Arquivos Colunistas - Página 263 De 299 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Santa de volta ao G-4, Salgueiro em ascensão e queda do Náutico

*Houldine Nascimento No Campeonato Brasileiro Série C, os três representantes de Pernambuco se encontram em estágios diferentes: o Santa Cruz está no G-4, o Salgueiro a uma posição de entrar na zona de classificação e o Náutico agarrado à lanterna. No domingo (3), o Carcará surpreendeu ao vencer o Remo em Belém por 1 a 0, gol marcado pelo zagueiro Emerson aos 24 minutos do primeiro tempo. O time paraense criou várias oportunidades, mas esbarrou na ótima atuação do goleiro Mondragon. No fim da partida, o Salgueiro teve a chance de sacramentar a vitória com Willian Anicete, que saiu na cara do arqueiro Vinícius, mas chutou para fora. Este é o primeiro triunfo da equipe sertaneja longe do Cornélio de Barros e o terceiro seguido na competição. O resultado fez o Carcará chegar aos 11 pontos e subir temporariamente ao quinto lugar. Diante de mais de 5 mil torcedores, o Santa Cruz fez valer o mando de campo e derrotou a Juazeirense por 1 a 0, no último sábado (2). O placar saiu do zero graças a uma jogada articulada por Fabinho Alves, que substituiu ainda no primeiro tempo Valdeir, contundido. Ele encontrou Arthur Rezende, que passou para Robinho. Dentro da área, o atacante chutou cruzado, sem qualquer chance de defesa. Com a expulsão de Allan Vieira, a equipe baiana pressionou na segunda etapa. Os minutos finais foram dramáticos e até um gandula se recusou a passar a bola para um escanteio do clube visitante. Fato é que a vitória faz o Tricolor do Arruda chegar ao quarto lugar com 13 pontos. O Santa cai para quinto se o Botafogo-PB vencer o Globo-RN nesta segunda, em João Pessoa. A oitava rodada foi ruim para o Náutico, que também jogou no sábado e perdeu para o ABC em Natal por 2 a 0, gols de Higor Leite, aos 13 minutos de jogo, e Vitinho, aos 41 do segundo tempo. O Timbu ainda não conseguiu um ponto sequer fora de Pernambuco e amarga a última colocação, com apenas sete pontos. O Alvirrubro deixará a lanterna caso o Globo perca por dois ou mais gols.

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Grande vitória do Sport em São Paulo; Náutico deixa a lanterna da Série C

*Houldine Nascimento Apesar de um fator importante, dinheiro ainda não é tudo no futebol, felizmente. Isso mantém a prática esportiva imprevisível e, por vezes, surpreendente. Se não fosse assim, o Palmeiras, time com a folha salarial mais cara do Brasil, passaria fácil pelo Sport no Allianz Parque. O clube pernambucano também teve dificuldades para chegar a São Paulo devido à crise de abastecimento que o país vivencia. As duas equipes se enfrentaram no último sábado (26), na arena palmeirense. Um cenário favorável para que o Alviverde paulista vencesse. Não foi o que aconteceu. O Leão fez um primeiro tempo cauteloso e se concentrou em anular jogadas de ataque do anfitrião. A estratégia deu certo até os 32 minutos, quando Keno recebeu um cruzamento da esquerda e abriu o placar. Antes, Magrão salvou uma cabeçada de Antônio Carlos. De tanto insistir, o Palmeiras foi premiado. Sport e Palmeiras têm muita história para contar e, pelo histórico, nada estava definido. Mais incisivo na segunda etapa, o Rubro-negro partiu em busca da igualdade no marcador. Primeiro, Fellipe Bastos arriscou de fora da área, para defesa segura de Jailson. Depois, foi a vez de Anselmo aproveitar escanteio bem batido por Marlone. O capitão leonino cabeceou a bola na trave e, em seguida, aproveitou o rebote, empatando o jogo. A virada também veio com Anselmo, que invadiu a área palmeirense como um trator e chutou rasteiro. Por atuar em casa diante de 26 mil torcedores, o Palmeiras se viu na obrigação de ir para o tudo ou nada e chegou ao empate com Hyoran, que entrou no lugar do vaiado Lucas Lima, em belo chute de fora de área. Magrão ainda tocou na bola. Alguns minutos depois, o Sport passou novamente à frente do placar com Rafael Marques, ex-Palmeiras, que escorou de cabeça para as redes adversárias. O duelo que já foi decisão nacional e de vaga em mata-mata da Libertadores ainda reservava emoção às duas torcidas. De cara com o goleiro rubro-negro, Dudu mandou a bola na arquibancada. Nos segundos finais, Raul Prata puxou a camisa do meia alviverde dentro da área. Coube a Keno ir para a cobrança do pênalti. Magrão defendeu e garantiu os três pontos ao time pernambucano. Grande triunfo do Sport de Claudinei Oliveira, que vai crescendo no Brasileirão. NÁUTICO DEIXA A LANTERNA – No domingo (27), numa vazia Arena de Pernambuco, o Náutico recebeu o Globo (RN) e ganhou por 2 a 0. Ortigoza marcou aos 34 minutos e, já nos acréscimos, Jhonnatan sacramentou a vitória alvirrubra. A partida marcou a estreia do técnico Márcio Goiano. O resultado fez o Timbu trocar de posição com o Globo, que agora está em 10º.

