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Revista Algomais capa Elton e Jacque

Mapeando o corpo: a importância da avaliação física para saúde e melhores resultados nos treinos

Com o aumento da prática de atividades físicas em academias, condomínios e parques, a avaliação física se tornou essencial para quem busca resultados seguros e práticos. Tão importante quanto à realização de exames médicos antes de iniciar uma rotina de treinos, a avaliação física permite um mapeamento detalhado do corpo, orientando a melhor estratégia para cada pessoa. Para a Revista Algomais, os profissionais de educação física Elton Alves e Jacqueline Jeremias explicam os principais tipos de avaliação, destacando o teste de força, um dos mais procurados por praticantes de esportes, atividades físicas e para reabilitação motora ou neural. A Avaliação Física é um mapeamento do funcionamento mecânico do corpo humano, seja ele muscular, articular ou ósseo. Essa avaliação pode ser feita de forma estática (parada) ou dinâmica (em movimento) e em ambas as formas de avaliar são gerados dados significativos e relevantes da pessoa avaliada. “É diante de dados gerados pela avaliação física que conseguimos mapear de maneira exata as suas reais necessidades e com isso alinhar aos objetivos de cada pessoa avaliada. Com todo esse contexto em mãos o planejamento de treinamento será prescrito de maneira muito mais assertiva e individualizada”, informa o profissional de educação física, Elton Alves. Ressalta-se que essas avaliações geram parâmetros únicos de evolução individual de cada avaliado. Tipos de Avaliação Física Circunferências: um método simples de avaliação é a mensuração das circunferências. Com uma fita métrica adequada consegue-se medir diversas regiões do corpo, informa profissional de educação física, Jacqueline Jeremias: “Extraímos dados que podem indicar riscos de saúde, como o caso Relação Cintura-Quadril (RQQ), que através das medidas dessas duas regiões, comparado o resultado com os parâmetros científicos, podemos indicar ou não predisposição de doenças crônicas (diabetes e hipertensão, por exemplo). Dobras cutâneas: esse método avaliativo utiliza o plicômetro (aquele famoso “alicate” que dá um leve aperto nas áreas avaliadas). Dois parâmetros muito importantes obtidos através dessa avaliação são o percentual de gordura e o percentual de massa magra. “É normalmente feito do lado direito da pessoa avaliada e a quantidade de dobras depende da fórmula utilizada pelo avaliador (dobras é como chamamos as regiões do corpo que são “apertadas” pelo plicômetro)”, explica Elton Alves. Bioimpedância: também avalia a composição corporal. Diferentemente das dobras cutâneas, a bioimpedância utiliza correntes elétricas com uma voltagem baixa que percorrem o corpo durante o exame. Essas correntes passam pelos polos que ficam no aparelho. “Para isso precisamos que nossa pele esteja em contato com esses terminais. Uma balança octapolar, por exemplo, utiliza 4 polos nos pés e 4 polos nas mãos”, diz Jacqueline Jeremias. Dentre as balanças de bioimpedância, há as que medem de maneira direta um segmento e por aproximação o outro segmento (como as balanças onde se apoia só os pés), e as que medem de maneira direta os dois segmentos (o caso das que apoiamos os pés e as mãos). Os dados que extraídos desses exames são maiores que os das dobras, além de citar a massa magra e da massa de gordura, a quantidade e distribuição de água corporal e densidade óssea. Avaliação postural estática: feita para identificar simetrias e assimetrias das estruturas corporais, essa avaliação analisa o paciente em posturas específicas. “Com ela podemos identificar assimetrias dos membros e traçar estratégias de intervenção para cada indivíduo”, diz Jacqueline Jeremias. Avaliação de força: um método cada vez mais procurado por praticantes de diversos tipos de treinos e modalidades Dentro dos métodos que avaliam a força de músculos e grupos musculares, existem os que utilizam o dinamômetro. Esses testes buscam identificar como está o desempenho muscular, se há a presença de assimetrias entre membros ou até mesmo assimetrias entre grupos musculares. “Outros dados que conseguimos é a análise de força, potência e a resistência muscular. Comumente utilizado em laboratórios temos o dinamômetro isocinético. Com esse mecanismo conseguimos analisar a região do quadril, joelho e tornozelo, por exemplo”, enfatiza Elton. A parte difícil desses equipamentos é a sua aplicabilidade no dia a dia, tendo em vista o alto custo e a escassez de lugares que ofertem o serviço ao grande público. Como opção mais acessível existem os dinamômetros isométricos. “Com esses aparelhos conseguimos extrair também dos dados de força, potência e resistência muscular, além de assimetrias.”, complementa Elton. Com os dados gerados por essas avaliações, o profissional de educação física traçará estratégias mais assertivas na prescrição do treinamento, seja ele voltado para correção de assimetrias ou ganhos de desempenho. Avaliação cardiorrespiratória: fundamenta-se em avaliar o funcionamento do sistema cardiovascular e cardiopulmonar diante de um esforço específico. “Nele analisamos a taxa de recuperação cardíaca, a frequência cardíaca antes, durante e depois do teste de esforço. Esses dados servem para verificar a competência desses sistemas, sendo extremamente importante no desenvolvimento de diversas outras funções do corpo que interferem no dia a dia”, revela Jacqueline. A avaliação dinâmica pode ser feita de diversas formas. Uma delas é através de vídeos (por apps, por exemplo). Na Avaliação por vídeo, ela consiste em analisar alterações que ocorrem normalmente na cintura escapular, quadril, joelho e tornozelo. É diante dessa análise dinâmica e de todas as outras analises já citadas que temos um mapeamento individual e completo de cada avaliado, independentemente do nível de atividade física ou esportiva que você tenha. Para quem deseja alcançar melhores resultados nos treinos, prevenir lesões e ter um acompanhamento mais personalizado, a avaliação física é uma etapa necessária. “É fundamental entender que cada corpo é único e reage de maneira diferente aos estímulos. A avaliação física completa é o ponto de partida para qualquer programa de exercício bem-sucedido”, destaca Elton Alves. Jacqueline Jeremias complementa: "A avaliação não deve ser vista como um extra, mas sim como uma ferramenta essencial para garantir segurança e eficiência nos treinos. Independentemente do local em que você pratica suas atividades físicas – seja na academia, no parque ou até em casa – realizar uma avaliação completa irá guiá-lo a alcançar seus objetivos de maneira mais assertiva". Com esse incentivo dos profissionais, fica claro que incluir a avaliação física no seu planejamento

