade pela brancura da neve que cobre todo o vale como um imenso lençol. Sobre ele, o que restou do avião. A música dissonante ao fundo parece sussurrar aos novos visitantes um sejam bem-vindos macabro. A narrativa é costurada por antíteses, um misto de beleza e desespero. Desde as cenas que mostram os sobreviventes comendo a carne dos que morreram ao momento em que um deles saboreia com satisfação um chocolate que fora encontrado entre os destroços. Desde a tristeza pela morte de um amigo à alegria de sentir na pele o calor do sol após dias soterrados O elenco é formado em sua totalidade por atores desconhecidos, uruguaios e argentinos, muitos deles provenientes do teatro. O trabalho de preparação de elenco somado ao talento do cast principal rendeu sequências carregadas de tensão e realismo, de pegada documental. As cenas da queda da aeronave impressionam. Passageiros sendo espremidos entre os assentos, lançados ao teto ou jogados para fora do avião. Sequências construídas em sua maioria com efeitos práticos, pouco CGI. Cenas chocantes, porém trabalhadas por J.A.Bayona com muito cuidado e respeito às vítimas do acidente. “A Sociedade da Neve” recebeu duas indicações ao Oscar, Melhor Filme Internacional e Melhor Maquiagem e Penteado.  Está disponível no catálogo da Netflix.

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Faz-Me Rir (Netflix)

Que rir é o melhor remédio, todos já sabem, ou ao menos conhecem o ditado. Por isso nada melhor que procurar alguma comédia para relaxar e esquecer, ainda que por breve período, dos problemas. Aos que preferem caminho oposto ao que está em alta nos streamings, sugiro a série francesa "Drole", no Brasil, Faz-Me Rir. A série acompanha quatro amigos comediantes na busca por espaço no cenário parisiense de stand-up. Nézir (Younès Boucif), um jovem de grande talento na escrita de roteiro e esquetes, Aïssatou (Mariama Gueye) bela comediante que fica famosa ao fazer piada de um momento íntimo de seu casamento, Apolline (Elsa Guedj), jovem de família rica que tem como sonho tornar-se comediante, ainda que contra a vontade da mãe e, por fim, Bling (Jean Siuen), comediante que, após curto momento de sucesso no passado, gerencia ao lado da irmã o clube de stand-up Drôle. Mas não só de piadas vive a produção. A relação entre Nézir e Apolline dão tom romântico à série, ainda que flertando com o clichê do romance entre o homem pobre e a mulher rica. "Faz-Me Rir" deixa a desejar quando propõe a discussão de temas sérios, porém não os aprofunda, como o racismo. Em uma das cenas, Aïssatou e a irmã são abordadas por dois policiais simplesmente por serem negras e estarem com sacolas de compras. Não são presas pois Aïssatou é reconhecida como comediante. O debate se esgota aí, não é desenvolvido na trama. Criada por Fanny Herrero, a mesma showrunner de "Dix Pour Cent" (também disponível na Netflix), "Faz-Me Rir" não está entre as dez mais vistas do catálogo da Netflix. Bom motivo para saber o porquê disso e ainda dar boas risadas, não acham?

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Palavra Crítica: série apresenta trajetória e pensamento de críticos de cinema

