Arquivos escolas - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

escolas

"A competitividade depende de uma formação básica de qualidade"

O que fazer para qualificar a educação brasileira? Qual a relação dessa formação dos nossos jovens com a competitividade dos nossos profissionais? E como tem sido o impacto da pandemia nos diversos sistemas de ensino no País? Conversamos com o professor da UFPE e da Cesar School, Luciano Meira, sobre esse cenário para compreender o momento atual da educação no País e apontar soluções. O docente, que é também sócio-empreendedor da Joy Street, foi um dos entrevistados para a matéria de capa desta semana da Revista Algomais, em que discutimos os desafios para os próximos 15 anos no Estado.   O que você considera fundamental para transformar a educação brasileira no cenário dos próximos 15 anos, na direção de construirmos um sistema educacional de qualidade e que colabore com o desenvolvimento do País e de Pernambuco? - Ordenação e otimização dos recursos garantidos pelo FUNDEB, através de gestão transparente e profissional, incluindo contínua prestação de contas à sociedade. - Completa reformulação dos cursos de pedagogia e licenciaturas e dos programas de formação continuada de professores, através da implementação da Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). - Governança técnica e menos sujeita a interferências políticas de grupos ideológicos nos órgãos de gestão dos sistemas de educação, desde a direção da escola até o alto comando do MEC e suas instituições vinculadas, tais como o INEP. - Articulação nacional para implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), através do desenho de estratégias negociadas entre secretarias de educação, órgãos de classe, educadores, terceiro setor, dentre outros agentes. - Resolução definitiva das questões relativas ao acesso à Internet, através de planos de conectividade, disponibilização de dispositivos apropriados e oferta de recursos digitais eficientes para o engajamento dos estudantes nas atividades escolares e melhoria da aprendizagem. - Uma reformulação completa dos métodos e práticas didáticas implementadas nas escolas, favorecendo a construção de relações intelectuais e afetivas fortes entre educadores e estudantes, inclusive através do uso de tecnologias digitais capazes de criar e escalar novos formatos de aprendizagem, melhor conectados com o novo mundo do trabalho. . Que impactos um avanço consistente na educação pode trazer para a maior competitividade de Pernambuco? O sistema educacional deve conversar mais com o mercado profissional para formar pessoas conectadas com os desafios do nosso tempo? - A competitividade depende de uma formação básica de qualidade, nas várias competências previstas na BNCC, por exemplo, incluindo talvez principalmente os modos de uso dos conhecimentos científicos tradicionalmente trabalhados na escola. Isso quer dizer, entre outras coisas, que devemos promover na escola o exercício da autonomia, da confiança no outro e da cooperação, além do fomento a formas de trabalho menos dependentes de hierarquias rígidas. Essas qualidades têm sido associadas a ganhos de produtividade, e avanços na educação deveriam necessariamente articular conhecimento científico e competências sócio-emocionais, por exemplo. - Dessa forma, nossa maior competitividade pode depender da forma como o espaço escolar está organizado e busca promover o desenvolvimento integral dos estudantes, gerando sujeitos: 1. eticamente mais responsáveis; 2. melhor preparados para uma atuação profissional mais criativa; 3. socialmente mais disponíveis para acolher e promover o outro. - Para que isso aconteça, também é necessário o diálogo entre escola e comunidade, um diálogo que parte de um posicionamento firme da rede escolar acerca de sua missão e propósitos estratégicos. Nesse formato, o mercado de trabalho não dita as regras para a escola, mas se comunica com seus propósitos e é capaz de nela disparar projetos formativos que, ao realizar os resultados listados no item anterior, também contempla as direções inovadoras continuamente construídas pelos setores produtivos representados na comunidade, com a escola no centro. . Quais os impactos a pandemia trouxe para a educação pernambucana e brasileira? Há algum aspecto importante de inovação que experimentamos nesse tempo? O ensino híbrido veio para ficar? - Um primeiro resultado interessante é que, como já prevíamos anteriormente, a maioria dos educadores não são necessariamente resistentes a mudanças ou ao uso de novas tecnologias, como tantos outros preconizavam, e eles podem sim realizar esforços de adaptação, mesmo na ausência de métodos claros e bem estabelecidos de como realizar a mudança ou empregar determinados artefatos e recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas. - Segundo algumas pesquisas recentes, um outro impacto importante foi o reconhecimento do importante papel das relações afetivas de confiança e amparo entre estudantes e professores, e o papel destes últimos na criação de “circuitos de afetos” capazes de manter (ou criar) o lugar da escola no cotidiano daqueles primeiros. - Com a maioria ou todas as atividades acadêmicas realizadas por meio de plataformas digitais, será difícil dispensar seu uso em pelo menos algumas dessas atividades, principalmente em vista da autonomia conquistada por estudantes e professores no processo. por outro lado, ainda experienciamos profundas desigualdades no volume e qualidade do acesso a tecnologias digitais entre estudantes e professores (em termos de conectividade, dispositivos e recursos) e isso será o obstáculo definitivo para manutenção de avanços em suas formas de uso, conquistadas com muito esforço durante a pandemia.