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Gente & Negócios é a nova coluna do site da Algomais

Em meio a um dos períodos mais turbulentos da economia brasileira (quando pensávamos estar saindo da crise), começamos hoje uma nova coluna no site da Revista Algomais. A proposta é destacar os empresários que estão fazendo a diferença, apesar da conjuntura cheia de indefinições. A coluna "Gente & Negócios" é um espaço digital para tratar das novidades de investimentos, mercado e inovações dos empresários e personalidades em atuação na economia pernambucana. A Gente & Negócios será publicadas nas terças-feiras. Se você tiver alguma sugestão de notícia nesta linha, pode me enviar pelo e-mail: rafael@algomais.com In Loco apresenta nova solução para aplicativos com uso de tecnologia de localização A In Loco, empresa pernambucana de tecnologia de localização,  promoverá no dia 13 junho um evento exclusivo para apresentar uma nova solução ao mercado. Trata-se de uma ferramenta que permitirá aos donos de aplicativos descobrir quais são os locais do mundo físico onde os usuários mais utilizam os seus apps. Um exemplo de uso para esse tipo de informação é no caso dos aplicativos de táxi, que conseguem identificar seus usuários no momento em que estão em um aeroporto e podem enviar notificações push em tempo real oferecendo seus serviços. “O nosso lançamento é mais um passo em direção a um mundo onde não haverá barreiras que separam o on do offline. Unificar o físico e o digital traz vantagens para os usuários, que terão uma experiência cada vez mais imersiva, e para os negócios, que poderão mensurar a efetividade das suas iniciativas digitais no mundo real”, afirma Eduardo Martins, CMO e cofundador da In Loco. A solução estará disponível para plataformas Android, iOS e Cordova para Android. Consulado Britânico do Recife no London Tech Week Entre os dias 11 e 17 de junho acontece no Reino Unido o London Tech Week, o maior festival de tecnologia e inovação da Europa. Coordenando a participação das empresas brasileiras na semana, o Consulado Britânico do Recife, que tem como cônsul geral Graham Tidey, está levando alguns pernambucanos. A Avantia e alguns representantes do Porto Digital estarão no País europeu para conhecer as tendências do setor. De acordo com o coordenador da missão, Cristiano Andrade, a intenção de participar das empresas brasileira e pernambucanas é, principalmente, buscar compreender o mercado britânico e encontrar parceiros para fechar negócios. "Londres é a capital tech da Europa, onde atraiu mais de 6,8 bilhões de libras em 2017, quase duas vezes mais que Berlin e Paris juntas. A LTW reúne mais 300 eventos sobre tendências tecnológicas e inovação, além de inúmeras oportunidades de encontro com investidores, startups e aceleradoras para desenvolver parcerias e negócios entre Brasil e Reino Unido", afirma o cônsul. O consulado antecipa que em novembro a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, em um outro evento no País. "Raquel vai em novembro participar numa agenda para líderes do setor público, que reunirá prefeitos, governadores e deputados, no International Leadership Program. João Campos, inclusive, participou do evento ano passado. Interessante que nos últimos três anos as únicas pessoas convidadas no Brasil foram nordestinos, entre muitos candidatos. É muito bom que a região esteja tendo esse destaque", afirmou Graham Tidey. ONEVC começa operações em junho Recém-lançado, o Fundo de Investimentos ONEVC começa suas operações em junho, com o anúncio das primeiras apostas do grupo. Com três pernambucanos no time dos sócios (Arthur Brennand, Eduardo Campos e Rafael Costa), o fundo dispõe de US$ 20 milhões para investir em até 30 startups. "Investimos em empresas de tecnologia que tenham potencial de disrupção e crescimento exponencial. Nosso trabalho consiste em analisar essas companhias, fazer os investimentos naquelas que acreditamos possuir o maior potencial de crescimento e ajudá-las no que for necessário para o desenvolvimento das mesmas. Ao longo dos anos seguintes ao investimento esperamos obter resultados expressivos na venda dessas empresas para players estratégicos ou outros fundos de investimento", afirma Arthur Brennand. De Caruaru para a Alemanha O chef de cozinha da Pães & Delícias, Jonathas Laureano, está em Harsewinkel, no oeste da Alemanha, onde realiza estágio na tradicional padaria Wilhalm, fundada em 1790. Formado em Masterchef pela Mausi Sebess, em Buenos Aires, na Argentina, Jonathas escolheu a Alemanha para se especializar por ser um dos principais lugares do mundo onde a panificação é mais presente tendo em média 1.200 tipos de pães. Outro motivo foi ter sido aceito na padaria com mais de 200 anos de tradição. Com retorno previsto para Caruaru em junho, Jonathas pretende aplicar todas as técnicas ao processo de fabricação já consagrado da Pães & Delícias. Lá ele já passou pelas padarias Cibaria BioBäckerei (em Münster), ST-Nikolaus (em Telgte) e agora está na Wilhalm bäckerei (Harsewinkel), todas do grupo Wilhalm. Aeródromo Coroa do Avião prepara novidades Francisco Oliveira e Adriano Gonçalves, do Aeródromo Coroa do Avião, acabam de voltar da cidade de Itápolis (SP), onde foram recebidos por Edmir Gonçalves e Josué de Andrade, diretores da EJ Escola de Aeronáutica, uma das maiores da América Latina. Além de prestigiar o Itápolis AirShow, evento que contou com a presença da Esquadrilha da Fumaça, eles buscaram novas referências e parcerias para a 3ª edição do Coroa AeroFest, já considerado o principal festival de aviação do Nordeste, que acontece anualmente. *Rafael Dantas é jornalista e sócio da Revista Algomais (rafael@algomais.com)  

