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Propostas eleitoreiras para combater desemprego é busca do futuro no passado

As propostas dos principais candidatos à Presidência na eleição de 2022 para combater o desemprego são apenas retórica eleitoreira para iludir o trabalhador. Desconsiderando fatores como a inteligência artificial no mercado de trabalho, representantes da esquerda, do centro e da direita focam apenas em medidas econômicas e jurídicas, que são insuficientes e não produzem mais os mesmos resultados práticos do passado. Se nas décadas de 1970 e 2000 promover o crescimento econômico foi suficiente para gerar novos empregos, mudanças no mercado de trabalho atual indicam que apenas esse tipo de medida não surtirá o efeito esperado. O processo de digitalização, a adoção da inteligência artificial e dos robôs nas empresas, por exemplo, proporcionam redução de custo, aumento de produtividade e menor necessidade de mão de obra intensiva. De forma isolada, o crescimento econômico, portanto, não vai gerar nova vaga de porteiro para o porteiro que foi substituído pela tecnologia. O mesmo vale para o torneiro mecânico que perdeu o trabalho para o braço robótico. Para a atendente de telemarketing que foi trocada pela assistente digital. Essa lógica se aplica também ao vendedor que perderá seu posto para o comércio eletrônico. E até para o médico radiologista que terá sua função feita pela inteligência artificial embarcada nas máquinas de tomografia. Também não é revogando a reforma trabalhista de 2016 ou reduzindo direitos básicos para alguns tipos de trabalhador, como propõem alguns candidatos, que se vai garantir empregabilidade ou promover criação de novas vagas. Medidas corporativistas para profissões é outra estratégia que não funciona. Isso atrasa o avanço tecnológico e coloca o Brasil em posição crítica na qualidade e nos preços dos produtos no competitivo comércio internacional. O problema do desemprego é mais complexo do que os candidatos estão conseguindo enxergar. Em seu centro está o descompasso entre a formação técnica e a demanda atual do mercado de trabalho. Enquanto o sistema educacional forma trabalhadores para profissões que deixarão de existir, as empresas possuem vagas abertas para trabalhadores com novas habilidades que não existem. Já se pode notar essa defasagem atualmente em vários setores da economia, incluindo o Porto Digital, aqui no Recife. Reinserir no mercado de trabalho o porteiro, o torneiro, a atendente, o vendedor e o médico — e profissionais de outras atividades que a tecnologia pode fazer melhor, mais rápido e mais barato — exige treinamento em novas competências para as demandas do futuro. Não apenas as competências técnicas para encarar problemas mais complexos, mas também as emocionais para lidar com o desenvolvimento humano, já que os softwares e as máquinas poderão fazer o trabalho pesado por nós. A “economia do cuidado”, por exemplo, que dará conta do envelhecimento da população brasileira nas duas próximas décadas, será um dos pilares do mercado de trabalho que se projeta no horizonte. Isso vai exigir mais profissionais treinados e especializados em pessoas, tais como cuidadores, enfermeiros, educadores físicos, fisioterapeutas. A “economia verde” é outra área que vai exigir dos trabalhadores do futuro o aprendizado de novas competências. Mas não basta apenas treinamento. É preciso pensar também em políticas públicas de proteção social, pois nem todos os trabalhadores conseguiram fazer a transição para o futuro. Programas de auxílio temporários — e até mesmo permanentes — serão necessários. Contudo, não se deve confundir a profissão com o trabalhador. As profissões deixarão de existir, como já vimos. Por isso, o foco deve ser na transição das pessoas para outras atividades. Por todos esses fatores, buscar no passado soluções para o futuro não vai trazer os empregos de volta. Os candidatos precisam sair do discurso eleitoreiro, que promete o que não será cumprido, e se aprofundar nas soluções que farão a diferença. Precisam também parar de considerar que o eleitor não entende questões complexas. Trazê-los para o debate, com apoio dos empresários e governo, é a única forma de fazer a transição sem grandes percalços para o futuro. (Foto: Matheus Britto/Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes)

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Multinacional japonesa chega ao Recife e cria 230 vagas no Porto Digital

