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Fotografas Ciranda Por FernandoFigueiroa

Livro revela história da fotografia no Recife sob olhar feminino

Obra reúne memórias, desafios e perspectivas de mulheres fotógrafas em quatro décadas de trajetória. Foto: Fernando Figueiroa A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança no próximo domingo (31), às 15h, o livro Fotógrafas (Uma Ciranda no Recife), de Isabella Valle. A publicação apresenta um panorama inédito sobre a história da fotografia na capital pernambucana a partir da experiência das mulheres, abordando questões como gênero, maternidade, sexualidade, preconceito e redes de solidariedade. Ao longo de 344 páginas, a autora percorre gerações que atuaram do final dos anos 1970 até a década de 2010. Resultado de uma pesquisa acadêmica iniciada no doutorado da autora, a obra é construída como uma grande reportagem e reúne relatos de quase 50 profissionais que atuaram em áreas diversas, como fotojornalismo, cinema, publicidade e artes visuais. “O propósito aqui é mover as mulheres e suas questões enquanto fotógrafas do apagamento e das violências sistêmicas que operam no meio, e reverberar algumas vidas e obras, com a força da levada de uma ciranda”, afirma Isabella Valle. O livro também traz depoimentos marcantes sobre a inserção feminina em um meio historicamente masculino. “Do jornalismo, com certeza, eu fui a primeira fotógrafa mulher no Recife. Era uma profissão para homem. (...) Quando cheguei no Recife, eu fui procurar trabalho no jornal. Tinham dez homens na fotografia. Eu fui a primeira mulher a trabalhar na fotografia no Diario de Pernambuco”, relata Gleide Selma, representante da geração de 1970. A publicação inclui ainda um fotolivro com 52 retratos e autorretratos de 26 fotógrafas, compondo uma ciranda visual. Com edição da jornalista Fabiana Moraes e produção de Olga Wanderley, o projeto tem prefácio da fotógrafa paulista Nair Benedicto e apoio do Funcultura. “Fotógrafas (Uma Ciranda no Recife) tem a importância de rever a história da fotografia na capital pernambucana - e no mundo - a partir de uma perspectiva feminista, observando a participação das mulheres e os desafios, barreiras e preconceitos enfrentados por elas”, afirma Diogo Guedes, editor da Cepe. Serviço📖 O que: Lançamento do livro Fotógrafas (Uma Ciranda no Recife), com bate-papo, performance poética e discotecagem📍 Onde: Instituto Casa Astral – Rua Joaquim Xavier de Andrade, 104, Poço da Panela, Recife📅 Quando: 31 de agosto (domingo), das 15h às 17h💰 Preço: R$ 60 (impresso)

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Roberto Marcos vencedor da categoria Romance

Prêmios Cepe revelam novos destaques da literatura brasileira

Autores de cinco estados vencem nas categorias Romance, Conto, Poesia, Infantil e Infantojuvenil em premiação nacional da Cepe Editora. Na foto, Roberto Marcos, vencedor da categoria Romance A Cepe Editora anunciou os vencedores da 8ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura e da 5ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Infantojuvenil. Os autores premiados foram selecionados entre 1.740 obras inscritas, vindas de diferentes regiões do país. Os ganhadores receberão R$ 20 mil e terão suas obras publicadas e lançadas pela editora pernambucana. Na categoria Romance, o destaque foi Os escritos de Blanca Mares, do mineiro Roberto Marcos, que narra a vida de Timóteo, o velho Tussa, e sua relação afetiva com a Estrada de Ferro Bahia-Minas. “Acompanho o Prêmio Cepe há muito tempo e tenho o maior respeito pelo trabalho sério que vem sendo realizado em Pernambuco pela literatura. Isso me motivou muito a inscrever o romance. Estou muito feliz com a notícia”, afirmou o autor. No Conto, o premiado foi Atemoia, do paulista Daniel Keichi, elogiado pelo júri por suas histórias bem estruturadas e protagonizadas por personagens de mundos invisibilizados. Já na Poesia, o gaúcho Felipe Julius arrebatou o prêmio com Cicatrizes na paisagem, uma road novel poética sobre as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul. “Era uma promessa de ano novo que fiz após ter vivido in loco a situação de 2024... talvez já tivesse alinhado tudo na minha mente e só faltava botar no papel, sou super grato pelo rumo”, declarou. Na categoria Infantil, Ernani Ssó venceu com A morte e o estagiário da morte, obra que aborda com leveza e humor um tema sensível, equilibrando profundidade e diversão. “É uma tremenda alegria, porque não sou apenas eu que ganha o prêmio. Muitas crianças, com quem falei em escolas, me pediram mais histórias sobre a morte... Isso não tem preço”, disse o autor, que tem mais de 30 livros publicados e é também tradutor de grandes clássicos. A mineira Lisa Alves venceu na categoria Infantojuvenil com A menina que não queria ver Deus, que apresenta a trajetória de Maria Antônia, uma menina de 11 anos em busca de sentido num mundo adulto cheio de silêncios e ausências. “Ganhar o Prêmio Cepe com A menina que não queria ver Deus é um alívio amargo... Obrigada a todas as mãos que cuidam das palavras. E a quem, como Maria Antônia, ainda prefere as perguntas às certezas”, afirmou. Para o editor da Cepe, Diogo Guedes, os prêmios literários promovidos pela casa são essenciais para a valorização da literatura nacional, pois incentivam a escrita e garantem a entrada de novos autores em seu catálogo. A 8ª edição teve a participação de jurados renomados como Cidinha da Silva, Jussara Salazar e Nara Vidal, além de uma pré-seleção com especialistas em cada gênero. A 5ª edição do prêmio infantil e infantojuvenil contou com júri único formado por Ana Estaregui, Nina Rizzi e Thiago Corrêa, que avaliaram as obras de forma anônima. “O processo da premiação é anônimo, então o que pesa é a qualidade dos textos e a negociação entre os diferentes repertórios do júri final, que este ano foi composto de três mulheres", destacou a editora-assistente Gianni Gianni. Serviço:A lista completa dos vencedores e informações adicionais estão disponíveis no site oficial da Cepe Editora: www.cepe.com.br/premio-cepe.

