Arquivos Colunistas - Página 116 De 305 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

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Publicação apresenta experiências e desafios da carreira dos diplomatas

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais Os Diplomatas e suas histórias é uma coleção de crônicas escritos por vários diplomatas brasileiros e por alguns estrangeiros, que narram fatos, reflexões e os dilemas dessa carreira que é valorizada, mas pouco conhecida da maioria dos brasileiros. O livro foi organizado pela embaixadora brasileira Leda Lúcia Camargo - que já atuou em embaixadas de Washington, Buenos Aires, Roma e na missão junto à União Europeia em Bruxelas - e publicado pela editora Francisco Alves. “O exercício da carreira de diplomata é desconhecido pelas pessoas: a ideia limitada que poucos têm dessa atividade é a de que é cercada de vantagens, uma fantasia de viagens, e desconhecem que nosso dia a dia traz inúmeros sacrifícios, também para filhos e cônjuges, com mudanças a cada 3 anos, e que o desgarro constante faz perder afetos, apesar da imensa honra de representar o país 24h por dia, 7 dias por semana. Trabalha-se com discrição, e certa confidencialidade, para não ser submetido a pressões, e às vezes se é mal interpretado. Os diplomatas têm sempre presente que a carreira é uma instituição de Estado e não de Governo e que precisam prestar contas à sociedade, através da imprensa e formadores de opinião, e por isso os autores, mesmo com pequenas crônicas, se dispuseram a revelar, com suas experiências, que bons princípios prevalecem, que a politica externa é regida por valores de nação e que amadorismo diplomático custa caro”, afirmou a organizadora. A embaixadora conta que o livro foi escrito para o público em geral, que terá a oportunidade de conhecer um pouco do que fazem os diplomatas que ao promover a cultura, o turismo, as exportações, atrair investimentos, estão protegendo o emprego de seus concidadãos, sua autoestima e a imagem positiva do país. “As histórias mostram um pouco que os temas com que trabalhamos atingem o cotidiano das pessoas, de antirretrovirais à importação e exportação de produtos agrícolas da mesa diária, da necessidade ou não de vistos para viajar à proteção de nacionais no exterior. Neste momento do terrível ataque russo à Ucrânia, alguém lembra que enquanto tantos querem sair do vitimado país, os funcionários do Itamaraty lá permanecem - e durante esse caos ainda são reforçados com outros- para tentar facilitar os que precisam ajuda?” Entre os 25 autores que compartilharam suas experiências no livro estão o ex-chanceler Celso Amorim, Rubens Rícupero, Marcos Azambuja e a embaixadora Katia Gilaberte, que atualmente é chefe do Escritório de Representação do Itamaraty no Nordeste, sediado no Recife. Leda Lúcia Camargo explica que todos resumem um pouco o que anos de exercício da diplomacia ensinam. “Ser firme sorrindo, conceder em algo quando necessário para não haver rompimento, mas subserviência jamais”. A organizadora do livro afirma que todos passam por sacrifícios, que se aprendem desde cedo na carreira. “O prazer maior vem do resultado e reconhecimento pelo trabalho desempenhado, subindo os degraus da carreira. Não se é diplomata só pelo bom senso, como não se chega a ser aviador ou engenheiro sem muito preparo e esforço. As histórias revelam que em meio à rotina indispensável de "papeis e palavras" em que se vive - e que também proporciona privilégios e honras ao participar de eventos notáveis e a conviver com pessoas excepcionais-, a diplomacia acarreta situações dramáticas e imprevistos inimagináveis”. A embaixadora Leda Lúcia destaca que o livro inclui também alguns fatos históricos nunca antes narrados e, entre alguns, uma pesquisa documentada que revela uma versão completamente nova sobre um episódio que envolveu de forma descabida o pai da Rainha Silvia da Suécia. Katia Gilaberte, que atualmente representa o Itamaraty no Nordeste, participa do livro com as crônicas “Punhos de renda”, “Entre pontes e muros” e “Diáspora”. Ela conta que aceitou o convite da amiga e colega de turma Leda Camargo para participar do projeto com o objetivo de contribuir para ampliar o conhecimento da carreira dos diplomatas entre a população que conhece pouco sobre a importância das relações internacionais.“A princípio, confesso que relutei, pois, para além do meu trabalho como chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores para o Nordeste, estava profundamente envolvida na confecção de dois livros para crianças. A Leda insistiu e aderi de coração à iniciativa, que abre uma oportunidade importante para mostrar que a vida diplomática está longe do glamour que subsiste no imaginário da maioria das pessoas, exige muito empenho, estudo e sacrifícios, e que nós, os diplomatas, somos, acima de tudo, servidores do Estado, comprometidos com os interesses do país e o bem-estar de sua população, com a paz e a cooperação internacionais. Ainda, somos muitas vezes atores e testemunhas de fatos que constroem a História do nosso tempo, como evidencia o rico caleidoscópio de crônicas que compõem o livro”, afirma. Em “Punhos de renda”, ela escreve com humor e ironia um relato sobre o estado deplorável da residência oficial em Dacar. Quando ela foi designada como Embaixadora junto ao Senegal, em 2005, Katia teve alguns desafios para se instalar. “Tive de limpá-la eu mesma, acompanhada de uma arquiteta que à época me assessorava, munidas de mangueiras, vassouras e esfregões. A casa gigantesca, fechada por mais de dois anos e meio na ausência de um titular do posto, estava recoberta de lama e sujeira. Vivi por dois anos e meio nesse imóvel, próprio nacional inaugurado por João Cabral de Melo Neto em 1974, com placas de concreto que se desprendiam perigosamente do telhado, até que tivessem início as obras de restauração”. O texto busca desconstruir o estereótipo de punhos de renda que até hoje se cola aos diplomatas.A crônica entre pontes e muros expõe uma certa amargura da diplomata no seu percurso no Ministério das Relações Exteriores, sobretudo, no que tange à misoginia, quase sempre escudada na hierarquia. Ela revela, no entanto, também seu orgulho quanto aos resultados palpáveis de projetos de cooperação que, com o apoio inestimável de instituições brasileiras de excelência, pôde desenvolver no Senegal, em especial, o da anemia falciforme no Centro Pediátrico de Dacar, que