O Porto Digital, principal pólo de tecnologia e da economia criativa de Pernambuco, anunciou hoje a chegada de mais uma gigante. A japonesa NTT Data decidiu abrir uma unidade na capital pernambucana, que já nasce com a criação de 230 vagas de trabalho. A corporação é a sexta maior do mundo no setor de TI. O atual CEO da empresa no Brasil, Ricardo Neves, afirmou que, desde que entrou na NTT, a chegada ao mercado do Recife era um dos planos no mapa de expansão da multinacional. “Um ecossistema forte como o existente aqui faz com que a busca pelo estudo e especialização em Tecnologia cresça à medida em que o mercado se mostra cada vez mais aquecido e ramificado”, analisa Ricardo Neves. "Recife estava nos planos da NTT há um tempo e o nosso compromisso é de muito longo prazo. Buscamos explorar tudo o que o ecossistema nos permite trazer, através da inovação e formação de mão de obra. Há um potencial de uso dessa empresa global a partir dos investimentos em inovação e pesquisa & desenvolvimento, que são bilionários no mundo". Durante o evento de apresentação, o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, destacou que o Recife já é cidade que possui mais alunos per capita na área de tecnologia no País e que com o programa Embarque Digital, que é realizado em parceria com a Prefeitura do Recife, o volume de formandos irá dobrar em dois anos. A oferta de oportunidades de formação deve crescer com a chegada da corporação japonesa. "Podemos fazer formações conjuntas com a NTT Data, inclusive com possibilidade de empregabilidade imediata. Inclusive capacitar pessoas que não são da área de tecnologia, mas que já podem entrar com capacitações mais curtas do que a do Embarque Digital, que é um curso superior. Mas a ideia é que seja voltada para todo mundo que queira participar", destacou Lucena. Ricardo Neves afirmou em mais de uma oportunidade que a NTT Data é uma "Empresa de pessoas, focada em pessoas e no desenvolvimento de pessoas". Ele ressaltou que a corporação tem um programa robusto de formação. "Estamos investindo de forma muito consistente em programas de formação. Investimos em 60 mil bolsas de estudos nos últimos dois anos, em 7 programas diferentes, desde a formação básica até testagem e qualidade de software. Nessas formações, cerca de 4 mil ganharam certificações e centenas foram contratadas pela NTT Data no Brasil, pessoas inclusive que estavam em processos de transição de carreira". No Recife, a empresa busca programadores, cientistas de dados, designer de user experience, cybersecurity, entre outros profissionais. Cerca de 120 profissionais já estão contratados pela NTT no Estado. Estiveram presentes no evento o prefeito do Recife João Campos e o fundador do Porto Digital Silvio Meira, que indicou que há expectativas da instalação de outra empresa japonesa na capital pernambucana em breve. Atualmente quase 15 mil pessoas já trabalham no Porto Digital, em mais de 350 empresas.

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"Apesar da pandemia, a Cepe continua sendo a maior editora pública do País"

Ricardo Leitão, presidente da Cepe, analisa a influência da crise da Covid-19 na venda de livros, e fala sobre a retomada e as tendências do setor. Também informa os projetos da editora, como a Coleção Recife 500 Anos, a produção de audiolivros e a realização da feira Miolos, dedicada aos editores independentes. Com o isolamento social, seria razoável supor que um número maior de pessoas no País aproveitasse esse tempo em casa para ler mais livros. Não foi, porém, o que aconteceu. O faturamento do mercado das editoras apresentou uma queda de 10% em termos reais em 2020, quando comparado ao desempenho de 2019, segundo a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro realizada pela Nielsen Book. Em Pernambuco, as vendas da Cepe caíram em torno de 20%. Resultado dos períodos em que suas livrarias permaneceram fechadas e eventos como feiras literárias e lançamentos de livros foram suspensos ou adiados. A retomada do setor, segundo seu presidente Ricardo Leitão, já começa a acontecer guiada por algumas mudanças. “A tendência é que não haja mais megalivrarias, mas livrarias de bairros, pequenas, segmentadas”, prevê. Otimista, mas cauteloso com esse novo momento, Leitão, nesta conversa com Cláudia Santos, fala sobre as dificuldades da venda de livros no País, o avanço do e-commerce, a importância das editoras independentes e os projetos da Cepe. Entre eles o lançamento da Coleção Recife 500 Anos e a produção de audiolivros. O primeiro a contar com a narração de atores será o clássico pernambucano A Emparedada da Rua Nova. Qual o impacto da pandemia no setor editorial? O impacto no mercado editorial daqui foi grande. Temos quatro livrarias próprias que ficaram fechadas durante a pandemia. Elas respondem por uma boa venda do varejo da Cepe. Além disso, o Circuito Cultural Cepe, que é uma série de feiras realizadas no interior, também não aconteceu em 2020 e 2021. São dois pontos de venda que a Cepe tem. O Circuito não aconteceu na forma presencial, mas digitalmente, o que perde muito porque o contato estimula muitas pessoas a comparecerem às feiras. Por outro lado, aumentaram as nossas vendas digitais, mas não na proporção para compensar as perdas dos eventos adiados ou cancelados. Qual foi o percentual de redução das vendas? As vendas no varejo caíram em torno de 20% e a receita da Cepe, que é em torno de R$ 50 milhões, reduziu em R$ 10 milhões. Chegamos no final de 2021 com esforço grande. Mas não deixamos de cumprir nenhum compromisso com pessoal e fornecedores. Reduzimos os custos no que foi possível, mantendo a atividade principal, que não é nem venda de livros: a Cepe foi fundada para editar o Diário Oficial que dá publicidade aos atos do governador e das prefeituras. Isso foi mantido rigorosamente todos os dias. Nossa receita caiu também porque não lançamos livro presencialmente. Um livro vende até 30% de sua tiragem num dia de lançamento de autógrafo. Agora estamos melhor, mas reduzindo um pouco a expectativa de lançamentos e o tamanho dos Circuitos Cepe de Cultura, com o objetivo de reequilibrar financeiramente a Cepe e crescer gradualmente as atividades. Nossa meta este ano é chegar a lançar em torno de 80 livros, porque é um bom tamanho. Quantos lançamentos a Cepe fazia antes da pandemia? Chegamos a lançar 100 livros e a Cepe se transformou na maior editora pública do Brasil, e está situada no Nordeste fora do circuito literário principal que é o Sudeste. Publicamos desde títulos infantis até livros baseados em teses acadêmicas. Isso também nos deu sustentação: se um segmento estava ruim, a gente investia no outro, se o livro físico estava ruim, a gente puxava o livro digital. Como estão as vendas do livro impresso? Um tempo atrás se dizia que ele ia acabar e ser substituído pelo e-book, mas não foi o que aconteceu. A expectativa era que a venda de e-book chegasse a 12% do mercado. Chegou, mas depois não cresceu, ficou estabilizada neste patamar. Acho que o gosto pelo livro imprenso se mantém. Também existe livro impresso que não serve para ser transformado em digital, como o livro de arte. Lançamos agora um livro que é uma retrospectiva do trabalho de Tereza Costa Rego, com 300 fotografias. A reprodução daquelas fotos no meio digital perde muito, não dá para ver uma tela de 13 metros de comprimento no visor do celular ou do computador. Existem outros tipos de livros que têm mapas e tabelas em que a leitura digital fica comprometida. Por isso é que eu acho que o livro impresso permanecerá. A televisão não matou o cinema, o livro digital não vai matar o imprenso. Mas o importante é que as pessoas leiam, a mídia é secundária. Leia a entrevista completa na edição 192.3 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"O conhecimento adquirido na pandemia deve ser um norte para as mudanças na saúde"

