Arquivos Wanderley Andrade - Página 2 De 14 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Wanderley Andrade

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Patos: animação do mesmo estúdio de Minions chega ao Prime Video

Como dizia Abelardo Barbosa, nosso Chacrinha, “Nada se cria, tudo se copia”, conhecida frase inspirada em Antoine-Laurent de Lavoisier que certa vez afirmou: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Isso vale para muita coisa na vida, inclusive para o audiovisual. Inspirada ou não nesse entendimento, chega ao Prime Video a animação Patos, do estúdio Illumination, o mesmo de Meu Malvado Favorito e Minions. “Pai inseguro superprotege os filhos e, com medo de que algo de ruim aconteça, impede que conheçam o mundo além de seu território”. Já viram algo parecido em algum lugar? Se pensaram em Procurando Nemo, acertaram. É o que acontece em Patos. A trama acompanha uma família de patos formada por Mack (Kumail Nanjiani), um pai superprotetor que tenta ao máximo convencer os filhos Dax (Caspar Jennings) e Gwen (Tresi Gazal) a não cruzarem a linha além do lago onde vivem. Mack é refutado por Pam (Elizabeth Banks), uma mãe cheia de coragem e com vibe de exploradora. A tranquilidade acaba quando um grupo de patos pousa na região e abre a possibilidade dos protagonistas conhecerem um mundo novo, mais especificamente a Jamaica. Dirigida por Benjamin Renner (A Raposa Má, Ernest et Célestine) e Guylo Homsy (Meu Malvado Favorito), a animação prende a atenção pelo carisma dos personagens principais e secundários e pela narrativa sempre em movimento, ora com boas piadas, ora com cenas de tensão. Coadjuvantes como a garça Erin (na versão brasileira dublada por Claudia Raia), personagem que protagonizaria tranquilamente qualquer filme de terror psicológico. Outro personagem é o Tio Dan (dublado pelo excelente Ary Fontoura), que no início dá a impressão de que será apenas um peso para os aventureiros, mas prova ser bom alívio cômico para a história. Voltando ao questionamento lá do início, ter uma sinopse parecida a de outra animação não é um problema. Até porque numa receita, o ingrediente principal pode ser trabalhado de diversas formas, o que contará no final será a criatividade. Patos é uma prova disso. É daquelas animações que merecem pedido de bis. Quem sabe, em breve, uma continuação? Patos está disponível no Amazon Prime Video.

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Documentário acompanha luta de mulher trans para expressar sua fé

Não são poucos os trechos bíblicos que mostram Jesus recebendo pessoas com amor. O evangelho de João conta que uma mulher samaritana, antes desprezada pela sociedade, foi acolhida pelo nazareno. O mesmo evangelho relata que uma multidão esfomeada foi saciada com pão e peixe multiplicados por ele. É triste notar que muitos que se dizem seus seguidores fazem o oposto. É o que mostra o documentário "Toda Noite Estarei Lá". O filme acompanha Mel Rosário, uma mulher trans que luta na justiça contra a liderança de uma igreja neopentecostal após sofrer agressão e ser impedida de frequentar os cultos. Filmado ao longo de quatro anos, entre 2018 e 2022, o doc mostra a jornada de Mel nos corredores da justiça e na frente da igreja protestando pelo direito de entrar no templo. Logo na cena inicial, a câmera fixa posicionada na frente do salão de beleza onde Mel trabalha exibe como num quadro a preparação para mais uma noite de protestos. De véu branco na cabeça, Mel coloca pra fora uma cadeira de plástico. Logo em seguida apoia nela um cartaz que denuncia: "Pastor desonra a lei". No plano seguinte, uma trilha sonora eletrônica marca o compasso da marcha em direção ao templo. A câmera fixa estará presente em outros momentos do filme. Os longos planos desvelam sem pressa a rotina da protagonista, marcada pela forte religiosidade. Cenas em que aparece de joelhos em oração ou pintando frases bíblicas na parede da sala. Os cuidados com a mãe dividem espaço com a prática religiosa. Cuidados refletidos na forma carinhosa em que pinta o cabelo da mãe, ou nas lágrimas que derrama ao receber dela uma oração. A jornada de Mel transcende a luta pelo direito de ir e vir, de praticar sua fé em absoluto através do contexto religioso que a representa. É uma tentativa de conciliação entre dois mundos que, no cenário atual, não conseguem dialogar. "Toda Noite Estarei Lá" é dirigido por Suellen Vasconcelos e Tati Franklin, cineastas do Espírito Santo. Esse é o primeiro longa-metragem da dupla. O projeto recebeu sete prêmios incluindo melhor direção no 12º Olhar de Cinema. Estreia nos cinemas em 30 de maio.

