Arquivos Mulheres - Página 5 De 8 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Prefeitur oferecerá 1.600 vagas para exames no mamógrafo móvel em junho

A partir deste sábado (1º), o mamógrafo móvel da Prefeitura do Recife iniciará a programação de junho e oferecerá 1.600 vagas para realização do exame neste mês. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h, com a distribuição de 80 fichas – 40 para cada turno. O caminhão passará por mais de 20 ações nos Distritos Sanitários 1, 3, 4, 5 e 7. Os locais onde o veículo passará podem ser conferidos no site da Prefeitura do Recife. Para fazer o exame, não é necessário fazer agendamento, mas as mulheres precisam ser moradoras do Recife e devem ter entre 50 e 69 anos (faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde). É necessário levar documento de identificação, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência. O resultado do exame é entregue em até 20 dias na unidade de saúde onde o veículo ficou estacionado ou naquela mais próxima ao local da ação. Quem está fora da faixa etária dos 50 aos 69 anos e precisa fazer a mamografia deve procurar a unidade de saúde de referência para pegar um encaminhamento.  

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Bugan Recife oferece hospedagem especial para mulheres

Mulheres que viajam a trabalho ou a lazer e querem ambiente mais personalizado para se hospedar contam com quatro suítes de luxo no Bugan Recife. Instalado em Boa Viagem, o novo hotel de alto padrão – e primeiro da marca própria do Grupo Rio Ave - deu toque especial na decoração e enxoval para cama e banho nessas unidades. Segundo a diretora de hotelaria da Rio Ave e gerente-geral do Bugan Recife, Joselma Cavalcanti, além da estrutura, o grande diferencial das suítes femininas se encontra no atendimento personalizado, como serviço de quarto, limpeza e manutenção, feito somente por mulheres. Os apartamentos também disponibilizam amenities que elas podem precisar de última hora como secador de cabelo e necessaire especial, incluindo base para unha, pinça, acetona, algodão e kit beleza. Tem também roupão feminino e pantufa. Instalado a 400 metros da praia de Boa Viagem, o empreendimento está localizado na Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, 4661, e fica anexo ao empresarial Boa Viagem Corporate. Tem nove pavimentos, serviços personalizados e oferece 162 quartos.

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Pesquisa: violência sexual e física são as principais preocupações das mulheres

Violência sexual e física são as principais preocupações das mulheres no Brasil e no mundo, revela pesquisa Ipsos Igualdade salarial lidera a preocupação em países desenvolvidos, como Canadá, Holanda, Suécia e Grã-Bretanha A violência sexual é o problema mais importante enfrentado pelas mulheres e meninas no Brasil, aponta a pesquisa global “International Women’s Day 2019 – Global atitudes towards gender equality” da Ipsos. Para 39% dos brasileiros, a violência sexual é a questão mais significativa, seguida por violência física (34%) e assédio sexual (28%). A preocupação com a violência física cresceu 6 pontos percentuais em comparação com 2018, quando marcou 28%. O índice de violência sexual, no entanto, diminuiu; foram 8 pontos percentuais em relação a 2018 (47%). Já o assédio sexual registrou 38% no ano passado (uma queda de 10 p.p). “No ano passado, tivemos um aumento considerável no número de feminicídio e tentativas de assassinatos de mulheres no Brasil. O país é hoje o quinto que mais mata mulheres do mundo. Estes casos estão sendo amplamente noticiados pela imprensa que coloca a questão em maior evidência, se tornando o cerne da preocupação das questões de equidade de gênero no país”, afirma Maiani Machado, diretora da área de reputação corporativa na Ipsos. No mundo, os maiores problemas listados são os mesmos do Brasil, mas a ordem é diferente. Assédio sexual lidera o ranking (30%), violência sexual está na segunda colocação (27%) e violência física e igualdade salarial ficaram em terceiro lugar, com 22%. O quarto tema globalmente mais citado, também relacionado a violência, é o abuso doméstico, com 20%. O assunto também aparece em quarto lugar no Brasil, com 19%. No Brasil, a igualdade salarial é o quinto assunto mais crítico para 17% dos entrevistados. Por outro lado, o tema lidera em outros países, como Chile (38%), Canadá (35%), Hungria (33%), Holanda (33%), Suécia (31%) e Grã-Bretanha (29%). Igualdade de gênero Para sete em cada dez entrevistados globalmente (69%), a equiparação salarial é a ação com impacto mais positivo para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. A criação de leis mais duras para prevenir a violência e o assédio contra as mulheres é a segunda atitude (68%) que mais deve ajudar a promover a igualdade. Dividir a responsabilidade da criação das crianças e do cuidado do lar (66%), educar meninos e meninas sobre a importância da igualdade de gênero na escola (66%) também estão entre as ações que podem ajudar a alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Globalmente, dois terços dos entrevistados (65%) concordam que as mulheres não vão atingir a igualdade sem que os homens também tomem ações para apoiar os direitos das mulheres. No Brasil, 60% concordam com essa afirmação. O Peru (76%), a Sérvia (76%) e a África do Sul (75%) são os países que mais concordam com essa visão. Por outro lado, Japão (47%), Polônia (51%) e Itália (53%) apresentam os menores índices. Na média global, mais pessoas discordam (49%) do que concordam (42%) que dar direitos iguais a homens e mulheres foi longe demais. Para dois terços dos entrevistados (65%), alcançar a igualdade de gênero é pessoalmente importante para eles. Os índices mais altos são do Peru (80%) e Colômbia (78%) e os mais baixos aparecem no Japão (36%) e Rússia (45%). O Brasil aparece com 61%. Homens e mulheres O Brasil é o terceiro país que mais concorda com a afirmação “um homem que fica em casa para cuidar das crianças é menos homem”, com 26%. A Coreia do Sul é a nação que mais concorda com essa frase (76%), seguida pela Índia (39%). Globalmente, o índice é de 18%. Uma em cada três pessoas (33%) se descreve como feminista, uma queda em relação ao ano passado (37%). O maior percentual foi encontrado na Índia (50%), seguido por África do Sul (44%), Espanha (44%) e Brasil (41%). Os mais baixos foram encontrados no Japão (18%), Hungria (20%) e Rússia (20%). No mundo, cinco em cada dez entrevistados (52%) acreditam que existem mais vantagens em ser homem do que mulher atualmente. O Chile lidera nessa questão, com 72%, enquanto o Brasil aparece em 22º lugar, com 45%. Metade dos entrevistados (50%) acredita que as mulheres de hoje em dia têm uma vida melhor do que as da geração dos seus pais. Chile (75%), Colômbia (69%) e Índia (66%) são os países que mais concordam com esse tema, enquanto o Japão é o que menos concorda (27%). No Brasil, o índice é de 50%. Discriminação por área A educação é a área em que as pessoas acreditam que a igualdade será alcançada primeiro – cerca de metade dos entrevistados (47%) estão confiantes que a discriminação contra as mulheres na educação terá terminado em 20 anos. No Brasil, o índice é de 57%, 10 pontos percentuais acima da média global. Entretanto, as pessoas estão menos confiantes de que isso vá acontecer no governo e na política (37%). No Brasil, 47% estão confiantes que a igualdade nesse tema será alcançada nos próximos 20 anos. Os mais pessimistas quanto a isso estão na Hungria (65%), Chile (54%) e Japão (53%). A pesquisa foi feita em 27 países, incluindo o Brasil, com 18.800 entrevistados, sendo 1.000 brasileiros, entre os dias 21 de dezembro de 2018 e 4 de janeiro de 2019.