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ricardo leitao

"Apesar da pandemia, a Cepe continua sendo a maior editora pública do País"

Ricardo Leitão, presidente da Cepe, analisa a influência da crise da Covid-19 na venda de livros, e fala sobre a retomada e as tendências do setor. Também informa os projetos da editora, como a Coleção Recife 500 Anos, a produção de audiolivros e a realização da feira Miolos, dedicada aos editores independentes. Com o isolamento social, seria razoável supor que um número maior de pessoas no País aproveitasse esse tempo em casa para ler mais livros. Não foi, porém, o que aconteceu. O faturamento do mercado das editoras apresentou uma queda de 10% em termos reais em 2020, quando comparado ao desempenho de 2019, segundo a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro realizada pela Nielsen Book. Em Pernambuco, as vendas da Cepe caíram em torno de 20%. Resultado dos períodos em que suas livrarias permaneceram fechadas e eventos como feiras literárias e lançamentos de livros foram suspensos ou adiados. A retomada do setor, segundo seu presidente Ricardo Leitão, já começa a acontecer guiada por algumas mudanças. “A tendência é que não haja mais megalivrarias, mas livrarias de bairros, pequenas, segmentadas”, prevê. Otimista, mas cauteloso com esse novo momento, Leitão, nesta conversa com Cláudia Santos, fala sobre as dificuldades da venda de livros no País, o avanço do e-commerce, a importância das editoras independentes e os projetos da Cepe. Entre eles o lançamento da Coleção Recife 500 Anos e a produção de audiolivros. O primeiro a contar com a narração de atores será o clássico pernambucano A Emparedada da Rua Nova. Qual o impacto da pandemia no setor editorial? O impacto no mercado editorial daqui foi grande. Temos quatro livrarias próprias que ficaram fechadas durante a pandemia. Elas respondem por uma boa venda do varejo da Cepe. Além disso, o Circuito Cultural Cepe, que é uma série de feiras realizadas no interior, também não aconteceu em 2020 e 2021. São dois pontos de venda que a Cepe tem. O Circuito não aconteceu na forma presencial, mas digitalmente, o que perde muito porque o contato estimula muitas pessoas a comparecerem às feiras. Por outro lado, aumentaram as nossas vendas digitais, mas não na proporção para compensar as perdas dos eventos adiados ou cancelados. Qual foi o percentual de redução das vendas? As vendas no varejo caíram em torno de 20% e a receita da Cepe, que é em torno de R$ 50 milhões, reduziu em R$ 10 milhões. Chegamos no final de 2021 com esforço grande. Mas não deixamos de cumprir nenhum compromisso com pessoal e fornecedores. Reduzimos os custos no que foi possível, mantendo a atividade principal, que não é nem venda de livros: a Cepe foi fundada para editar o Diário Oficial que dá publicidade aos atos do governador e das prefeituras. Isso foi mantido rigorosamente todos os dias. Nossa receita caiu também porque não lançamos livro presencialmente. Um livro vende até 30% de sua tiragem num dia de lançamento de autógrafo. Agora estamos melhor, mas reduzindo um pouco a expectativa de lançamentos e o tamanho dos Circuitos Cepe de Cultura, com o objetivo de reequilibrar financeiramente a Cepe e crescer gradualmente as atividades. Nossa meta este ano é chegar a lançar em torno de 80 livros, porque é um bom tamanho. Quantos lançamentos a Cepe fazia antes da pandemia? Chegamos a lançar 100 livros e a Cepe se transformou na maior editora pública do Brasil, e está situada no Nordeste fora do circuito literário principal que é o Sudeste. Publicamos desde títulos infantis até livros baseados em teses acadêmicas. Isso também nos deu sustentação: se um segmento estava ruim, a gente investia no outro, se o livro físico estava ruim, a gente puxava o livro digital. Como estão as vendas do livro impresso? Um tempo atrás se dizia que ele ia acabar e ser substituído pelo e-book, mas não foi o que aconteceu. A expectativa era que a venda de e-book chegasse a 12% do mercado. Chegou, mas depois não cresceu, ficou estabilizada neste patamar. Acho que o gosto pelo livro imprenso se mantém. Também existe livro impresso que não serve para ser transformado em digital, como o livro de arte. Lançamos agora um livro que é uma retrospectiva do trabalho de Tereza Costa Rego, com 300 fotografias. A reprodução daquelas fotos no meio digital perde muito, não dá para ver uma tela de 13 metros de comprimento no visor do celular ou do computador. Existem outros tipos de livros que têm mapas e tabelas em que a leitura digital fica comprometida. Por isso é que eu acho que o livro impresso permanecerá. A televisão não matou o cinema, o livro digital não vai matar o imprenso. Mas o importante é que as pessoas leiam, a mídia é secundária. Leia a entrevista completa na edição 192.3 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Cepe reúne 10 ensaístas para homenagear Clarice Lispector

