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Quais as perspectivas do Novo PAC para o Estado de Pernambuco?

*Por Rafael Dantas O anúncio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) promete para Pernambuco um volume de R$ 91,9 bilhões, a serem executados nos próximos quatro anos. Frente aos baixíssimos indicadores de investimento das últimas gestões do Governo Federal, o otimismo da classe política e empresarial é grande. Porém, há um conjunto de peças colocadas nesse tabuleiro econômico e político que precisam se acertar para que o Estado colha os frutos desses empreendimentos. A cautela se dá, principalmente, pelo fato de o PAC ter um histórico recente de baixa execução de projetos. No entanto, ao menos no plano de jogo – dos projetos apresentados – o programa indica estar no caminho certo. No conjunto de investimentos anunciados no PAC, há algumas peças chaves montadas pelo Governo Federal em comunicação com o Governo do Estado. Um terço de todos os recursos previstos para Pernambuco (R$ 30,9 bilhões) estão nas pastas que englobam infraestrutura, mobilidade e cidades. Somente no Programa Água para Todos, por exemplo, estão previstos R$ 10,3 bilhões para a revitalização das bacias hidrográficas, em projetos de preservação, conservação e recuperação. Para virar o tabuleiro da estagnação econômica e da baixa competitividade no Estado, entre as obras previstas mais importantes para Pernambuco estão a Transnordestina, os investimentos de recuperação e adequação das rodovias, as adutoras, a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima e o Minha Casa Minha Vida. Para o Metrô do Recife está previsto apenas um estudo para a requalificação. Sobre o esperado Arco Metropolitano aparece nas planilhas do programa uma alínea de construção da variante do Contorno de Recife (BR-101/408). Além das obras já anunciadas em âmbito nacional, a partir do próximo mês o Governo Federal promete lançar editais para outros projetos prioritários de estados e municípios que somam R$ 136 bilhões. As áreas beneficiadas nessa nova fase são desde a urbanização de favelas, construção de unidades de saúde básica, creches, entre outras. Há uma expectativa, portanto, de que o Estado ou os municípios pernambucanos consigam novos projetos aprovados nessa outra fase do PAC. DO MARKETING À EXECUÇÃO DAS OBRAS O economista Sérgio Buarque descreve o PAC como uma coleção de projetos e intenções, muitos deles já existentes ou antigos, empacotados com um grande marco de marketing do Governo Lula. Ele considera positivo o fato de o programa estar mais aberto a concessões e PPPs (parcerias público-privadas), mas avalia que essa postura não se reflete nos projetos que foram pensados para Pernambuco. A efetividade desses anúncios é a grande dúvida que ele levanta, a partir do histórico do programa. "O PAC é uma coleção de projetos e intenções. Agora, isso lembra o que todo governo faz no primeiro ano, que é o plano plurianual, que vai para a aprovação do Congresso, e está previsto de ser realizado precisamente em quatro anos. A diferença é que eles empacotaram e fizeram marketing. Isso não é ruim. Mas está criando expectativas muito grandes de coisas que a gente não tem muita certeza de como é que vão ser, porque o Governo Federal tem limitações e porque boa parte do que está pensado depende da disposição dos empreendedores privados", ressalva o economista. Do montante de R$ 1,7 trilhão projetado de investimento para todo o País, dos cofres do Orçamento Geral da União estão previstos R$ 371 bilhões. O restante está na conta das empresas estatais, com R$ 343 bilhões; de financiamentos, R$ 362 bilhões; e do setor privado, R$ 612 bilhões. Sérgio Buarque lembra que a parcela de recursos anunciada pelo Governo Federal de investimentos diretos representa pouco mais de 20% do total do PAC. No entanto, esse montante por ano é muito superior à média executada pelo Brasil nos últimos anos. Ele considera que a implementação dos projetos requer um esforço financeiro substancial para alcançar o volume destinado ao Orçamento Geral da União, bem como segurança jurídica e incentivos para envolver o setor privado. TRANSNORDESTINA DE VOLTA A PERNAMBUCO Alguns dos projetos que voltam a surgir no PAC 3, estiveram presentes nas edições anteriores, a exemplo da própria Transnordestina. Iniciada em 2006, a concessão se arrasta há 17 anos na gestão da iniciativa privada. Mesmo com aportes diretos do Governo Federal e financiamentos públicos para a execução do empreendimento, a TLSA retirou o trecho Salgueiro-Suape da ferrovia em dezembro. Como já previsto nas últimas semanas, a linha pernambucana da Transnordestina voltou ao mapa de investimentos. Não se pode falar ainda num xeque-mate do retorno das obras da ferrovia em direção à Suape. Porém, o trecho local voltou ao tabuleiro e precisa avançar novas casas para ser executado. "É fundamental essa integração ferroviária. Tivemos problemas na execução dessa obra, que é antiga. Foi uma vitória, porque ela estava no limbo. Pernambuco foi aglutinando forças e a gente conseguiu botar a classe política no palco e a classe empresarial na plateia para requerer que, imediatamente, a Transnordestina entrasse no PAC e, depois, no PPA. No PAC entrou, no PPA é o próximo passo”, projeta o consultor Francisco Cunha. Após a formulação de um manifesto com assinaturas de mais de 30 organizações e as articulações empresariais para que o pleito chegasse ao Governo Federal, a próxima batalha, na avaliação do consultor, é garantir um cronograma para que as intenções saiam do papel. “Vamos agora voltar às reuniões para ver como a gente amplia a pressão. Fizemos um gol, mas ainda tem um longo caminho pela frente." São esperadas novas definições sobre os recursos, o modelo de execução e gestão, além dos prazos para cada etapa das obras do empreendimento tão aguardado pelo setor produtivo de Pernambuco. As expectativas é de que seja executado inicialmente pela Infra S/A, com investimentos na ordem de R$ 4,5 bilhões. Além das palavras do presidente Lula e do ministro de transportes Renan Filho, o consultor destaca ainda a presença de dois pernambucanos à frente da Sudene e do Banco do Nordeste como fatores positivos para o avanço da linha ferroviária em Pernambuco. Para o economista Sérgio Buarque, tanto na Transnordestina (Salgueiro-Suape), como nos demais

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O que já foi anunciado sobre a Transnordestina após lançamento do PAC?

