Arquivos Mulheres - Página 2 De 8 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Mulher na engenharia

Mulheres na Engenharia: desafios persistem em um setor ainda dominado por homens

Apenas 20% dos profissionais registrados são mulheres; mudança cultural e apoio institucional são fundamentais Embora cada vez mais mulheres ingressem nos cursos de Engenharia, o preconceito e os desafios no mercado de trabalho ainda são realidade. Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), apenas 20% dos profissionais registrados no Brasil são do sexo feminino. O número reflete barreiras culturais que começam na escolha da carreira e se estendem até a inserção no mercado, onde muitas enfrentam desconfiança e discriminação. A professora Ivete Faesarella, dos cursos de Engenharia da Wyden, conhece bem essa realidade. “Trabalhei como gerente de produção numa fábrica de bebidas e por ser mulher e com pouca idade enfrentei preconceitos. Os colaboradores, a maioria homens e mais velhos que eu, não confiavam no meu trabalho, dificultando muito a implementação das melhorias no processo.” Situações como essa ainda são frequentes, especialmente para mulheres em posições de liderança. Para mudar esse cenário, tanto universidades quanto empresas precisam adotar iniciativas concretas. Instituições de ensino podem incentivar a presença feminina com eventos e mentorias com engenheiras atuantes no mercado. Já as empresas podem criar programas de trainees voltados para mulheres, promovendo um ambiente mais diverso e inclusivo. “Mesmo com dificuldades, elas não precisam abandonar o sonho. Existe uma rede de apoio que elas podem contar”, reforça Ivete.

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Presença feminina cresce na Administração Pública Federal e atinge 45,6%

Mulheres ocupam 76% dos cargos de direção criados pelo atual governo, reforçando avanços na igualdade de gênero. Foto: André Corrêa / MGI A participação das mulheres na Administração Pública Federal continua em ascensão. Dados do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) apontam que, até janeiro de 2025, elas representavam 45,6% do total de servidores ativos, alcançando 261,4 mil profissionais. Esse percentual reflete um crescimento de 3,21% em relação a 2022. Nos cargos de direção e assessoramento de nível mais alto, a presença feminina subiu de 34,9% para 39,2%, com destaque para as novas funções criadas pela atual gestão, em que 76% das vagas foram preenchidas por mulheres. Além do crescimento na ocupação de cargos públicos, o governo tem investido na estruturação de secretarias para políticas voltadas às mulheres. A ministra Cida Gonçalves lançou, durante o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, um guia para incentivar a criação dessas secretarias nos estados. Desde 2023, R$ 4 milhões foram destinados à aquisição de equipamentos e à capacitação para fortalecer essas políticas. A ampliação do orçamento do Plano Plurianual (PPA) 2024-2027 prevê R$ 423 milhões exclusivamente para ações voltadas às mulheres, além de outros R$ 13,7 milhões em recursos transversais. O governo também registrou mudanças na promoção da igualdade de gênero no mercado de trabalho com a Lei de Igualdade Salarial, sancionada em 2023. Empresas com mais de 100 funcionários devem garantir transparência salarial e adotar medidas contra a discriminação. O terceiro relatório sobre o tema será divulgado em março e trará dados sobre desigualdade de remuneração e ações de inclusão. Paralelamente, editais de licitação passaram a reservar 8% das vagas para mulheres vítimas de violência doméstica, garantindo inserção no mercado de trabalho e autonomia econômica. No combate ao assédio e discriminação no setor público, o Programa Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio, criado em 2024, tem fortalecido políticas de proteção às trabalhadoras. Com iniciativas estratégicas e ações estruturadas, a administração pública avança para tornar o ambiente institucional mais equitativo e inclusivo, consolidando o protagonismo feminino no setor público e na economia.

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Recife celebra o Dia da Mulher com folia, capacitação e luta por direitos

Programação inclui bloco carnavalesco e mais de 250 vagas em cursos gratuitos O Dia Internacional da Mulher será celebrado no Recife com uma programação que une cultura, capacitação e engajamento social. No dia 8 de março, a Prefeitura promove o arrastão carnavalesco do bloco Nem Com uma Flor, puxado pelo grupo Baque Mulher, que percorrerá as ruas do bairro do Recife ao som de maracatu, afoxé e frevo. Além da folia, a cidade oferece 257 vagas em cursos e oficinas gratuitas voltadas para o empoderamento feminino. Segundo a secretária da Mulher, Glauce Medeiros, o evento reforça o compromisso com a igualdade de gênero e o combate à violência contra a mulher. "Um momento de valorizar a luta das mulheres por mais direitos na lei e na vida", destacou. A concentração do bloco será às 14h, no Paço do Frevo, reunindo artistas, coletivos feministas e lideranças sociais em um grande cortejo temático. A programação do mês inclui cursos e oficinas em diversas áreas, como gastronomia, costura, audiovisual e tecnologia. As inscrições acontecem até o dia 13 de março pelo Conecta Recife, com vagas preenchidas por ordem de cadastro e cotas específicas para mulheres negras, indígenas, trans e vítimas de violência doméstica. As aulas iniciam em 18 de março. Destaque ainda para a oficina de Iniciação em Inteligência Artificial para Mulheres, no dia 22 de março, e o curso de bordado artesanal com a artesã Mariana Bonfim. O Centro Marta Almeida também oferece uma exposição permanente sobre conquistas femininas e um ponto de leitura com acervo majoritariamente composto por autoras mulheres. Serviço 📍 Arrastão Carnavalesco Nem Com uma Flor📅 Data: 08/03 (sábado) | ⏰ Horário: 14h📌 Local: Paço do Frevo – Praça do Arsenal, Recife📅 Inscrições para cursos e oficinas: 08 a 13/03 via Conecta Recife📞 Contato Centro Marta Almeida: (81) 99488-4803📧 Email: centromarta.almeida@recife.pe.gov.br Para apoio a mulheres em situação de violência:📞 Plantão WhatsApp (24h): (81) 99488-6138 | ☎ Liga, Mulher: 0800 281 0107

