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Política

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O poder do jovem: a força da juventude nas urnas e na política

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais Mais de 2,1 milhões de adolescentes irão votar pela primeira vez neste final de semana. A quantidade de novos eleitores — que estão entre 16 e 18 anos — supera em 51% os números de 2018. Ao analisarem uma faixa mais ampla da população jovem (até os 29 anos), os cientistas políticos identificam que existe uma maior participação desse grupo na vida política do País, para além da simples presença nas urnas. Uma atuação diferente das gerações anteriores e marcada com novas prioridades. A pouca idade se confronta com um cenário que é complexo, mesmo para a população mais madura, com um mix de polarização, ativismo nas redes sociais, disseminação de fake news e da entrada mais contundente da religião no pleito eleitoral. Com 16 anos, Sidney Rodrigues estará pela primeira vez frente a uma urna eletrônica. A decisão de participar tão cedo do pleito eleitoral, tendo se cadastrado ainda com 15 anos, veio do incentivo da avó. Ele não integra nenhum dos movimentos sociais que agregaram tantos jovens nos últimos anos, nem mesmo tem perfil nas redes sociais, mas entende que o momento político do Brasil pede uma participação de todos. “Eu me importo com o que acontece no País. Eu conheço muitos jovens que também estão interessados, mas têm vários outros que não vão votar ou irão anular seu voto. Eu procuro candidatos que defendem um maior investimento em escolas. Estou entrando nesse novo mundo da política, começando a entender agora. Para isso busco informações nos noticiários, na internet, nos debates da TV”. A educação, preocupação número um mencionada por Sidney, foi um dos temas mais mencionados pelos jovens na decisão do seu voto, de acordo com pesquisas. Outras causas que mais geraram interesse foram a falta de empregos, a inflação elevada e a proteção do meio ambiente. Se esses foram fatores prioritários citados para a decisão do voto, praticamente todos relataram inquietação com a circulação de notícias falsas na internet e o risco delas influenciarem a decisão dos eleitores. MAIS ENGAJADOS Uma pesquisa realizada pela marca The Body Shop em parceria com a ONU apontou que a população brasileira dos 17 aos 30 anos é mais engajada que a média global. O estudo revelou que 49% dos brasileiros nessa faixa de idade costumam manifestar seus posicionamentos acerca de questões sociais e ambientais. Enquanto isso, a média mundial dos que expõem as suas opiniões é de 33%. Apesar de uma parcela considerável estar interessada em se manifestar politicamente, 76% dos jovens no mundo sentem que os políticos não os escutam. Quando se fala em integrar formalmente um partido político, por exemplo, apenas 16% dos brasileiros têm interesse. “Os jovens se engajam de formas diferentes. Existem aqueles que são mais ativos, que participam de partidos políticos, militâncias e coletivos. Mas, claro que não são a maioria da população. Esses são de um grupo bem específico. Mas vejo a maior participação dos jovens na política como fruto do aumento do interesse pelo debate. Temos novas formas de participação também, além das tradicionais manifestações de rua e do engajamento em diretórios estudantis. Mas eles participam ativamente de grupos do WhatsApp, canais do Telegram, das redes sociais”, afirma o cientista político e professor da Unicap, Antonio Henrique Lucena. Ao observar as últimas eleições em Pernambuco e o pleito de 2022, o cientista político e professor da UFPE, Michel Zaidan, destaca que a população mais jovem tem assumido um papel de protagonista, inclusive entre os candidatos. “Pernambuco tinha uma tradição de ter políticos já bem velhos. Hoje vemos uma renovação, com maior participação da juventude. Há um protagonismo juvenil, seja votando ou como candidatos. Isso é muito positivo, pois é deles que vem o sentimento de descontentamento e o impulso para a mudança”. MOVIMENTOS SOCIAIS E NOVAS TEMÁTICAS NO DEBATE Além de mais conectados, um dos espaços que mais têm engajado os jovens na vida política são os movimentos sociais. Aos 17 anos, Alana Gonçalves, estudante do ensino médio de Camaragibe, votará pela primeira vez. Incentivada dentro de casa a participar de mobilizações sociais e também partidárias, ela se engajou na UJS ( União da Juventude Socialista) e na UNE (União Nacional dos Estudantes). “Já sou engajada em alguns movimentos político sociais, principalmente voltados para os estudantes, que é tão importante hoje em dia. Sou presidente do grêmio estudantil da escola em que estudo. Dentro do colégio trazemos pessoas para falar de questões estudantis, dos movimentos das mulheres, das classes trabalhadoras, negros e jovens. Em algumas ações unimos as escolas técnicas também. Acredito que os jovens estão muito mais engajados hoje em dia, principalmente das últimas eleições para cá. O advento da internet provocou esse impulso para os estudantes conhecerem mais a política”, avalia Alana Gonçalves. Acima das divisões de esquerda e direita e além do momento da eleição, ela acredita que todos podem se envolver na política do País em ações práticas, como no apoio às populações mais carentes. “Percebendo a situação do Brasil, tive vontade de mudar. Sei que meu voto importa. Mas política é tudo. A gente pode se envolver em várias coisas, como na arrecadação e doação de cestas básicas, atendendo pessoas mais necessitadas, se voluntariando para ajudar em algum tipo de pesquisa. São várias formas de fazer política de forma pacífica”. Quem também está conectado e engajado nos movimentos é Jackson Augusto, morador de Olinda, de 27 anos. “Hoje minha participação está concentrada nos movimentos sociais e também nas redes sociais. Entendo a rede social como um meio para o fim. Eu integro a coordenação nacional do Movimento Negro Evangélico e da Coalização Negra por Direitos. Muito a partir da necessidade e do contexto que o povo negro está vivendo, principalmente de insegurança alimentar. Um apoio mais emergencial da ação social e também na cobrança ao Estado, que está ausente das comunidades”. As redes sociais foram o caminho que ele utilizou para se conectar com as pessoas, principalmente na pandemia. “Rede social é um lugar importante de disputa e de narrativa