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Crítica: Uma Parede Entre Nós (Netflix)

Como seria apaixonar-se por alguém sem conhecer a aparência física, apenas ouvindo sua voz? Não estou falando de “Casamento às Cegas", famoso reality da Netflix. Essa é a premissa da nova produção da plataforma, a comédia romântica espanhola Uma Parede Entre Nós. O filme conta a história de Valentina, uma pianista que após um traumatizante término de relação tenta recomeçar a vida mudando-se para um novo apartamento. Ela espera, com a nova moradia, ter paz e tranquilidade para se preparar para uma audição de piano. Porém a tranquilidade dura pouco após conhecer David, um vizinho barulhento. David é criador de jogos, vive há três anos enclausurado no próprio apartamento, imerso na construção de um jogo. O silêncio necessário à concentração no trabalho é interrompido pelas notas do piano da nova vizinha. O conflito de interesses dá início a uma discussão, ironicamente mediada por uma parede que os impede de se verem. Assim são executadas as primeiras notas de uma relação que, como todo romance, seguirá inevitavelmente do ódio à paixão. Uma Parede Entre Nós é filme para assistir após um dia cansativo, daquelas histórias para acalmar o coração e relaxar. Não espere um romance com sacadas inteligentes como os dirigidos por Woody Allen ou cheio de paixão explodindo nas veias no melhor estilo Almodóvar. A trama não escapa dos clichês e deixa muitas pontas soltas. "Uma jovem traumatizada foge de relação abusiva e tenta recomeçar a vida em outro lugar. Encontra um novo amor, mas conflitos de interesse ameaçam pôr fim à relação." É o tipo de premissa fácil de encontrar em uma lista enorme de filmes da Sessão da Tarde. Um bom roteiro faz o espectador duvidar que o protagonista conseguirá o que tanto deseja. O que não acontece no filme da Netflix. Em nenhum momento sentimos a relação de Valentina e David ameaçada, ainda que algumas sequências tentem nos convencer do contrário. Uma Parede Entre Nós é dirigido por Patricia Font (Café Para Llevar) e protagonizado por Aitana (A Última Chance) e Fernando Guallar (Gente que Vai e Volta). É remake do filme francês "Un peu, beaucoup, aveuglément", de Lilou Fogli.

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Crítica: Orion e o Escuro (Netflix)

O medo é uma reação espontânea a toda ameaça que surge. É um mecanismo de sobrevivência do ser humano. Porém, em excesso, perde a aura de proteção e pode causar grande sofrimento. Esse medo que se transmuta em ansiedade e paralisa a vida é tema da nova animação da Netflix, Orion e o Escuro. Orion é um garoto de medos peculiares. Medo de dar descarga e a água do vaso transbordar a ponto de alagar toda a escola, medo de levar uma picada de mosquito e perder o braço, medo de matar o valentão da escola com um soco e ser preso num reformatório. De toda a lista, nenhum supera o clássico medo de escuro.  A jornada começa quando o próprio Senhor Escuro em pessoa aparece para uma visitinha. Conforme o desenrolar da história, o jovem protagonista é apresentado a outras entidades da noite: Sono, Insônia, Silêncio, Ruídos Inexplicáveis e Bons Sonhos. A aventura será um passeio pelas profundezas de seu maior medo. Apesar de ser uma animação voltada ao público infantil, “Orion e o Escuro” trata de assuntos complexos, travestidos por uma carcaça amigável e multicolorida. Em uma das cenas, Orion discorre sobre o final da vida, opõe correntes filosóficas como Niilismo e Existencialismo. “Tento imaginar como é a morte. Cheguei à conclusão que é como nada", reflete. Em essência, o medo do escuro mascara o pavor da incerteza do nada. “Orion e o Escuro” é uma adaptação do livro infantil homônimo escrito por Emma Yarlett. O roteiro é do premiado roteirista Charlie Kaufman, conhecido por seu trabalho em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. A animação é produzida pela DreamWorks, mesma produtora de sucessos como “Shrek”, “Gato de Botas”, “Kung Fu Panda” e "Madagascar”. Segue a mesma vibe de animações modernas como “Homem-Aranha no Aranhaverso” e “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, que combinam técnicas 2D e 3D. 