Da Cepe "O que eu escrevo continua – Dez ensaios no centenário de Clarice Lispector" é o título do primeiro lançamento do ano da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). É também o primeiro evento presencial a ser realizado pela empresa desde o início da pandemia. Organizado pelo poeta e cronista José Mário Rodrigues, o livro será lançado no próximo dia 14, às 16h, no auditório do Centro Cultural Cais do Sertão, localizado no Recife Antigo. Durante o encontro será transmitido um vídeo de Nadia Battella Gotlib, autora da fotobiografia da escritora, falando sobre a vida e obra de Clarice. José Mário reuniu ensaios dos seguintes autores: Raimundo Carrero, Lourival Holanda, Cícero Belmar, Mario Helio, Luzilá Gonçalves Ferreira, Ângelo Monteiro, Fátima Quintas, Fernando de Mendonça, Marilene Felinto e texto do próprio organizador, que ciceroneou Clarice na sua última visita ao Recife, em maio de 1976. Como disse a jornalista Lêda Rivas na apresentação, a escritora emerge entre sombras dramáticas, desafiando os que buscam decodificá-la nesses 100 anos de seu nascimento e 43 de seu encantamento. “Cada autor pinçou uma nuance específica, mergulhou nas suas raízes, perseguiu seus passos, caçou seus segredos. Há depoimentos pessoais, análises críticas, instantâneos inusitados. Labirinto espelhado, caleidoscópico, tudo em Clarice é mistério. Bem que ela avisou: Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.” Raimundo Carrero conta como foi designado para ir a um almoço com Clarice. “Um encontro para nunca mais se livrar dele”, diz. O almoço havia sido organizado por José Mário, que aproveitou a visita de Clarice para entrevistá-la e aproveitar sua companhia, sendo o cicerone dela e da assistente, Olga Borelli. Em seu ensaio sobre a ocasião, o cronista conta, com devoção, como a salvou de uma crise de pânico e como a escritora chegou a fazer previsões sobre sua vida, tão mística que era, chegando a ser chamada de bruxa. “Clarice possuía uma ‘compulsiva intuição’, como afirmou Otto Lara Resende (jornalista e escritor mineiro)”, conta o organizador. SOBRE O AUTOR - José Mário Rodrigues é poeta, jornalista e cronista. Pertence à Academia Pernambucana de Letras. Sua mais recente publicação foi a reunião de sua poesia, publicada pela Cepe e que tem como título: O voo da eterna brevidade, premiado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. ENTREVISTA Você teve um contato interessante com Clarice. Conseguiu perfurar a bolha de timidez em que ela vivia, dissipar o pânico e fazê-la enfrentar o público. Como uma mulher que intimidava o seu interlocutor com sua beleza, mistério e inteligência, poderia ser conduzida tal qual uma criança a falar para uma plateia? JOSÉ MÁRIO - Clarice tomava muitos remédios. Era natural que, diante de uma grande plateia, acontecesse uma crise de pânico. E foi o que aconteceu na entrada do auditório do Bandepe (Banco do Estado de Pernambuco, privatizado em 1998), no Recife antigo, onde ela fez uma palestra ou melhor, leu o