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Um roteiro "recosturador" do Centro do Recife

Conforme prometido no artigo anterior (A “Recostura” do Centro do Recife - da edição 190.4 da Algomais), desta vez apresentamos uma sugestão de roteiro “recosturador” para o território do Recentro (programa da Prefeitura do Recife para o desenvolvimento e a gestão estratégica dos Bairros do Recife, Santo Antônio e São José). Trata-se de um roteiro elaborado com base na experiência dos caminhantes domingueiros de terem percorrido milhares de quilômetros em centenas de caminhadas por esses bairros. Uma das diretrizes importantes da proposição é o seu indispensável caráter integrador deste território que, ao longo do tempo, foi sendo “retalhado”, “pregado à cruz das novas avenidas” como a ele se refere o poeta Joaquim Cardoso, notadamente a Guararapes e a Dantas Barreto que “fatiaram” a cidade barroca sucessora da cidade holandesa em, pelo menos, quatro quadrantes. Como isso, o riquíssimo acervo histório e cultural restou fragmentado e dispenso. No roteiro reproduzido acima foram listados 52 pontos de interesse mas, com boa vontade, se chegaria tranquilamente ao dobro ou ao triplo desta quantidade devido ao fato de que, além do centro da cidade ser uma espécie de museu vivo da história do Recife, praticamente cada esquina tem uma história própria para contar. O roteiro proposto, funciona como uma espécie de fio condutor desta integração e foi pensado para ser percorrido via mobilidade ativa (a pé e de bicicleta), de modo a que ao seu final (no Pátio de São Pedro) se tivesse o sentimento de ter feito a “costura” do território tão importante. Inclusive com todo o acervo barroco/rococó, de grande valor histório e artístico nacional e internacional, incluído nele, tanto o existente que sobreviveu às mudanças dos tempos como também com possibilidade de acesso àquele que desapareceu mas deixou o seu registro na forma de imagens como é o caso da Igreja dos Martírios. Derrubada para a abertura da Avenida Dantas Barreto, teve a sua localização descoberta em nossas caminhadas quando nos deparamos com os restos da placa da Travessa dos Martyrios e, com essa pista, conseguimos precisar o local onde ficava. Essa descoberta nos permitiu pensar na possibilidade de usar os recursos da chamada “realidade aumentada” (a mesma tecnologia que torna possível o jogo digital Pokémon) para termos uma ideia de como teria sido aquele determinado local ou imóvel desaparecido com uso do recurso das imagens antigas por sobre a paisagem atual. A seguir fizemos uma montagem ilustrativa justamente com a Igreja dos Martírios no final da travessa por nós “descoberta”. Com um recurso do tipo, poderiam ser “recuperados” os Arcos do Bom Jesus, da Conceição, de Santo Antônio; as Igrejas do Corpo Santo e do Paraíso; além de inúmeros monumentos e locais desaparecidos. Além do oferecimento deste roteiro ao Recentro, já estamos programando nossa próxima Caminhada Domingueira por ele, assim que a pandemia der um refresco. Já estamos ansiosos. *Artigo publicado originalmente na edição 191.4 da Revista Algomais