Um dos maiores pleitos pernambucanos para o Programa de Aceleração do Crescimento era a realização da linha Salgueiro - Suape da Transnordestina. O trecho, que foi excluído do projeto em dezembro, ainda no Governo Bolsonaro, entrou na lista de obras previstas no Novo PAC. Mas sem muitos detalhes. Em entrevistas, no entanto, o ministro dos Transportes Renan Filho vem clareando os próximos passos para que a ferrovia saia do papel. INVESTIMENTO Em coletiva, ele mencionou que enquanto os trajetos ligando Eliseu Martins (PI) a Salgueiro, localizado no interior pernambucano, e de Salgueiro ao Porto de Pecém, no Ceará, serão executados através de financiamento privado avaliado em cerca de R$ 7 bilhões, o trecho que interliga Salgueiro ao Porto de Suape tem um custo estimado de R$ 4 bilhões, será construído com recursos provenientes do OGU. A novidade da coletiva foi a informação de quanto do recurso está previsto dentro do PAC. O ministro falou das cifras de R$ 450 milhões para o próximo ano. RENAN FILHO “O trecho de Pernambuco será inserido no PAC e tocado com recursos do OGU. Nesse primeiro momento, até que a gente consiga [os recursos], o governo tem a inserção para o próximo ano de R$ 450 milhões para iniciar a obra”, afirmou Renan Filho. Os investimentos anunciados, então, são relevantes para destravar a retomada das obras, o que já é uma grande notícia para o projeto que estava sem nenhuma previsão. Porém, ele representa ainda menos de 15% do orçamento para sua conclusão. A consolidação desse anúncio no Plano Plurianual e na Lei Orçamentária Anual de 2024 são os próximos passos.

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7 fotos do Recife para celebrar o Dia do Patrimônio Histórico

O Dia do Patrimônio Histórico é comemorado hoje (17), em referência ao aniversário do escritor e jornalista Rodrigo Melo Franco de Andrade, que foi responsável pela criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), que atualmente tem o nome de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em comemoração, a coluna Pernambuco Antigamente resgata 7 imagens de imóveis históricos do Recife. As fotos são da Biblioteca do IBGE. Igreja Matriz de Santo Antônio, no Recife (1952)(Autor: Stivan Faludi / Lindalvo Bezerra dos Santos) A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio destaca-se como um dos mais belos templos do Recife, apresentando um estilo barroco colonial. Sua construção foi iniciada em 1753 e finalizada em 1790, sendo dedicada a Santo Antônio. Situada na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, essa igreja é um marco arquitetônico significativo. Concatedral de São Pedro dos Clérigos A Catedral de São Pedro dos Clérigos, situada em Santo Antônio, é um destacado exemplar arquitetônico religioso de Pernambuco. De estilo barroco, originou-se da fundação da Irmandade de São Pedro dos Clérigos no Recife, no início do século XVIII. A construção iniciou em 1728, sendo sagrada em 30 de janeiro de 1782. Sua fachada, remodelada em estilo do século XVIII, termina em pequenos pátios. A planta é de Manuel Ferreira Jácome. O interior, marcado pelo século XVII, apresenta pinturas de João de Deus Sepúlveda. Já o forro do coro foi pintado por Manuel de Jesus Pinto entre 1806 e 1807. Em 1998, o Iphan a tombou. Igreja da Ordem Terceira do Carmo Erguida em 1687, a Basílica e Convento Nossa Senhora do Carmo exibe características do estilo barroco. No coração de seu altar ricamente adornado, destaca-se a representação em tamanho real de Nossa Senhora do Carmo, a padroeira do Recife. Vale ressaltar que foi neste convento que Frei Caneca recebeu a ordenação sacerdotal. Fonte das Cinco Pontas O Forte de São Tiago das Cinco Pontas, construção holandesa de 1630, é um ícone arquitetônico colonial no Bairro de São José, Recife. Inicialmente chamado de Forte Frederico Henrique, visava garantir água potável à população e controlar o Rio Capibaribe. Restaurado por João Fernandes Vieira entre 1677 e 1684, o nome atual advém da capela interna dedicada a São Tiago Maior. Atuou como prisão, Quartel General Militar, sede da Secretaria de Planejamento da Presidência e, desde 1982, é o Museu da Cidade do Recife. Frei Caneca foi morto próximo ao histórico paredão adjacente. Forte do Brum (1957) (Foto de Tibor Jablonsky) O Forte de São João Batista do Brum, construído a partir de 1629 em Olinda, teve sua construção continuada pelos holandeses. Após a retomada portuguesa em 1654, foi reconstruído com um fosso inundado e serviu como refúgio durante a Revolução Pernambucana. Também foi prisão de guerra durante a Confederação do Equador e a Insurreição Praieira. Hoje, abriga o Museu Militar. Mercado São José A bela foto do Mercado Público de São José foi registrada pelo fotógrafo Manoel Tondella (1861 – 1921). Este monumento, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1973, ilustra a história da cidade mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras. Conhecido por ser o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro no Brasil, o Mercado de São José foi trazido da Europa para o Recife no final do século XIX. Sua construção foi planejada pelo engenheiro da Câmara Municipal do Recife, J. Louis Lieuthier, em 1871. Inspirado no Mercado de Grenelle em Paris, o projeto foi executado pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, também responsável pela construção do Teatro de Santa Isabel. Inaugurado em 7 de setembro de 1875, o mercado recebeu esse nome devido à sua localização no bairro de São José. Sua edificação ocorreu no mesmo local onde existia o antigo Largo da Ribeira do Peixe, tradicional ponto de comércio de diversas mercadorias para a cidade do Recife. Estação Recife Na metade do século XIX, entre 1850 e 1856, foi erguida a primeira estação da Rede Ferroviária do Nordeste, conhecida como Estação Central. Localizada à margem esquerda do rio Capibaribe e em frente à atual Casa da Cultura, na rua Floriano Peixoto, no bairro de São José, Recife. Mais tarde, a Estação Central foi destinada a atender a Estrada de Ferro Central de Pernambuco e oficialmente inaugurada em 1888.

