Arquivos Colunistas - Página 120 De 305 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

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Tempest cresceu 42% em 2021

A Tempest, empresa pernambucana de cibersegurança, chegou ao final de 2021 com um quadro de quase 500 profissionais, sendo 40% desse time contratado já após o início da pandemia. O CEO Cristiano Lincoln Mattos registrou que o faturamento da empresa cresceu no ano passado 42%. “Foi um ano de um crescimento muito acelerado. É o resultado do trabalho de muito tempo nosso, de firmar nossa marca, nossos produtos e credibilidade, junto com a tomada de consciência das empresas frente ao problema da segurança digital”, afirmou. Com o crescimento das fraudes digitais, o empresário afirma que há um aumento da procura por serviços de cibersegurança por corporações de diversos setores. Antes, a procura pelo serviço era mais concentrada em empresas do setor financeiro, mas hoje atinge varejo, serviços, telecom, educação, saúde, entre outros. “Quanto mais a economia digital avança, maior é o consumo dos nossos softwares de autenticação e antifraudes”. A empresa tem em torno de 380 clientes ativos. . SISTEMA FECOMÉRCIO INVESTE R$ 23 MILHÕES NA CONSTRUÇÃO DO SENAC EM SERRA TALHADA Para fomentar a qualificação profissional no Sertão do Pajeú, o Sistema Fecomércio assinou uma ordem de serviço para a construção do Senac em Serra Talhada. A nova Unidade de Educação Profissional terá 3 mil m² de área construída e contará com laboratórios de saúde, beleza, gestão, tecnologia e gastronomia. A previsão de inauguração é para 2023. O sistema também está investindo no Sesc da região, que será contemplado com um armazém social, uma escola de interpretação ambiental e um parque aquático. “Vemos uma Serra Talhada que decola rumo ao desenvolvimento com grande vocação para negócios e poder de atração de investimentos em segmentos como comércio, educação, infraestrutura e indústria. Com um equipamento à altura das necessidades dessa nova cidade, vamos reafirmar a nossa parceria com a população da região e com o comércio de bens, serviços e turismo do Pajeú”, afirma o presidente do Fecomércio, Bernardo Peixoto. . ORGANNO ABRE NOVA LOJA NA ZONA NORTE DO RECIFE Especializada em produtos naturais voltados para a saúde e bem-estar, a Organno inaugurou uma unidade na Zona Norte do Recife, no bairro da Jaqueira (Avenida Doutor Malaquias, nº 45). A loja é a primeira da franquia Organno, marca fundada pelos empresários Nilton e Fabiana Farias e que já conta com uma operação em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O novo empreendimento da rede é comandado pelos franqueados Emilio e Stela Sukar. Itens orgânicos, funcionais, diet, sem glúten, sem lactose e suplementos esportivos são alguns destaques nas prateleiras.

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Governo do Japão envia doação de itens para enfrentamento das inundações

O Governo do Japão fará a doação de itens de assistência emergencial para o enfrentamento das inundações no Brasil, os quais serão entregues pela associação JICA, com a previsão de entrega de 300 barracas, 3000 cobertores e 75 rolos de lonas plásticas (50m×4m). A decisão do Japão tem como base o viés humanitário e as relações de amizade com o Brasil, de modo a contribuir no apoio emergencial às vítimas desses desastres. Ainda em dezembro, o Primeiro Ministro do Japão, Fumio Kishida, encaminhou mensagem de pesar e solidariedade ao Presidente Jair Bolsonaro e por parte do Ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros, Yoshimasa Hayashi, ao Ministro de Estado das Relações Exteriores, Carlos França. "Tomei conhecimento de que as recentes inundações no nordeste do Brasil resultaram na perda de muitas vidas preciosas e na evacuação de muitas pessoas devido a danos em suas casas. Gostaria de expressar minha mais profunda simpatia ao governo e ao povo de seu país. Gostaria de oferecer minhas mais sinceras condolências às famílias enlutadas daqueles que perderam suas vidas. Desejamos uma rápida recuperação para todos os afetados e uma rápida recuperação para as áreas afetadas", afirmou em mensagem o Primeiro-Ministro do Japão. O Japão vem provendo os apoios emergenciais em situações de desastres naturais no Brasil, bem como cooperando e contribuindo sob diversas formas no fortalecimento da capacitação nos combates aos desastres naturais do Brasil. A Embaixada do Japão no País afirma que "É de nosso interesse dar continuidade à realização de cooperações com base nas necessidades do Brasil e nas relações amistosas entre os dois países. Esperamos que esses itens possam aliviar de algum modo as dores dessas pessoas".  Está prevista a realização de uma cerimônia de entrega assim que a carga chegar ao País.