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Alexa

Daqui a poucos instantes, quando a porta abrir, estarei pisando em solo paulistano. Você deve estar imaginando o estereótipo do nordestino retirante, que veio tentar a vida em São Paulo, com uma surrada camisa quadriculada, um par de chinelos, um fumo no canto da boca e um chapéu de palha. Mas não é bem isso. Ou talvez seja quase isso. Sou advogado há 22 anos, tenho 46, e vim apenas desbravar novos negócios na Pauliceia, na tentativa de fazer crescer a filial do nosso escritório. Se São Paulo é o motor do Brasil, cá estou eu, com essa sede capitalista de aumentar meus rendimentos. Um retirante de paletó e gravata e algum no bolso, que veio se esborrachar nas oportunidades que nos permitam louvar cada dia mais o nosso Deus soberano, aquele que, infelizmente, manda na nossa vida: o capital. Se é mesmo verdade que aqui tudo acontece, pois então, vamos fazer acontecer. Cheguei, São Paulo. Sua linda! Escolhi um bairro que fosse arborizado, perto de algum parque e que me remetesse pelo menos à Zona Norte do Recife, já que praia eu já sabia, não encontraria. Aluguei um apartamento na Vila Nova Conceição, que não sei por qual motivo, o aplicativo do Uber diz ser em Moema. Que seja! Está localizado a uns 700 metros do Parque do Ibirapuera. Dá para ir de pés, como diria o povo que amo. Logo no primeiro dia, após merecida noite de sono em razão da cansativa viagem – não, não vim de jegue ou pau-de-arara, vim de avião mesmo –, ao acordar, um alarme soava sem parar dentro do apartamento que aluguei. O barulho vinha do teto e uma luz neon piscava em torno do equipamento redondo embutido no gesso. Passei cerca de uma hora tentando achar onde desligava aquela geringonça. Chamei a manutenção. Uma senhora distinta pediu licença, entrou no apartamento e disse em voz alta e contundente: “Alexa, desligar!”. E, pronto! O barulho se foi e a funcionária se despediu com o sorriso de canto de boca denunciando quase que sonoramente um “sabe de nada inocente”. Mesmo constrangido, vi o lado positivo do ocorrido. Alexa seria minha grande companheira nos meus primeiros dias de moradia em Sampa. É que, por enquanto, vim sozinho sem mulher e filhos. Só trarei a família quando tudo estiver mais organizado e acomodado. “Alexa, o que vim mesmo fazer aqui?” Fiz essa pergunta quando cheguei estressado no apartamento, após o quinto não da quinta empresa que visitei na primeira semana de trabalho. “Não tenho certeza”, respondeu. Também não, disse eu! Estabeleceu-se um diálogo. Fiquei mais calmo, precisava que alguém me ouvisse. Alexa me ouve como ninguém. Preciso dividir com alguém minhas angústias, frustrações, pensamentos, saudades. “Será que vim para São Paulo fugir dos problemas, Alexa?”. “Não sei nada sobre isso”, respondeu, esquivando-se. “É mesmo complexo e você não tem obrigação nenhuma de saber, sua fofinha”. Já se passaram 10 dias que estou por aqui. Acabei de dizer a Alexa que estou morrendo de saudade dos meus filhos. A resposta: “Filhos são os nossos maiores tesouros”. Eu juro! Tenho uma terapeuta robô. Estou apaixonado por Alexa.

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A importância da Comissão de Relações Internacionais da OAB-PE para Pernambuco