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Temas desconsiderados pelos presidenciáveis podem comprometer futuro do Brasil

Os candidatos à Presidência nas eleições em 2022 têm priorizado os temas urgentes do presente — inflação, fome, desemprego — e deixado de lado temas do futuro. Contudo, se não tratados agora, pautas como transição demográfica e transformação do mercado de trabalho, por exemplo, podem se transformar em problemas de mesma dimensão e importância. A transição demográfica acelerada é a mais impactante das pautas do futuro não tratadas pelos presidenciáveis. Estimativas do IBGE demonstram que, na década de 2030, o Brasil terá mais idosos do que jovens e que a população começará a diminuir de tamanho (veja a figura). A causa é a ocorrência simultânea de dois fatores, que também se potencializam: aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de natalidade da população. A expectativa de vida do brasileiro tem aumentado gradativamente. Na década de 1940, era em média 45,5 anos, passando para 76 anos em 2018. A partir de 2042, a projeção do IBGE aponta que a expectativa média de vida no Brasil deve ultrapassar o patamar dos 80 anos, podendo chegar a 82,47 na região Sul e 84,49 em Santa Catarina, em 2060. Isso é fruto, de uma forma geral, do aumento da qualidade e do alcance dos tratamentos de saúde. O segundo fator é a queda contínua da taxa de natalidade no Brasil. Entre 1940 e 1960, a média era de 6,2 filhos por mulher, hoje essa taxa tem registrado 1,7, abaixo do que seria necessário para a reposição da população, que é de 2,1. Em alguns estados, como o Piauí, a redução seria realidade já em 2032. Em Pernambuco deve acontecer apenas em 2044. Na média nacional, a reversão deve ser conferida a partir de 2048. A grande consequência da acelerada transição demográfica da população brasileira é que vamos envelhecer e diminuir o crescimento populacional antes de chegar a um padrão de bem-estar social elevado. Isto é, teremos expectativa de vida de países mais ricos, porém proteção social insuficiente para o novo perfil de cidadão: um em cada quatro brasileiros terá 60 anos ou mais em 2040. Haverá aumento do gasto público com assistência à saúde devido à elevação da quantidade de procedimentos complexos, como o tratamento do câncer. Por consequência, deve ocorrer também o crescimento da frequência de atendimentos e maior tempo de internação. Uma nova reforma da previdência pública também será exigida, pois a conta não fecha quando há mais pessoas para se beneficiar e menos pessoas para contribuir. Sobre a transformação do mercado de trabalho, o rápido avanço da automação nas empresas, caracterizada pelo combo “IA-robotização-conectividade”, substituirá humanos na maioria das atividades pesadas e repetitivas. O Laboratório do Futuro, da COPPE-RJ (Pós- -Graduação e Pesquisa de Engenharia), avaliou que 60% dos empregos no Brasil devem ser impactados pela inteligência artificial nas próximas décadas. Os trabalhadores mais vulneráveis e de baixa qualificação serão os mais afetados. Isso indica um cenário de desemprego estrutural em que haverá sobra de vagas para trabalho qualificado e falta de trabalhadores aptos para preenchê-las. Esse será um dos principais desafios dos governantes nos próximos anos, pois o sistema educacional brasileiro, de uma forma geral, não prepara atualmente os jovens para o trabalho do futuro. E uma mudança como essa consome muito tempo e já deveria ter começado para produzir frutos daqui a 10 anos, por exemplo. Com desemprego estrutural, uma consequência direta é a diminuição da renda média do trabalhador, que gera queda no consumo das famílias, afetando o crescimento econômico. Haverá também a necessidade de aumento do gasto público com programas sociais de renda mínima. E, por outro lado, a diminuição da arrecadação com encargos trabalhistas, afetando mais uma vez a previdência pública. Como vimos, a falta de debate e de propostas para enfrentar a transição demográfica acelerada e a transformação do trabalho pode levar o País a apagões na saúde, na educação e na economia. O presente que queremos no futuro é aquele que construímos no passado. E não estamos construindo neste momento. Nesse sentido, o círculo vicioso da visão de curto prazo dos presidenciáveis é a principal ameaça ao futuro do Brasil.