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Iquine se torna o 3º maior grupo em tinta imobiliária do País

A Iquine anuncia a formação do Grupo Iquine, após a finalização do processo de integração da aquisição das empresas Hidracor e Hipercor, que aconteceu em 2020. Com a consolidação, a corporação pernambucana se torna a maior do País 100% nacional e a terceira em volume de produção de tintas decorativas. Juntas, as três marcas produzem 220 milhões de litros por ano. Apesar da nova organização, o grupo decidiu manter as marcas (Tintas Iquine, Hidracor e Hipercor) e agregar o portfólio de produtos. “Nos últimos meses, estivemos focados no processo de integração entre as operações e na condução e gestão das pessoas para agregar as competências e conhecimentos de ambas as empresas. Com a formação do Grupo Iquine, damos um novo passo na estratégia de fortalecer nossa presença no mercado, atendendo diversos públicos, canais e regiões. Essa conjunção é importante para o fortalecimento e diversificação do nosso portfólio”, destaca Eduardo Moretti, CEO do Grupo Iquine. AMARANTE CRESCEU 30% EM 2021 Com sede no Recife e com três equipamentos hoteleiros em Alagoas, a Amarante, administradora dos resorts Salinas Maragogi, Salinas Maceió e Japaratinga Lounge Resort, fechou o ano de 2021 com R$ 240 milhões de receita. O número representa o crescimento de 30% em relação ao ano de 2019. Para a empresa, com mais de 30 anos atuando no mercado do turismo de lazer no Nordeste, as projeções para 2022 são ainda mais animadoras. “Esperamos um aumento de 50% em relação ao resultado alcançado em 2021”, comenta o diretor de vendas da Amarante, Igor Castelo. Com o crescimento das operações, o quadro de funcionários da empresa cresceu 23% no ano passado. MAIS GÁS CANALIZADO NO ESTADO O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, sancionou no início do ano uma lei que amplia a comercialização do gás canalizado em todo o Estado. No novo marco legal, os usuários com uso anual médio igual ou superior a 50 mil metros cúbicos de gás por dia podem buscar o insumo em outros fornecedores. “Isso significa uma abertura maior, principalmente para a indústria, que poderá adquirir esse gás de outros fornecedores, não obrigatoriamente por meio da Copergás. Eles poderão comprar diretamente, caso consigam por um preço melhor. Então, é mais uma oportunidade e significa mais um grande incentivo às empresas”, justificou o governador. ESCOLA TRILÍNGUE NO RECIFE A escola Sunny Place, em Casa Forte, franqueada IPC (Currículo Pré-escolar Internacional, em tradução), a partir do primeiro semestre de 2022 contará também com o ensino do francês, após parceria com a Aliança Francesa de Recife. Agora com ensino trilíngue, além da vivência da língua e cultura nacionais e da imersão na língua inglesa, os alunos aprenderão sobre a França, seus costumes e seu idioma.

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"Para uma retomada mais forte precisamos combater a inflação"

