Arquivos Vi No Instagram - Página 33 De 47 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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DRA ANA ELIZABETH CRIANCA COMPORTAMENTO

"Antes a criança era trelosa, hoje tem transtorno"

A psicanalista Ana Elizabeth Cavalcanti, integrante do CPPL (Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem) traz alguns questionamentos preocupantes sobre as crianças atuais que têm contato precoce com tablet e smartphone, vivem longe do espaço público e com a ausência dos pais. Nesta conversa com Cláudia Santos e Rafael Dantas, ela também questiona o diagnóstico de transtornos mentais baseados numa visão menos humanista e “mais medicalizante”. Os pais atuais culpam-se pelo pouco tempo que passam com os filhos. Como você vê essa realidade? As pessoas estão demandadas de uma forma excessiva, você precisa ter sucesso a qualquer custo, e para isso começa assumir compromissos com um ônus de muito trabalho. Por isso, os pais têm mesmo pouco tempo com os filhos, mas há uma certa idealização do que seria estar com eles. As mães da minha geração nem trabalhavam, mas elas não brincavam com os filhos, eles brincavam com outras crianças nas ruas, com os próprios irmãos, porque as famílias eram numerosas. Criança gosta muito de brincar com criança. Hoje há essa exigência de ter que brincar com os filhos, acho isso um complicador que quebra um pouco a espontaneidade da relação. Mas, ter pouco tempo é uma realidade, então vamos ver quais os arranjos que se têm que fazer para estar com os filhos. É mais importante a qualidade do tempo do que a quantidade? Veja, crianças precisam de tempo com os pais. Hoje é comum as mães terem seis meses de licença maternidade, depois vão trabalhar. Saem de casa às 7h e chegam às 10h da noite. Isso não pode, uma criança de 6 meses não tem memória suficiente para reter a presença da mãe ou do pai durante tanto tempo. As consequências disso são inúmeras, desde as mais tristes, como crianças com sintomas graves, mais depressivas e que se isolam, até os mais leves como a pouca segurança. Mas as consequências não são algo que possamos determinar precisamente. Porém, não faz bem ao filho ter pais sem tempo para ele. Quanto menor uma criança, mais tempo você tem que ter disponível para estar com ela. Então, dentro dessa loucura que está a vida de todo mundo, tem-se que arranjar um tempo que deve ter, obviamente, qualidade. Quais as consequências causadas pelas novas tecnologias nas crianças? Temos observado efeitos indesejáveis. Mas, a tecnologia não é boa, nem ruim. Em relação aos valores, ela é neutra. Mas está havendo a inserção de tablets e smartphones na vida das crianças muito pequenas e eles têm substituído, muitas vezes, o contato com gente, o que é prejudicial. Como hoje em dia não se pode mais ter uma cozinheira e uma babá, muitos pais, quando chegam em casa, vindos do trabalho, têm várias tarefas para executar. Por isso, colocam o tablet, o computador ou a TV para distrair o bebê. Essa troca com os aparelhos não permite que nós nos subjetivemos, ou seja, nos tornemos gente. As trocas iniciais do ser humano devem ser entre pessoas e ocorrem por mediação da linguagem, porque nós, humanos, falamos. A criança chama, demanda do outro, o outro responde para ela de uma forma muito singular. Uma criança que faz o processo de desenvolvimento com longa exposição à tela desenvolve determinados padrões frente ao outro. É uma relação de muito mais passividade, em que não existe interação. Como consequência, elas ficam mais passivas, mais isoladas, dependentes da tela, em algumas situações preferem esse tipo de contato ao contato humano. Elas estão numa condição diferente e óbvio que vão se comportar de forma diferente, mas hoje são diagnosticadas como se tivessem uma patologia. Esse surto de autismo é consequência disso. Mas não é só isso, há também uma forma diferente de fazer o diagnóstico em que existe uma lista de sintomas relacionados ao transtorno. Se a criança tiver três ou quatro desses sintomas, já estaria incluída no espectro do autismo, o que nós do CPPL discordamos. E o que você acha do aumento dos casos diagnosticados de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)? Também está relacionado à forma de se fazer o diagnóstico. Até meados do século passado, a visão sobre o funcionamento psíquico do humano era atrelada aos saberes da época: psicanálise, fenomenologia, filosofia, que eram muito valorizados. Era uma visão relacionada às questões culturais, ambientais. Pouco depois dos anos 70, começa a haver uma mudança em razão do desenvolvimento da tecnologia no campo da ciência, do diagnóstico por imagem e, com isso, das possibilidades de pesquisas na área da psicofarmacologia. Cria-se um ambiente em que essa visão mais humanista é substituída por outra mais medicalizante, mais científica. Os diagnósticos da saúde mental eram feitos a partir da compreensão do sintoma e levavam em conta a experiência da pessoa, como aquilo era vivido pelo sujeito adoecido. Mas, foi havendo um distanciamento disso e agora se trata muito da doença. Então vamos descrever bem a doença, para ser mais científico e objetivo possível e, como se transforma tudo em doença, tem-se também um avanço do uso da medicação. Quando falo de uma visão medicalizante, não me refiro só aos medicamentos, mas de uma visão médica do comportamento humano. Assim, a criança desobediente, que antes víamos como falta de educação, hoje é descrita como sintoma de um determinado transtorno, caracterizado por determinados sintomas, que não são mais sintomas do sujeito, mas da doença que precisa ser tratada e, para toda doença sempre tem um remedinho, não é? Isso serve a muitos interesses: do indivíduo que hoje é imediatista e quer resolver logo os problemas, não quer ter muito trabalho pensando nas suas questões subjetivas, porque ele tem muita coisa para fazer. Então, ele se sujeita a tomar um remédio e levar uma vida péssima. Há também os interesses da indústria farmacêutica. Comportamentos humanos, que antes eram simples comportamentos, hoje são sintomas de doenças. A criança que antes era trelosa, que tinha a cabeça no mundo da lua, hoje é diagnosticada com TDAH. Para isso existe medicação e hoje até coordenadora de escola encaminha crianças para