Via assessoria de imprensa A série documental "Palavra Crítica" apresenta a trajetória e  o pensamento de 12 críticos de cinema a partir do dia 02 de fevereiro. A série terá exibição toda terça, às 20h30, na grade de programação local da TV Universitária Recife (Canal 11). Cada episódio apresenta a trajetória de um crítico, revelando desde as primeiras memórias relacionadas ao cinema, passando pelos caminhos que levaram à profissão, até chegar ao debate sobre a análise fílmica e à relação da crítica com o mercado audiovisual. A série documental tem roteiro e direção de Tiago Leitão e produção de Mannu Costa. Os interessados podem seguir o perfil criado no Instagram @palavracritica para acompanhar alguns conteúdos dos bastidores e trechos dos episódios. "Palavra Crítica" é uma realização da Opara Filmes em coprodução com a Plano 9 Produções e incentivo do Funcultura, Secretaria de Cultura, Fundarpe, Governo de Pernambuco e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA),  Agência Nacional do Cinema (Ancine) e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A produção também conta com o apoio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). O diretor Tiago Leitão conta como surgiu a iniciativa de desenvolver a série: "sentia uma ausência de produtos de televisão sobre críticos, que tratassem da crítica cinematográfica. Temos muitos programas sobre diretores, roteiristas e atores. Então, eu vi uma oportunidade de desenvolver um projeto nessa área e convidei André Dib como crítico e jornalista para me ajudar na formatação".   A primeira temporada de "Palavra Crítica" apresenta o pensamento de críticos de diferentes gerações e de várias partes do Brasil, com destaque cinco pernambucanos. Participam da série os críticos: Alexandre Figueirôa (Recife), Ângela Prysthon (Recife), Ernesto Barros (Recife), Carol Almeida (Recife), Celso Marconi (Recife), Heitor Augusto (São Paulo), Luiz Joaquim (Recife), Luiz Zanin (São Paulo), João Batista de Brito (João Pessoa), José Geraldo Couto (Florianópolis / São Paulo), Marcelo Ikeda (Rio de Janeiro/ Fortaleza) e Marcelo Lyra (São Paulo). "Quando Tiago me convidou para o projeto, a ideia era valorizar esta expressão criativa no campo da cultura e desmistificar a relação entre cinefilia e crítica especializada. Elaboramos então um recorte que apontasse para um mapeamento do pensamento sobre cinema, a partir de profissionais de diferentes regiões, formações e campo de atuação. Por isso, além da dimensão conceitual ou teórica, as entrevistas privilegiam histórias pessoais que levaram à profissionalização", detalha André Dib, crítico, pesquisador e consultor do projeto. Os profissionais têm marcante atuação como críticos nos veículos de imprensa e em atividades como curadoria, programação de salas, pesquisa e ensino. Alguns deles ainda se tornaram realizadores audiovisuais, criando seus próprios filmes. Os jornalistas e críticos pernambucanos Luiz Joaquim e Carol Almeida, além de depoentes, foram convidados para serem entrevistadores dos colegas de crítica junto a André Dib. As gravações aconteceram no Recife, no estúdio da Opara Filmes, em 2019. Além das entrevistas, os episódios contam com cenas animadas sobre a trajetória de cada crítico. "Para as gravações das entrevistas, eu concebi a seguinte forma, o crítico sentado numa cadeira simbólica de diretor, como condutor do processo, e pontos marcantes da vida dele eram projetados na tela de cinema por trás, aí ele passa de diretor para ser a obra", explica Tiago Leitão. "Naquele tempo, não havia como prever que a estreia seria num momento de tantas crises, no qual o poder de leitura, análise e posicionamento crítico se tornariam ainda mais necessários. De uma maneira geral, é disso que se trata: formas de ver e estar no mundo a partir do cinema; e de ver o cinema, com olhos próprios", destaca André Dib. A produtora Mannu Costa acrescenta sobre a amplitude das narrativas trazidas por cada crítico. "Para mim foi muito importante perceber que o debate promovido pelos entrevistados vai muito além da crítica em si, pois trazem aspectos políticos (espaço, representatividade, mercado, público, política e formação de identidade), que podem interessar às pessoas que não são só do cinema ou fãs de filmes", afirma.   EQUIPE - A série documental "Palavra Crítica tem roteiro e direção de Tiago Leitão e produção de Mannu Costa, pesquisa e consultoria de roteiro de André Dib, direção de fotografia de Mariano Pablo Maestre, direção de produção de Carol Correia, ilustrações de Luciano Bresdem, animações de André Pinto, projeções e mapping de Gabriel Furtado, desenho de som e mixagem de Nicolau Domingues, trilha sonora de Diogo Felipe, e montagem e finalização de Henrique Spencer.   SOBRE AS PRODUTORAS A Opara Filmes é uma produtora audiovisual pernambucana, dedicada à produção de conteúdo para TV, Cinema e Publicidade. Entre os trabalhos já lançados, estão: Salustianos (doc, longa-metragem, Dir. Tiago Leitão), Bajado (doc, curta-metragem, Dir. Marcelo Pinheiro), Palavra Plástica (doc, curta-metragem, Dir. Leo Falcão), Destinos (doc, curta-metragem, Dir. Tiago Leitão), Vou Estraçaiá (doc, curta-metragem,  Dir. Tiago Leitão). A Plano 9 é uma produtora pernambucana, com quase 15 anos de atuação. Realiza filmes, séries, videoclipes e também vídeos institucionais e comerciais de TV. Trabalhando em parceria com realizadores de todo o país, já desenvolveu, realizou e distribuiu curtas, médias e longas-metragens nos mercados nacional e internacional. No mercado televisivo, os lançamentos mais recentes são a série documental Entrenós e a série de fantasia e terror, Fãtásticos. Atualmente, está desenvolvendo a série documental Drag Ataque e a finalização do longa Paterno, de Marcelo Lordello, em coprodução com a Trincheira Filmes, e o primeiro longa de Ludmila Curi (RJ), intitulado Marias. Com Eduardo Morotó e a Enquadramento Filmes (SP), produziu o longa A Morte Habita à Noite, que teve estreia no Festival Internacional de Rotterdam. Entre os trabalhos já lançados, estão: Amores de Chumbo (2018, longa, ficção,Tuca Siqueira), Em nome da América (2018, longa, documentário, Fernando Weller), Eles Voltam (2014, longa, ficção, Marcelo Lordello) Turno da Noite (2011, curta, ficção, Henrique Spencer); Ofélia (curta, ficção, 2011, Mannu Costa); Avenida Brasília Formosa (2010, longa, documentário, Gabriel Mascaro); Entrenós (série documental, 2 temporadas, Pablo Polo); Casa de Botão (interprograma e programa de TV, 02 temporadas, Mannu Costa; Gustavo Almeida).   SOBRE O CONSULTOR André Dib é jornalista, pesquisador e