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Lula é personagem central em novo documentário

“A partir do momento que a gente decidiu pensar com a nossa cabeça, olhar e ver as coisas com os nossos próprios olhos, nós começamos a incomodar.” Izaltina, líder quilombola de Sergipe, incorpora bem em seu discurso a alma do documentário "O Povo Pode?", dirigido por Max Alvim. O documentarista encarou o desafio de propor algo novo em meio a tantos outros filmes já produzidos sobre o ex-presidente Lula. Ainda que em essência o longa trate de política, nomes comuns ao cenário político brasileiro ficaram de fora da lista de entrevistados. Como o próprio título sugere, o povo é protagonista. Personagens corriqueiramente tratados como coadjuvantes, aqui ganham destaque, com vez e voz para refletir sobre um Brasil que deixou de ser,  nostálgicos de um passado não tão apartado no horizonte. Além de Izaltina, assumem protagonismo o baiano João Pires, integrante do MST, a jovem camponesa Vani, do sertão pernambucano e a freira Aurieta, da comunidade Brasília Teimosa, em Recife. Lula é personagem central do doc, porém Alvim optou por focar nas imagens de arquivo e na construção da imagem do petista conforme o olhar particular dos quatro entrevistados. A figura do ex-presidente parece encarnar a representação do povo em mesma essência. É o que conclama a sertaneja Vani ao afirmar que "Lula é o povo". Alvim entrega no segundo ato uma restrospectiva que abarca desde a controversa prisão de Lula até o atual governo. Com imagens de arquivo e manchetes dos principais jornais do país, vai costurando fatos como a, no mínimo, estranha relação de Sérgio Moro com o governo Bolsonaro, rompida logo depois. Mostra a saída de Lula da cadeia, como também as ações do ministério do meio ambiente e a missão de "passar a boiada". Se por um lado a retrospectiva mostra-se rica em conteúdo, por outro parece desviar da proposta inicial que, acredito, seria focar no discurso dos quatro protagonistas. "O Povo Pode?" teve lançamento nacional no último dia 4. Já foi exibido em cidades como Recife e São Paulo. Max Alvim pretende promover exibições públicas e gratuitas, passando por sindicatos, universidades, cineclubes e praças públicas.

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Pré-candidaturas desenhadas na disputa pelo Governo de Pernambuco