"A competitividade depende de uma formação básica de qualidade" Read More »

"A pandemia escancarou a desigualdade educacional em nosso país"

Para falar sobre como qualificar a educação brasileira e pernambucana nos próximos 15 anos, entrevistamos o professor Mozart Neves Ramos. Ele é Titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP – Ribeirão Preto e professor emérito da UFPE. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Rafael Dantas, o docente fala sobre o impacto da pandemia no sistema educacional brasileiro, critica as gestões do MEC no Governo Bolsonaro e aponta os pontos estratégicos para que o País avance no setor educacional. Que passos o Sr. considera fundamentais para que a educação brasileira alcance uma qualidade satisfatória no cenário dos próximos 15 anos, de forma a colaborar para o avanço do desenvolvimento do País? O grande desafio da Educação brasileira é o de colocar numa mesma equação quantidade e qualidade. Ao longo das últimas décadas o país fez avanços importantes com relação ao acesso escolar, da creche ao ensino médio. Contudo, no que diz respeito à qualidade, em termos de aprendizagem escolar, o país está literalmente estagnado e num patamar muito baixo, especialmente no ensino médio – última etapa da educação básica e porta de acesso à universidade e ao mundo do trabalho. De cada 100 jovens que terminam o ensino médio, apenas 9 aprenderam o que seria esperado em matemática, em língua portuguesa é um pouco mais, ou seja, 29, mas nada que se possa comemorar. Além disso, o país apresenta uma grande desigualdade educacional, entre redes de ensino e dentro de uma mesma rede escolar. Portanto, entendo que o enfrentamento da baixa aprendizagem escolar e a redução da desigualdade educacional são os dois maiores desafios para alcançar a tão sonhada qualidade. Para isso, o Brasil precisa investir na qualidade do professor, pois, segundo pesquisas internacionais, esse é o fator mais importante, dentre vários, para alavancar a aprendizagem escolar. Investir desde a atração pela carreira do magistério, passando pela formação inicial e continuada, chegando a uma carreira cujo plano valorize o desempenho docente e a busca por aperfeiçoamento profissional ao longo da vida. O Brasil precisa investir mais em educação e melhor. O Brasil, é bem verdade, triplicou os investimentos, nos últimos 15 anos, em educação básica. O esforço precisa continuar se quisermos chegar ao patamar dos países que estão no topo da educação quanto ao per capita-aluno. Mas a gestão, por sua vez, deixa, em geral, muito a desejar, é preciso dar mais ênfase à eficiência, eficácia e efetividade dos gastos públicos em educação. Costumo dizer que o Brasil deveria aprender com o Brasil, e nesse sentido refiro-me ao belo exemplo do estado do Ceará no campo da alfabetização e ao estado de Pernambuco nas escolas de ensino médio em tempo integral. O país já tem caminhos seguros de bons resultados, mas é preciso dar escala nacional. O país não pode deixar de lado investimentos em inteligência artificial para a educação e o uso de plataformas adaptativas que irão ajudar exponencialmente na gestão da tão necessária flexibilização e diversificação da oferta educacional. Que prejuízos a pandemia deixa para o nosso sistema educacional e quais inovações experimentadas nesse período deveríamos ou poderíamos comemorar? A pandemia escancarou a desigualdade educacional em nosso país. Enquanto o setor privado respondeu com certa rapidez ao fechamento das escolas oferecendo ensino remoto, uma boa parte das crianças de escolas públicas ficaram, ao longo de 2020, sem acesso simplesmente por falta de conectividade digital, falta de internet e banda larga. Para essas crianças que ficaram à margem do processo educacional, segundo estudos do professor André Portela da FGV – SP, significa um retrocesso escolar à 2018, é como se o governo atual não tivesse existido para elas. A falta de uma coordenação nacional pelo Ministério da Educação (MEC), em colaboração com estados e municípios, como prevê o artigo 8◦ da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), agravou ainda mais. O país deveria ter iniciado este ano com um plano nacional de conectividade escolar para todas as crianças e professores da educação básica, pois o ensino remoto deverá ainda ser, em 2021, a forma de acesso majoritária às atividades escolares. Por outro lado, costumo dizer que o covid foi um catalisador para as mudanças que estavam em curso na educação, que estavam acontecendo, mas de forma muito lenta. Aqui me refiro ao uso das novas tecnologias no processo ensino e aprendizagem. Daqui para frente elas irão ocupar um lugar de destaque no apoio ao professor, constituindo aquilo que está sendo chamado de ensino híbrido. Isso irá impulsionar o conceito do aluno em tempo integral, que é diferente da escola em tempo integral. Quais os prejuízos causados pela atual administração do MEC e como revertê-los? Em pouco mais de dois anos foram três ministros, cuja preocupação maior foi agradar a ala ideológica do governo. Por exemplo, enquanto milhões (e não milhares) de crianças e jovens estão sem estudar, sem acesso à educação, por conta da pandemia, o governo prioriza no Congresso o homeschooling, uma das bandeiras dessa ala do governo, que, no máximo, atenderá a pouco mais de 7 mil famílias. Como disse anteriormente o governo deveria ter estruturado um plano nacional de conectividade digital, e usar os recursos do Fundo da Universalização dos Sistemas de Telecomunicações (Fust) para isso, pois o valor estimado em caixa é de R$ 23 bilhões de reais. Mas o presidente preferiu vetar o Projeto de Lei que iria assegurar internet e banda larga para estudantes e professores da educação básica. O próprio Fundeb que agora o governo faz propaganda dele, pois é de fato um avanço no financiamento da educação básica, ele próprio tentou barrar aos 45 minutos do segundo tempo, como costumamos falar no futebol. O que manteve vivo o Fundeb e sua aprovação foi a grande articulação e mobilização nacional em prol do projeto que tramitava no Congresso há bastante tempo. Foi, na verdade, uma grande vitória da educação brasileira. Com a chegada do ministro Milton Ribeiro renovei as minhas esperanças em termos do diálogo, especialmente pensando no seu antecessor, que buscou mais enfrentamento do que colaboração.