texto que havia preparado. O auditório estava lotado. Na época em que ela esteve aqui, 1976, não era um nome tão popular, como ficou depois de sua morte, em 1977. Era conhecida nos meios intelectuais. Sempre aos domingos, à tardinha, ia ao Largo Boticário, no Rio de Janeiro, para uma visita ao pintor e poeta Augusto Rodrigues, o criador das Escolinhas de Arte no Brasil. Eu ainda não conhecia, pessoalmente, a autora de Água Viva. Perguntei a Augusto como era Clarice Lispector? Resposta: “Bonita, sedutoramente atraente, às vezes esquisita, misteriosa, muito inteligente e tem algo de bruxa”. O título refere-se à permanência, à contemporaneidade da obra de Lispector? JOSÉ MÁRIO ­- Retirei o título do livro de um texto de Água viva que diz: “Tudo acaba, mas o que escrevo continua. O melhor ainda não está escrito. O melhor está nas entrelinhas”. Toda obra da autora de Laços de família está alicerçada no mistério, na inquietação, no desconhecido. Ela mesma disse em entrevistas: “Escrever é procurar entender, é reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador”. Por que o organizador não prefaciou o título? JOSÉ MÁRIO ­- Não prefaciei o livro porque eu também queria escrever sobre os dias em que fui cicerone, juntamente com o escritor Augusto Ferraz, nos quatro dias em que ela estava revendo o Recife e também alguns familiares. Lembro-me que estivemos no apartamento de Samuel Lispector, primo de Clarice, na Avenida Boa Viagem. Sou o único participante do livro que não é ensaísta. Preferi que a conceituada jornalista Lêda Rivas fizesse a apresentação, que, aliás, está muito bem escrita. Clarice era bem mística e, além de lhe prometer o contato da cartomante dela no Rio, ainda fez uma predição para você. Como foi esse momento? JOSÉ MÁRIO - Clarice tinha participado de um Congresso de Bruxaria na Colômbia, como convidada especial. A promessa de me levar para conhecer a cartomante dela e que morava na Zona Norte do Rio de Janeiro, aconteceu na Oficina de Brennand, numa visita que fizemos ao grande pintor. Fiquei surpreso, a princípio. Mas, em outros tempos, eu era chegado às cartas que não mentem jamais. Uma vez, conheci uma cartomante, em Garanhuns, onde vivi parte da minha vida, e que tinha o mesmo nome de minha mãe: Noemia. Tudo que ela disse sobre meu futuro, aconteceu. Quando conheceu Clarice você já tinha lido que títulos dela? Era um de seus muitos admiradores? JOSÉ MÁRIO - Antes de conhecer Clarice eu tinha lido, apenas, o livro Água Viva. Fiquei encantado com a leitura. Depois que a conheci, li A Maçã no Escuro, A Paixão Segundo GH, Laços de Família, Hora da Estrela e Felicidade Clandestina. Durante alguns anos, sempre aos sábados, ela escrevia crônicas no Jornal do Brasil. Essas crônicas foram reunidas em um livro A Descoberta no Mundo. SERVIÇO Lançamento: O que eu escrevo continua – Dez ensaios no centenário de Clarice Lispector Organizador: José Mário Rodrigues Data: 14 de janeiro Horário: 16h Local: Auditório do Centro Cultural Cais do Sertão (Armazém 10,

