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Brasileiros iniciam 2025 com foco na saúde, mas enfrentam desafios financeiros

40% da população está endividada, enquanto metas pessoais priorizam bem-estar e equilíbrio O início de 2025 traz um panorama de resiliência e desafios para os brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pela Hibou com 1.506 entrevistados. O levantamento revela que 40% começam o ano endividados, sendo que 27% acumulam débitos superiores a R$15 mil. Ainda assim, a palavra "esperança" domina as expectativas, com 55% afirmando que pretendem economizar ao máximo. Para muitos, a estratégia será aproveitar promoções e adotar um consumo consciente em busca de equilíbrio financeiro. A saúde, tanto física quanto mental, emerge como prioridade absoluta para 76% da população. O desejo de cuidar do corpo e da mente reflete os impactos de anos desafiadores, enquanto outros objetivos incluem tirar férias (32%) e passar mais tempo com a família (38%). “O ano de 2024 foi marcado por exaustão e superação. Agora, o brasileiro mostra que está determinado a recomeçar, priorizando a saúde e o autocuidado enquanto tenta equilibrar o orçamento,” afirma Ligia Mello, CEO da Hibou e coordenadora da pesquisa. O lazer também ganha espaço nos planos para 2025, com 46% dos brasileiros planejando viagens. Destinos no exterior, resorts all-inclusive e cidades históricas estão entre as preferências, enquanto muitos optam por momentos de descontração em praias desertas. Viagens em casal (52%) ou com a família inteira (35%) são escolhas frequentes, evidenciando o desejo de aproveitar o tempo livre para reconexão e descanso. Apesar do otimismo em metas pessoais, o ceticismo sobre o futuro do Brasil é evidente. Cerca de 60% acreditam que a economia deve piorar em 2025, enquanto 48% temem o aumento da insegurança e 38% estão preocupados com a saúde pública. Esse contraste entre ambições individuais e desconfiança no cenário coletivo evidencia o desejo de transformação, mesmo em um ambiente de incertezas.

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Silvio Costa Filho anuncia maior entrega de aeroportos da década para 2025

Ministro pernambucano destaca investimentos de R$ 3 bilhões para modernizar e expandir aviação regional no Brasil O ministro pernambucano Silvio Costa Filho, à frente do Ministério de Portos e Aeroportos, anunciou a maior entrega de aeroportos dos últimos 10 anos, prevista para 2025. O governo planeja entregar mais de 30 aeroportos, entre novos e modernizados, como parte de um investimento de R$ 3 bilhões. Segundo o ministro, o foco está na melhoria da infraestrutura em grandes capitais e na expansão da aviação regional. “Além de a gente estar estruturando grandes aeroportos, estamos requalificando e investindo nos aeroportos estratégicos, que ficam nas regiões metropolitanas, e o governo está tendo o olhar para a aviação regional”, afirmou o ministro em entrevista ao programa A Voz do Brasil. Nos próximos cinco anos, a meta é construir ou reformar 130 aeroportos regionais em todo o país, fortalecendo a conectividade aérea. Entre as recentes entregas estão sete aeroportos modernizados na Região Norte, com investimentos de R$ 1,4 bilhão, e reformas em terminais importantes, como Congonhas (SP), que receberá R$ 2,4 bilhões. Outro destaque é o programa Voa Brasil, que já beneficiou 23 mil aposentados do INSS com passagens gratuitas e deve incluir estudantes do Prouni e FIES nos próximos meses.

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Concursos Públicos em 2025: Mais de 100 mil vagas e crescimento nas preparações

Oportunidades aumentam em diversos setores, e a busca por cursos preparatórios segue tendência de crescimento O ano de 2025 se apresenta como promissor para quem almeja ingressar no serviço público, com mais de 100 mil vagas previstas em concursos em esferas federal, estadual e municipal. A projeção da ACONEXA (Associação de Apoio aos Concursos Públicos e Exames) aponta uma forte tendência de crescimento no número de seleções. Estima-se que o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos irá disponibilizar 57 mil vagas no âmbito federal, podendo esse número atingir 63.766 com a possibilidade de novos postos. O aumento das seleções também deve se dar pela consolidação de concursos unificados, como o Exame Nacional da Magistratura (ENAM) e o Concurso Nacional Unificado (CNU), que garantem aos candidatos a chance de concorrer a vagas em múltiplos órgãos com uma única prova. Marco Antonio Araujo Jr., presidente da ACONEXA, afirma que “os concursos unificados têm se mostrado uma solução eficiente para ampliar a concorrência e reduzir custos, tanto para candidatos quanto para o governo”. A previsão é que em 2025 o CNU seja consolidado, com sua segunda edição programada para agosto. Além disso, o cenário estadual também é favorável, com destaque para as áreas de segurança pública, educação e saúde. “Considerando que as eleições para o Executivo estadual irão ocorrer no segundo semestre de 2026, há uma grande possibilidade de que as vagas para essas áreas sejam antecipadas para 2025”, explica Araujo. As prefeituras também devem abrir vagas para diversos cargos nas mesmas áreas, além de autarquias como o INSS. Entre os setores que mais devem demandar vagas estão a segurança pública, com destaque para a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, que oferecem remunerações atrativas e benefícios. Além disso, há uma expectativa de concursos voltados para a área fiscal e para os tribunais, com diversas oportunidades para cargos de técnico e analista. A área de educação também terá grande destaque, com o Ministério da Educação projetando um ENEM para professores, semelhante ao CNU, para contratações em redes públicas estaduais e municipais. Com a previsão de uma oferta expressiva de vagas e a complexidade das provas, a procura por cursos preparatórios tem aumentado. “Concurso público é um projeto de médio a longo prazo. Não se trata de sorte, mas de preparo técnico e estratégico”, afirma Araujo. A demanda por esses cursos cresceu 15% em 2024, e a expectativa é que o número continue a subir em 2025. Para quem busca sucesso nos concursos, é fundamental seguir uma rotina de estudos disciplinada e se manter atualizado sobre os editais.