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Maracatu Coração Nazareno, onde as donas da lança são as mulheres

*Por Paulo Ricardo Mendes - especial para Algomais O ano é 2004, a cidade, Nazaré da Mata, Zona da Mata Norte, a 65 km do Recife, em Pernambuco. Um grupo de mulheres resolve criar um maracatu totalmente feminino. Até um tempo atrás, essa narrativa poderia parecer improvável, já que a brincadeira era considerada tipicamente masculina, mas graças à Amunam (Associação das Mulheres de Nazaré da Mata), esse fato virou realidade. Desde então, entre conquistas e dificuldades, o Coração Nazareno, nome dado ao grupo, vem se consolidando pela sua trajetória de luta por igualdade de gênero, mas também pela beleza e carisma que emana nas apresentações. Neste ano, o maracatu protagonizado por elas completa 15 anos de história com atividades voltadas para as mulheres da região. Segundo Eliane Rodrigues, coordenadora da Amunam, a ideia de criar um grupo em que a figura feminina pudesse ocupar todos os personagens surgiu como uma reação ao pouco espaço que as mulheres tinham na brincadeira. “O surgimento do Coração Nazareno implica que elas podem vestir qualquer indumentária do folguedo, mas também representa uma quebra de paradigmas nessa expressão cultural, uma vez que a mulher passa a ganhar voz e visibilidade diante de um ambiente majoritariamente masculino”, afirma. A brincadeira foi criada por trabalhadores rurais, como cortadores de cana-de-açúcar, no final do século 19 para o início do 20, época em que essas atividades eram realizadas somente por homens. Logo, apenas pessoas do sexo masculino podiam brincar. Quem fazia as figuras femininas do maracatu eram os canavieiros que se travestiam de mulheres, até que as esposas e filhas dos cortadores se interessaram pelo folguedo e começaram a brincar de baiana e dama do paço. Passado mais de um século da fundação do maracatu do baque solto, a participação feminina na brincadeira ainda é restrita. A figura do caboclo de lança, por exemplo, é atribuída ao homem devido às disputas que são realizadas entre a cablocaria e as indumentárias pesadas do personagem, que têm em torno de 30 kg. Mas essa limitação não foi um problema para as caboclas de lança do Coração Nazareno, que adaptaram os surrões para um peso proporcional (16 kg) aos que elas pudessem carregar. A ex-cortadora de cana e brincante Sônia Maria conta que já saiu durante seis anos como cabocla e ano passado se apresentou no Carnaval como bandeirista. “Conheci o grupo por meio da minha ex-companheira e desde então não larguei mais a brincadeira”, revela. Mesmo com a roupa pesada, ela explica que o amor pelo maracatu é tão grande que a brincadeira torna-se divertida. “Quando estou me apresentando parece que o personagem toma conta de mim e não sinto calor e nem o peso da indumentária, só alegria”, ressalta Sônia. As apresentações do grupo geralmente acontecem nos quatro dias de Carnaval, em diferentes lugares da Zona da Mata Norte e da Região Metropolitana do Recife, entretanto, os preparos até chegar a esse período começam meses antes, quando as integrantes se reúnem na associação para realizar a inscrição, a prova de roupas e os ensaios. Quando chegam os festejos de Momo, cerca de 72 mulheres saem às ruas brincando de diferentes personagens nas cores predominantes de rosa e lilás, entre eles: arreiamá, tipo de caboclo cujo figurino remete aos índios americanos, geralmente acompanhados com um machado; bandeirista, responsável por segurar a bandeira do maracatu; Dama do Paço, mulher responsável pela condução da calunga; o baianal, composto por várias baianas; o terno, a orquestra do brinquedo e a figura do caboclo de lança, que costuma ser o centro das atenções pela dança e pelo figurino. A coordenadora do Coração Nazareno, Lucicleide Silva explica que nos desfiles existe um protocolo de ordem de apresentação que deve ser seguido: primeiro o maracatu infantil, em seguida o feminino e, depois, por ordem de chegada, os grupos tradicionais. Entretanto, quando essa regra ainda não tinha sido estabelecida, ela lembra que uma das integrantes do Coração Nazareno foi agredida por uma lança, porque o mestre caboclo do outro maracatu não queria deixar as mulheres passarem na frente. “É comum a gente se esbarrar nos cortejos com alguns grupos que ficam incomodados com a nossa participação”, lamenta Lucicleide. A brincante Vanessa Vieira admite perceber olhares surpresos do público quando estão se apresentando. “Lembro que durante uma apresentação na Ilha de Itamaracá um rapaz chegou até mim e perguntou se eu era mulher”, recorda-se. Para Vanessa esse tipo de comportamento só demonstra a importância do grupo na luta pelo espaço e também pela igualdade de gênero. “Quando chegam para mim e dizem assim, 'tu brinca igual a um homem', aí eu digo: não! eu brinco igual a uma mulher, só que antes nós mulheres não tínhamos um espaço de brincar e hoje nós temos”, salienta a brincante que desfila atualmente como arreiamá. O grupo observa que outros maracatus duvidam da capacidade delas de dar conta da brincadeira pelo fato de serem mulheres, mas quando as veem saindo na rua se apresentando com destreza percebem que elas são capazes e as respeitam. “Essa nossa resistência, enquanto maracatu feminino, faz com que a gente vá se firmando nos cortejos e cada vez mais sendo chamada para as apresentações, tanto é que no no dia 8 de março, completamos 15 anos de Coração Nazareno”, destaca Lucicleide. As comemorações do aniversário do grupo iniciam-se no dia 20 de março com o seminário Mulheres fortalecendo a cultura popular, que pretende discutir a participação feminina no folguedo. Durante o ano o maracatu vai realizar oficinas e atividades na sede da Amunam, onde, em novembro, acontecerá mais um seminário e, logo em seguida, o cortejo do maracatu e a sambada (ensaios que reúnem mestres, orquestras e maracatuzeiros), como encerramento das celebrações. TRADIÇÃO Na Cidade Tabajara, na Casa da Rabeca, em Olinda, os filhos do Mestre Salustiano dão continuidade à tradição perpetuada pelo pai por meio das manifestações populares, como o Piaba de Ouro. O Maracatu está há mais de 40 anos em atividade e é um dos mais tradicionais. Um dos herdeiros do legado

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Mulheres têm pouco espaço na gestão