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Sport desperdiça chance de vencer Corinthians

*Por Houldine Nascimento A Arena de Pernambuco, definitivamente, não é um mando de campo ideal para os clubes do estado. É diferente ter 29 mil torcedores lá e a mesma quantidade de pessoas na Ilha do Retiro, por exemplo. O time visitante não se sente tão incomodado atuando em São Lourenço da Mata. Nesse domingo (20), a diretoria do Sport decidiu levar o duelo com o Corinthians para a Arena de Pernambuco. Embora superior na maior parte do jogo, o Leão respeitou demais o adversário paulista, cheio de reservas, e só empatou por 1 a 1. Com as ausências de Marlone e Fellipe Bastos, que pertencem ao Corinthians, o técnico Claudinei Oliveira pôs três atacantes: Rogério, Gabriel e o estreante Rafael Marques, que variavam de posição. Além deles, o meia Everton Felipe flutuava vez ou outra pelos lados. A iniciativa não surtiu efeito num primeiro tempo morno, com poucas oportunidades de abrir o placar. A mais clara foi uma finalização de Rogério, após sair na cara do goleiro Walter, que cresceu e impediu o gol. O Sport trocava muitos passes, mas não era “vertical”, deixando de agredir o rival, cuja preocupação maior era a permanência de Fábio Carille no comando técnico. O Rubro-negro foi castigado aos nove minutos da segunda etapa. Após cobrança de escanteio, o centroavante Roger, campeão da Copa do Brasil pelo Sport, cabeceou forte e marcou o primeiro gol com a camisa corintiana. Diante do revés, Claudinei decidiu tirar Everton Felipe, em tarde infeliz, e colocar Carlos Henrique, um atacante de área. A mudança foi um grande acerto. Aos 18, Rogério fez o que quis pela direita com o lateral Juninho Capixaba, tocou para Carlos Henrique, que, de bico, chutou cruzado, empatando o jogo. A igualdade no marcador animou a torcida rubro-negra, que voltou a incentivar o time. No entanto, o resultado se manteve até o fim do confronto. Michel Bastos e Deivid ainda fizeram a estreia pelo Sport. O 1 a 1 deixa o Leão do Recife provisoriamente no 11º lugar do Brasileirão com oito pontos. Já o Corinthians segue entre os três primeiros, com 11.