A pandemia completou dois anos e nesse período o mundo assistiu a construção de hospitais de campanha para dar conta do número de pacientes da Covid-19, acompanhou ao vivo o desenvolvimento das vacinas e como a ciência semana a semana conseguia entender mais sobre o vírus e como combatê-lo. Para falar sobre os impactos da pandemia no setor, conversamos com Tereza Campos, Federação dos Hospitais Filantrópicos e superintendente-geral do Imip Tereza Campos Qual a principal transformação da pandemia na saúde? Diante de uma das maiores crises sanitárias vivida nas últimas décadas, como a do coronavírus, identificamos a vulnerabilidade e a potencialidade do Sistema Único de Saúde – SUS, tendo como principais impactos o subfinanciamento do sistema público de saúde, os altos custos dos insumos, o desgaste físico e mental dos trabalhadores e a necessidade da transformação digital na saúde. A pandemia transformou a saúde no tema central da sociedade e nossas atenções foram totalmente voltadas para as novas demandas que surgiam, no que diz respeito à necessidade de se ter um plano estratégico de enfrentamento sanitário diante de situações adversas e de adaptabilidade da força de trabalho. Ao mesmo tempo, que emitimos respostas rápidas à pandemia, atuamos estrategicamente para garantir a continuidade da assistência, principalmente, aos pacientes oncológicos, transplantados, renais, crônicos, entre outros. Destacamos a incorporação cada vez maior da teleducação e teleassistência, para assegurar a atenção à saúde e, o reconhecimento pela população do valor do SUS. Qual a principal mudança esperada no setor da saúde no pós-pandemia? Não dá para estimar os efeitos provocados pela pandemia, nem determinar um prazo para superação, pois obviamente todas as pessoas e modo de trabalho sairão diferentes desta crise. O setor saúde continua enfrentando desafios apresentados pela pandemia, que ainda requerem atenção, cuidados e vigilância. Ressaltamos também, a construção de parcerias para produção e aquisição de vacinas, tratamentos e suprimentos, além da necessidade de constante profissionalização e formação de pessoas na área da saúde, inovação tecnológica, otimização de processos e gerenciamento de crises com agilidade. A gestão precisa lidar com os efeitos físicos e mentais, de longo prazo, em trabalhadores e pacientes e na sua reabilitação, e deve buscar o crescimento sustentável dos serviços de saúde. Quais os caminhos para resolver os principais problemas no setor no cenário pós-pandemia? O conhecimento adquirido durante a pandemia deve ser um norte para as mudanças, melhorias contínuas e resolução de problemas.A Covid-19 mostrou que a gestão hospitalar deverá investir cada vez mais em um planejamento estratégico, com protocolos definidos e estruturados. necessário também equacionar o financiamento para fortalecimento do SUS em todos os seus aspectos, vigilância epidemiológica, atenção primária, secundária e terciária, regulação, gestão e incorporação tecnológica, pesquisa e reduzir a dependência internacional ao retomar o investimento no complexo econômico industrial da saúde (vacinas, kits diagnósticos, insumos, material médico hospitalar, equipamentos e medicamentos). Formar e valorizar os profissionais com grande ênfase na educação continuada, investir recursos tecnológicos que proporcionem respostas seguras, rápidas e fortalecer parcerias com a sociedade civil e organizada. Os caminhos para solucionar os problemas passam por um sistema de saúde que garanta o acesso com qualidade, a sustentabilidade financeira das instituições de saúde, que tenham uma gestão inovadora, com o compromisso socioambiental e com a qualidade e segurança das pessoas.

