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"O problema da violência de adolescentes na internet não é responsabilidade apenas dos pais, mas da sociedade"

Psicóloga e professora da UPE, Jacqueline Queiroz analisa a série Adolescência – que tem chocado o público – e a realidade de crianças e jovens impactados por conteúdos violentos nas redes sociais. Ela fornece dicas de como os pais podem lidar com essa geração conectada e defende que eles não são os únicos responsáveis pelo cuidado dos filhos, mas toda a sociedade. “Onde foi que eu errei?”, indaga-se, angustiado, o personagem Eddie Miller (interpretado por Stephen Graham) na minissérie Adolescência. Ele é pai de Jamie (Owen Cooper), que comete um brutal assassinato, influenciado por conteúdos misóginos da internet. Esse desconhecimento sobre por que teria falhado na educação do filho e também sobre o comportamento de Jamie – que ele imaginava estar seguro, sozinho no quarto com seu celular – tem mexido com o público em todo o mundo. A série tornou-se um fenômeno de audiência e é uma das mais assistidas da Netflix em vários países. Debatida na mídia, nas escolas e em conversas no cotidiano das pessoas, Adolescência abriu caminho para uma reflexão sobre a influência das redes sociais nos valores e na violência dos jovens. Também deixa um grande questionamento em relação a como impedir que a garotada nessa faixa etária esteja vulnerável e exposta a esses corrosivos conteúdos. Questões que foram analisadas pela psicóloga escolar Jacqueline Travassos de Queiroz, professora da Faculdade de Psicologia da UPE (Universidade de Pernambuco) nesta entrevista concedida a Cláudia Santos.  Ela fala da misoginia dentro e fora das redes sociais e de como estar próximo do adolescente e acompanhar sua atuação na internet.  Ao defender uma visão de que não se deve culpar mães e pais por essa impactante realidade, ela afirma que eles não são os únicos responsáveis pelo comportamento de crianças e adolescentes que é, também, de toda a sociedade, incluindo as big techs, que ganham bilhões de dólares com a propagação do discurso misógino, as escolas, os governantes. Ou seja: Eddie Miller não errou sozinho, mas junto com toda a sociedade. Há um intenso debate sobre a série Adolescência acerca da violência relacionada às redes sociais digitais. No Brasil, por exemplo, um jovem ateou fogo num morador de rua e transmitiu online. Como a senhora analisa essa influência do uso das redes pelos adolescentes?  Para entender como as tecnologias influenciam os adolescentes, é preciso alterar a forma de compreender as coisas. Há diferença entre o comportamento da geração que viveu adolescência há 10 anos para os adolescentes de hoje que usam tecnologias, como prints, áudios e compartilhamentos via redes digitais.  A grande contribuição da série é desmistificar a ideia que se tem de que o assassino ou o violento é o preto, periférico, que está num espaço de negligência parental. A série, pelo contrário, constrói o perfil de assassino em um menino branco, bem-cuidado, mostrando que a tecnologia insere todos nessa possibilidade de violência. Além disso, não acredito na ideia de que são apenas os conteúdos ou as tecnologias que causam violência ou morte, como a da menina de 11 anos que faleceu, em Pernambuco, após usar desodorante spray no rosto, debaixo de um lençol, sob influência de um desses desafios da internet. É claro que o compartilhamento direto influencia, principalmente crianças e adolescentes que estão sozinhos no quarto tendo acesso a esses conteúdos. Para além do excesso de telas, é importante refletir também sobre o esvaziamento das relações. Essa tecnologia é mais voltada à individualização. O adolescente está sentado, fechado, num quarto onde não é acompanhado, e traz a ideia de segurança para os pais por estar em casa, por ele não estar na rua.  Além disso, os conteúdos compartilhados na internet têm contribuído para a formação desses meninos, conforme a série mostra, em relação ao ódio para contra as meninas. E isso é grave.  Qual o papel da escola diante desse problema?  Na verdade, a escola tem contribuído para isso porque temos visto que ela é um espaço de guerra, de disputas na infância, mas principalmente na adolescência, com as pressões relacionadas à profissionalização, em que o adolescente pensa em que carreira seguir. É nessa pedagogia do exame, em que a escola é o lugar que aprova ou reprova, que a escolarização tem contribuído para o adoecimento, para dificultar essas relações. Antes, a importância de estar na escola era vista com mais tranquilidade, era a oportunidade de encontrar os amigos. Hoje, para além das violências no ambiente escolar, a própria escolarização e cobrança de aprovação, de ser melhor do que o outro, tem contribuído para esse adoecimento em geral. Deveríamos trabalhar para inverter essa lógica reforçando a ideia de que a escola seja um espaço de crescimento, de olhar para si, de descobrir seus interesses.  Uma dica que eu sempre oriento, é que nunca pergunte ao seu filho, depois da prova, qual nota ele vai tirar. O ideal é perguntar se ele teve dúvidas, qual a facilidade ou dificuldade que ele encontrou na avaliação. Porque a escola tem sido um lugar de buscar notas, alcançar metas, principalmente na adolescência, em meio a cobranças do Enem, por exemplo, com uma grande quantidade de conteúdos e uma pressão para tirar 1000 na redação que anula a criatividade.  E qual a responsabilidade das big techs? A responsabilidade com o cuidado é coletiva, e uma dessas responsabilidades é o papel do estado em regular essas empresas. Somos bombardeados por qualquer acesso, qualquer busca. Eu li uma pesquisa em que jovens criaram perfis fakes e, em um deles, uma jovem se colocou na plataforma como cristã. Em pouco tempo, começaram a aparecer discursos fascistas, de ódio contra as mulheres, uma exaltação à masculinidade.  Então, acredito, sim, que é preciso regular, não apenas punir. Também acho que as universidades têm que contribuir com pesquisas nesse sentido.  É papel de todo mundo interferir para que seja ofertado um serviço de melhor qualidade, de menos risco. Até mesmo em relação à fiscalização etária do conteúdo na internet. Ou seja, não é papel só da família fiscalizar se o conteúdo que as crianças acessam é