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Cuidados com o carro antes de viajar nas férias

Vistoria completa do automóvel é essencial para uma viagem tranquila e segura Viajar de carro com a família durante as férias é um dos momentos mais aguardados, mas para garantir que a experiência seja sem imprevistos, é fundamental realizar uma vistoria completa no veículo. Antes de pegar a estrada, itens como pneus, motor, bateria e freios devem ser verificados com atenção para evitar surpresas indesejadas durante o trajeto. Higor Vasconcelos, docente do SENAI-PE, ressalta que a verificação dos pneus é uma das primeiras providências. “Os pneus são o único item que fica em contato com o solo e precisa suportar o peso do carro. Além de verificar a pressão, é necessário analisar o desgaste dos sulcos e possíveis danos visíveis, como bolhas ou cortes”, explica. Para viagens longas, ele recomenda fazer pausas a cada duas horas para revisar os pneus e proporcionar descanso aos ocupantes. No que diz respeito ao motor, Marcelo Farias, especialista técnico da área automotiva do SENAI, destaca a importância de checar os níveis de líquidos essenciais para o bom funcionamento do veículo. “O óleo do motor e o líquido de arrefecimento precisam estar em níveis adequados para garantir a eficiência do motor. Além disso, é preciso conferir o fluido de freios e a direção hidráulica, e testar o funcionamento de lâmpadas e outros itens de segurança, como estepe e triângulo”, orienta. Outro aspecto importante é a carga no carro. O excesso de peso pode causar danos aos itens de segurança e prejudicar a estabilidade do veículo. Além disso, pode aumentar o consumo de combustível e, em alguns casos, gerar multas. Marcelo Farias sugere que as bagagens sejam alocadas até o limite do porta-malas para garantir a visibilidade do motorista e evitar que objetos atinjam os passageiros em uma frenagem brusca. Para quem precisa de mais espaço, racks no teto ou carretas são opções seguras. Itens a verificar antes da viagem:

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Juan Sebastian Bustamante

Juan Sebastian Bustamonte: "Temos uma grande obsessão por conectar Medellín"

