Arquivos Gastronomia - Página 3 De 6 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Um olhar para a soberania nutricional e alimentar

Os hábitos alimentares se formam dentro de um contexto cultural e social, gerando impacto na história de cada nação e, consequentemente, na cidadania. Essa visão global, a partir da significação dos alimentos será tema do Seminário Cozinha Regional Pernambucana & Educação Alimentar, no dia 6 de novembro, das 8h às 17h, no Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas), com acesso gratuito a quem se inscreveu previamente. A coordenação do evento é do pesquisador Raul Lody, especialista em antropologia da alimentação. “Este é um tema absolutamente atual, considerando os cenários da globalização que mostram haver uma tendência para uniformizar os modelos de hábitos alimentares”, explica. “Por isso muitos acervos gastronômicos de povos e de comunidades necessitam de ações educativas no âmbito da comida como uma forma de proteção dos processos culinários”, completa Lody. Ele ressalta que o Seminário será uma imperdível oportunidade para discussões e reflexões sobre diversidade, direito à diferença, à alteridade, à identidade alimentar; à soberania alimentar e nutricional nos cenários das cozinhas de Pernambuco. Temáticas – O evento será organizado em mesas-redondas, com especialistas em áreas específicas: alimentação, gastronomia, educação, nutrição e antropologia. Cada segmento irá discutir um tema, como a valorização dos ingredientes regionais de Pernambuco, o reconhecimento da agricultura familiar e da biodiversidade na construção da educação alimentar; pertencimento, cultura alimentar regional e gastronomia pernambucana; os aspectos nutricionais dos alimentos de terroir; e educação e soberania alimentar no ensino formal. Realizado pela Aurora 21, com incentivo do Funcultura, o Seminário é voltado a profissionais e estudantes de gastronomia e cozinha, mas também direcionado a diversas outras áreas como nutrição, história, comunicação, antropologia e mesmo interessados em direitos sociais e pesquisa na área alimentar. Confira a programação: Credenciamento – 8hs às 9h Abertura – 9h às 9h15 Coordenação das mesas – Antropólogo Raul Lody Mesa 1 – 9h15 às 10h15h Valorização da Agricultura Familiar e da Biodiversidade na Construção da Educação Alimentar Participações: Juliana Dias, Jornalista especializada em Gastronomia, Doutorado em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (UFRJ) Severino Ramos, Mestre em Educação (UFPE), Coordenador do Armazém do Campo (MST/PE, com atuação no Instituto Agroecológico Latino Americano/Paulo Freire (Venezuela) Mesa 2 – 10h30 às 11h30 Valorização dos Ingredientes Regionais de Pernambuco Participações: Rivandro França – Etnochefe, Pesquisador de Ingredientes, comanda o Restaurante Cozinhando Escondidinho, no Recife Juciany Medeiros, Nutricionista (UFPB) e Doutoranda em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial (UFPE) Mesa 3 – 14hs às 15:00h Os Aspectos Nutricionais dos Alimentos de terroir. Participações: Sandra Marinho, Nutricionista (UFPE). Certificação de Suficiência, Investigadora na Área de Antropologia Social (Universidade de Salamanca) Adilson Santana – Cozinheiro e Consultor em Gastronomia, Praticante da Ecogastronomia em Plantas Alimentícias Convencionais Mesa 4 – 15h15 às 16h15 Pertencimento, Cultura Alimentar Regional e Gastronomia Pernambucana Participações: Neide Shinohara, Farmacêutica-Bioquímica (UFRPE), Pesquisadora de Ciência e Tecnologia de Alimentos e Cultura Alimentar Isabella Jarocki – Jornalista e Turismóloga, Pesquisadora de Gastronomia e Hospitalidade Encerramento – 16h30 Entrega de certificados 17h --

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Delícias para quem tem restrição alimentar

