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No embalo do Oscar: Quais as expectativas para o cinema pernambucano?

O Sucesso de Ainda estou aqui traz a perspectiva de aumento de público para o cinema brasileiro e local. O setor audiovisual local abriu mercado para profissionais, mas precisa de mais investimentos públicos e despertar a iniciativa privada para financiar as produções. *Por Rafael Dantas O País está vibrando pelo primeiro Oscar do Brasil com Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, e diante de toda a visibilidade que a história de Eunice Paiva ganhou. Em meio às expectativas de Hollywood, outro longa-metragem, O Último Azul, com a direção do pernambucano Gabriel Mascaro, venceu também o Urso de Prata do Festival de Berlim. Com salas de cinema lotadas e um orgulho do cinema nacional tomando os brasileiros, as expectativas para o setor audiovisual nacional e do Estado, que é uma das referências na sétima arte, são de atrair mais investimentos e público. O furacão de sucesso de Ainda Estou Aqui, que já levou 5,7 milhões de pessoas para as telonas, aumentou o percentual de salas dedicadas ao cinema nacional. O longa, estrelado por Fernanda Torres, já representa 30,2% das vendas gerais da Ingresso.com, que é a maior tiqueteira do País. O setor cinematográfico nacional comemorou 3.509 salas de cinema em funcionamento em 2024, quebrando o recorde pré-pandemia de 2019. Pernambuco registrou 118 salas, que é o mesmo número do último ano antes da pandemia.  Evolução do número de salas de cinema em funcionamento em Pernambuco Neste momento de valorização do público com as produções nacionais e do impulso de voltar às salas de cinema, após anos de perda de cinéfilos para os streamings, há um otimismo, mesmo que contido, com o futuro do setor audiovisual. “Um Oscar não garante nada mas, certamente, é um fator que dá aval para que nosso cinema tenha capacidade de alcance de público e de competitividade, em um nível industrial internacional”, considera Nina Velasco, docente do curso de Cinema da Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisadora ressalta que as produções nacionais e pernambucanas têm uma história de receber premiações em festivais de qualidade cinematográfica, especialmente festivais de arte. Festivais de Cannes (França), de Veneza (Itália) e de Berlim (Alemanha) sempre ofereceram espaços privilegiados ao cinema brasileiro. O reconhecimento da Academy Awards com o Melhor Filme Internacional traz um outro tipo de reconhecimento. “Concorrer e conquistar o Oscar nos leva a outro patamar de disputa e de visibilidade para o mundo. Se já havia esse reconhecimento internacional de qualidade, talvez não tivesse essa competitividade de público internacional. Ainda Estou Aqui é um fenômeno que dependeu também do público nacional para estar nesse lugar de disputa internacional”, avalia Nina Velasco. "Concorrer e conquistar o Oscar nos leva a outro patamar de disputa e de visibilidade para o mundo. Se já havia o reconhecimento internacional de qualidade, talvez não tivesse essa competitividade de público internacional". Nina Velasco UM MERCADO QUE PREMIA E EMPREGA MUITA GENTE Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Guel Arraes, Cláudio Assis, Lirio Ferreira, Marcelo Gomes… são muitos os cineastas pernambucanos com premiações nacionais e internacionais nas suas estantes. Com filmes que levaram as histórias e paisagens de Pernambuco para o mundo. Em paralelo, essas produções geram empregos e renda para muita gente. Se são os atores que estão nas telas e são reconhecidos pelo público, a mágica da sétima arte se faz com o trabalho de diretores, produtores, roteiristas, editores/montadores, figurinistas, cenógrafos, entre tantas outras posições. De acordo com dados do IBGE de 2021, ainda em plena pandemia, Pernambuco tinha registradas 262 empresas ou organizações que atuavam no segmento das atividades cinematográficas, que engloba ainda produção de vídeos e de programas de televisão, gravação de som e edição de música. No País, o Anuário Estatístico do Audiovisual Brasileiro de 2023 (o último publicado) indica que o setor gerou 86.227 empregos formais em 2022.  Isadora Gibson é uma profissional multifacetada que viveu as experiências de estar na frente e por trás das câmeras, atuando tanto como atriz quanto na direção de arte. Arquiteta de formação, seu envolvimento com o cinema começou de forma espontânea, influenciado por amigos da área. Dentre suas experiências mais marcantes, Isadora destacou sua atuação no filme O Som ao Redor e na série Lama dos Dias, da Globoplay. No campo da direção de arte, atuou como assistente de produção de arte e objetos em O Último Azul, o filme premiado de Gabriel Mascaro.  Além das produções que vão para as telonas, ela afirma que os profissionais locais estão entrando também no mercado dos streamings, onde ela já teve experiências na direção de arte. "Onde mais trabalho são em produções selecionadas em editais públicos, mas já trabalhei em streaming para Cangaço Novo, que foi em Campina Grande. Há várias produções em São Paulo e no Rio de Janeiro, isso deu uma fomentada no nosso mercado”.  Ela ressalta que, apesar da profissionalização do setor, os desafios persistem, sobretudo com a carga tributária elevada para os profissionais autônomos. Contudo, mantém o otimismo em relação ao futuro, torcendo por mais investimentos e valorização do cinema nordestino. “Pernambuco é um lugar rico culturalmente como um todo, na área musical, na dança, no teatro. O cinema pernambucano é forte porque junta a grande base de capital cultural, com certa precariedade que torna tudo mais criativo. Fazemos na raça, mas está mudando. Com a profissionalização e com os recursos. Com o Oscar, esperamos melhorar os investimentos para o setor”, almeja Isadora. "O cinema pernambucano é forte porque junta a grande base de capital cultural com certa precariedade que torna tudo mais criativo. Fazemos na raça, mas está mudando. Com a profissionalização e com os recursos. Com o Oscar, esperamos ter mais investimentos". Isadora Gibson Outra que atua na direção de arte é Sephora Silva. Também arquiteta, ela ingressou no audiovisual após ser convidada para trabalhar como assistente em um projeto de um amigo que estava realizando seu primeiro filme. Essa experiência inicial despertou sua paixão pelo cinema e a levou a buscar capacitação técnica, incluindo um curso de formação no México. Ao longo de sua trajetória, ela já