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"Conseguimos uma vitória com a entrada da Transnordestina no PAC"

O Painel Mensal da Agenda TGI traça o panorama das últimas semanas do cenário internacional, nacional e com destaques para Pernambuco. O evento é exclusivo para assinantes, que tem a oportunidade de participar do debate com Francisco Cunha, após a exposição e comentários dos principais acontecimentos que marcaram o mês. Na edição de agosto, Francisco Cunha voltou a destacar a melhoria de uma série de indicadores econômicos, mencionou os desafios do relacionamento com o Congresso Nacional e trouxe novas informes sobre o preocupante cenário das mudanças climáticas. Sobre Pernambuco, o consultor comemora a inclusão oficial da Transnordestina no PAC, mas destaca: "O próximo objetivo é entrar no PPA". Confira abaixo um resumo dos principais tópicos da apresentação. Conquista da Inclusão no PAC e desafio do PPA: O estado de Pernambuco obteve uma vitória significativa ao conseguir a inclusão da Transnordestina no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa conquista é fruto de uma articulação colaborativa envolvendo diversas entidades, tanto empresariais quanto políticas, destacando a importância do trabalho conjunto para alcançar metas estratégicas. Passo a Passo na Articulação Política: Francisco destaca que o processo de conquista e influência requer passos cuidadosamente planejados e articulados. A inclusão da Transnordestina no PAC foi resultado de uma estratégia gradual, que envolveu a mobilização de várias partes interessadas e a criação de uma pressão progressiva para alcançar os objetivos propostos. Progresso na Pressão e Resultados Alcançados: A inclusão da Transnordestina no PAC foi uma conquista importante, simbolizando um gol em um jogo estratégico de pressão e negociação. O sucesso dessa iniciativa ressalta a eficácia da colaboração entre setores público e privado para impulsionar projetos de infraestrutura e desenvolvimento. O próximo passo é a inclusão no Plano Plurianual (PPA) e a definição de um cronograma para o projeto. Quebra de braço em Brasília: No cenário político atual, observa-se a estratégia da "operação tartaruga" na Câmara dos Deputados, que pode ser interpretada como uma tática de espera em relação às trocas ministeriais e à votação do arcabouço fiscal, incluindo a reforma em discussão. Essa postura evidencia uma queda de braço política entre Lula e a liderança de Arthur Lira na Câmara. A dinâmica política envolve movimentações estratégicas por parte de ambos, visando ao alcance de seus objetivos e à influência nas decisões do legislativo. Brasil Melhora Classificação de Risco e perspectiva de crescimento. O Brasil registra avanços na economia com o aumento da classificação de risco pelas agências FIT e S&P, indicando melhoria no desempenho e responsabilidade fiscal do governo. O país busca recuperar seu status de grau de investimento, refletindo a retomada econômica e esforços de gestão. No ano, o País foi o que mais cresceu a perspectiva de crescimento esperado do PIB em 2023. Exportações Brasileiras Fortalecidas: A balança comercial brasileira apresenta números positivos, com saldo de 9 bilhões de reais em julho de 2023. A carência global de grãos impulsiona as exportações, favorecendo a economia brasileira. Essa tendência, juntamente com o crescimento do consumo e a queda da inadimplência, aponta para uma recuperação consistente. Mercado Financeiro Dividido sobre Política Econômica: O mercado financeiro brasileiro revela uma divisão de opiniões sobre a política econômica. Pesquisas mostram que 47% acreditam que a política está na direção certa, um aumento significativo em relação aos 10% anteriores. No entanto, a incerteza persiste, com 53% considerando a situação como errada. O otimismo sobre a economia e a confiança na recuperação também crescem, consolidando a percepção de que o país está no rumo certo. Moeda Digital: O Banco Central também está avançando na criação da moeda digital, chamada de Drex (real digital), que oferecerá um ambiente seguro e regulado para o desenvolvimento de negócios e a participação da população na economia digital. Essa iniciativa tem como objetivo proporcionar mais pessoas com acesso aos benefícios da economia digital, representando um passo significativo na modernização do sistema financeiro. Mudanças climáticas: O consultor ressalta recordes preocupantes na crise climática. Julho, o mês mais quente já registrado globalmente, testemunhou temperaturas extremas, como 52 graus na China e 37 graus na Cordilheira do Chile. O secretário-geral da ONU alerta para uma 'era de ebulição global', enfatizando a gravidade do aquecimento. Incêndios intensos no Havaí refletem esse cenário. Apesar disso, há sinais positivos: desmatamento na Amazônia caiu 42%, mas cresceu no Cerrado. Cunha destaca a necessidade de enfrentar o novo normal quente e agir em prol da sustentabilidade. Francisco Cunha alerta ainda para a elevação do nível dos oceanos, evidenciando a subida de 10 centímetros em 30 anos, prejudicando regiões litorâneas como Recife. Desafios da Demografia Internacional: O panorama econômico revela desafios para o setor imobiliário, incluindo uma grande empresa que demonstra insatisfação. O alto desemprego entre jovens, acima de 20%, gera preocupação. A trajetória da taxa de desocupação, afetada pela pandemia, segue uma tendência de queda, projetando um crescimento anual de cerca de 3% até 2028. A China, agora segunda em população após a Índia, enfrenta um dilema com uma juventude educada e escassez de empregos qualificados, levantando riscos de instabilidade política. O presidente dos EUA alimenta tensões ao chamar a economia chinesa de 'bomba-relógio'. Na Europa, programas de incentivo financeiro buscam novos moradores para lidar com desafios demográficos.