Quando a quarta filha de Teresa Miranda, Maria Júlia, nasceu com autismo, há 12 anos, a então professora de creche municipal procurou alternativas para aumentar a qualidade de vida da pequena. Entre suas procuras, Teresa se deparou com o livro Autismo – Esperança pela Nutrição, de Cláudia Marcelino. Exatamente nesse momento sua vida mudou. Ela passou a conhecer a chamada culinária inclusiva, que visa a integrar à sociedade pessoas com necessidades alimentares especiais. “É a culinária que coloca na mesma mesa, a maioria das restrições alimentares. Vai desde o diabético até a pessoa que é fit”, elucida a chef. Teresa resolveu apostar nesse caminho alternativo como novo estilo de vida. “Não tem comprovação científica, mas a culinária inclusiva é uma dieta que ajuda muito no desenvolvimento e como coadjuvante nas terapias do autista”, assegura. “A esperança do livro, não é a cura, mas a esperança de melhora”, explica. Segundo Teresa, a criança com autismo tem um nível maior de sensibilidade e o intestino mais facilmente irritável. A dieta inclusiva atenua essas irritações e torna o cotidiano do autista mais agradável. Depois de se aposentar do trabalho de professora, Teresa percebeu que suas receitas inclusivas começaram a fazer sucesso e não só entre aqueles que tinham restrições alimentares. No começo, Teresa preparava seus quitutes para as Super Mães, grupo de mães de autistas. “Comecei a receber ligações de pessoas dizendo: ‘Olha, meu filho é celíaco, faz um brownie. Minha filha é alérgica a ovo, faz sem ovo por favor”, relembra. Os pedidos foram um estímulo para estudar e se especializar na área. Dessa experiência surgiu a Dom Sabores, um petit café abrigado no espaço Casa das Asas, com o cardápio voltado à culinária inclusiva. “Na cozinha da Dom Sabores foram retirados os principais produtos alergênicos (que podem produzir algum tipo de reação alérgica), como: glúten, leite e derivados, ovo, açúcar, farinhas que tenham multi ou poli refinamento e produtos transgênicos, como a soja e o milho", explica. Apesar da ausência desses ingredientes, os quitutes são de dar água na boa. “Quando diziam que certo prato era sem glúten, sem leite, sem ovo, sem açúcar, o que é que vinha depois? O sem sabor!”, brinca a fundadora da Dom Sabores. “Além da inclusão, eu prezo acima de tudo pelo sabor, isso é um diferencial”, garante. O carro-chefe da casa são os brigadeiros, famosos pela mesma consistência e sabor dos tradicionais. Segundo Teresa, o "algo mais" do brigadeiro está na receita, que se atém à original substituindo os ingredientes por aqueles mais próximos dentro da proposta inclusiva. “O brigadeiro convencional é feito com leite condensado, manteiga e chocolate. Como eu não posso usar produtos lácteos, fiz um curso e aprendi a fazer um leite condensado com leite de amêndoas, de castanhas e de arroz integral. Faço a condensação, a manteiga substituí por um pouco de óleo de girassol e o chocolate transformei em cacau”, explica. A casa fornece uma grande variedade de opções de lanches, como: biscoitos de polvilho, pizzas, beijinhos, tortas, brioches, coxinhas (vegana e de frango), pães de queijo, bolos de bacia, tortinhas (vegana e de frango), brownie, todos feitos com ingredientes da culinária inclusiva. Apesar de manter um cardápio fixo, o café adapta a sua produção à demanda dos clientes. “Existem aqueles que pedem coisas específicas, próprias para as suas necessidades, e fazemos a adaptação. Então nosso menu é inclusivo ao mesmo tempo que é adaptativo”, esclarece Amanda Miranda, filha mais velha de Teresa e assistente de cozinha da mãe, nas horas vagas. Hoje, Teresa faz parte do Coletivo de Cozinhas Inclusivas do Brasil e também fornece para escolas que têm crianças alérgicas ou veganas que fazem lanche coletivo. A Dom Sabores atende encomenda para festas infantis, aniversários, formaturas e qualquer outra celebração, além de fazer entrega delivery. O público de Dom Sabores é formado, majoritariamente, por mães que ainda amamentam, ou cujos filhos têm APLV (alergia a proteína do leite de vaca) e pessoas com estilo fit. A localização dentro da Casa das Asas foi um casamento perfeito, já que é um espaço voltado para as crianças brincarem. “A ideia era ter um café para que as pessoas que não conhecem a culinária inclusiva pudessem conhecê-la”, pontua a proprietária do local. “Mas não só isso, as pessoas podem trazer o filho pra brincar e não precisar trazer o lanche. Ou ainda tomar um café e um petisco, enquanto a criança brinca. Como aqui tem wifi, os pais podem trabalhar enquanto comem e os filhos se divertem”. O diferencial do café está em não se especializar no menu de almoço. “Feijão, arroz integral, espaguete de abobrinha ou sem glúten, as famílias já cozinham em casa no dia a dia. Mas e o lanche?”, questiona a cozinheira. “Não tem nada mais triste do que você ir pra uma festa e ver o seu filho voltando pra mesa pra comer a marmita dele sozinho. Eu procurei trazer sabor para quem tem essa alimentação restritiva”, destaca. “Minha comida não é fit, minha comida é inclusiva. Ela tem menos caloria? Ótimo! Ela ajuda na dieta? Ótimo. Mas o meu propósito é ver as crianças com restrições alimentares lanchando igual a todas as outras”. Serviço Casa das Asas, Rua Dom Sebastião Leme, 81. Bairro das Graças. Encomendas por Whatsapp: (81) 99458.7499. *Por Yuri Euzébio