"A pandemia escancarou a desigualdade educacional em nosso país" Read More »

Lia Glaz: "O professor começou a encarar a tecnologia como aliada"

*Por Rafael Dantas Os novos desafios postos diante dos professores durante a pandemia foram o tema da edição 175.2 da Revista Algomais, publicada na semana passada. Uma das pesquisas que apresentou os principais problemas enfrentados e observados pelos docentes, que citamos na reportagem, foi desenvolvida pelo Instituto Península, uma organização social fundada pela família Abilio Diniz em 2010, que tem como foco a melhoria da qualidade da educação brasileira. Conversamos com Lia Glaz, gerente de projetos do Instituto Península, sobre os principais resultados desse estudo e sobre as possíveis soluções para os atuais dilemas do trabalho desenvolvido pelas escolas. Confira abaixo! Quais as principais dificuldades que têm levado os professores a aumentarem seu estado de ansiedade e de cansaço? A maior preocupação dos professores nesta quarentena (75%) é em relação à saúde emocional dos alunos, à frente até mesmo da sua própria saúde mental (54%). Na fase anterior a maior preocupação deles era em relação a saúde de seus familiares. Outro fator que preocupa os docentes é o retorno às escolas (Em uma escala de 0 a 5, na qual 0 indicava “nada confortável” e 5 “muito confortável” com o retorno ao ensino presencial, a média dos respondentes foi de 1,07) e o principal motivo, para 86%, é o receio de contaminação e de implementação dos protocolos sanitários. . . Quais os caminhos ou soluções para resolver essas questões? É necessário apoiar e acolher o professor, além de manter uma comunicação frequente e transparente acerca do retorno, dando visibilidade à adequação das escolas e treinamento para a implementação dos protocolos. A perspectiva sanitária, no entanto, não é suficiente. Como a retomada das aulas presenciais é algo que preocupa os docentes, o IP elaborou um documento de apoio à ação de Secretarias de Educação e unidades escolares na retomada das aulas, dentro de uma perspectiva integral de Educação e inspirados na Política de Humanização do SUS. A partir das informações levantadas com os dados dos questionários é possível pensar em um plano de ação que seja sensível às necessidades dos educadores de cada escola e dar início a rodas de acolhimento, um convite para compartilhar acontecimentos e sentimentos marcantes na vivência de cada um durante a pandemia. O passo seguinte é definir espaços individuais de escuta, ambientes de pensamento, duplas de suporte, realização de rituais e criação de grupos restaurativos. Muitos dos professores afirmam ser necessário ter conhecimento de novas ferramentas para fazer uma aula online, não basta transpor o conteúdo de uma aula presencial para a internet. Como ter essa competência? Os educadores se fazem ainda mais relevantes em um cenário de dados e informações em abundância, atuando como verdadeiros mediadores de conhecimento durante a aprendizagem. Por isso, são fundamentais políticas públicas voltadas à formação e capacitação dos docentes para os novos desafios. O interessante é que em abril e maio, na segunda fase da pesquisa, 83% dos professores afirmaram que não estavam preparados para o ensino virtual. Após a prática ter sido imposta pela pandemia, agora esse percentual é de 49% afirmando que a falta de formação é um desafio para ensinar remotamente. Como