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Guararapes, o imaginário da fé

Por sua importância na formação histórica da nacionalidade brasileira, as colinas de Guararapes vieram a ser consideradas Monumento Nacional no ano de 1964; quatro anos depois, com a indenização paga aos monges beneditinos de Olinda, deu- -se início ao processo de desapropriação e criação do Parque Histórico Nacional dos Montes Guararapes, criado pelo Decreto Federal nº 68.527, de 19 de abril de 1971. Três colinas – conhecidas como Morro do Telégrafo, Morro da Ferradura e Morro do Oitizeiro – compõem os 225,40 hectares do Parque Histórico dos Montes Guararapes. Em seu sopé, travaram--se duas das mais renhidas batalhas contra os exércitos holandeses que ocupavam o Nordeste do Brasil desde 1630. Na primeira, em 19 de abril de 1648, 5 mil soldados da Companhia das Índias Ocidentais, sob o comando do general Sigmund von Schkoppe, foram derrotados por 3.500 combatentes comandados por João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Filipe Camarão e Antônio da Silva. Nas baixas do exército holandês figuravam 523 feridos e 515 outros, entre mortos e prisioneiros, dos quais 46 oficiais. No confronto, perderam as vidas os coronéis Hendrick van Haus, Cornelis van Elst e Servaes Carpentier, ficando feridos o general von Schkoppe e o coronel Guilherme Houthain. Do lado dos luso-brasileiros foram computados 84 mortos e mais de 400 feridos. A segunda batalha dos Montes Guararapes aconteceu 10 meses depois, em 19 de fevereiro de 1649, quando 2.600 homens que integravam as tropas luso-brasileiras, sob o comando do general Francisco Barreto de Menezes, vêm derrotar 3.510 combatentes do exército da Companhia das Índias Ocidentais comandados pelo tenente-general Johan van den Brincken. A derrota nas duas refregas veio a se tornar nos maiores fracassos da história dos exércitos holandeses. Enquanto nas perdas do lado luso-brasileiro foram computados 47 mortos e 200 feridos, do lado dos invasores perderam a vida o comandante-geral, tenente-general Johan van den Brincken, o vice-almirante Giesseling e 101 outros oficiais que, somados às demais baixas, perfaziam um total de 1.044 mortos e mais de 500 feridos. Estava, assim, selado o fim do Brasil Holandês em terras do Nordeste brasileiro: cinco anos mais tarde, acontece a rendição das tropas ocupantes, assinada por Sigmund von Schkoppe em 26 de janeiro de 1654. Em memória das duas batalhas dos Montes Guararapes, ocorridas nos anos de 1648 e 1649, o general Francisco Barreto de Menezes, mestre-de-campo, general do Estado do Brasil e governador da capitania de Pernambuco, mandou erguer uma capela em louvor a Nossa Senhora dos Prazeres. A partir de 1656, como era de se esperar, as gerações de pernambucanos que se sucederam jamais esqueceram os feitos gloriosos de seus antepassados, atribuindo à providência divina as vitórias de nossos desprovidos e despreparados exércitos contra forças numericamente superiores, adestradas e infinitamente bem armadas. Entende o imaginário pernambucano que fora a excelsa padroeira da Igreja dos Montes Guararapes a responsável pelas vitórias aqui alcançadas, daí sua presença nos painéis comemorativos mandados confeccionar pela Câmara de Olinda, em 1709, e nos dois da própria igreja, confeccionados em 1801, possivelmente pelo pintor José da Fonseca Galvão, e atualmente integrantes do acervo do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Como centro de devoção e romarias, o santuário dos Montes Guararapes já era conhecido no Século 18, com a documentação da existência das casas destinadas aos romeiros de 1734. Sua festa, instituída por seu fundador em comemoração às vitórias alcançadas sobre os holandeses, que acontece anualmente na segunda segunda- feira após o Domingo de Páscoa, tomou caráter mais popular que religioso, sendo descrita com detalhes curiosos por Bernardino Freyre de Figueiredo Abreu e Castro, quando da publicação de seu romance, Nossa Senhora dos Guararapes, impresso no Recife em 1847. Já naquele tempo trazia em seu bojo uma forte presença das nações africanas – cabindas, cabundá, malabar, além dos devotos em geral, sendo marcada por verdadeiros banquetes regados por “vinhos portugueses das mais diferentes e consagradoras marcas”. Para o padre Lino do Monte Carmelo Luna, a festa se estendia por oito dias numa mistura de religiosidade e paganismo, venerando- se os santos padroeiros dos altares laterais e figuras de orixás criadas pelo imaginário do sincretismo religioso afro-brasileiro. O abade do Mosteiro de São Bento de Olinda, D. Pedro Roeser, nos dá informes curiosos sobre a Festa dos Prazeres, mostrando que, há mais de um século, o sincretismo religioso encontra-se presente como sendo “um exemplo de mistura de catolicismo e paganismo”. A festa de Nossa Senhora dos Prazeres era de grande pompa. Prolongava-se por oito dias. O primeiro era dedicado à Nossa Senhora do Rosário, o segundo à Nossa Senhora dos Prazeres, o terceiro à Senhora Santana, o quarto a São Gonçalo, o quinto ao Bom Jesus das Bouças, o sexto à Nossa Senhora da Soledade, o sétimo à Nossa Senhora da Conceição e o oitavo ao Deus Baco.