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Uma análise robusta sobre a obra de João Cabral

Neste ano do centenário do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança "João Cabral de ponta a ponta". Trata-se de uma edição revisada e enriquecida com material inédito, onde estão reunidos estudos dedicados a toda a obra publicada pelo poeta pernambucano, realizados pelo escritor, professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin. O autor passou mais de 35 anos debruçado sobre as escritas cabralinas. No título de 598 páginas o leitor descobre um ensaio sobre Cabral e Carlos Drummond de Andrade; uma importante entrevista de Cabral concedida a Secchin em 1980; a última palestra do poeta em ambiente acadêmico (na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993); e valiosas imagens com reprodução de dedicatórias importantes e de capas raríssimas de obras do autor. O livro conta ainda com todo o material analítico dos 20 títulos de João Cabral, expostos cronologicamente de acordo com as datas das publicações. Sem falar nos cinco ensaios sobre temas transversais da poesia do autor e de suas relações com outros escritores. Este último material de pesquisa foi publicado em 2014, pela extinta Cosac Naify, sob o título João Cabral: uma faca só lâmina. A obra será lançada dia 26 de agosto, às 17h30, em uma live no canal da Cepe no You Tube, com a participação de Secchin mediada pelo editor do Suplemento Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani. Na ocasião o autor pretende falar da concepção do livro, desde as versões iniciais, publicadas em 1985 e 1999, passando pela de 2014, até chegar à forma definitiva, pela Cepe. Inicialmente os livros estarão disponíveis apenas em formato e-book. A impressão está condicionada ao retorno das atividades presenciais da gráfica da empresa pública. “É um orgulho publicar, dentro da programação do centenário de João Cabral de Melo Neto, uma obra que se dedica aos meandros da sua poesia, do primeiro ao último livro. João Cabral de ponta a ponta é a versão ampliada e consolidada das pesquisas de Secchin sobre o poeta; parte do trabalho de uma vida dedicada à literatura. É uma edição para conhecer a poesia cabralina em profundidade, pois o autor traz leituras essenciais da produção tardia de João Cabral, pouco lembrada pela crítica. Na edição da Cepe Editora, temos ainda material inédito, com um novo ensaio, uma entrevista, um depoimento e imagens de exemplares raros colecionados por Secchin. Além de tudo isso, o ensaísta consegue mostrar como ninguém, ao longo do volume, a vitalidade e novidade do poeta pernambucano para os leitores atuais”, resume o editor da Cepe, Diogo Guedes. "Uma vez que Cabral dizia apreciar meu trabalho crítico sobre sua poesia, gostaria de que quem gosta da obra cabralina pudesse conhecer o que sobre ela escrevi, o que agora será possível graças à publicação da Cepe. Mas antes, ou paralelamente a isso, o fundamental é ler a própria obra dele", sugere Secchin. O livro propõe, segundo Secchin, “uma leitura que não privilegie em particular qualquer corrente teórica que se ocupe do discurso poético. Por causa da multiplicidade de direções que o poeta imprimiu à sua obra”, diz Secchin na introdução do livro. Estudioso de vários autores, Secchin admite que enfatizou as pesquisas em João Cabral pela sintonia que se criou entre o escritor e o que ele, como leitor, valorizava: poemas de alto teor criativo simultaneamente claros e complexos. “O poema apenas ‘claro’, muitas vezes, tende a ser ingênuo ou panfletário. E me agrada percorrer a teia de seus versos para constatar que nela o ‘complexo’ jamais se transforma no ‘confuso’”. João Cabral é apontado como concretista, modernista, poeta marginal, integrante da geração de 45... O fato é que percorreu diversos movimentos artísticos, o que o torna atemporal. "Transitar entre vários movimentos artísticos é não congelar no tempo. Autores que respondem canonicamente à demanda de suas épocas correm o risco de desaparecerem com elas, por não terem injetado em seus textos um suplemento de sentido que os capacitasse a suportar demandas vindouras", defende Secchin. No início dos escritos do poeta, em 1938, João Cabral sofre influência do intelectual Willy Lewin, que o apresenta ao surrealismo, estilo que apareceu em seus primeiros trabalhos como forte característica, para logo desaparecer sem deixar rastros, e ser repudiado veementemente pelo autor. Essa fase surrealista e onírica é bem presente em Pedra do sono (1942), seu livro de estreia. “O surrealismo só esteve presente nas produções iniciais do poeta. Logo a seguir, já em 1945, em O engenheiro, ele começa a se libertar da influência surrealista, situando-se resolutamente contra o idealismo de ‘mistérios’ e de ‘essências’ na poesia, em prol de uma arte solar”. A morte está sempre ali, mas nunca é sombria. “É ao ar livre, ou então temperada ou relativizada pelo humor, embora ácido”. Nos detalhados estudos críticos, há espaço também para comentários de outros críticos sobre os livros de João Cabral. Tanto sobre o que os críticos mais falam quanto sobre o que eles preferem ignorar. Poucos críticos destacavam, por exemplo, o caráter de humor de suas poesias, como o próprio João Cabral observava, segundo Secchin. “Um humor cortante, quase agressivo, eu acrescentaria, bem típico de quem maneja uma faca só lâmina”. Título de um dos livros de João Cabral, Uma faca só lâmina (1955) é obra de mais de 300 versos hexassílabos. Outros livros ignorados pela crítica são A escola das facas (1980) , O Auto do frade (1984) e Agrestes (1985). "Considero que muitos se dão satisfeitos com a digamos, fase um de Cabral, que se encerra em 1968: ele entra na Academia Brasileira de Letras e publica, com grande sucesso de público e de crítica, sua Poesias completas . Quando retorna ao verso, em 1975, o contexto cultural já é outro, o da 'poesia marginal', e ele fica numa espécie de limbo, um poeta-'monumento' que pouco teria de novo a dizer. Mas não foi o que ocorreu”. Averso ao poema lírico, Cabral se autodenominava antilirista. "Minha poesia é intelectual, em alguns livros,

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Cepe faz live para celebrar o cinema brasileiro