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"Deadpool 2" chega aos cinemas com o desafio de superar números do primeiro

Com jeito desbocado e senso de humor ácido, Deadpool conquistou plateias em 2016, ano em que estreou na tela grande. Seu primeiro longa chamou a atenção da crítica especializada e do grande público ao apresentar uma proposta ousada, carregada de violência e referências a outros filmes, bem diferente das produções do gênero realizadas até então. Deadpool custou US$ 58 milhões a Fox e arrecadou mais de US$ 783 milhões em todo o mundo. Todo esse sucesso empurra agora para Deadpool 2 a (ingrata) responsabilidade de tentar superar em criatividade e bilheterias o primeiro filme. A sinopse hilária divulgada pela Fox em novembro de 2017 já revelava qual seria o tom do novo longa: Depois de sobreviver a um ataque bovino quase fatal, um chefe de cafeteria desfigurado (Wade Wilson) luta para alcançar seu sonho de se tornar o barman mais quente de Mayberry, enquanto também aprende a lidar com sua perda de paladar. Procurando reencontrar seu gosto pela vida, junto com um capacitor de fluxo, Wade precisa lutar contra ninjas, Yakuza, e uma alcateia de caninos sexualmente agressivos, enquanto faz uma jornada pelo mundo para descobrir a importância da família, amizade e sabor – encontrando um novo gosto para a aventura e ganhando o cobiçado título de Melhor Amante do Mundo em sua caneca de café. Na história, Deadpool (Ryan Reynolds) terá que proteger um jovem mutante chamado Russel (Julian Dennison). Ele está sendo procurado por Cable (Josh Brolin), um soldado que veio do futuro com a missão de eliminar o garoto. O mais louco é notar que a trama se desenvolve em função das piadas, não o contrário. Em uma das cenas, toda uma equipe de heróis é formada, a X-Force, para logo em seguida ser descartada pelo roteiro, apenas com o intuito de concluir uma sequência cômica. Nem tudo é ruim em Deadpool 2. Alguns personagens conseguem se destacar, como o vilão, Cable, em mais uma boa interpretação de Josh Brolin e a novata Dominó (Zazie Beetz), que tem como superpoder (acreditem!) a sorte. A personagem está nas melhores cenas de ação do filme, ora saltando de paraquedas, ora dirigindo um enorme caminhão desgovernado.   Ironicamente, o senso de humor que fez do primeiro filme um grande sucesso torna Deadpool 2, em alguns momentos, repetitivo. O que antes era inovador, aqui tem cara de formulaico. Algumas piadas relacionadas aos universos Marvel e DC agradarão aos já familiarizados com o assunto. Por outro lado, podem não conseguir arrancar risadas daqueles que não sabem muito do tema. Há rumores de que ao menos mais dois longas com o herói serão lançados: Deadpool 3 e X-Force. Mais que fazer piadas de cunho sexual ou ridicularizar a concorrência, chegou a hora dos roteiristas focarem numa boa história. Resta saber se a franquia terá fôlego para tantos projetos.  