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Sérgio Buarque: "A pandemia provocou mudanças estruturais na economia que devem permanecer"

No marco dos dois anos da chegada da Covid-19 em Pernambuco, no último dia 12 de março, a Algomais discutiu quais as principais mudanças e tendências que a pandemia trouxe para a economia, o urbanismo, a saúde e a cultura. Para tratar sobre o cenário econômico, que teve impactos abruptos, conversamos com o economista Sérgio Buarque, que apontou as fragilidades que ficaram mais visíveis do Estado e do País e traçou alguns desafios atravessarmos em direção ao mundo pós-pandemia. Confira abaixo a entrevista. Qual a principal transformação da pandemia na economia? De imediato, a pandemia de Covid-19 escancarou as fragilidades da economia de Pernambuco, principalmente o enorme peso dos serviços na estrutura produtiva e, ligado a este, a predominância do trabalho informal. Os serviços vinculados ao turismo sofreram um golpe significativo, embora o segmento de restaurantes tenha conseguido inovar com o sistema de delivery. As medidas de distanciamento social definidas para conter a propagação do vírus teriam levado a um desastre econômico e social de grandes proporções se não fossem os programas de compensação do governo federal. No nível internacional, a pandemia denunciou a existência preocupante de uma enorme concentração territorial da produção de insumos e medicamentos estratégicos, com grande dependência da China e da Índia, os dois principais produtores globais. Ao mesmo tempo, o mundo experimentou uma desestruturação da rede de suprimentos de bens e insumos, provocando escassez de alguns componentes e, como consequência, pressão inflacionária. Na medida em que for sendo superado a propagação do vírus, os fatores de desequilíbrio vão moderando. Entretanto, a pandemia provocou mudanças estruturais que devem permanecer no futuro, mesmo após a superação da enfermidade. O principal deles foi a aceleração da transformação digital, tendência que já vinha maturando e ganhou força como resposta ao distanciamento social: ampliação em larga escala do teletrabalho, das aulas remotas, do comércio eletrônico (ecommerce) e dos serviços de entrega através das plataformas digitais, favorecendo o crescimento das atividades econômicas que podem operar sem contato físico entre produtores e consumidores. Como consequência da pandemia e destas mudanças estruturais, a economia registrou uma clara expansão dos sistemas de saúde e do complexo médico-hospitalar e o crescimento da indústria farmoquímica. Qual a principal mudança esperada na economia no pós-pandemia? O Brasil e, Pernambuco em particular, vai ter que conviver com uma herança negativa da pandemia de grande consequência na economia futura: o déficit de aprendizagem das crianças e jovens decorrente da suspensão das aulas por um longo período, apenas parcialmente compensada pelas aulas remotas. A perda de quase dois anos de estudo por conta do isolamento social para prevenir a pandemia vai criar enormes dificuldades para aumento da qualificação profissional e a produtividade do trabalho, com impacto negativo na economia. Este passivo vai entrar em choque com a tendência de aceleração da transformação digital que vai elevar a demanda por mão de obra altamente qualificada para atender às atividades econômicas que incorporam novas tecnologias e a substituição de trabalho rotineiro por sistemas digitais. O que já está ocorrendo, por exemplo, com cobradores de ônibus, deve se acentuar no futuro. O resultado mais provável será uma enorme fragmentação do mercado de trabalho: carência de pessoal qualificado e excesso de oferta de mão de obra com baixa qualificação profissional. Qual os caminhos para resolver os principais problemas econômicos no cenário pós-pandemia? Diante dos desafios futuros identificados acima, será necessária uma atuação concentrada dos governos e das empresas em duas áreas complementares. O mais importante de tudo, um investimento de peso na educação para recuperar o passivo do aprendizado acumulado durante a pandemia. Recuperar as perdas recente ainda é muito pouco, considerando os baixos níveis de proficiência em português e matemática dos jovens que concluem o ensino médio em Pernambuco. Os dirigentes e gestores públicos da área sabem da importância deste esforço concentrado na educação. A sociedade e os empresários devem entender que, sem isto, o futuro de Pernambuco estará comprometido.Ao mesmo tempo, é fundamental um pacto pela qualificação profissional da população em idade ativa de trabalho, preparando para as novas e crescentes exigências do mercado de trabalho. Sem isso, vai haver um estrangulamento nas atividades produtivas e uma estagnação da produtividade do trabalho, acompanhada de marginalização de parcela da população que não tem a qualificação mínima para a nova economia.