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"Podemos aprender com o mangue a nos adaptar às mudanças climáticas"

Marcus André Silva, Professor do Departamento de Oceanografia da UFPE, alerta que o processo de modificação do clima tem ocorrido de forma mais acelerada do que apontavam as previsões, mas que o Brasil tem potencial para adotar soluções para mitigar os danos do fenômeno, muitas delas baseada na natureza. Diante dos efeitos das mudanças climáticas, que seguem em ritmo acelerado, teremos que encontrar soluções que se adaptem à natureza ao invés de confrontá-la. A recomendação é do professor do Departamento de Oceanografia da UFPE Marcus André Silva. Ele sugere que em alguns lugares do Recife, poderemos não recorrer à fria engenharia que ergue barreiras de concreto para impedir a cheia da maré, mas deixar que a água invada e depois vá embora. “Em Veneza, por exemplo, nas macro-marés, alguns lugares são alagados e todo veneziano sai de galocha”, compara o professor que também é coordenador substituto do Centro de Estudos Avançados da universidade. Assim como Chico Science inspirou-se na riqueza da vida no mangue para produzir a sua arte, Marcus Silva, pelas vias da ciência, nos convida também a aprender com esse ecossistema que convive com as oscilações da maré. Nesse sentido, até a palafita pode se tornar uma boa solução, desde que receba modificações para que se transformar numa moradia digna aos ribeirinhos. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o oceanógrafo fala dessas soluções, explica como acontece o complexo processo de elevação do nível dos oceanos e alerta que temos que ser ligeiros em abandonar práticas como o uso de combustíveis fósseis porque o curso das mudanças climáticas está mais adiantado do que mostraram as previsões dos estudiosos. Como se dá o processo de elevação do nível dos oceanos? Não é um processo simples, ele envolve uma série de características físicas associadas à água, principalmente a do mar, e ao processo de mudança climática, que começou a partir da Revolução Industrial. Esse evento provocou o aumento das emissões de gás carbônico na atmosfera, que age como um filtro, impedindo que o calor seja dissipado para o espaço. Isso faz com que o planeta retenha mais calor. O oceano é um elemento importante no balanço da temperatura do planeta. Esses 2/3 de água que fazem parte da superfície da Terra retém 90% do calor que é absorvido da radiação solar. Se o continente não tivesse a parcela de oceano, a temperatura entre dia e noite oscilaria bastante. Um exemplo é o deserto do Saara, que é carente de água. Durante o dia ele chega a quase 50°C e, à noite, a temperatura está abaixo de zero. Enquanto no Recife, às margens do Atlântico, mesmo no inverno, a temperatura ficar abaixo de 20° é muito raro, porque recebemos o calor do oceano. Uma vez que aumenta o calor retido no planeta, a temperatura da superfície do mar também aumenta e aí a água vai expandir, vai haver o processo de expansão térmica, um fenômeno físico. Mas esse fenômeno não acontece apenas na superfície do oceano. Se focarmos na temperatura do Atlântico tropical, por exemplo, ela é mais quente até mais ou menos uns 100m de profundidade. Mas no oceano profundo, a 4 mil metros, as temperaturas caem para 4°C. Essa é uma água mais fria, que vem do Ártico e da Antártica. Nos oceanos há uma circulação que conecta a circulação superficial da água, que é basicamente induzida pelo vento, e a circulação profunda, induzida pelas diferenças de temperatura e salinidade que comandam a densidade da água. Então, se a gente tem uma água gelada mais densa ela vai empurrar uma água mais quente e menos densa. Basta pensar num aquário: se colocarmos água gelada de um lado e água quente do outro e juntarmos essas duas águas, a água gelada tende a circular por baixo e a água quente vai circular por cima. Existe um processo que é a circulação profunda da água do mar que vem dos polos para a região tropical e a água quente vai passar a fluir na superfície ao ser empurrada pela água fria da profundidade. Um processo que é contínuo. Acontece que há um aquecimento dos polos, principalmente do Ártico, que está perdendo massa de gelo, de permafrost, o gelo permanente do Ártico. As previsões apontam que essa água doce, que está aportando do desgelo da calota polar, tem a tendência de enfraquecer a circulação profunda. Ela é doce porque quando a água marinha congela, o sal fica na superfície. E, como eu disse, além da temperatura, a salinidade também aumenta a densidade dessa água e ela afunda, fazendo com que ela seja a bomba, o propulsor dessa circulação profunda. Mas com o aporte de água doce do derretimento da calota das geleiras, a água está menos salina, o que diminui a densidade da água do mar do Ártico enfraquecendo essa circulação profunda. Aí, ocorre o enfraquecimento do que chamamos de Célula de Revolvimento Meridional. Ela conecta as principais correntes num processo em que a circulação superficial da água do mar retira calor dos trópicos e o leva para as regiões temperadas e aos polos. A Célula de Revolvimento Meridional funciona como grande trocador de calor do planeta mas, ao enfraquecer, leva o planeta a reter mais calor na superfície do oceano tropical e diminuir o transporte de calor superficial para as regiões temperadas dos hemisférios sul e norte que tendem a ficar mais frias. Por isso que hoje falamos de mudança climática e não de aquecimento global, porque há uma transformação do clima no planeta todo onde algumas regiões apontam ficar mais frias e, outras, mais quentes. Além disso, essa água profunda também está esquentando, logo também está expandindo. Então, não temos só o processo da radiação e da temperatura da atmosfera induzindo a circulação e a temperatura da superfície do mar mas, também, uma tendência de aquecimento de toda a água do oceano. Isso é um processo lento, que as previsões avaliam começar em 2100 e evoluir ao longo do dos séculos. Então o processo é muito mais complexo do que o