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Brasil celebra Oscar de Melhor Filme Internacional com 'Ainda Estou Aqui'

Filme de Walter Salles conquista estatueta inédita para o país; Fernanda Torres fica sem prêmio de Melhor Atriz O cinema brasileiro alcançou um marco histórico na 97ª edição do Oscar, realizada na noite deste domingo (3), em Los Angeles. O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, venceu na categoria de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção brasileira a conquistar a estatueta nesta categoria. A obra superou concorrentes de países como França, Alemanha, Dinamarca e Letônia. Durante seu discurso de agradecimento, Walter Salles dedicou o prêmio a Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar no Brasil. O roteiro do filme foi inspirado na incansável busca de Eunice por respostas sobre o paradeiro do marido. O diretor também exaltou o trabalho da protagonista Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro, relembrando o legado das atrizes na história do cinema nacional. Apesar da vitória histórica, "Ainda Estou Aqui" não levou a estatueta de Melhor Filme, que ficou com "Anora", grande destaque da noite com cinco prêmios no total. Fernanda Torres, indicada na categoria de Melhor Atriz, também não venceu, sendo superada por Mikey Madison, protagonista de "Anora". A indicação, no entanto, reforçou a tradição familiar de excelência no cinema, já que Fernanda Montenegro também concorreu ao Oscar em 1999, por "Central do Brasil". No Brasil, a premiação coincidiu com o período do carnaval, gerando uma celebração digna de Copa do Mundo. Máscaras de Fernanda Torres e Selton Mello (intérprete de Rubens Paiva), além de fantasias inspiradas no Oscar, marcaram presença em blocos carnavalescos do Recife, de Olinda e de diversas cidades. O filme de Walter Salles, que já havia gerado grande repercussão antes da premiação, consolidou seu impacto cultural ao conquistar a estatueta inédita. A vitória de "Ainda Estou Aqui" também reacendeu debates sobre a ditadura militar e suas consequências. O livro autobiográfico que inspirou o filme, escrito por Marcelo Rubens Paiva, voltou ao topo das listas de mais vendidos. Além disso, em janeiro deste ano, a Justiça determinou a correção da certidão de óbito de Rubens Paiva, reconhecendo oficialmente que sua morte foi resultado de violência do Estado brasileiro. Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou que revisará a aplicação da Lei da Anistia para crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante o regime militar. Confira abaixo a lista dos premiados nas 23 categorias: Ator coadjuvante – Kieran Culkin, em A verdadeira dor Animação – Flow Curta-metragem animado – In The Shadow of Cypress Figurino – Wicked Roteiro original – Anora Roteiro adaptado – Conclave Maquiagem e penteado – A substância Edição – Anora Atriz coadjuvante – Zoe Saldaña, por Emília Pérez Design de produção – Wicked Canção original – El Mal, de Emilia Pérez Documentário de curta-metragem – A única mulher na orquestra Documentário   - No other land Som – Duna: Parte 2 Efeitos visuais: Duna: Parte 2 Curta-metragem em live-action – I´m not a robot Fotografia – O Brutalista Filme internacional – Ainda estou aqui Trilha sonora  – O Brutalista Ator –Adrien Brody, em O Brutalista Direção – Sean Baker, de Anora  Atriz – Mikey Madison, em Anora Filme – Anora

