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Algomais é finalista do Prêmio Fiepe de Jornalismo em duas categorias

O Prêmio Fiepe de Jornalismo 2023 anunciou os finalistas e a Revista Algomais está classificada com duas publicações, do repórter Rafael Dantas. A série de reportagens Desafios do Desenvolvimento de Pernambuco foi uma das três indicadas na categoria Impressa. Entre as matérias selecionadas na categoria Internet, a finalista é a série Uma década do Polo Automotivo de Goiana. A premiação é promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (Sinjope) e com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). A série “Desafios do Desenvolvimento de Pernambuco” discutiu com especialistas de todo o Estado os principais problemas, potenciais e possíveis soluções para as quatro grandes regiões do Estado (Sertão, Agreste, Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife). Para a reportagem, a revista contou com o suporte de dados socioeconômicos levantados pelo gestor de pesquisas do IBGE, Romero Maia, além de entrevistas com acadêmicos e representantes empresariais e do poder público de cada região. Já a Série “Uma Década do Polo Automotivo de Goiana”, foi um projeto teve apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e da Meta Journalism Project, em parceria com o International Center for Journalists (ICFJ). Uma década após o inicio das obras, o Polo Automotivo de Goiana promoveu grandes transformações na cidade sede, nos municípios do entorno e até na balança de exportações de Pernambuco. As reportagem produzidas pelo jornalista Rafael Dantas trouxeram olhares de especialistas de diferentes áreas, do Grupo Stellantis e dos moradores do município de tradição sucroalcooleira que virou o berço de uma das indústrias mais modernas do mundo no setor de produção de automóveis. “Foram dois projetos de fôlego da nossa redação que apontaram avanços e também levantaram questionamentos sobre o desenvolvimento do nosso Estado. A diversidade de olhares contribuiu para uma análise mais ampla tanto dos entraves para um novo ciclo de desenvolvimento do Estado, como para a situação de transformação em curso dos municípios que estão na área de influência do polo automotivo liderado pela Stellantis, em Goiana. Em ambos, tive a edição caprichosa da nossa editora Cláudia Santos e o trabalho criativo do nosso designer Rivaldo Neto para desenhar as reportagens, além das capas de Henrique Pereira”, afirmou o repórter Rafael Dantas. Na série sobre o pólo automotivo, o projeto contou ainda com fotos de Tom Cabral. Os premiados serão conhecidos no dia 23 de novembro, em uma cerimônia realizada na sede da Federação das Indústrias de Pernambuco. Confira abaixo algumas das reportagens dos projetos finalistas. Especial: Uma década do polo automotivo de Goiana Desafios do Desenvolvimento do agreste passam pela questão hídrica e por preservação ambiental Desafios para o Desenvolvimento do Sertão Desafio do Desenvolvimento da RMR é o equilíbrio social e econômico Desafio do Desenvolvimento da Zona da Mata pernambucana

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Estudo mostra desafios da educação infantil brasileira

(Da Agência Brasil) O estudo Qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil: análise do Saeb 2021, divulgado nesta quinta-feira (16), chegou à constatação de que a qualidade da infraestrutura das escolas (creches) para crianças de 0 a 3 anos e da educação infantil de 4 a 5 anos de idade, apresenta muitos desafios em todo o Brasil. Essa foi a primeira coleta de dados em larga escala efetuada nas escolas para essas faixas etárias, com base em informações do Censo Escolar 2022 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) da Educação Infantil, de 2021.  O levantamento foi efetuado por Tiago Bartholo e por Mariane Koslinski, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com financiamento da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV). Ele permite, em alguma medida, captar como as políticas nesse campo estão sendo implementadas. Bartholo comentou que a educação infantil vem recebendo, de fato, aumento de recursos nos últimos anos, com maior cobertura para crianças de 0 a 3 anos na creche e crianças de 4 a 5 anos frequentando a educação infantil. “Isso é muito importante mas o que os estudos todos mostram é que garantir a vaga é insuficiente quando estamos pensando naqueles benefícios que a educação infantil traz para o bem-estar e para o desenvolvimento das crianças. Para que esse benefício se concretize, é importante que essa oferta seja de qualidade”. Equipamentos A partir de um indicador que considera a soma dos sete equipamentos voltados para o público infantil (tanque de areia, gira-gira, gangorra, escorregador, casinha, balanço e brinquedo para escalar), foi observado que escolas das regiões Norte e Nordeste, em média, apresentam 2,2 e 2,1 equipamentos, respectivamente. Já as escolas das regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam quatro equipamentos, e as da Região Sul, 4,8. No que diz respeito à dependência administrativa, as escolas públicas possuem, na média, 3,2 equipamentos. O número sobe para quatro, nas escolas privadas conveniadas e 4,3 nas escolas particulares não conveniadas. Sob a perspectiva da infraestrutura das unidades educativas, os dados indicam baixa frequência de brinquedos para o público infantil como gira-gira (46,2%), gangorra (38,5%) e balanço (34,3%) nas escolas. O levantamento investigou dois grandes grupos: um é o chamado de qualidade da infraestrutura e dos materiais pedagógicos disponíveis e outro é a qualidade das atividades propostas, das interações entre professor e as crianças. “O Saeb 2021 permite olhar com mais detalhe e refinamento para essa questão da qualidade da infraestrutura”, manifestaram os pesquisadores. Observa-se, por exemplo, que essa é uma dimensão que ainda tem desafios muito importantes, especialmente na rede pública. Há desigualdades de oportunidades em relação à rede privada conveniada e à rede privada. “O desafio, sem dúvida, é maior na rede pública. Mas a gente observou também diferenças quando pensa em diferentes regiões e estados do Brasil”. Qualidade O que os dados sugerem é que quando se olha para a qualidade da infraestrutura das escolas de educação infantil, o Norte e o Nordeste são os que apresentam os piores indicadores, mais desafiadores do ponto de vista de uma demanda por uma melhora dessa qualidade. Isso demanda, por sua vez, aumento do investimento para a primeira infância. Tiago Bartholo sustenta que, por um lado, há necessidade de mais investimento para expandir a qualidade da infraestrutura, como os equipamentos presentes nas escolas, verificando-se se a instituição tem área externa e sombreada para as crianças brincarem; se tem vegetação; se tem horta; se tem banheiros adaptados para essa faixa etária; se existem brinquedos que incentivem e permitem movimento das crianças, como balanço, gangorra. Esses fatores, segundo o pesquisador, impactam diretamente o trabalho desenvolvido, as experiências que as crianças têm e as oportunidades de se desenvolverem. Além do desafio da melhoria da qualidade da infraestrutura, Bartholo salientou que ficou bem claro o desafio da desigualdade entre rede púbica e privada. “Na média, segundo dados do Saeb e dos indicadores que nós construímos, a rede pública tem níveis de infraestrutura piores do que a rede privada e a rede conveniada. Disse também que escolas que têm oferta de educação infantil exclusiva, em vez de educação infantil e fundamental funcionando no mesmo ambiente, apresentam, na média, estrutura mais adequada para educação infantil. Isso também se verifica por região. Os melhores indicadores são encontrados no Sul do país, seguido pelo Sudeste e Centro-Oeste, e com indicadores piores em relação à infraestrutura no Norte e Nordeste. Cerca de 21,6% dos municípios brasileiros indicaram não possuir programas desse tipo. A Região Sul apresenta o maior índice de oferta (89,5%), seguido pelo Nordeste (80,7%). Já o Sudeste é a região com menor índice de oferta (70,6%), seguido pelo Norte (72,3%) e Centro-Oeste (73,9%). Recursos pedagógicos Em relação aos recursos pedagógicos, o estudo abordou três questões: se as crianças têm autonomia para manusear os livros, se manuseiam os livros todos os dias e se os professores leem livros para as crianças diariamente. Essa pergunta foi feita no Saeb para os professores. As informações do Saeb foram coletadas a partir de questionários online, respondidos por 4.677 gestores municipais, 35.188 diretores e 23.953 professores. Bartholo informou que o total de professores contatados foi de mais 62 mil, mas menos de 40% que estavam na mostra responderam. Os professores de escolas públicas têm taxas de resposta mais elevadas que das escolas privadas não conveniadas. Isso diminui a capacidade de monitoramento do que está acontecendo de fato na educação infantil, indicou Mariane. “E o questionário do professor é o mais interessante para monitorar a educação infantil”. A pesquisadora disse que gostaria de ver mais questões que consigam descrever os processos pedagógicos que acontecem dentro de sala de aula. “Na nossa visão, há pouca informação sobre os planejamentos que são propostos, as atividades que são feitas com as crianças. A gente acha que nas edições futuras do Saeb, isso seria interessante porque têm relação direta com as experiências que as crianças estão tendo dentro da sala de aula e a literatura toda mostra que esses são aspectos muito importantes para o desenvolvimento