O espaço feminino na gestão das corporações ainda é restrito. Pesquisa realizada pela TGI e apresentada durante o evento Empresa Familiar Competitiva 2018 aponta que apenas 30% das herdeiras que trabalham nos negócios que foram criados pelos seus parentes exercem função de liderança. Além de revelar os dados desse estudo, o encontro contou com experiências empresariais bem sucedidas de inserção da mulher na gestão e também debateu a necessidade da construção de conselhos de família. A pesquisa foi respondida por 204 pessoas de mais de 100 empresas pernambucanas dos setores de serviços, comércio, indústria e do agronegócio. Apesar de serem minoria na gestão, as mulheres são as que possuem maior escolaridade, segundo a pesquisa. Entre os profissionais com pós-graduação elas representam 52%, enquanto 48% dos homens são pós-graduados. Os entrevistados afirmam que o fato de alguns segmentos serem considerados “tipicamente masculinos” é uma das principais barreira para a ascensão das mulheres nos ambientes empresariais (31%). A percepção de que a prioridade delas é ainda de cuidar da casa (fator indicado por 26% dos respondentes) é outro dificultador para o crescimento da carreira das sucessoras. “O predomínio dos homens em funções de liderança é muito expressivo”, afirma a sócia da TGI, Cármen Cardoso. Para ela, há uma série de mitos que envolve esse cenário e que impede uma maior presença feminina na gestão e na governança. A consultora explica que há uma percepção superficial de que os homens são mais racionais e que as mulheres são mais sensíveis e empáticas. Mas, trata-se de um pressuposto falso, pois as pesquisas científicas evidenciam que há um equilíbrio nesses aspectos entre ambos os sexos. “As diferenças de comportamento resultam mais de variáveis culturais do que de diferenças de gênero. A educação familiar de filhos e filhas é um fator que pesa muito. As meninas são mais motivadas a serem empáticas e exporem seus sentimentos desde cedo. Enquanto os homens são induzidos a serem fortes e racionais e que sensibilidade pode gerar inclusive a imagem de fraqueza”, avalia Cármen. Outro dado revelado pela pesquisa é de que apesar de serem minoria no quadro das empresas, as herdeiras são maioria na área de recursos humanos. Nesse setor as mulheres da família representam 20%, enquanto os homens apenas 9%. Um case emblemático da presença feminina na gestão de uma grande empresa pernambucana aconteceu na Usina Petribú. A tradicional empresa do setor sucroenergético é presidida por Daniela Petribú, que foi uma das palestrantes do evento Empresa Familiar 2018. A sua trajetória de ascensão foi contada em um vídeo gravado pelo empresário Jorge Petribú, que destacou o início profissional promissor dela fora dos negócios da família. Após ser convidada para o quadro da usina, ela atuou em várias áreas até chegar à presidência. “Nunca sofri preconceito na empresa. É preciso se dar ao respeito e conquistar as pessoas. Temos uma administração participativa e colaborativa, estamos juntos nos problemas e soluções. Uso farda como os demais funcionários. Estamos juntos e temos que remar para o mesmo lugar, embora eu seja a capitã do navio”, contou a empresária sobre seu estilo de liderança. Jorge Petribu salientou que a participação feminina na gestão traz mais humanidade à empresa. CONSELHO DE FAMÍLIA Na pesquisa foi revelado também um cenário ainda tímido na construção dos conselhos de família nas empresas pernambucanas. Embora 98% dos entrevistados considerem importante ou muito importante tratar das questões entre os familiares, 21% das empresas pesquisadas não possuem nenhuma iniciativas para administrar a interface entre empresa e família. Dentro desse cenário, foi mapeado que entre as 103 empresas respondentes, somente 26% possuem conselho de família, que é uma estrutura que contribui para prevenir conflitos entre os parentes e também evitar que questões familiares se misturem à gestão dos negócios e do patrimônio. “O conflito faz parte da natureza dos seres humanos, sejam empresários ou não. Se eles não forem tratados, tendem a aumentar. Os conselhos têm a capacidade de promover a educação dos familiares, o zelo pelo patrimônio construído e o cuidado com a cultura e história da família empresária”, defende Georgina Santos, sócia da TGI e coordenadora da