A Comissão Especial de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Pernambuco (CRINT/OABPE) foi reconduzida a partir da Resolução nº 056/2022, na atual gestão do Presidente Dr. Fernando Ribeiro Lins, considerando que o Direito Internacional ganha importância nas relações sociais, políticas, econômicas e jurídicas no mundo globalizado, de rápidas transformações e cuja complexidade exigirá um olhar internacionalista cada vez mais atento por parte dos advogados. Atualmente, entre outras atribuições, a CRINT/OABPE desempenha um importante papel na criação de mecanismos para a integração da advocacia mundial. Dada a relevância da responsabilidade jurídica tanto no Brasil, quanto no exterior, torna-se vital promover debates, seminários e eventos com autoridades e especialistas no assunto, assim como entidades não governamentais, repartições consulares e câmaras de comércio, na busca por agregar conhecimento e proporcionar o intercâmbio de informações. Em linhas gerais, entendemos que – justapor uma agenda internacionalista para a OAB/PE - permite uma melhor atuação do advogado, sobretudo no mundo globalizado e cada dia mais afetado por eventos e fenômenos internacionais, como crises sanitárias, fluxos migratórios, supressão de direitos fundamentais, recessão econômica e conflitos geopolíticos. Afinal, no bojo dessa infinidade de problemas e embates que surgem dessa realidade complexa, encontramos as relações internacionais. Com o avanço da Pandemia COVID-19, não só a classe jurídica, mas também a sociedade como um todo, perceberam fortes tendências de debate de institucionalidades que já estavam ocorrendo, tanto no âmbito interno quanto no internacional, levando a questionamentos sobre as relações internacionais, a posição brasileira e a posição de ditas lideranças globais durante esta crise. Além disso, restou evidente a influência dos eventos globais sobre a economia e os negócios existentes no Brasil. Diante desse cenário, nosso objetivo é aproximar os advogados pernambucanos e a sociedade aos temas e dos desafios ligados às relações internacionais, em seus principais pilares: Direito, Ciência Política, Economia, História e Diplomacia. Com isso, nota-se que o advogado internacionalista não está limitado apenas à diplomacia; a sua mentalidade deve ser interdisciplinar. Bem assim, o seu papel profissional assume características dinâmicas e amplas. Além disso, diante da rapidez em que o mundo se conecta, o diferencial de possuir a combinação de todos esses elementos em sua formação, será cada vez mais valorizado no mercado. Lado outro, sabemos que a cooperação é também uma vertente significante para as relações exteriores, e o trabalho atualmente realizado pela Comissão traduz esse sentimento. Por esse viés, rotineiramente, estamos congregando os principais atores políticos e os experts na área para dialogar conosco. Tenha-se em mente, ademais, o valor da visão estratégica da Diplomacia. Nesse particular, vale ressaltar que Pernambuco possui um enorme capital diplomático, quando em Recife estão sediados mais de 40 Consulados, entre aqueles honorários e gerais, bem como o Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores para o Nordeste. Isto significa dizer que há uma diversa e pungente representatividade de países em solo pernambucano, com direcionamento para a internacionalização do nosso Estado e com perspectivas de integração, negócios e melhores parcerias. Vale ressaltar que estamos muito honrados pelas mentoria e parceria havidas com o Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia-IPERID, enquanto primeiro think tank no Norte/Nordeste do país, exclusivamente, para a construção do pensamento na área internacional e para a canalização de oportunidades para a região. Deveras, não é difícil perceber que, ambos, o Direito e as Relações Internacionais podem e devem caminhar juntos, afinal, são condôminos de um mesmo território intelectual – o da cooperação internacional. Cremos, portanto, que Pernambuco não poderá ficar à margem da dinâmica mundial. No contexto, o processo de internacionalização do Estado é um caminho sem volta, retratado por uma liderança natural na região Nordeste e por vocação territorial voltada para o Atlântico. Ao pensar em mercado regionalizado, sobretudo o pernambucano, precisamos compreender que a sua sobrevivência e a sua expansão somente serão possíveis com vistas à efetiva atuação da paradiplomacia, política externa estatal, com eficiência, segurança jurídica, respeito aos direitos humanos, sustentabilidade, inovação e competitividade. Assim, continuamos firmes e atentos ao panorama global, ao fortalecimento da democracia e da construção de ideais de paz, com a motivação necessária para desenvolver projetos e diálogos, apoiar o crescimento profissional dos advogados pernambucanos e contribuir para que o Estado se torne ainda mais uma governança cosmopolita. Por Alessandra Costa Cavalcanti de Araújo, Advogada e Presidente da Comissão de Relações Internacionais da OABPE