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Professores também querem aprender

As novas tecnologias digitais mudaram a maneira como os estudantes adquirem informações e, por consequência, estão pressionando uma transformação da escola. O acesso a conteúdos do mundo inteiro ao alcance de poucos cliques empoderou os alunos. Aulas em vídeos, textos e infográficos de diversos autores além de jogos educativos são atualmente alguns dos caminhos mais dinâmicos e lúdicos trilhados pelas crianças e adolescentes no processo de aprendizado. Um cenário que desafia o professor a assumir um novo papel, não mais de transmitir os assuntos. O educador do Século 21 está se transformando em um curador na sala, um profissional que orienta a construção do conhecimento. Além disso, é incitado a ter um trabalho mais dinâmico na condução das aulas. O protagonismo do aluno na sua própria formação, um dos temas mais recorrentes dos últimos anos na discussão sobre a aprendizagem, suscitou uma nova atitude também dos docentes. “Uma das demandas que estamos enfrentando é a necessidade de um protagonismo do professor”, aponta Patrícia Smith, professora do Departamento de Métodos e Técnicas da UFPE e doutora em Educação pela University Of Newcastle Upon Tyne. Para Patrícia, as dificuldades do professor para alcançar o engajamento dos estudantes são diversas. Currículo denso, pressão do tempo e da aprovação dos exames de acesso à universidade e a própria estrutura física das escolas são barreiras. Entraves também identificados pelos alunos, que os levam a perder o interesse pelo espaço de aprendizagem formal, que é a aula. “Nos últimos anos temos uma escola desinteressante para os estudantes. Mas eles são sociáveis na sua vida, são protagonistas no seu meio e alguns deles são até líderes. Mas quando chegam na sala não decidem nada. Todo mundo diz a eles o que devem fazer”, exemplifica Smith, apontando uma das raízes da desmotivação dos jovens nas instituições de ensino. No workshop Algomais Educação 2018, realizado em setembro, alunos de 10 escolas públicas e privadas do Recife e de Olinda falaram sobre o que consideram positivo e negativo no aprendizado. O estudante Cassiano de Oliveira, da Escola Municipal Vila Sésamo, aponta que uma boa aula é aquela em que o professor consegue a atenção dos alunos sem ser rigoroso. “Na nossa escola já aprendemos usando música. Também fizemos um trabalho sobre fotografia, produzindo imagens sobre o que nos representa e o que não nos representa. Algumas dessas experiências são únicas, em que conseguimos aprender até brincando. Precisamos de mais aulas dinâmicas”, deseja. Outra demanda quase que unânime dos estudantes é por práticas pedagógicas que apresentem o conhecimento aplicado. As teorias e aprofundamentos de conteúdo descontextualizados são apontados como fatores que reduzem o interesse na escola. “Vejo que a maior dificuldade é pôr em prática o conhecimento. Sempre me pergunto: como vou usar isso na minha vida? Acho que todos já fizeram esse questionamento como aluno”, disse Ana Camila Nogueira, aluna do Colégio Madre de Deus. A dificuldade em aplicar o tempo necessário para promover a aprendizagem é outro desafio apontado pelo estudante Johnny Hsu, do Colégio Marista São Luiz. “Existe a necessidade de termos mais qualidade na didática. Mas outro problema é a duração das aulas. Como promover uma abordagem mais dinâmica em uma aula de 45 minutos? O pensamento fica inconcluso e já passamos para a aula seguinte”. Além das dificuldades e anseios apontados pelos estudantes, o docente atravessa atualmente um novo momento dentro das escolas. Ao mesmo tempo em que é cobrado para ser o protagonista da organização de uma aula mais atrativa, ele passa a ter um papel de curador. Um profissional que indica as fontes de estudo de qualidade, estimula a pesquisa e contribui para que o estudante alcance maior autonomia na sua formação. Um orientador do processo de aprendizado dos alunos, perfil que há pouco tempo era mais comum apenas no ensino superior. O sociólogo francês Edgar Morin, no projeto Fronteiras do Pensamento, definiu por meio de uma ilustração, o novo papel do docente. “Ele deve ser o regente da orquestra, observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por exemplo, quando um professor passa uma lição a um estudante, que vai buscar uma resposta na internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o conteúdo pesquisado. É preciso desenvolver o senso crítico". Para Rogério Cavalcanti, professor de geografia do Colégio Fazer Crescer, o grande desafio da docência é justamente aguçar a curiosidade dos alunos e estimulá-los a pensar na aplicação dos conteúdos. “Educação não é um banco de conhecimento. Paulo Freire defendia que é preciso colocar uma fagulha, de alguma forma acender a curiosidade dos estudantes”. Rogério faz uso de práticas pedagógicas que privilegiam o diálogo para estimular o interesse dos alunos pela aprendizagem. Ele trabalha com as redes sociais e as novas tecnologias que são usadas pelos alunos e promove momentos de reflexão aplicada sobre os assuntos de aula. “Uma das atividades é fazer com que os estudantes se imaginem como gestores públicos que precisam resolver ou minimizar um problema real de um bairro ou de uma cidade. Assim discutimos em sala conteúdos como urbanização e formação econômica do Brasil. Os conhecimentos são socializados e apontam para uma aplicabilidade”, afirma. Para produzir aulas mais dinâmicas e assumir esse papel de curadoria, o grande problema, mencionado por especialistas e reconhecido pelos professores, é que a formação docente nas universidades não os capacitou com as competências exigidas por esse novo aluno e por essa nova escola. “Sentimos falta de oficinas mais práticas para exercer o nosso trabalho. Na universidade tínhamos muitas discussões acadêmicas, que são importantes, mas que não nos habilitaram a exercer nosso trabalho no dia a dia, da própria prática na sala de aula”, aponta o professor Jefferson Góes, do Colégio Equipe. Segundo pesquisa da ONG Todos pela Educação e do Itaú Social, realizada pelo Ibope Inteligência neste ano, “71% dos professores estão insatisfeitos com sua formação inicial. Para eles, faltaram conhecimentos sobre gestão de sala de aula (22%) e fundamentos e métodos de alfabetização (29%). Ou seja, a prática da profissão”. Para reduzir as dificuldades da formação