Urbanista e professor da Universidade EAFIT conta como investimentos em mobilidade, educação, parques e comunicação contribuiram para transformar Medellín de cidade mais perigosa do mundo na mais inovadora. Ele também ressalta que as mudanças foram feitas prioritariamente em áreas vulneráveis e que os planos agora incluem o enfrentamento da crise climática. Juan Sebastian Bustamonte, urbanista e professor da Universidade EAFIT Medellín, é uma das principais vozes do urbanismo social na América Latina. Em entrevista a Rafael Dantas, ele destacou a transformação de Medellín que superou um passado de violência e desigualdade com políticas inovadoras, integração urbana e o fortalecimento da cultura cidadã. Uma inspiração para a capital pernambucana. Durante visita ao Recife, acompanhado por Murilo Cavalcanti, ex-secretário de Segurança Cidadã, o especialista conheceu o Compaz Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, e ressaltou a importância de priorizar áreas vulneráveis, promover conexões entre bairros e investir em educação e mobilidade para construir cidades mais equitativas. Na entrevista ele compartilhou a importância do metrô para a estruturação da cultura cidadã em Medellín e apontou também alguns dos sonhos dessa cidade inovadora, que saiu da posição de mais violenta do mundo para a liderança na recepção de turistas da Colômbia, como um destaque global de inovação. Qual seria para o senhor o conceito de urbanismo social? É uma ferramenta para transformar a realidade das pessoas que vivem em lugares em que há grande desigualdade e violência. Na experiência de Medellín, vocês tiveram muitos serviços sociais e a construção de centros comunitários. Mas esse foi o único caminho para barrar os indicadores de violência? São quase 30 anos de trabalho. Há um programa do Governo Nacional que começou a ser implementado nos anos 1990, que se chamava Consejería Presidencial (Conselho Presidencial para Reconciliação, Normalização e Reabilitação). Na liderança estava uma mulher, María Ema Mejia. Ela deixou um livro que conta a história de como ela trabalhou na transformação da cidade. É muito interessante porque é possível aplicar a países onde há desigualdade e violência. A Consejería Presidencial chegava a Medellín, com recursos do Governo Nacional, aos bairros onde havia mais violência para conversar com os jovens, escutá-los, gerar acordos, como parte de um processo de paz. O programa recebeu também uma cooperação alemã que permitiu que esse trabalho de conversar e escutar os jovens, onde há mais desigualdade e violência na cidade, se fortaleça. Isso fez com que desde os anos 1990 e 2000, Medellín tenha 20 anos de trabalho de fortalecimento de organizações de base comunitária. Quais as descobertas dessa escuta ativa das comunidades? A capacidade de liderança dos bairros de maior desigualdade e violência é muito alta. Há pessoas que têm capacidades de trabalho e de geração de acordos e espaços de conversação importantes. É um processo de paz de 20 anos. Começaram a ser implementadas estratégias de melhoramento integral dos bairros, como parte de um programa do município de Medellín. Esse programa tem o objetivo de melhorar as condições de acessibilidade e mobilidade nos bairros com maior precariedade, melhoramento das moradias e dos serviços públicos. O programa se chama Primed, Programa Integral de Melhoramento de Bairros Informais de Medellín. Quais as mudanças implementadas pelo Governo Nacional? Em 1991, paralelo a isso que estou dizendo, a Constituição da Colômbia sofreu uma mudança. Segundo os especialistas em políticas públicas, temos uma das melhores constituições do mundo. E parte das coisas que levaram a essa transformação da Carta, como fruto de um produto de um país que estava em guerra e que estava procurando como melhorar a situação da violência, que era o mais perigoso do mundo, é descentralizar o poder no país. Isso deu poder a cada município. Então, a primeira cidade que aproveitou essa mudança na Constituição foi Bogotá. Ela demonstrou ao país que uma cidade pode se transformar de uma maneira radical. Isso começou na gestão de Antanás Mockus, que é o nosso grande professor de cultura cidadã. Depois Henrique Peñalosa, entre outros prefeitos que são inspiradores para pessoas de Medellín, que estavam trabalhando em empresas, ONGs e universidades. Essa experiência inicial em Bogotá impulsionou Medellín? Essas pessoas em Medellín entenderam que não iriam mudar a realidade se não entrassem na política. Então, vendo o que estava acontecendo em Bogotá decidiram entrar na política. Esse grupo chegou ao poder em 2004, ficando por dois mandatos. Um grupo de pessoas que, pela primeira vez, estava na política, todos especialistas em seus temas. Cultura, urbanismo, economia, saúde… todos haviam estudado muito bem a cidade. Sabiam quais eram os problemas, quais eram as oportunidades que haviam. E, durante oito anos, como política pública, o urbanismo social foi implantado. Nos bairros de maior desigualdade e violência estão os maiores investimentos que há em Medellin. Um projeto somando a toda a sociedade, empresas, comunidades, governo e as universidades. Há uma aposta por educação para transformar a cidade no sentido mais amplo. Na prática, como essa aposta por educação aconteceu? O professor é a pessoa mais importante da sociedade. O primeiro prefeito é matemático (Mockus) e trabalhou toda a vida na universidade. É um acadêmico. Ele crê profundamente na educação. Seu pai foi arquiteto, um dos melhores da Colômbia. É muito sensível com a arquitetura, muito sensível com o desenho da cidade. Mais que fortalecer os professores, com capacitação, e promover a educação pública, foram criados planos de novos equipamentos educativos para o empreendedorismo, para o esporte, a recreação… foram fortalecidos os equipamentos públicos nos bairros de maior violência. Foram priorizados os mais pobres para melhorar as condições de moradia e habitação. E temos uma grande obsessão por conectar a cidade. Nossas cidades estão desconectadas. Há desigualdade, mas são fragmentadas entre aquelas que têm acesso a recursos e os que não tem. As comunidades são invisibilizadas e estigmatizadas. Em Medellín aconteceu que essas cidades eram percebidas como dos sicários (assassinos, facínoras), da pobreza e das pessoas ruins. Isso acontece também em várias outras cidades. Qual o papel das melhorias na mobilidade tiveram nessa transformação? Temos obsessão por conectar. Aí, aparece o sistema de transporte público massivo.