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O amigo Selton Melo

*Por Bruno Moury Fernandes Há uma cena que vale um prêmio, mas que nunca será estampada em capa de jornal. Não estava no roteiro, não tinha holofotes direcionados, nem contava com direção de arte. Selton Mello, em sua cadeira no Globo de Ouro, mais parecia um homem de plateia do que um astro do cinema. E por que não? Era seu momento de ser amigo, e ele brilhou como nunca. Câmera na mão, olhos marejados e um sorriso que transbordava uma coisa rara: alegria genuína pelo sucesso alheio. Fernanda Torres subiu ao palco e levou o Globo de Ouro de melhor atriz, mas quem ganhou meu respeito eterno foi Selton. E é sobre isso que precisamos falar: quantos amigos temos que fotografam, filmam, choram e vibram com o nosso sucesso? Esses são raros, raríssimos. Mais escassos do que um roteiro de filme brasileiro com orçamento generoso. E não me refiro aos aplausos protocolares, à palmada no ombro e aos “parabéns, você merece” ensaiado. Refiro-me ao descontrole da alegria, ao choro emocionado, àquelas palmas que ficam vermelhas de tanto bater. Ah, como é fácil ser amigo na dor! A dor é democrática, nos humaniza, nos iguala. Quem nunca apareceu com uma panela de sopa ou um conselho clichê no momento de crise? Estar lá quando tudo vai mal é importante, claro, mas exige um esforço quase automático. E depois, convenhamos, há sempre aquele pequeno consolo egoísta: “pelo menos não sou eu que estou passando por isso”. Mas o sucesso do outro… ah, esse dói em quem não está preparado para ser grande. O sucesso alheio escancara nossas inseguranças, joga luz no palco vazio das nossas conquistas. Requer generosidade genuína, aquela que não espera troféu nem camarim. É difícil olhar para o outro brilhando e não sentir uma pontada de inveja ou, no mínimo, um desconforto em ter que assistir ao show da primeira fila. Selton, com sua câmera trêmula e lágrimas sinceras, é o anti- -herói perfeito para esse enredo de amizades modernas. Ele nos ensina, sem querer, que ser amigo no sucesso do outro é uma arte. E talvez seja mesmo algo que só os grandes artistas, os que já ensaiaram tantas quedas e ressurgiram tantas vezes, conseguem fazer com naturalidade. Fernanda ganhou o Globo de Ouro, mas foi Selton que protagonizou a cena que deveria ser lembrada. A plateia dos grandes amigos é pequena. Se é que existe. São poucos os que realmente vibram quando acertamos na mosca. Selton fez isso. Sem ensaio, sem maquiagem. No filme da vida, ele não quis ser protagonista, mas uma espécie de diretor de fotografia da alegria alheia. E eu cá me pergunto: quantos Seltons temos na vida? E, mais importante: para quantos já fomos Selton?