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Glauce Medeiros

"A questão financeira é um dos fatores que impossibilita as mulheres de quebrarem o ciclo da violência"

Titular da Secretaria da Mulher, da Prefeitura do Recife, Glauce Medeiros fala dos programas que contribuem para a população feminina gerar sua própria renda, que tem beneficiado vítimas de violência doméstica. A iniciativa tem colecionado prêmios, o mais recente, Chamada de Boas Práticas para Políticas Locais de Gênero, foi entregue na 29ª Cúpula de Mercocidades, na Argentina. E m 2020, o recém-eleito prefeito João Campos anunciou um secretariado com paridade de gênero. As fotografias do primeiro escalão da gestão, tradicionalmente masculinas, ganharam uma nova face naquele ano. A escolhida para a função de Secretária da Mulher foi a socióloga Glauce Medeiros. Feminista, vinda dos movimentos sociais, e pesquisadora de gênero, ela já estava como interina após a saída de Cida Pedrosa da pasta para a disputa eleitoral naquele ano. Quatro anos depois, além de avançar no trabalho mais típico desses órgãos, que é a prevenção e o enfrentamento à violência contra as mulheres, a secretaria registrou experiências exitosas no campo da promoção da autonomia financeira, especialmente no apoio ao empreendedorismo feminino. Motivações para isso não faltaram. No ano da pandemia, nada menos que 99,5% das baixas de carteira assinada foram de mulheres. Além disso, a percepção de quem está no atendimento direto à violência doméstica e sexista aponta que um dos fatores que mantém as mulheres convivendo com os agressores é a falta de renda. Os projetos ganharam reconhecimento nacional e internacional e culminaram na instalação do Centro de Promoção dos Direitos da Mulher Marta Almeida, que não é focado em vítimas de violência, mas é aberto a todas as recifenses que pretendem se capacitar para o mercado de trabalho, seja para disputar vagas ou para montar seus negócios. A maioria das ações que acompanhamos das Secretarias da Mulher distribuídas pelo País focam apenas no enfrentamento à violência. O Centro Marta Almeida, que foi inaugurado neste semestre, faz uma atuação no fortalecimento econômico das mulheres. Por que vocês fizeram essa virada de chave? Esse é o primeiro equipamento municipal de políticas para mulher da gestão da Secretaria da Mulher que atua no fortalecimento sociopolítico, e que contribui para a promoção da autonomia financeira das mulheres. A iniciativa apoia as empreendedoras e aquelas que buscam vagas de trabalho, com objetivo de criar oportunidades para que elas se empoderem do ponto vista político, social e econômico. O Centro Marta Almeida é para todas as recifenses, não apenas as mulheres em situação de violência. Na gestão de Cida Pedrosa (atual vereadora do Recife) foi idealizado esse espaço de formação e qualificação. Contudo também é uma política de prevenção e enfrentamento visto que a questão financeira é, muitas vezes, um dos fatores que impossibilita as mulheres de quebrarem o ciclo da violência. Não é que a mulher quando tem recursos não fique em situação de violência. Essa situação acontece independentemente de raça ou classe. Mas aquelas que não têm autonomia financeira tendem a sofrer mais violências e enfrentam mais barreiras no processo de saída. A violência doméstica e a psicológica são muito cruéis, retiram a identidade de sujeito político e de cidadã das mulheres. É fundamental fortalecer a mulher para que se entenda como cidadã, se previna da violência doméstica ou que possa dar os passos para sair desse ciclo. Uma pesquisa recente do DataSenado revelou que 85% das mulheres negras sem renda convivem com agressores. Essa percepção da relevância do fortalecimento econômico das mulheres é recente? Essa é uma bandeira histórica do movimento de mulheres. Há bastante tempo lutamos pela inserção delas no mercado de trabalho e igualdade salarial, a promoção da autonomia financeira contribui diretamente com o fortalecimento da cidadania e com o seu empoderamento. E não é que os governos não tinham essa percepção da importância da autonomia financeira, mas é que os equipamentos em geral são voltados à questão do atendimento à mulher em situação de violência. E a gente precisava ter um outro espaço para dar conta dessa outra dimensão da vida e também fortalecer essas mulheres que sofrem violências. Eu não tenho dúvida de que com esse trabalho vamos chegar também a várias mulheres que sofrem violência. Muitas que têm receio em acessar a rede, no Clarice Lispector (o Centro de Referência da Prefeitura do Recife que atende mulheres em situação de violência de gênero), já chegaram no Centro Marta Almeida e participaram de formações. Aqui elas perceberam que não estão sozinhas, que existe uma rede de apoio e juntas somos mais fortes, mesmo. Já ouvimos: “melhorei minha autoestima e agora sei que tenho valor.” Como tem sido a procura das mulheres por essas oportunidades de formação no Centro Marta Almeida? A gente divulga a abertura dos cursos, tem um processo de inscrição, fazemos as formações de cidadania, direitos das mulheres e humanos. Todo curso tem na carga horária de uma aula de fortalecimento, uma oficina bem lúdica, e buscamos a conexão com as oportunidades. A procura tem sido muito alta e com uma boa distribuição por RPA (Região Político Administrativa). Mesmo com poucos meses de inauguração e com restrições de divulgação, devido ao período eleitoral, 701 mulheres já foram matriculadas no centro e 457 delas se formaram em uma ou mais de uma capacitação. Qual o perfil dessas mulheres e de onde elas estão vindo? A gente tinha um receio de que a mulher que mora na periferia não conseguiria chegar aqui na unidade, que ocupa dois imóveis restaurados da Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife. Mas a experiência tem mostrado que nesse bairro tão central da cidade elas conseguem chegar. Das mulheres que chegam ao Centro Marta Almeida, 74% são pretas ou pardas. A maioria recebe até um salário mínimo, se somar com o público que tem renda de até dois salários mínimos, chegamos a quase 90%. Essa é a população que a gente tem focado. Que tipo de formação está sendo oferecida no Centro Marta Almeida? O Centro Marta Almeida tem um foco importante na formação e qualificação profissional. Nosso objetivo é capacitar as mulheres para que possam alcançar autonomia financeira, oferecendo