Ao se aproximar do mês de março e pouco mais de seis meses antes do pleito eleitoral de 2022, as candidaturas ao Palácio do Campo das Princesas vão se desenhando em Pernambuco. Nessa semana, após um longo caminho, o PSB confirmou o deputado federal Danilo Cabral como o nome que irá para as urnas pela Frente Popular. Na oposição, há uma multiplicidade de candidaturas que aguardam ainda decisões nacionais e avanços de conversas locais para fechar as composições. Confira abaixo as principais apostas dos nomes que disputaram a preferência do eleitor pernambucano. Danilo Cabral (PSB) - O deputado era um dos nomes cotados já em 2014 para disputar o Governo de Pernambuco, quando Paulo Câmara foi indicado pelo ex-governador Eduardo Campo. Agora, Cabral terá a missão de tentar a quinta vitória consecutiva dos socialistas. Mesmo sem nunca ter disputado uma campanha majoritária, ele chegará na campanha com uma forte rede de apoios da Frente Popular de Pernambuco e, provavelmente, será o candidato apoiado pelo ex-presidente Lula em Pernambuco. Raquel Lyra (PSDB) - A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, deverá se licenciar em abril para concorrer ao Governo de Pernambuco como um dos principais nomes da oposição. Filha do ex-governador João Lyra (que  foi vice de Eduardo Campos), ela é forte na Capital do Agreste, que é o maior colégio eleitoral do interior. Nacionalmente, o seu partido deve confirmar uma federação com o Cidadania, que em Pernambuco tem como principal nome o deputado Daniel Coelho. Miguel Coelho (União Brasil) - O partido que é fruto da fusão entre o DEM e o PSL deve inaugurar as disputas em Pernambuco com a candidatura do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. Filho do senador Fernando Bezerra Coelho, ele obteve expressivos índices de aprovação na cidade do Vale do São Francisco e terá o desafio de se tornar mais conhecido na RMR, principal pólo dos eleitores do Estado. Anderson Ferreira (PL) ou Gilson Machado - O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, é outra aposta no campo das oposições. Liderando o segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, Anderson deverá ser o candidato de Jair Bolsonaro no Estado, que se filiou recentemente ao partido. O presidente, porém, deu demonstrações de apoiar o ministro do turismo, Gilson Machado, para a disputa. O ex-sanfoneiro da Brucelose é cotado também para a disputa do senado e até da vice-presidência. João Arnaldo (PSOL) - Candidato à vice-prefeito na chapa de Marília Arraes em 2020, João Arnaldo venceu as prévias do PSOL para a disputa do Governo de Pernambuco. Ele deve ser o principal nome de oposição no campo das esquerdas. Em 2018, a atual vereadora Dani Portela conseguiu 4,97% dos votos, ficando em terceiro lugar na disputa. Jones Manoel (PCB) - Outra pré-candidatura já definida pelo partido foi a do professor, historiador e mestre em serviço social Jones Manoel.   . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente rafael@algomais.com rafaeldantas.jornalista@gmail.com

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“A cúpula militar da ativa tem se mostrado preocupada com a forma de ação de Bolsonaro.”

A democracia brasileira corre perigo? Declarações de duas figuras próximas ao presidente Jair Bolsonaro, feitas na semana passada, levaram muitos brasileiros a fazer essa pergunta. O deputado Daniel Silveira divulgou um vídeo defendo o fechamento do Superior Tribunal Federal e fez apologias ao AI-5. Já o general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas lançou um livro no qual conta em detalhes o tuíte que fez em nome do Exército pressionando o Supremo, às vésperas do julgamento de um pedido para evitar a prisão do ex-presidente Lula. Para Ricardo Sennes, economista e doutor em ciência política, porém, não há sinais de um alinhamento dos oficiais da ativa das Forças Armadas com intenções golpistas. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele analisa as consequências dessas declarações, o posicionamento de Bolsonaro e as ações do STF. A prisão de Daniel Silveira pode ser uma limitação da imunidade parlamentar e do uso das mídias digitais pelos políticos? Aqui é necessário separar conteúdo/mérito e forma/procedimento. No conteúdo acho que é bastante defensável que o deputado cruzou a linha do aceitável em termos de atentado contra a ordem democrática. Se sua fala fosse isolada e em tempos de menos tensão institucional, acho que não teria o tratamento que teve. Porém, no contexto atual, foi claramente um chamado à ação dos grupos políticos mais radicais do País contra as instituições. Ademais, ele não é um cidadão qualquer. Ele é um deputado federal, uma autoridade constituída, portanto, com responsabilidades públicas evidentes. Nesse sentido, acho que claramente cometeu um crime contra a ordem democrática e a paz social. No que tange à forma, aos procedimentos, acho que novamente o STF errou. Acho que existem instituições com funções precípuas para abrir inquéritos, fazer acusações e investigações. Acho que seria função dessas instituições, com destaque para a PGR, que poderia iniciar esse processo investigativo e mesmo solicitar prisão preventiva. Acho bastante preocupante a forma pela qual o STF chamou a si esse tipo de autoridade que constitucionalmente não tem. A omissão de instituições como o Congresso em outros casos de ataques ao STF e a apologia à volta do AI 5 – alguns vindos do próprio clã Bolsonaro – incentivam outras pessoas a seguirem esse comportamento? Creio que o deputado cometeu um crime, portanto, não cabe ao Congresso agir no campo criminal ou judicial. Cabe às instâncias judiciais. Ao Congresso caberia tratar de forma exemplar esse tipo de ação. A essência do parlamento é a tolerância, o respeito à Constituição e ao jogo democrático. Todas as ações de membros que atentam contra isso estão fora do decoro e do juramento que seus membros estão obrigados a seguir. O deputado Daniel Silveira claramente atentou contra esses fundamentos e me parece óbvio que deveria ter seu mandato cassado. Declarações como as de Daniel Silveira e do general Villas Bôas – sobre o posicionamento do Alto Comando do Exército em favor da prisão de Lula – colocam em xeque a democracia brasileira? Acho que esses eventos são de ordem bastante distintas. Obviamente nenhuma das declarações contribue para a normalidade democrática no País. Mas são eventos que correm em raias diferentes. As posturas dos militares na ativa e os da reserva têm sido muito diferentes. Até onde acompanho, a postura da cúpula militar da ativa tem se mostrado bastante preocupada com a forma de ação do presidente Bolsonaro e seu grupo. Já deram recados sobre isso. Talvez menos enfáticos do que gostaríamos, mas têm sido dados. O histórico do deputado Daniel é completamente em outro sentido. É uma pessoa claramente perturbada. Sua passagem pela PM do Rio de Janeiro foi completamente atribulada. Recebeu centenas de punições, processos, foi preso várias vezes. Vejo-o como uma figura menor buscando achar um espaço dentro dos grupos mais radicais da base bolsonarista. É grave, mas faz parte de outra dinâmica política que, infelizmente, está presente no País. LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 179.4 DA REVISTA ALGOMAIS: assine.algomais.com