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Indicado do Brasil ao Oscar emociona público em noite de exibição no Cinema São Luiz

Primeiro domingo pós reabertura do Cinema São Luiz chegou ao fim em grande estilo: com exibição de filme indicado ao Oscar pelo Brasil. "Ainda estou aqui", longa de Walter Salles, arrancou aplausos emocionados no terceiro dia do Janela Internacional de Cinema. Noite de sala lotada, com direito a praia de espectadores (nomeada assim por Kleber Mendonça Filho) sentados abaixo da tela e dos famosos vitrais de Aurora de Lima. "Ainda Estou Aqui" é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, obra que relembra a dor enfrentada por sua família ao ter o pai, Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), sequestrado e morto pela Ditadura Militar. Acompanha a luta de Eunice (Fernanda Torres), mãe do escritor, à procura de respostas em meio ao martírio de ter de encarar o sofrimento nos olhos dos filhos. Após a exibição, o Janela promoveu um bate-papo entre Kleber Mendonça e Walter Salles. "Quando saiu o livro, fiquei completamente transtornado durante dias, decantando a obra e pensando se haveria uma forma de adaptação possível", comentou o diretor, que costumava frequentar a casa de Rubens Paiva. Salles era amigo dos filhos do ex-deputado. Fernanda Torres em grande atuação A dor do silêncio é maior que a dor da perda. Silêncio que arrasta o peso do talvez, que machuca tanto quanto o vazio que fica após a morte de um ente querido. Esse é o dilema de Eunice Paiva. Para onde levaram seu marido? Ainda estaria vivo? O sofrimento psicológico lançado sobre os familiares das vítimas era uma especialidade do regime militar. Em essência, "Ainda Estou Aqui" reflete sobre um tipo de dor que não pode ser curada, mas aceita. Aceitação costurada pelo correr dos anos, ou por algum fato que sirva de marco. A venda da casa, a mudança para outra cidade, fatos que apontam e confirmam que nada será como antes. Fernanda Torres encarna o papel de Eunice. Atuação soberba, cheia de nuances, marcada por silêncios e olhares mais profundos em significado do que qualquer palavra que poderia ter sido dita. Os resultados do bom trabalho estão surgindo. A atriz recentemente foi homenageada por sua atuação no Critics Choice Awards e está cotada ao prêmio de Melhor Atriz na próxima edição do Oscar. Aclamação Desde que estreou no Festival de Veneza, "Ainda Estou Aqui" vem arrancando elogios e longos aplausos de crítica e público. Até o momento, já conquistou oito prêmios: Melhor Roteiro e Prêmio SIGNIS no Festival de Veneza, Prêmio do Público no Festival de Cinema da Filadélfia e no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, Melhor Filme Global no Festival de Cinema de Mill Valley, Melhor Ficção Brasileira na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de Melhor Atriz de Filme Internacional para Fernanda Torres no Critics Choice Awards.

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Filme de guerra pré-indicado ao Oscar é destaque na Netflix

Um soldado alemão esfaqueia ferozmente o oponente francês. São as últimas horas da Primeira Guerra Mundial. A imagem do inimigo se contorcendo, pele rubra de sangue que não para de jorrar, faz o alemão cair em si. Lança-se em direção ao moribundo e tenta inutilmente estancar o sangue. Limpa delicadamente o rosto do inimigo com uma das mãos, vasculha o uniforme rasgado pelas punhaladas e, em meio a documentos, encontra uma foto. Nela, esposa e filha do homem que acaba de morrer. A cena é uma das mais fortes de Nada de Novo no Front, filme alemão que estreou recentemente na Netflix. A trama acompanha a jornada de Paul Baumer (Felix Kammerer), um adolescente inebriado pela promessa de reconhecimento e honras que poderá receber ao servir à Alemanha e retornar vitorioso da Grande Guerra. Porém, a realidade do conflito se descortinará e apresentará sua face mais dura e sangrenta. Paul sentirá na própria carne os aguilhões da guerra, uma insana máquina de fabricar viúvas e órfãos de pais e filhos. A direção de fotografia de James Friend cumpre bem o papel de ferramenta na construção da narrativa. Desde as belas imagens de calmaria, logo no início do filme, do lento bailar de árvores seguido do registro de uma raposa amamentando a prole, até o primeiro plano sequência dentro do inferno de poeira e pólvora da zona de combate, cenas pinceladas por um gélido azul que reforça a sensação de angústia. Em dado momento o conflito ganha ares de fantasia na cena em que tanques de guerra, mais parecendo enormes gigantes, surgem no horizonte em meio a grande neblina, avançando imponentes em direção às trincheiras alemães. Os metais da trilha sonora de igual modo colaboram na costura dos momentos de suspense. Nada de Novo no Front é baseado no romance homônimo escrito por Erich Maria Remarque. Com direção do cineasta alemão Edward Berger, esta é a segunda adaptação cinematográfica da obra de Remarque. A primeira, de 1930, ganhou o Oscar de Melhor Filme. Coincidência ou não, a nova aposta da Netflix figura na pré-lista da premiação, divulgada este mês pela Academia.