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FERA oferece formação em audiovisual exclusiva para mulheres no Portomídia

Entre os dias 26 de novembro e 8 de dezembro, com atividades formativas no Portomídia, no bairro do Recife, o mercado do audiovisual pernambucano será impulsionado pela presença feminina. Segue aberto até o dia 24 de outubro o processo seletivo para as oficinas do FERA - Feminismo e Equidade para Reinventar o Audiovisual, realizada pela Zumbayllu Mesmo Assim A Gente Faz e Tilovita Produções. O valor da contribuição para participar das oficinas será de R$ 100, com a possibilidade de isenção para aquelas que não tiverem como custeá-la. As inscrições podem ser realizadas através do site www.feraaudiovisual.com e cada mulher pode se candidatar em uma oficina, permitindo assim que mais mulheres possam desfrutar da iniciativa. Cerca de 75 mulheres terão a oportunidade de se aperfeiçoar na linguagem audiovisual escolhendo entre cinco oficinas intensivas, ministradas por profissionais reconhecidas nacionalmente nas seguintes áreas: direção e roteiro (Eliza Capai), direção de fotografia (Flora Dias), som direto (Simone Dourado), montagem de imagem e som (Natara Ney e Catarina Apolônio) e crítica cinematográfica (Carol Almeida). Mulheres que já utilizam ferramentas audiovisuais como forma de expressão são o principal público-alvo do projeto. Levando em conta toda a diversidade feminina, a seleção visará incluir mulheres negras, indígenas, residentes nas periferias, mulheres transgênero, sem deixar de considerar as mulheres lésbicas, bissexuais ou assexuais. As mulheres representam mais de 51% da população brasileira. No entanto, em 2016 apenas 20,3% dos filmes lançados no Brasil foram dirigidos por mulheres. Nesse contexto foi pensada a plataforma FERA, na intenção propiciar espaços de encontro, reflexão e formação para fomentar a equidade de gênero no audiovisual e impulsionar a atuação técnica e criativa das mulheres no setor. "Este projeto deverá ter um impacto positivo para a equidade de gênero na cadeia audiovisual pernambucana, com a ampliação e o fortalecimento da rede de mulheres trabalhadoras do audiovisual, para que tenhamos cada vez mais mulheres atrás das câmeras, sendo autoras de suas próprias narrativas", explica a produtora Amandine Goisbault. A FERA também reunirá em debates abertos ao público geral, trabalhadoras do audiovisual para discutir temas relacionados à participação e protagonismo feminino na área. O público ainda poderá assistir aos filmes produzidos pelas alunas na noite de encerramento do 20º Festcine, que acontecerá no Cinema São Luiz. ZUMBAYLLU MESMO ASSIM A GENTE FAZ Desde 2008, a produtora audiovisual Zumbayllu Mesmo Assim A Gente Faz abrange em suas atividades: produção, direção, fotografia, som direto, pós- produção, finalização, e também formação audiovisual. Além de desenvolver suas próprias produções, a Zumbayllu colabora intensamente com a Vídeo nas Aldeias e outras produtoras e cineastas, em projetos nos quais acredita. TILOVITA PRODUÇÕES A Tilovita é um núcleo de produção e articulação de projetos que têm como foco cinema, meio ambiente, urbanismo, música e intercâmbios. Desde 2006, produzimos programas de TV, documentários, vídeos institucionais, ficção, realizamos workshops, oficinas, mostras de cinema e vídeo, projetos de arte-educação, palestras, tudo no intuito de articular ideias, pessoas e culturas. SERVIÇO FERA - Feminismo e Equidade para Reinventar o Audiovisual Inscrições ate o dia 24 de outubro. Oficinas entre os dias 26 de novembro e 8 de dezembro, no Portomídia (R. Barão Rodrigues Mendes, 52, Bairro do Recife)