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Mostra Cinema do Presente abre inscrições para curtas e oficina de crítica

Promover reflexão sobre questões sociais através da sétima arte. Essa é a proposta da Mostra Cinema do Presente. A primeira edição do evento acontece entre os dias 10 e 13 de março, em formato totalmente online devido à pandemia de COVID-19. As obras selecionadas pela curadoria abordarão temas como direitos humanos, sociedade, raça e gênero. A mostra tem como curadores Juliana Soares, Enock Carvalho e Matheus Farias. "Buscamos filmes que tratem do tempo presente para tentar vislumbrar possibilidades de futuro. Essa crise toda da pandemia nos fez olhar para tudo de outra maneira e eu acho que o cinema sempre refletiu a sociedade como um espelho. Queremos proporcionar um recorte de olhares que ajudem a pensar as crises contemporâneas e seus desdobramentos", explica Enock Carvalho. Realizadores interessados em exibir seus projetos deverão inscrever seus projetos até 18 de fevereiro, de forma gratuita, no site do evento. Oficina de crítica Além da exibição de filmes, a mostra contará com a oficina Críticas Urgentes. Ministrada por Carol Almeida, crítica e curadora de cinema, a oficina contará com 20 vagas e será realizada de 10 a 16 de março, também online. O resultado dos selecionados será divulgado no dia 03 de março. Mais informações no www.cinemadopresente.com.