pesquisa. Durante o evento, Georgina mencionou que um estudo da PwC , o qual apontou que a realidade nacional é mais madura nessa questão. Um levantamento publicado no ano passado pela consultoria internacional mostrou que 54% das empresas brasileiras possuíam conselhos de família. “Quando comparamos esse número com a realidade pernambucana, percebemos que o cenário local ainda está bem distante”, afirma a consultora. O receio de criar ou aumentar conflitos entre os familiares foi apontado por 33% das empresas que instalaram essa estrutura como uma das dificuldades percebidas para consolidar o conselho. A falta de interesse e de patrocínio (27%) e o pouco conhecimento para estruturar um conselho de família (25%) foram outros fatores apontados como dificultadores. Para as empresas que não estruturaram ainda o conselho, os respondentes apontaram como principal razão (25%) a falta de interesse e patrocínio, além do fato de a prioridade atual ser a gestão dos negócios. O pouco conhecimento para estruturar um conselho de família foi apontado por 18% dos entrevistados. Edson Menezes, da EMC Consultoria, palestrou ainda sobre a importância da informação organizada para o bom funcionamento dos conselhos empresariais. Ele explica que esses conselhos são geralmente compostos por representantes da família e profissionais externos, que formam uma equipe de caráter consultivo e deliberativo para o fortalecimento empresarial. O consultor destacou que, além de trazer informações para a situação presente da empresa, essas estruturas têm a missão de olhar para o futuro do negócio, tanto o desdobramento dos projetos e planos que estão em andamento, como daqueles que estão em elaboração e do planejamento estratégico das corporações. SUCESSÃO A importância de planejar os processos de sucessão foram os destaques apresentados por Fernando Carrilho, da Carrilho Construtora, e por Fabiana Nunes, da Martorelli Advogados. O empresário contou a trajetória vitoriosa da empresa, que teve grande parte de sua história associada à construção voltada para moradia da população de baixa renda. Ele testemunhou também sua caminhada

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Em 2017, salário médio dos homens foi 17% maior do que o das mulheres

Com evolução de 2,1%, a remuneração média dos trabalhadores brasileiros subiu para R$ 2.973, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada hoje (28) pelo Ministério do Trabalho. O salário dos cerca de 46 milhões trabalhadores com empregos formais no setor público e privado, porém, mantém a discrepância de anos anteriores na divisão por gênero. Embora apresente um crescimento maior do que o dos homens, o salário médio feminino fechou o ano passado em R$ 2.708, enquanto o dos homens ficou em R$ 3.181. Os números representam, respectivamente, variação positiva de 1,8% e 2,6% na comparação com 2016. De acordo com o Ministério do Trabalho, em 2017 a remuneração média das mulheres era 85,1% o valor da remuneração masculina, em média. Em outras palavras, o salário dos homens encerrou o ano passado 17,46% acima do das mulheres, representados pelos R$ 473,16 a mais pagos, em média, aos trabalhadores do sexo masculino. Os dados indicam que o rendimento está caminhando para uma menor desigualdade entre os gêneros, porém a passos lentos. Em 2016, a remuneração básica recebida pelas mulheres correspondia a 84,3% do salário dos homens. Em 2015, o valor da remuneração feminina era 83,4% o da masculina e, em 2014, 82,39%. Divulgada anualmente para elaborar estatísticas sobre o perfil dos trabalhadores, a Rais contém informações sobre criação de empregos formais, classificação das vagas de trabalho por setor econômico, região do país e divisão em categorias como sexo, faixa etária e escolaridade. Para a remuneração, o Ministério do Trabalho já divulga dados corrigidos pela inflação relativa a dezembro de 2017. De uma forma global, os números que foram a público nesta sexta-feira (28) indicam uma lenta recuperação no número de empregos formais, pois foram criadas 221 mil novas vagas em 2017, após perda de 3,5 milhões no estoque de vínculos trabalhistas nos dois anos anteriores. Hoje também foi divulgada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), segundo a qual o Brasil tem 12,7 milhões de pessoas desocupadas. (Da Agência Brasil)