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Aumento das taxas de emprego é mais um estímulo à economia

A queda na taxa de desemprego traz a perspectiva de recuperação econômica e, para alguns analistas, também influencia na redução da vulnerabilidade social e estabilidade política *Por Rafael Dantas A taxa de desemprego do País chegou a 6,6%. É a menor taxa registrada pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de toda a série histórica, que começou em 2012. Em Pernambuco, os números ainda são bem maiores, mas estão em queda. O Estado registrou 11,5% de desemprego, que é 2,6% menor do que no ano anterior. Essa mudança vem acompanhada com um aumento da renda dos trabalhadores. Transições que têm efeitos importantes na economia local e nacional. Luiz da Silva Neto, 48 anos, representa essa mudança no cenário do trabalho formal. Após dois anos de desemprego, o trabalhador, que já atuou como auxiliar de serviços gerais, cortador de cana e lavador de veículos, encontrou esperança em um novo emprego como ajudante de pedreiro em um empreendimento da Construtora Carrilho, no Recife. Com dois filhos, de 13 anos e 1 ano e meio, e sendo o único gerador de renda da casa, a carteira assinada dá uma tranquilidade que ele não tinha há mui- to tempo. “Eu deixava currículo em toda parte e sempre esperava uma chance. O que aparecia, eu tentava. Agora, espero com essa carteira assinada crescer na empresa e dar um futuro melhor para meus filhos”, planeja Luiz, que é morador de São Lourenço da Mata. “Estamos sempre na luta. A gente, pai de família, é quem mais sofre quando as coisas não vão bem. O trabalho é tudo, e quanto mais eu puder aprender, melhor”, diz ele, esperançoso. Sua história se entrelaça com o crescimento do emprego em Pernambuco. No setor da construção civil, o Estado registrou um aumento de 250,8% na geração de vagas na comparação entre os meses de janeiro e julho de 2024 com o mesmo período do ano passado. O total de geração de postos superou a casa de 6 mil contratações. A empresa em que Luiz trabalha, a Construtora Carrilho, está construindo oito novos empreendimentos. Para essas obras, ampliou o quadro em mais 150 profissionais. O avanço da geração de postos de trabalho e a redução do desemprego é fruto do crescimento econômico sustentado nos últimos anos e em 2024, segundo o economista e professor da UPE (Universidade de Pernambuco) Sandro Prado. “Nos últimos três anos (2022-2024), o Brasil viu um crescimento econômico significativo, com taxas que se aproximam dos 3%. Essa recuperação tem sido um fator crucial na luta contra o desemprego pois significa mais investimentos e, consequentemente, mais contratações. Esse cenário não só gera novas oportunidades, mas também atua como um motor para a formalização do trabalho, refletindo um ambiente econômico mais saudável.” Pernambuco recebeu em 2023 e neste ano grandes anúncios de empreendimentos, como da Stellantis, em Goiana, e da Refinaria Abreu e Lima, em Suape. O economista ressalta que Pernambuco lidera o percentual da geração de empregos no País, mas ressalva que o Estado ainda apresenta um dos patamares mais elevados de desemprego. Pernambuco e o Recife chegaram a superar as marcas de 14% e 16%, respectivamente, de desocupação, cravando por anos, com Bahia e Salvador, os postos de liderança do desemprego. Se o agronegócio foi o grande protagonista dos desempenhos econômicos do País na última década, a recente onda de avanço do emprego tem sido puxada principalmente pela indústria e pelos serviços. Apenas em agosto, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram 6.498 novas vagas na indústria e 5.815 nos serviços. No ano, o saldo de empregos no Estado, em todos os setores, é de 43.492 novos trabalhos formais. No ano, o comércio gerou 5.594 vagas, enquanto os serviços foram responsáveis por contratar 33.274 profissionais. O presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, destaca o ciclo positivo da economia do País e os impactos positivos nos setores representados pela federação. “O comércio varejista, o comércio por atacado e o comércio e reparação de veículos automotores são os segmentos que mais empregam no Brasil e os mais sensíveis à empregabilidade. Com mais pessoas empregadas, há um aumento no consumo local. Isso gera um ciclo positivo em que o comércio e os serviços prosperam, contribuindo para a recuperação da economia. O aumento da empregabilidade melhora a condição econômica das famílias, contribui para uma melhor qualidade de vida, reduzindo a vulnerabilidade social”. Além desse olhar por setores, Sandro Prado destaca que houve uma retomada dos empregos públicos a partir de 2023. A retomada dos concursos públicos e o aumento das contratações também das prefeituras, em áreas como ensino fundamental e na administração pública, também contribuíram. “Nós tivemos crescimento de empregos na iniciativa privada, mas tivemos de igual modo o aumento do número de empregos no setor público. Isso acontece após praticamente seis anos sem concursos públicos, sem que novos servidores estivessem sendo contratados.” EFEITOS ECONÔMICOS DA ATIVAÇÃO DO EMPREGO O efeito renda criado pelo avanço do emprego e também pelo aumento da remuneração se espalha por toda a economia. “A redução do desemprego resulta em um aumento da renda disponível das famílias, o que pode impulsionar o consumo. Com mais pessoas empregadas e recebendo salários, a demanda por bens e serviços tende a crescer, estimulando o setor privado e promovendo o crescimento econômico”, avalia Bernardo Peixoto. O presidente da Fecomércio-PE aponta ainda que enquanto uma região com alto índice de desemprego tende a refletir um quadro de insegurança financeira, altos índices de violência e baixo resultado dos setores produtivos, a virada que está sendo vista no País tende a gerar benefícios sociais relevantes. “A diminuição das taxas de desemprego pode contribuir para uma maior estabilidade social e política. Com menos pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, há uma tendência de redução da criminalidade e dos conflitos sociais, criando um ambiente mais otimista para investimentos”. A diminuição da vulnerabilidade econômica das famílias pode gerar, segundo Sandro Prado, uma menor pressão no Governo Federal e no Governo do Estado em relação aos programas de distribuição direta de renda,