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Som de Madeira é a atração do Circuito Aurora Instrumental nesta quarta-feira (24)

Com uma sonoridade que se debruça sobre as raízes nordestinas, e melodias bem construídas e prazerosas de se ouvir, o Som de Madeira promete encantar o público do circuito Aurora Instrumental, nesta quarta-feira (24). O refinamento sonoro do jazz (e improvisos dedicados), além do baião, frevo, choro e o samba estão presentes no trabalho do grupo, formado pelos músicos experientes Renato Bandeira (violão, guitarra, viola), Augusto Silva (bateria), Hélio Silva (baixo elétrico) e Júlio Cesar (acordeon). O quarteto vai apresentar músicas do seu álbum de estreia, De Ponta Cabeça, além de algumas composições inéditas, às 19h30, no Teatro Arraial Ariano Suassuna. O grupo Som de Madeira, que atendia por Renato Bandeira & Som de Madeira, tem história para contar desde 2002. Além de shows em Pernambuco e no Brasil, a banda participou de jam sessions no festival de Jazz de Montreaux, na Suíça, e também se apresentou na Argentina. O grupo se distanciou por um período, quando os músicos seguiram individualmente suas respectivas carreiras, e decidiram retornar com a banda, em 2015, com o lançamento do disco (e DVD) De Ponta Cabeça, que reúne músicas autorais e algumas homenagens. Com o álbum, trabalho muito sofisticado musical e esteticamente, o Som de Madeira ganhou o Prêmio da Música de Pernambuco, em 2016, na categoria Melhor Álbum Instrumental. Aurora Instrumental: O Circuito Aurora Instrumental é o espaço legítimo da música instrumental no Recife. Aurora é paisagem e geografia da capital pernambucana, e também é o nome da tradicional rua do Centro do Recife, paralela ao Rio Capibaribe, e o endereço do Teatro Arraial Ariano Suassuna, local onde ocorrerão todos os espetáculos musicais da primeira edição do circuito - dividido em duas temporadas. O evento, contemplado pela seleção pública do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), busca se posicionar como importante palco de expressão da diversidade, tradição e renovação da música instrumental e propõe o encontro do público com músicos e grupos instrumentistas de alta qualidade técnica e artística. A segunda temporada de concertos é realizada toda quarta-feira, de 10 de outubro a 12 de dezembro, sempre às 19h30, e com ingressos a preços populares. SERVIÇO: Aurora Instrumental apresenta Som de Madeira Dia: quarta-feira (24/10) Horário: às 19h30 Local: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, nº 457, Boa Vista, Recife – PE) Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Vendas: Bilheteria do Teatro Arraial (abre 1 hora antes do show) e no https://www.sympla.com.br/aurorainstrumental

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O Recife nos tempos do Zeppelin