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Programação para as crianças na Feirinha da Torre

A 10ª edição da Feirinha da Torre, no dia 12 de outubro, será ainda mais especial com uma programação voltada para o público infantil. A proposta desse evento, que conquista cada vez mais apreciadores das artes manuais, expostas à venda de forma simpática, ordenada e responsável, é trazer adultos e crianças para vivenciarem juntos atividades lúdicas e culturais, além de uma programação musical que vai fazer muita gente grande se sentir pequena de novo! O Festival Vida de Insetos foi desenvolvido pelos alunos do Programa de Pós-Graduação em Entomologia Agrícola (PPGEA), do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Esta edição itinerante vem para a Feirinha da Torre por meio do Projeto Ciência na Praça e, de forma lúdica, com especial enfoque nas crianças, divulga a importância dos insetos para a comunidade não científica. ciência na praça Contação de histórias -Ofcina de bordado* *(para crianças de 8 a 12 anos) - Oficina de horta e a divertida Maria Fuxico não vá esquecer Feira com Conceito A proposta da Feira de fazer uma reflexão sobre o consumo consciente e a saúde do planeta, traz o conceito de Economia Circular na comercialização dos trabalhos expostos: para cada compra realizada, o cliente da Feirinha da Torre recebe uma «moeda social». Ao acumular 5 destas, pode-se trocar por uma ecobolsa, de uso permanente, confeccionada com reaproveitamento de banners descartados pelas empresas. Desta forma, além de promover sustentabilidade social (comprando diretamente do pequeno produtor, o artesão), esse consumidor vai colaborar com a redução de sacolas plásticas no meio ambiente.feira cultural O palco da Feirinha da Torre é um veículo condutor da nossa cultura! Teremos momentos únicos com poesia, música, alegria e toda leveza que o ambiente sugere. Elencamos algumas atrações que se apresentarão a partir das 16h nesse palco: abrindo a programação Cantigas de Mamulengos. O espetáculo reúne mãe e olho, num diálogo sonoro musical com o boneco de ventríloquo Cabriolé, em temas como a preservação do meio ambiente. A premiada Maria Oliveira, há 37 anos com teatro de bonecos e Lucas Oliveira de Moura - o músico, professor e pesquisador, que dividiu palco com nomes também importantes como Elomar e Vital Farias, encarna agora o papel de Mateus. A festa segue com a artesã e arteterapeuta Mila Andrade, que descobriu mais um talento: escrever e ilustrar livros infantis. Ela conta esta história e lança seu livro «O pássaro Bilú e o Jacarão». Na sequência, a ternura de Jade e Ygor - Cantando pra gente pequena. Ela atriz e ele músico. Juntos, anaram um repertório que vai passear por Guilherme Arantes, Palavra Cantada e Mundo Bita, dentre outras preciosidades que, com o auxílio luxuoso do pandeiro e violão, encantarão adultos e crianças. Para o encerramento a música do Coro Ars Canticus - Laboratório de Vozes. Trata-se de um projeto de extensão do prof. Dr. Sérgio Deslandes, do deptº de música da UFPE. O grupo existe desde 2010 já se apresentou em Salvador/BA, João Pessoa/PB e, através do Projeto UFPE no meu quintal, em Betânia /PE. SERVIÇO: o quê? Feirinha da Torre Quando? 12/10/19 Onde? Praça José Sales Filho (esquina da Av. Beira Rio com Rua da Benjamin Constant. Evento cultural gratuito

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Mercado da Boa Vista: do queijo, da fava, do sarapatel