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Netflix: Pinóquio de Guillermo del Toro chega ao streaming

A morte é tema não muito frequente nas rodas de conversa. Por outro lado, o oposto dela é sonho de consumo da humanidade: a imortalidade. Há quem calcule que, com os avanços na área da nanotecnologia, daqui a poucas décadas a morte da Morte será decretada. Um problema a menos para a humanidade. Será mesmo? E se a ausência da Indesejada significasse um fardo? Tal questionamento já foi proposto no cinema como no filme "O Homem Bicentenário", protagonizado por Robin Williams. O assunto volta às telas com a estreia na Netflix de Pinóquio. A versão de Guillermo del Toro chega ao streaming três meses após o live-action da Disney, "Pinocchio", de Robert Zemeckis, que pouco acrescentou à história do famoso boneco. Diferente de Zemeckis, Del Toro surpreende ao instigar discussão e filosofar sobre a brevidade da vida. Na versão do cineasta mexicano, Pinóquio carrega consigo a sorte e o fardo da imortalidade. Sorte por possuir algo tão desejado por todos e fardo por, na caminhada, ter de presenciar a partida de cada pessoa que ama. Del Toro inova também ao contextualizar a trama na Itália de Mussollini. Em uma das cenas mais divertidas do filme, o líder fascista é ridicularizado por Pinóquio. Em tempos de avanço da extrema direita no mundo, crítica mais que benvinda. Foram necessários incríveis quinze anos até a conclusão do projeto, todo realizado em stop motion. A riqueza de detalhes dos cenários e caracterização das personagens, como também a bela cinematografia justifica cada ano gasto. O resultado é uma obra esteticamente rica e cheia de camadas. A direção é dividida com Mark Gustafson, que já trabalhou com stop motion em outras produções. O elenco que dublou às personagens tem nomes de peso como Ewan McGregor, que interpreta o grilo Criket, Cate Blanchett, que dá voz ao macaco Spazzatura e Christoph Waltz, como o vilão Count Volpe.

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Netflix: Rito de Passagem (crítica)

Maite Alberdi é daquelas cineastas de notável talento, que conseguem tratar de temas por vezes delicados com grande respeito e sensibilidade. Não à toa, seu filme Agente Duplo concorreu ao Oscar de Melhor Documentário ano passado. Antes dele, em 2016, a diretora chilena lançou The Grown-Ups, no Brasil, Rito de Passagem, doc que chegou recentemente à Netflix. O filme acompanha a rotina de uma escola exclusiva para jovens adultos com síndrome de down. Personagens igualmente complexos e adoráveis enfrentam problemas nos relacionamentos, nos conflitos do primeiro contato com o sexo e na busca por independência. Alberdi é feliz ao dosar momentos de humor e drama, o que dá bom ritmo ao filme. Difícil não se apegar a personagens tão ricos e complexos como Rita, que, apesar dos problemas de saúde devido ao consumo excessivo de doces, é flagrada escondendo chocolate nos bolsos nos momentos de trabalho na cozinha da escola. Difícil não se emocionar com a relação de Anita e Andrés, que, contrariando a vontade de seus familiares, planejam se casar. A fotografia atua como ferramenta narrativa ao destacar tão somente o ponto de vista e universo das personagens com síndrome de down. Os rostos dos educadores, pais e responsáveis pelos alunos aparecem embaçados, não conseguimos identificá-los. Rito de Passagem trata de inclusão com muita sensibilidade, dando voz e vez a personagens que têm muito a dizer e ensinar, com frequência silenciados pela sociedade.