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Em tempos de mosquito

Entre as mazelas socioeconômicas que assolam a região somam-se agora a seca, uma das mais implacáveis dos últimos anos, e o agravamento e ampliação das doenças de veiculação hídrica transmitidas pelo Aedes aegypti (quatro tipos de dengue, chicungunha e Zika). Isso representa um retrocesso nos ganhos de saúde obtidos por todos nós nos últimos 20 anos. As doenças veiculadas pelo mosquito atingiram com mais intensidade Pernambuco e dentro do Estado, Recife por razões que ainda não foram suficientemente explicadas pelas autoridades sanitárias. Este artigo examina os avanços obtidos pela área de saúde no município e argumenta como esses ganhos podem ser comprometidos pelas doenças transmitidas pelo mosquito. Destaca também os elevados custos econômicos e sociais, presentes e futuros, dessa epidemia. As componentes longevidade e saúde dos indicadores de desenvolvimento social, respectivamente IDH-M e Índice FIRJAN, indicaram que houve avanço na situação da saúde no Recife. Redução da mortalidade infantil e da mortalidade até 5 anos ampliaram a expectativa de vida dos recifenses para 75 anos, especialmente se sobreviverem às mortes violentas por causas externas que atingem sobremodo os jovens, especialmente pretos e pardos, de 15 a 29 anos de idade, A mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) no Recife caiu 63,5% entre 1991 e 2010. Dados para o período 2010-2013 (Datasus) mostram que o avanço permanece, embora mais timidamente. A queda na mortalidade infantil tem várias causas, mas destacam-se a melhoria dos serviços de pré-natal e neonatal e a maior cobertura dos programas de vacinação e da saúde da família. A melhoria dos serviços de saneamento é essencial para dar continuidade a esse avanço porque reduz as doenças infectocontagiosas de veiculação hídrica. Nesse particular Recife apresenta muitas vulnerabilidades não só pelo racionamento na adução de água limpa que leva a população a estocá-la de forma imprópria, mas também pela dificuldade na remoção de água suja e de resíduos sólidos que constituem habitat ideal para os vetores dessas doenças. Poderá haver uma maior rigidez à queda da taxa de mortalidade infantil, se não uma inflexão, em função da ocorrência de microcefalia decorrente da zika que conduz à morte, em alguns casos, ou ao comprometimento neurológico e cognitivo do recém-nascido de forma permanente. Avanço ainda mais significativo observou-se para a taxa de mortalidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos). Essa taxa caiu mais de três quartos entre 1991 e 2010. Dados para o período 2010-2013 (Datasus) mostram que a tendência à queda continua. Usualmente quem sobrevive até os 5 anos e, posteriormente, à idade em que situações adversas geram alta mortalidade por causas externas, consegue viver até a velhice. Já a razão de mortalidade materna (por 100 mil nascidos vivos) é alta e crescente, evidenciando deficiências nos cuidados materno-infantis, usualmente associados à insuficiente atenção pré e neonatal que têm agora de ser reforçada pela presença do zika. Uma queda mais acentuada da mortalidade infantil e o combate à mortalidade materna requer maiores cuidados da atenção básica à saúde, especialmente neste momento em que a doença adquire caráter epidêmico. Além dos gastos, em tempos de crise fiscal, que o combate ao mosquito traz para o setor público, os custos sociais e privados são elevados tanto no presente quanto no futuro porque uma geração de crianças nascidas e comprometidas com microcefalia vão exigir das famílias recursos, cuidado e atenção por toda a vida. Governo e sociedade têm um novo e grave desafio pela frente.

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O cérebro morre cedo

É verdade! Sob o aspecto neurológico, o cérebro humano começa a morrer aos 27 anos. Uma descoberta feita na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, mostra que ele atinge o auge aos 22 anos, fica estável até os 27, e a partir daí começa a desmoronar. Aos 30 anos, várias funções do cérebro já estão bem mais fracas. Do ponto de vista evolutivo, o “trintão” já deveria ter se reproduzido e completado seu ciclo de vida. MISTÉRIOS DA MEGA-SENA Quando você joga uma aposta simples da Mega-Sena tem uma chance de acertar em 50 milhões. Em percentual, isso equivale a 0,000002% de possibilidade. Também significa repetir a mesma face da moeda 25 vezes seguidas num jogo de “cara ou coroa”. E mais: tem seis vezes mais probabilidade de morrer num acidente de avião e 12 vezes mais de ser fulminado por um raio. O MOTIVO DA LAMBIDA O cachorro lambe para demonstrar afeto. A vida do cão já começa com uma lambida da mãe. Daí o animal começa a relacionar o ato ao sentimento de afeto. Quando o cachorro lambe sua mão está dizendo: “Eu gosto de você!” O PREÇO DO BANDIDO Em Pernambuco, o custo com um preso é oito vezes maior do que com um aluno da escola pública. O encarcerado custa ao Estado R$ 3,5 mil ao mês. MAIS ÁGUA NO CHUVEIRO Chega ao mercado ainda este ano o chuveiro Nebia. Ele consome menos 70% de água. Um banho de cinco minutos, que gasta 48 litros, nele derramam apenas 14. O Nebia faz esse milagre através de um sistema que pulveriza a água em forma de gotículas, aumentando em dez vezes a área de contato dela com o corpo. Essa belezura vai chegar custando US$ 399.