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CLAMOR NEGRO ODAILTA ALVES fotos ERIKA GONCALVES

3ª Mostra Rosa dos Ventres celebra produção artística de mulheres

Programação acontece entre os dias 1° de março a 03 de abril com performances, apresentações artísticas, oficinas, debates, lançamento de disco, entre outras atividades voltadas para o protagonismo da mulher na sociedade (Foto: Erika Gonçalves) É com a missão de ocupar cada vez mais espaços de protagonismo, equidade de gênero e independência da mulher que a “3ª Mostra Teatral Rosa dos Ventres – Autônomas e Diversas” abre as manifestações do Dia Internacional da Mulher com apresentações artísticas, debates e oficinas gratuitas que acontecem entre os dias 1° de março e 3 de abril. Nesta edição, as apresentações serão realizadas no Recife, Olinda e em outras cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), seguindo ainda pelo Agreste e Sertão pernambucano e, de forma digital, incluindo a participação de artistas e ativistas de outros estados brasileiros e outros países. A Mostra foi idealizada pela atriz, diretora de teatro e psicóloga, Hilda Torres, que é fundadora do Grupo Cria do Palco – realizador do evento – e que tem o músico e produtor cultural, Márcio Santos, como sócio e cofundador, contando ainda com a parceria de Áurea Luna, Anny Rafaella Ferli e Tiago Melo. Em 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil, segundo o Atlas da Violência de 2021, o mais atualizado. Contudo, esse mesmo estudo realizado em anos anteriores expôs um dado ainda mais chocante: a cada uma hora e meia uma mulher era morta no país. Chamando a atenção para esses números alarmantes, a abertura da Mostra acontecerá no dia 1° de março, das 7h às 20h30, com as performances intituladas “A cada 1h30 uma mulher reage no mundo”. As apresentações artísticas, compostas exclusivamente por mulheres, acontecerão a cada uma hora e meia, em diversos locais de Pernambuco. Ao final das intervenções, teremos ainda a leitura do manifesto intitulado “Autônomas e Diversas”, desenvolvido pela escritora e professora, Odailta Alves, contando com o apoio de várias mulheres, dos mais variados recortes. O manifesto também será lido ao longo de toda a Mostra, por mulheres de outros estados do Brasil e em outros países, como estratégia para ampliar o alcance do debate sobre a violência contra a mulher e a importância do protagonismo feminino em todos os espaços, através da arte. “A situação é grave e esses dados são inaceitáveis, totalmente revoltantes. Contudo, nutrimos a certeza de que podemos colaborar, através da arte, com essa bandeira que já teve tantos avanços e que ainda apresenta tantos desafios. Reconhecendo, honrando e continuando a colaboração das companheiras que vieram antes da nossa geração, seguimos. Acreditamos ser fundamental garantir cada vez mais espaços de protagonismo, equidade e independência da mulher em nossa sociedade. Enfrentar e avançar contra as estruturas opressoras, construídas através dos séculos, é um grande desafio, mas precisa ser uma ação contínua e coletiva, sempre com o compromisso da reparação histórica, compreendendo os processos em tempo e espaço, mas com posicionamentos firmes", ressalta Hilda Torres, idealizadora da Mostra. Nesta 3ª edição, a programação acontecerá de forma descentralizada, com atividades na Escola Pernambucana de Circo (Macaxeira), no Centro Cultural Grupo Bongar Nação Xambá (Peixinhos), no Sesc São Lourenço da Mata, no Sesc Santa Rita, no Espaço O Poste Soluções Luminosas (área central do Recife), no Território Xukuru (Pesqueira), na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, na Cooperativa Ecovida Palha de Arroz – Associação de Catadoras de Resíduos Sólidos, no Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, no Terra Café Bar, nas ruas e nos teatros Fernando Santa Cruz, Apolo e Hermilo