Um mercado tradicional é aquele que se apresenta com muitos anos de vida naquele território, naquela região; e, traz histórias; e é, sem dúvida, um lugar para se viver uma cidade, uma região, um povo. As relações sociais realizadas no mercado possibilitam introdução à cultura do território, e isto traz uma ampla e rica experiência para o consumidor. O mercado mostra um expressivo cenário social, mostra também um conjunto de ingredientes, de produtos, de pessoas, de ofícios quando juntos revelam a identidade do território. Trago o Mercado da Boa Vista, no bairro da Boa Vista, no Recife, um mercado que eu frequento, aonde vou buscar queijo de coalho, de manteiga, aonde também quero fava verde, feijão de corda, batata doce, inhame, cará, banana -da -terra e quero ainda encontrar identidade e peculiaridade de território. Também para viver um caldinho de feijão, caldinho de peixe, um prato de sarapatel acompanhado de limão, de muita farinha de mandioca_ um verdadeiro manjar_ que é ampliado com uma “talagada” da “branquinha”,da boa e generosa cachaça. As ofertas de comida são muitas, e mostram um verdadeiro memorial das receitas tradicionais pernambucanas que são ali experimentadas e oferecidas ao sabor e ao reconhecimento do público. Comer no mercado é um ritual especial, uma espécie de interação entre os ingredientes “in natura” e as interpretações dos cozinheiros e cozinheiras com seus temperos, com suas técnicas que se apresentam como verdadeiras assinaturas culinárias . O mercado da Boa Vista, do século XIX como também o mercado São José juntam-se a outros 24 mercados municipais do Recife e ainda 27 feiras livres, e assim fazem uma ampla oferta de produtos e de testemunho da biodiversidade. O mercado consagra-se enquanto um território para encontros, conversas, celebrações, e muitos outros rituais de sociabilidades. Nos mercados tradicionais é possível provar os produtos, escolhe-se não só visualmente o que se deseja, mas também se experimenta. Farinha, queijo, frutas, e tantos outros. No momento da prova acontecem vários diálogos, um verdadeiro ritual de aproximação entre o vendedor, o mercado e o cliente. Há uma interação com as possibilidades do produto que revela e orienta o consumo. A sensação de experimentar algo que só a biodiversidade do lugar pode oferecer é uma confirmação de terroir, de que se está num lugar, de que se está no território do mercado. As memórias estão nos mercados, e lá com os ingredientes, produtos e ofícios, contam as suas histórias e trazem um sentido de vida. O mercado tem uma função legitimadora de consumo, de ofertas de produtos da região, de poder exercer alteridade. E assim, há sempre uma maneira peculiar de unir o consumo com a afetividade, de viver os rituais da humanização no comércio interativo no mercado. O mercado não é apenas um conjunto de produtos, de pessoas, de processos tradicionais de comunicação ; o mercado é uma ampla possibilidade para se experimentar relações sociais. Para observar diversas representações do meio ambiente. Para valorizar um sentimento patrimonial de pertença e de soberania alimentar.

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Espaço de carnes nobres abre na Zona Norte

O mercado de carnes ganha cada vez mais espaço entre os pernambucanos. Apostando nisso, o empresário Lula Martins trouxe para a Zona Norte, no cruzamento das ruas Santos Dumont e Teles Júnior, a boutique de carnes Lord Beef. O espaço trabalha carnes nobres das marcas Wessel, VPJ e Bassi; cortes para o dia a dia; e temperos como os das marcas Bombay, Chef N Boss e Cantagallo. Além de utensílios e outros ingredientes para churrasco. A proposta é oferecer tudo que o cliente precisa para montar a parrilla do final de semana.