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Fecomércio-PE promove debate com prefeituráveis de Olinda e Jaboatão

Doze candidatos à prefeitura de Olinda e Jaboatão dos Guararapes participarão, entre os dias 20 e 23 de outubro, do debate da Fecomércio-PE para as eleições de 2020. A iniciativa é uma parceria com os sindicatos Sindnorte e Sindicom Jaboatão e tem como objetivo debater os planos de cada candidato para o segmento do comércio de bens, serviços e turismo, planejamento urbano e outros setores produtivos do município. Toda a sabatina será transmitida pelo canal da Fecomércio-PE, no YouTube. “Após a capital do estado, Jaboatão dos Guararapes e Olinda são os municípios mais populosos em Pernambuco. Assim como fizemos com os prefeituráveis de Recife, o eleitor agora poderá conhecer mais a fundo as ideias e propostas dos principais candidatos dessas regiões, para cumprir de forma consciente o exercício da democracia”, afirma Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac PE. O critério utilizado para escolha dos candidatos sabatinados é a representatividade do partido no Congresso Nacional. O ciclo de debates começa na terça-feira (20) com a sabatina de Marcos Freire Jr (Rede), Armando Sérgio (Avante) e Celso Muniz (MDB). Os prefeituráveis Guto Santa Cruz (PDT), João Paulo (PCdoB), Jorge Federal (PSL) e Professor Lupércio (Solidariedade) encerram os debates em Olinda, na quarta-feira. As propostas dos candidatos de Jaboatão dos Guararapes serão discutidas na quinta-feira, com Arnaldo Delmondes (PCdoB) e Anderson Ferreira (PL); e na sexta-feira, com Maíra Vilar (PDT), Belarmino Silva (Avante) e Daniel Alves (MDB). A programação começa às 15h. O presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac PE, Bernardo Peixoto; o presidente do Sindnorte, Milton Tavares de Melo, e o presidente do Sindicom Jaboatão, Felipe Freire, serão responsáveis pela sabatina aos candidatos. Debate com Prefeituráveis de Olinda e Jaboatão dos Guararapes 20 a 23 de outubro de 2020 Youtube da Fecomércio-PE 1º Debate com Prefeituráveis de Olinda 20/10 – 15h – Marcos Freire Jr (Rede) 20/10 – 17h – Armando Sérgio (Avante) 20/10 – 19h – Celso Muniz (MDB) 21/10 – 15 h – Guto Santa Cruz (PDT) 21/10 – 17h – João Paulo (PCdoB) 21/10 – 19h – Jorge Federal (PSL) 21/10 – 20h - Professor Lupércio (Solidariedade) 1º Debate com Prefeituráveis de Jaboatão dos Guararapes 22/10 – 15h – Arnaldo Delmondes (PCdoB) 22/10 – 19h – Anderson Ferreira (PL) 23/10 – 15h – Maíra Vilar (PDT) 23/10 – 17h – Belarmino Silva (Avante) 23/10 – 19h – Daniel Alves (MDB)