consequência, 94% dos professores indicaram que agora enxergam a tecnologia como muito ou completamente importante no processo de aprendizagem dos alunos. Antes, apenas 57% tinham essa percepção. . . A apatia dos alunos é outro fator que acaba por desmotivar também os professores. Quais os caminhos para transpor essa apatia? Realmente, constatamos que 64% dos professores relataram dificuldade para manter o engajamento de seus alunos e 41% deles teve a percepção de que poucos deles aprenderam o esperado nas atividades avaliativas. Um caminho para transpor essa questão é colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, buscando formas de personalizar o ensino, tendo a percepção da necessidade de cada aluno. Nesse quesito, alguns dos legados da pandemia levantados pelos professores foram a importância de estratégias pedagógicas com recursos de acessibilidade e estratégias de reforço/recuperação para alunos com dificuldade de aprendizagem. . . Com o retorno das aulas presenciais de forma gradual, há uma perspectiva de que o ensino híbrido se torne uma realidade no Brasil. Que novos desafios são colocados para os docentes em um cenário de convivência da educação presencial e remota? A terceira etapa da pesquisa mostrou que o próprio professor começou a encarar a tecnologia como uma aliada, sendo que ela é capaz de ampliar sua capacidade de ensino. Além disso, precisamos considerar os recursos educacionais digitais como parte essencial do processo educacional. Um grande desafio enfrentado pelos professores hoje, nessa situação de ensino remoto, é a barreira da conectividade, nem todos seus alunos possuem, internet ou um computador. Precisamos democratizar esse acesso para podermos realmente avançar na questão do ensino híbrido. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.pe@gmail.com)       . LEIA TAMBÉM Patrícia Smith: “O cenário aponta para uma perspectiva híbrida: ensino presencial e remoto” Live Algomais discute se é hora de voltar às aulas   Educação que Transforma  

Lia Glaz: "O professor começou a encarar a tecnologia como aliada" Read More »

20 imagens de Escolas de Pernambuco Antigamente

Como um dos assuntos mais fortes da semana é a volta às aulas, a coluna Pernambuco Antigamente preparou um post especial com uma seleção de 20 imagens de escolas de Pernambuco Antigamente. Já tínhamos feito uma publicação com essa temática, mas as postagens de hoje são da década de 20, dos arquivos da antiga Revista da Cidade, que circulou entre 1926 e 1929. Colégio Marista . Escola Pública Engenheiro Millet, em Tamandaré . Grupo Escolar Municipal Maurício de Nassau . Escola Municipal Fernandes Vieira . Escola Padre João Ribeiro . Escola Amaury de Medeiros . Sala de aula infantil do Grupo Escolar Sergio Loreto . Diretoras, professoras e alunos do Grupo Escolar Maciel Pinheiro . Aula de Ginástica no Grupo Escolar Maciel Pinheiro . Escola Normal Oficial . Aula e diretores do Ginásio Oswaldo Cruz . . Diretora e professores do Grupo Escolar João Barbalho . Aula de Ginástica no Grupo Escolar João Barbalho . Diretores e professores do Grupo Silva Jardim, no Monteiro . Alunos do Grupo Escolar Silva Jardim, no Monteiro . Grupo Docente do Colégio Santa Margarida . Encontro de ex-alunos Salesianos e pátio do colégio . . Atividade de ginástica ar livre na praça Dr. João Lopes, em Ribeirão . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.pe@gmail.com)