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Isenção de impostos para importações até US$ 50 preocupa indústria e comércio

*Por Rafael Dantas A entrada em vigor da Remessa Conforme tem gerado intensas preocupações entre os players da indústria e do comércio pernambucanos. A medida, que zera a alíquota de importação para compras até US$ 50 e reduz o ICMS para 17% para empresas estrangeiras, foi concebida com o objetivo de regulamentar e controlar as operações. No entanto, a percepção da classe empresarial é que ela pode trazer desvantagens para a atividade econômica do País. Entidades setoriais criticam a medida, apontando um desequilíbrio ainda maior na concorrência. Enquanto o Governo Federal defende a busca por maior fiscalização e dados confiáveis, analistas alertam para o risco de evasão de divisas e redução do impacto econômico nacional. A iniciativa tem um caráter voluntário e o objetivo de atingir as principais plataformas de comércio digital, como a Shein, Amazon, Shopee, Mercado Livre e AliExpress. As empresas que aderirem ao programa deverão fornecer de forma antecipada os detalhes das compras internacionais. Esses dados serão transmitidos aos Correios e às empresas autorizadas para o desembaraço aduaneiro. Com a medida, a expectativa do governo é de que a Receita Federal possa agilizar o fluxo das remessas internacionais e garantir a quitação antecipada dos tributos devidos. Convertendo para a moeda nacional, o valor da isenção concedida é para compras de aproximadamente R$ 250. Uma pesquisa recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) indica que mais da metade das compras no País (52,4%) é de itens com preços finais até esse valor. “Entendemos que essa medida é um absurdo. Defendo que a camisa vendida no Recife pague os mesmos tributos de uma que venha de fora. Não entendo a razão do Governo Federal não taxar. É preciso que tenhamos as mesmas condições de impostos de qualquer mercadoria do mundo. É a questão de igualar tributariamente todos”, reclama o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Fred Leal. A apreensão do representante da CDL Recife, que é compartilhada pelos integrantes da Fiepe e da Fecomércio-PE, tem fundamento, na análise do economista André Morais, do Corecon-PE (Conselho Regional de Economia). Ele avalia que a medida criou condições desiguais, com graves prejuízos para os empresários brasileiros. “A preocupação é muito legítima. Veja bem, uma coisa é abrirmos mais o mercado para a concorrência, outra, completamente diferente, é darmos certas vantagens para determinados segmentos. E é isso que, aparentemente, a proposta apresenta, com a justificativa de arrecadar mais. Precisamos ter uma certa equidade e isonomia para com o setor industrial brasileiro também. Senão você acaba desestimulando a indústria local. Imagina você pegar alguns setores já fragilizados e promover um certo desbalanceamento concorrencial? O efeito pode ser extremamente negativo para a economia, além de injusto”, critica o economista. Ninguém tem uma previsão de quanto deve ser o impacto em volume no faturamento das empresas brasileiras. Mas como 9 de cada 10 brasileiros pesquisam no Google antes de realizar uma compra, segundo dados da Offerwise, a queda nas vendas com o anúncio da medida pode ser intensa. “Para Pernambuco, os prejuízos envolvem desde uma forte redução no volume de vendas e nas receitas das empresas até o aumento no desemprego no curto prazo. Em outras palavras, o Remessa Conforme pode comprometer a tendência de melhoria das condições econômicas, que vinha ocorrendo nos últimos meses, tal como apontam pesquisas conduzidas pela CNC e pelo Instituto Fecomércio PE. A medida contradiz o quadro de boas expectativas derivado da recente redução da taxa Selic, pois sinaliza um desincentivo ao empreendedorismo no Estado”, desaprova o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto. Apesar da ausência de uma previsão mais concreta sobre os impactos futuros da Remessa Conforme no comércio e na indústria, já foram realizadas estimativas dos efeitos das importações isentas de bens de consumo de pequeno valor (até US$ 50) no passado. A Confederação Nacional da Indústria calculou que apenas no último ano houve uma queda de US$ 13,1 bilhões nas vendas de mercadorias produzidas por empresas nacionais. A CNI ressalta que essa redução nas vendas desencadeia uma subsequente diminuição na produção e no crescimento do País e associa a chegada dessas mercadorias importadas, com isenção, a uma redução de 0,7% no PIB no ano anterior. OUTROS PREJUÍZOS Além da esperada evasão de recursos para outros países, a medida cria outros problemas para o cenário econômico local, que ainda não está plenamente recuperado do baque da pandemia. “A evasão de divisas para outros países significa, literalmente, um vazamento de renda para o exterior. Ou seja, um dinheiro que poderia ser utilizado no Brasil e passa a se destinar para o estrangeiro. Isso não afeta apenas a atividade econômica nacional, como também diminui as perspectivas de arrecadação de receitas do governo. Outros efeitos podem ser encadeados a partir disso, como as dificuldades de acesso a crédito para empresas brasileiras, a redução dos investimentos e das contratações e a diminuição da produção”, enumera Bernardo Peixoto. Muitos analistas ainda duvidam que as gigantes do comércio eletrônico internacional embarquem no Remessa Conforme. Isso porque há muitas exigências para adesão ao programa. Além disso, essas empresas passaram a ser mais fiscalizadas pelo governo brasileiro. Todos os analistas citaram que dois dribles mais recorrentes que as empresas estrangeiras fazem para não pagar impostos nas transações que ultrapassam o valor dos US$ 50, por exemplo, são fracionar os produtos adquiridos pelos brasileiros e realizar a venda como pessoas físicas. A expectativa do Governo Federal de que a medida vai proporcionar dados mais confiáveis sobre compradores, exportadores e produtos é muito otimista, na análise de Bernardo Peixoto. “Outra perspectiva é que, ainda assim, vão se criar outros métodos de burlar o controle alfandegário para evitar o pagamento integral de tributos. Em qualquer caso, a medida torna as condições concorrenciais mais difíceis para as empresas nacionais”. A motivação de que a medida reforce a capacidade de fiscalização do Governo Federal é questionada pelo presidente da CDL Recife. “Entendemos que é um absurdo que, apesar de toda tecnologia que temos hoje, a razão da concessão dessa isenção seja um problema de fiscalização.