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Ernani Martins: “Possivelmente teremos um apagão de professores”

Pró-reitor de graduação da UPE, Ernani Martins, alerta que escolas enfrentam escassez de docentes em algumas disciplinas e que essa situação tende a se agravar em todas as áreas do conhecimento. Ele propõe a adoção de políticas públicas de valorização de professores para solucionar o problema. Um estudo recente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) revela que muitos estudantes em 2023 estão finalizando o ano letivo sem terem aulas de física ou sociologia com professores habilitados para ministrar essas disciplinas. Em Pernambuco, apenas 32,4% das docências em física no ensino médio são ministradas por licenciados na matéria. A escassez de docentes pode se agravar. O Instituto Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de Sao Paulo), projeta que em 2040 o Brasil poderá enfrentar um apagão de professores na educação básica. Para Ernani Martins, pró-reitor de graduação da UPE (Universidade de Pernambuco), a solução é implantar políticas públicas de valorização do professor, não apenas em termos salariais mas, também, com a oferta de melhores condições de trabalho. Ele é um conhecedor do assunto. Além de ter atuação na formação de professores na universidade, fez licenciatura em matemática. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Martins afirma que a consulta pública do Novo Ensino Médio é um alvissareiro começo para se debater a questão. Mas adverte que se a solução não for encontrada rapidamente, as consequências serão graves. “Teremos uma estagnação no País porque a educação é a mola propulsora para que a gente avance no PIB e no IDH”, adverte. Há uma projeção do Instituto Semesp de que em 2040 o Brasil poderá enfrentar um apagão de professores na educação básica. O senhor concorda com essa estimativa e quais as suas causas? Não tenho dados concretos, mas é possível que entre os anos 2030 e 2040 tenhamos esse quadro de uma maneira mais exacerbada. Já temos um apagão em algumas áreas do conhecimento, como matemática e ciências da natureza (que envolvem física, química e biologia). Até na construção do cenário atual de novos currículos como a inserção, por exemplo, do pensamento computacional na educação básica, não temos um contingente de docentes com esse tipo de formação para atuar. Possivelmente teremos um apagão de professores em todas as áreas do conhecimento. Isso se deve muito a uma construção social do que é ser um professor porque temos essa cultura, que precisa ser desmistificada, da docência como algo feito apenas por amor, apenas pela vocação, e esquecemos de olhar para o lado profissional. Não estou dizendo que não é necessário ter vocação ou amor – condições que devem estar presentes qualquer outra profissão – mas também deve ser ressaltada a valorização desse profissional como em qualquer outra área. Ao longo do tempo, temos passado por um processo de desvalorização profissional muito forte a respeito do papel do professor que é dicotômico porque, à medida que a educação vai se democratizando no País (a educação não era direito de todos até a Constituição de 1988), paralelamente, a gente vai tendo a desvalorização da figura do professor em todas as áreas do conhecimento. Partimos do Século 19 para o Século 20, de um olhar que tínhamos sobre como o aluno aprende, para passar do Século 20 para o 21, sobre como é que a gente ensina. Por isso, o Brasil passa a construir políticas públicas para formação inicial e continuada de professores. Investiu-se muito, por exemplo, nas políticas públicas de acesso dos estudantes à educação, na valorização da escola. Mas esse processo não foi acompanhado da valorização do professor que deveria vir em paralelo. Os jovens que hoje terminam o ensino médio têm a vivência de um longo período de suas vidas convivendo na instituição escola, por isso, conhecem a rotina de um professor. Isso não os motiva a serem professores. Um estudo do Global Teacher de 2018 fez uma consulta em 35 países sobre se haveria interesse da população jovem em ser professor. O Brasil foi o país que ficou na última posição, devido à desvalorização profissional, que envolve vários aspectos desde o financeiro à condição de trabalho. É importante ressaltar que a atuação do docente tem impacto não somente dentro mas, também, fora da sala de aula, tem impacto no desempenho dos estudantes, na qualidade da escola, no progresso do País como um todo porque ele forma o cidadão que vai atuar em diversas instâncias. Como deveria ser o processo de valorização do professor? A valorização do professor passa por diversos fatores, não é somente o financeiro, embora seja óbvio que é o primordial. Temos no Brasil, professores com jornada dupla, às vezes até tripla, sem um salário digno. Temos o sucateamento de escolas, a falta de condição de trabalho, isso também pesa nessa questão da valorização profissional. Não adianta ter um bom salário e não ter recurso didático adequado, não ter uma formação continuada necessária. Do ponto de vista do desenvolvimento profissional o professor precisa continuamente de estudo e atualização principalmente com o avanço dos meios de comunicação e tecnologia. A velocidade de informação é muito rápida e a gente precisa de investimento nessa área. Como é que um professor vai investir na sua formação com jornada dupla ou tripla? Muitas vezes essa realidade é observada pelos que podem até ter interesse em ser professor mas dizem: “eu vou precisar ter uma jornada exaustiva para ter minimamente um salário adequado para sobreviver, então talvez seja mais interessante eu investir numa carreira em outra área do conhecimento”. A soma de todos esses fatores faz com que não haja interesse dos jovens em ser professor. Os estudantes na faixa de 16 a 17 anos, que entram na universidade ou que estão fazendo a escolha pela carreira profissional não fazem a opção pela licenciatura, a não ser aqueles que queiram realmente isso. Temos um perfil na licenciatura de alunos um pouquinho mais velhos, são estudantes numa faixa etária dos 19 anos em diante, ou seja, eles tiveram tempo para pensar, amadurecer um pouco essa ideia