No seu imaginário, o Recife ainda convive com as imagens da presença do Graf Zeppelin em nossos céus, que se tornou o maior acontecimento do século 20 entre nós. Dentre as novidades dos anos de 1930, famosa pelo aparecimento de novos hábitos e costumes, antecedendo a Segunda Grande Guerra, foi o surgimento do Graf Zeppelin, inaugurando linha direta, bimestral, com a Europa, em 22 de maio de 1930, fazendo a rota Friedrischafen-Sevilha-Rio de Janeiro. Pelo noticiário, registrado no Diario de Pernambuco, do dia 23 de maio, e depoimentos dos que viveram esse tempo, a exemplo do industrial Ricardo Brennand, 91 anos, se tornaram um verdadeiro acontecimento na cidade, as chegadas e partidas do dirigível, que cruzava o Atlântico em 59 horas de viagem. No dia seguinte do seu voo inaugural, assim noticiava o Diario de Pernambuco: Um vivo interesse se desenhava em todos os semblantes entorno desse acontecimento destinado a marcar uma data inesquecível na vida da cidade. [...] Às 18 horas e 35 minutos o dirigível foi avistado no Recife e logo entrou a tocar, para divulgar a boa nova, o carrilhão do Diario de Pernambuco, cujos terraços estavam ocupados por famílias do nosso escol social. [...] O Diario de Pernambuco, em sua edição do dia seguinte, às 16 horas, era já compacta a multidão de curiosos que se empilhavam nas torres das igrejas e até nos tetos das casas – inclusive nos terraços dos edifícios mais altos: Moinho Recife, Palácio da Justiça, Diario de Pernambuco, Hotel Central, etc. No mais alto da cúpula do Palácio da Justiça, em verdadeiro esporte de equilíbrio, agrupavam-se algumas dezenas de pessoas. O terraço desta folha, já às 17 horas, estava repleto de numerosa e compacta assistência. [...] – Chegarei pouco depois do pôr do sol, foi a mensagem do comandante Eckener. [...] É ele! É ele! É uma estrela! gritava o povo. Mas a dúvida em breve dissipou-se. Alguns instantes mais e a sombra branca do imenso pássaro aéreo começou a surgir e a crescer. Já eram então visíveis os dois focos de proa e popa marcando o vulto imenso que desfilava dentre as nuvens. Precisamente às dezoito e meia passava o Graf Zeppelin, mais baixo a cerca de 300 metros de altura, sobre a torre da Catedral de Olinda.... E logo começou-se a ouvir o surdo rugido das suas hélices possantes .... Mas pode mencionar-se o emocionante espetáculo da nave imensa a deslizar dentro da noite, sobre a cidade, rumando do norte ao poente, numa grande curva, direto ao Campo do Jiquiá, como se conhecesse o caminho; como uma ave retardatária que torna-se ao pouso, mil vezes demandado. O Zeppelin estava sob o comando do Comandante Hugo Eckener, que, juntamente com o infante Dom Affonso de Espanha, foi saudado pelo então secretário particular do governador Estácio Coimbra, Gilberto de Mello Freyre, após a sua amarração no Campo do Jiquiá (Afogados). Para o menino Ricardo Brennand, que se acostumara a assistir à passagem do Zeppelin da varanda da Casa de Ferro da Usina São João da Várzea, fora a mais importante imagem de sua infância. Um dos detalhes que mais o fascinou foi quando, numa recepção oferecida por sua família à tripulação do dirigível, na mesma Casa de Ferro da Usina São João da Várzea, constatara ele que as mulheres da tripulação do Comandante Hugo Eckener usavam, em vez de saias, “bermudas folgadas até os joelhos” (!) Eram os Tempos do Zepellin, na sua linha regular ligando a Europa ao Brasil e à Argentina, relembrados pelos mais antigos e assim descritos pela verve poética de Ascenso Ferreira: – Apontou! – Parece uma baleia se movendo no mar! – Parece um navio avoando nos ares! – Credo, isso é invento do cão! – Ó coisa bonita danada! – Viva seu Zé Pelin! – Vivôôô! Deutschland über alles! Chopp! Chopp! Chopp! – Atracou! O Graf Zeppelin realizou 63 viagens unindo o Recife à Europa. Seis anos depois do seu primeiro voo, em 1936, o Zeppelin veio a ser substituído por outro dirigível, o Hindenburg, que possuía 804 pés de comprimento; 76 pés menos do que o transatlântico Titanic e 228 pés maior do que um Boeing 747. Este último realizou sete viagens ao Brasil, antes do incêndio que o destruiu, em 1937, ao pousar em Lakehurst, no estado norte-americano de New Jersey, deixando uma imensa saudade, naqueles que viveram os Tempos do Zeppelin.

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A onda do churrasco gourmet no Recife