A pandemia causada pelo novo coronavírus e a atual política de restrição e liberação de verbas impostas pelo governo federal à Agência Nacional do Cinema (Ancine) praticamente paralisaram um dos setores que mais cresceu na economia brasileira nos últimos dez anos: o cinema brasileiro. Já que o calendário reserva o dia 19 de junho para celebrar o audiovisual nacional, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) fará uma live para conversar sobre a situação do cinema nacional e o seu futuro pós-pandemia. “Estávamos em um momento crescente de alimentação da cadeia produtiva cinematográfica quando começou o desmonte da Ancine ainda no Governo Temer. Agora nem recursos de projetos que já foram contemplados estão sendo liberados”, lamenta o diretor, produtor e roteirista Camilo Cavalcante. Ele é autor do livro História da eternidade - roteiro publicado recentemente em livro pela Cepe. A editora também publicou este ano outra obra dedicada à sétima arte: Antologia da crítica pernambucana - Discursos sobre cinema na imprensa (1924-1948), organizado pelo jornalista e crítico André Dib e pela realizadora Gabi Saegesser. André e Camilo participarão do bate-papo mediado pela repórter especial da Revista Continente, Débora Nascimento, às 17h30, no canal da Cepe no Youtube (https://bit.ly/LiveCepeCinema). Débora ressalta que está sendo um ano especialmente difícil para o cinema nacional e internacional devido à pandemia. “São perdas de bilhões para o mercado cinematográfico por causa dos cinemas fechados, estreias adiadas, canceladas ou remanejadas para plataformas de streaming”, pontua a jornalista da Continente. Nesse cenário, assim como Camilo, Débora avalia que o cinema brasileiro sofre ainda mais “com o descaso do Governo Federal e sua política de desmonte da área”. Uma crise dessa magnitude não ocorria na indústria do cinema nacional desde o Governo Collor, nos anos 1990, como lembra Camilo. Na época foi extinta a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilmes). “Por causa disso muitos profissionais do audiovisual migraram temporariamente para as produções destinadas à publicidade como forma de sobrevivência”, recorda o realizador. Mas agora a pandemia afetou a todos. “É essencial que o setor audiovisual volte a se movimentar, com apoio governamental. Isso terá impactos positivos na cultura, na imagem interna e externa do país, como também na economia, mantendo milhares de empregos”, analisa Débora. “A curto prazo não vejo solução. A não ser quando os editais da Ancine começarem a ser liberados e a iniciativa privada também voltar a apoiar essa cadeia que gera tanto emprego e renda”, espera Camilo, vencedor de 27 prêmios em festivais no Brasil e no exterior pelo seu História da eternidade (2014). Filmado em 2012 em Santa Fé, Distrito de Pau Ferro, Sertão de Pernambuco, o filme conta a história de três mulheres: a adolescente Alfonsina (interpretada por Débora Ingrid) cujo maior desejo é conhecer o mar; Querência, de 40 anos (vivida por Marcélia Cartaxo), que enterra o filho e o amor, logo na primeira cena; e a idosa Das Dores (Zezita Matos) que reprime a sexualidade com devoção cristã. Já Antologia da Crítica Pernambucana - Discursos sobre cinema na imprensa (1924-1948) é uma pesquisa sobre a maneira como a imprensa pernambucana escrevia sobre cinema na primeira metade do século passado. O objetivo, segundo os organizadores, é tornar acessível ao leitor um panorama dos principais autores e ideias, e mergulhar no imaginário e nas formas de pensar cinema em Pernambuco na primeira metade do século XX. HISTÓRIA Em 19 de junho de 1898 foram feitas as primeiras imagens cinematográficas no Brasil. O autor da proeza foi o italiano Afonso Segreto. Carregando consigo um cinematógrafo, ele embarcou no navio Brésil, que fez o trajeto de Bordeaux, na França, até o Rio de Janeiro. Antes de desembarcar, Segreto registrou sua chegada e, de quebra a Baía de Guanabara. Serviço: Live Dia do Cinema Brasileiro Quando: 19 de junho Horário: 17h30 Endereço: Canal da Cepe no Youtube (https://bit.ly/LiveCepeCinema) Contato para entrevistas: Camilo Cavalcante - (81) 99282-9076 André Dib - (81) 9.9675-6252 Débora Nascimento - (81) 99999-8686

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Textos e fotos de Dom Helder estão no acervo virtual da Cepe