Maurício Laranjeira, administrador e CEO da Continentes Consultoria, foi um dos entrevistados da edição da Algomais sobre as perspectivas para 2022. Publicamos hoje na coluna Gente & Negócios a entrevista completa, em que ele fala sobre os fatores que são fundamentais para a retomada e as oportunidades no campo da internacionalização das atividades econômicas do Estado. Para sonharmos em um cenário um pouco melhor em 2022, ele elencou como prioridades o combate à inflação, a diminuição da taxa de desemprego e realização das reformas tributárias e administrativas. Passos que ele considera grandes desafios para o ano de 2022, com as eleições presidenciais se aproximando. O que os dados oficiais mostram sobre o desempenho da economia de Pernambuco em 2021 e quais as previsões que poderíamos fazer para 2022? Os dados oficiais mostram que a nossa economia vem se recuperando, gradualmente, do tombo que sofremos em 2020, devido à pandemia do COVID 19. Os 03 grandes setores que formam o pilar de sustentação de nosso PIB – comércio e serviços, indústria a agricultura – estão apresentando números razoáveis, mas temos de considerar que a base de 2020 é muito fragilizada, e que também ainda não recuperamos os níveis pré-pandemia. Com a sazonalidade do final do ano, esses números devem apresentar uma melhora mais contundente, isso levando em consideração que somos fortes em comércio e na indústria de alimentos e bebidas, setores que se beneficiam muito desse período. Com relação à 2022, tendo em vista todos os fatores que se mostram presentes no cenário, deveremos continuar com uma recuperação lenta, fazendo jus mais uma vez à frase que “nossa economia desceu de elevador, e vai subir de escada”. Quais são os fatores que podemos considerar como definidores de uma recuperação da economia em 2022 no Estado? Quais as maiores preocupações? Para 2022, temos de levar em consideração os cenários do Brasil e de Pernambuco, e com uma forte atenção na economia do mundo, pois a quebra da cadeia global de suprimentos foi um fator muito prejudicial. Para uma retomada mais forte, precisamos conter a inflação, que já é um problema mundial, diminuir a alta taxa de desemprego em nosso estado e avançar com as reformas tributária e administrativa, de modo que possamos ter um melhor ambiente de negócios. Por ser um ano eleitoral, dificilmente teremos reformas, além de todas as turbulências que uma eleição pode trazer, ainda mais eleições gerais em um cenário tão polarizado e com o país deteriorando suas contas. A inflação precisa ser combatida de forma muito incisiva, pois ela corrói o poder de compra e faz com que todos tenham uma sensação de insegurança, levando os índices de confiança para níveis baixos, o que trava investimentos e consumo. Com relação ao desemprego, não há perspectiva de uma redução forte nos altos índices que afligem o estado, apesar dos esforços que estamos vendo por parte de quem pode ajudar a mitigar o problema. Uma boa solução para Pernambuco seria o de começar a olhar para os mercados externos com mais atenção, de modo a diminuir a dependência do mercado interno. Mesmo ainda atravessando o cenário de crise, quais as principais oportunidades que estão no radar do Estado neste ano? Quais os caminhos para atrair novos investimentos? Pernambuco tem conseguido atrair bons investimentos, principalmente nos setores industrial e de logística, tendo em vista as fábricas que são anunciadas e as grandes centrais logísticas que temos, muito devido à nossa posição geográfica privilegiada e o porto de Suape. Na minha opinião, deve ser uma política de estado a melhoria do nosso ambiente de negócios, seria a melhor forma de aumentar a nossa competitividade como destino de investimentos e assim dinamizar cada vez mais a nossa economia. Temos também a nossa área de inovação, com o Porto Digital e todo o ecossistema, a fruticultura do São Francisco, o gesso do Araripe, as confecções do agreste, o polo automotivo na marta norte, nosso setor de construção civil. Todos esses setores que mencionei possuem cadeias produtivas muito longas, e se bem amparados por um bom ambiente de negócios irão deslanchar e fazer com que a nossa economia tenha a dinamicidade que tanto precisa. A internacionalização das empresas pernambucanas é um dos desafios para a maior dinamização da nossa economia? Com toda a certeza. Ao se internacionalizar, as empresas se abrem para novas oportunidades, elas começam a ter acesso à novos mercados, em conjunto com acesso à novas ferramentas de gestão, novos meios produtivos, e isso as faz evoluir com muito mais competitividade. Nossa balança comercial ainda é muito negativa, pois nosso volume financeiro de importações é cerca de 03 vezes maior que nossas exportações, além de que, apesar de alguns avanços nos últimos anos, nossa pauta de exportação ainda é muito tímida, ainda mais se compararmos com o nosso parque industrial, que é muito diversificado e já tem uma boa competitividade ao olharmos para alguns mercados estrangeiros. Um esforço coletivo de todos os “players” que podem ajudar a incrementar a cultura exportadora da nossa economia seria extremamente benéfico para o estado à médio e longo prazos, pois levaria à uma transformação estrutural no nosso padrão de desenvolvimento. Sou um entusiasta da internacionalização, e considero que esse processo é crucial para nosso estado mudar de patamar no seu nível de crescimento. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais. Especialista em gestão pública e mestre em Ext. e Desenvolvimento Local, assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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Vencer o medo será o grande desafio de 2022