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Mulheres Negras de todas as regiões do Estado promovem encontro neste fim de semana

Tem início nesta sexta-feira (14) e vai até o domingo (16) o Encontro de Mulheres Negras de Pernambuco. O evento acontece em Recife e é parte integrante da agenda de ações que precedem o Encontro Nacional de Mulheres Negras + 30 anos, terceira reunião nacional das mulheres negras desde 1988. Tendo sido construído por 47 coletivos e instituições do movimento negro, de mulheres e movimentos outros que se solidarizam com as demandas das mulheres negras, o Encontro promove um debate sobre a participação das mulheres negras nas mudanças em Pernambuco e no Brasil. As convidadas para a discussão são Denise Botelho, Rivane Arantes, Robeyoncé Lima, Gilamara Santana e Aparecida Nascimento e elas nos darão um retrato sobre como a população negra em geral e sobretudo as mulheres, em suas diferentes especificidades, tem se mantido de pé frente à conjutura cruel que enfrentamos todos os dias. A mediação fica por conta de Rosa Marques, socióloga e representante de Pernambuco na organização do evento nacional, que acontece em dezembro em Goiania, Goiás. A mesa inicial é aberta para todas as pessoas e convida a sociedade civil para a análise de conjuntura e debate sobre o espaço das mulheres negras no decorrer da história. O objetivo é a promoção da unidade estadual na luta contra o racismo e o sexismo e, para isso, o encontro acolheu 200 mulheres de todas as regiões do Estado nesse momento de imersão, discussão e preparação para o encontro nacional, em que todo o Brasil feminino negro estará pensando junto como agir e se portar diante da crescente perda de direitos recentemente adquiridos. O encontro foi organizado em cinco meses e por sete comissões: comunicação; finanças e infraestrutura; metodologia; creche; mobilização; saúde; e cultura. Só poderão participar do evento mulheres que estiveram nas plenárias de organização que aconteceram entre maio e setembro, seja a partir de comissão ou não. Este ano completa-se 30 anos desde a primeira vez que mulheres negras realizaram um encontro de âmbito nacional. O I Encontro Nacional de Mulheres Negras aconteceu no Rio de Janeiro em setembro de 1988 e é em celebração a este evento que foi deliberado no Fórum Permanente de Mulheres Negras, realizado no Fórum Social Mundial de 2018, a organização de outro encontro nacional e a realização de encontros estaduais preparatórios, que em Pernambuco acontece no mês de julho.

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Mutações não hereditárias são principal causa de câncer de mama em mulheres jovens