Em 1970, quando o mundo vivia momentos políticos conturbados, o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara (1909-1999), fez uma série de palestras pela Europa, Canadá e Estados Unidos. Incansável defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil, ele também nutria a esperança de que a humanidade, um dia, formasse uma grande família. Esse foi o tema de um dos discursos de dom Helder para o roteiro de viagens e que se mantém atual 50 anos depois de ter sido apresentado no Canadá. O discurso, com o título "Esperança em uma comunidade mundial", está disponível no Acervo Cepe (www.acervocepe.com.br) e pode ser consultado gratuitamente. No portal há, desde 2018, cerca de 60 mil imagens digitalizados do Instituto Dom Helder Camara, de acordo com o superintendente do Departamento de Digitalização, Gestão e Guarda de Documentos da Cepe, Igor Burgos. A Cepe foi contratada para fazer a organização do acervo do religioso pelo Instituto, que havia firmado convênio com a Prefeitura do Recife. No texto, dom Helder faz uma reflexão sobre a comunidade mundial a partir do termo "vivendo a esperança" extraído de uma das orações que os padres rezam na celebração da missa. O sonho de uma humanidade vivendo como uma grande família, diz ele, é audacioso e cheio de obstáculos. O egoísmo, é um deles. "Quem não rompe a carapaça do egoísmo, quem não sai de si mesmo, quem gira sempre em volta do próprio eu - e em lugar de ver, apenas se vê; em lugar de ouvir, apenas se ouve; em lugar de amar, apenas se ama; - jamais contribuirá, de maneira válida, para as primeiras comunidades", escreve o bispo. "Infelizmente, ainda não vencemos o egoísmo que provoca tanta dor no mundo", lamenta o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco, Severino Vicente da Silva, meio século depois das palestras feitas por dom Helder. “Seus discursos podem ser lidos hoje com sabor de novidade, só precisa atualizar alguns dados econômicos e sócio-populacionais", observa Severino Vicente, vice-coordenador do Laboratório de História Oral e Imagem do Departamento de História da UFPE. Já naquela época, dom Helder citava como obstáculo à comunidade, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a existência de "um pequeno grupo de famílias privilegiadas, cuja riqueza é mantida à custa da miséria de milhões de concidadãos.” Também afirmava que, para esses grupos, “qualquer mudança mais brusca será porta aberta à infiltração de agitadores profissionais e só fará o jogo dos comunistas.” E alertava para a violência “disfarçada e anônima” que a miséria poderia desencadear. “Como os dados recentes colocam que a riqueza produzida hoje no mundo está sob controle de uma centena de famílias, é claro que as reflexões de dom Hélder nos (anos) setenta podem ser aplicadas hoje”, comenta Severino Vicente. A comunidade mundial, esclarece o professor, seria o caminho indicado pelo bispo para diminuir as desigualdades. A ideia seria a formação de grupos de pessoas de diferentes camadas sociais, religiões e nações, as Minorias Abraâmicas, para atuar de forma conjunta na busca de um mundo onde com mais justiça e paz, explica. Um exemplo prático citado pelo professor seriam engenheiros e arquitetos pensando e criando novos e inclusivos modelos de habitação. Ele classifica entre as Minorias Abraâmicas grupos como a organização não governamental ambiental Greenpeace e a organização internacional de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras, que leva atendimento de saúde a locais de extrema pobreza, entre tantos outros. “Nunca saberemos os resultados das viagens de Dom Hélder”, declara o historiador. “A comunidade mundial, essas minorias abraâmicas, esses que acreditam que quanto mais escura a noite mais bela e brilhante é a madrugada, já existem, e são criadas a cada dia”, afirma Severino Vicente. Para o jornalista Felix Filho, o Dom da Paz acreditava que as Minorias Abraâmicas poderiam lutar, de forma pacífica, firme e decidida, por justiça social. “Utopia? Sonho? Os profetas sonham. E para que o sonho se torne possível, depende de nós, do abandono do egoísmo e da falta de amor ao próximo. Infelizmente, nos últimos 50 anos, temos a sensação que tudo piorou, que o egoísmo cresceu e a pobreza aumentou. Cabe a nós, como dom Helder profetizou, acreditar que um mundo melhor é possível”, declara Felix Filho, autor do livro Além das ideias - Histórias de vida de Dom Helder Camara, publicado pela Cepe Editora em 2012. O egoísmo é o maior pecado do homem e o arcebispo emérito de Olinda e Recife percebeu essa questão, comenta o jornalista e diretor do Arquivo Público Estadual. “Atualmente, assistimos estarrecidos justo a incoerência de pessoas que se dizem cristãs, mas nesta pandemia, por exemplo, estão mais preocupadas com seus lucros do que o bem fundamental da vida. No Brasil vemos, diariamente, os absurdos cometidos por quem deveria zelar pelo bem geral da população, pelo direito básico à saúde e à vida, revelando a falta de compromisso com os mais pobres”, destaca Felix Filho. A Cepe digitalizou mais de 132 mil imagens do acervo do bispo, mas apenas uma parte da documentação está disponível no portal. “Nem tudo foi colocado porque nem tudo o instituto autorizou colocar no site”, informa Igor Burgos. Estão abertas para consulta crônicas, discursos, cartas, fotos e reportagens publicadas em jornais que preservam a memória do arcebispo emérito de Olinda e Recife, mundialmente conhecido como o Dom da Paz. (Crédito para as fotos: Alcir Lacerda (dom Helder com a criança) e Acervo do Instituto Dom Helder Camara (dom Helder com fiéis).