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10 imagens da UFPE de Antigamente

Hoje a Universidade Federal de Pernambuco comemora 77 anos de fundação. Nesta semana, é comemorado na instituição também os 60 anos da Rádio Paulo Freire. A fundação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi em 11 de agosto de 1946. A Universidade do Recife reunia diversas instituições acadêmicas: Faculdade de Direito do Recife, Escola de Engenharia de Pernambuco, Faculdade de Medicina do Recife com escolas anexas de Odontologia e Farmácia, Escola de Belas Artes de Pernambuco e Faculdade de Filosofia do Recife. Após 19 anos, a Universidade do Recife é incorporada ao sistema federal de educação e recebe a denominação de Universidade Federal de Pernambuco, sendo uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação. A coluna Pernambuco Antigamente faz um passeio por imagens do passado da universidade, que é a principal instituição de ensino superior do Estado. 1 - Reitoria da UFPE na década de 1960 Imagem de Alcir Lacerda - Acê Filmes - Fundaj, publicada na Página Recife de Antigamente Início da construção do campus universitário em 1948, com discussões sobre a localização da obra já em 1947. Diferentes locais foram considerados para o campus, incluindo terrenos em Joana Bezerra, Santo Amaro, Ibura, área da Faculdade de Direito no Centro do Recife e um loteamento na Várzea. 2. Construção da ReitoriaImagem disponibilizada no site da UFPE A escolha do terreno na Várzea foi influenciada pela existência de uma avenida projetada no local, bem como pelas condições climáticas e topografia favorável. 3. Foto aérea da cidade universitária, datada de 1959 4. Prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) em construção 5. Construção do Centro de Artes e Comunicação (CAC)As imgens abaixo são do hotsite criado nos 75 anos da UFPE 6. Casa do Estudante e Restaurante Universitário, na década de 70 7. Biblioteca Central da UFPE 8. Acesso principal à Universidade Federal de Pernambuco 9. Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), que foi criado a partir do Instituto de Física e Matemática 10. Centro de Ciências da Saúde da UFPE, criado em 1976 Há inúmeros outros registros da universidade, em especial dos prédios das faculdades de Direito e de Medicina, que tem funcionamento bem anterior à criação da UFPE. A coluna de hoje destacou o campus organizado na Várzea. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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Vendas do varejo em Pernambuco diminuem 0,9% em junho

(Com informações do IBGE) De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (9), as vendas do comércio em Pernambuco apresentaram uma queda de 0,9% no mês de junho. Este índice coloca o estado empatado com Tocantins e à frente somente de Minas Gerais, que registrou uma retração de 1,3%. Enquanto isso, a média nacional permaneceu estável. Na comparação entre junho de 2023 e o mesmo período do ano anterior, Pernambuco viu um aumento modesto de 0,2%, evidenciando um desempenho inferior à média nacional de 1,3%. No entanto, o índice de variação acumulada do semestre no estado (1,3%) coincidiu com o índice nacional. Por outro lado, no período dos últimos 12 meses (julho de 2022 a junho de 2023), Pernambuco registrou uma retração de 1,1%, enquanto a média nacional foi de 0,9%. No segmento do comércio varejista ampliado, que engloba atividades como material de construção, veículos, motocicletas, partes e peças, além de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, Pernambuco apresentou o pior resultado do país, com uma queda de 1,8%. Por outro lado, o Brasil registrou um aumento de 1,2% nesse segmento. Em junho de 2023, o estado manteve a estabilidade no varejo ampliado em relação ao mesmo mês de 2022, enquanto o país observou um crescimento significativo de 8,3%. Quanto ao acumulado do semestre, o volume de vendas do setor caiu 1,6% em Pernambuco, contrastando com o desempenho positivo de 4% no âmbito nacional. Nos últimos 12 meses, a situação persistiu: Pernambuco registrou uma retração de -8,6%, enquanto o país teve um crescimento de 1,1%. Dentre as 14 atividades comerciais e suas subdivisões analisadas pela Pesquisa Mensal do Comércio, sete tiveram aumento em junho de 2023 na comparação com o mesmo mês do ano anterior. As atividades com melhor desempenho foram Combustíveis e Lubrificantes (27,8%), Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (6,7%) e Hipermercados e Supermercados (2,9%). Por outro lado, as maiores quedas percentuais ocorreram em Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação (-30,7%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (-14,6%) e Atacado Especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (-12,2%). No acumulado do ano (janeiro a junho), Combustíveis e Lubrificantes lideraram com um aumento de 22,6%, enquanto Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos assumiram a segunda posição (22,6%), e Hipermercados e Supermercados ocuparam o terceiro lugar (3,8%). Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação apresentaram a maior queda, com um recuo de 23,2%. A seguir estão Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (-13,7%) e Tecidos, Vestuário e Calçados (-12,5%). No acumulado dos últimos 12 meses, Combustíveis e Lubrificantes novamente lideraram, com um aumento de 21,5%, seguidos por Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (7%) e Material de Construção (1,2%). Por outro lado, Veículos, Motocicletas, Partes e Peças (-22,1%), Tecidos, Vestuário e Calçados (-17,6%) e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (-15,6%) registraram as maiores quedas percentuais.