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Pernambuco: Em busca de uma perspectiva de futuro

*Por Rafael Dantas Na década de 60, o pastor estadunidense Martin Luther King pronunciou o famoso discurso em que dizia ter um sonho: que seus filhos vivessem em uma nação onde não seriam julgados pela cor da pele. Um olhar potente e sintético para o futuro que sobreviveu mesmo à morte do seu autor e que influencia até hoje o movimento anti-racismo no mundo. Poucos anos antes, no Brasil, Juscelino Kubitschek sonhou com uma capital e lançou o desafio de fazer o País avançar 50 anos em 5. Em Pernambuco, nessa época, chegou o padre francês Louis-Joseph Lebret, especialista em planejamento econômico e urbano. Ele projetou para o Estado um caminho de desenvolvimento que passaria pela construção de um grande Porto no Litoral Sul e pela atração de uma refinaria ou estaleiro, além de um ramal ferroviário. Décadas depois, com o Complexo de Suape, a maioria das projeções também se tornaram reais. Nos três casos, a criação de uma visão mobilizadora rendeu frutos e marcou a história. A visão é uma declaração que sintetiza o futuro que um país, um estado ou organização pretendem alcançar. Trata-se, portanto, de uma imagem inspiradora e mobilizadora a ser atingida. Em Pernambuco, os especialistas avaliam que a visão proposta por Lebret já foi atingida – mesmo que a ferrovia Transnordestina, também citada pelo pensador, por exemplo, não tenha saído ainda do papel. Para desenhar um novo ciclo de desenvolvimento para o Estado, conectado com os novos desafios do mundo contemporâneo e com as tendências do novo século, é preciso a projeção de novos horizontes de longo prazo a serem alcançados. “As formulações do Padre Lebret já deram os frutos que poderiam dar. A provocação dele antecipou o Porto de Suape, a refinaria, os estaleiros e até montadora de automóveis, além do ramal da Transnordestina. Mas tudo isso são realizações da era do petróleo, rigorosamente do final do Século 19. Esse ciclo se encerrou. Colocam-se diante de nós os desafios de desenvolvimentos do Século 21”, afirma o consultor Francisco Cunha. A visão é um dos passos iniciais do processo de planejar o desenvolvimento. Essa prática, no entanto, foi perdida no País e em Pernambuco ao longo das últimas décadas. De acordo com o professor da UFPE, Roberto Montezuma, entre os anos 1930 e 1960, o Brasil tinha um projeto, que colocou o País na vitrine do mundo, de uma forma criativa e inovadora. O docente afirma ainda que houve um segundo ciclo de planejamento nos anos da ditadura militar. No entanto, após a redemocratização, as estruturas governamentais que atuavam nesse campo foram consideradas como burocráticas e, aos poucos, desmontadas. “Em alguns momentos da história brasileira, tivemos avanços icônicos. Um deles aconteceu dos anos 1930 aos 1960, quando tínhamos um projeto de País. Um grande desafio do Século 20 era a construção das nações. O Brasil partiu de uma visão de que era possível formar a nação brasileira, o País do futuro”, afirmou Montezuma. Desse impulso nasceram a arquitetura moderna brasileira, a Bossa Nova, o Cinema Novo, a ascensão da literatura e do teatro, entre outros marcos. A construção da capital federal, Brasília, está incluída nesse grande conjunto de realizações do País. Montezuma cita o livro Brazil Builds, lançado em meados do século passado pelo Museu de Nova York, para explicar como o País conseguiu dar um salto. “Há uma máxima na abertura do livro, que é uma publicação fruto de uma exposição feita em Nova York. Ela pergunta como é que esse país, que sempre foi periferia do mundo, pode, de repente, ser uma vanguarda do mundo? Será que foi o talento dos profissionais? Ele diz que não. Na verdade, isso só foi possível porque existia uma força política para que isso ocorresse. Mas, no final do Século 20 foi desmontada toda estrutura construída na época que valorizava o planejamento e a projeção do futuro do País”, analisa Montezuma. A exemplo do Brasil, Pernambuco também teve os dias áureos de projetar os grandes de – safios de longo prazo e construir projetos a partir da visão de futuro construída para o Estado. No centro desse período estavam instituições fortes como a Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste), o Condepe (Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco) e a Fidem (Fundação de Desenvolvimento Municipal). As três instituições foram enfraquecidas nas últimas décadas. UMA TENTATIVA DE RETOMADA DA VISÃO DE LONGO PRAZO Pernambuco teve durante o Governo Eduardo Campos a possibilidade de retomar a construção de uma visão de longo prazo. No ano de 2014, a partir do consórcio entre a TGI, a Ceplan e a Macroplan, com apoio do Governo do Estado e do Movimento Brasil Competitivo, nasceu o Pernambuco 2035. Além de traçar uma visão para o futuro, foi desenhada também uma Carteira com Projetos Estruturantes do Setor Público, que norteariam o Estado por duas décadas. Mas o documento não foi absorvido pela sociedade, nem pelo poder público estadual. Com o falecimento de Eduardo Campos, o Pernambuco 2035 foi esquecido. “Uma novidade desse documento é que era um Plano de Estado e não para o período de um governo. Trazia orientações estratégicas para o governo, para a sociedade, para os empresários, para as organizações da sociedade”, explicou Sérgio Buarque, coordenador técnico do plano, em reunião mensal da Rede Gestão, lamentando a descontinuidade da inserção deste norteador nas ações traçadas pelo poder público. O economista Sérgio Buarque, apontou que poucas metas previstas para essa primeira década foram atingidas no Estado. Algumas, inclusive, pioraram, como a competitividade, por exemplo. “Sobre a posição de Pernambuco no ranking de competitividade, a ambição que se tinha era que em 2035 a gente chegasse a ser 7º lugar no País. Em 2011 estávamos em 14º. A meta era reduzir à metade essa posição, ficando atrás apenas dos estados do Sul e do Sudeste. O que é que aconteceu? Os dados de 2021 apontaram que caímos para 15º lugar. Estamos atrás de estados como Ceará, Alagoas e Pará”, lamentou o economista. Se na competitividade, o Estado esteve distante de avançar nas metas,