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Indústria pernambucana liderou crescimento, com alta de 8,8% em fevereiro

A produção industrial pernambucana teve um aumento de 8,8% em fevereiro em relação ao mês anterior, sendo o melhor resultado entre as 15 localidades que contam com o indicador da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-Regional). Enquanto isso, o Brasil registrou uma queda próxima à estabilidade, com -0,2%. Conforme explicado pela gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita, o aumento de 8,8% na produção industrial em fevereiro de 2023 em relação ao mês anterior foi influenciado pela queda nos índices da indústria nos últimos três meses de 2022, o que gerou uma base de comparação baixa. Entretanto, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma queda de 4,8% em volume de produção na indústria pernambucana, percentual superior à média nacional (-2,4%). O mesmo cenário se repetiu na variação acumulada de janeiro e fevereiro, com uma queda de 3,7% em Pernambuco, em contraste com a retração de 1,1% registrada no Brasil. E no acumulado dos últimos 12 meses, de março de 2022 a fevereiro de 2023, Pernambuco apresentou uma queda de 2% na produção industrial, enquanto o país registrou uma queda de 0,2%. No mês de fevereiro de 2023, quatro das 12 atividades industriais analisadas tiveram desempenho positivo em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Os setores que apresentaram os melhores resultados foram: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (156,5%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (26,4%), fabricação de bebidas (18,4%) e metalurgia (6,8%). Por outro lado, a fabricação de produtos minerais não-metálicos foi o setor com o pior desempenho, apresentando queda de 54,4%.

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LMS assina parceria com o Carrefour Property

Dirigida por Eduardo Lemos Filho, a LMS Gestão de Empreendimentos assinou uma parceria para comercializar todas as galerias da rede Carrefour no Nordeste. O grupo é dono das marcas TodoDia, Atacadão, SuperBompreço, Maxxy, Sam’s Club, além do Carrefour. “O nosso escopo é a gestão comercial das galerias do grupo Carrefour no Nordeste, que aumentou muito depois que eles compraram o Big Bompreço. São cerca de 100 galerias, que abrigam em torno de 1,5 mil lojas na região. É como um mega shopping, só que mais complexo, porque está distribuído nos 9 estados”, afirma Eduardo Lemos Filho. Inicialmente a LMS está comercializando os espaços vagos nessas galerias, bem como está fazendo uma avaliação das operações existentes. Atualmente são clientes ativos da LMS empreendimentos como o Paulista North Way, o Recife Outlet, o Shopping Difusora, em Caruaru, e o Grupo Cornélio Brennand.

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Após um ano de volta ao mercado, marca Fratelli Vita planeja lançamentos em 2023