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O uso da bicicleta como ferramenta para o estudo da paisagem

Qualquer nova proposição na ciência começa pelo uso dos sentidos. "É só dos sentidos que procede toda a autenticidade, toda a boa consciência, toda a evidência da verdade", dizia Nietzsche. Embora as circunstâncias mudem historicamente, é inegável que as atuais tecnologias ampliam as possibilidades dos sentidos. No entanto, elas não representam um bem em si mesmo, pelo menos no que se refere à ciência. Primeiramente, os ganhos de tempo decorrentes das tecnologias, que tornam tudo mais rápido, muitas vezes se transformam numa verdadeira apologia à velocidade e à quantidade, ficando muitos campos carentes de investigação e de novas proposições. Como em um círculo vicioso, velocidade e quantidade tendem a sobrepor o uso de um sentido (a visão), em detrimento de outros. Mas em se tratando de estudos sobre sistemas complexos como a paisagem e sua transformação, o uso dos demais sentidos pode ter uma importância diferenciada. Paisagem e transformação são duas coisas que andam juntas. A paisagem nunca está congelada ou permanece estática. Em um permanente processo de transformação, ela se constitui em uma resultante do encontro de forças humanas e não humanas. Nesse encontro, o tempo desempenha um importante aspecto: olhar uma paisagem significa olhar para o passado. É aí que entra a bicicleta. Ela pode vir a favorecer, em uma escala que lhe é própria, alternativas de percepção de muitos elementos da paisagem e, ao mesmo tempo, discutir as possibilidades metodológicas que a mesma oferece no estudo da história ambiental. Quase toda criança já viajou de bicicleta por lugares distantes. Eu não fui uma exceção. Na minha estive em terras longínquas a partir de meus seis anos. Não existiam duas voltas iguais. Mas lá pelos meus 12 essa magia encolheu e a bicicleta sumiu do meu horizonte. Em um belo dia, uns 50 anos depois, o trânsito infernal da cidade me obrigou a alugar uma bicicleta para um compromisso. Foi só sentar nela e toda a magia dos meus seis anos voltou no ato. Andar de bicicleta é, antes de qualquer coisa, algo extremamente lúdico. Você pode dirigir um carro mal-humorado; uma bicicleta, jamais. Adulto, pude ver novamente que o transporte ativo possibilita outras maneiras de se perceber a paisagem. As bicicletas permitem novas experiências e percepções mesmo em paisagens familiares. Isso porque andar de bicicleta estimula substancialmente o uso combinado dos sentidos humanos. Meio que sem querer, ou querendo, essa minha percepção se alinhou totalmente ao movimento da Slow Science, que defende o direito de cientistas fugirem da corrida pelo grande número de publicações e priorizem a qualidade da pesquisa. Portanto, venho desenvolvendo cada vez mais estudos da paisagem utilizando a bicicleta como meio de transporte e ferramenta de pesquisa. A bicicleta é considerada o veículo de propulsão humana mais eficiente já inventado pelo homem. Trata-se de um veículo extremamente útil para deslocamentos curtos, a um custo baixíssimo. É um meio de transporte porta a porta, amigável, não poluente, espacialmente econômico, de fácil manuseio e de barata manutenção, de fácil integração com outros meios de transporte, acessível a todas as idades e classes sociais e um excelente exercício físico. Além disso, a bicicleta permite uma elevada flexibilidade ao seu usuário por não estar presa a horários e rotas prefixadas, podendo ainda circular em locais inacessíveis a outras modalidades de transporte. Muitos laços ligam a bicicleta a políticas ambientais, notadamente no que se refere à poluição ambiental e à conservação de energia. A comparação com outras formas de transporte passivo (como o automóvel e motocicleta) traz talvez como principal distintivo justamente o acesso aos sentidos. Em uma autobiografia, o historiador britânico Eric Hobsbawm diz que os ciclistas se deslocam à velocidade das reações humanas e não estão isolados da luz, do ar, dos sons e aromas naturais por trás de para-brisas de vidro A percepção do ambiente através do corpo constitui uma prática espacial que comprime o tempo, expande distâncias e torna os lugares mais densos em detalhes e complexidade. Experiências sensoriais através da visão, sons, tato e cheiros precedem a construção de significados através da linguagem e, frequentemente não podem ser convertidas em palavras. A percepção sensorial constitui assim um elemento essencial na prática da história ambiental. No entanto, é importante ressaltar que embora os sentidos sejam fundamentais para a obtenção de dados na pesquisa, eles não são os mesmos nas diferentes culturas. Ou seja, existe uma interpolação cultural entre sentidos e cultura. Imagens, cheiros, sons, texturas, gostos, palavras e qualquer outro aspecto da cultura são elementos relevantes para a maneira como apreendemos o mundo. O transporte ativo possibilita outras maneiras de se perceber a paisagem. As bicicletas permitem novas experiências e percepções mesmo em paisagens familiares. Isso porque andar de bicicleta estimula substancialmente o uso combinado dos sentidos humanos Na sua construção, a ciência não pode prescindir de novos paradigmas, modelos, representações e interpretações de mundo. Estes são alcançados pelo pesquisador por caminhos os mais diversos, mas sempre pela intermediação dos sentidos humanos. A mudança de paradigmas, particularmente aqueles ligados ao estudo da paisagem, muitas vezes aparece de forma fortuita, não intencional, tendo como porta de entrada os sentidos de quem a pesquisa. Cores, formas, ritmos, odores e sons circundantes trazem informações ao cérebro que, reagindo com percepções e conhecimentos anteriores, podem abrir novas combinações de sensações e pensamentos, possibilitando a sua organização sob a forma de um novo caminho. O entrar em contato com a paisagem em sua vertente natural e cultural representa um convite a novas interpretações que ligam as relações entre os seres humanos e as paisagens, mediado por um uso mais intenso dos sentidos. Por Rogério de Oliveira - diretor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). É doutor em Geografia pela UFRJ. Suas áreas de pesquisa são a Ecologia da Mata Atlântica, História ambiental e Ecologia histórica.