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CONTROLE EXTERNO

Controle externo e social impactam a gestão pública

Desafio pós-eleitoral é manter a participação ativa da população e dos órgãos de controle na fiscalização do poder executivo *Por Rafael Dantas Durante o período de campanha para as eleições, a população se envolve mais com os temas da cidade, acompanhando de perto o que os gestores públicos realizaram ou deixaram de fazer. A participação das discussões sobre qualidade de vida e desenvolvimento urbano são mais intensas. No entanto, após o pleito, o grande desafio é manter essa participação ativa, colaborando com propostas, fiscalizando os erros e exercendo o papel de controle social e externo. Além das instituições destinadas para essa finalidade, como os Tribunais de Contas e o Ministério Público, a população desempenha um papel essencial nesse processo por meio de movimentos, observatórios e outras organizações da sociedade civil. Esses coletivos atuam na fiscalização e no monitoramento do cumprimento das metas estabelecidas pelos eleitos e das obrigações previstas em lei. O controle social é um mecanismo de fiscalização exercido diretamente pelos cidadãos, que monitoram as ações do governo para garantir que as políticas públicas atendam aos interesses da sociedade. Ele se manifesta por meio da participação ativa em conselhos, audiências públicas, consultas populares e outras formas de envolvimento cívico. Já o controle externo é realizado por órgãos independentes do Poder Executivo, como os Tribunais de Contas, o Ministério Público e o Poder Legislativo, que fiscalizam a legalidade e a eficiência dos atos administrativos e financeiros do governo, assegurando o cumprimento dos princípios constitucionais e legais. Em Pernambuco, há exemplos sólidos de contribuição tanto pelo controle externo, exercido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), quanto pelo controle social, promovido por instituições como o Observatório do Recife, a Rede Gestão e o Instituto Histórico, Geográfico, Arqueológico e Antropológico do Paulista, entre outros. A atuação do órgão e das organizações sociais contribuiu em pautas como o fechamento dos “lixões”, a reorientação dos debates públicos e a interrupção da destruição do patrimônio arquitetônico. OBSERVATÓRIO DO RECIFE E O RECIFE QUE PRECISAMOS No controle social, um dos cases da capital pernambucana que desencadeou em uma série de ações práticas foi o surgimento do Observatório do Recife (ODR). A organização, integrante da Rede por Cidades Justas, Democráticas e Sustentáveis e da Rede Recife 500 Anos, é um movimento da sociedade civil que reúne diversos setores, como empresariais, acadêmicos, movimentos sociais e cidadãos. Seu objetivo de nascimento, em 2008, foi de selecionar, propor e monitorar um conjunto de indicadores e metas que componham uma agenda de desenvolvimento sustentável para o Recife, com o propósito de transformá-lo em uma cidade mais justa socialmente, equilibrada ambientalmente e economicamente viável, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes. Na prática, o movimento começou a reunir dados e a publicar relatórios com os indicadores da cidade do Recife. Informações de governança, saúde, educação, trabalho e renda, juventude, cultura, meio ambiente, segurança e mobilidade, envolvendo mais de 100 indicadores fomentaram debates que contribuíram para mexer no debate público do município. Os números viraram propostas práticas para o desenvolvimento da capital pernambucana, que foram apresentados a todos os candidatos à prefeitura desde 2012, sob o nome do projeto O Recife que Precisamos, reaizado em parceria com outras organizações da sociedade civil, como a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e a Rede Gestão. Pouco a pouco, várias pautas traçadas por essas discussões, foram fomentadas pelos dados do ODR. "O Recife era considerada a capital mais violenta do país. Começamos a estudar porque isso aconteceu e chegamos à conclusão, na época, que não havia uma organização dos indicadores que ajudassem a explicar e a encontrar soluções. Em 2012 começaram a aparecer as pesquisas mostrando que os problemas da cidade indicados pela população eram a educação, a saúde e a segurança. Só que esses não são problemas só da cidade, mas do estado e do País também. Daí fizemos o debate com uma série de pessoas que compreendiam o problema da cidade, discutimos, formulamos um determinado conteúdo e apresentamos aos candidatos", relembra Francisco Cunha, integrante do ODR e condutor do grupo Caminhadas Domingueiras, que se tornou outro espaço de observação especialmente do Centro do Recife. As cinco pautas levantadas pelo projeto foram: (1) retomada do controle urbano, (2) restabelecimento imediato do planejamento de longo prazo, (3) enfrentamento do travamento da mobilidade, (4) recuperação do Centro da Cidade e (5) revitalização do Rio Capibaribe. Em 2020, um novo item entrou nessa pauta: (6) a diplomacia. Em todos, as proposições resultaram em ações práticas para a cidade. Algumas das mais conhecidas são o Parque Capibaribe, que já resultou na criação do Jardim do Baobá e do Parque das Graças, por exemplo. Sobre a mobilidade, os debates levavam para a priorização da mobilidade ativa. Após 2012, a prefeitura passou a iniciar os investimentos em calçadas e em ciclovias. Mesmo ainda muito distante do alcance necessário, a cidade passou a requalificar as calçadas nos principais corredores da cidade e a atender outros pleitos que surgiram nesses debates. A atenção proposta pelo Recife que Precisamos para a recuperação do Centro da Cidade resultou na criação do Gabinete do Centro, o Recentro. Ao dedicar uma atenção especial para a região estratégica do centro, o gabinete é uma inovação dentro da história da gestão pública da cidade, que se pautou sempre com secretarias temáticas que atuavam em todo o território. Com baixa densidade habitacional, mas com um conjunto de equipamentos notórios e históricos, os bairros centrais viviam um processo intenso de degradação que começou a ser enfrentado de forma mais estratégica. Neste ano, inclusive, o Centro foi o principal alvo dos debates promovidos pelo CDL Recife, com a Rede Gestão e a Algomais com os prefeituráveis, trazendo uma maior mobilização para essa pauta. Um dos cases mais emblemáticos da participação da sociedade civil organizada foi a mudança do projeto que resultou no Parque das Graças. A Associação por Amor às Graças se mobilizou contra um grande investimento rodoviário que seria instalado no bairro, já com receita garantida pela Caixa Econômica Federal, que seria uma via com quatro faixas na beira

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Há uma menina, há uma moleca morando sempre em meu coração