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Processos de violência doméstica e feminicídio crescem em 2019

O Brasil terminou o ano de 2019 com mais de um milhão de processos de violência doméstica e 5,1 mil processos de feminicídio em tramitação na Justiça. Nos casos de violência doméstica, houve aumento de quase 10%, com o recebimento de 563,7 mil novos processos. Os casos de feminicídio que chegaram ao Judiciário cresceram 5% em relação a 2018. Os dados estão no Painel de Monitoramento da Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgados nesta segunda-feira (9/3). Para a coordenadora do Movimento Permanente de Combate à Violência Doméstica do CNJ, conselheira Maria Cristiana Ziouva, os dados sinalizam uma mudança de postura das mulheres. “As mulheres estão denunciando os agressores. Elas têm buscado o Poder Público, as delegacias, a Justiça, a Defensoria e têm pedido a concessão dessas medidas. Essa é uma ação importante das mulheres, que não aceitam mais viver uma vida de violência e terror e confiam no Judiciário para buscar a saída.” A quantidade de medidas protetivas concedidas também cresceu. Foram 70 mil medidas a mais do que em 2018, chegando a 403,6 mil no ano passado – aumento de 20%. Em termos absolutos, o estado que mais concedeu medidas protetivas foi São Paulo (118 mil); seguido do Rio Grande do Sul (47 mil) e do Paraná (35 mil). Também foi verificado aumento no número de sentenças em processos: foram 35% de sentenças a mais nos casos de feminicídio e 14% a mais nos de violência doméstica. Justiça pela Paz em Casa Nessa semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, tribunais de todo o país vão movimentar milhares de processos relativos a casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. É a 16ª edição da Semana Justiça pela Paz em Casa, que, além de prever um esforço concentrado para julgamento de processos judiciais, envolve atividades de conscientização e de sensibilização sobre o tema.

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Saúde, violência e corrupção são as questões que mais preocupam brasileiros, aponta pesquisa

Saúde, violência e corrupção são os assuntos que mais têm tirado o sono dos cidadãos brasileiros. É o que aponta a edição de janeiro da pesquisa “What Worries the World”, da Ipsos, que ranqueia mensalmente as temáticas que mais preocupam 28 nações do globo. Para 44% dos brasileiros, o tema mais preocupante no país é o “acesso ao atendimento de saúde”. O combo “crime e violência” figura no segundo lugar do ranking, com 41%. Já a “corrupção” é o assunto que mais aflige 36% dos entrevistados. Fecham o top 5, “pobreza e desigualdade social” (34%) e “desemprego” (33%). Ao considerarmos todas as pessoas que responderam à pesquisa nos 28 países participantes, a grande preocupação é relativa à “pobreza e desigualdade social”, com 34%. O “desemprego” incomoda 31% e “crime e violência” foi a escolha de 30%, seguido de “corrupção” (30%) e “acesso ao atendimento de saúde” (27%). País dividido A pesquisa também mensurou o quanto os entrevistados estão satisfeitos com o rumo de suas nações. Neste quesito, o Brasil parece estar dividido. Enquanto 54% dos brasileiros acreditam que o país está no caminho errado, 46% acham que está na direção certa. Já a percepção mundial é um pouco menos positiva. 61% das pessoas ao redor do mundo ponderam que seus países estão no rumo errado. Para 39%, seus países estão na direção certa. Analisando os 28 países, quem desponta no ranking dos mais otimistas é a China, com 90% de seus habitantes acreditando que estão no caminho certo. A pesquisa ocorreu antes do surto de coronavírus que assola o país. Arábia Saudita (78%), Índia (58%), Brasil (46%) e Estados Unidos da América (44%) seguem a liderança asiática. Na outra ponta, o país que conquistou o título de mais pessimista é a Itália, já que apenas 17% creem que o país vai na direção correta. África do Sul (21%), França (21%), Espanha (22%) e Chile (24%) completam a lista. A pesquisa on-line foi realizada com 19,5 mil entrevistados em 28 países, incluindo o Brasil, entre 20 de dezembro de 2019 a 3 de janeiro de 2020. A margem de erro para o Brasil é de 3,1 p.p.