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Crítica: A Sociedade da Neve (Netflix)

Resiliência diz respeito à capacidade de se adaptar às mudanças, de resistir às dificuldades e desafios que surgem. Não há palavra melhor que expresse em profunda essência a história contada em A Sociedade da Neve. O longa espanhol narra a história dos passageiros de um voo que caiu nos Andes em 13 de outubro de 1972, em sua maioria integrantes da equipe uruguaia de rugby, “Old Christians Club”. Dos 45 ocupantes do avião, apenas 16 sobreviveram à queda e à jornada de 72 dias em meio às montanhas do Vale das Lágrimas. Com direção do cineasta espanhol Juan Antonio Bayona, o filme é baseado no livro “A sociedade da neve”, de autoria do jornalista e escritor uruguaio Pablo Vierci. J.A.Bayona consegue o feito de unir tensão à poesia. Numa das cenas, um plano aberto exibe a imensidão dos Andes pincelada em sua totalidade pela brancura da neve que cobre todo o vale como um imenso lençol. Sobre ele, o que restou do avião. A música dissonante ao fundo parece sussurrar aos novos visitantes um sejam bem-vindos macabro. A narrativa é costurada por antíteses, um misto de beleza e desespero. Desde as cenas que mostram os sobreviventes comendo a carne dos que morreram ao momento em que um deles saboreia com satisfação um chocolate que fora encontrado entre os destroços. Desde a tristeza pela morte de um amigo à alegria de sentir na pele o calor do sol após dias soterrados O elenco é formado em sua totalidade por atores desconhecidos, uruguaios e argentinos, muitos deles provenientes do teatro. O trabalho de preparação de elenco somado ao talento do cast principal rendeu sequências carregadas de tensão e realismo, de pegada documental. As cenas da queda da aeronave impressionam. Passageiros sendo espremidos entre os assentos, lançados ao teto ou jogados para fora do avião. Sequências construídas em sua maioria com efeitos práticos, pouco CGI. Cenas chocantes, porém trabalhadas por J.A.Bayona com muito cuidado e respeito às vítimas do acidente. “A Sociedade da Neve” recebeu duas indicações ao Oscar, Melhor Filme Internacional e Melhor Maquiagem e Penteado.  Está disponível no catálogo da Netflix.

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The Chosen: novas temporadas disponíveis na Netflix

A página em branco é o terror do escritor. Como começar? Quais palavras abrirão o texto? Como atrair o primeiro olhar do leitor? Questões que atormentam, não importa a longa estrada de escritos que tenha percorrido. Assim começa a segunda temporada de The Chosen, incluída recentemente no catálogo da Netflix ao lado também da terceira. Contar uma história envolve não apenas o resgate das próprias memórias, é necessária muita pesquisa, debruçar-se sobre diferentes pontos de vista. Na sequência inicial do primeiro episódio, o apóstolo João entrevista alguns discípulos com a seguinte questão: como foi seu primeiro encontro com Jesus? As cenas seguem com uma pegada de documentário. Maria é a última a ser entrevistada. A partir do depoimento da mãe de Jesus, surge a inquietação do apóstolo: como começar a escrever todos aqueles relatos? O episódio é muito bem costurado, tem como norte a relação de João e Tiago com os outros discípulos, pincelada pela vaidade e soberba que passam a destilar após receberem elogio de Jesus. É desse temperamento forte que recebem o conhecido título de “Filhos do Trovão”. Diferente de outras produções do gênero, The Chosen lança-se a uma interpretação livre dos relatos do Novo Testamento Bíblico. Propõe um Jesus mais humano, com sacadas bem-humoradas e grande carisma. As três temporadas da série estão disponíveis na Netflix.