Desemprego em massa, aceleração da inflação, dólar em ascensão, previsão de recessão, déficit público crescente, ameaça de nova onda da pandemia, agravamento da desigualdade educacional, aumento da pobreza e da fome. Esses são apenas alguns elementos do cenário para o próximo ano. Se tudo isso não bastasse, ainda teremos eleições em clima ideológico desagregador, transformando 2022 em mais um ano decisivo para o futuro do Brasil. Já vivemos outras situações como a que se desenha para 2022. Em 1989, a disputa eleitoral Collor-Lula dividiu o Brasil. Em 1990, ocorreu o chamado “confisco”, quando cerca de 80% do dinheiro em contas bancárias foi retido como proposta de conter a inflação. Em 1992, foi a vez do processo de desgaste e, em seguida, do impeachment de Collor, que deixou o Brasil em compasso de espera por quase 12 meses. Em 2002, o medo voltou sob a expectativa da vitória de Lula (PT) nas eleições contra Serra (PSDB). A principal ameaça era a descontinuidade do Plano Real. O temor não se concretizou, mas gerou um ambiente de incerteza por todos os lados. Mais recentemente, tivemos o embate Dilma-Aécio, em 2014, seguido pelo impeachment de Dilma, em 2016, que provocou uma recessão nos anos seguintes. Em 2018, a eleição de Bolsonaro criou um clima permanente de “guerra ideológica” e, desde 2020, vivemos uma pandemia que matou mais de 615 mil pessoas. A questão é que viver sob o medo altera nossa forma de pensar e agir. O psicólogo William Von Hippel, autor do livro A Evolução Improvável (Editora Harper Collins, 2018), mostra que a dose certa de medo preserva a vida e estimula a busca por soluções inteligentes. Por outro lado, quando em excesso e de forma sistemática, nos deixa mais sujeitos à procrastinação das decisões, à paralisação da evolução e, principalmente, à manipulação. Sob o domínio do medo, a tendência é adiarmos nossas decisões. Somos tomados pelo clima do “tudo vai dar errado”. Desde sair de casa, para não contrair o coronavírus, até diminuir o consumo, pelo temor da perda do emprego. Esse comportamento atinge diretamente a economia: menor consumo leva ao baixo crescimento, que não gera emprego, diminui a renda e aumenta a pobreza. Um círculo vicioso difícil de ser quebrado em um ambiente de dúvidas. Mais grave que a procrastinação, o medo também leva à paralisação. Temas importantes que afetam o futuro são, com frequência, postos de lado, tanto no plano do indivíduo quanto no coletivo. Deixamos de construir o futuro para pensar apenas na sobrevivência do presente. Um exemplo é a paralisação de reformas — política, administrativa, tributária — no Congresso Nacional. Prisioneiros do medo da não renovação dos mandatos, os políticos atropelam o debate das pautas importantes para o Brasil com medidas e negociações eleitoreiras. Juntas, a procrastinação e a paralisação nos fazem ter a sensação de que estamos indo em direção ao caos. De que nada avança e que precisamos de ações firmes e imediatas para nos tirar dessa situação. Aí entra outra consequência de viver sob o medo: a porta aberta à manipulação. Nesse momento, estamos mais propensos a aceitar transgressões morais e legais em nome da “salvação”. De uma maneira geral, tais medidas — que em situação normal não seriam colocadas à mesa, nem mesmo aceitas — se tornam uma opção tentadora. Isso nos leva, mais uma vez, a priorizar o curto prazo e não enxergar as verdadeiras ações. Os nazistas, por exemplo, usaram a falsa ameaça de invasão pela Rússia e a grave crise econômica para corromper a democracia alemã e transformá-la em ditadura, que ocasionou a Segunda Guerra Mundial. Aqui no Brasil, em 1937 e em 1964, foi a manipulação política do medo da falsa Intentona Comunista e do apoio da União Soviética à Cuba que resultou no Estado Novo e no Golpe Militar, respectivamente. Para não repetirmos o lado negativo da nossa história, chegou a hora de permitir que nosso racional entre em ação para ajudar a definir o futuro. Como apontado por William Von Hippel, não devemos nos abater pelo cenário de incertezas e dar espaço à procrastinação, à paralisação, à manipulação. Devemos usar o medo na medida certa para estimular nossa capacidade de compreender, aprender e criar o futuro desejado. Até porque, como a história também mostrou, o medo passa e a vida continua.