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Radio Clube de Pernambuco

7 fotos e um pouco de história da Rádio Clube de Pernambuco

Nesta semana os ouvintes pernambucanos receberam com tristeza a notícia do encerramento das atividades da tradicional Rádio Clube AM de Pernambuco. Imortalizada no prefixo 720 MHz, a emissora fez história no universo radiofônico do Estado. Em 6 de abril de 1919, Antônio Joaquim Pereira, um radiotelegrafista visionário, uniu-se a um grupo de entusiastas da eletricidade para inaugurar a pioneira estação de rádio do Brasil. O nascimento da Rádio Clube teve lugar em um estúdio improvisado na Ponte d’Uchoa, no Recife. Esses pioneiros, ávidos por experimentações, lançaram-se na missão inicial de se comunicar para o entretenimento, ao mesmo tempo em que buscavam aprimorar as transmissões de telegrafia sem fio. A relevância desse feito histórico não demorou a ser reconhecida; no dia seguinte, o Jornal do Recife já noticiava o evento, conferindo-lhe o status de um marco histórico. Em novembro daquele mesmo ano, a Rádio Clube estabeleceu sua sede oficial na Boa Vista. “A Rádio Clube de Pernambuco passa pelos anos de 1920, chegando com sucesso de estrutura e audiência, que oferece à emissora o registro em meios impressos de grande circulação nacional, principalmente a partir dos anos de 1930, sobretudo pela possibilidade comercial das rádios no país, com o Decreto 21.111, de 01 de março de 1932, que aprova o regulamento para a execução dos serviços de radiocomunicação no território nacional. A notícias sobre programas e profissionais da estação pernambucana ultrapassam as divisas do território chamado também de Leão do Norte”, afirmou Pedro Serico Vaz Filho, no artigo Rádio Clube de Pernambuco – 1919/2019: Cem anos. Sem esquecimentos. Com excessão da foto de abertura, que é do acervo da Biblioteca do IBGE, e da última foto (que é do Jornal Pequeno), as demais imagens são do jornal O Malho, de 1937, que anunciava a inauguração das novas instalações da Rádio Clube naquele ano. Fachada do prédio de estúdios da Rádio Clube Orquestra na Rádio Clube. A legenda da imagem indicava ser o maestro Nelson Ferreira no piano A foto abaixo é de Oscar Dubeux Pinto, que foi empossado como chefe operador da estação Rádio Clube, em 1925. Esse recorte é de O Jornal Pequeno. Seja pela música, pelo jornalismo ou pelo futebol, a Rádio Clube embalou várias gerações de pernambucanos. Como diziam seus slogans: Quem tem Clube, tem tudo! e Sem Clube, não há futebol *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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“Tem que ter gestão, tem que delegar e fiscalizar”