Há um ano a marca Fratelli Vita voltou a produzir seus refrigerantes em Pernambuco. Sendo comercializada em 50 pontos de venda, a bebida está registrando um crescimento de 10% ao mês, segundo o sócio Gustavo Alecrim. A tradicional produtora de bebidas liderou o mercado por anos, vencendo inclusive a Coca Cola no passado. O empresário, que faz a gestão da empresa ao lado do concunhado João Vita, filho do fundador, anuncia novidades para o ano de 2023. “Hoje temos refrigerante de guaraná. Estamos aguardando licenciamento do Ministério da Agricultura para lançar os  refrigerantes de maçã vermelha, uva e de açaí com guaraná”, anuncia Alecrim. A empresa está produzindo hoje em torno de 8 mil unidades por mês. A Fratelli Vita pode ser comprada em garrafas pet 275 ml e de 1 litro em lojas do Grupo Frutaria, Grupo Além do Campo, Norte Bolos, Grupo Casa dos Frios, Portus Delicatessen, em todas as Parla Deli e padarias Globo, entre outros. O produto pode ser encontrado em cerca de 50 pontos de venda. O sócio explica que o tamanho da produção de hoje é muito menor que no seu auge, mas que a marca tem se posicionado como um refrigerante feito como antigamente. Na foto acima, os sócios Gustavo Alecrim e João Vita "Meu sócio é o Jorge Vita, que é descendente direto, filho de Jayme Vita, que era o diretor industrial da fábrica. Ele tinha todas as fórmulas junto com a família. Uma parte da se juntou e decidiu montar a fábrica, há 5 anos, e começamos o trabalho de reformulação do produto. Alguns insumos não eram mais fabricados, alguns fornecedores fecharam. O refrigerante antigamente era composto de produtos mais orgânicos, hoje são mais sintéticos. Contratamos alguns laboratórios para fazer testes, começamos a anunciar a volta ao mercado e notamos a reação positiva do público. A expectativa sobretudo do consumidor com mais de 50 anos era muito positiva. Isso nos encorajou para trazer de volta a marca. Hoje as nossas instalações estão perto da Avenida Norte, uma produção bem artesanal se comparado com a fábrica de até 1972. Retornamos com a produção de menor escala, artesanal, para fazer uma experimentação de mercado. A gente costuma se classificar como um refrigerante feito como antigamente, de base 100% natural, extrato de fruta, não tem aditivos químicos para sabor, com teor de sódio baixíssimo". Atualmente, a equipe que fez a marca reviver é de 10 pessoas, entre diretos e indiretos. O produto também já é encontrado na Bahia e também em Alagoas.

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"É preciso começar as mudanças para chegarmos à tarifa zero no transporte público"

Coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) quer ampliar o debate sobre a gratuidade do transporte público, que há anos vem perdendo passageiros. Ele também analisa as experiências já existentes em cidades brasileiras e do exterior. A gratuidade do transporte urbano público é uma pauta que aos poucos começa a ser mais debatida e a ganhar uma gama maior de defensores. Estopim que levou, em 2013, uma multidão às ruas insuflada pelo Movimento Passe Livre, numa das maiores manifestações de protesto na história recente do País, a tarifa zero já é realidade em 67 cidades brasileiras. No segundo turno das eleições no ano passado, a experiência escalou para mais de 300 cidades que adotaram a gratuidade para facilitar o acesso dos eleitores às urnas. A medida expôs o tamanho da demanda reprimida. Segundo dados da Urbana-PE, no Grande Recife, o número de passageiros nesse dia da votação aumentou 115% em relação aos domingos comuns e 59% na comparação com o primeiro turno. Desde o fim da primeira década dos anos 2000, o transporte público tem perdido passageiros que não dispõem de recursos para pagar a passagem. Situação que se agravou com a pandemia, afetando financeiramente as empresas do setor. “O sistema baseado na tarifa está completamente falido”, sentencia Rafael Calábria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele mostra a viabilidade da passagem gratuita e explica a proposta do SUM (Sistema Único de Mobilidade) feita pelo Idec, que propõe um sistema integrado em todo o País, gratuito e acessível a todos os brasileiros. Qual é a proposta do SUM (Sistema Único de Mobilidade)? A ideia central é que o setor de transportes passe a ser tratado como uma política pública, passe a ter um sistema de governos que apoiem os municípios na execução das políticas de mobilidade. Hoje cada cidade faz seus próprios sistemas, umas têm órgãos, outras têm autarquias, uma a secretaria executa, outra faz a concessão de um jeito, outra, de outro. Algumas, como no Recife, fazem um consórcio metropolitano. Mas falta uma estruturação do Governo Federal e dos estados para apoiar a mobilidade com mais recursos, com mais capacidade técnica, com treinamento para as equipes para termos uma melhoria na qualidade dos transportes no País. Os municípios, muitas vezes, não têm capacidade para gerir o tanto quanto é preciso no setor com recursos. A mobilidade urbana transpassa os limites municipais. Então, é natural ela seja tratada em ambientes regionais com debates entre estados que sejam mais amplos do que é feito hoje nas cidades. Quais os problemas que vocês detectam na mobilidade? Para quem caminha ou anda de bicicleta existe uma falta de estrutura tremenda, as calçadas são ruins, as ciclovias são incompletas, os gestores municipais não são atualizados para debater esse tema, há uma política de corte de custos e não há investimentos nessa infraestrutura. Para o transporte coletivo também falta infraestrutura, não temos metrôs nem corredores de ônibus suficientes, os pontos (paradas) não são adequados, os terminais são antigos. Quanto aos ônibus, geralmente, o tempo de espera é muito longo para o cidadão, existe alta lotação e são caros, porque é um sistema que depende da tarifa para se bancar. Os empresários acabam direcionando para onde é mais rentável, para avenidas mais centrais, para os horários de pico, e reduzem a frota. Com isso aumenta o tempo do intervalo de espera e a lotação. Por isso é necessário apoio técnico e financeiro para que o sistema não dependa da tarifa. A tarifa zero no transporte público já é realidade em 67 cidades no País. Ela também está prevista no SUM? Assim como o SUS é um sistema de saúde universal e gratuito, defendemos o mesmo para a mobilidade. Mas esse debate no setor está muito mais atrasado do que na saúde. O que defendemos é que precisam começar as mudanças para chegarmos à tarifa zero. Precisamos mudar os contratos, parar de depender da tarifa, fazer os pagamentos por quilômetro, ou por custo ou por qualidade, buscar fontes de financiamento para poder baratear a tarifa e dar uma estabilidade de receita para o sistema de modo a que a frequência possa ser boa. Assim, vamos criando uma cultura para o governo participar mais desse sistema, para que mais cidades possam adotar a tarifa zero. Hoje ela existe exclusivamente em cidades pequenas. Como possuem um sistema mais simples, elas conseguem ter mais facilidade. Nas cidades maiores é mais complexo, elas têm um sistema também de trilhos, como metrôs e trens, há uma relação com cidades vizinhas. Existe uma rede muito mais cara e complexa. Então, a fonte de financiamento é importante para esse debate. O que é urgente é que a cidade comece a debater o tema, porque o sistema baseado na tarifa está completamente falido. Como são as experiências nas cidades que adotaram a tarifa zero? No Brasil, a maior parte das cidades que implantaram são pequenas e recorrem ao orçamento do município. O que alguns prefeitos alegaram é: como eles têm que pagar o vale-transporte de quem é servidor da prefeitura, eles já têm um gasto com isso, então o impacto da tarifa zero não é tão grande no orçamento. O exemplo mais relevante e organizado fora do Brasil, eu diria, é o francês, porque eles modificaram o vale-transporte. Em vez de a empresa pagar o valor para o funcionário que usa ônibus e/ou o metrô, a empresa recolhe o valor que vai para um fundo federal que barateia todo o transporte no país. Mas há ainda uma parte que é usada do orçamento. Defendemos aqui no Brasil essa possibilidade de mudança do vale-transporte. Há um debate bem avançado disso. Existem fontes que já foram debatidas como a CID da gasolina, em que se cobraria dos usuários de carros, que é uma política positiva já que os automóveis é que geram trânsito, eles são da política universal e é bem mais caro ter acesso ao carro. Têm sido debatidas outras fontes,

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Violência nas escolas: Paz também se aprende