“A prática de churrasquear ganhou ares de sofisticação. Os açougues viraram boutiques de carne; o tradicional sal grosso foi substituído pela flor de sal, sal Rosa, sal do Himalaia, sal de parrilla, facas e tábuas são personalizadas”, declara Tetê Melo, responsável pelo La Vaca, um foodtruck especializado neste que é um dos pratos preferidos do brasileiro. Na realidade, o convencional churrasco vem ganhando versões cada vez mais refinadas e acessórios aprimorados. A versão gourmet da carne na brasa também conquistou os recifenses e hoje a capital pernambucana ganhou novos restaurantes e casas especializadas em acessórios que enchem os olhos e o paladar dos churrasqueiros. É cada vez mais comum na mesa dos brasileiros o investimento em cortes de carnes mais nobres, como o bife Angus e o Short Rib (também conhecido como costela premium). “Os criadores vêm se especializando cada vez mais em novas raças de gado, deixando os animais mais tempo no pasto e no confinamento, elevando por consequência a arroba do boi”, explica Jair Scariot, proprietário do Espaço da Carne, boutique especializada em carnes, com lojas nos bairros de Casa Forte e Boa Viagem. E foi justamente este o upgrade nas carnes brasileiras que se deu nos últimos 10 anos, com o processo de mudança genética através da cruza de novas raças bovinas, valorizando mais o gado e as partes do animal. Com isso, é possível saborear quase todas as partes do boi. Nomes como o Angus, a Nelore, Hereford, e uma das raças mais nobres e com cortes mais caros disponíveis no país, a Wagyu, tomaram conta do mercado. Antenado com a sofisticação do churrasco, Scariot montou um estabelecimento muito diferente do tradicional açougue. Num ambiente climatizado, oferece além dos cortes, acessórios, alguns com versões diferenciadas que mostram o quanto se sofisticou o hábito de fazer churrasco. “Antigamente a pessoa tinha em casa uma tábua simples. Hoje o mercado oferece tábuas com madeiras melhores, tem até carvão com sabores, como maracujá e castanha. E junto a isso veio faca, espeto, grelha melhores. Há uma imensidão de coisa nessa área. Isso tudo agrega valor e sabor”, justifica. Os tradicionais acompanhamentos das carnes assadas na brasa, antes reduzidos ao vinagrete e farofa, hoje contam com inovações como o molho barbecue, cuja base é feita de tomate, açúcar mascavo, molho inglês e mostarda, originário dos Estados Unidos. Outro molho que tem marcado presença nas churrasqueiras é o chimichurri, típico do Uruguai e da Argentina. De mesma origem veio a parrilla, sistema de grelhas móveis que evita que a madeira ou o carvão interfiram no sabor da carne. A gourmertização e as inovações também chegaram aos restaurantes especializados, que se diferenciam das tradicionais churrascarias. O Faaca Boteco e Parilla é um dos pioneiros em trazer uma experiência mais refinada para o churrasco na capital pernambucana. Numa mistura do tradicional boteco brasileiro com a parrilla argentina, o Faaca deixa que o cliente escolha o seu próprio pedaço de carne, direto no freezer. “Ele escolhe de acordo com o marmoreio (quantidade de gordura presente na carne) e a gramatura (porção por pessoa) que preferir”, explica Bruno Carrazzone, um dos sócios fundadores do restaurante. “Isso é um grande diferencial nosso, porque não vendemos qualquer carne, vendemos aquela que escolheu. Essa é a experiência Faaca”, distingue Carrazzone. No cardápio é possível encontrar cortes, que variam entre R$ 35 e R$ 150. Os destaques vão para as opções de bife ancho (R$ 44), bife de chorizo (R$ 46), short rib (R$ 66) e várias carnes de black angus, com acompanhamentos de cebola com parmesão ou a farofa à moda da casa, com panko (farinha para empanados feita com pão), alho e gengibre. O destaque do Faaca vai para o hambúrguer artesanal (R$ 20), que leva 3 cortes de angus, queijo e cebola caramelizada. A carne sai direto da parrilla. Já na seção boteco, as opções são pasteizinhos de costela (R$19,60 a porção com 6 unidades), empanadas (R$ 8), entre outros. Além de restaurante, também é possível encontrar os foodtrucks especializados em carnes. O La Vaca FoodTruck, tem como destaque a carne de sol Picuí, feita a partir do coxão mole (chã de dentro), com somente 6% de salga, é uma das mais pedidas pelos clientes. Outra queridinha é a tradicional picanha. “Apesar de existirem no cardápio as opções mais nobres, que são bem aceitas pelos consumidores, os cortes mais conhecidos são os campeões de venda”, conta Tetê Mello, sócia e chefe do food truck. Já no foodtruck itinerante Dama de Ferro, o toque especial vem no processo de preparação da carne. Lá, se utiliza um pit smoker, um defumador de origem americana que mesmo levando mais tempo para finalizar a carne e que depende de lenha, agrega mais sabor singular. “O diferencial do nosso churrasco está na defumação das carnes, incluindo a costela, que é o nosso carro-chefe. . Outra carne bastante pedida é o Brisket Angus defumado de seis a oito horas no pit smoker, que é o corte do peito bovino. “É uma carne muito fibrosa mas com o modo de preparo adequado resulta em uma carne muito macia e saborosa”, conta Marcello Coelho, dono e chef churrasqueiro do truck. A churrasqueira utilizada no Dama de Ferro é a Margarete, que o próprio Marcello construiu em 2015, e serviu de inspiração para o nome do negócio. Serviço: Faaca Boteco e Parrilla, Rua Sebastião Alves, 273 – Parnamirim – Recife, (81)3039.2028. La Vaca Food Truck, Estrada das Ubaias, 456 – (81) 99159-5163 Casa Forte – Recife. Dama de Ferro FoodTruck, Itinerante, (81) 98927-0000. Espaço da Carne, Av. Eng. Domingos Ferreira, 4267 – Boa Viagem – Recife, (81) 3035-0736, Av. Dezessete de Agosto, 1375 – Casa Forte – Recife, (81) 3097-0004. . *Por Laís Arcanjo

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Musical Gota D’Água [a seco], releitura de Chico Buarque, em duas sessões no Recife