Borba Filho. No total, serão apresentados ao público 25 espetáculos, dez performances artísticas, cinco oficinas, 01 lançamento de disco e 2 debates com temas específicos. Buscando incentivar um espaço de partilha através de vivências artísticas, a Mostra realizará cinco oficinas gratuitas para mulheres de todos os recortes. São elas: “Interpretação para Cinema”, com Clébia Sousa, no Sesc Santa Rita; “Iluminação Cênica para Mulheres”, com Natalie Revorêdo, no espaço cultural Daruê Malungo; “Teatro para Mulheres”, com Hilda Torres, no Sesc Santa Rita e na Cooperativa Ecovida Palha de Arroz; e “Palhaçaria para Mulheres”, com Anny Rafaella Ferli, na Colônia Penal Feminina Bom Pastor. PROGRAMAÇÃO COMPLETA: Performances “A cada 1h30 uma mulher reage no mundo”Data: 01/03/2023 (quarta-feira)Local: ruas do mundoHorários: 7h às 20hh307h – Mulheres do MST – Movimento Sem Terra Autônomas e Diversas, recitam na Normandia Caruaru – PE;8h30 – Mulheres do Sertão Autônomas e Diversas, performam em Arcoverde – PE;10h – Mulheres Palhaças Autônomas e Diversas, performam na Praça do Livramento, Recife – PE;11h30 – Mulheres gordas Autônomas e Diversas, performam na Praça do Diário, Recife – PE;13h – Mulheres trans Autônomas e Diversas, performam na Praça do Derby, Recife – PE;14h30 – Mulheres idosas Autônomas e Diversas, recitam no Mercado São José;16h – Mulheres combatentes da ditadura militar no Brasil Autônomas e Diversas, estarão presentes no Monumento Tortura Nunca Mais, Recife – PE;17h30 – Mulheres com deficiência física Autônomas e Diversas sambam nas rodas no Marco Zero;19h – Mulheres pretas Autônomas e Diversas ecoam poesias e cantos na Praça Chora Menino, Recife – PE;20h30 – Mulheres da roda de teatro Autônomas e Diversas performam no Pátio Santa Cruz;Observação: o manifesto “Autônomas e Diversas" será lido em cada intervenção citada acima, no dia 1º de março. Durante a programação, a produção da mostra receberá vídeos da leitura do manifesto de companheiras de outros Estados do Brasil e de outros países. 1º Espetáculo "Clamor Negro" (Recife-PE)Data: 02/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 19h Homenagem a Beta Galdino, Agrinez Melo, Kátia Virgínia, Sharlene Esse e TrianaData: 02/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 20h  2º Espetáculo "Ser Rizoma" (Recife-PE)Data: 03/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 19h 3º Espetáculo "Um Tango Entre Elas" (Recife-PE)Data: 04/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 16h e 18h 4º Espetáculo "BruxaRria - entre o Lírio e o Delírio" (Recife-PE)Data: 05/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 16h e 18h 1ª Oficina (Teatro para Mulheres com Hilda Torres)Data: 06/03/2023Local: Cooperativa Ecovida Palha de ArrozHorário: das 8h às 12h Lançamento do Disco "Retinta" de Riáh (Caruaru-PE)Data: 07/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 19h 5º Espetáculo "Foria" (Recife-PE)Data: 08/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 18h 6º Espetáculo "Soledad - a terra é fogo sob nossos pés" (Recife-PE)Data: 08/03/2023Local: Teatro Hermilo Borba FilhoHorário: 20h 7º Espetáculo "Cara de Pau" (Recife-PE)Data: 09/03/2023Local: Sesc São Lourenço da MataHorário: 19h 8º Espetáculo "Ombela" (Recife-PE)Data: 10/03/2023Local: O Poste Soluções LuminosasHorário: 19h 2ª

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Rafa Mattos faz intervenção artística com mensagem voltada para mulheres

O artista Rafa Mattos, apresentou nesta segunda-feira, na semana do Dia Internacional da Mulher, uma intervenção que enaltece a figura feminina. O corredor do piso principal do Shopping ETC, nos Aflitos, Zona Norte do Recife, recebe uma mistura de cores especiais: uma pintura que exprime uma mensagem de reflexão, mas que também chama atenção para o respeito, coragem, empoderamento feminino, igualdade de gênero e de raça.