20 imagens de Escolas de Pernambuco Antigamente Read More »

"Creche não é só um local para deixar a criança"

A neurociência “invadiu” a área da educação ao comprovar o que estudiosos já propagavam: cri-anças de 0 a 3 que não são estimuladas podem ter o desenvolvimento do seu cérebro afetado e prejudicar o aprendizado. Como a escola pode ajudar nesse processo? O que fazer com os peque-nos que não estão no ensino infantil, ou cujos pais são analfabetos, e moram em condições insalu-bres? Desafios como esse, têm levado o secretário de Educação do Recife Alexandre Rebêlo a buscar soluções criativas e a pedir o apoio de toda a sociedade. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele conta também como tem enfrentado o analfabetismo funcional e incentivado os alunos a par-tir da robótica, do cinema e do rádio. Sua meta é levar o Recife, que sempre esteve entre as cinco piores cidades do País no ensino fundamental, segundo o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Edu-cação Básica) a ficar entre as 10 melhores do Brasil em 2021. Quais os principais desafios da educação? Os desafios da rede pública municipal são divididos em três grandes blocos. O primeiro é educação infantil, abrangendo crianças do berçário até 5 anos, o segundo é o ciclo da alfabetização (5 a 8 anos). Em ambos atendemos 70 mil crianças. O terceiro bloco é o fundamental 2 (este a gente divide a responsabilidade com o Estado) e envolve 10 mil alunos adolescentes. Em relação à educação infantil, hoje em dia, as pesquisas em neurociência, que utilizam ressonância magnética, comprovam o que já era percebido há 60 anos por pensadores como Piaget: na primeira infância em especial, dos 0 aos 3 anos, é a fase de formação cerebral da criança e, em muita medida, determina o desenvolvimento do ser humano em sua vida inteira. Quando a criança é estimulada de forma correta, ela cria um volume tal de sinapses (conexões entre os neurônios) que quando chegar aos 5 anos, ela passa a descartar as sinapses que não está mais usando e quando estiver com 10, 11 anos, esse processo se estabiliza, isto é, torna-se um adulto formado do ponto de vista cerebral. O lado positivo é que podemos estimular essa criança. O lado negativo é que se essa criança na primeira infância, em especial de 0 a 3 anos, sofre maus tratos, é agredida, passa fome, cria-se um nível de estresse cerebral que desmonta e mata as sinapses e não as recupera nunca mais. A partir do que está sendo colocado na ciência a gente procura hoje enfrentar dois grandes desafios na educação infantil. Um deles é a criação de vagas nas creches da rede municipal. Qual é o déficit de vagas? Temos 17 mil crianças na educação infantil. Nas creches de 4 a 5 anos conseguimos universalizar, mas de 0 a 3 anos temos hoje 1.500 pedidos de instituições como Ministério Público, Conselho Tutelar e pessoas que formalizaram a demanda que atendemos, mas ainda temos cerca de 700 pedidos sem atender. Durante nossa gestão foram construídas 12 creches, aumentamos 18% o número de vagas. Temos mais quatro em construção e um projeto de ampliação das que já existem. O segundo desafio é a qualificação do que se faz nessa creche. Creche não é depósito de criança. No passado havia esse viés assistencialista, em que se deixava o filho para poder trabalhar. Mas a educação tem a obrigação de fazer um trabalho direcionado para desenvolver essa criança desde o berçário. Por isso, criamos o programa Brinqueducar, um conjunto de brinquedos e livros, com viés pedagógico para ser usado nessa primeira infância. Os funcionários recebem um manual abordando todos os brinquedos que receberam e como trabalhar com eles, de acordo com a faixa etária das crianças. Por exemplo, um conjunto de aramado trabalha a coordenação motora fina da criança, que depois vai permitir a ela pegar num lápis ou caneta. Ou fantoches que trabalham a imaginação e criatividade. Qual a dificuldade para implantar isso? Para a criação de vagas trata-se de uma questão financeira e de espaço físico na cidade. Todas as vagas são bancadas basicamente pela prefeitura. Uma creche custa algo como e R$ 3 milhões, mas para manter uma criança dentro dela custa muito mais, R$ 14 mil por ano. Algumas creches já existentes não têm problema material e são superiores às particulares. O desafio é que algumas delas não têm estrutura adequada. Quase metade das nossas escolas são casas adaptadas, ou seja, só metade da rede foi feita para ser escola, algumas eram imóveis de associações de moradores ou um galpão. Num processo de 30 anos, é claro que algumas delas foram ajustadas, melhoradas e são escolas bastante descentes, mas mesmo assim, não são foram feitas para serem escolas, que têm que ter pátio, espaço para crianças comerem, local para a criança olhar a natureza. A cons-trução da compreensão dos professores e de todos os profissionais da área de educação da necessi-dade de desenvolver a criança tem melhorado a cada dia, em razão do volume de informações que já foram feitas sobre a compreensão de como usa o brinquedo e como se estrutura uma aula e também pelo aporte de tecnologia. Recife hoje tem-se tornado referência em educação infantil. É um momento muito rico. Tive a oportunidade de participar de um curso da Universidade de Harvard, financiado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, de São Paulo, voltada para o desenvolvimento da primeira infância. A universidade conta com o primeiro centro de pesquisa sobre a primeira infância, um hospital infantil que tem a maior produção de conhecimento sobre o tema. Numa aula foi exposto que o importante para as crianças dessa idade é a relação, a interação. Se ela está no berço e você está lavando os pratos, fale com ela, cante e brinque com ela, aponte as coi-sas para ela. Isso desenvolve o cérebro. Qual o desafio gigantesco nosso? Quem é nosso cliente, os pais e mães das crianças? Onde moram? Em barraco, com chão de barro, onde residem seis, sete pessoas, sem banheiro. Uma vez, falando com a diretora de uma escola, ela me disse