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O Recife no escritos de Laís (por Paulo Caldas)

*Paulo Caldas A palavra de ordem dita pela recifense Laís Araruna de Aquino, neste “Juventude” (Editora Reformatório, 2018, projeto gráfico Negrito Produção Editorial, vencedor do prêmio Maraã de poesia 2017, chega na voz de um arauto chamado emoção. Já nos primeiros proclamas é possível perceber que Laís tomou fôlego na reflexão ao conceber o poema “A um bruxo com amor”, recado revelador de sentimentos entre chuvas, sol e vento. Em mensagens outras, se veste de elogiável singeleza quando no texto em prosa poética “Meu Ofício”, como quem beija o sopro da brisa, escreve tal Pena Filho aos rios e matizes: “As águas e os céus se dividem em duas metades de esplêndido azul”. Ainda neste universo tão seu, se atém às raízes quando cita dois meros vendedores de doce japonês mercadejando numa tarde maurícia. Ao lado do filão temático, ungido pela reflexão, não obstante idas e vindas por outros mundos, Laís se esquiva desse contexto, fecha as cortinas e põe os pés travessos nas ruas e casarios, becos e praças, pontes e rios que impõe um lugar único, só seu: o Recife. Há instantes em que autora resgata a voz narrativa na segunda pessoa, prática de um certo antes, esquecida nos poetas do agora. “Não sabes o exato momento em que a tarde cede à escuridão”, no poema “Veloz”, ou “Tudo está bem, mesmo as coisas fora de lugar, és jovem, podes o recurso extremo...”, em “Juventude”, poema título do livro. Os sentimentos propalados no texto de Laís, mesmo quando reflexivos e tangenciam vestígios do hermetismo, seguem numa perene simbiose, envolvidos pelo intimismo do cotidiano e o apego aos elementos da natureza. Assim emerge rumo a Manoel de Barros com quem, de mãos dadas, divide a pantaneira voz: “Poesia não é feita para entender mas para incorporar”.

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Armadura, escudo, espada

*Paulo Caldas Em “Poemas Recifenses” Valmir Jordão celebra a liturgia da cidade. E o Recife não é qualquer cidade e nem Valmir Jordão é qualquer poeta. O Recife é sim roubada das águas, solo de sal e lama. Jordão, um cavaleiro quixotesco, armadura de versos, montado em cavalos marinhos, impondo o escudo do olhar crítico, empunhando o lápis, a viril espada da sua verve. Por entre ruas e becos, templos e bares desses santos bairros ilhados, Valmir cavalga sobre pedras pisadas por passistas, diante das palafitas de um povo caranguejo, entre os lamentos sonoros das alfaias, saídos das paredes que, olhos abertos, ocultam os mortos, assombram os vivos. E por este burgo o poeta tem passe livre: Saudade, Amizade, União, Imperatriz e Imperador; observa, verseja e posta: "pedintes pobres e pretos”, no sabor do realismo ácido. Ele vai ao lírico “deslumbrado entre beijos e no deleite de corpos que se buscam, após a ponte giratória” e volta ao épico em críticas ao social sob a ótica de Bashô: “sem massa nem tapioca, o que rola são picadas de muriçoca”. Em vários trechos o poeta paga tributo ao Capibaribe, rio tatuado em poesia gravada na pele, no peito e na alma recifense. O livro tem o selo da editora Escalafobética, diagramação e edição de Eduardo Nascimento Júnior, imagens de contracapa de Elimar Pereira, ilustrações Tony Braga e impressão gráfica da Editora Babeco. *Paulo Caldas é escritor

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Crítica| Shazam!