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Viva às mulheres digitais e reais do universo dos games

Eita que hoje é o dia delas, das Mulheres, e você deve estar pensando, mas o que tem haver jogo com o Dia das Mulheres? 'Mai teco'!! Tu és um ‘abestado’ mesmo ‘meu véi’, pois saiba que no mundo dos jogos temos personagens, guerreiras e heroínas da ‘gota serena’. Quase sempre nos lembramos só de algumas, como Lara Croft da franquia Tomb Raider, que até filme virou. Tem também a nossa lutadora Chun-Li de Street Fighter, pense que as pernadas dela dava um ‘caldo’ nos adversários, ela até apareceu recentemente no jogo Fortnite, da Epic Games. Não podemos nos esquecer de duas personagens de títulos mais recentes, falo de Aloy de Horizon Zero Dawn, pense numa ‘Cabra da Peste’, e também a queridinha dos Prêmios de jogos de todos os tempos, a Ellie da franquia The Last of Us, que abocanhou mais prêmios do que The Witcher 3: Wild Hunt, totalizando, somente 259 prêmios, tais vendo só! Está achando que as duas novinhas de rostinho bonito têm medo de qualquer um, vai encarar uma delas para você ver o ‘baculejo’ que tu vai levar ‘meu véi'. Durante um ‘dedo de prosa’ com meu compadre Thiago Fraportti, pensamos em algumas guerreiras da ‘gota serena’ do mundo dos jogos que precisam ser lembradas não apenas no Dia Internacional das Mulheres, mas também por toda nossa saga de gamers e nerds. Então repare na lista abaixo, e se faltar alguma, deixe nos comentários. Para você não se meter a besta, a lista já começa com a Sarah Louise Kerrigan, a autointitulada Rainha das Lâminas que virou a monarca e controladora do enxame Zergs, uma raça alienígena de insetóides brabos que só a gota da franquia de StarCraft II, da Blizzard Entertainment. Meu véi, se meta com ela não que você ‘se lasca’ todinho!   Se você gosta das heroínas, lembramos de Chell, a protagonista silenciosa da série Portal I e II da Valve Corporation. A personagem tem que usar todo o tutano e o molejo para escapar das garras da ‘fela da gaita’ GLaDOS (Genetic Lifeform and Disk Operating System), uma espécie de núcleo central projetada para controlar e supervisionar a companhia Aperture Science.     Pensando em tecnologia, lembramos da inteligência artificial Cortana, da franquia de ficção científica Halo, exclusiva da Microsoft. No game a personagem é responsável para ajudar John-117, mais conhecido por ‘Master Chief’.     Os cabras, que dão valor às mulheres porretas, escolhem a versão feminina da personagem Commander Shepard, soldada veterana da Systems Alliance Navy, graduada pelo N7 do programa militar Interplanetary Combatives Training (ICT) da franquia Mass Effect da BioWare. No game o jogador pode escolher a opção masculina ou feminina para iniciar sua jornada. A tristeza é que a BioWare usou em todo material promocional da franquia a versão barbada, é um vacilo danado!   Falando ainda de games com atmosfera militar, temos a virada na gota serena, a The Boss, uma veterana da Segunda Grande Guerra, nada mais nada menos que a mentora do soldado de um olho só, o Big Boss, mais conhecido por Snake Eater, do título Metal Gear Solid 3 da Konami. Rapaz, o Snake só é um danado por causa dela, ‘tais vendo só’!   Lembramos também de Faith Connors, mais conhecida por seu apelido Phoenix Carpenter, a protagonista do jogo Mirror's Edge, da EA Digital Illusions CE. Ela é como um ‘corredor’, pessoas que transportam itens para grupos revolucionários que se escondem do governo totalitário. Além de correr, ela dá uns saltos, meu véi, de cair o queixo. Lembra muito aqueles movimentos chamados de Parkour.     Uma das poucas personagens negra no universo dos games é Dandara, do game com o mesmo nome, desenvolvido pelo estúdio mineiro Long Hat House e publicado pela Raw Fury. A personagem principal do jogo é inspirada na guerreira negra Dandara dos Palmares, escrava fugitiva e esposa de Zumbi dos Palmares, que lutou contra o sistema escravista. Pense numa mulher da gota!     Sei que ela é personagem dos quadrinhos da Marvel, mas ela tira muita onda no game Avengers, desenvolvido pela Crystal Dynamics e Eidos Montréal e publicado pela Square Enix. Estou falando da garota fã de gibis, a Kamala Khan, também conhecida por Miss Marvel. No game ela dá uns solavancos, umas lapadas no pé do ouvido dos inimigos, que chega dá dó!!. Neste jogo temos outras duas heroínas, a Viúva Negra e a Kate Bishop, a Gaviã Arqueira. Mas no universo dos games não só temos as heroínas digitais, pois meu véi, o que tem de mulheres porretas atuando neste mercado, oxe, elas são game designers, produtoras, artistas 2D, 3D, programadoras, gerentes de marketing, o que você pensar elas fazem, ‘mai menino’.     Só para te dar uma dica, sabe quem projetou um jogo de nave arretado que só a gota, o River Raid da Activision, em 1982, foi Carol Shaw, que revolucionou na época por criar um shooter com rolamento vertical, permitindo o jogador controlar a velocidade de um avião, além de atirar nos inimigos. Oxe, e a onda de sair desembestado quando ficava faltando gasolina, era bom demais! Existem tantas outras mulheres no mercado de jogos internacionais, mas quero homenagear também as nossas guerreiras do mercado local, por isso irei citar o nome de algumas destas profissionais arretadas, em especial à Débora Aranha, pelo pioneirismo de criar a empresa de games Art Voodoo, nos anos de 1997 no Recife. Então vai minha homenagem para a galera da Manifesto Games, a Erica Ferrer, Luiza Albuquerque, Natália Barreto, Aline Cesário, Catarina Macena (Cacá), Paloma Silva, Érica Ferreira, Alessandra Souza, Eduarda Gomes, Ramony Evan, Sheley Felix, Fernanda Menoli, Malú Miranda, Laís Costa, Natália Lima e Fernanda Menoli. Para as minas da PUGA Studios, minha amiga Giulia Cavalcanti, além de Meela dos Anjos, Marília Afonso, Carolina Cunha, Roberta Paz, Thamyres Carvalho, Thayná Stvanini, Andreza Pipolo, Lysa da Silva, Vanessa Nery, Isabela Zolik, Ana Claudia Coelho, Penélope Dominicali, Bruna Nóbrega e Daniela Rolim. Para as minas da Kokku Studio, Maria