Maria Fernanda Ziegler/via Agência FAPESP Cerca de 80% dos casos de câncer de mama em mulheres jovens, com idades entre 20 e 35 anos, podem ser causados por mutações somáticas – alterações genéticas nas células da mama que não têm origem hereditária. Foi o que constatou um estudo feito no Centro de Investigação Translacional em Oncologia (LIM 24) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com apoio da FAPESP. O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum em mulheres – a estimativa é de 59 mil novos casos no Brasil em 2018 – e ocorre principalmente naquelas que têm mais de 50 anos e já se encontram na menopausa. No entanto, 4,5% dos casos da doença acometem mulheres jovens, entre 20 e 35 anos de idade. Por ter diagnóstico mais difícil e ser pouco esperado, normalmente o tratamento nesses casos é iniciado quando a doença já está em estágio mais avançado e apresenta maior taxa de mortalidade que em mulheres mais idosas. Nos resultados do estudo, publicado na revista Oncotarget, são destacados os dois fatores mais importantes para o câncer de mama: o hereditário, quando a pessoa herda uma mutação genética dos pais, que predispõe ao câncer; e as mutações somáticas, que ocorrem na célula da mama ao longo do tempo. “Estudamos esse segundo fator, que descobrimos ser também o mais comum em mulheres jovens com câncer de mama e do qual pouco se sabe”, disse Maria Aparecida Koike Folgueira, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e uma das autoras do artigo, resultado do trabalho de doutorado de Giselly Encinas, com Bolsa da FAPESP. O trabalho teve colaboração de pesquisadores do Icesp, da FMUSP, do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), do Ontario Institute for Cancer Research (Canadá) e da University of Toronto (Canadá). No estudo, foram analisados os casos de 79 pacientes do Icesp e IBCC com menos de 36 anos e diagnosticadas com câncer de mama. Treze pacientes (16,4%) apresentavam mutações germinativas nos genes BRCA1 e 2, que são alterações que têm a hereditariedade como base. O estudo identificou ainda outros genes herdados, que são menos comuns que o BRCA1 e 2. Dos tumores não hereditários, oito (com expressão positiva de receptores de estrogênio, ou seja, subtipo luminal) foram submetidos ao sequenciamento do exoma – parte do genoma onde estão os genes que codificam proteínas – e integrados para análise a outras 29 amostras luminais existentes em outros bancos de dados. “Dentre todos os tumores que acometem pacientes jovens, 25% são câncer de mama. É também o tipo mais comum em jovens. Há poucos estudos nessa área. Enquanto existem 2 mil tumores de mama sequenciados e disponíveis em bancos de dados, apenas 29 tumores (subtipo luminal) que acometem mulheres jovens tinham sido caracterizados. Nosso grupo sequenciou outros oito e analisamos os dados conjuntamente com os outros 29 já existentes”, disse Folgueira à Agência FAPESP. Com a análise dos dados, a equipe estabeleceu informações importantes sobre a ocorrência de câncer de mama causado por mutações somáticas em mulheres jovens. Folgueira explica que as células da mama, em especial, proliferam a cada ciclo ovulatório – proliferam e entram em apoptose (morte celular) –, o que faz com que elas tenham maior chance de uma mutação ao acaso. “Mais de 40% dos casos estudados apresentaram mutação somática em gene que codifica proteína de reparo de DNA, ou seja, o surgimento do câncer veio de um problema em algum sistema de reparo de DNA, que se originou na própria célula da mama e não foi herdado”, disse Folgueira. BRCA1 e BRCA2 Mutações ocorrem o tempo todo, seja por metabolismo celular ou duplicação das células (replicação do DNA), entre outras causas. Tanto que cabe a uma enzima específica – DNA polimerase – criar duas cadeias de DNA idênticas, a partir de uma única molécula de DNA original. Porém, ela pode não ser muito fiel à cópia, gerando erros nessas replicações. Para que o erro do DNA polimerase não passe adiante, existe ainda um sistema de reparos de DNA e, de acordo com o estudo feito no Icesp, 43% dos casos de câncer de mama em mulheres jovens estão relacionados a mutações em genes desse sistema. “Se a célula prolifera bastante ela tem mais chance de ter uma mutação ao acaso e é isso que parece ocorrer nos casos que estudamos”, disse Folgueira. O problema se assemelha aos casos de mutações genéticas hereditárias, onde o mais comum são alterações nos genes BRCA1 e BRCA2. Eles ficaram mundialmente conhecidos em 2013, quando a atriz norte-americana Angelina Jolie anunciou ter se submetido à mastectomia bilateral após ter descoberto, a partir de um exame com base no sequenciamento genético, que teria risco elevado de desenvolver câncer de mama. “Os genes BRCA1 e BRCA2 codificam proteínas importantes que participam do reparo do DNA. Quando esse sistema não funciona, esse DNA fica mais propício a sofrer mutações, e o acúmulo delas gera uma célula alterada, neoplásica, que pode desencadear o câncer”, disse Folgueira. Além de verificar que a hereditariedade não é a causa principal de câncer de mama em mulheres jovens, o estudo constatou que em torno de 50% dos tumores apresentam mutações somáticas patogênicas em genes que controlam a transcrição gênica e consequentemente a síntese proteica – mais problemática por ser uma função em que é mais difícil dizer se está associada à doença ou não. “No estudo, encontramos também mutações patogênicas em genes associados à regulação positiva da transcrição gênica em 54% dos tumores”, disse. Para a pesquisadora, embora a descoberta não altere momentaneamente o tratamento e atenção à população de mulheres jovens, ela surge como uma indicação. “Reparo de DNA é muito importante e um dos tratamentos no câncer de mama metastático, os inibidores da enzima PARP, por exemplo, é direcionado a pacientes com mutação germinativa em BRCA1 e BRCA2. Existem estudos clínicos em andamento para avaliar se este tratamento pode também beneficiar pacientes que apresentam mutações somáticas em outros genes de reparo, além de BRCA1 e BRCA2. Este

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Seis podcasts que você precisa começar a ouvir