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Netflix: filme de super-herói coreano é a nova aposta do serviço de streaming

Em 2016, o diretor sul-coreano, Yeon Sang-ho, chamou a atenção da crítica especializada ao ter seu filme, o terror "Invasão Zumbi", exibido no Festival de Cannes. O longa de Sang-ho agradou não apenas a crítica que compareceu ao festival francês, mas também ao grande público dos países por onde passou. Na Coreia do Sul, levou mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas só na primeira semana de exibição. De olho em todo esse sucesso, a Netflix não perdeu tempo e produziu o novo trabalho do diretor Sul-coreano, o (quase que impronunciável) filme Psychokinesis. Bem diferente de Invazão Zumbi, a nova empreitada de Sang-ho é um misto de clichês, comédia pastelão e efeitos especiais bem ruins. Já no início da história somos a presentados Roo-mi (Shim Eun-kyung), uma jovem que, ao lado da mãe, administra um pequeno restaurante em um centro comercial. O lugar se torna objeto de desejo de uma construtora, que tenta a todo custo despejar os comerciantes através da ação violenta de capangas. Numa dessas ações, a mãe de Roo-mi é gravemente ferida e morre no hospital. É quando entra na trama Seok-heon (Ryu Seung-ryong), pai de Roo-mi. Ele ajudará a filha e os outros comerciantes a resistirem às intimidações da construtora. Seok-heon tem o poder de levitar objetos, desde um pequeno cinzeiro a um grande veículo. Ele adquiriu esta habilidade ao beber uma água contaminada por um líquido proveniente de um meteoro que caiu na Terra. (Existe algo mais clichê que isso?). Seok-heon exibindo sua habilidade de telecinese.   Todo filme de super-herói merece bons efeitos especiais, vide as últimas produções da Marvel. Psychokinesis peca sem constrangimento algum nesse quesito. Alguns efeitos são tão ruins, que perdem para muitas séries do próprio serviço de streaming, como Stranger Things e Perdidos no Espaço. Eu poderia listar aqui diversos pontos negativos do filme, mas quero destacar só mais um: os personagens. Caricatos e unidimensionais ao extremo, não conseguem provocar no espectador o mínimo de empatia e identificação. Essa observação diz respeito, inclusive, ao protagonista. Psychokinesis não agradará aos mais exigentes, nem aos que não curtem ver mais do mesmo nas novas produções. Pena que o novo trabalho de Yeon Sang-ho é justamente isso.  