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“Ter mulheres ocupando posições de liderança não é uma opção, é uma necessidade.”

Empresas que planejam o futuro dos seus negócios devem pensar seriamente na posição que as mulheres ocupam no seu time de funcionários. Estudo da McKinsey & Company apontou que dos nove traços identificados como essenciais para as lideranças enfrentarem os desafios que estão por vir, elas se saem melhor em cinco e empatam com os homens em dois – estímulo intelectual e comunicação eficiente. “A favor das mulheres estão a capacidade de inspirar e servir como modelo de conduta, a participação ativa nas decisões, o equilíbrio entre expectativas e recompensas e o desenvolvimento de pessoas”, especifica Pollyanna Cavalcanti, diretora de pessoas, cultura e performance da empresa Avantia. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Pollyanna analisa por que, mesmo com todas essas vantagens, mulheres em cargos de liderança ainda são exceções no Brasil e no mundo. Entretanto, existem saídas. Pollyanna aponta algumas delas, como implantar políticas afirmativas nas empresas que estimulem uma cultura inclusiva. Ela também ressalta a importância dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU – que inclui a igualdade de gênero – do papel do RH nesse processo e do entendimento de que a maternidade não seja vista como uma pausa ou uma perda no período produtivo da mulher. Quais as vantagens que as empresas podem ter ao contarem com mulheres no seu time e em cargos de liderança? Melinda Gates disse recentemente que “se você quer elevar a humanidade, empodere as mulheres. É o investimento mais amplo, universal e com maior potencial de alavancagem que podemos fazer pelo bem do ser humano”. Eu acredito que esse empoderamento se faz necessário para que as organizações possam, de fato, exercitar a diversidade de pensamentos e ideias e, consequentemente, promover ambientes mais inovadores e sustentáveis. Em um estudo da McKinsey & Company, dos nove traços identificados como essenciais para as lideranças enfrentarem os desafios futuros, as mulheres se saem melhor em cinco e empatam com os homens em dois – estímulo intelectual e comunicação eficiente. A favor das mulheres estão a capacidade de inspirar e servir como modelo de conduta, a participação ativa nas decisões, o equilíbrio entre expectativas e recompensas e o desenvolvimento de pessoas. Logo, na minha opinião, ter mulheres ocupando posições de liderança não é uma opção. É uma necessidade. Por que as mulheres no Brasil ocupam hoje apenas 34% dos cargos de liderança sênior nas empresas, segundo mostram alguns estudos? Corroborando sua pergunta, a Mckinsey publicou um estudo em 2020 que trazia uma fotografia semelhante: a cada 100 homens promovidos para posições de gestão, apenas 85 mulheres eram promovidas. Esse gap aumenta ainda mais quando falamos de mulheres negras. Quando paramos para avaliar as justificativas, vemos inúmeros fatores, tais como: processos seletivos que não garantem amostras equivalentes de candidatos (internos/externos) para as vagas em questão; ausência de políticas afirmativas nas organizações que estimulem uma cultura mais inclusiva e apoiem as mulheres em novas posições; ausência de programas de capacitação e mentorias para mulheres em posições de liderança. Além desses pontos, os desafios gerados pela crise da Covid-19 também trazem um grande alerta: muitas mulheres foram desligadas ou consideram deixar seus empregos por não conseguir conciliar suas atividades do trabalho com os cuidados do lar e criação dos filhos. Ou seja, com essa baixa de mulheres no mercado, a tendência é ter cada vez menos mulheres em posições de liderança atuais e futuras. . Pesquisas também mostram que mulheres em posição de liderança ganham em média 25% a menos que os homens. Como alcançar a igualdade? Nenhuma empresa declaradamente remunera homens e mulheres de maneira diferente. Porém, vários estudos comprovam que a diferença existe, sim. Então, para se alcançar a igualdade, várias medidas precisam ser adotadas em ambos os lados. Nas empresas, considero importante que: o espaço para negociação de remuneração (tanto nas contratações, quanto nas promoções) seja ampliado, tanto pela área de RH quanto pelos próprios líderes; a maternidade não seja vista como uma pausa ou uma perda no período produtivo da mulher; contratações, promoções ou indicações para assumir novas posições não sejam repensadas pelo fato da mulher ser mãe. As mulheres por sua vez, precisam aprender a negociar melhor suas condições de remuneração, buscar seu espaço de fala e, também, a dizer não para cenários que não sejam favoráveis. O caminho é longo, mas não impossível. As escolhas que fizermos hoje, certamente irão nortear o ritmo das mudanças e alcance da igualdade em nossos ambientes de trabalho. O que você acha da iniciativa da ONU de incluir entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas? Importantíssima. Na Avantia, nós aderimos ao WEPS (Women’s Empowerment Principles) em março de 2019. Fomos a primeira empresa de tecnologia do Porto Digital a fazer parte do movimento. Na época, poucas empresas locais estavam trabalhando esta pauta de maneira mais ativa. Em dezembro de 2019, tínhamos 18% de mulheres em nossa área de desenvolvimento. Hoje, esse número aumentou para 27%. Resolvemos todas as nossas questões relacionadas ao assunto? Não, mas consideramos que cada passo já é um avanço. Ter assumido o compromisso nos fez parar para planejar nossa atuação, sensibilizar e capacitar nossas lideranças para a temática, implementar políticas mais atrativas para as mulheres, envolver os homens na pauta e mensurar números que antes não eram vistos. Leia a entrevista completa na edição 180.1 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Coronavírus / Onde eu estava antes