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Por um olhar mais atento à felicidade

O tema tornou-se uma prioridade para as pessoas que já não concordam em passar longas horas do dia no trabalho, para empresas atentas à ameaça do Burnout na sua equipe e por governantes que constatam que o desenvolvimento de um País não pode ser baseado apenas no crescimento econômico. *Por Rafael Dantas Talvez você conheça alguém que pediu demissão de um trabalho que adoecia e procurou cuidar mais da saúde em uma ocupação que exigia menos. Ou já deve ter ouvido sobre os projetos de vida de alguém que sonha em se aposentar e morar numa cidadezinha menor, com outro ritmo de vida. Esses perfis estão conectados a uma mudança de percepção da sociedade em que a busca pela felicidade ganhou um outro patamar. A corrida pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) segue sendo o indicador mais valorizado no noticiário, pelo mercado. Porém, diante de uma sociedade cansada e com maiores preocupações com a saúde mental, outros parâmetros ganham força. A soma deles é o que vem sendo chamado de FIB: a Felicidade Interna Bruta. Você já ouviu falar? O FIB é um conceito que foi desenvolvido no pequeno país asiático do Butão. Enquanto há um cálculo mais objetivo na medição da economia, a felicidade da população lida com muitos fatores diversos. Afinal, o que torna um indivíduo feliz nem sempre é o mesmo que satisfaz o vizinho ou o familiar que está em casa. Porém, no emaranhado de subjetividades que nos formam, a ciência anotou alguns critérios a serem observados e buscados por todos. “A Felicidade Interna Bruta é gerada de modo a demonstrar cientificamente a felicidade e o bem-estar geral da população. A medida informa os atuais níveis de satisfação humana, de forma dinâmica e também traz informações importantes para a política governamental”, explica o microbiologista, psicanalista e filósofo, Bruno Severo Gomes, que é professor do Centro de Ciências Médicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). A metodologia para se medir a felicidade de uma população varia de acordo com a organização que a calcula. Porém, ela une estudos que analisam a satisfação com a vida, dados econômicos (como PIB per capita, desigualdade), indicadores de saúde (a exemplo da expectativa de vida e dos acesso a serviços) e de educação (acesso, qualidade). Também entram no campo de análise fatores como liberdade e participação social, confiança nas instituições e qualidade do meio ambiente. O olhar sobre essa pauta levou a UFPE a criar, em 2019, a disciplina de Felicidade, que é ministrada pelo professor Bruno Severo Gomes. Ele explica que a proposta da criação e existência da matéria foi baseada na ciência da felicidade e nos estudos da neurociência e das emoções, e sua ligação com propósito de vida, saúde mental e inteligência emocional. FIB SERÁ MEDIDO EM FERNANDO DE NORONHA Neste mês foi anunciado pelo Butão que o indicador do FIB será implementado pela primeira vez no Brasil. O local escolhido para a realização do estudo será em Pernambuco, no paradisíaco Fernando de Noronha. “O arquipélago foi escolhido como projeto-piloto do FIB no Brasil devido ao seu modelo de desenvolvimento sustentável, que já conta com diversas iniciativas voltadas para a preservação ambiental e o bem-estar da comunidade”, afirma Caio Queiroz, CEO da Aguama Ambiental, que será o executor do estudo em território nacional. A opção pelo arquipélago pernambucano, porém, não foi apenas por motivações naturais, segundo Caio. “A ilha apresenta uma comunidade coesa e engajada, com uma conexão forte entre seus habitantes e o meio ambiente, o que facilita a implementação e avaliação de ações voltadas para a qualidade de vida. O ambiente único de Noronha, com uma economia altamente dependente do turismo sustentável, oferece um cenário ideal para testar e ajustar a metodologia do FIB antes de expandi-la para outros contextos no Brasil”. O IMPACTO DA PANDEMIA A crise sanitária e econômica gerada pela Covid-19 deixou muitas sequelas pelo Brasil e pelo mundo. Além dos milhões de mortos, a pandemia criou um desarranjo no consumo das famílias que ainda não foi superado. A queda do poder de compra lidera as preocupações sociais no Brasil, afetando 88% da população neste ano, segundo estudo da BNP Paribas Cardif. O aumento da taxa de juros também é motivo de inquietação para 72%. Mesmo com a redução significativa das taxas de desemprego, que alcança recordes históricos, a instabilidade do mercado de trabalho segue tirando o sono dos brasileiros. Na mesma pesquisa do BNP Paribas Cardif, 63% dos entrevistados afirmaram temer perder sua principal fonte de renda em curto ou médio prazo. “As consequências econômicas e sociais da pandemia – como desemprego, desigualdade e a sensação de desconexão social – reforçaram a importância de índices como o FIB para guiar políticas públicas que vão além do crescimento econômico tradicional e abordam o bem-estar de maneira mais ampla e integrada”, destacou o CEO da Aguama Ambiental. Associados às dificuldades de ordem econômica das famílias, os problemas relacionados à saúde mental e emocional dispararam. O País, cuja imagem remete ao samba, futebol e carnaval, agora é o quarto mais estressado do mundo, segundo o relatório World Mental Health Day 2024, produzido pela Federação Mundial de Saúde Mental. Quase metade (42%) reclama de problemas relacionados ao estresse e 54% consideram a saúde mental como o maior problema de saúde do País. Em sintonia com esses dados, o Ministério da Previdência Social apontou ainda que a ansiedade é a terceira maior causadora dos afastamentos de trabalho no Brasil. “A discussão sobre o FIB ganhou muito mais força nos últimos anos, especialmente devido à crescente atenção à saúde mental e às consequências da chamada 'sociedade do cansaço'. O aumento do estresse, ansiedade e casos de burnout, agravados pela pandemia, trouxe a necessidade urgente de repensar os modelos de desenvolvimento e qualidade de vida”, reforçou Caio Queiroz. INFELICIDADE NO TRABALHO E BURNOUT Uma pesquisa da Gallup, intitulada State of the Global Workplace 2024, destacou um panorama preocupante sobre o bem-estar emocional dos trabalhadores brasileiros. Segundo o estudo, 46% dos profissionais no Brasil afirmaram estar estressados, enquanto