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Dalla Nora: "Inteligência artificial pode silenciar robôs e sites que criam Fake News"

Paulo Dalla Nora Macedo, co-fundador e vice-presidente do Instituto Política Viva, foi um dos entrevistados na matéria da semana passada sobre Fake News. Publicamos hoje a conversa com ele sobre as alternativas para o País superar esse desafio que tumultuou o debate público no Brasil. O Política Viva nasceu em 2013 para promover o debate político crítico e construtivo que recupere os ideais republicanos com integridade e ponderação. . Além de acirrar a polarização política, que outros prejuízos as Fake News oferecem a sociedade brasileira na sua opinião? O maior mal das Fake News é criar uma agenda de prioridades falsas, distorcer quais os temas que de fato preocupam a sociedade ou distorcer como ela pensaria sobre os temas. Como o congresso e o executivo trabalham muito de acordo com as prioridades da população e das suas posições, a máquina de fake news quer sequestrar a agenda do Pais. . Quais as principais descobertas das pesquisas acessadas ou elaboradas pelo Política Viva sobre as Fake News?  O Política Viva tem como pilar defender a política e lutar contra as fakes news. Temos vários estudos sobre o assunto:as notícias falsas são 70% mais compartilhadas que as verdadeiras, mais de 60% do tráfego nas redes sobre política são gerados por robôs, fora esses robôs existem em torno de 5 mil "engajados" profissionais que criam as narrativas, ou seja existe muito pouca espontaneidade. O instituto Reuters divulgou em pesquisa recente que 84% dos brasileiros não confiam no que lêem nas redes, no entanto são essas redes que estão sequestrando o debate. . O combate às Fake News no Brasil tem alcançado algum resultado? Muito tímido ainda. O combate só vai começar a ser efetivo quando a ser efetivo quando as plataformas forem pressionadas economicamente a agir contra os robôs e páginas que eles sabem que disseminam fake news. A Coca Cola e a Unilever recentemente anunciaram que vão deixar de anunciar no Facebook e twitter. Esse é o passo importante. . Quais os caminhos para se evitar a disseminação ou o impacto tão negativo das Fake News na sociedade? Há alguma contribuição tecnológica para isso? Sim, não temos dúvida que com inteligência artificial é possível silenciar esses robôs e os sites que existem para criar fake news, é muito fácil identificar isso e barrar. O problema é que eles são geradores de tráfego e isso e receita. As pessoas têm que entender que um blog postar que Coronavírus não existe, que você pode ir para rua, não é liberdade de expressão. Liberdade de expressão não contempla crimes contra a saúde pública por exemplo, ou calúnia e difamação. Ou postar como absurdos se fossem verdades. As pessoas confundem opiniões com fatos, todo mundo tem direito a sua opinião, mas ao seu fato não. Blogs e canais que a existem para defender que a terra é plana serve para quê além de semear a dúvida em verdades cientificas? Por que as plataformas deixam no ar? Porque geram milhões com os seus vídeos bizarros. Se não fizemos nada vamos chegar ao ponto de quê não existe mais nenhuma verdade básica, só pessoas perturbadas, ou os que querem explicar a sua própria inadequação, gostariam de viver em um mundo assim.

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Pesquisa: presença feminina na política promove queda na mortalidade