Eu pensava que quando o mundo se unisse novamente em terror, iríamos reconhecer sua chegada pelo barulho. Gritaria, despertar de noite com bomba tocando no chão. A minha ideia da guerra. Mas o terror chegou e faz silêncio. É possível escutar os passarinhos que anunciam a calmaria de um feriado. E tudo que eu olho me causa pânico. Porque o terror é também uma lupa. Faço exercício em casa, presentada pelo sol que vem da janela. Até perceber o ridículo da cena. No silêncio da cidade, como são escandalosos os nossos privilégios. Os vizinhos, nem nas poucas saídas necessárias, os tenho visto. Um de longe, outro passou aflito, que acabei ansiando por alguém se aventurando no elevador. Mas não pegamos mais elevador juntos. Invertemos os papéis com os nossos pais e avós. Será que infectei, por que não fui mais rígida, eles estavam se cuidando quando não estavam trancados em casa? Estranho proteger quem nos protege. Mas a dor é uma lupa. Onde eu estava antes, sem fazer nada sobre o meu direito gritante ao chão debaixo do tapete, ao sol na janela, que sempre nasceu mais para uns do que para outros. Aos vizinhos que sinto saudade, percebo que não sei os seus nomes. Onde eu estava antes, além de pouco interessada nos que agora fazem falta? Será que estão bem os vizinhos dos quais me esforço, mas não consigo lembrar como chamam? Onde eu estava antes, sem muito fazer pelo amor às minhas tias, tios, pais. Os avós nem tenho mais a chance. Quantos dos nossos idosos já não estavam em quarentena, na solidão cruel tão comum à certa idade?. Estática, com raiva do tapete, da janela e do sol, não consigo parar de pensar: onde estava eu antes. Até entender que preciso me ocupar de onde estou agora. Não é tudo que temos? O que sou hoje e o que posso me tornar. Mesmo impotentes, não fiquemos estáticos. Quando se sentir ansioso ou triste, se ocupe em cuidar. Ligue para os mais velhos, se conecte com os vizinhos, esteja próximo da sua família e amigos. Troque o pânico por informação, o terror pelo fôlego. Pense em como pode ser útil para a comunidade, para seu bairro, para os trabalhadores perto de você. Vi grupos de whatsapp para professores se conectarem com alunos da rede pública; doação de material para profissionais de saúde. Tem muita gente precisando de utensílios básicos, dinheiro, comida ou um ombro amigo virtual. Se estiver com medo do futuro, pensando nos cenários apocalípticos, faça uma lista. Pegue sua lupa e olhe onde está doendo mais. Repense prioridades. Escreva as tarefas e desejos para quando tudo isso passar, porque vai passar. Que a lista seja o menos autocentrada possível. E, quem sabe, possamos todos sair dessa um pouco melhores do que estávamos sendo antes do silêncio chegar.

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Graça Ataíde: "A história elege suas heroínas"