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"O dólar e a inflação deixaram as cervejarias artesanais numa situação delicada"

Victor Lamenha, Presidente da Associação Pernambucana de Cervejas Artesanais, fala do impacto da pandemia no setor, que nos últimos dois anos sofreu com a redução do número de cervejarias e com o consumidor preferindo produtos com menores preços. Mas ele se diz otimista com a retomada este ano. Q uem é apreciador de bebidas certamente observou que nos últimos cinco anos as gôndolas de supermercados e os cardápios de alguns bares locais passaram a exibir uma variedade de cervejas artesanais made in Pernambuco. Um setor que ostentava crescimento em termos de demanda, produção e de players. Mas, assim como outros segmentos da indústria, sofreu impacto da pandemia, da alta do dólar e da inflação. Das 26 marcas associadas à Apecerva (Associação Pernambucana de Cervejarias Artesanais) apenas 9 continuam afiliadas à entidade. Mas apesar das adversidades, o presidente da associação Victor Lamenha está otimista. “Entendemos que 2022 é o ano em que as coisas vão melhorar, no sentido de haver um controle maior da pandemia”. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele também detalha outras razões para o seu otimismo como a inauguração neste semestre da Loja de Bebidas Pernambucanas no Marco Zero do Recife e o fato de o pernambucano dar valor ao que é da terra. A pandemia afetou o mercado de cervejas artesanais em Pernambuco? O mercado de cerveja artesanal é composto por indústrias e cervejarias ciganas, que são aquelas que não possuem fábrica própria e produzem nas indústrias de outras cervejarias. Elas compram insumos e uma indústria vai produzir para elas. O número que levantamos até agora é que havia 26 marcas – entre indústrias e ciganas – associadas à Apecerva e esse número caiu para 9 marcas. A redução do número de players foi muito grande e muitas empresas que fazem parte da cadeia indireta do mercado de cerveja artesanal, como PDV (ponto de venda), loja especializada em cerveja artesanal etc. também foram prejudicadas. Muita gente que montava evento diminuiu suas estruturas e entendemos que 2022 é o ano que as coisas vão melhorar, no sentido de haver um controle maior da pandemia. Já observamos um movimento de algumas marcas ciganas que podem voltar a produzir. Quais as causas que provocaram essa queda no número de produtores? O fator mais preponderante é que o consumidor na pandemia ficou muito sensível a preço e a maioria das indústrias de cerveja artesanal não consegue competir com as grandes marcas em termos de preço. Outro fator foi a pressão da inflação. A gente teve uma pressão muito grande no custo de produção dos insumos, das matérias-primas. Os insumos são importados e seus preços tiveram influência do câmbio alto? Existe malte produzido e comercializado no Brasil, mas trata-se de uma commodity que também é regida pelo mercado internacional. O lúpulo é outro item essencial das cervejas que sofreu muito impacto do dólar e esse, sim, é 99,9% importado. Além disso, o dólar pressionou o valor do vidro. Durante a pandemia enfrentamos a escassez de embalagens. O dólar também pressiona a economia como um todo, influencia no combustível, no lúpulo, no malte, nas embalagens. O meu entendimento é que o dólar e a inflação deixaram as cervejarias artesanais e a indústria de quase todos os segmentos numa situação muito delicada porque a gente não consegue repassar tudo para a ponta, porque o consumidor está muito sensível a preço, ele está buscando o melhor custo-benefício. A produção da cerveja artesanal começava com um hobby, que vai ganhando corpo, até se profissionalizar como um negócio? As cervejarias que permaneceram são as que estão mais estruturadas? As cervejarias ciganas, muitas vezes começam como um hobby, mas depois que ela vira cigana não tem mais como ser um hobby, porque agora ela assumiu um contrato com a indústria, comprou insumo, investiu num tanque de fermentação e maturação, comprou garrafa e rótulo. Tem que ir em frente, não tem mais alternativa. Muitas vezes, um advogado, por exemplo, resolveu abrir uma cervejaria para realizar o sonho dele. Isso é muito nobre, porque muita gente surgiu nesse contexto e veio com uma cerveja muito boa, veio para agregar, para somar no mercado e participou dos eventos do calendário da cerveja artesanal de Pernambuco que a gente tentou construir desde o primeiro ano da fundação da Apecerva. Eu vi cervejarias estruturadas, geridas por gente inteligente, fazendo cerveja muito boa que decidiu parar. Também há um detalhe: é mais fácil de fechar uma cervejaria cigana do que uma indústria. Acredito que, do mesmo jeito que foi fácil para eles pararem, pode ser que com a retomada, agora em 2022, seja fácil retornar. Entendo que não é porque eram mais desestruturados, acho que era porque eles tinham uma opção de pausar ou até desistir, porque o mercado de cerveja não é fácil, é muito competitivo. Brigamos com duas das maiores empresas do mundo, temos um market share de 2% (um pouco mais, um pouco menos). Assine a Revista Algomais para ler a entrevista completa: assine.algomais.com

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Edgard Leonardo: "As sanções econômicas para afetar a Rússia podem contaminar toda economia global"