Alfredo Luciano, gestor da Top Mix, conta como saiu do interior de São Paulo até erguer a empresa que atua no setor de esquadrias de alumínio em Pernambuco, fala da participação dos filhos e da mulher nos negócios e do desempenho do empreendimento que tem uma fábrica em Vitória de Santo Antão. Alfredo Luciano expressou desde muito jovem o tino de empreendedor. Aos 19 anos, quando repentinamente se viu na necessidade de ser o esteio familiar, em razão da morte do pai, atuou como gestor da Santa Casa, em Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo. Poucos anos depois, passou a trabalhar numa empresa de componentes plásticos na capital paulista, onde gradativamente galgou vários cargos até se tornar sócio. Ao ser transferido para o Recife, a vontade de empreender não permitiu se acomodar. Em 2001 fundou a Top Mix Metais, revenda de perfil, acessórios para vidros e esquadrias, que fica no bairro da Imbiribeira, e a Top Mix Metais e Esquadrias, fábrica localizada em Vitória de Santo Antão que, atualmente, corta 30 toneladas de alumínio por mês para produção de esquadrias. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Alfredo Luciano conta a sua trajetória, fala da participação dos três filhos, que hoje são seus funcionários, e como suas empresas têm mantido um bom desempenho ao longo dos diferentes momento econômicos do País. Como começou a sua carreira de empreendedor? Perdi meu pai quando tinha 19 anos em 1969. Eu tinha terminado de servir o Tiro de Guerra lá na minha cidade, Santa Rita do Passa Quatro, em São Paulo. Aí eu assumi minha mãe, que ficou viúva, e quatro Irmãos mais novos. Passei a ser “esposo” da mãe e “pai” dos irmãos. Em seguida, eu trabalhei como gestor da Santa Casa, ainda muito jovem. No dia 5 de janeiro de 1973 eu fui para São Paulo e no dia 10 de janeiro comecei a trabalhar na empresa Tiletron. Eu fui para São Paulo e deixei minha mãe e meus irmãos em Santa Rita. Depois levei os dois irmãos para trabalhar comigo em São Paulo e dali eles alçaram voos próprios. Em 1975 fui nomeado diretor comercial. Fiquei por 30 anos nessa empresa. Sou paulista e estou no Recife desde março de 1980. Vim para cá transferido pela Tiletron. Em 1982 entrei na sociedade da empresa. Éramos três sócios, eu era o diretor comercial. A empresa atuava no ramo da construção civil, comercializava componentes plásticos, tubos de PVC, caixa de descarga etc. Em 2001 fundei a Top Mix com meu filho, o Murilo. Foi mais uma brincadeira no começo porque meu filho fazia o curso de administração e queria trabalhar. Então montei a Top Mix em 10 de janeiro de 2001. No dia 26 de abril, aluguei um galpão no bairro da Imbiribeira e começamos a trabalhar. Eu me lembro dessa data porque é dia do aniversário da minha esposa. Eu trabalhava na Tiletron e na hora do almoço ia para a Top Mix, onde eu almoçava com Murilo, minha esposa trazia almoço para nós. Ela também trabalhava lá e eu ficava na hora do almoço trabalhando com eles. Quando foi no dia 10 de setembro de 2001 a gente abriu ao público. Trabalhavam meu filho, uma pessoa que eu tinha contratado e minha esposa que vinha ajudá-lo. Eu vinha sempre na hora do almoço. À noite, Murilo estudava administração, chegava em casa por volta das 10 da noite e a gente ficava conversando no quarto, trocando ideias sobre o negócio. Eu tinha colocado um capital, separei em duas partes e falei para meu filho: olha, isso aqui você compra de material para a empresa, esse outro, você deixa como uma reserva técnica. Quando você vender, repõe. Se errar numa compra é normal, você tem essa reserva técnica financeira. Se amanhã você precisar, você para de comprar tudo, reveja, faça girar e retorna esse capital para o reservatório. Ele nunca precisou fazer isso. Como o senhor chegou à ideia de comercializar esquadrias? A Tiletron fazia um produto chamado chapa plástica de box para banheiro. Eu era diretor comercial e tinha cliente no Brasil todo, a maior parte era de distribuidores de perfis de alumínio. Começamos revendendo acessórios para esquadria e perfil de alumínio, não tínhamos o intuito de vender esquadrias. Só que eu tinha contratado uma pessoa que atuava nessa área. Ele organizou uma bancada e começou a montar as esquadrias num galpão de 300 m². E fomos crescendo com o negócio, a esquadria foi tomando corpo, eu aluguei um galpão na frente com 2.100 m² para a fábrica de esquadria, que era a Top Mix Esquadria Limitada. Então havia a Top Metais que era revenda e a Top Esquadria que era a fábrica de esquadrias. O negócio começou a tomar corpo, cresceu tanto a revenda quanto a fábrica. Aluguei um outro galpão ali próximo do mesmo tamanho. Como tudo cresceu, precisámos de espaço. A partir de entendimentos com a Prefeitura de Vitória de Santo Antão, conseguimos a doação de um terreno naquela cidade de 31.000 m². Fizemos terraplanagem, com uma luta danada, pois choveu muito aquele ano. Em um ano e meio mais ou menos de construção, erguemos um galpão, separei 15 mil m² para a fábrica de esquadria e área de manobra, além de construir refeitório, portaria etc. Temos hoje uma área construída de 4,5 mil m². E em 28 de fevereiro de 2016, transferimos a fábrica de esquadrias da Imbiribeira para Vitória. Eu entreguei os dois galpões e trouxe o estoque de perfil e acessórios de esquadria para o galpão onde estava a fábrica que tinha os 2.100 m². Atualmente temos a Top Mix Metais que é a revenda de perfil, acessórios para vidros e esquadrias, que fica na Imbiribeira e temos a Top Mix Metais e Esquadrias, localizada em Vitória. Nesse interim, conseguimos a distribuição da PPA, uma empresa de equipamentos para segurança, motores elétricos, fotocélulas, cancelas, que fica na Avenida Caxangá. É uma empresa menor. E vocês viram uma oportunidade para entrar nesse novo setor?