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Um bolo para homenagear o Recife

Gilberto Freyre: “Pode-se falar de um paladar brasileiro histórico e é possível também tropical ou ecologicamente condicionados e como tal ao que parece predisposto a estimar o doce e até o abuso do doce (...) um doce o de preferência brasileira, como que barroco e até rococó (...) é a arte mais sensual da sobremesa.” Pode-se dizer que Pernambuco tem uma forte relação com a criação de bolos. Bolos que trazem memórias ancestrais ibéricas, e bolos que são reinventados para formarem novas memórias. O bolo sempre acompanhou a história de Pernambuco, pois recebe nomes de lugares, de engenhos de açúcar, de famílias; marcam datas históricas; e revelam assinaturas, de doceiras e doceiros, de famílias ilustres à época da criação da recita do bolo. Assim, os bolos marcam a vida de uma sociedade marcada pelos contextos dominantes da cana-de-açúcar enquanto verdadeiras marcas heráldicas. Os bolos são quase brasões feitos de trigo, mandioca, ovos, leite, açúcar, diga-se muito açúcar; frutas frescas e/ou secas; e especiarias do Oriente. O bolo no Nordeste é principalmente uma invenção para expressar os sabores e as estéticas dos trópicos. Bolos para exibirem o glacê “mármore”, feito à base de açúcar e cítricos. Bolos para serem apreciados no dia a dia. Bolos para as celebrações dos santos de junho, com receitas com muito milho e canela. Destaque para Gilberto Freyre que em 2020 celebrou 120 anos de nascimento, e assim, do seu livro “Açúcar” (1939), trago alguns dos muitos nomes de bolos que marcam um sentimento nativo pernambucano. Bolos nomeados como pessoas: bolo Cavalcanti, bolo de milho D. Sinhá, bolo padre João, bolo D. Luzia, bolo Souza Leão, bolo Souza Leão - Pontual, bolo D. Pedro II, bolo de mandioca à moda Dr. Gerôncio. Bolos nomeados como lugares: bolo Guararapes, bolo de bacia Pernambuco, bolo paraibano, bolo de rolo pernambucano, bolo brasileiro, bolo Souza Leão à moda da Noruega.Há outros bolos com nomes diversos como: bolo Divino, bolo de São Bartolomeu, bolo engorda-marido, bolo de São João, bolo Republicano, bolo treze de maio. Trago um estudo de caso que vai além do livro “Açúcar”. É o bolo Recife, um bolo-homenagem à capital pernambucana. Tradicionalmente mantém a forma circular, que é características dos bolos caseiros e das padarias. Ainda, pode ser apresentado no formato retangular ou de “caixa”, e com recheio de doce de ameixa. É um bolo para o cotidiano, para acompanhar o café ou chá, ou mesmo acompanhar um generoso pedaço de queijo. Sem dúvida, o bolo acompanha a vida pernambucana.  

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A “utopiazinha” de Darcy Ribeiro