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Oscar 2022: novidades e apostas

Contagem regressiva para mais um Oscar que, refletindo a sociedade atual onde tudo se renova com grande velocidade, chega com algumas mudanças. O objetivo é atrair o público, que vem diminuindo a cada ano. A última edição, por exemplo, teve uma queda de 58% na audiência em relação a 2020. Diferente das últimas três edições, esta terá apresentador, ou melhor, um trio de apresentadoras: Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes serão as anfitriãs. Por sinal, é inédita a presença de um trio feminino a frente da premiação. Outra mudança diz respeito às categorias. No intuito de dinamizar a cerimônia, oito das 23 ficarão de fora da transmissão ao vivo. São as seguintes: Melhor Documentário em Curta-Metragem, Melhor Montagem, Melhor Som, Melhor Trilha Sonora, Cabelo e Maquiagem, Direção de Arte, Curta-Metragem em Animação e Curta-Metragem em Live-Action. A academia também lançou uma novidade, a Oscar Fan Favorite.  Até o último dia 3 de março, os fãs puderam votar em seu filme favorito da temporada passada. Entre os dez títulos, alguns que normalmente não figurariam na premiação, como “Army Of The Dead: Invasão Las Vegas”, da Netflix, e “Cinderela”, original Amazon Prime Video. Apostas Na última quarta (23), a Revista Algomais em parceria com o Cinegrafando promoveu uma live no Instagram com o Oscar como protagonista. Os jornalistas Houldine Nascimento e Wanderley Andrade conversaram sobre os indicados e apresentaram as novidades da premiação. Como é de costume, a dupla compartilha aqui suas apostas para as principais categorias da noite. Houldine Nascimento Melhor Filme: "Ataque dos Cães" Melhor Diretor: Jane Campion ("Ataque dos Cães") Melhor Ator: Will Smith ("King Richard: Criando Campeãs") Melhor Atriz: Penélope Cruz ("Mães Paralelas") Melhor Ator coadjuvante: Troy Kotsur ("No Ritmo do Coração") Melhor Atriz coadjuvante: Ariana DeBose ("Amor, Sublime Amor") Melhor Roteiro Original: "Belfast" Melhor Roteiro Adaptado: "No Ritmo do Coração" Melhor Filme internacional: "Drive My Car", de Ryûsuke Hamaguchi Melhor Animação: "Encanto" Melhor Documentário: "Summer of Soul (...ou, Quando A Revolução Não Pode Ser Televisionada)", de Questlove Melhor Trilha Sonora: Hans Zimmer ("Duna") Melhor Canção: "Dos oruguitas", de "Encanto" Melhor Fotografia: Greig Fraser ("Duna") Wanderley Andrade Melhor Filme: "No Ritmo do Coração" Melhor Diretor: Jane Campion ("Ataque dos Cães") Melhor Ator: Will Smith ("King Richard: Criando Campeãs") Melhor Atriz: Jessica Chastain ("Os Olhos de Tammy Faye") Melhor Ator coadjuvante: Troy Kotsur ("No Ritmo do Coração") Melhor Atriz coadjuvante: Ariana DeBose ("Amor, Sublime Amor") Melhor Roteiro Original: "Não Olhe Pra Cima" Melhor Roteiro Adaptado: "No Ritmo do Coração" Melhor Filme internacional: "Drive My Car", de Ryûsuke Hamaguchi Melhor Animação: "Encanto" Melhor Documentário: "Summer of Soul (...ou, Quando A Revolução Não Pode Ser Televisionada)", de Questlove Melhor Trilha Sonora: Hans Zimmer ("Duna") Melhor Canção: “No Time To Die”, de "007: Sem Tempo para Morrer" Melhor Fotografia: Greig Fraser ("Duna")

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Oscar 2021| Confira as apostas de jornalistas para as principais categorias