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Plantando o futuro: Cepan alavanca ações que combinam restauração ambiental e transformação social no Brasil

Ações durante a temporada de chuvas unem capacidade de operação, inclusão social e regeneração natural em biomas Plantar florestas é mais do que recuperar a natureza – é valorizar tradições locais, reescrever histórias e criar oportunidades para o futuro. Essa é a missão do Programa de Restauração Florestal do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), composto por uma série de ações ambientais realizadas durante a temporada de chuvas, que segue até fevereiro, em biomas como a Caatinga e a Mata Atlântica do sudeste do país. O trabalho abrangerá uma região de 212 hectares entre 2024 e 2025, envolvendo uma extensa equipe técnica de campo distribuída por diferentes núcleos. Mais do que devolver o verde às paisagens, a restauração florestal utiliza o período de chuvas, ideal para o plantio em larga escala, como oportunidade para recuperar áreas degradadas diminuindo a necessidade de irrigação, restaurando a biodiversidade e os serviços ambientais perdidos, como a proteção do solo, o armazenamento de carbono e a criação de habitats para espécies nativas. São ações pensadas para enfrentar mudanças climáticas e promover qualidade de vida às comunidades locais. Impacto nacional e restauração em escala Na Chapada do Araripe (PE, PI e CE), o projeto prevê a recuperação de 500 hectares com o apoio do Fundo Socioambiental da Caixa, abrangendo 33 municípios da região. Na ação deste ano, 115 hectares serão restaurados nesta temporada. Já em Presidente Epitácio, no Oeste Paulista, uma ação pioneira empregará 3,9 toneladas de sementes de mais de 50 espécies para restaurar 43 hectares. As iniciativas também incluem os municípios de Pinheiros (ES), Lajes (RN) e Belo Jardim (PE), consolidando um esforço nacional de regeneração ambiental.A capacidade de conduzir processos de restauração em larga escala e em diversos lugares, expertise que o Cepan desenvolveu ao longo de mais de duas décadas de atuação, é fruto do envolvimento de atores na cadeia de produção. Esse trabalho envolve, desde a mobilização, treinamento e remuneração de pessoas. São priorizadas pessoas em condição de fragilidade socioeconômica Inclusão e desenvolvimento local O projeto, ainda, tem como pilar a inclusão social. Em várias localidades, as equipes de plantio são compostas majoritariamente por mulheres, ampliando sua presença no mercado de trabalho e fortalecendo a igualdade de gênero. “Priorizamos o desenvolvimento da cadeia produtiva da restauração nos locais onde atuamos. Isso envolve mobilizar, treinar e remunerar pessoas em situação de vulnerabilidade, o que fortalece tanto o projeto quanto às comunidades”, explica Joaquim Freitas, Coordenador Geral do Cepan​. Economia sustentável Além do impacto positivo no meio ambiente, a restauração florestal movimenta a economia da região. Agricultores familiares e coletivos indígenas têm papel importante no fornecimento de mudas e sementes, gerando renda e valorizando saberes tradicionais. Com um olhar que abrange o presente e o futuro, o programa promove melhorias em diferentes prazos: a produção de insumos necessários para o plantio, como mudas e sementes, gera renda imediata, enquanto as áreas restauradas garantem frutos e sementes que podem ser consumidos e comercializados pelas comunidades a longo prazo. “Esse tipo de iniciativa também estimula novas ações por outras instituições, criando um efeito multiplicador positivo”, pontua Joaquim​. Seja parte da mudança Estados, municípios e instituições privadas interessados em apoiar ou replicar ações de restauração podem entrar em contato pelo e-mail cepan@cepan.org.br, ou preencher o formulário do Programa de Restauração Florestal.