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Violações contra a pessoa idosa crescem 82% em 2019

O ano de 2019 foi marcado pelo aumento de violações contra a pessoa idosa, notificadas pelo Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (CIAPPI), programa vinculado à Secretaria Executiva de Direitos Humanos (SEDH). De janeiro a dezembro do ano passado foram quantificadas 2.845 ocorrências, um aumento de 82%, se comparadas ao mesmo período de 2018, com 1.151. De acordo com o CIAPPI, no ranking dos crimes está à negligência em primeiro lugar, com 1.013 casos, seguida da violência financeira, com 694, e em terceiro lugar, a psicológica com 580. Ainda segundo o programa, também foi constatado o aumento das denúncias que em 2018 foram 796 e em 2019 somaram 1.450. Para o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, o aumento reflete a sensibilização da população e o fortalecimento da pessoa idosa para denunciar. “O Governo de Pernambuco vem trabalhando com afinco na perspectiva de sensibilizar as pessoas a denunciarem, além de estarmos também esclarecendo a vítima de que é possível se livrar de qualquer tipo de violação", relata.

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Pernambuco registra redução 16,9% nos homicídios em 2019

Pernambuco terminou o ano de 2019 com redução de 16,9% dos CVLIs em relação a 2018, de 4.173 para 3.466. É a marca mais baixa dos últimos cinco anos, tendo sido maior apenas que os 3.434 contabilizados em 2014. O ano passado também atingiu a segunda menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes desde a implantação do Pacto pela Vida (PPV), em 2007. Tal índice chegou a 35,64, tendo sido superado somente por 2013 (34,13), considerado o melhor ano do PPV. Dezembro de 2019, especificamente, contabilizou 293 CVLIs, -4,6% no confronto com o último mês de 2018. Trata-se do dezembro menos violento desde 2013, quando houve 289 vítimas, culminando na segunda maior sequência de reduções mensais sucessivas. Foram 25 meses seguidos de queda em relação ao mesmo mês do ano anterior, dois a menos do que no período entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2011. Na avaliação do secretário Antonio de Pádua, o decréscimo acima de dois dígitos percentuais, tanto em 2018 como em 2019, demonstra a solidez do trabalho integrado desenvolvido no âmbito do PPV em Pernambuco, bem como é fruto do crescimento do orçamento da segurança. “Nossa injeção de recursos em inteligência e ampliação de efetivo nos últimos quatro anos, com a chegada de 7.552 profissionais às Polícias Militar, Civil e Científica, assim como ao Corpo de Bombeiros Militar, deu resultados porque atuamos em articulação com os órgãos e secretarias do Governo Estadual, bem como com o Legislativo e o sistema de Justiça. É dessa forma, aprimorando as ações de prevenção e repressão, que seguiremos trabalhando pela paz dos pernambucanos em 2020”, salientou. RECIFE – Entre os 184 municípios pernambucanos, a capital foi a que mais reduziu os homicídios em números absolutos em 2019. Os CVLIs caíram de 601, em 2018, para 493 em 2019. Além disso, o Recife alcançou a segunda menor taxa por 100 mil habitantes, que fechou o ano em 29,89. Na série histórica estatística, iniciada há 16 anos, só 2013 findou abaixo dessa marca, com 28,76. Em seguida na relação de municípios, aparece Petrolina, no Sertão, onde ocorreram 47 casos de homicídio a menos de um ano para outro (de 141 para 94). O terceiro nesse rol é Ipojuca, na área metropolitana, com uma diminuição de 43 mortes violentas nessa mesma comparação, tendo chegado em 2019 à metade do quantitativo de vítimas do ano anterior. A lista de dez cidades do ranking completa-se com Paulista (de 127 para 88), Cabo de Santo Agostinho (de 184 para 153), Igarassu (de 97 para 68) e Jaboatão dos Guararapes (de 317 para 291), todas na RMR. Também aparecem Lajedo, no Agreste, que passou de 37 para 11; São Lourenço da Mata (RMR), de 83 para 59; e, pela Zona da Mata, Timbaúba, que terminou o ano com menos 20 homicídios, que caíram de 44 para 24. DOZE MUNICÍPIOS SEM CVLI EM 2019 – Uma dúzia de cidades, incluindo o distrito de Fernando de Noronha, passou o ano passado sem qualquer ocorrência de morte violenta. Além da ilha, entram na listagem Alagoinha, Cabrobó, Cedro, Cumaru, Granito, Itacuruba, Palmeirina, Salgadinho, São Benedito do Sul, Serrita e Triunfo. Evidentemente, eles estão entre os 97 municípios pernambucanos sem CVLI em dezembro. Outro dado que se realça é o fato de que 53 municípios reduziram esses crimes na comparação com dezembro de 2018. SERTÃO É REGIÃO QUE MAIS RECUOU EM CRIMES CONTRA A VIDA – Em termos percentuais, os municípios do Sertão finalizaram 2019 com a retração mais contundente na soma dos homicídios. A variação atingiu -19,21%, pois os crimes violentos contra a vida diminuíram de 484 para 391. Nessa região, tampouco houve CVLI durante seis dias de dezembro: 2, 3, 5, 9, 17 e 26. O segundo destaque é a Região Metropolitana (excluindo-se o Recife), que aparece com -18,42% ao cair de 1.238 para 1.010 casos. A capital, sozinha, alcançou -17,97%, enquanto no Agreste o índice retrocedeu 15,42% (de 1.057 para 894). Por fim, a Zona da Mata obteve -14,5%, por ter decrescido de 793 para 678. Isoladamente em dezembro último, o declínio mais acentuado nos homicídios pertence à capital, com -25,59% na comparação com o mês final de 2018. Os CVLIs caíram de 51 para 38. Na Zona da Mata, a diferença é de -6,15% (de 65 para 61). O Agreste marcou -2,7%, uma vez que saiu de 74 para 72, e o Sertão manteve o número de 35 vítimas. Apenas a área metropolitana verificou aumento - de 6,1% - nesses 31 dias, ao sair de 82 para 87. TRÁFICO E OUTROS CRIMES LIDERAM MOTIVAÇÕES– Seguindo a tendência de outros anos, em todo 2019 cerca de dois terços (66,68%) dos homicídios tiveram relação com o tráfico de entorpecentes e outras atividades criminosas. A segunda maior causa de CVLIs são os conflitos na comunidade, que corresponderam a 16,62% dos casos. Depois, os conflitos afetivos ou familiares, excetuando-se os feminicídios, estiveram ligados a 3,98% dos crimes. Com percentual próximo, os latrocínios foram associados a 3,87% das notificações. Os casos considerados excludentes de ilicitude foram 3,43%. Motivações diversas tiveram a ver com 2,02% dos registros, enquanto 1,76% permaneceram com causas a definir. Por fim, os feminicídios foram 1,64% do universo analisado. (Do Blog do Governo de Pernambuco)