*Por Beatriz Braga Ouvir. Precisamos urgentemente abrir os nossos ouvidos. Ouvir quem está do lado, ouvir quem está distante. Ouvir mulheres, ler mulheres, assistir mulheres. Isso, claro, se quisermos evoluir como humanidade. Uma ótima ideia do mundo moderno foi a invenção do podcast (arquivo digital de áudio transmitido através da internet sem necessariamente uma frequência fixa de episódios). Esse tentáculo do rádio tem ganho cada vez mais atenção dxs produtorxs de mídia, isso inclui centenas de mulheres à frente de programas muito interessantes. Eu sou fiel adepta ao mundo do podcast e não saio de casa sem meu fone. De repente, o caminho até o trabalho ou o exercício na academia tornam-se viagens às águas até então não navegadas individualmente. Também continuo uma fiel amadora do mundo analógico e sigo fascinada pelo tradicional rádio nosso de todo dia. O podcast, pois, une o que o rádio tem de fascinante (a atenção às palavras, à discussão e à conversa entre humanos) com o que o avanço tecnológico trouxe de bom (praticidade, diversidade e democratização de conteúdo). As hashtags #mulherespodcasters e #opodcastédelas são um caminho eficiente para descobrir projetos legais protagonizados por vozes femininas. Se você ainda não começou, por que não hoje? Ouça mulheres. Escute diálogos sobre diferentes experiências da sua. Essa é a nossa maior contribuição para um mundo mais bacana. As opções de programas bons (e gratuitos) são infinitas, mas como acho que cardápios grandes atrapalham mais do que ajudam, selecionei os poucos e bons que me acompanham. Compartilho, aqui, minha lista de podcasts queridinhos. Preencher os tempos ociosos do meu dia ouvindo o que outras mulheres têm a dizer foi uma das melhores coisas que fiz nos últimos tempos. Estão preparadxs para uma lista super interessante? 1. Mamilos | B9 Jornalismo de peito aberto, cabeça fria e personagens bem escolhidos. Conversa boa, bem humorada e inteligente, sobre temas que mudam a cada edição: arte, política, sexo, masculinidade, maternidade, aborto e por aí vai. Meu podcast preferido (sou “mamileira” fiel), apresentado por Juliana Wallauer e Cris Bartis, é ótimo para se atualizar dos assuntos do momento. Polêmicas e tabus são bem-vindos e tratados com respeito. Todo mundo deveria ouvir Mamilos! Saiba mais: www.b9.com.br/podcasts/mamilos/ 2. Feito Por Elas | Anticast Eis a proposta: assistir, toda semana, um filme de uma diretora mulher durante um ano. Topa? O desafio#52FilmsbyWomen (52 Filmes por Mulheres) foi lançado pela organização Women in Film (www.womeninfilm.org), projeto que nasceu para alavancar um universo muitas vezes deixado de lado por falta de oportunidade e preconceito. Foi de olho neste desafio que o podcast Feito Por Elas surgiu. Cada edição apresenta uma mesa redonda de mulheres que já tinham alguma experiência anterior em crítica de cinema (Angelica Hellish, Isabel Wittmann, Samantha Brasil, Camila Vieira, Stephania Amaral e Michelle Henriques). Quinzenalmente, uma diretora é escolhida e três filmes diferentes de sua carreira são analisados. A ideia do projeto é enriquecer o debate em torno de produções assinadas por mulheres e dar mais visibilidade às cineastas que fizeram ou continuam fazendo trabalhos importantes ao redor do mundo. Saiba mais: www.anticast.com.br/2016/08/feitoporelas 3) Baseado em Fatos Surreais Para ouvir depois de um dia pesado e dar risada ou se confortar com esses episódios leves de geralmente algo em torno de 20 minutos. A ideia aqui é dar vozes às histórias anônimas de outras mulheres contadas na primeira pessoa. A cada episódio, uma história enviada por ouvintes é interpretada por uma das apresentadoras em uma conversa aberta com outras parceiras. Tudo isso com empatia, sensibilidade e bom-humor. Claro que rola uma dramatizada e uns pontos a mais nos contos, mas tá tudo certo, a gente gosta mesmo de emoção. As histórias giram em tornos de fatos “surreais” que acontecem na vida de pessoas comuns, envolvendo amizade, sexo, trabalho, família e o que mais couber no roteiro cotidiano de gente como a gente. O projeto é mantido por Marcela Ponce de Leon e Sheylli Caleffi, sempre com convidadas para interpretar e reagir aos causos da vida alheia. Saiba mais: www.bfsurreais.com.br 4) Talvez Seja Isso Um convite às profundezas do “ser mulher”. Nesse podcast, mulheres se reúnem para conversar e analisar a obra clássica “Mulheres que correm com os lobos” de Clarissa Pinkola Estés. O livro é um caminho sem volta para transformação pessoal (para as leitoras interessadas, claro). Assim como a felicidade, toda transformação é mais real se compartilhada. O podcast é um espaço seguro para ouvir sobre os ensinamentos desse livro fantástico. A cada edição, um capítulo entra na berlinda. Eu ainda não terminei o livro, mas quando acabo um capítulo, vou lá e ouço essa conversa entre mulheres, que apesar de não conhecê-las, sinto como se fossem minhas amigas dialogando na mesa de bar - e tem melhor cenário para sair renovada? Não necessariamente é preciso ler o livro para entender as reflexões, mas acho que o combo (leitura + discussão) é a maneira mais legal de aproveitar essa viagem ao centro de nós mesmas. Aos mais distraídos, pode soar como besteira. Às mais dispostas, soa como poder. Saiba mais: www.talvezsejaisso.com 5) About Race | Reni Eddo Loge As duas últimas dicas são podcasts em inglês (uma ótima opção para quem quiser, de quebra, treinar o ouvido para esta língua estrangeira). No site do programa, inclusive, encontramos os episódios transcritos para serem lidos. É muito bom escancarar os ouvidos e saber o que se está falando ao redor do mundo também. About Race é o podcast da jornalista britânica Reni Eddo Loge, autora do livro bestseller “Why I'm No Longer Talking to White People About Race” (Porque eu não falo mais com pessoas brancas sobre racismo, em tradução livre), do qual tenho lido críticas maravilhosas e tem alavancado a carreira da escritora pelo mundo. No programa, pautas interessantíssimas, muitas vezes polêmicas e sempre bons convidados. O tema central é racismo e a autora, enquanto feminista com foco interseccional, tem muito a dizer. Encontrei esse podcast por acaso pela internet e virei fã. Em uma das últimas edições, “The Big Question” (a

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Assegurar inclusão de mulheres melhora a qualidade da ciência