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Uma café especial no mercado público

Os mercados públicos têm uma clientela e características mais populares. No entanto, há seis anos o Mercado da Encruzilhada, na zona norte do Recife, ganhou a operação de uma cafeteria especial. O Café do Bonde, que tem à frente as sócias Cláudia Magalhães e Ana Cláudia Martins, funciona no mesmo lugar que há 51 anos já eram servidos os tradicionais cafezinhos. Anteriormente, porém, sem a proposta de sofisticação dos pratos e da bebida mais querida do Brasil. Os grãos servidos no espaço são pernambucanos, vindos do Sítio Recanto da Ingazeira, de Taquaritinga do Norte. A maioria dos itens do cardápio são de produção do próprio estabelecimento e com um toque de receita da família. O cuidado com o café, do grão à xícara, típico das cafeterias especiais, também está presente no Café no Bonde. Um dos diferenciais do espaço, está no relacionamento do público com o local, bem tradicional tal qual o mercado. "Na primeira geração das cafeterias, as pessoas iam para se reunir e conversar sobre política. Nesse aspecto temos um público típico da primeira geração. Gostam de discutir política. Tem tanto um público mais idoso, que vem há muitos anos ao mercado, como também seus filhos, que costumavam vir com os pais na infância", conta Ana Cláudia. Ela conta que os clientes que frequentam o café são predominantemente de orientação política de esquerda. E que não falta um bom debate no balcão. "Temos uma relação de muita afetividade com os clientes". O estabelecimento tem uma pequena estante de livros que ficam à disposição dos clientes, que podem levar para ler e trazer posteriormente. Podem dar uma folheada, enquanto apreciam o café. E podem trazer também algumas leituras para compartilhar com outros clientes do espaço. A literatura é uma arte apreciada pelas médicas e pelos clientes típicos do local. "Trocamos livros com os clientes. É uma ciranda da literatura", afirma Ana Cláudia. No cardápio, um dos destaques do espaço são os bolos. O de macaxeira, inclusive, tem a receita e é produzido pela mãe de Ana Cláudia, a Sra Zilda Martins, de 85 anos. As comidinhas de época, como os quitutes de milho no período junino, também são uma marca do local. Um dos destaques do cardápio, a foto abaixo, é a torta de maçã com ameixas, regado com mel de laranja e canela. . . Uma novidade recente do espaço que é bem apreciada pelos coffee lovers é a oferta da bebida preparada por grãos especiais vindos de outras regiões. Atualmente, estão no cardápio os cafés da Colômbia, do Espírito Santo e de Minas Gerais. "Nós abrimos a cafeteria com cafés especiais de Minas Gerais. Mas quando dissemos que tinha uma opção de grão pernambucano, bairrista como é o público local, não vendemos mais nenhuma xícara de fora. Hoje essas opções de cafés são apreciadas mais pelo público especializado", conta Ana Cláudia. Outra novidade do espaço mais recente é a venda de equipamentos de métodos de preparo dos cafés. Assim, os clientes que gostam da bebida preparada pelo Café do Bonde podem levar essa experiência para suas casas. O nome do local foi escolhido porque no passado passava e parava na Encruzilhada um bonde. "Aqui era uma estação de bonde. Escolher esse nome para o espaço é uma forma também de resgatar essa memória", conta Ana Cláudia. Para quem não conhece ainda o Mercado Público da Encruzilhada, trata-se de um espaço mais organizado que a maioria dos mercados do Recife e que opera de uma forma bem tradicional ainda. É uma experiência cultural na capital pernambucana. O prédio tem uma fachada no estilo da Art Déco. Vale a pena visitar também por esse motivo. E, claro, aproveitar para tomar um bom café e trocar uma ideia sobre política. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) . VEJA TAMBÉM   Café Mais Prosa: Um café familiar na Zona Norte . Na Venda, tradicional café das Graças inova no cardápio . Leiva: um café artesanal e uma inspiração familiar . Lalá, o café afetivo do bairro das Graças . Cordel, o novo recanto dos cafés especiais no Parnamirim  

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“Bolo que te quero bolo”