"Creche não é só um local para deixar a criança" Read More »

Colorindo o Recife leva oficinas de grafiti para escolas municipais

O Projeto Colorindo o Recife, programa da Prefeitura do Recife, promovido pela Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer (Seturel), chega às escolas Dom Bosco (Jardim São Paulo) e Florestan Fernandes (Ibura). Nos dias 07, 08 e 09, os estudantes farão um mergulho no universo da arte urbana. As oficinas são uma parceria da Seturel com a Secretaria de Educação e serão coordenadas por Ítalo e José Clayton (Carbonel), respectivamente, com 30 vagas, cada uma. "O objetivo é levar a arte urbana e o conhecimento das técnicas do grafite para unidades de ensino como forma de fomentar o protagonismo estudantil na inclusão social e no empreendedorismo.", comenta Ana Paula Vilaça, Secretária municipal de Turismo, Esportes e Lazer. As primeiras oficinas aconteceram nas escolas municipais da Iputinga e na Divino Espírito Santo, no bairro da Caxangá. Além das práticas, os estudantes vão conhecer um pouco do universo do grafite com aulas teóricas, que abordam temas como: Grafitti: Arte ou Cultura? Movimento Cultural Hip Hop, seus elementos e história; Sociedade: Violência, Opressão, Preconceito, Direitos Civis, Ética; Cultura de Paz, Raça e Prevenção às drogas; Periferia, Favela ou Comunidade; Grafitti empreendedor: portfólio, currículo, redes sociais, fotografia; Patrimônio Público e Privado; Desenho: Camadas e Formas. São oferecidas 25 vagas em cada oficina artística/educativa. Elas são direcionadas para os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), com idade entre 13 e 15 anos. Nos dias 12, 13 e 14, a oficina será realizada na escola Karla Parícia, em Boa Viagem, com coordenação do artista Nadilson.

Colorindo o Recife leva oficinas de grafiti para escolas municipais Read More »