Para entender os impactos da crise da Rússia na economia brasileira e pernambucana, entrevistamos o economista e consultor Edgard Leonardo, professor e coordenador do curso de administração da Unit-PE. Ele aponta os principais riscos e as ameaças que as sanções econômicas contra o País de Vladimir Putin podem trazer de efeito negativo para o planeta. Quais os maiores riscos desse conflito para a economia brasileira e Pernambucana? É preciso compreender que as economias mundiais estão todas interconectadas, notadamente após a segunda Grande Guerra, a mundialização da economia de mercado, compreendida como um processo dinâmico e crescente de integração entre as economias vem avançando. E certamente, com a queda do muro de Berlim e as transformações no cenário do leste europeu, ocorreram inúmeras mudanças na geopolítica e na economia, decorrentes da fragmentação do território da extinta União Soviética. É fato que receberemos em nossa economia as ondas de choque causadas pela invasão russa na Ucrânia, as distâncias econômicas são muito menores que as geográficas. Vale ainda lembrar, que os recentes litígios entre as duas nações, de fato começaram em 2014, com a anexação da Criméia, região ucraniana pró-Rússia, pelo governo de Putin e culminaram agora com a recente invasão. Como reflexo direto deveremos ter a elevação do preço dos combustíveis e um repique na inflação, além do aumento do preço dos alimentos, lembrando que a região conflagrada além de grande produtora de trigo, milho e outros produtos importantes, é fornecedora de grande parte do fertilizante utilizado no Brasil e no mundo. É esperada uma queda da atividade econômica mundial, com valorização de ativos como: ouro, prata e dólar, com investidores em busca de segurança em um momento de alta incerteza e volatilidade. Com a alta da Selic ocorreu um aumento dos investimentos estrangeiros no Brasil, o que fez o dólar ficar abaixo de R$ 5,00, o que é importante para o controle da inflação. Todavia, com a atual crise, os investidores podem diminuir a migração de dólares ao Brasil; e caso o real volte a desvalorizar, a inflação será ainda mais alta. A incerteza quanto à duração do conflito é um dos grandes problemas e quanto mais este se alongar, piores serão os impactos na economia global. O Brasil pode no curto prazo, desde que o conflito não se alongue, beneficiar-se da elevação do preço das commodities, principalmente agrícolas, gerando maiores lucros para o agronegócio brasileiro, porém repito. Desde que o conflito não se alongue, pois um conflito prolongado reduziria a atividade econômica na Europa (importante consumidor de nossos produtos) e impactaria os custos de produção. A inflação, que é um dos problemas mais resistentes dos últimos anos, deve ser agravada?Em um cenário onde a inflação de alimentos já é realidade mundial, a crise gerada pela invasão russa só piora as expectativas, para compreendermos a situação é importantes lembrarmos alguns números. A Rússia é um importante produtor mundial de fertilizantes, responsável por fornecer ¼ dos fertilizantes consumidos no Brasil, certamente que não apenas o envolvimento na guerra, mas também as sanções internacionais impostas implicaram em redução na oferta dos fertilizantes o que resultará em aumento dos custos de produção de alimentos, no Brasil e no mundo.A Rússia juntamente com a Ucrânia são grandes produtoras de produtos agrícolas, respondem pela produção de 30% do trigo consumido no mundo e 80% do óleo de girassol ofertado mundialmente. O impacto no mercado mundial de trigo e outras commodities já vem sendo percebido pelos analistas. A Ucrânia é o quinto país em produção de milho, e a redução deste importante player certamente elevará os custos de produção de uma série de itens, notadamente a produção de laticínios e proteínas de maneira geral. Outro ponto importante é que a Rússia sozinha produz 12% do petróleo mundial e 40% do gás natural consumido na Europa. E o fato é que a invasão russa provoca uma séria crise de energia na Europa, com reflexos por toda economia mundial, o pior cenário para os analistas se confirmou quando a Rússia invadiu o território Ucraniano. Além da Rússia ser um importante produtor de petróleo e gás natural, grande fornecedor da Europa, os gasodutos responsáveis por atender a Europa agora estão em um território em guerra, elevando o risco de um corte no fornecimento de um importante insumo. Uma interrupção no fornecimento de combustíveis poderia forçar a Europa a racionar o produto, com forte impacto nos preços e na dinâmica da economia europeia ainda em recuperação da crise causada pela pandemia de Covid-19. Por isso, um dos grandes temores é que as sanções econômicas possam não apenas afetar a economia russa, mas contaminar toda economia global em cascata. Por que essa crise pode afetar o preço dos combustíveis? É possível fazer alguma coisa para evitar uma elevação muito grande do preço dos combustíveis? Basicamente o preço final dos combustíveis no Brasil, depende do preço do barril do petróleo e da cotação do dólar, infelizmente no cenário atual a expectativa é que o preço do barril continue subindo, e caso o conflito permaneça sem solução, ultrapasse a barreira histórica de 150 dólares (Ocorrida na crise de 2008, após tensões políticas no Irã, Paquistão e Nigéria).Para minimizar os impactos da redução oferta mundial de petróleo, os USA e outras nações consumidoras de petróleo já estão autorizando o uso das reservas de emergência.No cenário atual, é importante manter a política de valorização do real frente ao dólar, uma vez que não podemos interferir na tendência de alta do barril, e certamente será importante o papel da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, para reorganizar a produção global de forma a manter os níveis de oferta de petróleo, o que infelizmente não ocorre rapidamente. Dos setores econômicos de Pernambuco, algum guarda uma preocupação maior com o conflito? Temos relações comerciais diretas com os russos ou ucranianos? Embora a Rússia não seja da perspectiva econômica uma superpotência mundial, alguns pontos são importantes de ressaltar quanto a economia russa. A Rússia fornece ¼ do total dos fertilizantes usados no Brasil e metade dos fertilizantes

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João Campos anuncia a construção de 4 unidades do Compaz