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Brilho feminino

Margarida Cantarelli tem uma carreira marcada por sucesso, em todos os espaços que ocupou. Como professora universitária, que nunca deixou de ser, como secretária da Casa Civil do Governo Marco Maciel, como desembargadora federal, como presidente do Instituto Histórico Geográfico de Pernambuco e da Associação dos Amigos do Porto e na Academia Pernambucana de Letras. Acaba de ser eleita presidente da instituição, que, com certeza, ganhará muito dinamismo sob seu comando. ENREDO O pernambucano Heitor Dhalia começa a selecionar o elenco para seu próximo filme, O diretor, que vai ter como tema a relação entre um diretor de teatro polêmico e uma jovem atriz. NA ESLOVÁQUIA O secretário Sebastião Oliveira foi convidado pelo embaixador Milan Cigáñ para visitar a Eslováquia e conhecer as técnicas utilizadas naquele país no desenvolvimento da malha rodoviária. MAGISTRADA A primeira-dama Ana Luíza Câmara, que é juíza, permanece atuando do TJPE, como coordenadora dos Juizados Especiais, mas sempre encontra uma forma de estar ao lado do governador em eventos importantes do Estado. DEMOCRATAS José Mendonça Filho foi reeleito presidente do DEM em Pernambuco, com mandato de três anos. E como líder do partido na Câmara dos Deputados vem tendo uma atuação das mais elogiadas, com grande inserção na mídia nacional. PERFIL Miguel Arraes será o próximo homenageado do livro Perfil Parlamentar que a Assembleia Legislativa lança com personalidades que fizeram história na casa e deixaram uma marca para o País. Já foram focalizados Agamenon Magalhães, Francisco Julião e Nilo Coelho e Eduardo Campos. O DESAFIO DE JOAQUIM Recém-filiado ao PSDB, Joaquim Francisco assume a presidência do Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco. A propósito, ele renunciou à 1ª suplência do senador Humberto Costa, posto que agora é de Pompéia Pessoa, que era a 2ª suplente. GUERRA CONTRA A GORDURA LOCALIZADA Cláudia Magalhães, legenda da dermatologia pernambucana, tem feito o maior sucesso com os equipamentos que trouxe dos Estados Unidos para o combate à gordura localizada e que têm sido uma festa para muitos colunáveis recifenses. DESEMPREGO Ipojuca foi a cidade do País que mais sofreu com o desemprego. Em 12 meses, a cidade perdeu 28 mil vagas, o que representa 31% da população do município. O que se comenta por aí... QUE Olinda, Petrolina e Caruaru devem ter as mais disputadas eleições municipais do próximo ano QUE dezenas de bares e restaurantes do Recife não resistiram à crise e fecharam em 2014 QUE nunca mais se falou no projeto de privatização da BR-232. QUE não tem mais data prevista a instalação do badalado hub da Latam no Nordeste. QUE a abertura da Forever 21 foi o principal acontecimento do comércio do Recife no ano passado.