Parece que, definitivamente, a DC acertou a mão em seus filmes de super-heróis. Após errar feio em suas últimas investidas no segmento com os caros e ao mesmo tempo medianos Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Liga da Justiça, conseguiu lotar as salas e arrancar elogios da crítica com o excelente Mulher-Maravilha e o mais recente Aquaman, que trouxe para as primeiras fileiras um personagem, até então, considerado coadjuvante no catálogo do estúdio. Dando continuidade à boa fase da DC, chega aos cinemas sua nova aposta: Shazam!, filme de pegada mais bem-humorada, proposta explorada já há muito tempo pela concorrente Marvel. A história acompanha o órfão Billy Batson (Asher Angel) em sua jornada como super-herói após ter recebido superpoderes do mago Shazam (Djimon Hounsou). Parte da trama dá destaque à origem do vilão Dr. Silvana (Mark Strong) em uma das mais tensas sequências, logo no início. O clima sombrio de outras produções da DC, tal como a trilogia Batman ou O Homem de Aço, dá lugar à leveza e bom humor como na cena em que Shazam simula soltar raios laser pelos olhos, semelhante a um conhecido herói azulão de capa vermelha do estúdio. Em outra cena, Shazan! homenageia um clássico do melhor estilo “Sessão da Tarde” no qual o filme é inspirado: Quero ser Grande.     Zachary Levi, famoso por protagonizar a série Chuck, consegue transmitir a força e comicidade necessários ao Shazam proposto para a história, um herói corpulento com mente de adolescente e, por vezes, atrapalhado. O ator passou por uma maratona de exercícios durante cinco meses para chegar ao corpo ideal a seu personagem. Ainda assim, toscamente, foram colocados enchimentos em seu uniforme. Outro que se destaca no elenco, em alguns momentos até mais que o próprio protagonista, é Jack Dylan Grazer, conhecido por sua atuação em It: A Coisa. Aqui o ator interpreta o garoto Freedy Freeman, presente nos momentos mais engraçados do longa. Shazan! arrecadou US$ 3,3 milhões em exibições especiais nos EUA no mês de março, mais até que Aquaman em sua pré-estreia, com um total de US$ 2,9 milhões acumulados. Segundo a revista Variety, o filme deverá ser o grande vencedor do fim de semana americano, faturando entre US$ 45 e 50 milhões.    

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“Ferrugem” lança interessante olhar sobre a juventude

Por Houldine Nascimento          “Ferrugem” chega ao circuito comercial brasileiro nesta quinta (30) com a chancela de ter sido eleito o Melhor Filme do Festival de Gramado dias atrás. Em seu novo longa, o diretor Aly Muritiba se debruça sobre o universo dos adolescentes. A história se desenvolve inicialmente em torno de Tati (Tiffanny Dopke), uma adolescente que, assim como boa parte de sua geração, divide momentos felizes de sua vida em redes sociais como Facebook e Instagram. Frustrada com o antigo namorado, a garota se envolve com Renet (Giovanni di Lorenzi), um colega de turma. A vida de Tati vira do avesso quando um vídeo íntimo vaza num grupo de WhatsApp do colégio. A situação, naturalmente, toma grandes proporções. A angústia passa a tomar conta de Tati devido à superexposição a que se submete. Com isso, sofre perseguição de vários colegas com constantes comentários maldosos. Um efeito dominó surge diante desse acontecimento, que mexe com diversos personagens. Na segunda parte, o foco é em cima de Renet e de seus dilemas, que incluem a presença superprotetora do pai (Enrique Diaz) e o ressentimento com a mãe (Clarissa Kiste). Aly nunca perde o controle dos fatos. Pelo contrário, maneja tudo com muita segurança, mantendo o interesse do público em saber o desdobramento da história. Tudo é bem amarrado pelo roteiro que escreveu junto com Jessica Chandal. A discussão a que o filme se propõe também é muito relevante por sintetizar de forma precisa o mundo dos jovens e tratar de temas atuais comocyberbullying e os riscos a se submetem. Nessa seara, cria cenas de grande impacto. Assim como em seu primeiro longa de ficção, "Para minha amada morta", o diretor volta a construir as ações a partir de um vídeo secreto. No entanto, Muritiba apresenta ao espectador uma obra mais atraente, revelando maturidade neste que possivelmente é o melhor filme brasileiro em 2018. “Ferrugem” iniciou sua trajetória no Festival de Sundance, em janeiro, passou por vários festivais e trata de temas universais com originalidade. Estas razões o fazem sair na frente na corrida para ser o representante do nosso País na luta por uma vaga no Oscar em 2019. Isto é, se a comissão responsável pela escolha não fizer nenhuma bobagem.

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