*Por Rafael Dantas Ansiedade e tensão no ambiente escolar não são novidades. Mas, além das provas e exames de seleção para as universidades, os estudantes e professores convivem há algumas semanas com o medo dos casos extremos de violência. Os ataques que vitimaram quatro pessoas em uma creche de Santa Catarina e uma professora numa escola em São Paulo, somados a um turbilhão de notícias falsas que vieram em sequência, criaram uma crise aguda que está sendo enfrentada ainda pelas redes de ensino. Além das pressões típicas do ano letivo e o legado emocional nocivo da pandemia, os desafios da educação brasileira e pernambucana em 2023 demandam soluções que perpassam por campanhas pedagógicas, atendimentos psicológicos e ações mais concretas de segurança. Algumas dessas iniciativas são mais focadas na tempestade que o setor educacional atravessa e outras devem permanecer de forma contínua. VIOLÊNCIA QUE PULOU O MURO DA ESCOLA Na análise do advogado, cientista político e especialista em segurança pública Isaac Luna, o ataque à creche que chocou o Brasil é fruto de um cenário social que o País atravessa há alguns anos e que transbordou no ambiente escolar neste mês. “O Brasil viveu, na última década, uma expansão muito grande da violência em todas as suas manifestações. Nesse ambiente de tensão social os discursos de higienização, ódio e supremacia ganharam espaço e evoluíram para todos os setores da sociedade pelas redes sociais”. Além disso, nos últimos anos houve a flexibilização do acesso a armas de fogo e o crescimento do discurso de extermínio como solução aceitável para solucionar conflitos. “Como a escola é um recorte do todo social, tende a refletir os valores cultivados e propagados no seu entorno. A naturalização da violência, o incentivo ao extermínio e até o crescimento aberto de grupos neonazistas potencializaram a violência nas escolas. Nós não temos uma escola violenta, o que temos é uma sociedade extremamente violenta, com números alarmantes de ocorrências de ameaças, agressões físicas, morais e sexuais e, finalmente, muitas mortes violentas”, contextualiza o advogado do escritório Herculano e Ribeiro Advocacia. Os efeitos emocionais e psicológicos da pandemia, associados ao discurso de ódio pregado livremente nos últimos anos no Brasil são a equação que tem tido como resultado esses casos de violência aguda no contexto escolar, na análise do secretário de Segurança Cidadã do Recife, Murilo Cavalcanti. “A pandemia deixou um transtorno mental muito forte nas pessoas e isso se refletiu nesse setor das escolas. Cresceram os transtornos e suicídios durante a pandemia. Mas outra razão disso é a política do ódio disseminada nesse País por quatro anos. A mensagem do olho por olho e dente por dente, de fazer justiça com as mãos. Não podemos relevar isso de maneira nenhuma”. Ao mencionar esse cenário, o secretário lembrou da cena do ex- -presidente Jair Bolsonaro ensinando uma criança com as mãos a fazer o gesto do uso de uma arma, em 2018, em Goiás. Em 2019, em outro evento em São Paulo, ele colocou no colo uma criança vestida de policial militar com uma arma de brinquedo em mãos. “Essa política do ódio reflete-se na cabeça dos meninos. Nesse período de crise, a mediação de conflitos, o esforço em perceber alunos alterados e a disponibilidade de um serviço psicológico são fundamentais”, sugere o secretário. Apesar de o número de ataques às escolas não ser volumoso, ele aumentou na última década. Dados apresentados pelo mapeamento da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre ataques em escolas por alunos ou ex-alunos revelam uma preocupante tendência de aumento. Desde o primeiro registro em 2002, foram listadas 22 ocorrências. Chama a atenção o fato de que mais da metade dos casos (13 ocorrências) aconteceram apenas nos últimos dois anos. Há duas tipificações mais comuns dos agressores, segundo a psicóloga e professora do Unit-PE (Centro Universitário Tiradentes) Giedra Marinho. “Quem são os autores desses crimes, atentados e ameaças? Dois grupos: o primeiro é de adolescentes que sofreram bullying e perseguição em escolas. Alguns retornam na intenção de se vingar e com isso ter certa notoriedade. O outro é formado por adultos com transtornos mentais, que acharam um caminho para colocar em prática a perversidade e a maldade. É importante não divulgar essas pessoas. Ao darmos o palco, damos combustível para novos ataques”. DESINFORMAÇÃO AUMENTA O PÂNICO A quantidade de informações falsas de ataques e ameaças de novos episódios de violência em escolas aumentou o desgaste dos pais e da comunidade escolar de forma geral nas últimas semanas. Esse fenômeno da desinformação, que esteve presente nas eleições e no enfrentamento à pandemia, surge mais uma vez na sociedade, dificultando a ação das políticas públicas. O fenômeno da desinformação nesse caso engrossou o discurso de que é necessário regular as redes sociais, que são os canais de circulação das fake news. “Temos uma sociedade doente pós-pandemia, parte dela precisa de tratamento, mas há uma parte que precisa de punição. O Poder Judiciário, com o apoio das polícias, precisa identificar quem está disseminando isso e punir. Disseminar fake news não é liberdade de expressão. Isso é terrorismo, que precisa ser severamente punido”, defende Murilo Cavalcanti. A desinformação tem jogado contra as escolas, levando algumas famílias até a retirarem seus filhos dos sistemas de ensino por medo. “As redes sociais não têm controle. Um evento ganha proporções bem maiores porque a desinformação circula bem mais rápido. Muitas pessoas jogam qualquer informação nas redes, sem senso ou criticidade. Infelizmente isso tem alcançado muitas famílias, disseminando o medo e ódio. É preciso uma regulamentação das redes sociais”, afirma a pedagoga Cássia Souza, que coordena projetos de educação do Centro das Mulheres do Cabo, é ativista pela educação da Rede Malala e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. REAÇÕES DE SEGURANÇA NA REDE ESCOLAR Desde os ataques que chocaram o País, o Governo Federal e os diversos sistemas de educação estaduais e municipais reagiram com medidas emergenciais para aumentar a segurança no ambiente escolar e prevenir novos casos. Em Pernambuco, por exemplo, foi criado o canal telefônico 197, voltado exclusivamente para