Uma crônica de Manu Siqueira recheada de sonhos e fantasias de criança Milton Nascimento, certamente, estava muito inspirado quando compôs “Bola de meia, bola de gude”. A letra e a melodia se misturam em um balé harmonioso que toca profundamente as memórias infantis de qualquer pessoa. Não quero aqui romantizar as infâncias difíceis. Sei que muitas intempéries desse período ainda estão impressas na parede da memória de muita gente. Mas espero que este texto seja um sopro de esperança, aliviado, dizendo ao pé do ouvido: “já passou”. Quero também, assim como na música, que esta leitura traga uma nostalgia gostosa e que cada leitor e leitora possa fechar os olhos e viajar comigo no tempo. Na infância dos anos de 1980, os quintais das casas de nossas avós pareciam um universo particular, onde a gente subia nas árvores e brincávamos nas poças d'água olhando para o céu azulzinho e imaginando criaturas que se formavam com a movimentação das nuvens. A gente fazia comidinhas para as nossas bonecas com barro, água, folhas e flores, e, também, comíamos frutas diretamente do pé, sem precisar lavar antes. Nas vendas, que eram bem populares, meus olhos brilhavam quando via aquela bomboniere giratória recheada de pirulitos, chicletes e bombons. Lembro muito da sensação de liberdade: de andar descalça, de levar minha prima no bagageiro da bicicleta que, na época, ainda não era chamada de bike, e de “ganharmos” o mundo, sem preocupações, sem medo, apenas sendo crianças alegres. Os pais, em sua maioria, permitiam que a gente brincasse ao ar livre, criando nossas próprias regras e explorando o mundo ao nosso redor. A gente sonhava. E muito. Sonhávamos em ser paquitas, em namorar algum Menudo, em ter os poderes da “Jeannie é um gênio”. Brincávamos de esconde-esconde, de “Gato mia”, de “Passarás”, da brincadeira do anel e de Amarelinha. Quem foi criado em contato com a natureza, com certeza, deve sentir, até hoje, o sabor do leite tirado da vaca na mesma hora em que o galo cantava, anunciando que o dia estava nascendo. Dizem que a vida na roça começa cedo e deve ser fascinante. Tenho uma amiga que, sempre que estamos juntas, arranja uma forma de reviver a criança que habita em nós. No último encontro, este ano, tentamos subir em uma árvore em um parque, lá em Brasília. Não deu muito certo; afinal, nossa coluna já não é a mesma, mas eu amo a tentativa dela de resgatar isso em mim. Minha criança interior, confesso, sempre anda adormecida. Mas de vez em quando, é bom deixá-la acordada, com os olhos atentos e brilhantes. Outra amiga, dia desses, disse que está com vontade de colocar um balanço em casa. Achei a ideia fantástica. Quando paramos de nos balançar? Uma brincadeira tão simples e tão maravilhosa... Assistindo recentemente ao documentário sobre as Paquitas, pude revisitar um sentimento que tomou conta dos anos 80: a Xuxa. Ela foi importante para a comunidade LGBTQIAPN+, que sempre encontrou conforto em seus programas e acolhimento nas letras das músicas, enquanto, muitas vezes, era hostilizada nas escolas e na vizinhança simplesmente por ser quem é. Você não precisa gostar da Xuxa, mas é preciso admitir que sim, ela foi bastante importante para esse público e também para uma multidão de crianças que sonhava em trabalhar na televisão. E eu era uma delas, sem ao menos saber a complexidade que isso representava. Mas o documentário deixou claro o “alto preço” que essas crianças pagaram para realizar esse sonho que depois se transformou em pesadelo. Impossível também não lembrar da Turma do Balão Mágico e do Trem da Alegria que marcaram uma geração com músicas que são cantadas até hoje. Na TV, imperdível eram os finais de tarde com o Sítio do Pica-Pau Amarelo e os domingos com Os Trapalhões. As festinhas de aniversário também estão na memória de muita gente, tenho certeza. Eram simples, feitas em casa, brigadeiro por brigadeiro, enrolados um a um por mães, primas e avós. Tenho saudade de alguns sabores da infância: dos lanches, na hora do recreio; do leite em pó que tinha um gosto que não existe mais; vitamina com farinha láctea era uma delícia; geladinho de coco sempre presente nos domingos na praia; claro, não podiam faltar o chiclete Bubbaloo, chocolates Surpresa e Lollo; e as balinhas Xaxá. Quando fiz 40 anos, comemorei com uma festa temática dos anos 80, com todos os brinquedos, músicas e decoração que tive direito. Foi lindo e emocionante rememorar essa época feliz! Dizem que, quando ficamos velhos, voltamos a ser crianças. Espero que o ditado se concretize no sentido de poder levar a vida de forma mais leve e divertida. Belchior pode até ter razão quando disse que o passado é uma roupa que não nos serve mais; porém, sempre é bom lembrar que toda vez que uma bruxa te assombra, a menina te dá a mão. E te fala coisas bonitas que acredito que não deixarão de existir: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor. Que a gente nunca perca nosso olhar pueril e encantado pela vida! Feliz Dia das Crianças! *Manu Siqueira é jornalista (mmsiqueira77@yahoo.com.br)

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200 anos de parceria: Cônsul-Geral May Baptista fala sobre as Relações Brasil-Estados Unidos