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PE tem menor número de mulheres assassinadas da série histórica

Os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) cujas vítimas eram do sexo feminino recuaram 18,2% em 2019 na comparação com 2018, ao cair de 242 para 198 casos. Esse é o menor patamar desde que os homicídios passaram a ser contabilizados na atual metodologia, em 2004. Dentro desse total, os feminicídios caíram 23%. As mulheres mortas por sua condição de gênero foram 57 em 2019, 17 a menos do que no ano anterior. No Estado como um todo, os 3.466 homicídios em 2019 constituíram o menor patamar dos últimos cinco anos, -16,9% no confronto com 2018. Recife destacou-se com a mais relevante contenção em números absolutos: registrou 108 homicídios a menos de um ano ao outro A redução das mortes violentas de mulheres em 2019 foi a mais expressiva da série histórica de Pernambuco, de acordo com a metodologia estatística adotada desde 2004. Os dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) evidenciam que os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) cometidos contra vítimas do sexo feminino no ano passado diminuíram 18,2% em comparação com 2018, ao cair de 242 para 198 casos. Inseridos nesse total, os feminicídios retrocederam em 23% no confronto entre os dois últimos anos, pois passaram de 74 para 57. Isso fez de 2019 o ano com a menor incidência de feminicídio desde que se definiu esse tipo criminal, em 2017. Considerando apenas o último mês de dezembro, os CVLIs de mulheres apresentaram queda percentual ainda maior, da ordem de 36,45%. Esses homicídios tinham chegado a 22 em dezembro de 2018, tendo caído para 14 no período equivalente do ano seguinte. No que diz respeito aos feminicídios, o número de vítimas permaneceu inalterado na comparação entre os dois dezembros, com cinco casos registrados. Outro crime cujas ocorrências baixaram foi o de estupro, ao atingir -17,5% em dezembro isoladamente (de 200 para 165) e -12,14% na analogia entre 2018 e 2019 (de 2.751 para 2.417). Já os casos de violência doméstica contra a mulher caíram 2,14% no último mês do ano (de 3.697 para 3.618). Na síntese do ano, as denúncias foram mais frequentes que em 2018, tendo passado de 40.326 para 42.268, uma variação de 4,82%. O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antonio de Pádua, reforça que a SDS tem atuado de forma integrada com outras esferas de governo, no sentido de oferecer às mulheres políticas públicas que permitam quebrar o ciclo de violência. “Nos últimos anos, ampliamos a rede de Delegacias da Mulher no Estado, levando atendimento especializado a todas as regiões. Esse serviço, primordial no combate à impunidade, está nos municípios do Recife, do Cabo de Santo Agostinho, de Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Goiana, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Surubim, Garanhuns, Afogados da Ingazeira e Petrolina. Mas todas as delegacias do Estado estão preparadas para acolher as mulheres no momento da denúncia, uma decisão essencial para que as forças de segurança pública possam punir agressores. Além disso, contamos com a Polícia Militar na rede de proteção, com iniciativas como a Patrulha Maria da Penha. Seus policiais monitoram e visitam as vítimas, zelando pelo cumprimento das medidas protetivas determinadas pela Justiça.” (Do Blog do Governo de Pernambuco)

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Campanha chama atenção para violência contra a mulher negra