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Soluções para o Recife não afundar

Por Rafael Dantas As mudanças climáticas saíram das páginas de ciência ou de meio ambiente para o noticiário cotidiano. As chuvas estrondosas que inundaram a capital pernambucana no ano passado, as enchentes que acometeram recentemente o Rio Grande do Sul e a seca que atinge o Rio Negro, no Amazonas, são cenas de um mesmo filme. A urgência de preparar as cidades para esses cenários extremos foi discutida no Seminário Recife Cidade Parque — Carta do Recife do Futuro para o Recife do Presente que apontou as vulnerabilidades do País frente à rápida transição que o mundo enfrenta. O evento foi organizado pelo Recife Cidade Parque — Plano de Qualidade da Paisagem, projeto de pesquisa, fruto de convênio entre a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e a Prefeitura do Recife. “Nós somos um dos países mais vulneráveis do Planeta”, alertou o vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, que também é coordenador da Rede Clima e um dos maiores conhecedores das transformações climáticas no Brasil. No contexto do País, o Recife é uma das cidades ameaçadas, sendo classificada pelo IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas) como a 16ª cidade com maior vulnerabilidade às alterações climáticas em escala global. MUDANÇAS MAIS ACELERADAS Segundo o pesquisador, a combinação do movimento da Terra e dos ventos resulta em uma maior acumulação de água quente ao longo da costa brasileira. Isso ocorre porque esses fatores empurram o volume hídrico em direção ao nosso litoral. O aquecimento dos oceanos também desempenha um papel fundamental nesse cenário, de acordo com Moacyr. Quando os oceanos se aquecem, eles tendem a se expandir, ocupando mais espaço. Para explicar isso, ele fez uma analogia com o efeito de ferver água em uma panela, que leva à expansão do líquido, fazendo-o transbordar. Da mesma forma, o aquecimento das águas oceânicas faz com que o nível do mar aumente, contribuindo para o problema da elevação, que atinge principalmente as cidades mais baixas, como o Recife. Moacyr destacou ainda que a mudança na temperatura da Terra e seus efeitos na vida das cidades chegaram muito antes do que previam os especialistas. Algumas projeções de fenômenos estimavam que aconteceriam daqui a 50 anos ou mais, porém seus sinais já são sentidos em pleno 2023. “Estamos com uma taxa de aumento do nível do mar cerca de 2,5 vezes mais intensa do que a média de todo o século passado. O que significa isso pra gente? Significa que, de fato, está aumentando o nível do mar, mas que está aumentando a uma velocidade mais rápida do que a gente imaginava”, advertiu Moacyr Araújo. BAIXA DO NÍVEL DAS CIDADES Além do avanço do mar, Moacyr ressaltou ainda outro problema que é mais difícil de mensurar, a subsidência: afundamento gradativo da superfície da Terra. “Nós hoje não sabemos o nível de subsidência das nossas capitais. A subsidência é quando começa a afundar. E Pernambuco e o Recife, com sua região metropolitana, são locais de subsidência, claramente. Isso está já cientificamente comprovado”, assegurou. Em Maceió, por exemplo, há um problema de afundamento de pelo menos cinco bairros, provocado pela mineração de sal- -gema da empresa Braskem. No seminário, o pesquisador explicou que esse processo de subsidência pode ser também natural. Quando a elevação do nível das águas soma-se ao rebaixamento da superfície das cidades, a equação impõe desafios que demandam soluções amplas e estruturais, segundo os pesquisadores. LIÇÕES DA EUROPA E DA CHINA “É o momento de começar a projetar extremos”, conclamou a pesquisadora Mila Avellar, que realiza pesquisas no Instituto para Educação das Águas (Unesco/Governo Holandês). Ela discorreu sobre as lições do intercâmbio internacional Holanda-China-Recife para enfrentar o aumento do nível do mar. Há mais de 10 anos, os diálogos entre a capital pernambucana e Amsterdã têm gerado documentos, projetos e utopias de como o Recife pode se preparar para os efeitos das mudanças climáticas de forma menos traumática, promovendo mais qualidade de vida para os seus moradores. “O aumento do nível do mar é apenas um dos ‘n’ efeitos dessas mudanças climáticas. Então acho que isso só acende um grande alerta e um senso de urgência em todos nós de que o futuro não é amanhã, não é hoje, é ontem”, declarou Mila. A pesquisadora considera que a sociedade não discute ainda de forma ampla a necessidade de um novo design e um projeto holístico para as cidades, que se adapte às mudanças climáticas. Por outro lado, Mila avalia que a frequência mais elevada do nível dos acidentes promovidos pela transição que o Planeta atravessa tem sensibilizado contingentes maiores da população a dar mais atenção ao tema. Ao comparar imagens de grandes calamidades da China e lembrar de eventos recentes do Recife e de outras cidades, a pesquisadora reforçou no encontro a amplitude dessa agenda. “Estamos lidando com eventos e desafios compartilhados”. As experiências internacionais apontam para a necessidade de se planejar o que tem sido chamado de cidades-esponja, aquelas que têm alta capacidade de absorção das águas das chuvas. Entretanto, ela lamenta que os esforços na maioria das cidades, hoje, se concentram em outra direção, isto é, de acelerar a velocidade das águas em direção ao mar. “As cidades esponjas visam absorver nas cidades 70% da carga de chuva anual. Os chineses têm um plano ambicioso de que em 2030 todas as cidades piloto dos planos de ‘Sponge Cities’, atinjam em mais de 80% da sua área as metas de absorção máxima”, exemplificou. Outro princípio que tem norteado a preparação das cidades para os eventos extremos é o de 3PA, que é uma avaliação em três pilares. Um deles é a preparação da cidade para eventos naturais do seu cotidiano. O segundo é uma atenção para como a estrutura das cidades poderá absorver as águas no momento em que o espaço urbano começa a falhar, com alagamentos e inundações. Além desses dois, o modelo propõe uma leitura para as situações de catástrofes naturais, que são os eventos mais desafiadores, mas que estão se tornando mais recorrentes no Planeta. “Para cada um desses pontos, o nível