Em entrevista, a diplomata destaca a importância da colaboração em temas como democracia, segurança e desenvolvimento econômico no contexto das comemorações do bicentenário. A cônsul-geral dos Estados Unidos no Recife, May Baptista, compartilha suas perspectivas sobre as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, especialmente no contexto das celebrações pelos 200 anos de parceria entre as nações. Com uma trajetória no Serviço de Relações Exteriores que inclui experiências em diversos países da América Latina e da Europa, Baptista enfatiza a importância da construção de relacionamentos sólidos, com foco na promoção da democracia, segurança e progresso econômico. Seu papel no Recife abrange uma vasta gama de iniciativas voltadas à educação, direitos humanos e desenvolvimento sustentável, refletindo seu compromisso em cultivar redes entre culturas e organizações. Como o Consulado no Recife tem celebrado o marco dos 200 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos? Este ano estamos celebrando os 200 anos de relações diplomáticas entre Estados Unidos e Brasil com eventos em diversos estados brasileiros. No Nordeste, onde o Consulado Geral dos EUA no Recife atua em oito estados, promovemos diversas parcerias que marcaram este bicentenário e gostaria de destacar: as apresentações e intercâmbios musicais do artista norte-americano Daniel Ho & Friends, que com sua banda apresentou a música e dança do Havaí para os públicos do Recife e de Fortaleza - em parcerias com o Paço do Frevo (Pernambuco) e Embaixada Bilíngue Fortaleza (Ceará); ingressos dados a  estudantes de projetos educacionais de Fortaleza e Natal para assistir ao concerto ao vivo “Magia e Sinfonia” da Disney; a presença da embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, e de representantes da NASA no Space Week Nordeste, em São Luís do Maranhão; a visita do cutter da Guarda Costeira dos EUA a Fortaleza, que possibilitou a intercâmbio de conhecimentos com integrantes da Marinha do Brasil e que reforça nossa amizade histórica com o país como parceiro de defesa e segurança pela democracia no Hemisfério Ocidental; e a bela exposição sobre as relações históricas entre os EUA e Pernambuco,  que foi criada e exibida na ABA Global Education (Pernambuco), nosso Espaço Americano no Recife. Nacionalmente, tivemos desde intercâmbio para jovens de escolas públicas e o primeiro jogo na NFL em São Paulo, além de exposição de arte que será lançada neste mês de outubro na capital paulista. O bicentenário nos lembra do impacto positivo que nossa relação teve em nossos países e em nossos povos, e que continuamos trabalhando juntos para um futuro brilhante.  Quais os principais eixos de atuação do consulado atualmente? Houve alguma mudança significativa pós-pandemia? Gosto sempre de lembrar que o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife desenvolve ações e parcerias nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Piauí e Maranhão. A Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil atuam em eixos que têm valores compartilhados com governo e instituições brasileiras. Algo de muito impacto no momento pós-pandemia foi nosso trabalho para emissão de vistos para cidadãos em busca de viagens aos Estados Unidos. Aqui no Recife, além de mutirão consular e da prioridade aos brasileiros que estudam nos EUA, inauguramos no Paço Alfândega o Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto, que recebe e entrega documentos daqueles que não precisam de entrevista para a renovação do visto.  Hoje, celebramos que em 2023 emitimos um recorde de 1,1 milhão de vistos para brasileiros. E vamos bater uma nova marca este ano: no primeiro semestre de 2024, emitimos aproximadamente 675 mil vistos, 17% a mais em relação ao mesmo período de 2023. Nossa relação bilateral com o Nordeste é focada no fortalecimento da democracia e direitos humanos; em promover educação na área STEM (Ciência, Tecnologia, Educação e Matemática); no combate à crise climática; e empoderamento e combate à violência de gênero. Destaco que em todas as nossas ações buscamos incorporar diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade para todas as pessoas. Sobre nossa atuação em direitos humanos, ressalto o termo de cooperação estabelecido em 2023, e que continua em atividade, entre o estado de Pernambuco e a ONG internacional Freedom Fund, parceira implementadora de bolsa de financiamento do Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico Humano do Departamento de Estado dos EUA. Por meio da doação, investimos mais de 25 milhões de dólares em vários estados e setores no Brasil para combater o trabalho forçado e o tráfico sexual. Já na educação, os números mostram que também temos um diálogo contínuo com quem busca o conhecimento. De acordo com o Open Doors, relatório elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, o Brasil é o 9º país do mundo que mais envia estudantes para os Estados Unidos: são mais de 16 mil brasileiros matriculados em cursos de universidades americanas. Uma opção segura e gratuita para a busca de uma vaga em uma universidade nos EUA é fazer uma consulta no EducationUSA, centro oficial do governo que oferece informações sobre oportunidades de estudos. Através de parcerias com instituições educacionais, hoje temos nove escritórios EducationUSA no Nordeste – em Pernambuco, Ceará, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. E espero em breve celebrar a abertura de um centro em mais um estado nordestino! Na pauta econômica, quais são os setores de maior interesse americano em estabelecer parcerias em Pernambuco e no Nordeste brasileiro? O comércio e o investimento dos Estados Unidos apoiam mais de 520 mil empregos no Brasil e aproximadamente 100 mil nos EUA.  No contexto dos investimentos de empresas americanas em Pernambuco e no Nordeste, é evidente para mim que somos o principal parceiro internacional na região. Várias empresas americanas possuem grandes operações por aqui, contribuindo bastante para o desenvolvimento econômico e oferecendo empregos de qualidade. O ramo de alimentos e bebidas é, sem dúvida, um dos segmentos de maior atividade fabril, mas também temos forte atuação em indústrias de maior valor agregado, como a automotiva, além de importante participação na área de TI. No setor de franquias, várias marcas americanas estão presentes no dia a dia dos nordestinos há anos. Não citarei nomes

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Antonio Barbalho: "Não existe falta de dinheiro no mundo"