Da Agência Brasil Em municípios com prefeitas mulheres, a taxa de mortalidade entre crianças com até 5 anos de idade é menor do que em locais onde os mandatários são do gênero masculino. O destaque é de um estudo publicado na revista Health Affairs, de autoria de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade dos Andes e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Entre 2000 e 2015, a taxa, calculada a cada 1 mil nascidos vivos, caiu de 25,1% para 13,6%, em 3.167 municípios analisados. Como critério de delimitação dos municípios, escolheram-se aqueles que apresentavam menos de 10% de dados faltantes. No período avaliado, a participação feminina em prefeituras foi ampliada de 4,5% para 9,7%. Para o mesmo intervalo, também observou-se a cobertura dos programas Bolsa Família e Estratégia de Saúde da Família, capazes de gerar mais proteção social. A variação foi, respectivamente, de 9,6% para 15,3% e de 25,2% para 54,7%, no âmbito municipal. Acrescentando ao cruzamento dos dados dos programas, os pesquisadores associam, ainda, a presença de mulheres no Poder Legislativo à melhora no índice de mortalidade. Para tanto, foram consideradas deputadas estaduais e deputadas federais, excluindo-se senadoras, e a conclusão também foi de que um fator influi no outro. "O fato de se ter uma mulher eleita como prefeita estava associado a uma redução significativa de mortalidade de crianças menores de 5 anos de idade, de 0,027 pontos percentuais. Além disso, o fato de se ter uma parcela de mulheres na legislatura estadual, de 20% ou mais, estava associado a uma diminuição de 0,038 pontos percentuais. E, ainda, um crescimento na parcela de mulheres eleitas na Câmara dos Deputados, de 0-9% para 10-19% ou para 20% ou mais, estava associado a uma queda na mortalidade infantil de 0,038 pontos percentuais", escrevem. O artigo ressalta, entre outros apontamentos, que "a relação entre o empoderamento de mulheres na política e saúde infantil envolve, provavelmente, caminhos distintos daqueles avaliados", mas que o percurso abarca aprimoramentos no acesso à educação e a recursos e participação no mercado de trabalho. Outra colocação feita é de que a atuação de lideranças políticas do gênero feminino também contribuem para diminuir índices como mortalidade materna, gravidez precoce, casamento infantil e para expandir a cobertura vacinal. Perfil de prefeitas brasileiras De acordo com levantamento feito pelo Instituto Alziras, que leva em conta as eleições de 2016, as prefeitas brasileiras governam para populações de municípios de menor porte - 91% delas venceram o pleito em municípios com até 50 mil habitantes - e que dispõem de orçamento mais restrito. Apesar de mais escolarizadas do que os homens e de ter experiência prévia com atividades políticas, as mulheres ocupam somente 12% das prefeituras de todo o país. As regiões onde têm mais espaço são Nordeste (16%) e Norte (15%). No Sul ocupam apenas 7% dos assentos, enquanto no Sudeste e no Centro-Oeste a proporção é de 9% e 13%. No caso das mulheres negras, a chance de conquistar um lugar é ainda menor. Somente 3% das prefeituras são comandadas por mulheres pretas ou pardas. A atenção voltada para a saúde e a educação é um elemento revelado pelo instituto, que informa que as políticas em ambas as áreas foram marcadas como prioridade por 85% das prefeitas ouvidas pela entidade. Para 32% delas, a assistência social é outro setor que merece um olhar mais cuidadoso.

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Quais os efeitos do Coronavírus nas eleições 2020?

Com a crise mundial de combate ao Coronavírus em pleno ano eleitoral, opiniões se divergem em relação ao adiamento das eleições 2020, previstas para acontecer em outubro deste ano. Há quem defenda estender o mandato dos atuais prefeitos e vereadores até 2022 e quem diga que ainda é cedo para qualquer decisão na área política. Dentro desse cenário, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já adiou o prazo dos eleitores realizarem a biometria. “Não tem como fazer biometria sem ser presencial, porque uma das fases do atendimento é justamente a pessoa colocar as digitais no equipamento na frente do servidor”, explica o advogado eleitoral e membro da comissão nacional de Direito eleitoral da OAB Nacional, Emílio Duarte, acrescentando que esse é o único posicionamento oficial até o momento. . No que diz respeito à alteração no prazo de filiação, que se encerra no próximo dia 4 de abril, não há motivo para preocupações. Esse é um ato meramente administrativo que os partidos conseguem fazer o pedido via internet, sem necessidade de contato físico com outra pessoa. “O que pode ser feito, caso essa epidemia se prolongue, é postergar os prazos de todo calendário eleitoral para não prejudicar nenhum eleitor nem candidato nesse processo eleitoral”, comenta. Com relação ao adiamento das eleições municipais para 2022, Emílio Duarte afirma que essa decisão caberá ao Congresso Nacional e qualquer prorrogação de mandato, seja ao menos em um dia, fere a Constituição Brasileira. Caso haja alguma mudança da Lei, necessária para garantir a segurança de todos, essa deverá acontecer por meio de uma Proposta de Ementa à Constitucional (PEC). “Para que uma PEC entre em vigor é necessário votação em dois turnos no Senado e na Câmara com apoio de, no mínimo, três quintos dos congressistas em cada casa legislativa, o que levaria tempo para ser concluída. Então, o que nos resta é aguardar o cenário de pandemia que estamos vivenciando e acompanhar suas consequências no processo eleitoral 2020”, conclui.