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Crítica| Transformers: O Despertar das Feras

Depois da estreia do dispensável décimo Velozes e Furiosos, chegou a hora de outra franquia que ainda se mantém longeva. Transformers: O Despertar das Feras chega aos cinemas cinco anos após o sucesso de crítica e público, Bumblebee (2018). O filme solo do Autobot mais carismático suscitou a expectativa de que a partir dali a franquia Transformers entraria numa nova fase de menos explosões e mais história. Só ficou na expectativa, mesmo. Na trama, os Autobots buscam uma maneira de retornar a Cybertron. A resposta pode vir de um artefato alienígena que, se ativado, levará Optimus Prime e Cia. de volta ao planeta de origem deles. O problema é que esse artefato também é procurado pelos Terrorcons, robôs nada amigáveis que estão a serviço de Unicron, um ser maligno devorador de mundos. O protagonismo dos Autobots é dividido com Noah (Anthony Ramos, de "Hamilton") um ex-militar que tenta a todo custo conseguir emprego para pagar o tratamento médico do irmão Kris (Dean Scott Vazquez), que sofre de uma doença rara. Noah e Optimus Prime compartilham conflitos parecidos. Enquanto Noah é desacreditado por um passado de indisciplina no exército, Prime tem a liderança questionada por ter perdido as primeiras batalhas para o novo inimigo. Homem e robô terão de vencer suas limitações para salvar a humanidade da aniquilação e ainda manter viva a esperança de um possível retorno dos Autobots a Cybertron. A novidade do longa é a presença dos Maximals, um misto de robôs e animais selvagens. O gorila Optimus Primal (Ron Perlman, de Hellboy) lidera o grupo, que tem também o veloz Cheetor (Tongayi Chirisa), o sábio falcão-peregrino Airazor (na voz da ganhadora do Oscar, Michelle Yeoh) e o poderoso rinoceronte Rhinox (David Sobolov). Os personagens são inspirados na série animada Beast War, exibida na década de 90. O roteiro é expositivo e descaradamente didático. Peca ao querer agradar ao mesmo tempo aos que curtem barulho ininterrupto de metal retorcido e aos que preferem uma trama, no mínimo, convincente. Insegurança que resulta em superficialidade para os dois lados. A pressa em saltar logo às sequências de ação afeta o desenvolvimento das personagens, não possibilitando ao espectador apego e interesse aos conflitos rasamente construídos. Transformers: O Despertar das Feras é um decepcionante retorno aos explosivos e descerebrados filmes anteriores a Bumblebee. Até funciona para uma boa tarde de pipoca e diversão. Porém deixa no ar a dúvida se realmente compensa gastar milhões de dólares em mais do mesmo, ainda que ensaiem uma possível união com outra famosa franquia de brinquedos, como é revelado no final do filme. Só o tempo e o retorno nas bilheterias responderão.

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Crítica: Em Uma Ilha Bem Distante (Netflix)

Zeynap Altin é uma mulher de meia idade caracterizada conforme o estereótipo da dona de casa que precisa dar conta sozinha das tarefas domésticas, além de cuidar da filha, do marido (que se comporta como o segundo filho) e do pai ranzinza. Após a morte da mãe, descobre que herdou uma casa numa bela ilha da Croácia. Cansada da estafante rotina do lar, chega ao ápice da insatisfação ao descobrir que está sendo traída pelo marido. Decide largar tudo e recomeçar a vida na nova casa. Porém, ao chegar ao lugar, descobre que a moradia está ocupada por Josip, ex-proprietário que ainda vive no local. Carregado de clichês e temática batida, o filme consegue se manter de pé devido a boa atuação da atriz sueca Naomi Krauss, que encarna a protagonista, trabalho que destoa das outras atuações, algumas beirando o pastelão. Os personagens coadjuvantes pouco acrescentam à trama, diferente da protagonista, são rasos e mal desenvolvidos. O roteiro é confuso, não se decide em emocionar ou fazer rir. Poucas vezes consegue um ou outro. A cinematografia de Katharina Bühler é um dos pontos fortes da produção, explora bem os belos cenários do Leste Europeu. Em Uma Ilha Bem Distante é uma comédia romântica bem no estilo Sessão da Tarde. História leve e despretensiosa para um final de tarde ocioso.