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Pesquisa revela cenário das Fusões e Aquisições no setor de consumo

A pesquisa recente da PwC revela que o mercado de fusões e aquisições (M&A) no segmento de consumo no Brasil teve um primeiro semestre fraco, atingindo os níveis mais baixos desde o início da pandemia de COVID-19. A incerteza econômica e a diminuição do poder de compra devido à inflação impactaram a confiança e os gastos dos consumidores, mas há otimismo cauteloso de que as tendências de longo prazo levarão a uma recuperação gradual ao longo do ano. MAIS CONFIANÇA DO CONSUMIDOR A pesquisa também indicou uma recuperação na confiança do consumidor, com 69% dos consumidores brasileiros planejando aumentar suas compras on-line nos próximos seis meses. Além disso, houve aumentos significativos nas expectativas de gastos em várias categorias de varejo. No entanto, o gap de valuation entre compradores e vendedores está afetando a chegada de ativos ao mercado, mas espera-se uma crescente atividade de reestruturação no setor de consumo, especialmente no varejo e em partes do setor de lazer. TENDÊNCIA DE NEGÓCIOS COM EMPRESAS EM DIFICULDADES Com empresas enfrentando problemas de liquidez e custos de financiamento mais altos, é provável que ocorram mais reestruturações e pré-fusões e aquisições em dificuldades. Empresas com recursos e fundos de private equity tendem a ser os compradores nessas situações, enquanto a pressão para a inovação e a implementação de planos estratégicos deve continuar aumentando. A tecnologia, como o comércio direto ao consumidor (D2C) e a inteligência artificial (IA), desempenhará um papel fundamental na busca por novas oportunidades e no atendimento às demandas dos consumidores. Luciana Medeiros Sócia e líder da indústria de Consumo e Varejo da PwC Brasil “Os CEOs do setor de consumo estão se equilibrando em um ambiente econômico difícil, com mudanças de longo prazo no comportamento do consumidor e o avanço contínuo da tecnologia. Acredito que as transações de M&A serão um acelerador valioso, ajudando as empresas a alcançarem seus objetivos estratégicos.”

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“Nós nos consideramos um movimento popular de cultura digital”

Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, comemora o sucesso do Rec’n’Play que atraiu mais de 60 mil pessoas e destaca a grande presença de jovens da periferia no evento. Ele também analisa os desafios para instalar moradias do Centro do Recife e as perspectivas do parque tecnológico. Este ano do Rec’n’Play atraiu 61.700 pessoas que foram ao Bairro do Recife em busca de conteúdos sobre inovação. O sucesso de público surpreendeu até os organizadores. Para Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, além da qualidade das palestras, algumas novidades também contribuíram para incentivar as pessoas a irem ao festival, como as ativações de rua — tais como as arenas Gamer e de Negócios — e atividades culturais. Pierre comemora ainda a grande presença de jovens da periferia, que era um objetivo perseguido com mais ênfase nesta edição. Na sua opinião, o aumento do público no evento mostra que o Porto Digital começa a trabalhar melhor o sentido de comunidade no Recife, a partir de uma rede de engajamento muito forte na cidade. Nesta conversa com Cláudia Santos, ele fala do êxito do Rec’n’Play, adianta algumas novidades do evento do ano que vem, analisa os desafios para a revitalização do Centro do Recife e expõe sua visão sobre o futuro do setor. Qual o balanço que você faz do Rec’n’Play? Ficamos surpresos. Eu, particularmente, não achava que seriamos capazes de mobilizar tanta gente em busca de conteúdo. Foram 61.700 inscritos. O ano passado teve 40 mil, que já tinha sido recorde. A que você atribui esse sucesso? Primeiro, começamos a trabalhar melhor o sentido de comunidade. Temos atualmente uma rede de engajamento muito forte na cidade. Hoje, nós nos consideramos um movimento popular de cultural digital. São pessoas que trabalham, estudam, têm interesse em tecnologia e viram no Porto Digital o movimento para que isso surgisse. É muito fora da bolha tradicional de tecnologia. Também qualificamos o evento, com o nível das palestras. Tivemos muita ativação de rua, como a arena de robô incrível — a Arena Gamer —, e a Arena de Negócios. Era um pedido das empresas do ecossistema ter um lugar para as startups se apresentarem. As apresentações estiveram lotadas todos os dias. Na entrevista anterior que concedeu a Algomais, você disse que um dos intentos do Rec’n’Play seria atrair a juventude da periferia para Porto Digital. Isso foi atingido? Isso ficou muito visível no evento. Quando acabou o Carnaval do REC’n’Play, fui ao show de Rayssa Dias, na Avenida Rio Branco. Ela é uma cantora da periferia. Estava lotado. Fiquei impressionado com a quantidade de gente que veio fazer selfies comigo, eram os meninos do programa Embarque Digital. Muitos também não eram e diziam: “muito obrigado por ter trazido a periferia para dentro do Rec’n’Play”. Essa era a grande questão: como é que a gente atrairia esse público? Porque não é atrair para um carnaval, mas para que eles se sintam acolhidos. Foi bonito de ver a participação da juventude. A gente ampliou até a faixa de idade do público, fizemos atividades para bebês – teve muitas ações para criança – até para o grupo 50+. Tudo foi feito de forma colaborativa, o que é muito complexo, porque tem uma margem para dar errado, mas tudo deu certo. O coronel da guarda municipal, disse: “eu nunca fiz um evento de massa que não tivesse uma confusão. Fiquei impressionado. Eu não tive uma ocorrência de roubo de celular”. Mas o ponto decisivo foi a qualidade do evento em termos de conteúdo. A gente teve muita coisa de inovação, de inteligência artificial, trouxemos palestrantes conhecidos. As atividades e palestras estavam todas lotadas. Eu falei para João Campos: colocar 60 mil pessoas no Carnaval para tomar cerveja é fácil. Agora, para participar de conteúdo, de atividades educacionais, é outra coisa. Acho que um dos grandes acertos do Rec’n’Play é ligar tecnologias com arte, com educação. O importante é que esse movimento popular, digamos assim, em torno da tecnologia vem se consolidando no Recife como em nenhuma outra cidade. Às vezes as coisas são muito dispersas, aqui não, aqui é no Porto Digital. E todo mundo se sente bem dentro desse guarda-chuva, se sente protagonista do evento, é um espaço de debates que a cidade conquistou. Queremos manter essa pegada, vamos qualificar mais ainda o evento. No próximo ano, vamos ampliar a área de negócios, vamos manter o Carnaval e insistir na atração de gente de periferia. Vamos debater a de inteligência artificial, o futuro da educação, e já tem a data. Quando será? De 6 a 9 de novembro de 2024. Vamos crescer essa área de negócio absurdamente. Na pauta do ano que vem, vamos discutir o futuro. Ainda não temos temas, mas estamos preocupados com essas discussões. Qual vai ser o futuro da educação, já que na sala de aula a gente tem que buscar uma outra experiência? Qual vai ser o futuro do emprego com a chegada da inteligência artificial? Tem uma outra novidade: vamos abrir para as pessoas montarem as mesas. Como assim? Vamos abrir um período para perguntar: “você quer discutir no Rec’n’Play? Monte uma mesa, faça uma proposta em dois parágrafos dizendo ‘eu quero discutir isso, que vai custar X, vou precisar trazer uma pessoa de São Paulo etc”. Vamos montar uma comissão pública para escolher as propostas. Vamos fazer uma curadoria popular. Se uma empresa ou um coletivo quiser propor uma mesa, nós vamos correr atrás para realizá-la. Se chegar umas mil propostas, vamos selecionar 100. Há uma demanda reprimida nessa área de negócio? Sim. Conversei com o Daniel Coelho (secretário de Turismo do Estado) sobre a necessidade de fazermos do Rec’n’ Play um evento turístico de negócios nacional, porque não tem nada igual. O Brasil precisa saber que esse é o maior festival do País. Vamos precisar fazer isso como um modelo de negócio. Vamos também crescer o número de ativações na rua, que foi uma experiência que deu certo, como a Arena de Robô, a Arena do Bradesco. Vamos manter e qualificar