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Como manter uma dieta equilibrada para crianças durante as férias escolares 

 Segundo pesquisa, o Brasil estará na 5º posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito.   As férias escolares são um momento de descanso e diversão para as crianças, mas também podem ser uma oportunidade para repensar os hábitos alimentares e garantir que a alimentação continue equilibrada, mesmo fora da rotina escolar. Muitas vezes, durante esse período, as tentações de fast food, guloseimas e bebidas açucaradas aumentam, o que pode impactar a saúde dos pequenos. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil estará na 5º posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito. Por isso, é fundamental que os pais e responsáveis se atentem à alimentação para garantir que as crianças sigam uma dieta saudável e saborosa durante as férias.  O nutricionista e Gestor da Wyden, Geam Mendes, destaca a importância de manter uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, mesmo durante o período de lazer. "Alimentação saudável não tira férias. As férias não precisam ser sinônimo de excessos nem de uma mudança radical nos hábitos alimentares das crianças. Com um pouco de criatividade e planejamento, é possível oferecer refeições nutritivas e, ao mesmo tempo, agradáveis para elas", afirma.  Confira a dica do especialista para garantir uma alimentação saudável durante as férias.  De forma geral, segundo o nutricionista Geam Carles, podemos seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para uma alimentação saudável durante as férias escolares, adotando os seguintes cuidados:  O especialista alerta que embora as férias sejam um período mais flexível, é importante manter horários regulares para as refeições, evitando que as crianças fiquem longos períodos sem comer ou exagere nos lanches entre as refeições principais. "Manter uma rotina alimentar saudável ajuda a regular o metabolismo e garante que as crianças não fiquem excessivamente famintas, o que pode resultar em escolhas alimentares menos saudáveis", explica   Além disso, é fundamental que os pais deem o exemplo. Crianças tendem a imitar os hábitos alimentares dos adultos, então, se os pais optarem por escolhas saudáveis, as crianças provavelmente também farão o mesmo. 

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"O trabalho que desenvolvemos com arte muda a vida das pessoas"