Em dezembro de 1975, Bibi Ferreira subia ao palco do Teatro Tereza Rachel (Rio de Janeiro) para estrear “Gota D’Água”, transposição da tragédia grega Medeia, de Eurípedes, para a realidade de um conjunto habitacional do subúrbio carioca. Com um arrojado texto em versos de Chico Buarque e Paulo Pontes e canções como “Basta um Dia”, o espetáculo marcou época e se tornou um clássico moderno do teatro brasileiro. Mais de quatro décadas depois, a história voltou à cena com uma adaptação inédita do diretor Rafael Gomes. Batizada de “Gota D’Água [a seco]”, a nova versão estreou no Rio de Janeiro em maio de 2016. Contemplado pelo edital da BR, o espetáculo chega ao Recife dias 27 e 28 de outubro, no Teatro Guararapes. No palco, Laila Garin e Alejandro Claveaux são acompanhados por cinco músicos, sob a direção musical de Pedro Luís. Ingressos, a R$ 25 e R$ 12,50, já estão à venda (serviço abaixo). Como ‘a seco’ do título já indica, a montagem busca chegar à essência da história, através dos embates entre os protagonistas, Joana e Jasão, ainda que outros personagens do original também apareçam na adaptação. Mesmo com parte da trama sociopolítica reduzida na versão, Rafael Gomes reitera que a sua leitura da peça é focada em sua natureza política, cruelmente atual. “A ‘Gota D’Água’ original possui uma trama política bastante latente em seu embate entre opressores e oprimidos. Ao concentrar a história em Joana e Jasão, em suas ideologias, ações e sentimentos, eu gostaria ainda assim de falar sobre essa política mais essencial da vida, do dia a dia, essa que a maioria das pessoas sublima, esquece ou finge que não é com elas, achando que ser político é somente saber apontar o dedo para o adversário e se manifestar eventualmente por aquilo que interessa, de forma um tanto o quanto individualista”, afirma o diretor, que manteve toda a estrutura formal da peça e inseriu novas canções e pequenas citações de letras de Chico Buarque em algumas passagens do texto. “Gota D’Água [a seco]” é o primeiro espetáculo que Rafael Gomes dirigiu fora de sua companhia, a Empório de Teatro Sortido, de onde trouxe alguns colaboradores para esta montagem, como o cenógrafo André Cortez (Prêmio Shell por “Um Bonde Chamado Desejo”, 2015) e o iluminador Wagner Antônio. Rafael foi convidado pela produtora Andréa Alves, da Sarau Agência, e por Laila Garin para embarcar no projeto. Estrela de “Elis – A Musical”, Laila experimenta agora um novo desafio em cena: além de interpretar a mítica personagem eternizada por Bibi Ferreira, dá voz a músicas que não faziam parte da peça original, como “Eu Te Amo”, “Baioque” e “Cálice”. Revelado no projeto “Clandestinos”, Alejandro Claveaux interpreta o personagem que já foi de Roberto Bonfim e Francisco Milani (na temporada paulistana, em 1977). TRAGÉDIA CARIOCA, EMBATES UNIVERSAIS - Chico Buarque e Paulo Pontes começaram a trabalhar no texto original a partir de uma transposição que Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) havia feito para a televisão. A feiticeira Medeia virou Joana, moradora do conjunto habitacional Vila do Meio-Dia, mãe de dois filhos, frutos de seu casamento com Jasão, alguns anos mais novo do que ela. Compositor popular, Jasão é cooptado pelo empresário Creonte, que o ajuda a fazer sucesso, e termina por largar Joana para se casar com a filha do milionário. A trama passional – que culmina na vingança de Joana – tem como pano de fundo as injustiças sociais pelas quais os moradores do local passam, vítimas da exploração de Creonte, todo-poderoso da região. Por conta deste acúmulo de tensões, Rafael Gomes elegeu o embate como o conceito central de sua montagem. Não somente o embate amoroso, que está no cerne da trama do casal, mas também o social, em um sentido mais amplo, e, principalmente, o íntimo. “São as batalhas internas a que as circunstâncias externas nos sujeitam. Jasão no conflito entre o que está ganhando e o que está deixando para trás, assim como Joana na decisão entre ir às últimas consequências para se vingar ou simplesmente seguir vivendo – o embate entre o humano e o divino, o terreno e o espiritual’, conclui o diretor. Com esta nova e enxuta adaptação, as músicas que não estavam no original entram justamente para servir à dramaturgia, ao contar partes da história, revelar melhor o caráter e as contradições das personagens, além de amplificar alguns contextos e situações que precisaram ser sumarizados. A entrada de Pedro Luís na direção musical vem ao encontro da vontade de não fazer necessariamente um musical tradicional. “É um arejamento, um olhar diferente. Pedro fez com as canções, todas já tão conhecidas e consagradas, o que eu pretendo fazer com a dramaturgia: dar uma nova dimensão, jogar uma luz por um lado que não estamos acostumados a ver. Isso não implica em uma ambição de ‘melhorar’ nada, apenas de tentar pensar e criar por um caminho menos óbvio”, ressalta Rafael. MÚSICA, LETRA E TEATRO - Laila Garin sempre teve a carreira teatral atravessada pela música, seja em shows paralelos ou na série de espetáculos musicais que protagonizou recentemente. Após ter iniciado a vida artística em Salvador, sua cidade, ela se mudou para São Paulo e trabalhou com Luiz Carlos Vasconcelos, da Cia. Piolim, antes de ficar por sete anos na Casa Laboratório, dirigida por Cacá Carvalho e a Fondazione Pontedera. Após o período na capital paulista, fixou residência no Rio de Janeiro, onde estrelou “Eu Te Amo Mesmo Assim” (2010), musical supervisionado por João Falcão, diretor de “Gonzagão – A Lenda” (2012), do qual Laila fez parte por algumas temporadas. A sua recriação do mito Elis Regina em “Elis – A Musical” (2013) provocou um verdadeiro fenômeno teatral de público e crítica, coroado com todos os principais prêmios de atuação do País: APCA, APTR, Bibi Ferreira, Cesgranrio, Quem, Reverência e Shell. No último ano, ainda esteve em “O Beijo no Asfalto”, versão musical de Claudio Lins para o clássico de Nelson Rodrigues, e estreou na TV na novela “Babilônia”, de Gilberto Braga, Ricardo

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Preparados para qualquer cenário (por Francisco Cunha)