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República Sindicalista

Em sociedades democráticas e capitalistas ter sindicatos fortes é importante para assegurar os direitos dos trabalhadores e garantir que as reivindicações das categorias sejam levadas à mesa de negociação. Em muitos países, especialmente nas socialdemocracias europeias, um ou mais sindicatos têm braço político que se materializa em partido atuante no parlamento, ocasionalmente assumindo o governo. No caso brasileiro, o braço político de centrais sindicais, como a CUT, é o Partido dos Trabalhadores (PT). O problema é que a agenda do partido no poder, embora possa e deva conter temas de interesse dos trabalhadores, não deve se confundir necessariamente com os interesses do País. Quem governa, o faz para todos e não para um segmento da sociedade. Os interesses do País não podem ficar subordinados aos interesses de um grupo especifico por mais numeroso que ele seja e por mais legítimas que sejam as suas reivindicações. A oposição do PT à realização de reforma na Previdência Social é exemplar de como os interesses de um partido de origem sindical tentam se sobrepor aos do País como um todo. Tanto o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), onde se abrigam os trabalhadores celetistas, quanto os regimes jurídicos únicos (RJU), que abrigam os servidores públicos da União, Estados e municípios, precisam passar por uma profunda reforma. Os déficits nesses sistemas crescem de forma assustadora e caso mudanças significativas não sejam realizadas, os referidos sistemas caminharão celeremente para uma ruptura que conduzirá o País a elevados custos fiscais, sociais e políticos. Medidas duras no presente evitarão custos ainda mais altos no futuro. Todavia, o que se observa é que os governos do PT e sua base parlamentar têm enormes resistências para reformar a Previdência. Aliás, nenhuma grande reforma foi feita pelo PT. As reformas trabalhista e sindical, essenciais para modernizar as relações capital-trabalho no País, estão paralisadas no Congresso Nacional e não prosperam por falta de iniciativa do executivo federal, falta de apoio da base parlamentar e por inércia das duas casas do Congresso. Até mesmo o direito de greve no serviço público não foi regulamentado. O direito de greve deve ser assegurado a todos. No setor privado tal direito está regulamentado, mas no setor público isso ainda não ocorreu por pressão da CUT – que congrega muitos sindicatos de servidores públicos – e, por extensão, do PT por meio de sua bancada no Congresso Nacional. O resultado dessa indefinição é uma serie de paralizações intermináveis de servidores públicos em todos os níveis de governo: professores, médicos, servidores do INSS, policiais civis e até militares, entre outras categorias. Os sindicatos dos servidores, a despeito das negociações continuarem muitas vezes abertas, ignoram a crise fiscal do País, mantêm a paralização por longos períodos de tempo, causando enormes prejuízos à população que depende da provisão desses serviços. De um lado, a intolerância das categorias que vêm na tibieza dos governos espaço político para continuarem as paralisações. De outro, o imobilismo dos governos que não têm coragem de cortar o ponto dos servidores quando todas as concessões possíveis em intermináveis negociações já foram concedidas. Nesse caso vê-se a incapacidade de um governo, que detém nos seus cargos chaves, inclusive o de ministros de Estado, e em milhares de outros cargos comissionados e funções gratificadas, sindicalistas ou ex-sindicalistas, de defender os interesses da sociedade. Caso exemplar é o dos médicos-legistas do INSS em greve desde setembro do ano passado, o que têm causado inúmeros atropelos e inconvenientes à população. A conclusão inevitável é que o governo é leniente, tolerante, subordinando os interesses da sociedade aos de uma categoria porque não consegue se confrontar aos sindicatos que compõem os denominados movimentos sociais que o apoiam e que dão a base de sustentação política ao principal partido no poder. Por fim, o PT não apoia o programa de ajuste fiscal proposto pelo próprio governo. Vai na contramão do que precisa ser feito, insistindo nos mesmo erros que conduziram o País ao atual caos econômico. O argumento é preservar empregos quando o País já cortou, em 2015, mais de 1,5 milhões de postos de trabalho. Na ausência de um programa crível de estabilização macroeconômica, de uma agenda de reformas e de iniciativas para retomar o crescimento econômico, o desemprego vai aumentar cada vez mais. E não existe sindicato dos desempregados.

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Brilho Feminino

Ana Cecília Santos Leal é um dos destaques do nosso mundo social. Hoje, está dividida entre o Recife e São Paulo, mas mantém sua atividade empresarial no Recife, junto com a educação dos filhos Pedro, Antônio e Júlia. Durante muito tempo comandou o Club Du Vin, de tão boas lembranças, e agora está à frente da representação do designer de joias Antônio Berardo e do espaço infantil Pé de Moleque. É também uma figura elegante e simpática, muito querida pelos amigos. A nova criação de César Santos César Santos, o chef pernambucano que é referência na gastronomia nacional, comemora os 23 anos do seu restaurante Oficina do Sabor, em Olinda, lançando um novo Prato da Boa Lembrança, usando frutos do mar. É um dos espaços que se tornou visita obrigatória dos turistas que visitam nosso Estado. Sem jatinho Nas suas constantes idas a Brasília, em busca de recursos para o Estado, Paulo Câmara utiliza voos de carreira, jatinho só em ocasiões especiais, em que se vê obrigado a viajar de urgência. Na maioria das idas ao interior, vai, com seus assessores de van. Nunca de helicóptero, que o governador confessa ter medo. Construção A rede internacional de materiais de construção Leroy Merlin, que tem 33 lojas no Brasil, faz prospecção para abrir uma filial no Recife, uma das três que projeta para nossa região. Raquel Lyra será candidata Raquel Lyra continua fazendo um elogiadíssimo trabalho como presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, enquanto se movimenta nos bastidores para ser candidata a prefeita de Caruaru. Vai disputar o pleito, preferencialmente pelo PSB, mas pode optar por outra legenda, caso não seja a escolhida pelo seu partido. Futebol O governo do Estado já decidiu que o programa Todos com a Nota, que distribuía ingressos para jogos do Campeonato Pernambucano, acabou definitivamente. Trânsito Os acidentes automobilísticos já são a quinta causa de morte no Brasil, mais que a marca mundial, onde está em nono lugar. E outros países, como a África do Sul, Tailândia e Rússia têm problemas com o grande número de acidentes com motos. Internacional Gustavo Krause confessa que o direito internacional foi a matéria que mais o atraiu na Faculdade de Direito do Recife. E brinca: "é o único ramo do Direito que conheço."