Num momento em que o Brasil amarga os efeitos das mudanças climáticas, o especialista em financiamento para empreendimentos sustentáveis e resilientes, Antonio Barbalho, garante haver recursos disponíveis para projetos verdes. Mas ressalta que faltam planos bem estruturados que considerem a mitigação de riscos. O engenheiro pernambucano Antonio Barbalho circulou o mundo desenvolvendo estratégias e mobilizando finan ciamento para empreendimentos sustentáveis e resilien tes. Após o início de carreira na Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), ele desenvolveu uma trajetória internacional passando pelo Deutsche Bank, no Reino Unido, seguindo para o Banco Mundial, a partir de 2009. Ele foi gerente e chefe global da Miga (Agência Multilateral de Garantia de Investimentos) para Energia e Indústrias Extrativas e, posteriormente, gerente de Práticas para Energia na América Latina e Região do Caribe. Com ampla experiência nos setores financeiro, energético, indústrias extrativas e serviços públicos, ele avalia oportunidades e alguns desafios para Pernambuco na agenda ESG. Nesta entrevista a Rafael Dantas, o engenheiro destaca que o verdadeiro desafio não é a falta de recursos, mas sim a ausência de projetos bem estruturados que considerem a mitigação de riscos. Ele argumenta que há dinheiro disponível tanto em bancos privados quanto em instituições internacionais, como o Banco Mundial, mas muitos projetos falham ao não abordar adequadamente os riscos envolvidos. Com sua vasta atuação em financiamentos de iniciativas sustentáveis em diversas partes do mundo, Barbalho enfatiza a importância de entender as regras do mercado e adaptar os projetos às condições locais, garantindo maior viabilidade e sucesso a longo prazo. No último encontro do projeto Pernambuco em Perspectiva foi menciona do que não falta dinheiro para iniciativas de preservação ao meio ambiente e empreendimentos sustentáveis. Qual o desafio de acessar esses recursos? Não existe falta de dinheiro no mundo. O que existe é o não entendimento de mitigação de riscos. Fala-se muito que o problema é não ter projeto. Mas não é só isso. Projetos existem, mas projetos estruturados e pensados, não. Não se pensa em risco. Mesmo dentro do sistema financeiro nacional existe dinheiro, mas existe também uma mentalidade de que só quem financia é o BNDES. Isso não é verdade. Os bancos privados também financiam, mas têm juros mais altos. Quando começamos a entender isso e jogamos com o que existe no mercado é possível chegar a bons resultados. Já fiz um projeto de recuperação pela Miga em uma floresta da Indonésia no ano de 2011. Isso tem chamado a atenção global agora, mas fizemos isso há mais de 10 anos. Então, isso não é novidade. O esforço é se adaptar às regras, sem quebrar nenhuma, no ambiente em que se vai buscar o recurso. O que pode funcionar é baseado nas ideias da instituição financiadora em consonância com o que existe na legislação brasileira. Descobrir os limites e os caminhos até onde a gente pode ir com o projeto. A gente não cruza nenhuma linha. A lei brasileira é extremamente prescritiva (no comportamento, mesmo em ambiente de mudança) e punitiva (não considerando medidas corretivas em primeiro plano). Dentro de financiamentos a projetos, a parte mais importante é se antecipar aos problemas, porque quando eles acontecem nem sempre há tempo para resolver. É preciso, inclusive, traçar pelo menos um ou dois caminhos de como sair dos possíveis problemas. Como foi essa experiência na Indonésia? A Indonésia tem umas 5 mil ilhas e sofre uma degradação de floresta muito séria. As três maiores florestas do mundo são a da Amazônia, do Congo, que eu também tenho trabalhos por lá, e da Indonésia. Então, um Fundo de Investimento que Hong Kong, liderado por um britânico e com doação do Governo da Noruega, queria auxiliar numa determinada área de uma das ilhas com o pagamento pelos serviços ambientais. Nem se chamava isso, mas que era basicamente uma exploração de atividades econômicas da floresta, completamente recuperada e sustentável. Então se pode pensar: “Ah, podemos produzir e comercializar um pouco de coco”. Mas isso não vai sustentar 500 famílias, e havia duas mil famílias. Existem possibilidades de extrair produtos químicos que possam ir para fabricação de cosméticos. Isso já melhora o projeto, mas não resolve. Existe a possibilidade de replantio de floresta com espécies nativas que vai sequestrar carbono e vai restabelecer dentro de 10 a 15 anos o habitat natural. Isso, por si só, também não resolve. Mas a combinação de todos resolve. O fundo que eles colocaram era pequeno com relação à necessidade. Mas, uma dessas estruturas que eu desenhei com eles foi utilizar esse fundo para garantir um bond, uma debênture, que foi lançada (um título de dívida que é emitido para levantar fundos) e o resultado disso, o dinheiro que for levantado, seria utilizado nesses projetos, detalhando a forma de pagamento de cada um, que garantia a maneira como essas famílias iriam sobreviver. A mudança desse fundo do financiamento direto para um fundo garantidor permitia transformar US$ 40 milhões em US$ 300 milhões. Isso resolveu o problema. Então, em vez de fazer um investimento direto, essa nova modelagem do projeto gerou uma receita recorrente para eles? Exatamente, porque ele garantiu uma segurança do investidor, caso acontecesse a falha de alguma coisa. Por que "e se" ocorrer um incêndio? O grande desafio de qualquer financiamento é o “e se”. Então se eu consigo estruturar, entender esses riscos e mitigá-los, o projeto se torna mais robusto. Se utilizar uma parcela desse investimento em estruturas diferenciadas, o seu fundo de pensão vai investir porque é garantido. E se der um incêndio? Continua com a garantia. E se não der? Será possível ter um retorno um pouco melhor. E se der crédito de carbono? Melhor ainda. Então, essa perspectiva é muito maior, muito mais holística que estou começando a advogar no Brasil. Eu desejo fazer essa ponte aqui, já que eu regressei a Pernambuco. Não é uma viagem ao Banco Mundial que vai resolver o problema. Isso é muito importante, pois mostra interesse do Estado em resolver o problema. Mas o que precisa acontecer antes é uma definição do

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Não adianta apenas preservar o meio ambiente, é preciso regenerar a economia