Nesta quinta-feira (3), às 18h30, o auditório do Sindicato dos Bancários, no bairro da Boa Vista, recebe o lançamento da campanha “Mulheres Negras Pela Vida!”, promovida pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco (RMNPE) e a ONG Fase Pernambuco. A campanha, que se expande por todas as regiões do Estado, tem como objetivo chamar levar mais conscientização para a população que ainda não percebe como as mulheres negras são penalizadas quando a violência sexista se alinha com o racismo estrutural. Nesse primeiro momento, “Mulheres Negras Pela Vida” se ocupa de expor alguns dados sobre a violência de gênero e raça com uso de manequins que ficarão alocados em espaços de grande circulação. As primeiras paradas são a Estação Central do Recife e o Terminal Integrado da Xambá, em Olinda. A campanha inaugura uma agenda de debates sobre a violência contra a mulher negra e as formas de contra-ataque que foram e são construídas diariamente para ir de encontro a uma realidade comprovados nas estatísticas. A identidade visual da campanha é assinada pela artista e ativista feminista negra Ianah Maia. Durante o lançamento, além da apresentação do plano de ação, haverá uma mesa de debate mediada pela RMNPE e que vai contar com a participação de Ciane Neves abordando o tema “Políticas de Segurança Pública e impactos na vida das mulheres negras”, e Talita Rodrigues falando sobre “Violência obstétrica e mortalidade materna de mulheres negras. Serviço: LANÇAMENTO DA CAMPANHA MULHERES NEGRAS PELA VIDA Quinta-feira (3), 18h30 Local: Sindicato dos Bancários, Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista. Mais informações: 98719.8423/99818.9238 MULHERES NEGRAS PELA VIDA! As mulheres negras são maioria nos piores indicadores sociais e econômicos do Brasil. São elas que enfrentam, cotidianamente, as mais perversas manifestações de violência na sociedade brasileira. Violências de toda ordem, em todas as dimensões da vida: na casa, na rua, na escola, no lazer, no trabalho, no sistema de saúde, nas diversas instituições do Estado. No ano de 2017, no estado de Pernambuco, cerca de 72% das mortes por mortalidade materna foram de mulheres negras (pretas e pardas). A faixa etária mais atingida pelas mortes maternas está entre 20 e 39 anos, com cerca de 74% desses óbitos. Na cidade do Recife, 95% das mulheres que morreram de morte materna em 2018 eram negras. (Dados do Comitê de Mortalidade Materna). Cerca de 80% das mulheres que estão em situação prisional em Pernambuco são negras. O Brasil é o 5º país do mundo que mais encarcera mulheres. Cerca de 20% dessas mulheres são analfabetas (Dados do INFOPEN). Pernambuco é o terceiro estado com maior índice de aumento de casos de homicídios de jovens no ano de 2017, com um aumento de 26,2% em relação a 2016. Em torno de 70% desses jovens assassinados, são jovens negros. São os filhos, maridos, irmãos, familiares e amigos das mulheres negras (Dados do Atlas da Violência 2019). Quase 70% dos negros estão incluídos entre os que recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1400). Entre os brancos, esse índice fica em 45%. Brancos e negros só terão salários iguais no ano de 2089, ou seja, daqui a 70 anos, se a situação do Brasil continuar como está hoje (Pesquisa de Oxfam Brasil, 2017). E QUEM CUIDA DAS MULHERES NEGRAS? Sobre as mulheres negras foram construídos mitos (fundamentados no racismo) que negam sua humanidade e sua subjetividade. Um dos mais cruéis é o que diz que a mulher negra aguenta qualquer tranco e não reclama. Entretanto, são essas mesmas mulheres negras que asseguraram, ao longo da história desse país, as diferentes estratégias de resistência da população negra! As mulheres negras atuaram ombro a ombro com os homens negros na resistência à escravidão, lideraram revoltas e quilombos, constituíram irmandades, preservaram a ancestralidade e a cultura do povo negro, se constituíram como movimento autônomo e hoje fazem diferentes lutas de resistência pelo Brasil todo e também mundialmente. Estão nas lutas pelo Direito à Cidade, no enfrentamento à violência do Estado, na luta pela terra, na defesa dos bens comuns e do bem viver, disputando as universidades, construindo conhecimento, ditando moda nas redes sociais, disputando narrativas de liberdade no mundo on-line e no mundo off-line! Cada vez mais vivas! E é em nome dessa vida negra pulsante, que a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e a ong FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional-Pernambuco) lançam a campanha “Mulheres Negras pela Vida”. A campanha tem como principal objetivo interpelar a sociedade acerca das violências que atingem cotidianamente as mulheres negras, geradas pelo racismo, pelo machismo e a discriminação de classe. A campanha terá atividades nas quatros regiões de Pernambuco: Recife e Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão.

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Modelo de policiamento japonês reduziu de 41% de roubos em Boa Viagem