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ilustracao arruando holandes

Como era tratado um espião pelos holandeses?

*Por Leonardo Dantas No Brasil Holandês (1630-1654), tempo em que ainda não se encontrava solidificado o sentimento nativista e a consciência de uma pátria, como a temos nos dias atuais, a deserção era fato corriqueiro dentro das fileiras dos exércitos litigantes. No seu relato, o soldado Ambrosius Richshoffer, que escreveu o Diário de um soldado da Companhia das Índias Ocidentais, registra constantes fugas das hostes holandesas e de outras, particularmente de mouros (negros) e brasilianner (índios), do lado das forças da resistência; os primeiros chegaram a formar um regimento e esses últimos, graças ao seu conhecimento das trilhas e veredas do território ocupado, foram de grande valia para a causa dos holandeses. Do lado dos holandeses torna-se notável o número de mercenários franceses que fogem em busca de refúgio do lado contrário, talvez por sua condição de católicos e por não suportarem a fome que lhes fora impingida durante o cerco do Recife; "os desertores são na sua maioria franceses, de sorte que os desta nacionalidade estão sendo muito suspeitos e odiados entre nós", relata Richshoffer. O caso de um agente duplo aparece nas crônicas holandesas, durante o período da Guerra de Resistência. Trata-se do holandês Adriaen Verdonck, natural de Brabante e morador na vila de Olinda, quando da invasão em 1630. Para angariar simpatias do Alto Conselho, tomou para si a tarefa de escrever um longo relatório acerca da situação da vila de Olinda, particularmente no que diz respeito a lugares, aldeias e comércio, “bem como Itamaracá, Paraíba e Rio Grande, datado de 20 de maio de 1630”, conforme consta no Relatório de Adriaen Verdonck, publicado por José Antônio Gonsalves de Mello. Com isso, ele adquire as simpatias dos holandeses, chegando a privar do convívio em seus passeios e da própria refeição do general comandante Theodorus van Waerdenburch (Jonkheer Diederick van Waerdenburch), tomando assim conhecimento de informes preciosos do desenvolvimento da guerra. Tudo caminhava sem atropelos até que, em dada de 26 de dezembro de 1630, segundo registra Richshoffer em seu Diário: Passou-se para o nosso lado um mouro [negro escravo] do inimigo, que referiu haver entre a nossa gente um traidor, que diariamente vai ter com os nossos adversários na floresta, e lhes dá notícia da força que guarnece todos os nossos postos, dos navios que chegam da pátria, e quantos soldados, víveres e munições trazem. A denúncia toma corpo a 15 de janeiro, quando um escravo de Adriaen Verdonck vem a ser reconhecido por um indígena, que se passa para o lado holandês, adiantando ser ele o portador das cartas destinadas a Matias de Albuquerque de três em três dias, comunicando-lhe todos os nossos planos, e revelando-lhe tudo o que se passava ou lhe era confiado. O agente espião foi de imediato recolhido à prisão, com ferros nas mãos e nos pés e lá fica recolhido até que novas acusações lhe foram feitas, inclusive por um velho monge português, que vem a ser libertado pelos holandeses, mas cujo nome não é revelado. Diante das denúncias, a partir de 3 de abril o prisioneiro vem a ser submetido a contínuas sessões de torturas, sendo levado ao potro [cavalete de atormentar; instrumento de suplício] e à prancha [instrumento de suplício], e assim foi obtida a sua confissão. Desesperado, tenta ele o suicídio, atirando-se por um pequeno buraco que havia junto à prisão com o propósito de quebrar o pescoço. Sofreu apenas um pequeno buraco na cabeça, sendo em seguida ainda mais severamente torturado e melhor guardado. Não suportando as torturas que lhe foram impostas, Adriaen Verdonck vem a falecer na noite anterior ao dia da sua execução, 10 de abril de 1631. Não se conformando com a morte de Verdonck, as autoridades holandesas determinaram que fosse o seu cadáver retirado da prisão e arrastado pelas ruas por quatro mouros até o lugar da execução onde, após a leitura da sentença condenatória, veio a ser estrangulado, como narra Richshoffer, em seu Diário: Ali, em virtude da condenação, foi estrangulado, sendo-lhe cortados dois dedos e a cabeça. Em seguida foi esquartejado; colocaram a cabeça num alto poste no hornaveque do forte de Bruyn, e o quarto junto ao Vijfhuck ou Trots den duivel [orgulho do diabo]; o outro foi pendurado numa forca diante da trincheira nova kyk in de pot [olha para dentro do pote]. Os outros dois [quartos] foram mandados para Olinda, devendo um ser pendurado da mesma forma no monte e o último no lugar em que a nossa gente foi abatida a 3 de janeiro último [1631].