Durante o evento de lançamento do livro Conexão Recife Medellin Compaz (organizado por Murilo Cavancanti), o prefeito João Campos anunciou que a prefeitura do Recife construirá mais quatro unidades do Centro Comunitário da Paz. Os investimentos serão instalados nos bairros do Ibura, Várzea, Pina e Totó. "No dia 31 de março, vamos lançar a licitação de mais um Compaz na cidade. Vamos licitar a obra e já teremos obras acontecendo neste ano no Compaz Ibura, um grande equipamento. E muito mais que a obra, o importante é a transformação que ele vai trazer. Além disso, a gente também autorizou a realização do projeto executivo do Compaz do Pina, que ficará no Parque do Aeroclube, no Compaz da Várzea, que também será construído. E o maior de todos, serão mais de 30 mil metros de área construída, com investimento de mais de R$ 60 milhões de reais, que será o Compaz Bidu Krause, que fica na Avenida Liberdade, em frente ao presídio", afirmou João Campos. O prefeito anunciou que os quatro equipamentos serão executados e construídos de forma simultânea. O Recife já conta atualmente com 4 unidades do Compaz, nos bairros do Alto Santa Terezinha, Cordeiro, Coque e na Caxangá. Ainda no evento de lançamento, que contou com a presença de autoridades e especialistas do combate à violência e do urbanismo do México e da Colômbia, João Campos disse que a Prefeitura do Recife encomendou um sistema de iluminação para pedestres de 10 grandes corredores da cidade, definidos com base na pesquisa Origem-Destino da cidade (regiões com maior circulação de pesdestres e com indicadores de violência elevados). Serão mais de R$ 5 milhões de reais investidos nesta ação. "Poderemos garantir uma iluminação plena, forte e segura para a nossa cidade. Sobretudo nos territórios que mais precisam e vamos poder fazer a inauguração já neste ano", destacou o prefeito.

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PIB de Pernambuco em 2021 foi de 4,2%, segundo Agência Condepe/Fidem

(Da Condepe/Fidem) A Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem) divulgou, nesta segunda-feira (07), através de videoconferência para a imprensa, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado referentes a 2021, que somaram R$ 233,4 bilhões em valores correntes. O trabalho foi desenvolvido através da Diretoria de Estudos, Pesquisas e Estatísticas da Agência contando com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas-IBGE. O boletim do PIB apontou que no acumulado do ano a economia pernambucana cresceu 4,2%. O incremento no país foi de 4,6% em igual período. A agropecuária, a indústria e os serviços são os setores que influenciam os resultados. Respectivamente, os três segmentos trouxeram os seguintes índices: 5,0%, 3,7% e 4,3%. Na comparação com o quarto semestre de 2021, com o mesmo período em 2020, os indicadores econômicos mostram a elevação de 0,4%, com a agropecuária com 6,1%, a indústria com -6,3% e os serviços com 2,4%. Em valores correntes, o PIB do trimestre alcançou R$ 62,5 bilhões. Segundo o diretor de estudos e pesquisas da Condepe/Fidem, Maurilio Lima, o resultado confirma as previsões econômicas feitas pela instituição anteriormente, que apontavam para índices entre 4,0 e 4,5% no ano estudado. “O cenário econômico pernambucano tem se recuperado satisfatoriamente diante das políticas públicas adotadas pelo governo de enfrentamento à pandemia do COVID” , comenta o diretor. Setores - os números da agropecuária tiveram o resultado de 5,0% destacando a agricultura com as lavouras temporárias em 14,3%, com o incremento das culturas de arroz, cana-de-açúcar, feijão, cebola,tomate, abacaxi e batata doce. Já as lavouras permanentes tiveram 4,0%: café, banana, maracujá, limão, uva e coco-baia. A pecuária teve crescimento de 3,6%: bovinos, ovos, leite, aves e suinoculturas. O crescimento do setor da indústria foi de 3,7%, decorrentes dos números da indústria da transformação-1,1%, construção civil- 6,0% e da produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana 11,0%. O setor de serviços teve um acumulado anual de 4,3%, quando comparado a 2020. As atividades em destaque são: transporte, armazenagem e correios 15,0%, outros serviços - 7,5% , saúde, educação e administração públicas 3,1% e comércio 2,6%, seguido de atividades imobiliárias e aluguéis 1,9%. Ao final do encontro foi feito um paralelo entre os resultados do PIB 2021, com os resultados do mercado de trabalho da PNAD continua e CAGED/MTP.