Tão próximo do açúcar, das receitas das casas, dos doces de rua, dos mercados, das padarias, das “boleiras ”,Gilberto Freyre desenvolve um olhar afetivo que se junta ao método de traduzir as relações sociais pelos muitos preparos culinários com os doces do cotidiano e da festa, em especial destacando o bolo enquanto uma verdadeira comida- símbolo de Pernambuco. Gilberto Freyre no seu livro “Açúcar: em torno da etnografia, da história e da sociologia do doce no Nordeste canavieiro do Brasil” com numerosas receitas raras de doces e bolos da região e, para efeitos de comparação, algumas de outras áreas brasileiras e outras tantas de Goa (Índia Portuguesa), reunidas e selecionadas pelo autor ; afirma seu olhar e a sua plural leitura sobre uma multiculturalidade fundadora da civilização do açúcar, dos doces e na formação de paladares regionais que valorizam o que é doce. E Gilberto localiza e enfatiza a doçaria de Portugal, diga-se uma doçaria já mundializada a partir do século XVI, e destaca as muitas opções de receitas de bolos, sim muitos, variados, para as casas, para as festas, para as devoções religiosas. No caso do Nordeste os bolos identificam os engenhos de açúcar ,enquanto verdadeiros brasões construídos nas receitas particulares e autorais, que são essencialmente simbólicas de uma história e de uma família. Para Gilberto, cada bolo é muito mais do que uma receita. O bolo traz uma variedade de temas, de personagens, de localidades, de santos de devoção, entre tantos outros motivos. Cada bolo tem a sua individualidade, e marca, e assim mostra seus territórios de afetividade, de celebração, de religiosidade, de homenagem. Cada bolo é certamente uma realização gastronômica de estética e de sabor, e na sua maioria traz ingredientes nativos, “da terra”, mais uma maneira de atestar identidade. Assim, bolo São Bartolomeu, bolo Divino, bolo São João, bolo Souza Leão; bolo Souza Leão à moda da Noruega, bolo Souza Leão-Pontual, bolo de milho D. Sinhá; bolo de milho Pau-d’alho, bolo Guararapes, bolo Paraibano, bolos fritos do Piauí; bolo de bacia à moda de Pernambuco, bolo de rolo pernambucano, entre tantos. O bolo traz uma intenção, uma assinatura, uma receita; uma intenção pessoal ou coletiva, regional. Ele marca o terroir do doce em Pernambuco. Também o significado de um bolo é repleto de valores familiares, de festas, de ritos de passagem; dos prazeres de se viver o milho, a mandioca, o chocolate, as frutas, os cremes; as coberturas de açúcar e frutas cítricas com a técnica do “glacê mármore”, branco e compacto, uma verdadeira delicia de cobertura, e se o bolo for o de frutas mergulhadas no vinho do Porto ou Moscatel, com a estimada receita de “bolo de noiva”, uma releitura do bolo de frutas inglês, um bolo do tipo “bolo-presente” para festas e celebrações. Chegadas, permanências, sugestões, informações gerais, experiências pessoais, etnografias participativas; festas de santos, especialmente os de junho, com rica culinária a base de milho; festas em casa com a família; festas no tempo de carnaval com filhoses e suas caldas perfumadas; ou no Natal, pastéis de carne temperada e pulverizados de açúcar; num verdadeiro laboratório de gostos, de buscas, de descobertas pela boca e pela emoção. Contudo está no bolo, na sua variedade e nos seus estilos, onde o pernambucano encontra sua identidade, sua história e seu pertencimento cultural. RAUL LODY.

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Ernest, o bistrô dos cafés e empadas especiais