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Filme de guerra pré-indicado ao Oscar é destaque na Netflix

Um soldado alemão esfaqueia ferozmente o oponente francês. São as últimas horas da Primeira Guerra Mundial. A imagem do inimigo se contorcendo, pele rubra de sangue que não para de jorrar, faz o alemão cair em si. Lança-se em direção ao moribundo e tenta inutilmente estancar o sangue. Limpa delicadamente o rosto do inimigo com uma das mãos, vasculha o uniforme rasgado pelas punhaladas e, em meio a documentos, encontra uma foto. Nela, esposa e filha do homem que acaba de morrer. A cena é uma das mais fortes de Nada de Novo no Front, filme alemão que estreou recentemente na Netflix. A trama acompanha a jornada de Paul Baumer (Felix Kammerer), um adolescente inebriado pela promessa de reconhecimento e honras que poderá receber ao servir à Alemanha e retornar vitorioso da Grande Guerra. Porém, a realidade do conflito se descortinará e apresentará sua face mais dura e sangrenta. Paul sentirá na própria carne os aguilhões da guerra, uma insana máquina de fabricar viúvas e órfãos de pais e filhos. A direção de fotografia de James Friend cumpre bem o papel de ferramenta na construção da narrativa. Desde as belas imagens de calmaria, logo no início do filme, do lento bailar de árvores seguido do registro de uma raposa amamentando a prole, até o primeiro plano sequência dentro do inferno de poeira e pólvora da zona de combate, cenas pinceladas por um gélido azul que reforça a sensação de angústia. Em dado momento o conflito ganha ares de fantasia na cena em que tanques de guerra, mais parecendo enormes gigantes, surgem no horizonte em meio a grande neblina, avançando imponentes em direção às trincheiras alemães. Os metais da trilha sonora de igual modo colaboram na costura dos momentos de suspense. Nada de Novo no Front é baseado no romance homônimo escrito por Erich Maria Remarque. Com direção do cineasta alemão Edward Berger, esta é a segunda adaptação cinematográfica da obra de Remarque. A primeira, de 1930, ganhou o Oscar de Melhor Filme. Coincidência ou não, a nova aposta da Netflix figura na pré-lista da premiação, divulgada este mês pela Academia.

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Netflix: Pinóquio de Guillermo del Toro chega ao streaming

A morte é tema não muito frequente nas rodas de conversa. Por outro lado, o oposto dela é sonho de consumo da humanidade: a imortalidade. Há quem calcule que, com os avanços na área da nanotecnologia, daqui a poucas décadas a morte da Morte será decretada. Um problema a menos para a humanidade. Será mesmo? E se a ausência da Indesejada significasse um fardo? Tal questionamento já foi proposto no cinema como no filme "O Homem Bicentenário", protagonizado por Robin Williams. O assunto volta às telas com a estreia na Netflix de Pinóquio. A versão de Guillermo del Toro chega ao streaming três meses após o live-action da Disney, "Pinocchio", de Robert Zemeckis, que pouco acrescentou à história do famoso boneco. Diferente de Zemeckis, Del Toro surpreende ao instigar discussão e filosofar sobre a brevidade da vida. Na versão do cineasta mexicano, Pinóquio carrega consigo a sorte e o fardo da imortalidade. Sorte por possuir algo tão desejado por todos e fardo por, na caminhada, ter de presenciar a partida de cada pessoa que ama. Del Toro inova também ao contextualizar a trama na Itália de Mussollini. Em uma das cenas mais divertidas do filme, o líder fascista é ridicularizado por Pinóquio. Em tempos de avanço da extrema direita no mundo, crítica mais que benvinda. Foram necessários incríveis quinze anos até a conclusão do projeto, todo realizado em stop motion. A riqueza de detalhes dos cenários e caracterização das personagens, como também a bela cinematografia justifica cada ano gasto. O resultado é uma obra esteticamente rica e cheia de camadas. A direção é dividida com Mark Gustafson, que já trabalhou com stop motion em outras produções. O elenco que dublou às personagens tem nomes de peso como Ewan McGregor, que interpreta o grilo Criket, Cate Blanchett, que dá voz ao macaco Spazzatura e Christoph Waltz, como o vilão Count Volpe.

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