Na apresentação anual de lançamento da Agenda TGI, que tive a satisfação de fazer pela 23ª vez na segunda-feira 29.11.21, citei o sociólogo Darcy Ribeiro para fazer uma espécie de contraponto com a crise de desesperança e baixa autoestima que vivemos no Brasil nos dias de hoje. Diz Darcy na introdução do seu livro Aos Trancos e Barrancos – Como o Brasil Deu no que Deu: No dia em que todo brasileiro comer todo dia, quando toda criança tiver um primeiro grau completo, quando cada homem e mulher encontrar um emprego estável em que possa progredir, se edificará aqui a civilização mais bela desse mundo. É tão fácil; estendo os braços no tempo, sinto na ponta dos dedos essa utopiazinha nossa se realizando. Pelo que ele chama de “utopiazinha” vemos como não é tão difícil assim criar as condições mínimas para termos um país decente. Dito assim, deste modo tão desconcertantemente simples, a pergunta imediatava que nos assalta é: por que então não conseguimos? Bem, aí necessário se faz lançar mão da vasta bibliografia que temos de história, sociologia, ciência política... para tentar entender. Confesso que já fui por aí e ainda não consegui. Inclusive por isso, é que me socorro de Darcy, um otimista incorrigível, um “enlouquecido de esperança” pelo Brasil, para tentar uma espécie de “prova pelo absurdo”, que é a luz que a utopia traz. Fugir do emaranhado de impossibilidades do presente para, lançando mão da utopia, do sonho possível, dizer: não percamos a esperança porque o que precisamos, queremos, almejamos, não é impossível como o horizonte turvado do presente pode fazer crer. Aproveitei e citei também a frase do ex-governador Eduardo Campos dita no Jornal Nacional na noite anterior ao seu trágico desaparecimento: “Não vamos desistir do Brasil!”. E para terminar, fui buscar a frase de Victor Hugo: “Nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”. E é justamente isso que desejo àqueles que não perderam de todo a esperança, não obstante os desmantelos e os descaminhos que trilhamos e, infelizmente, provavelmente continuaremos trilhando em 2022, que não será um ano fácil: que possamos, tão logo quanto possível, retomar o caminho apontado pela “utopiazinha” de Darcy e transformar em “carne e osso” esse sonho realizável. Bom 2022!

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Afogados e seus porquês...

No Recife, a denominação da primitiva povoação dos Afogados é originária do Rio dos Afogados, afluente do Capibaribe, aonde, em 17 de fevereiro de 1531, sete marinheiros da expedição de Martin Afonso de Souza vieram a perecer em suas águas. O Rio dos Afogados, assim como outros afluentes do Capibaribe e do Beberibe, já aparece com a sua designação no Diário de Navegação de Pero Lopes de Souza (1532), e em mapa existente no Roteiro de todos os sinais etc., de Luís Teixeira (c. 1582-85), no qual, pela primeira vez, é assinalada, num documento cartográfico, essa primitiva povoação do Recife, distante uma légua da Vila de Olinda e de seus arredores. Cruzando a Ponte do Motocolombó, ingressamos em terras dos Afogados que ostenta, em sua praça central, um formidável cruzeiro esculpido em pedra, originário do Século 17, que fora ali fixado em 25 de novembro de 1868. O belo monumento, firmado em bonita peanha (pequeno pedestal onde se colocam imagem, estátua, cruz, busto etc.), foi transportado em procissão de penitência do primitivo Engenho Jiquiá (Século 16) para o Largo da Paz, quando das Santas Missões pregadas pelo capuchinho italiano Fidélis de Fognano. A praça é dominada pela Matriz de Nossa Senhora da Paz, originária de capela já existente em 1745. No ano de 1837, foi elevada à dignidade de matriz pela Lei Provincial nº 38, com o território de sua paróquia estendendo-se por toda a várzea do Capibaribe. A igreja passou por grandes obras em 1857, que conservaram sua estrutura primitiva bem como as imagens e alfaias, todas originárias do Século 18. No entanto, reformas realizadas em 1920 fizeram desaparecer todo o brilho do templo antigo que, em época recente, sofreu com o desabamento de sua nave central, restando de primitivo apenas seu austero frontispício. O termo dos Afogados só veio a ser incorporado ao Recife em dezembro de 1817, desmembrado de Olinda. De lá tinha início a estrada de rodagem para Vitória, inaugurada em 1836, com regular serviço de passageiros; daí a origem da Rua da Diligência, um pequeno beco existente à esquerda de quem cruza a ponte vindo da Rua Imperial. Até há pouco restava, em Afogados, na descida da ponte, o último dos nichos que outrora existiam nas ruas do Recife. Esse pequenino monumento, hoje transferido para o Largo da Paz, em frente ao cruzeiro, teve sua presença registrada pelo reverendo metodista Daniel Parrish Kidder, que aqui esteve em 1836: “Na extremidade oriental da ponte erguia-se o que Mr. Southey (referência ao historiador Robert Southey) chamaria de uma casa de ídolo. Suas dimensões não excediam a seis pés por quatro. Pela janela ou porta, quando aberta, o transeunte podia ver que continha uma pequena imagem, ricamente ornada, sobre um altar”. O bairro dos Afogados está ligado ao Centro do Recife pela Avenida Sul, com 2.500 metros, e pela Rua Imperial, com 2.300 metros, esta originária do “dique” construído ao tempo do conde João Maurício de Nassau (1637-1644) que servia de acesso ao forte holandês Príncipe Guilherme ali existente em área hoje ocupada pela antiga fábrica de Alimonda & Irmãos.