Maria Fernanda Ziegler/via Agência FAPESP  O relatório Gender in the Global Research Landscape, da Elsevier, indicou Brasil e Portugal como os países com maior porcentual de mulheres (49%) entre autores de artigos científicos entre as nações analisadas. O relatório, com dados de 2011 a 2015, mostra um notável avanço no Brasil, uma vez que no período anterior, 1996 a 2000, apenas 38% dos autores de artigos eram mulheres. Somente a Austrália mostrou crescimento semelhante. Apesar da boa notícia, no Brasil falta espaço para mulheres em cargos acadêmicos mais elevados, na liderança e coordenação da ciência. Das universidades federais, por exemplo, apenas um terço tem reitoras mulheres. Nas estaduais, o índice é ainda menor, segundo destacaram as pesquisadoras convidadas do Ciência Aberta no dia 1º de agosto. O programa é produzido pela FAPESP em parceria com o jornal Folha de S.Paulo. “Pode parecer que se preocupar ou discutir gênero e ciência seja para melhorar a vida das cientistas. Não é isso. Discutir gênero e ciência é melhorar a forma como a ciência é feita”, disse a socióloga Alice Rangel de Paiva Abreu, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretora do GenderInSite (Gender in science, innovation, technology and enginnering). Também participaram do programa Márcia Barbosa, professora de física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Vanderlan Bolzani, professora titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e membro do Conselho Superior da FAPESP. “Diversidade leva à eficiência. Estudo feito pela empresa da McKinsey, em 2017, mostrou que as empresas com maior diversidade na direção ganhavam mais dinheiro. O estudo concluiu que isso tem relação com a forma que resolvemos problemas, a partir da cooperação. Se em um grupo as pessoas forem diferentes, tiverem culturas diferentes, histórias diferentes, elas vão trazer melhores soluções. Dar espaço para a mulher não é só adicionar 50% da população. A adição da mulher vira uma multiplicação e o que será produzido no final vai ser melhor”, disse Barbosa. De acordo com as pesquisadoras, o machismo é, além de tudo, ineficiente. Dessa forma, situações pouco operacionais – e que até já ganharam termos – como explicar algo óbvio ou que uma mulher já sabe (mansplaining), interromper desnecessariamente para que uma mulher não seja ouvida (manterrupting) ou se apropriar da ideia de uma mulher (bropriating) – permanecem comuns. Outro problema levantado no debate foi o tratamento diferente dado a meninos e meninas desde a infância, em casa e na escola. É comum a noção de que o menino pode ser aventureiro e a menina deve ser contida. “Todos podem ser aventureiros, isso deve ser incentivado em casa e também nas escolas”, disse Bolzani. As pesquisadoras defenderam que a transformação desse cenário para uma maior participação das mulheres em todos os níveis da ciência só será possível a partir de mudanças institucionais. Um exemplo mencionado é o que está sendo feito na União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap). No fim de 2017, a partir da constatação de que havia pouca participação de mulheres em todos os níveis de discussão da instituição, foi criado um comitê para monitorar e aumentar a participação feminina. Estabeleceu-se, inclusive, a meta mínima de 20% para a presença de mulheres entre os participantes das comissões consultivas. Entre 2015 e 2017, a média mundial de participação feminina nos eventos da instituição foi de 17% entre integrantes das conferências. “Se dá trabalho e não leva prestígio, tem mulher. Se dá prestígio, não tem mulher. O porcentual de mulheres, em qualquer área, diminui à medida que se vai para o topo da carreira. Poder, em qualquer área, ainda é um atributo masculino. Porém, na área de exatas, e isso é universal, o porcentual de entrada das mulheres é menor. Que ingrediente é esse? O poder, porque a área de exatas ainda detém a manufatura econômica, tecnológica, que é fonte de dinheiro e ainda está na mão dos homens”, disse Barbosa. Abreu comentou que é preciso trabalhar de maneira global a percepção de que a mulher deve estar presente em todas as áreas e etapas da ciência “Os países desenvolvidos têm políticas já implementadas que podemos estudar e decidir quais devem ser aplicadas no Brasil”, disse. Bolzani destacou a necessidade de se produzir dados mais concretos e globais sobre o problema. “Temos apenas dados pontuais que não mostram a realidade como um todo. Mesmo que eles mostrem que avançamos nos últimos anos, não temos todo o quadro. É importante ter uma visão geral”, disse. Abreu citou o programa STEM and Gender Advancement (SAGA), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que trabalha com indicadores da situação das mulheres e disparidades nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês). “O Brasil não está nesse programa, mas poderíamos. Isso seria importante para saber como estamos nesses indicadores e ter um quadro geral do papel da mulher na ciência”, disse Abreu. Jovem pesquisadora e mãe Outro exemplo abordado no debate foi a iniciativa da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que instituiu que mulheres com filhos pequenos recebam uma pequena ajuda financeira quando forem a conferências. Dessa forma, elas podem levar os filhos aos congressos (e contratar babás ou creches). A creche, uma velha reivindicação feminina, continua sendo uma demanda importante para inserção e manutenção das mulheres na ciência. Nessa profissão em especial, a idade fértil da mulher combina com a faixa etária em que a jovem pesquisadora precisa competir por bolsa de estudos, participar de congressos e ganhar destaque para ascender na carreira. Com a maternidade, a mulher é prejudicada também pelo fato de a sua produção científica cair por algum tempo – um a dois anos pelo menos – e esses anos não serem descartados da sua avaliação. Com uma média de produção científica menor, ela perde oportunidades de bolsas e de ascensão profissional. “Temos que ter condições institucionais para isso. Se a mulher

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