No mês da mulher, a doutora em história social pela USP, onde é pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), e professora da UFRPE Graça Ataíde fala sobre as razões que levaram o papel feminino a ser invisibilizado na sociedade por gerações. Especialista em governos autoritários, ela conversou com os jornalistas Cláudia Santos e Rafael Dantas sobre alguns nomes menos conhecidos da vida política pernambucana. Personagens que durante os anos de chumbo assumiram o protagonismo para abrir algumas pautas e conquistar direitos que foram estendidos a todas as brasileiras. Por que o papel da mulher na história é desconhecido ou pouco estudado? Qual o motivo dessa invisibilidade? A mulher foi muito protegida. Mas essa proteção na história da humanidade era uma proteção para barrá-la de crescer. Impedi-la de alcançar espaços que têm sido tradicionalmente ocupados pelos homens. Isso é uma tradição e decorre da cultura de cada país, uma mais perversa do que a outra. Os países foram trazendo a mulher para um espaço de onde ela não deveria sair. Muitas lutaram pelo direito do voto. Elas começam a votar no Brasil em 1933, para a Constituinte. Mas por que Getúlio concede o voto? Porque era a garantia de barreira contra o comunismo. A Igreja Católica faz um pacto grande com o Estado nessa época dizendo que as mulheres iriam votar para eleger constituintes fiéis católicos para depois voltarem para o recôndito do lar. Isso está, inclusive, registrado em um artigo na revista Maria, da Congregação Mariana. Hoje nós, mulheres, temos buscado espaços, mas não tem sido fácil. Esse fenômeno da invisibilidade feminina foi mais forte no Brasil? Não. Na segunda metade do Século 19, franceses, como o psicólogo Gustave Le Bon, diziam que o cérebro da mulher era inferior ao do homem, salvo o de algumas mulheres francesas. Ele era totalmente preconceituoso. Então, não é uma história do Brasil, nem do Nordeste, mas é do mundo. Estudei no meu doutorado e pós-doutorado a ditadura varguista no Brasil e salazarista em Portugal, que era mais machista que a brasileira. Em Portugal, na época de Salazar, havia uma sociedade agrária, que tendia a ser muito conservadora. No Brasil, antes da podermos votar, éramos vistas pela sociedade iguais aos índios, loucos e crianças. Há um livro sobre a República no Brasil de José Murilo de Carvalho chamado Formação das Almas que informa que o único quadro mostrando a mulher na República brasileira foi pintado na Itália e não tem projeção no Brasil. Tentou-se muito trazer a figura de Marianne, da Revolução Francesa, para o Brasil, mas não se conseguiu (trata-se da representação simbólica da República pelos franceses, pintada em quadros de artistas como Eugène Delacroix e que está cunhada na moeda de R$ 1 e impressa na nota de R$ 100). No seu livro História (nem sempre) bem-humorada de Pernambuco: 140 caricaturas do Século 19, escrito com a professora da UFRPE Rosário Andrade, como a mulher era representada nessas charges? Essa publicação chegou a ser premiada no Troféu HQ Mix, como melhor livro teórico. Nela fica bem claro que todas as vezes em que se queria caracterizar alguma coisa ruim era usada uma figura feminina. Por exemplo, quando queriam retratar a República que estava mal, desenhavam uma mulher prostituta. Diferentemente, na França, a República era a figura da Marianne, mulher romana, altiva. No meu conceito, essa questão está centrada no imaginário construído sobre a mulher, que é muito forte ainda. Estudei algumas mulheres na Revolução de 1930. Quando é criado o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e acontece a Intentona Comunista, muitas mulheres são perseguidas. Quando tive acesso ao arquivo do DOPS, pude ver um pouco da vida dessas mulheres. Acho que todo esse silêncio em torno delas tem a ver com uma cultura não só do Brasil, mas mundial. Tenho 70 anos, estou há 42 na universidade. Nesse tempo, muitas mulheres tiveram um papel importante também no combate à ditadura de 1964. Mas elas são homenageadas apenas colocando seus nomes em espaços pouco significantes da cidade. O que está na base desse imaginário sobre a figura feminina? A sociedade patriarcal que não permitia à mulher nem se sentar à mesa na época da colonização. Ela sabia que o marido usava as escravas. Havia muito sadismo por parte das sinhás em relação às escravas. O livro Proteção e Obediência mostrava que uma mulher branca em São Paulo só andava na rua, mesmo depois da abolição, no fim do Século 19, com uma criança negra, que era a sua proteção. Na verdade, era para dizer que ela não estava só. Isso era terrível porque uma criancinha não poderia socorrer uma mulher adulta. A mulher era colocada num lugar de que tinha que ser protegida. Mas ao mesmo tempo era silenciada e invisibilizada. Elas não definiam nada da vida dos filhos nem tinham direito ao prazer. O prazer feminino é uma coisa muito nova, vem com a minha geração dos anos 60, que começou a revolucionar, que rasgou o sutiã na rua e que não achava que o seu corpo teria que ser perfeito. . Como a senhora avalia a preocupação da mulher com o corpo dos dias de hoje? Na geração de agora a mulher se preocupa muito com o corpo que ela vai apresentar e só pode ser para o homem. As suas rugas e o seu corpo é a sua vida, a sua história. Se observarmos pessoas como a atriz Vanessa Redgrave (hoje aos 83 anos) é uma mulher linda. Ou ao ver uma foto da escritora e crítica de arte Susan Sontag quando já tinha uma idade avançada (falecida aos 71 anos, em 2004) são mulheres lindas na velhice. Vejo quase que uma escravidão da mulher em relação à balança. Isso é para quê? Se for para um orgulho pessoal, tudo bem. Mas senão for, o caminho não é por aí. Dentro dessa reflexão acerca da relevância social das mulheres, qual a sua análise sobre Brites de Albuquerque, mulher de Duarte Coelho? A

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