Debate ambiental do Pernambuco em Perspectiva destacou a urgência da agenda da sustentabilidade no Estado. *Por Rafael Dantas Quais as atividades econômicas que irão mover Pernambuco nas próximas décadas? Com 90% do território situado no semiárido nordestino e com sua capital como a 16° mais vulnerável do mundo à elevação do nível do mar, a grande expectativa – e desafio – do Estado é construir um tecido produtivo sustentável. A economia regenerativa – que não apenas preserva o meio ambiente, mas que atua para reverter o processo histórico de destruição – foi o tema principal do projeto Pernambuco em Perspectiva – Estratégia de Longo Prazo, realizado em setembro pela Algomais e pela Rede Gestão, com patrocínio da Copergás. Ana Luíza Ferreira, Secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha do Governo do Estado, e Sérgio Xavier, coordenador do Fórum de Mudança do Clima, foram enfáticos na defesa da mudança do modelo de desenvolvimento econômico para um padrão ancorado nas tendências de descarbonização das atividades produtivas, interrupção dos processos de degradação ambiental e de fomento às atividades sustentáveis e de adaptação às mudanças climáticas. “A economia é o eixo fundamental para fazer as grandes transformações. Ela influencia a política, garante a vida das pessoas. É nela que temos que trabalhar, saindo do modelo degradador para um modelo regenerativo. É preciso mudar os modelos de governança para uma visão mais sistêmica, mais integrada e em tempo real com redes digitais”, defendeu Sérgio Xavier. Muitas das previsões que pareciam catastróficas e até alarmistas, há algumas décadas, já se tornaram realidade. Não esperaram 2050 ou o final do século para acontecer. Os alagamentos no Recife em dias sem chuvas, o drama das enchentes do Rio Grande do Sul e o processo de desertificação no semiárido nordestino são fotografias de um filme assustador que atravessa o planeta. Esse roteiro, previsto há décadas pelos ambientalistas, mas só agora, de fato, sentido pela população, tem movido o mundo com investimentos robustos. A transição das matrizes energéticas e os investimentos urbanos de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas são duas respostas às ameaças globais. Em paralelo a isso, no entanto, seguem em curso tentativas de avançar em atividades com graves riscos ambientais em Pernambuco, no País e no mundo. A exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas é um dilema nacional, como no passado foi a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Em Pernambuco, pautas que estão no horizonte de curto prazo são a construção do Arco Metropolitano e da Escola de Sargentos. O primeiro corta a Área de Proteção Ambiental Aldeia Beberibe, enquanto o segundo prevê o desmatamento de 90 hectares de Mata Atlântica, em Paudalho. Permanece, portanto, o confronto entre os “empreendimentos verdes” e o avanço de investimentos com forte impacto ambiental. CENÁRIO NACIONAL E LOCAL DRAMÁTICOS Sérgio Xavier apontou uma série de aspectos destacados pelo Fórum Econômico Mundial que expõe a complexidade da pauta das questões climáticas, que exige pensamento sistêmico, planejamento Integrado, diplomacia colaborativa e soluções multiconectadas. “Alguns destaques apontados pelo fórum são a desinformação, disrupções decorrentes das novas tecnologias digitais, a polarização social no mundo, a recessão econômica, inclusive provocada por questões ambientais, a migração forçada. Há um conjunto de outros pontos que englobam tudo. Um dos pontos relevantes é a falta de oportunidade econômica”. No cenário nacional, nas últimas semanas, o avanço das queimadas é um fator que assusta a população. Mas a quantidade de indicadores preocupantes de desequilíbrio ambiental no País e no mundo são muitas. “A temperatura média, máxima e mínima estão subindo em todas as regiões do Brasil. Ondas de calor, chuvas anuais, chuvas extremas, duração da seca, nível do mar, acidificação do oceano. Todos estão em alta. Estamos em uma situação muito séria e crítica. É uma crise sistêmica pois o modelo macro da nossa economia está em colapso, ele não é mais viável. O ponto de partida é o meio ambiente” alerta Sérgio Xavier. No estudo apresentado pelo Adapta Brasil, dos 5.570 municípios do País, apenas 251 têm capacidade adaptativa considerada muito alta para enfrentar os desafios desse momento de mudanças climáticas e eventos extremos do clima. O levantamento do Governo Federal mostrou que 3.679 municípios não têm capacidade adaptativa ou uma capacidade muito baixa de enfrentar essa situação. Quando esteve à frente da Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco, Xavier diagnosticou três pontos mais críticos por onde o Estado deveria começar a enfrentar os problemas ambientais. O primeiro era a seca e o cenário de desertificação do semiárido. O segundo era o avanço do mar e a erosão do litoral, atingindo uma região densamente povoada. E em terceiro, as chuvas e inundações da Zona da Mata Pernambucana. “Precisamos fazer um plano que mitigue, adapte as cidades, inclua as pessoas, transforme as cadeias produtivas e, ao mesmo, tempo as impulsione. Essa é a referência, criar uma nova economia resolvendo esses problemas. Temos 90% de áreas suscetíveis à desertificação, com parte já saindo do semiárido para o árido”, destacou Sérgio. Além da defesa enfática da preservação ambiental e da atuação por sua regeneração, a secretária Ana Luíza foi muito enfática ao associar o desafio social do Estado. “Partimos de um Estado em que 50% da população está abaixo da linha da pobreza e que 20% da população está abaixo da linha de miséria. Nós nos acostumamos a ser suscetíveis a qualquer desenvolvimento, qualquer emprego e qualquer PIB”, critica. Ela sugere ser preciso reduzir desigualdades extremas dentro das iniciativas de economia regenerativa. Sérgio Xavier lembrou de alguns avanços durante seu período na gestão, que ele considera que foram medidas importantes, mas paliativas. Ações que adiam o colapso, atuando à margem do modelo econômico degradador. Mas destacou que o momento exige políticas que de fato regenerem o meio ambiente. “Nossa visão é fazer a economia regenerativa puxar esse processo. E, portanto, a nossa briga é com os conservadores da desigualdade e do modelo econômico, que querem que continue do mesmo jeito. Esses conservadores não querem conservar a natureza. Precisamos que eles olhem

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Super Mix e HFN movimentam R$ 700 milhões

Feiras impulsionam negócios e destacam inovações para o setor de hospedagem e alimentação As feiras Super Mix e HFN – Hotel & Food Nordeste encerraram suas edições com uma movimentação financeira estimada em R$ 700 milhões, atraindo mais de 29 mil pessoas ao Pernambuco Centro de Convenções. Durante três dias, mais de mil marcas apresentaram tendências e lançamentos que devem dominar o mercado em 2025, com foco nos setores de hotelaria, alimentação fora do lar e supermercados. A HFN, realizada pela ABIH-PE e Abrasel-PE em parceria com a Insight Feiras & Negócios, destacou a importância da tecnologia e inovação nos setores de hospedagem e alimentação. Entre os temas abordados nos fóruns realizados, ESG e inteligência artificial foram os grandes protagonistas. Artur Maroja, presidente da ABIH-PE, ressaltou o amadurecimento do evento, afirmando que "a feira cresceu na quantidade e na qualidade do visitante". No setor de alimentação, a mudança de horários e o foco em inteligência artificial atraíram grande público, com destaque para o Fórum Gourmet e o almoço assinado pelo chef Rapha Vasconcelos. Tony Sousa, presidente da Abrasel-PE, comemorou o sucesso da edição e já planeja expandir o espaço em 2025, reforçando que a feira "veio para ficar". Organizada pela Aspa e Apes, a Super Mix celebrou sua 18ª edição com um crescimento de 33% na visitação, consolidando-se como um importante evento para o varejo e atacado. "Conectamos pessoas e geramos negócios", destacou Tatiana Menezes, uma das organizadoras da feira. REFORMA EM PAUTA A advogada Renata Escobar, sócia do Escobar Advocacia e especialista em Direito Tributário, será uma das debatedoras do evento "Atenção Domiciliar em Pauta", nesta terça (08). O encontro discutirá os desafios do setor de saúde no contexto da Reforma Tributária, com foco na atenção domiciliar e na transição de cuidados. Renata compartilhará sua visão sobre as implicações do novo regime tributário e como ele pode afetar empresas e profissionais da área. O evento é online e tem inscrições gratuitas. Recife recebe evento de capacitação sobre Novo Processo de Importação A Associação Brasileira de Direito Aduaneiro e Fomento ao Comércio Exterior (ABDAEX) promove, no dia 19 de outubro, o evento "Aperta o Play na DUIMP: Novo Processo de Importação (NPI)" no Riomar Trade Center, em Recife. Com programação das 9h às 17h, o encontro visa capacitar profissionais de comércio exterior, oferecendo palestras e treinamentos sobre o Novo Processo de Importação (NPI) e a Declaração Única de Importação (DUIMP), que trazem significativas inovações para o setor. O evento contará com a participação de especialistas da Receita Federal, SEFAZ-PE e outros agentes do setor, que irão abordar os benefícios do NPI, como a simplificação dos processos e a redução dos prazos. "O 'Aperta o Play na DUIMP' é uma oportunidade fundamental para que os profissionais da área estejam preparados para essas mudanças", afirma Edmilton Ribeiro, diretor da ABDAEX.