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“Que país é este?”

A pergunta do título foi formulada por Francelino Pereira (1921-2017), político nascido no Piauí mas que fez carreira em Minas Gerais onde foi governador e senador, além de presidente nacional da Arena, partido de apoio ao regime militar nas décadas de 1960/70/80. Francelino inquiria, então, sobre a falta de confiança de boa parte da opinião pública acerca da sinceridade do presidente Ernesto Geisel em levar adiante a abertura política prometida. Em meio ao ambiente de radicalização da época (situação x oposição), a pergunta virou uma espécie de meme usado principalmente pelos humoristas, em especial no jornal mais crítico da época, O Pasquim. Transformou-se até em título de uma música do Legião Urbana... Tenho muita curiosidade de saber o que pensaria Francelino do País nos dias de hoje. Que pergunta faria? Afinal, o que diria observando o ambiente político dos últimos cinco anos? Um afluxo inusitado e surpreendente de gente na rua protestando contra a qualidade dos serviços públicos que se requeria fossem “padrão Fifa” (as famosas “jornadas de junho de 2013); uma eleição presidencial ultrapolarizada; uma crise que muitos dizem ser a pior da história documentada e que começa apenas timidamente a se reverter, projetando mais uma década perdida de crescimento econômico; uma operação policial/judicial que levou à barra dos tribunais e à cadeia figuras importantes do cenário empresarial e político nacional, devendo ampliar em muito seu espectro de atuação; o segundo impeachment de um presidente da República em menos de 25 anos; um vice-presidente que assume e se mantém com a maior taxa de desaprovação da história conhecida; uma tremenda radicalização política pelas redes sociais e que começa a manifestar-se nas ruas, ameaçando jogar o País numa espiral de violência e incerteza política sem precedentes; uma classe política completamente desacreditada; uma suprema corte que se transformou numa fonte perene de insegurança jurídica; e, por último, mas não menos importante, a eleição presidencial mais incerta desde a redemocratização... Tenho a impressão de que Francelino ficaria pasmo, sem ter o que dizer diante da magnitude dos fatos recentes... Daí, a enorme importância de, penso, os não radicais buscarmos conservar e cultivar o bom senso e evitar, ao máximo, radicalizações. O futuro do País está sendo seriamente jogado nas próximas eleições. Neste cenário, não eleger nenhum populista é absolutamente vital!

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N. S. de Nazaré do Cabo de Santo Agostinho

Para os primeiros navegadores europeus chegados à costa de Pernambuco, o Cabo de Santo Agostinho, antes chamado pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón de Santa Maria de la Consolacion, apresentava-se como sendo de “terra baixa (com) muito arvoredo junto ao mar e parecendo alguns campos sem árvores”, segundo observação do piloto português Luís Teixeira, in Roteiro de todos os sinais etc., manuscrito elaborado entre 1582 e 1585. Para aquele homem do mar, o Cabo de Santo Agostinho era o primeiro acidente geográfico, situado a oito graus e meio, avistado por qualquer navegador procedente da Europa, na costa brasileira: Virei correndo a costa para o norte e terei aviso que se vir algumas barreiras ao longo do mar em demanda ao Cabo de Santo Agostinho, vê-lo-ei cortado e lança-se ao mar e faz um focinho como de baleia, em cima dele um monte, redondo de arvoredo, como cerca. Em 1597, o piloto-mor da Carreira das Índias Mateus Jorge, ao descrever o Cabo de Santo Agostinho faz referência a uma ermida branca localizada no alto. No Exame de Pilotos, publicado em 1614, Manuel de Figueiredo, piloto e cosmógrafo do Reino de Portugal, registra que, em dia claro, se avista aquela igrejinha dedicada a Nossa Senhora de Nazaré. A construção da ermida, como sendo obra do fim do século 16 e primeiros anos do século 17, parece ter confirmação na lápide que marca a colocação da sineira, datada de 1603 ou 1605, segundo relatório de pesquisa do professor Ayrton Almeida Carvalho, durante os trabalhos de restauração da igreja (1959). Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano (1722), informa que a construção do atual templo data de 1627, ocasião em que se edificou uma capelinha de abóbada e sobre essa uma torre com coruchéu, destinada ao balizamento do ancoradouro pelos navegantes. A devoção de Nossa Senhora de Nazaré seria originária de Portugal, devido à semelhança existente entre a paisagem do Cabo de Santo Agostinho e o promontório da praia de Nazaré, localizada junto à vila da Pederneira, em Alcobaça (Portugal). O mesmo frei Agostinho conta que pouco depois um ermitão chegou ao local carregando consigo uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, originária da vila da Pederneira, com a qual pedia esmolas e a colocou no altar da dita capela. O Arraial de Nazaré do Cabo foi tomado pelos holandeses, em 1635, sendo o seu reduto arrasado, restando tão-somente, segundo relatório de Adriaen van der Dussen (1639), quatro peças de metal de seis libras, bombardas e uma paliçada, que servia de guarda avançada. Com a sua retomada pelos luso-brasileiros, em 1640, o senhor do Engenho Salgado, Pedro Dias da Fonseca, inicia a reconstrução da capela, concluída nas festas do Natal de 1648. Expulsos os holandeses em 1654, o terreno onde se erguera a Capela de Nossa Senhora de Nazaré veio a ser doado, em 1687, aos frades carmelitas do Recife que iniciaram, junto ao templo, a construção de um pequenino convento. As obras se estenderam de 1692 a 1731, como se depreende da inscrição latina existente no corredor que antecede a sacristia, comemorativa da conclusão dos trabalhos.