Mais uma edição do Oscar à porta, desta vez afetada pela pandemia do novo coronavírus. Como resultado, muitos filmes independentes na lista, boa parte ligada a plataformas de streaming. Só a Netflix recebeu 35 indicações, 11 a mais que em 2020. A 93ª edição será marcada pela diversidade. Para começar, duas mulheres foram indicadas no mesmo ano na categoria melhor direção: Chloé Zhao ("Nomadland") e Emerald Fennell ("Bela Vingança"). É a primeira vez em toda a história da premiação que isso acontece. Na categoria melhor ator, Riz Ahmed ("O Som do Silêncio"), muçulmano, e o ator asiático Steven Yeun ("Minari"), estão entre os indicados. Entre os coadjuvantes, três atores negros: Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield de "Judas e o Messias Negro" e Leslie Odom Jr. ("Uma Noite em Miami..."). Como fazemos todos os anos, convidamos os jornalistas e críticos de cinema Houldine Nascimento e Wanderley Andrade, editores do Cinegrafando, que lançarão suas apostas para a premiação. Wanderley Andrade Melhor Filme: “Nomadland” Melhor Diretor: Chloé Zhao (“Nomadland”) Melhor Ator: Chadwick Boseman (“A Voz Suprema do Blues,”) Melhor Atriz: Frances McDormand (“Nomadland”) Melhor Ator Coadjuvante: Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negro”) Melhor Atriz Coadjuvante: Glenn Close (“Era uma Vez um Sonho”) Melhor Roteiro Original: “Bela Vingança” Melhor Roteiro Adaptado: “Nomadland” Melhor Filme Internacional: “Druk - Mais Uma Rodada” Melhor Documentário: “Time” Melhor Animação: “Soul” Melhor Fotografia: “Mank” Melhor Trilha Sonora: “Soul” Melhor Canção: “Speak Now" de "Uma Noite em Miami…"   Houldine Nascimento Melhor Filme: “Nomadland” Melhor Diretor: Chloé Zhao (“Nomadland”) Melhor Ator: Chadwick Boseman (“A Voz Suprema do Blues,”) Melhor Atriz: Viola Davis (“A Voz Suprema do Blues”) Melhor Ator Coadjuvante: Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negro”) Melhor Atriz Coadjuvante: Yuh-Jung Youn (“Minari”) Melhor Roteiro Original: “Bela Vingança” Melhor Roteiro Adaptado: “Meu pai” Melhor Filme Internacional: “Druk: Mais Uma Rodada” Melhor Documentário: “Professor Polvo” Melhor Animação: “Soul” Melhor Fotografia: “Mank” Melhor Trilha Sonora: “Soul” Melhor Canção: “Io sí" de "Rosa e Momo"

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Crítica| Professor Polvo (Netflix)

Só o título já seria suficiente para despertar nossa curiosidade, ainda mais se descobrirmos que se trata de uma história real. Professor Polvo conta como o cineasta Craig Foster deu início a uma profunda relação de confiança e amizade com um polvo. Sim, isso mesmo que você leu. O filme é narrado em primeira pessoa por Craig, que já no primeiro ato revela ter passado por um período de crise na profissão e, consequentemente, na família, o que o levou a praticar mergulho. Foi quando em meio a uma floresta subaquática de algas marinhas nas águas turbulentas do Atlântico na cidade do Cabo, África do Sul, encontrou o polvo.     Dirigido por Pippa Ehrlic e James Reed, o filme é um emocionante tratado sobre amizade e respeito à natureza. As sequências são costuradas por relatos carregados de emoção de Craig, que demonstra profundo apego ao polvo, a ponto de entender ter adquirido a mesma linha de raciocínio do animal. Apego que não o faz interferir no curso da natureza. O cineasta, mesmo sofrendo, assume o papel de observador. Cenas tensas, como a que mostra o polvo sendo atacado por um tubarão-gato-listrado. A direção de fotografia de Roger Horrocks é outro ponto a se destacar. As belas tomadas aéreas e registros no fundo do mar, por vezes parecem encarnar o colorido trabalho de um pintor impressionista. Horrocks foi diretor de fotografia em documentários de natureza como "Elefante" e "Mergulhando com Golfinhos", da Disney, e "Nosso Planeta", da Netflix. Oscar 2021 A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou na última segunda-feira (15) a lista com os indicados ao Oscar 2021. A Netflix foi o serviço de streaming que mais recebeu indicações: 35 ao todo. "Professor Polvo" foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário ao lado de "Crip Camp: Revolução pela Inclusão".

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