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Curiosidades da estátua do David de Michelangelo

Diz a lenda que Michelangelo Buonarronti (1475-1564), ao concluir a escultura do Moysés, hoje na igreja de São Pedro Advíncola, em Roma, batendo com um cinzel na testa de sua escultura exclamou: “Parla!” A mesma cena poderia ter se repetindo em 8 de setembro de 1504, quando da conclusão da mais famosa estátua do mundo: O David de Florença. Com seus 515 centímetros de altura e 200 centímetros de base, da qual o Instituto Ricardo Brennand possui uma réplica nos seus jardins, trata-se da mais famosa escultura daquele artista renascentista, feita sob encomenda para a cidade de Florença (Itália), retratando com todo realismo anatômico o herói bíblico minutos antes de enfrentar o gigante Golias (Samuel, 17.1). A obra original permaneceu em frente ao Palazzo Vecchio, na Piazza della Signoria, até o ano de 1873, quando veio a ser transferida para a Galleria dell’Accademia em Florença, onde pode ser admirada. A réplica do David de Michelangelo existente nos jardins do Instituto Ricardo Brennand (Recife) é obra dos estatuário Cervietti Franco & Cia., de Pietrasanta, cidade localizada na Toscana, nas proximidades de Carrara, aqui instalado no mês de janeiro de 2011. Recentemente a imprensa noticiou que a Universidade de Florença moldou a estátua original e a montou em uma Exposição nos Emirados Árabes, em Dubai. Os italianos, ao lado de um grupo sueco, usaram uma impressora 3D para imprimir a estátua. Pelo enorme tamanho, a peça foi dividida em 14 partes para ser montada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde acontece uma grande exposição mundial até março de 2022. Confessa no site da Revista IstoÉ, a jornalista Keka Consiglio, artista plástica, jornalista e empresária do setor de comunicação, que “cerca de 25 milhões de pessoas poderão ver naquela exposição a réplica, feita com tecnologia de impressão 3D, usando o conceito de Digital Twins (gêmeo virtual idêntico ao original). Michelangelo demorou três anos de trabalho ininterrupto para esculpir David a partir do zero e, mesmo com a mais moderna tecnologia, a versão digital precisou de 120 dias para ser produzida mesmo tendo disponível o original para cópia. Realmente, impressionante”. Estudos recentes vêm algumas singularidades na escultura original do David de Michelangelo: Até os dias de hoje é difícil imaginar a ginástica necessária para transformar aquele enorme bloco maciço de mármore, em uma das esculturas mais belas do mundo. O David está nu e segura uma tipoia sobre o ombro esquerdo e uma pedra na mão direita. Seu olhar transmite emoção, sua pose é imponente e suas mãos parecem que acabaram de se movimentar. Está apoiado na perna direita, tem a perna esquerda levemente dobrada e sua mão direita acompanha seu corpo, ao cair na altura da coxa. Sua mão esquerda mostra um movimento e seu rosto é pensativo e enigmático, parecendo desafiar o adversário. Toda a anatomia de David exprime tensão e apreensão, mas também ousadia. Suas veias chamam a atenção por estarem dilatadas, sua testa está franzida e o olhar é agressivo e sereno simultaneamente. Os estudos continuam e hoje apresentam observações originárias das mais diversas fontes: Canhoto ou destro - A escultura sugere que David é canhoto, porque segura um estilingue com essa mão, mas seu corpo demonstra que ele é destro. Esse é um enigma talvez causado pelas limitações da peça de mármore antes de ser esculpida. Olhar defeituoso – Durantes séculos, quase ninguém percebeu a sutileza do olhar de David. Foram os especialistas da Universidade de Stanford que conseguiram mostrar com a ajuda de computadores que o olho esquerdo de David enxerga para a frente enquanto o olho direito está focado em algum ponto distante. Definitivamente, os americanos não entenderam que é justamente esse movimento que faz com que o olhar da escultura seja um dos mais enigmáticos e interessantes da história da arte. Além disso, dizem que o olhar propositalmente estava direcionado para Roma, longe dos conflitos políticos da época e que envolviam os Médicis (família que por séculos dominou a Cidade de Florença). Todas essas observações poderão ser por nós comprovadas numa visita ao Instituto Ricardo Brennand (Recife), onde nos aguarda a réplica em mármore de Carrara, confeccionada pelo estúdio de Franco Cervietti, também responsável por cinco outras cópias, existentes uma no Cemitério de Los Angeles; a segunda para Austrália; a terceira para o Museu de Taiwan; a quarta para uma fundação de arte de Taiwan e esta quinta cópia concluída em 2000 que teve como destino o Brasil. *Por Leonardo Dantas Silva