O modelo de policiamento comunitário baseado no sistema japonês Koban chega a um ano de trabalho no bairro de Boa Viagem alcançando uma queda de 41% nos roubos dentro de seu perímetro de atuação, como resultado da política de proximidade da Polícia Militar com a comunidade na prevenção de crimes. O êxito do projeto "Nossa Presença, Sua Segurança" – iniciado em agosto de 2018 na área de 4 km² compreendida entre as Ruas Bruno Veloso, Barão de Souza Leão, Fernandes Simões Barbosa e Avenida Desembargador José Neves – é comemorado nesta quarta-feira (18/09), na base da Avenida Visconde de Jequitinhonha, com a presença do secretário Antonio de Pádua. De 13 de agosto de 2018, data de lançamento do projeto na Zona Sul do Recife, até 12 de agosto de 2019, ocorreram 277 Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs) no quadrante atendido pelo policiamento comunitário, 190 a menos do que no mesmo período entre 2017 e 2018. A partir do monitoramento policial, que alia patrulhamento constante nas ruas às visitas sistemáticas a estabelecimentos comerciais e residências, o roubo a transeuntes foi a modalidade que mais diminuiu: -44%, saindo de 299 para 166 casos relatados às polícias. Além disso, o número de veículos roubados ou furtados nessa região despencou de 103 para 63, isto é, -39%. São resultados expressivos em um território complexo como é Boa Viagem, caracterizado pelo intenso fluxo de moradores, turistas e população flutuante em uma zona de comércio e de rede hoteleira e bancária abundantes, avalia o secretário Antonio de Pádua. "Ainda temos, dentro da área de atuação do sistema Koban, três áreas de vulnerabilidade social, nas comunidades do Veloso, Entra Apulso e Pocotó. É inegável que a presença dos policiais militares, imbuídos de uma nova filosofia de segurança fincada na prevenção social, teve impacto na atitude de todos que vivem nessa região. As pessoas passaram a se sentir parte fundamental de um processo cujo objetivo é a pacificação, o qual já vem dando resultados robustos", salienta. Segundo o coordenador estadual de Polícia Comunitária, Major Oliveira Júnior, o cerne do trabalho dos 24 policiais militares do 19º Batalhão da PM envolvidos no primeiro Koban instalado naquela área geográfica é construir e ampliar uma rede de segurança local, na qual todos contribuem para um ambiente mais seguro. "A ideia é que o policial seja conhecido como o policial da área, capaz de monitorar o ambiente, a vítima e o potencial autor, a fim de identificar atividades delituosas e prevenir reincidências. Esse monitoramento ocorre por meio de diversas estratégias, como a formação de uma rede de vizinhos, abordagens sistemáticas e o mapeamento do ambiente. Nossos policiais conversam para angariar parceiros, fazendo visitas técnicas preventivas, pois quanto mais próximos estamos, mais real é a nossa leitura da população com a qual trabalhamos. Nosso foco maior é sempre buscar a ausência do crime, a prevenção", detalha o oficial, que foi o representante brasileiro no Curso de Gestão em Policiamento Comunitário realizado em julho de 2018 no Japão, e também integra a Diretoria de Articulação Social e Direitos Humanos da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE). Periodicamente, os policiais confeccionam relatórios sobre os resultados alcançados, as dificuldades e as ideias para solucionar problemas de segurança, o que inclui observar a necessidade de melhoria de fatores urbanísticos associados à violência. Um exemplo foi a obtenção, com a Prefeitura, da melhoria da iluminação e da recuperação do calçamento numa rua onde os motoristas, obrigados a reduzir a velocidade devido aos buracos, eram alvo constante de investidas de criminosos. PAULISTA – Igualmente, uma nova base em Maranguape II já começa a atuar para transformar os moradores em parte integrante do policiamento comunitário. Conversando naturalmente com vizinhos, comerciantes, diretores de escolas, entre outros, policiais do 17º BPM buscam formar parcerias. "Assim que chegamos, o primeiro obstáculo foi quebrar o paradigma, que incluía consumo de drogas nas ruas e até dentro de escolas. Começamos a abordar jovens, conversar com suas famílias, falar com a direção da escola pública para termos livre acesso à instituição. Já conseguimos minar pontos de tráfico e reduzir os furtos em áreas em que esses problemas eram crônicos", comenta a soldado Andria, que atua na unidade instalada no bairro do município de Paulista desde o final de maio, quando teve início o projeto na área. O projeto "Nossa Presença, Sua Segurança" aportou em Paulista juntamente com a implantação do piloto do Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, do governo federal, na cidade. É um dos cinco municípios brasileiros onde o programa se desenvolve desde maio, capitaneado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Neles, estão sendo implementadas ações de segurança pública integradas entre governos municipal, estadual e federal – e o policiamento comunitário soma-se à iniciativa. KOBAN – O modelo de segurança comunitária é fruto da cooperação policial de Pernambuco, por meio da SDS, com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Agência Nacional de Polícia do Japão. A instituição japonesa enviou representantes ao Recife, que colaboraram com a formação do efetivo destacado para desenvolver, no Estado, o padrão nipônico de policiamento. Também policiais da PMPE estiveram em solo japonês a fim de conhecer o milenar sistema Koban, que significa “estrita vigilância local”, e dá nome à base de apoio da Polícia dentro do perímetro estabelecido. SERVIÇO: Comemoração de 1 ano do policiamento comunitário em Boa Viagem Data: quarta-feira, 18 de setembro Horário: 9h30 Local: Base Koban na Avenida Visconde de Jequitinhonha, 2.466, Boa Viagem, Recife (próximo ao restaurante Entre Amigos O Bode)   (Da Agência Brasil)

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Feminicídios caem 50% em agosto em PE