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As perspectivas para 2018 e as ondas da transformação digital

A rápida velocidade das inovações disruptivas é a principal ameaça aos negócios em 2018. Foi o que apontou o estudo Perspectivas de Executivos para os Principais Riscos em 2018, realizado pela consultoria Protiviti com 728 empresários de diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. A transformação digital ficou na frente de ameaças como as incertezas do cenário econômico, a instabilidade das eleições, a corrupção e o terrorismo. Isso mostra que o assunto transformação digital já é percebido pela maioria dos executivos. Mas isso não quer dizer que as atitudes adequadas estão sendo tomadas dentro das empresas para enfrentar essa ameaça. Nesse sentido, é importante compreender que a transformação digital se movimenta em ondas, com impactos diferentes a depender da cadeia de valor de cada segmento: produção, distribuição, marketing e consumo. A primeira onda da transformação digital aconteceu com mais intensidade de 10 anos para cá. Um exemplo clássico é o filme fotográfico, que foi substituído pela imagem digital. A função de registrar uma imagem foi mantida, mas a forma foi totalmente modificada em poucos anos. Isso levou a Kodak à falência, mesmo que tenha sido ela a criadora da câmera digital. Com a música também foi assim. O CD foi reduzido a uma participação irrelevante de mercado e o streaming é quem lidera atualmente a preferência do consumidor. A segunda onda da transformação digital está acontecendo agora. Um bom exemplo é o automóvel, que vem sendo impactado não somente na sua forma, como também na sua função. Por causa do avanço da tecnologia, o carro está evoluindo nos próximos 10 anos na direção de ser elétrico, autônomo e compartilhado. Em outras palavras, a mudança de comportamento do consumidor com o ato de não abastecer no posto, de não dirigir e de não ter a propriedade de um veículo está causando uma grande transformação na indústria do petróleo e de autopeças, na organização das cidades (leis, fiscalização, sinalização, habilitação, vias, estacionamento etc.) na rede de distribuição (concessionárias), na manutenção (oficinas), no financiamento bancário, nos serviços como seguro, etc. Muito provavelmente um impacto tão profundo que vai custar trilhões de dólares. Ainda não dá para prever com precisão como será a terceira onda da transformação digital porque as novas tecnologias continuam surgindo e se consolidando a cada dia. Inteligência artificial, blockchain e internet das coisas estarão de alguma forma entre os grandes pilares dessa nova fase. Só não devemos esquecer que todos os negócios serão afetados no presente e no futuro, seja de forma direta ou indireta, com mais ou menos impacto. Portanto, avaliar corretamente esse cenário e responder com a atitude adequada são as melhores decisões a se tomar para não ser engolido pela transformação digital.

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