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João Campos é reeleito prefeito de Recife com ampla vantagem

Prefeito garantiu 78,11% dos votos válidos, consolidando liderança João Campos (PSB) foi reeleito prefeito de Recife nas eleições de 2024, com 78,11% dos votos válidos. Gilson Machado (PL), principal adversário, ficou em segundo lugar, conquistando 13,9% dos votos. Com 100% das urnas apuradas, confirmando a liderança folgada de Campos. Em terceiro lugar, Dani Portela (PSOL), obteve 3,78% dos votos, superando Daniel Coelho (PSD), com 3,21% dos eleitores. Os demais candidatos não somaram 1%. Filho do ex-governador Eduardo Campos e neto do ex-governador Miguel Arraes, João Campos tem 30 anos, é formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Pernambuco e segue o legado político da família. Ele começou sua trajetória política em 2016 como chefe de gabinete do governador Paulo Câmara. Em 2018, foi eleito o deputado federal mais votado da história de Pernambuco, com 460.387 votos. João Campos foi eleito prefeito pela primeira vez em 2020, aos 27 anos, tornando-se o prefeito mais jovem da história do Recife. A reeleição veio em 6 de outubro de 2024, confirmando sua força política na capital pernambucana. Durante a campanha, as pesquisas já apontavam uma vitória tranquila. O vice-prefeito eleito na chapa de João Campos é Victor Marques, do PCdoB. Para acompanhar a apuração completa e outros resultados, acesse o portal oficial das Eleições 2024.

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Orçamento de Pernambuco é estimado em R$ 56,6 bilhões para 2025

Governo do Estado enviou na última sexta-feira 0 Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025 com foco em saúde, educação e segurança. Foto: Miva Filho O governo de Pernambuco, liderado pela governadora Raquel Lyra, enviou à Assembleia Legislativa (Alepe) o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025, com previsão de R$ 56,6 bilhões. Desse montante, mais de R$ 25 bilhões serão destinados a áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública. O orçamento fiscal, que cobre a administração direta e indireta, é de R$ 55,1 bilhões, enquanto R$ 1,5 bilhão será alocado para empresas estatais independentes, como Adepe e Compesa. O Orçamento da Criança será um dos principais destaques, com um aporte de R$ 2,3 bilhões. As áreas de saúde, educação e segurança pública terão investimentos significativos. A saúde contará com R$ 12 bilhões, sendo mais de R$ 760 milhões direcionados à infraestrutura e tecnologia. A educação terá R$ 8,5 bilhões, com R$ 870 milhões investidos no programa Juntos pela Educação. Já a segurança pública receberá R$ 4,6 bilhões, incluindo R$ 340 milhões para o programa Juntos pela Segurança. O setor de transporte também receberá um investimento robusto de R$ 1,2 bilhão, com destaque para o novo programa PE na Estrada, que terá um orçamento de R$ 1 bilhão. O secretário de Planejamento, Fabrício Marques, afirmou que o orçamento de 2025 vai expandir investimentos em infraestrutura e mobilidade, buscando conciliar desenvolvimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental. Recife sedia o CSX Week, maior evento de sucesso e experiência do cliente da América Latina Nos dias 23 e 24 de outubro, Recife será o centro das atenções ao receber o CSX Week, o maior evento da América Latina sobre sucesso e experiência do cliente. Organizado pela Key University, o evento oferecerá uma experiência imersiva, com o primeiro dia no Instituto Ricardo Brennand, destacando-se pela escolha de um local icônico que reforça a proposta de "criar uma experiência dentro de uma experiência", segundo a CEO Camila Barbalho. O segundo dia, no Moinho Recife Business & Life, será dedicado ao networking e rodadas de negócios, em parceria com empresas do Porto Digital. Voltado para empresários, líderes de startups e profissionais de atendimento, o CSX Week trará conteúdo de ponta sobre as melhores práticas de customer success (CS) e customer experience (CX), alinhado às mais recentes inovações tecnológicas. Com expectativa de reunir 700 participantes, o evento busca posicionar Recife na rota dos grandes eventos internacionais de inovação. Ingressos já estão disponíveis no site oficial, a partir de R$ 1.097. Serviço TIM abre vagas para Programa de Jovem Aprendiz em Pernambuco A TIM está com inscrições abertas para seu Programa de Jovem Aprendiz, oferecendo cinco vagas em Pernambuco, sendo quatro no Recife e uma em Jaboatão dos Guararapes. As oportunidades são voltadas para jovens entre 18 e 24 anos, que tenham ensino médio completo ou em andamento, e buscam uma chance de ingressar no mercado de trabalho nas áreas administrativa e de loja. Os interessados podem se inscrever até o dia 11 de outubro por meio do link oficial: https://vemprotime.gupy.io/jobs/7844407?jobBoardSource=gupy_public_page.

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