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Diego e Manu rodebens

"Somos uma família que está dentro dos negócios em tempo integral"

Entrevista com MANUELLA MENDONÇA E DIEGO MENDONCA Empresa que começou com uma borracharia em Carpina, hoje ostenta sete operações das marcas Rode Bem, Rode Mais e Rodo Max, que abrangem distribuição no atacado e revenda de pneus e serviços de recapagem. A segunda geração de gestores do empreendimento leva adiante o empreendedorismo do fundador Manuel Mendonça. Tudo começou com uma simples borracharia em Carpina, na Zona da Mata Norte, que em 30 anos se transformou num grupo que hoje conta com 80 funcionários e ostenta sete operações ligadas ao setor de pneus: são três truck centers (que atendem ao segmento de caminhão), uma renovadora (que faz a recapagem), uma distribuidora das marcas Bridgestone e Firestone que atende todo o Estado de Pernambuco, e mais duas revendedoras multimarcas voltadas para o segmento de carros de passeio (car center). Para contar a trajetória de sucesso do grupo proprietário das marcas Rode Bem, Rode Mais e Rodo Max, Cláudia Santos conversou com a segunda geração dessa empresa familiar que começou com o empreendedorismo de Manuel Mendonça. Seus filhos, Diego Mendonça de 32 anos, e Manuella Mendonça de 27, contam como o negócio se expandiu, falam da relação com o pai e a mãe Fabiana, que também trabalha na empresa, e do setor de pneus e dos projetos da empresa. Como começou a Rode Bem? Diego - Ela começou em 1993. Está completando 30 anos. Nosso pai, Manuel, veio do segmento de recapagem de pneu de uma empresa que fechou. Então, ele abriu uma borracharia em Carpina. Na época teve início a importação de pneus usados vindos da Europa que ele comprava e revendia na cidade, tanto pneus de caminhão como de automóveis, e fazia a parte da recapagem. Na verdade, ele levava o pneu numa renovadora que recapava e entregava ao cliente. Manuella – Ele era do administrativo, vendas e compras, mas havia uma pessoa que fazia o serviço de borracharia. O negócio foi crescendo, ele começou revender pneu novo e aos pouquinhos foi evoluindo. Diego – O negócio foi ficando mais estruturado, já não era mais uma borracharia, mas uma loja de pneus e em 1996 ou 1997, ele abriu uma nova loja em Surubim, com um sócio e, como tem esse sócio, não faz parte do nosso grupo e leva outro nome, Siga Bem Pneus. Continuamos evoluindo, nos estruturando e passamos a ter um atacado de pneus em Carpina. Havia os importadores que traziam para o Brasil os pneus novos, meu pai comprava como atacadista na importadora e distribuía em todo o Estado de Pernambuco. Depois passou a fazer também Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas, com o passar dos anos, os importadores passaram a vender direto aos clientes. A margem [de lucro] ficou muito espremida. Manuella – Mais ou menos em 2012 ele encerrou o atacado, não era viável mais, e em 2013 a Bridgestone nos procurou – em razão de a Rode Bem ser referência na região – e fechou a parceria para abrir uma loja em Carpina voltada para o público de caminhões e ônibus, a linha pesada de pneus, serviços e máquinas agrícolas. Eles fizeram questão de utilizar o nome Rode Bem Pneus por ser uma marca já conhecida na região. A primeira loja vende pneus no varejo de automóveis em todas as medidas. Depois, montamos essa nova loja com a bandeira Bridgestone/Firestone e depois de uns dois anos, montamos uma renovadora de pneus também da Bridgestone. O trabalho de uma renovadora é industrial? Diego – A renovadora é uma indústria que pega o pneu usado, no final da vida útil, e coloca uma borracha nova em cima. Faz todo um processo para ele “sair novo de novo”, como a gente costuma dizer. O pneu hoje custa em torno de R$ 3 mil dependendo do modelo e da marca e, para recapar o custo é em torno de R$ 700 ou R$ 800. Numa frota de caminhão, que é o nosso principal cliente, o maior custo é o combustível e o segundo é o pneu. Recapando, há uma redução muito maior no custo. Tem muita operação hoje que, se não existisse a recapagem, não se pagaria, inclusive, a borracha que usamos é a Bandag que oferece mais quilometragem que um pneu novo. Imagine o custo de um rodotrem graneleiro, que tem 34 pneus com o preço médio de R$ 2.800 cada. Ao recapar, ele terá um resultado muito considerável. Manuella – Esse serviço da recapagem tem a certificação do Inmetro. E vocês se adaptaram às demandas de uma região agrícola? Diego – Sim. Atendemos tanto a parte do caminhão frotista, caminhão de autônomo, como também o pessoal do agro. Bem, em 2014, começamos a operar no Recife com vendedor externo para fazer negócios, vender, fazer recapagem. Fomos ganhando, com o tempo, espaço no mercado. Até que em 2021 surgiu uma oportunidade de expansão do nosso truck center para Jaboatão dos Guararapes. Inauguramos na BR-101, uma loja grande, perto da Vitarella, que é um foco logístico do Estado. Em 2022 abrimos mais uma loja em Carpina. Tínhamos um concorrente que nos ofereceu a vaga dele, compramos a loja e ficamos com três unidades, duas voltadas para o público de passeio (car center) que é a Rode Mais, aonde a gente começou. Na verdade, Rode Bem é o nome que começou, mas quando abrimos o truck center, em 2013, a Bridgestone queria que tivesse o nome Rode Bem. Então o que era Rode Bem antigamente, transformou-se em Rode Mais. Quando abrimos a unidade em Jaboatão foi como Rode Bem, uma filial de Carpina. Quando surgiu uma oportunidade de uma nova loja em Carpina, compramos e, para não ficar os nomes iguais colocamos como Rodo Max, que é uma loja de pneus e rodas esportivas. Abrimos essa loja em 2022 e agora em 2023 inauguramos uma em Suape, dentro do complexo da E-LOG. Hoje temos três Rode Bem em Carpina, Jaboatão e Suape e uma renovadora que fica em Carpina, mas atende toda a Mata Norte, Mata Sul

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