Há alguns anos Neide Wink trabalhava como gestora em uma concessionária. Com a crise econômica veio o desemprego e novos desafios. Uma irmã sugeriu: por que você não faz empadas? Mesmo sem habilidades profissionais de cozinha naquela época, ela começou a testar. Mão na massa literalmente e após alguns meses, Neide e a filha Ane Wink empreenderam investindo uma food bike, a Empabike. Com um pouco mais de um ano passou a servir café, acompanhando as suas já procuradas empadas em um food park. A boa combinação e o crescimento das cafeterias no Recife levou mãe e filha ao novo negócio em ascensão: as casas de cafés especiais. Elas assumiram em 2018 o Ernest Café, no bairro do Espinheiro, que estava fechado há alguns uns meses. Com a reconquista da antiga clientela e muita criatividade das novas donas, o local voltou a cair no gosto do público da Zona Norte. Hoje tanto Ane como Neide são baristas e preparam os cafés especiais em diferentes métodos na casa. O Ernest traz diferentes grãos de café especial a cada mês. No dia da nossa visita, a casa tinha grãos catuaí vermelho e o catuaí amarelo, um do Espírito Santo e o outro de Minas Gerais. O empreendimento é membro da Associação dos Empresários do Café de Especialidade de Pernambuco (Ascape) e participa do evento Recife Coffee desde 2018. O cardápio traz bolos, quirches, sanduíches e, o carro chefe da casa, as empadas. Neide conta que 90% produtos da casa são de produção própria. A empada mais pedida do público frequentador é a de queijo do reino. Mas, entre outros sabores mais pedidos, Neide destaca uma: "Temos uma exclusividade que é a empada de carne de panela, com molho barbecue e geleia de cebola caramelizada". Conectada a sua especialidade, em julho a casa promoveu o primeiro Festival de Empadas. Para o segundo semestre, a segunda edição do evento está sendo preparada. . . Além dos cafés, doces e salgados, há seis meses a casa virou também um bistrô, oferecendo novas opções de refeição. Os crepes, inhoques, saladas e omeletes entraram no cardápio do Ernest, que passou a receber um público maior também para almoço no espaço. "Buscamos sempre inovar para não ficar na mesmice. Estamos sempre incluindo novas comidinhas no cardápio", conta Neide. Além da segunda edição do Festival de Empadas, o Ernest Café e Bistrô está com outras novidades. No final do ano, Ane promete que o espaço voltará a oferecer oficinas de preparo de cafés para os clientes. "Há um público que quer aprender os métodos para fazer seu próprio café especial e procura por essa formação", conta. O espaço já vende o café e os utensílios para o preparo de diferentes métodos em casa. . . Outro serviço que passa a ser ofertado pelo Ernest é um sistema de delivery próprio para os bairros mais próximos. Hoje, o empreendimento já vende seus produtos também pelos principais aplicativos de pedidos de refeições. Serviço Ernest Café e Bistrô R. do Espinheiro, 280 - Espinheiro, Recife Segunda a sexta de 10h às 19h Sábado de 10h às 15h Domingo de 15h às 19h . *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com) . VEJA TAMBÉM Café Mais Prosa: Um café familiar na Zona Norte . Na Venda, tradicional café das Graças inova no cardápio . Leiva: um café artesanal e uma inspiração familiar . Lalá, o café afetivo do bairro das Graças . Cordel, o novo recanto dos cafés especiais no Parnamirim

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Lody e o doce mais doce

“A monocultura da cana-de-açúcar foi a primeira grande ocupação colonial no Brasil”, diz o antropólogo e escritor Raul Lody em Doce Pernambuco. O título será lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) no dia 24 de agosto, dentro do projeto Tengo Lengo Tengo, no Museu Cais do Sertão. Antes dos autógrafos, Lody conversa com o escritor Frederico de Oliveira Toscano, autor do título vencedor do Prêmio Jabuti de 2015: À francesa – A Belle Époque do comer e do beber no Recife, editado pela Cepe. O debate intitulado Um papo doce acontecerá a partir das 17h. O 10º título de Lody focado no tema açúcar foi prefaciado por uma das maiores autoridades em antropologia da alimentação, Xavier Medina, presidente da Associação Internacional de Antropologia da Alimentação, sediada em Barcelona. A partir de uma abordagem histórica e etnocultural, em Doce Pernambuco o autor transcorre sobre o que chama de civilização do açúcar, especiaria desejada e rara no início dos caminhos que uniam Ocidente e Oriente. O antropólogo conta que o grama do ingrediente equivalia ao do ouro, de forma que chegava a ser ofertado como presente nobre. Nos 25 capítulos das 251 páginas Lody enumera cada uma dessas delícias do acervo gastronômico de Pernambuco, verdadeiros patrimônios como o alfenim, que o autor considera uma verdadeira expressão em arte popular feita de açúcar. Cita ainda o abacaxi e o caju como frutas telúricas emblemáticas do Brasil: “As frutas tropicais trazem um frescor nativo”, completa. Como num roteiro, o pesquisador traz receitas tradicionais nas páginas do Doce Pernambuco, título que amplia pesquisas e documentações antropológicas situadas nos contextos sociais e culturais. Desse modo, o leitor poderá fazer novas conexões entre as cozinhas orientais e as cozinhas tradicionais de Pernambuco. “O protagonismo do doce e do açúcar da cana sacarina são representações notáveis da identidade alimentar e do acervo gastronômico, que vive no cotidiano, nas casas, nas comidas de rua, nas padarias, e nas festas”, diz. Quem poderia imaginar que a rabanada tem procedência judaica ou que o filhós traduz uma receita muçulmana? “Dá-se ao que se come um sentido ampliado do lugar de feitura e do lugar do consumo”, salienta. A cartola, por exemplo, sobremesa tão pernambucana, nasce da combinação gastronômica da banana, “musa paradisíaca” da Ásia, com o queijo em sua versão de manteiga, culminada pela mistura de canela, que chegou do Ceilão pulverizada juntamente com o açúcar. É assim, de forma quase poética que o autor refere-se ao açúcar e suas combinações. No início das páginas de Doce Pernambuco, que contextualiza historicamente essa cultura, Lody discorre sobre a civilização do açúcar comoação coordenada pelos elementos: histórico, econômico, social, ecológico e cultural, que resultam na formação e no comportamento, identificando o homem brasileiro e, em especial, o homem nordestino. “Para Pernambuco, tudo isso é muito mais notável. A partir da plantation da cana-de-açúcar, não apenas à mesa se vive o açúcar; mas se vive no português que falamos, na arquitetura, nas tradições religiosas, nas festas populares, nos hábitos alimentares, nas escolhas estéticas, entre tantas outras”, explica. De acordo com o pesquisador, para a população do Nordeste há uma construção de imaginários e de maneiras de ver o mundo e de se autorrepresentar que transita pelos engenhos, que expõe desde o melado ou o mel de engenho até o açúcar moreno-mascavo. E com orgulho telúrico diz-se que “o doce de Pernambuco é o doce mais doce”. O AUTOR Raul Lody é antropólogo, museólogo, professor e pesquisador. Especialista em antropologia da alimentação com projetos de pesquisas no Brasil e no exterior, criador do Grupo de Antropologia da Alimentação (Fundação Gilberto Freyre), do Museu da Gastronomia Baiana. Também é um grande estudioso das religiões afro-brasileiras, com inúmeros livros publicados sobre o tema. Açúcar está fortemente presente na obra de Raul Lody, com nove títulos publicados sobre a temática: Caminhos do açúcar, Vocabulário do açúcar, À mesa com Gilberto Freyre, A doçaria tradicional de Pelotas, A cozinha pernambucana em Gilberto Freyre, Do mucambo à casa-grande, Desenhos e pinturas de Gilberto Freyre(Companhia Editora Nacional, 2007), e o mais recente que é o Museu Virtual do Açúcar, além de ter sido o organizador do Dicionário do doceiro brasileiro. Serviço Lançamento do livro Doce Pernambuco Data: 24 de agosto Horário: 17h às 19h Local: Museu Cais do Sertão Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Recife Antigo Preço do livro: R$ 40,00 (impresso) e R$ 12,00 (e-book)