Agosto de 2019 teve menos homicídios em relação a agosto de 2018 e tornou-se o 21º mês consecutivo de redução dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em Pernambuco. Essa série descendente foi iniciada em dezembro de 2017. Somando os oito primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, a retração das mortes chegou a 21,8%, caindo de 2.913 ocorrências, em 2018, para 2.276, neste ano (diferença de 636 para menos). Com 275 CVLIs, -4,2% em relação a agosto de 2018 (287), o mês passado foi, entre os agostos da série histórica, o menos violento em 5 anos. Ficou acima apenas do oitavo mês de 2014, quando houve 250 crimes contra a vida. Destacaram-se ainda, na análise do mês, a diminuição de 50% nos feminicídios. No mês passado, houve 3 feminicídios, contra 6 em agosto de 2018. Agosto de 2019 foi, junto com fevereiro deste ano, o mês em que menos mulheres foram mortas pela condição do gênero. No acumulado do ano, a diminuição desse tipo de crime chegou a 22,9%, caindo de 48 registros, entre janeiro e agosto de 2018, para 37 neste ano. Ainda no somatório dos oito primeiros meses de 2019, a redução dos homicídios de mulheres chegou a 19,2% em relação à mesma parcela de tempo do ano anterior: caiu de 167 no ano passado para 135 este ano (diferença de -32 mortes). Os estupros também apresentaram redução em agosto. Ao todo, foram 173 ocorrências notificadas no mês passado, contra 231 no de 2018, isto é, -25,11%. No consolidado do ano, a queda é 16,48%, caindo de 1.827, nos oito primeiros meses de 2018, para 1.526, no mesmo período de 2019. Ainda em agosto, as polícias pernambucanas registraram menos queixas de violência doméstica contra a mulher. Ao todo, foram 3.028 denúncias registradas, no último mês, contra 3.376 notificadas em agosto de 2018, ou seja, declínio de 10,31%. “A violência contra a mulher costuma ser silenciosa por ocorrer, na maioria das ocasiões, dentro dos lares, praticada por companheiros ou pessoas muito próximas. Cabe ao poder público promover a conscientização e colocar os serviços de proteção mais perto das mulheres. No ano passado, entregamos a nova sede da Delegacia da Mulher do Cabo e inauguramos uma nova unidade em Afogados da Ingazeira, referência para o Pajeú. Vale ressaltar o trabalho da Patrulha Maria da Penha da PMPE, vigiando e cuidando das mulheres com medida protetiva concedida pela Justiça, e das unidades do IML, descentralizadas e regionalizadas desde o ano passado. Perícias e exames, como o sexológico e o traumatológico, têm sido fundamentais para a devida identificação e punição dos agressores. Mas é preciso que a sociedade também se mobilize, ajude a coibir e denunciar. Não dá pra aceitar ou fazer vista grossa. Estatísticas mostram que, sem a intervenção das autoridades, esse tipo de agressor mantém e avança no comportamento violento até chegar ao fato mais dramático, que é o feminicídio", explica o secretário de Defesa Social, Antonio de Pádua. SERTÃO LIDERA RANKING DE REDUÇÃO NO MÊS E NO ACUMULADO DO ANO – Com uma retração de 28,21% nos crimes contra a vida, o Sertão manteve a liderança no ranking de redução dos homicídios, caindo de 39 ocorrências, em agosto do ano passado, para 28 neste ano. Em seguida, vêm os municípios da Região Metropolitana (exceto a Capital), com uma queda de 19,19% nos CVLIs. Ao todo, foram 80 mortes contabilizadas no último agosto, contra 99 no mesmo período do ano anterior. Na Zona da Mata, a diminuição foi de 17,86% (de 56 para 46 óbitos). Sempre destaque no recuo dessa modalidade criminosa, o Agreste foi a única região a oscilar para cima no número de mortes em agosto. Um acréscimo de 37,93%, subindo de 58 crimes, no oitavo mês de 2018, para 80 no mês passado. No consolidado do ano, o Sertão continua mantendo o destaque na redução dos CVLIs. Ao todo, os municípios da região somaram 251 homicídios, entre os meses de janeiro e agosto de 2019, o que representa uma queda de 26,39% em relação ao mesmo período de 2018, quando foram notificados 341 casos do tipo. Em seguida, vem a Região Metropolitana (exceto a Capital), com um decréscimo de 25%. Ao todo, os municípios da área somaram 663 ocorrências, neste ano, contra 884, nos oito primeiros meses do ano passado. Apesar do aumento registrado no mês passado, o Agreste ainda mantém taxa de retração no consolidado do ano, com 585 crimes contra a vida, -21,69% em relação a 2018, com 747 vítimas. Por fim, a Zona da Mata fecha o ranking, com 21,39% óbitos a menos (de 547 para 430). CAPITAL – Apesar de apresentar um aumento nos crimes contra a vida no mês de agosto, quando foram contabilizadas 41 ocorrências, número 17,14% maior que o mesmo período do ano passado, quando houve 35 casos, o Recife continua com retração no número de mortes no acumulado do ano. Em todo o ano, foram 348 crimes contra a vida registrados na cidade, -11,68% em relação aos 394 crimes dos oito primeiros meses de 2018. DE DROGAS LIDERA MOTIVAÇÕES – O tráfico de drogas e demais atividades criminosas continuam sendo as principais motivações de crimes contra a vida no Estado. Dos 2.276 homicídios registrados nos primeiros oitos meses deste ano, 68,91% foram motivados por envolvimento com o tráfico de drogas, acerto de contas ou outras atividades criminais. Em seguida, vieram os conflitos na comunidade, com 387 (17%). Conflitos afetivos e familiares tiveram relação com 85 casos (3,73%). Latrocínios representaram 3,56% e outras motivações, 2,02%. Já em agosto, das 275 ocorrências, 71,64% tiveram origem no tráfico e outras atividades criminosas. Enquanto isso, os conflitos na comunidade, com 35 casos, foram responsáveis por 12,73%. Conflitos afetivos e familiares tiveram relação com 10 casos (3,64%). Latrocínios representaram 3,27% e outras motivações, 2,18%. (Do blog do Governo de Pernambuco)