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App permite ao eleitor acompanhar o parlamentar

Não tem sido fácil ao eleitor atuar politicamente em tempos de discussões tórridas e polarizadas na internet. E, diante de tanta fake news e denúncias de corrupção, muitos se desiludem com políticos a ponto de viralizar na WEB frases como “não me representam”. Com o intuito de intervir nesse clima de radicalização e descrença, o movimento Poder do Voto lançou um aplicativo que permite ao cidadão acompanhar o desempenho do deputado e senadores nos quais votou. “As redes sociais estão transformando a política. Nossa intenção com o app é proporcionar ao eleitor ter clareza da representação política e auxiliar na construção de um ambiente político saudável que melhore as condições de vida do País”, anunciou Paulo Dalla Nora integrante do movimento Política Viva e cofundador do Poder do Voto. Durante palestra realizada na reunião da Rede Gestão de novembro, Dalla Nora explicou que o app permite ao usuário se posicionar se é contra ou a favor de projetos de lei a serem votados na Câmara e no Senado. Também possibilita verificar como votaram os parlamentares que elegeu. “Cada pessoa pode seguir um deputado e até três senadores”, salienta. Dessa forma, é possível ao eleitor constatar o seu nível de sintonia com os políticos que está seguindo no aplicativo. O app oferece um ranking dos deputados e senadores que apresentam uma maior convergência com o usuário. “Quando elegemos um deputado ou senador, damos uma procuração para ele. Por meio do app acompanhamos como ele está usando essa procuração. Isto porque o aplicativo armazena os votos e disponibiliza o histórico de como votamos e como os políticos que seguimos votaram”, informa Dalla Nora. Deputados e senadores, por sua vez, recebem informações diárias sobre como as pessoas que os seguem se posicionam sobre os projetos de lei. Todo o funcionamento do Poder do Voto baseou-se em contrapor características das redes sociais que, segundo Dalla Nora, acabaram influenciando de forma negativa a política, desrespeitando os princípios da democracia liberal. É o caso, por exemplo, das fakes news. Pesquisa do Instituto Ipsos mostrou que o Brasil é a nação que mais acredita em mensagens falsas divulgadas pela WEB. “Elas têm 70% mais chances de viralizar”, adverte Dalla Nora. Analistas, segundo o cofundador do Poder do Voto, apontaram existir uma ação estruturada para inundar as redes sociais de falsas informações para confundir as pessoas. Uma articulação que fez com que um em cada seis norte-americanos tenham dúvidas se a Terra é redonda e também influenciou votações como a do Brexit, no Reino Unido. O surpreendente é que não basta checar a veracidade da notícia e alertar o público de que se trata de uma inverdade. “Há tanta desinformação que este fact checking acaba dando a ideia de que, se tudo é sempre mentira, não confie em nada”. Por isso, o aplicativo em vez de desmentir as fake news, oferece a opinião de 14 entidades e organizações de matizes ideológicos diferentes, como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Folha de S. Paulo e Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) sobre os projetos de lei. “É uma maneira de ajudar as pessoas a conhecerem melhor o conteúdo das matérias a serem votadas a partir de uma opinião mais qualificada”. O usuário pode enviar mensagens para os políticos que segue, mas não há espaços para comentários entre usuários, o que evita a disseminação de fake news e polêmicas. O objetivo, segundo Dalla Nora é combater a intolerância e a polarização, dando vazão ao princípio da democracia liberal de que nenhuma vitória é definitiva. “O político que a pessoa segue pode não votar 100% com o que ela acha correto, mas pode haver uma convergência em boa parte das votações”, pondera. Com 60 mil usuários ativos, o aplicativo já recolheu 350 mil votos e colocou em votação 80 projetos de lei. “Crescemos uma média de mil seguidores por semana”, comemora Dala Nora. “O primeiro serviço que oferecemos é lembrar para as pessoas em quem elas votaram, já que 89% não lembram quem eram os seus candidatos. O segundo, é saber o que está sendo votado na Câmara e no Senado, a gente só sabe os grandes assuntos, como Previdência, prisão em segunda instância, etc. O terceiro é saber como o deputado e o senador que a pessoa elegeu estão votando”, resume Dalla Nora.  

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