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Alimentação de qualidade é essencial no combate à insegurança alimentar

Erradicar a fome, consumir os nutrientes corretos e, até mesmo, praticar exercícios físicos são características que garantem a segurança alimentar à sociedade. Por causa da deficiência desses e outros fatores que englobam a questão, no Brasil, são 7,2 milhões são atingidos pela insegurança alimentar grave, segundo levantamento de 2018 da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Para se ter ideia, 60% dos brasileiros estão com sobrepeso, enquanto 20% estão obesos e 3% ainda passam fome. A OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que alguns nutrientes e alimentos são essenciais para uma alimentação saudável, afastando a sociedade da insegurança alimentar. São exemplos grãos integrais, frutas e legumes, leguminosas – como feijão e lentilha – e alimentos de origem animal. Em sinergia, o Ministério da Saúde recomenda o aumento do consumo de comida caseira como aliado ao combate à obesidade. “O Brasil produz alimentos ricos em nutrientes, como diversos vegetais e grãos, a exemplo da variedade de tipos de feijão, e devemos aproveitar esta característica para melhorar a qualidade da nossa alimentação”, afirma Lucas Oliveira, nutricionista formado pela USP (Universidade de São Paulo). Sempre priorizando a segurança alimentar da população brasileira, a Broto Legal Alimentos é a única marca brasileira a ter o Selo de Análise Contra Agrotóxico. “Nós buscamos os melhores grãos, fazemos a análise do produto e enviamos para o Instituto Biológico de São Paulo, para ter certeza que o produto é seguro para as pessoas”, destaca Lívia Pereira, engenheira de alimentos da marca. Pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com o apoio da FGV (Fundação Getúlio Vargas) aponta que o país desperdiça mais de 130 quilos de comida por ano. Por isso, a segurança alimentar é um assunto que precisa ser debatido. “Precisamos eliminar o desperdício na nossa alimentação para erradicar a fome e garantir uma alimentação equilibrada a todos”, finaliza Oliveira.

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