A bailarina e diretora do Aria Social, Cecília Brennand, conta como centenas de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social vislumbraram novas possibilidades em suas vidas ao frequentarem as aulas de dança e música do projeto. Ela também fala do desafio de obter patrocínios e dos espetáculos produzidos pela organização que fazem sucessos nos teatros do Recife e do Sudeste. Além de ser fonte de bem-estar, a arte é também um instrumento que realiza, de maneira prazerosa, o desenvolvimento cognitivo, ajudando as pessoas a pensarem com criatividade e a refletirem sobre o mundo. Um exemplo desse efeito transformador da arte pode ser constatado no trabalho realizado pela organização Aria Social. Ao oferecer aulas de dança, iniciação musical e língua portuguesa, o projeto abriu a percepção de crianças e jovens de comunidades em vulnerabilidade social que vislumbraram novas possibilidades para suas vidas. E são muitas as histórias de sucesso, como a de ex-alunos que seguiram o caminho das artes, a exemplo de Madson de Paula, que mora em São Paulo e atua em musicais no Sudeste, ou Bruna Camila, proprietária de uma escola de dança na sua comunidade onde ensina 70 alunos. Mas também há casos de pessoas que ao entrarem em contato com as expressões artísticas , sentiram-se estimuladas a seguir por diferentes áreas profissionais. É caso de Fred Ramon, que passou em nove universidades americanas e hoje estuda Ciência da Computação e Estudos Globais na Whittier College, em Los Angeles (EUA), ou Ruth Gomes, que faz mestrado na área de fisioterapia. “No Aria, 60% nos nossos alunos vão para a universidade”, orgulha-se Cecília Brennand diretora da entidade que atende 520 alunos, com idades a partir dos seis anos. Bailarina e ligada às artes, Cecília concebeu a organização inspirada num projeto da Edisca, de Fortaleza, e também inclui entre as atividades apresentações de espetáculos de dança, que já percorreram vários teatros no Recife e no País. Nesta conversa com Cláudia Santos, realizada na bela sede do projeto, situada no bairro de Piedade, ela conta a trajetória do Aria Social, fala dos desafios de obter patrocínio e dos planos para o futuro do projeto. Como começou sua trajetória no mundo das artes? Minha formação é em dança. Quando decidi me dedicar a essa arte, não havia faculdade de dança aqui, então fui aprender com Mônica Japiassú. Sou cria dela em todos os sentidos, na forma de pensar, de dançar valorizando a expressão verdadeira, a emoção, a beleza do movimento que vem de dentro para fora. Não conheço ninguém que deu aula para criança como ela. Com formação clássica, estudou na Rússia, fez arte dramática com Fernanda Montenegro e foi responsável por trazer a arte moderna para Pernambuco. Comecei como bailarina e, aos 16 anos, passei a dar aulas de dança no salão e no jardim da casa onde morava com minha mãe, na rua Benfica. Dei aulas de dança para crianças e de alongamento para adultos durante 10 anos, mas meu forte foi trabalhar com o público infantil. No final dos anos 1980, comecei a fazer produção de espetáculos, foi quando conheci o coreógrafo tcheco Zdenek Hampl, por meio de Mônica Japiassú. Em 1991, abri a produtora Sopro de Zéfiro. Depois, passou a se chamar Aria, quando abri o CNPJ para o Projeto Aria Social. Como produtora na Sopro de Zéfiro, fiz três espetáculos, todos coreografados por Zdenek Hampl. Um deles inspirado na obra de Francisco Brennand e os outros dois foram Peles da Lua e Lua Cambará, que é um conto de Ronaldo Correia de Brito com música composta por Zoca Madureira. Depois entrei para as artes plásticas, atuei 10 anos com uma galeria aqui onde funciona hoje o Aria Social. Fiz muitas exposições importantes, como a de Siron Franco. Mas amo dar aulas. Comecei o Aria dando aulas de dança para crianças. E como surgiu a ideia do Aria enquanto projeto social? Quando minha mãe alugou a casa, na época em que eu era bailarina e produtora, fiquei sem espaço para dançar e sem escritório. Então, surgiu a ideia de construir o Aria para ser um templo da arte, um espaço para produção de espetáculos. Compramos o terreno em Piedade, o bairro onde eu morava e que, na década de 1990, era um deserto, mas havia o projeto de construção do Shopping Guararapes e sabíamos que ia crescer. O nome era Ária Espaço de Dança e Arte porque era destinado à dança mas, por influência da minha mestra Mônica Japiassú, eu queria abrigar as outras artes, como artes plásticas e música. Em 2004, conheci em Fortaleza o Edisca, um projeto social com dança, aula de artes, refeitório para as crianças. Era incrível! Tinha até um trabalho com as mães. Fiquei louca pelo projeto e pensei: é isso que quero para minha vida. Até então, aqui, praticamente, só acontecia dança, porque as crianças não tinham tempo, faziam outras atividades como inglês, computação, e a maioria não tinha orçamento para fazer dança e música. Então, eu planejei: “com um projeto social, vou conseguir patrocínio para que as crianças possam vivenciar a música também”. Em parceria com a Escola Conviver, tinha indicações de quem estava precisando, como os projetos Casa Carolina e Pró-Criança. Comecei o Aria Social com 50 alunos de canto e havia 300 alunos particulares. Aos poucos foram entrando mais alunos no social e fui fazendo uma transição. Depois, além das aulas de dança, a escola toda passou a fazer aula de música. Qual é a configuração do Projeto Aria Social hoje? Quais atividades que vocês promovem? A escola inteira vivencia aulas de dança e canto. As crianças aqui têm aulas de dança, canto, flauta, violão, língua portuguesa. Temos a turma de Arte-Educação, com mais de 350 crianças, a partir dos 6 anos de idade, e a turma de Formação Artística, com cerca de 60 jovens, entre 16 e 17 anos de idade, que querem realmente vivenciar a vida artística, têm uma carga horária bem maior, de três dias na semana, a manhã toda, inclusive almoçam aqui. São

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Da lama e do caos: a sustentabilidade que vem dos manguezais