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GSI divulga imagens do dia da invasão no Palácio do Planalto

(Da Agência Brasil) O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) divulgou, em seu site, arquivos das imagens das câmeras do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto gravadas no dia 8 de janeiro de 2023. Nesse dia, centenas de manifestantes invadiram e vandalizaram a sede do Poder Executivo. As imagens estavam sob sigilo por fazer parte de inquérito policial que investiga os ataques de 8 de janeiro, mas trechos delas foram divulgadas pela CNN na última quarta-feira (19). Na sexta-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os atos golpistas, determinou a quebra do sigilo das imagens para envio à investigação que está em andamento no STF.  O então ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão depois de aparecer nas imagens junto com outros funcionários da pasta, no momento em que os vândalos invadiam o Palácio. Pelo menos nove desses servidores foram identificados pelo próprio GSI.  Alexandre de Moraes determinou que todos eles fossem ouvidos pela PF no prazo de 48 horas. A Polícia Federal (PF) está colhendo neste domingo (23) os depoimentos. Dias já prestou seu depoimento antes do fim de semana.  Na última sexta-feira (21), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, em entrevista, que os depoimentos à PF são importantes para apurar responsabilidades.  “Imagens, sobretudo quando elas têm algum grau de edição, não são instrumentos que possam provar absolutamente nada. São instrumentos que as instituições que podem fazer a apuração devem utilizar, como outros, para identificar a responsabilidade de todos aqueles que aparecem”, disse o ministro.  Padilha ressaltou que o ex-ministro Gonçalves Dias tem uma “biografia” de serviços públicos prestados nas Forças Armadas e na segurança da Presidência da República em outros governos. “Aquelas imagens, a priori, não desmontam essa biografia, mas é muito importante que ela sirva de instrumento, com outros, para que a apuração seja feita pela Polícia Federal e pelo Judiciário”.  O ministro Padilha afirmou ainda que o presidente Lula solicitou ao ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, que faça um raio-x dos servidores que estão hoje no GSI e que possam ter participado dos atos golpistas.  Em nota divulgada no dia 19, o GSI, informou que os agentes estavam buscando evacuar o quarto e o terceiro piso para concentrar os invasores no segundo andar, onde foram presos depois da chegada da Polícia Militar do Distrito Federal. Na nota, o GSI informou ainda que as ações dos agentes da pasta no dia da invasão estão sendo investigadas e, caso sejam comprovadas condutas irregulares, eles serão responsabilizados. CPMI Na entrevista de sexta-feira, o ministro Alexandre Padilha afirmou que o governo está aguardando a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro para montar sua estratégia.   “O que eu sinto, tanto na Câmara quanto no Senado, desde o dia 8 de janeiro, é uma ampla maioria que rechaça os atos terroristas do dia 8. O Legislativo foi atacado, foi invadido, foi violentado. Quem praticou aqueles atos terroristas não queria reconhecer a eleição do presidente da República, mas também não queria reconhecer o papel do Congresso”.  Segundo ele, a CPMI terá o papel de desmontar “uma teoria conspiratória absurda de que as vítimas” foram as responsáveis pelos atos terroristas. Padilha acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ser “responsável moral, espiritual e organizativo” pelos atos. O ministro disse que tanto a PF quanto a CPMI vão atrás daqueles que financiaram, planejaram e mobilizaram e também dos servidores que possam ter auxiliado os invasores dentro do Palácio do Planalto. 