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A formação do Brasil evangélico

O pesquisador e reverendo José Roberto de Souza, professor do Seminário Presbiteriano do Norte, explica de forma didática os passos do surgimento dos protestantes no Brasil *Por Rafael Dantas O historiador e doutor em Ciência das Religiões, José Roberto de Souza (na foto acima), destaca que a chegada do protestantismo e o surgimento dos evangélicos, tal qual conhecemos hoje, pode ser classificado em um conjunto de etapas. Os primeiros passos foram no Brasil Colônia, mas há mudanças definidoras para o crescimento evangélico da segunda metade do Século 20. “Há três momentos do protestantismo ainda no período da Colônia, que é o protestantismo de invasão, que acontece entre 1557 e 1558, com a chegada dos franceses na Baía da Guanabara, e depois com os holandeses, no início da primeira metade do Século 17, em 1630, presente aqui no Nordeste. São de invasão porque supostamente aqui pertencia a Portugal”. Após a chegada da família real e da assinatura de alguns acordos com a Inglaterra, aconteceu o segundo momento: o protestantismo de imigração. “Esses protestantes vão ter alguns direitos de professar a fé, mas também limites. Por exemplo, foi prometido que eles não teriam inquisição aqui, mesmo sendo um país predominantemente católico. Eles também vão poder realizar o seu culto, com limites”, conta o historiador. Eles não podem construir templos, não podem pregar para que alguém se converta, nem fazer uso de alguns objetos que simbolicamente pertencem a igreja católica, como sino e a cruz. Só em meados do Século 19 é que chegam os primeiros missionários com o objetivo mais claramente de expandir o evangelho entre os brasileiros. Esse terceiro momento é classificado como o protestantismo de missão, ainda exclusivo das igrejas do chamado protestantismo histórico (presbiterianas, batistas, congregacionais, entre outras). Nesses períodos, o catolicismo era a religião oficial do País, que só se torna laico com o advento da República (1889), mas especificamente com a primeira Constituição (1891). “Esses protestantes não foram expulsos porque eles não vieram só com a Bíblia. Assim, eles não teriam sido aceitos. Eles vêm, acima de tudo, para oferecer o seu ofício. Havia missionários médicos, aqui em Pernambuco, por exemplo, chegou um doutor. Esse trabalho protestante vai ser aceito porque vai abrir escolas e hospitais, isso tudo gratuitamente. Então, para a Coroa era interessante ter a presença desses grupos”, explica José Roberto. No início do Século 20 vai nascer no País, com a Congregação Cristã do Brasil e com a Assembleia de Deus, o pentecostalismo, que é majoritário atualmente. Na década de 1950 há uma segunda onda do pentecostalismo, mas ainda com o surgimento de poucas denominações, como a Igreja do Evangelho Quadrangular, a Igreja O Brasil para Cristo e a Igreja Pentecostal Deus é Amor. Na década de 1970, porém, é o berço do chamado neopentecostalismo, quando surgem uma maior diversidade de grupos religiosos. “Enquanto a primeira onda do pentecostalismo era marcada pela ênfase à glossolalia (que é a prática de falar em ‘línguas estranhas’), a segunda onda foi caracterizada pela ênfase nos milagres de cura divina. Já o neopentecostalismo é marcado pelo exorcismo e pela teologia da prosperidade”, explica o historiador. Embora algumas denominações históricas sejam numerosas, como os batistas e presbiterianos, são os pentecostais e neopentecostais que puxaram o crescimento do Brasil evangélico nos últimos anos, com o uso mais incisivo dos meios de comunicação e com a presença dominante nas representações políticas. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com) LEIA TAMBÉM A fé que cresce nas periferias

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