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"Portadores de hipertensão e diabetes são os mais propensos a ter doença renal crônica"

No mês em que é realizada a campanha do Dia Nacional do Rim, a nefrologista Ana Carolina Pessoa alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença renal crônica que só apresenta sintomas numa fase avançada e que pode levar o paciente à necessidade de hemodiálise ou de transplante. É comum algumas pessoas percorrerem vários consultórios médicos com queixas de cansaço, fadiga, falta de apetite, náuseas e vômitos, sem ter um diagnóstico preciso e um tratamento para eliminar os sintomas. Até o momento em que recebem de um nefrologista a notícia de de serem portadoras da doença renal crônica (DRC). Esse desconhecimento da enfermidade levou a Sociedade Brasileira de Nefrologia a focar a Campanha do Dia Mundial do Rim (que ocorre neste mês de março) em ações de educação sobre a DRC. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a nefrologista Ana Carolina Pessoa, dos hospitais da Restauração e Infantil Maria Lucinda, explica as causas da doença, que tem levado 140 mil brasileiros a serem submetidos à hemodiálise. A boa notícia é que ao se adotar hábitos saudáveis e fazer check ups frequentes, é possível prevenir ou retardar por muitos anos o desenvolvimento e a progressão da doença renal crônica. Este ano a Sociedade Brasileira de Nefrologia decidiu focar a campanha do Dia Nacional do Rim na educação sobre a doença renal crônica. Por quê? A doença renal crônica é a lesão irreversível da função dos dois rins – quando mantida por três meses ou mais – e suas causas mais frequentes no Brasil e no mundo são a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus, doenças muito prevalentes na população. A doença renal crônica é silenciosa, ou seja, não causa sinais ou sintomas que levem os pacientes ao médico por causa dela. A grande maioria não sabe que apresenta problemas nos rins. Quando a doença já está muito avançada e a taxa de filtração de ambos os rins, muito reduzida, alguns pacientes podem procurar um serviço de saúde com queixas de cansaço, fadiga, falta de apetite, náuseas e vômitos. E apenas nos exames de sangue, muitas vezes numa UPA ou serviço de emergência, é que é flagrado o aumento da creatinina, o mais utilizado marcador da função dos rins. Não é incomum que o paciente procure um médico por essas mesmas queixas e acabe recebendo medicações para o estômago, vitaminas etc. e o diagnóstico de doença renal crônica não é realizado, mesmo após o paciente procurar diversos médicos. Infelizmente, muitas vezes, ele já chega ao hospital com doença renal crônica terminal, com necessidade de diálise de urgência, sem nunca ter antes recebido o diagnóstico de doença renal. Este ano a Campanha da Sociedade Brasileira de Nefrologia foca na educação sobre a doença em três pilares: educação para a comunidade – para que saiba mais sobre as doenças renais numa linguagem mais coloquial – educação para os profissionais de saúde, informando que na atenção básica, mesmo fora da população de risco, deve-se solicitar a dosagem da creatinina e o sumário de urina para fazer um check-up, uma triagem dos pacientes. Outro ponto: a função renal do paciente pode estar alterada mesmo com a creatinina dentro do valor normal para o laboratório de análise – isto porque o valor da creatinina depende da massa muscular do paciente. Exemplo: uma senhora idosa de 85 anos com 50 Kg com uma creatinina de 1,2 mg/dL tem a taxa de filtração dos rins bem menor que um jovem de 24 anos com 90 Kg com o mesmo valor de creatinina. O médico pode achar que a creatinina esteja dentro da faixa do valor de referência do laboratório e não deva encaminhar o paciente para o nefrologista. Por isso, é importante utilizar as calculadoras nefrológicas disponíveis no site da Sociedade Brasileira de Nefrologia e a mais utilizada é a CKD-EPI. A campanha deste ano também foca na educação dos formuladores de políticas em saúde pública, uma vez que a doença renal crônica é uma ameaça global à saúde pública, mas nunca priorizada nas agendas governamentais de saúde. Do ponto de vista populacional, programas de detecção de rastreamento precoce da doença deveriam ser incentivados. Quanto mais precocemente a doença renal crônica for detectada, melhor será a qualidade de vida para os pacientes, menores as taxas de mortalidade e sem contar a menor necessidade das terapias renais substitutivas (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal) que mudam a vida do paciente e são muito caras para o Estado. Repetindo: o ideal é o diagnóstico precoce para que nós, nefrologistas, possamos atuar no sentido de diminuir a progressão da doença renal, talvez estabilizá-la por longos períodos e, caso o paciente necessite de uma terapia renal substitutiva, que ele chegue a esta terapia com boa qualidade de vida e bem-preparado – não precise iniciar hemodiálise de urgência nas grandes emergências como acontece atualmente. Qual a prevalência na população e qual o número de mortes que a doença renal crônica causa? Existem cerca de 140 mil pacientes em hemodiálise no Brasil. Mas esse número representa apenas os pacientes no estágio V, ou terminal. Muitos outros pacientes apresentam os estágios I, II, IIIa, IIIb e IV e nem sabem que são portadores de doença renal crônica. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 28% a 46% em indivíduos acima dos 64 anos de idade. De acordo com KDOQI (Kidney Disease Outcomes Quality Initiative) nos Estados Unidos, a doença renal crônica atinge cerca de 15% de toda a população adulta (acima de 18 anos de idade). Estima-se que em 2040 a doença renal crônica poderá ser a quinta maior causa de morte no mundo. A prevalência aumenta em todo o mundo junto com o envelhecimento da população e os maus hábitos de vida: quanto mais pessoas com diabetes e hipertensão sobreviventes, maiores as chances dessas populações começarem a apresentar complicações, incluindo a doença renal crônica. Outra causa pouco comentada é a presença de lesões renais agudas de repetição, que acomete, por exemplo, um idoso

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