Colorindo o Recife leva oficinas de grafitagem para as escolas municipais

Os estudantes de escolas públicas municipais vão fazer um mergulho no universo da grafitagem. A ação faz parte do Colorindo o Recife, programa da Prefeitura do Recife, promovido pela Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer (Seturel), que vai levar a arte urbana e o conhecimento das técnicas do grafite para 15 unidades de ensino como forma de inclusão social e empreendedorismo. As primeiras oficinas acontecem nas escolas municipais da Iputinga e na Divino Espírito Santo, no bairro da Caxangá de amanhã (quinta, 22) a sexta-feira (23), nos turnos da manhã e tarde. São oferecidas 25 vagas em cada oficina artística/educativa. Elas são direcionadas para os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), com idade entre 13 e 15 anos. Na Escola Municipal da Iputinga, a iniciativa é coordenada pelo artista André Felipe, conhecido na cena como Zion. As aulas acontecem pela manhã das 8h às 12h e o tema trabalhado é o do ano letivo de 2018: Ler para sonhar, escrever para criar. A oficina teve início na última quarta-feira (21) com aulas teóricas e será finalizada na sexta (23), com a pintura de um painel no muro da escola. A segunda oficina acontece à tarde, das 14h às 18h, também até esta sexta, na Escola Divino Espírito Santo, com o artista Paulo Marcolino, conhecido como Pixote. Na unidade, é explorado o tema da sustentabilidade e plantas tropicais. O assunto deve inspirar a pintura de um painel para uma nova área de convivência da unidade. A atividade marca o encerramento da oficina. Além das práticas, os estudantes vão conhecer um pouco do universo do grafite com aulas teóricas, que abordam temas como: Grafitti: Arte ou Cultura? Movimento Cultural Hip Hop, seus elementos e história; Sociedade: Violência, Opressão, Preconceito, Direitos civis, Ética; Cultura de Paz, Raça e Prevenção às drogas; Periferia, Favela ou Comunidade; Grafitti empreendedor: portfolio, currículo, redes sociais, fotografia; Patrimônio Público e Privado; Desenho: Camadas e Formas. As oficinas resultarão na pintura de 15 espaços na cidade, dentro das escolas ou em áreas das comunidades atendidas. As ações integram mais uma etapa do programa Colorindo o Recife. Nesta nova fase, além das oficinas, são realizadas intervenções em outros 15 locais. Desses, foi iniciada a grafitagem em dois pontos: a Ponte do Pina, por Everson Menor, do Coletivo Pão e Tinta; e do Conselho Tutelar da RPA 2, na Encruzilhada, por Flávio Barra. Com as oficinas e os novos painéis, pelo menos 30 grafiteiros serão beneficiados. Todos os artistas foram habilitados na convocatória pública feita pela Seturel. O objetivo do Colorindo o Recife é utilizar o grafite como instrumento de apropriação dos espaços públicos e de restauração da cidade. Locais dos muros: Cemitério dos Ingleses – Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar , Santo Amaro TV Universitária, Santo Amaro Muro ao lado da Upinha do Arruda – Avenida Professor José dos Anjos, Arruda Viaduto da Avenida Norte com Agamenon Magalhães ,Torreão Conselho Tutelar 2 – Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, Encruzilhada Hospital Helena Moura – Rua Cônego Barata, Tamarineira Muro da Maternidade Barros Lima – Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, Casa Amarela Muro na Avenida Abdias de Carvalho, Cordeiro Túnel Benfica – Rua Real da Torre, Madalena / Benfica Túnel Chico Science – Rua Chico Science, Ilha do Retiro Muro do Metrô de Afogados - Avenida Sul Governador Cid Sampaio, Afogados Ponte do Pina – Avenida Antônio de Góes, Pina Túnel do Pina – Rua Manoel de Brito, Pina Skate Park – Boa Viagem, Boa Viagem Espaços públicos e escolas beneficiadas com as oficinas: Centro Clarice Lispector - Rua Bernardino Guimarães, Santo Amaro Escola Reitor João Alfredo – Rua Senador José Henrique, Ilha do Leite Escola Costa Porto – Rua Cabo Eutrópio, Ilha Joana Bezerra Escola Antônio Heráclito do Rego – Rua Manoel Silva, Água Fria Escola Paulo VI – Rua Guaíra, Linha do Tiro Escola Profissionalizante Dom Bosco - Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, Casa Amarela Escola Professor Nilo Pereira – Estrada do Arraial, Tamarineira Escola São Cristovão – Rua Cassiterita, Brejo da Guabiraba Escola Municipal Iputinga – Rua Cel. Fernando Furtado, Cordeiro Escola Divino Espírito Santo – Praça do Caxangá, Caxangá Caps Rene Ribeiro – Rua Professor Augusto Wanderley Filho, Afogados Professor Antônio de Brito Alves – Rua Ernesto Cavalcanti, Mustardinha Dom Bosco - Rua Alvenópolis, Jardim São Paulo Escola Karla Patrícia – Rua Professor Eduardo Wanderley Filho, Boa Viagem Escola Florestan Fernandes – Rua Rio Parnaíba, Ibura Serviço O quê: Escolas municipais ganham oficinas de grafitagem do Colorindo o Recife Quando: nestas quinta (22) e sexta-feira (23). Onde: Escola Municipal da Iputinga, Rua Coronel Fernando Furtado, 479 – Iputinga – 8h às 12h Escola Divino Espírito Santo, na Praça Caxangá, 127 – Caxangá – 14h às 18h  