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Maioria do STF aceita denúncias contra participantes de atos golpistas

(Da Agência Brasil) O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos para transformar em réus 100 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, foram depredadas as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.    Seis ministros votaram a favor do recebimento das denúncias. Até o momento, acompanharam o voto do relator Alexandres de Moraes, os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cármen Lúcia.    A votação virtual contra os acusados começou à meia-noite do dia 18, terça-feira, e vai até as 23h59 de segunda-feira (24).    Ao apresentar seu voto, Alexandre de Moraes descreveu como “gravíssima” a conduta dos denunciados, que tinham como objetivo final abolir os poderes de Estado. Os ministros que ainda precisam apresentar seus votos no sistema eletrônico são André Mendonça, Nunes Marques, Rosa Weber e Luiz Fux.    Com o início do processo, haverá coleta de provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação. Depois, o STF ainda terá de julgar se condena ou absolve os acusados, o que não tem prazo para ocorrer.   As denúncias envolvem crimes previstos no Código Penal: associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; ameaça; perseguição; incitação ao crime e dano qualificado. A PGR também cita o crime de deterioração de patrimônio tombado.   Levantamento do STF mostra que das 1,4 mil pessoas presas no dia dos ataques, 294 permanecem no sistema penitenciário do Distrito Federal. As demais foram soltas por não representarem mais riscos à sociedade e às investigações.  

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Banco do Nordeste, Porto Digital e Prefeitura do Recife assinam convênio de R$ 895 mil

Banco do Nordeste (BNB), Porto Digital, e Prefeitura do Recife assinam convênio de R$ 895 mil para oferecer bolsa permanência a estudantes do Programa Embarque Digital. Serão oferecidas bolsas no valor mensal de R$ 248,39 durante oito meses a 250 alunos de nível superior que participam do Programa. Os recursos serão utilizados pelos jovens em situação de vulnerabilidade social para o pagamento de despesas, evitando a evasão escolar. Cerca de R$ 645,8 mil serão liberados pelo BNB, e o Porto Digital oferecerá contrapartida não financeira. O projeto prevê ainda formação suplementar com 60 vagas para o desenvolvimento de habilidades comportamentais e técnicas. O acordo foi assinado nesta semana entre o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, o prefeito da cidade do Recife, João Campos, e o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena. “A gente está aqui para mudar a imaginação do Recife e para a cidade servir de exemplo primeiro para Pernambuco e depois para o Nordeste e Brasil. Há 23 anos, o Porto Digital era composto apenas por cinco empresas e cinquenta pessoas. Atualmente, somos 360 empresas, 17,2 mil pessoas e temos R$ 4,7 bilhões de faturamento. Por causa de parceiros como a Prefeitura do Recife e o Banco do Nordeste nós conseguimos transformar vidas”, comemorou o professor Sílvio Meira, um dos fundadores e atual presidente do Porto Digital, que esteve presente no evento.

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Inteligência Artificial: vantagem ou perigo?

*Por Rafael Dantas A inteligência artificial (IA) parecia um assunto para um futuro muito distante. Tema de filmes ou no máximo do interesse de um segmento muito restrito de profissionais de tecnologia. No entanto, em poucos meses, especialmente após o surgimento do ChatGPT, o mundo entrou em polvorosa com seus potenciais avanços e ameaças. A suspensão do desenvolvimento e a regulação da sua aplicação entraram na pauta política e empresarial. Mas, afinal, quais as promessas da IA para a humanidade e até que ponto devemos nos preocupar com ela? As experiências e aplicações da IA não são uma novidade. Mas a aceleração do desenvolvimento dessas tecnologias e os seus efeitos na sociedade é que estão fascinando e assustando a sociedade e o mercado. Só na versão atual do ChatGPT já surgiram discussões sobre a escrita de artigos científicos pela máquina ou mesmo a polêmica aprovação de provas do robô no Exame de Licenciamento Médico dos Estados Unidos. O uso de IA pela Midjourney para criar uma imagem do Papa Francisco com um casaco fashion criou um alerta também para o impacto dessa tecnologia na criação de fake news, muito mais difíceis de serem verificadas. A grande questão dessas experiências é que estamos observando apenas os primeiros passos de uma aplicação mais popular da IA com o domínio da linguagem, a exemplo do que foram os primeiros computadores pessoais ou as versões iniciais do celular. O grau de transformação que elas podem provocar em um mundo que nem é sólido, nem líquido, mas “multiexplosivo” de tensões econômicas e políticas ainda é imprevisível. *Leia a reportagem completa na edição 213 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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