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Como Medellín reduziu a violência investindo no social

Como uma cidade que ostentava uma taxa de 380 homicídios por 100 mil habitantes consegue reduzir esse indicador para 20 mortes por 100 mil pessoas? Conhecer a experiência da icônica cidade colombiana de Medellín é ainda mais intrigante quando um dos líderes políticos desse processo conta que a principal instituição para essa mudança não foi a polícia, mas as bibliotecas. O ex-prefeito desse município, Alonso Salazar, participou da primeira reunião do Algomais Convida, evento que discutiu as estratégias do poder público para transformar o território do antigo narcotraficante Pablo Escobar num case mundial de urbanismo social. A mudança de paradigma da gestão municipal começa com o movimento Compromisso Cidadão, de acordo com o ex-gestor municipal. O primeiro prefeito eleito desse movimento foi Sergio Fajardo, em 2004. Salazar elegeu-se em seguida, em 2008. Um dos principais legados da sua administração, segundo ele, foi a construção de 14 parques bibliotecas e 150 colégios com alto padrão arquitetônico. O diagnóstico do grupo de acadêmicos e integrantes de movimentos sociais que se uniu com o objetivo de mudar a gestão municipal foi de que os desafios de Medellín não eram apenas socioeconômicos. “O clima era de violência generalizada. A cidade estava em ruína física, mas também moral. Havia uma falta de sentido, de história e de perspectiva de futuro. Era um território do obscurantismo que ninguém visitava. Tínhamos a intuição de que a origem do problema era socioeconômica, mas era mais. Era uma questão existencial, uma fragmentação da identidade e das famílias”, aponta Salazar. Diante da completa falta de autoestima que predominava na cidade, após anos contemplando ataques terroristas e assassinatos em massa de policiais, a prefeitura decidiu entrar nos territórios mais vulneráveis oferecendo equipamentos educativos de altíssimo padrão arquitetônico. “Percebemos que a estética era um motor de mudança social também”, relatou o gestor. Educação, conhecimento e cultura foram os pilares do movimento que orientaram a gestão municipal. Prédios como da Biblioteca Espanha (foto acima) encravados em territórios de alta vulnerabilidade social começaram a povoar Medellín. A princípio eram pequenos pontos no mapa da cidade que tem 2,4 milhões de habitantes. Mas os projetos foram se somando ao longo de oito anos e das gestões que o sucederam e mudaram a face e até a economia dessas comunidades. Estava aplicado, assim, no município colombiano, o conceito do urbanismo social. “Todo urbanismo deveria ser social, mas esse conceito se refere a uma maneira de pensar os territórios marginais e o seu processo de organização. Usar mais metodologias muito inovadoras que foram criadas pelos nossos companheiros arquitetos e urbanistas, com grande participação comunitária”, conta Alonso. Um dos princípios, inclusive, do movimento Compromisso Cidadão, citados pelo ex-prefeito, é que “a participação ativa da sociedade fortalece a democracia”. Uma estratégia usada pelo poder municipal para criar um impacto social foi de não pulverizar os investimentos arquitetônicos, mas de concentrá-los próximos. Requalificar a escola, o centro de saúde e o posto policial, instalar a biblioteca na comunidade, levar um metrô de qualidade. Uma decisão política chamada pelo ex-prefeito de “acupuntura urbana”. “A proposta era intervir radicalmente em um setor, para não fazer as coisas dispersas, mas usar todas as estratégias num espaço. Passados quase 14 anos do começo desse trabalho, as intervenções já são muito visíveis. Isso trouxe um efeito psicológico que gerava o despertar da população que começou a acreditar e se engajar na participação cidadã”, declara. As mudanças em Medellín chamaram a atenção de visitantes de vários países e incrementaram na renda do município uma nova atividade econômica impossível de ser pensada nos anos 90: o turismo. O setor foi apontado por Salazar como o que mais cresce na cidade nos últimos anos. PRÊMIO A mobilidade urbana nas zonas mais pobres, com um metrô eficiente, um vasto sistema de teleféricos nos seus morros e escadas rolantes gigantes e toda a experiência de transformação urbana de Medellín levaram a cidade a receber o título de mais inovadora do mundo. No concurso, realizado pela ONG americana Instituto Urban Land, a antiga cidade de Pablo Escobar venceu Tel Aviv e Nova Iorque. No Recife, os Centros Comunitários de Paz (Compaz) são inspirados nessa experiência colombiana de enfrentamento da violência por intermédio da mão social. Mesmo sem ser uma política de curto prazo, nos primeiros anos de operação nos bairros Alto Santa Terezinha e Cordeiro já foram observados indicadores relevantes de redução de homicídios no entorno dessas infraestruturas, respectivamente de 25,5% e de 35,4%.

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