Colorindo o Recife leva oficinas de grafitagem para as escolas municipais Read More »

Abertas as inscrições para três novas Escolas Técnicas

A partir de hoje (18), a Secretaria de Educação do Estado (SEE) inicia as inscrições para o processo seletivo das três novas Escolas Técnicas Estaduais (ETEs), anunciadas no último dia 11 de dezembro. São 520 vagas ofertadas em quatro cursos integrados ao ensino médio. As inscrições seguem até o dia 05 de janeiro, por meio do sistema de seleção da Secretaria (https://sisacad.educacao.pe.gov.br/sissel/). Para participar, os candidatos devem ter concluído o Ensino Fundamental em 2017 e ter idade máxima de 17 (dezessete) anos no ato da matrícula. Para este certame são oferecidos quatro cursos: Agroecologia, Administração, Desenvolvimento de Sistemas e Logística. Os cursos serão oferecidos nas ETEs Maria Emília Cantareli, em Belém de São Francisco; Porto Digital, no Recife; e José Joaquim da Silva Filho, em Vitória de Santo Antão. A divulgação do resultado final está prevista para o dia 19 de janeiro, mediante exposição da relação nominal de candidatos com a nota e a situação do candidato em relação à classificação por Escola/Curso, no site da Educação. O início das aulas será no dia 05 de fevereiro. Mais informações: (81) 3183.9825 ou 3183.9832. (Governo do Estado de Pernambuco)

Abertas as inscrições para três novas Escolas Técnicas Read More »

8 colégios do Recife antigamente

Está no Recife a mais antiga escola em funcionamento do Brasil, o Ginásio Pernambucano, fundado em 1825. Outras instituições de ensino históricas têm sede na cidade, como o Liceu de Artes e Ofícios e o Colégio da Sagrada Família, de Casa Forte. Listamos hoje imagens de 8 colégios e escolas do Recife de antigamente. A maioria das fotos são do acervo da Fundaj. 1. Liceu de Artes e Ofícios Inaugurado em 21 de novembro de 1880, o Liceu está localizado na Praça da República, vizinho ao Teatro Santa Isabel. O prédio é um projeto do engenheiro pernambucano José Tibúrcio Pereira de Magalhães, que projetou também a Alepe. 2. Colégio Marista do Recife O colégio, localizado na Avenida Conde da Boa Vista, fechou as portas em 2002. A escola foi fundada em 1924. No seu lugar foi construída uma loja do atacado. 3. Escola Normal Oficial de Pernambuco 4. Colégio Nóbrega Fundado em 1917, o colégio católico fechou as portas em 2006. Foto: site da Unicap 5. Colégio Sagrada Família, em Casa Forte De acordo com Lucia Gaspar, da Fundaj, "Em 1907, o imóvel foi adquirido pelas irmãs francesas da Congregação da Sagrada Família que, após uma grande reforma, ali instalaram um colégio para moças em 1911". 6. Escola Manoel Borba 7. Ginásio Pernambucano Segundo Lucia Gaspar, da Fundaj, esse foi um dos mais famosos colégios de Pernambuco. Em 1859 recebeu uma visita do imperador Dom Pedro II. 8. Escola João Barbalho Nas imagens abaixo o laboratório de antropometria e as aulas de bordado. Se você tem alguma imagem antiga do colégio onde estudou, nos envie a foto, pretendemos fazer outras postagens com escolas antigas: rafael@algomais.com

8 colégios do Recife antigamente Read More »

MEC libera R$ 287 milhões para conservação de escolas

O Ministério da Educação liberou R$ 286,97 milhões para escolas públicas de educação básica de todo o país. O montante foi repassado por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) às unidades executoras de escolas estaduais e municipais, e é referente à primeira parcela do Programa Dinheiro Direto na Escola de 2017. Segundo o MEC, os recursos deverão beneficiar cerca de 21,7 milhões de alunos em 85,7 mil escolas. O benefício é destinado a pequenos reparos nas unidades de ensino e manutenção e conservação da infraestrutura das instituições. A verba também pode ser utilizada para a compra de material de consumo e de bens permanentes. O valor é pago às escolas em duas parcelas durante o ano. O PDDE foi criado em 1995, com o objetivo de prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos. (Agência Brasil)

MEC libera R$ 287 milhões para conservação de escolas Read More »