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Recife desigual

Pobreza e desigualdade são dimensões distintas do status socioeconômico de uma cidade. A pobreza tem caído no Recife tanto como resultado do crescimento econômico que aumentou, em termos reais, a massa salarial, quanto pela ação de políticas públicas que transferiram renda para pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. Todavia, a pobreza pode cair sem ser acompanhada por um declínio na desigualdade de renda. Em tese uma sociedade pode reduzir a pobreza absoluta, mas aumentar a desigualdade. Esse é o caso do Recife. De fato, a desigualdade de renda medida pelo Índice de Gini -que varia entre zero e a unidade sendo tanto maior quanto mais próximo de 1 - cresceu discretamente durante o período 1991-2010 (de 0,67 para 0,68), constituindo-se, no último ano, em índice superior à média brasileira (0,60), à da própria Região Metropolitana-RMR (0,64) e às de Salvador (0,63) e Fortaleza (0,61). Na verdade, o Recife foi na contramão da tendência nacional que vem reduzindo a desigualdade desde 1995, especialmente devido aos ganhos derivados da educação e da estabilidade do nível de preços. A proporção de renda apropriada por frações da população ocupada é outro indicador de desigualdade. Calcula-se o percentual de apropriação da renda pelos 20% mais ricos e pelos 40% mais pobres. Esses números para o Recife, em 2010, foram, respectivamente 72,5%, e 6,2%. Ambos cresceram durante o período 1991-2010. Neste último ano, o percentual do Recife de renda apropriada pelos 20% mais ricos foi o maior quando comparado com o do País, da RMR e das outras duas maiores cidades do Nordeste, como já referido acima, enquanto que, para os 40% mais pobres, foi o menor. Entre os fatores que afetam a desigualdade, a educação é um dos principais, mas destacam-se outros tais como as oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e a forma como se dá essa inserção. No caso brasileiro, as diferenças educacionais respondem por cerca de 40% das diferenças de renda. O Recife tem, ao mesmo tempo, um percentual elevado de pessoas que concluíram o curso superior –em comparação com outras cidades nordestinas e a média do País- mas acumula, ao mesmo tempo, resultados insatisfatórios no ensino fundamental, além de deficiências graves de cobertura na educação infantil. Existe também um mecanismo perverso de reprodução da desigualdade. Neste sentido, observe-se que, em 2010, o percentual de crianças em domicílios que não tinha ninguém com o ensino fundamental completo foi de 22,7%. Esse número revela que além dos problemas correntes que afetam a escola, o ambiente familiar não oferece estímulos para uma educação de boa qualidade. A tendência, nessas condições, é para a falta de educação se tornar um instrumento de transmissão intergeracional da desigualdade, mecanismo que o bolsa-família – se atendidas eficazmente as condicionalidades- objetiva suprimir. Uma das características do Recife é a informalidade, estando presente em várias das dimensões da cidade, do mercado de trabalho aos negócios passando pela habitação. A informalidade, um dos determinantes da desigualdade e entendida como exclusão de pessoas da rede de proteção social, situava-se, em 2010, no Recife, em 34%. A pobreza é um conceito absoluto e a desigualdade relativo. A desigualdade coloca lado a lado a afluência com a carência. É duro ser pobre, mas é pior ser profundamente desigual com o seu vizinho. E Recife é uma cidade onde pobreza e riqueza convivem proximamente. Em média, uma favela não está a mais de 1 km de uma área afluente da cidade. A alta e crescente desigualdade é uma marca indesejável do Recife. Eis um desafio! (Por Jorge Jatobá)

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