O futurista norte-americano Peter Schwartz, especialista em construção de cenários para o planejamento empresarial, fala o seguinte em relação à previsão do futuro: “simplesmente não é possível prever o futuro; um velho provérbio árabe diz que aquele que prevê o futuro mente, mesmo quando acerta”. Corroborando essa ideia, outro futurista, esse holandês, Arie P. de Geus, responsável durante muito tempo pelo planejamento estratégico da Shell, avança no tema ao dizer que, na verdade, além de não ser possível prever, “não importa qual será o futuro pois a única pergunta relevante é: o que faremos se tal cenário acontecer?” Diante do resultado desta eleição presidencial no Brasil, dado o alto grau de incerteza que a caracterizou e, portanto, da rigorosa impossibilidade de antecipar com razoável grau de previsibilidade qual será o futuro do novo governo, a alternativa é seguir a recomendação de P. de Geus e, na prática, preparar-se para qualquer cenário que possa vir a acontecer. Para isso, vale a pena atentar para o que diz o indiano Vijay Govindarajan, que foi consultor chefe de inovação da General Eletric, repetindo o que também disse certa vez Peter Drucker: “não peço que adivinhem o futuro, mas que o imaginem; afinal, a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”. Para imaginar o futuro, do ponto de vista pessoal e/ou organizacional, a partir do que pode acontecer como resultado da ação do futuro governo eleito, podemos fazer o exercício de tentar caracterizar algumas tendências de peso que podem condicionar a sua atuação. Uma dessas tendências que parece irreversível é a de se tratar de frente a questão do déficit público com medidas efetivas de contenção sob pena de vermos a dívida pública fugir ao controle e tornar arredios os credores, o que certamente produziria fuga de capitais, desacerto das contas públicas e descontrole inflacionário. Um cenário de caos que deve, portanto, ser enfrentado pelo novo governo, independente do que foi dito (ou silenciado) durante a campanha eleitoral, sob pena de, não o fazendo, ver o seu grau de governabilidade se estreitar drasticamente. Afinal, não é descabido dizer que foi a inflação descontrolada que derrubou Dilma Rousseff... Desenhar cenários alternativos para subsidiar o planejamento do próximo ano é, portanto, tarefa inescapável deste final de ano eleitoralmente atribulado. De tédio, com certeza, não padeceremos. *Francisco Cunha é consultor da TGI

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6 fotos da Praia do Pina Antigamente

A praia calma, as jangadas dos pescadores e a vida tranquila do bairro do Pina de décadas atrás estão registrados na seleção abaixo de 6 fotografias da Biblioteca do IBGE. O local, que era uma ilha no passado, teve um forte holandês em meados do Século 17 e abrigava o sítio de André Gomes Pina. Sobrenome que nomeou o bairro. Clique nas imagens abaixo para ampliar. . . 1. Cartão Postal (imagem cedida por Luiz Timotheo da Costa). . 2. Casas na beira da praia, em 1957 . 3. Jangadas, em 1951 . . 4. Prédios na margem da Praia de Pina, em 1957 . . 5.  Ônibus circulando no bairro . . 6. Posto 1 na Praia do Pina . *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais Para sugestões de pautas ou contribuição com fotos antigas, envie um e-mail para rafael@algomais.com

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Crítica| Primeiro Homem

Ele foi aplaudido de pé por mais de três minutos no Festival de Veneza. Entre os presentes, o cineasta Guillermo del Toro e os atores Christoph Waltz e Naomi Watts. É um dos mais cotados para o Oscar de melhor filme no ano que vem. Quer mais? Foi dirigido por um dos grandes cineastas da nova geração, responsável por obras como Whiplash: Em Busca da Perfeição e La La Land: Cantando Estações, Damien Chazelle. Estou falando do longa Primeiro Homem, que chega aos cinemas nesta quinta. Primeiro Homem acompanha a jornada de Neil Armstrong até o histórico momento em que pisa no solo lunar em 1969. Premissa simples, é verdade, mas trabalhada de forma genial por Chazelle, que entrega ao público uma obra ambiciosa. A trama não se prende tão somente à preparação para a missão, explora também os problemas pessoais de Armstrong, como a dor pela morte da filha de apenas dois anos. O filme proporciona ao público uma inesquecível experiência sensorial. Cada detalhe tem sua importância para a narrativa, nada soa gratuito, principalmente o uso do som ou até a ausência dele em alguns momentos. Podemos sentir isso em cenas como a que o protagonista sai da nave após pousar na Lua. Prepare bem os ouvidos.     Destaco também o bom trabalho de fotografia de Linus Sandgren, que já trabalhou com Chazelle em La La Land. Além das belas imagens do espaço, difícil ficar indiferente aos close-ups dentro das aeronaves. O espectador tem a sensação de estar literalmente dentro da missão. Notícia não muito boa para os claustrofóbicos. Ryan Gosling retoma outra vez a parceria com Damien Chazelle, após protagonizar o musical La La Land, que rendeu ao ator a indicação ao Oscar. Interpretação convincente que provavelmente dará ao ator outra indicação ao prêmio. Quem também está muito bem no longa é a atriz britânica Claire Foy, mais conhecida por protagonizar a série da Netflix, The Crown. No longa ela interpreta Janet, esposa de Armstrong. Bilheterias Primeiro Homem agradou a crítica, mas decepcionou na semana de estreia nos EUA. Orçado em US$ 60 milhões, arrecadou apenas US$ 16,5 milhões. Os outros dois filmes de Chazelle também não foram bem nas suas estreias, mas conseguiram considerável recuperação. La La Land estreou com US$ 9.2 milhões e arrecadou US$ 446,1 milhões no total. Já Whiplash atingiu na estreia a pífia marca de US$ 135 mil, alcançando mais adiante o total de US$ 49 milhões em bilheterias.

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