Com grande capacidade de armazenar e capturar carbono, berçário de muitas espécies e sustento de várias famílias, manguezais sofrem com o processo desordenado de urbanização. Mas surgem iniciativas para sua preservação. *Por Rafael Dantas Os manguezais vistos por Chico Science nos anos 90 seguem sendo o abrigo de uma rica fauna e flora, mas dividindo cada vez mais espaço com lixo, resíduos industriais e com o avanço dos extremos da cidade. A lama, os caranguejos e os homens anfíbios interagem no cenário do mangue. O ecossistema se mostrou, pelos estudos acadêmicos de pesquisadores brasileiros e americanos, fundamental para o armazenamento de carbono. Um “caos” para os olhos humanos, mas fundamental para o equilíbrio ambiental e social. Um estudo publicado pela revista científica Biology Letters, realizado em parceria por pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon, Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade de São Paulo, revelou que um hectare de mangue no Nordeste armazena oito vezes mais carbono que a mesma área de caatinga. Na Amazônia, o ecossistema consegue dobrar a contribuição dada pelas florestas. Mas esse não é o único benefício oferecido pelos manguezais. O seu papel para o equilíbrio climático é muito significativo, segundo Mauro de Melo, que é professor da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) e pesquisador associado ao projeto Recife Cidade Parque. “Os manguezais são um dos maiores sequestradores de carbono do planeta. Os cientistas chamam essa característica de carbono azul. Essa capacidade de sequestrar carbono é crucial no contexto das mudanças climáticas, pois contribui para a mitigação do aquecimento global. A proteção e restauração desses ecossistemas são essenciais para manter essa função ecológica, ajudando a reduzir a concentração de CO₂ na atmosfera”. Além dessa contribuição no sequestro e estoque de carbono, o pesquisador Clemente Coelho Junior, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco, destaca entre os benefícios ofertados pelos manguezais a manutenção da biodiversidade marinha e costeira, a retenção de sedimentos e a proteção da linha de costa, por exemplo. “O manguezal é reconhecido por ser o berçário do oceano. Estima-se que cerca de 70% das espécies de organismos costeiros utilizam pelo menos uma fase da sua vida nesse ecossistema. São espécies de importância econômica que geram emprego, renda e garantem a segurança alimentar das comunidades tradicionais. As suas árvores têm grande capacidade de reter poluentes e absorver nutrientes oriundos de esgotos domésticos. Nas grandes cidades litorâneas, esse papel se destaca, dado o baixo índice de tratamentos de efluentes”, explicou o professor. No emaranhado de raízes e troncos, o professor conta que o ecossistema retém partículas trazidas pelas marés, evitando o assoreamento dos estuários e diminuindo a turbidez das águas que chegam no oceano. O docente destaca que o mangue atua como uma armadilha para resíduos lançados nos rios, como plástico, isopor e outros, que ficam aprisionados entre as raízes. Além disso, a própria vegetação diminui a energia das marés e serve como atenuadora do seu efeito erosivo. Um benefício e tanto, especialmente para o Recife, que é considerada a capital mais vulnerável à elevação do nível do mar. O SUSTENTO QUE VEM DO MANGUEZAL Em Pernambuco, os manguezais abrangem uma área de 17 mil hectares, aproximadamente 0,2% do território do Estado, segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil (2018). A presença do ecossistema se espalha em regiões como na Reserva Extrativista Acaú-Goiana (na divisa com a Paraíba), nas ilhas de Itamaracá e de Itapessoca e em Maria Farinha. No Recife, os manguezais estendem-se pelos rios Capibaribe, Jordão, Pina, Beberibe e Tejipió. A publicação destaca ainda a bacia do rio Sirinhaém, com estuário com manguezais bem preservados. “Esse trecho do litoral de Pernambuco ainda guarda a prática da pesca artesanal em diversas comunidades localizadas às margens dos rios que convergem para o Atlântico”. Acerca da capital pernambucana, o Atlas afirma que a “história da ocupação da cidade do Recife é a história dos mocambos, escrita pela população pobre que só tem alternativa de moradia se invadir áreas naturais, tais como os manguezais”. Um cenário narrado décadas atrás por Josué de Castro. Apesar dos moradores e visitantes da cidade ainda visualizarem grandes manguezais, os aterros sucessivos, canalizações e a modificação dos cursos d’água para deixá-los retos no século passado foram responsáveis pelo desaparecimento de boa parte desse ecossistema. Além dos benefícios ambientais, é das lamas e do caos desse ecossistema que muitos pernambucanos tiram seu sustento e alimentam a rede gastronômica do Estado. Claudilene Gouveia, conhecida como Irmã Dal, 62 anos, passou mais de meio século entre as águas dos manguezais pernambucanos. Moradora de Barra de Sirinhaém, no litoral sul, ela aprendeu o ofício com a mãe, que era marisqueira. Hoje, já aposentada de outras atividades profissionais, ela segue indo para a pesca, onde tira a renda complementar da casa. Por causa da quantidade elevada de pescadores, marisqueiros e de outros trabalhadores do mangue na Barra de Sirinhaém, ela costuma alugar um carro para se deslocar até Paulista para procurar aratus. Um trabalho que ela faz de duas a três vezes por semana. “Gosto muito de trabalhar no mangue. Isso ajuda na minha renda financeira, toda semana tenho meu trocadinho na mão. Eu coleto, cozinho, quebro e entrego aratu para a revenda em feiras e praias”. Enquanto retira do mangue um complemento de renda, a Irmã Dal olha com preocupação o aumento dos resíduos e do esgoto derramado nas águas já escuras que compõem a paisagem desse quase invisível ecossistema. “Não desmatamos nada, nem deixamos o mangue quebrado. Mas a destruição dele, principalmente em Paulista, é horrível. É uma lixaria e um fedor, que ninguém consegue andar em algumas partes. Está muito perto das casas mais humildes da cidade também”, lamenta Claudilene. AS AMEAÇAS AOS MANGUEZAIS O depósito de esgotos urbanos e industriais e o avanço desordenado da cidade em direção aos manguezais, dois fenômenos observados pela marisqueira, estão entre os maiores vilões contra a preservação do ecossistema. Porém, eles não são os únicos. O próprio desmatamento e a pesca ilegal estão entre as ameaças. “Manguezais próximos a cidades sofrem pressões diversas,

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