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Lanche Verde (por Bruno Moury Fernandes)

Casal de amigos foi chamado pelo colégio onde a filha estuda para uma reunião. A curiosidade era enorme, mas estranharam o convite, já que a pré-adolescente em questão é comportadíssima. Um doce de menina. Incapaz, até então, de uma trela no ambiente escolar. O constrangimento logo povoou a sala da diretoria. A escola descobriu que a filha desse casal havia levado cerveja na sua lancheira. Os pais estranharam o fato, mas prometeram apurar. No mesmo dia, descobriram que as latinhas de Heineken na geladeira foram confundidas com as latinhas de Sprite que se acotovelam no andar logo abaixo, no mesmo refrigerador. A cachaça sempre acompanhou as gerações dessa família. Não tem jeito. Esse é o tipo de história que esses adolescentes irão carregar para o resto da vida. Daquelas que se contam para os netos, em festa de família, quando o velhinho é arrodeado por pessoas para contar suas peripécias infantis. Se for rico, então, todos prestarão atenção. Se for pobre, poderão dar alguma risada, e depois algum moleque vai chutar sua canela e sair correndo, murmurando: velho safado! Bom mesmo era o lanche raiz. Aquele que levávamos para a escola. Aliás, faz falta todas as coisas que estão a faltar por toda a parte. Se me permitem, ouso enaltecer o cuscuz de rua. Esse ia para a escola. Dormia na geladeira e no outro dia estava na minha lancheira. Saudade até do próprio apito do vendedor. Daquele que se houve a três quilômetros de distância. Porque é som de final de tarde, de volta para casa, de final de expediente. É a sonoridade de um Recife que desaparece lentamente. O pequeno fragmento de coco equilibrando-se sobre aquela circunferência amarela e encharcada no leite e açúcar nos dá água na boca, mesmo estando, pelo menos eu, a anos de distância do último que prazerosamente comi. Não podemos esquecer do japonês. O doce. A iguaria. Aquela que agarra nos dentes e impedia o aluno de falar com o professor, no pós-recreio, de tanto doce agarrado aos dentes. Pelo menos é mais saudável do que as latinhas da loirinha gelada e os dentistas agradeciam. Bom, mas voltando às latinhas da filha do casal amigo, eles voltaram à escola no dia seguinte e esclareceram tudo. Não deu para esconder o fato de que os meninos, a filha do casal e seus coleguinhas, todos pré-adolescentes, passaram três dias dividindo cerveja no recreio, com gaitadas homéricas, comportamento esse que se estendia pelas aulas pós-recreio, o que fez saltar aos olhos dos professores as atitudes anormais e o andar trôpego da meninada. A cor verde – que me perdoem os palmeirenses – sempre nos confunde. Verde claro, verde escuro, verde musgo, verde oliva, verde mar. Enfim, a culpa não é do casal amigo. Tem verde demais no mundo a confundir pais distraídos, especialmente os cachaceiros.

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