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A história de Pernambuco pelos livros da Cepe

"Nada é mais triste do que a cidade, sobretudo a península do Recife. Todos os armazéns estão fechados, as casas e as ruas desertas, só se encontram raros transeuntes que passam como sombras errantes." Essa frase até poderia definir a capital pernambucana nos dias de hoje, com a imposição da quarentena em março para conter o avanço do novo coronavírus. Mas na verdade foi escrita no século 19, por um viajante francês, para descrever a cidade no dia 6 de março de 1817, quando teve início a Revolução Pernambucana. O relato de Louis-François Tollenare e de outros três estrangeiros sobre o Recife de 203 anos atrás compõe o livro 1817 e Outros Ensaios, lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em 2017. A publicação faz parte de uma lista bem variada de livros que contam a história de Pernambuco e se apresentam como fontes de consulta para estudantes, pesquisadores e estudiosos do tema que estão em casa cumprindo o isolamento social. As versões impressa e e-book podem ser adquiridas pelo link da editora (www.editora.cepe.com.br) ou diretamente nas lojas virtuais do leitor digital da pessoa interessada na compra (Amazon, Kindle, Kobo, Google Play Sotre, Apple, Livraria Cultura, entre outras), informa o gerente de Marketing da Cepe, Rafael Chagas. Em 1817 e Outros Ensaios, Louis-François Tollenare e os ingleses Henry Koster, Maria Graham e James Henderson narraram hábitos e costumes da sociedade recifense, principalmente das famílias mais ricas, no ano da revolta que instalou um governo republicano em Pernambuco (mesmo que de pouca duração, apenas 75 dias), contra o absolutismo do governo português no Brasil. O relato dos viajantes está no capítulo elaborado pela historiadora Sylvia Costa Couceiro e intitulado Entre banquetes e batuques: a visão dos viajantes sobre um Recife em tempos de revolução. Maria Graham, por exemplo, anotou maneiras à mesa do pernambucano que ela considerava estranha, observa Sylvia Couceiro no ensaio. A viajante descreve um jantar festivo com poucos talheres e copos para os convidados e se espanta ao ver as pessoas compartilhando os mesmos utensílios. "Todas as espécies de pratos foram misturados e tocados por todas as mãos", comenta Maria Graham. Já Henry Koster registra o hábito de lavar as mãos antes e depois das refeições em todas as camadas da população. O livro é organizado por Antônio Jorge Siqueira, Flávio Teixeira Weinstein e Antônio Paulo Rezende. Disponível na versão e-book, custa R$ 18,50. Ainda sobre os movimentos libertários, a Cepe oferece a publicação ABCdário da Revolução Republicana de 1817, organizado por Betânia Corrêa de Araújo. "É um dicionário de palavras usadas à época e a estética do livro também reproduz a tipografia e as cores desse período", informa Betânia Araújo. "O livro traz o lado mais popular da revolução, um movimento inspirado nas ideias francesas iluministas, de direitos iguais às pessoas", afirma o historiador Marcus Carvalho. Professor da Universidade Federal de Pernambuco, ele participou das pesquisas para a elaboração do ABCdário com os historiadores Mateus Samico e Sandro Vasconcelos. Para o verbete Escravidão, os autores reproduzem a definição do dicionarista Morais Silva, de 1789, (estado de escravo, cativeiro, servidão) e trazem importantes informações sobre o tema. "É uma das instituições mais antigas do mundo. A propriedade privada de uma pessoa sobre a outra precede a propriedade privada da terra. Em todos os lugares, algum dia, houve escravidão. Eventualmente, as sociedades saem dela", diz o texto que acompanha a definição da palavra na publicação, lançada em 2017 pela Cepe. "É um livro diferente, lúdico, amplo e de leitura dinâmica", comenta Marcus Carvalho. O ABCdário, disponível na versão impressa, custa R$ 30,00. Leitores que gostam de história também podem explorar a publicação A Recriação do Paraíso: Judeus e Cristãos-Novos em Olinda e no Recife nos Séculos 16 e 17, do arquiteto José Luiz Mota Menezes. No livro, lançado em 2015, o autor revela como fez a reconstituição e a recuperação da memória judaica daquele período, incluindo o resgate do prédio onde funcionou a Primeira Sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, na Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife, situado no Centro da capital pernambucana e que funciona como museu. Está disponível apenas na versão e-book e custa R$ 9,50. Outra opção é Barléu - História do Brasil sob o governo de Maurício de Nassau (1639-1644) lançado em 2018 e considerado um dos mais importantes documentos para se entender o Brasil do século 17 e o período holandês no Nordeste do País. É uma versão inédita para o português, a partir da tradução do original em latim para o inglês, elaborada pela pesquisadora holandesa radicada nos Estados Unidos Blanche T. van Berckel-Ebeling Koning (1928-2011). No livro há hábitos dos núcleos urbanos, relatos de batalhas entre holandeses e luso-brasileiros e registros de fauna e da flora locais, entre outros temas. Custa R$ 90,00 (impresso) e R$ 27,90 (e-book) . Veja outros títulos sobre a história de Pernambuco no catálogo da Cepe: http://editora.cepe.com.br/catalogo/historia/

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Arte sem sair de casa

Um livro de arte leva ao leitor duas formas de ler: combina narrativas visuais e verbais. A trajetória de um artista visual, de um movimento artístico; ou mesmo uma cidade, um país; ou ainda o design gráfico ou de objetos não se conhece apenas através da narração dos fatos. Por melhor que se os descreva é preciso dar ao leitor a oportunidade de captar a imagem da obra. Nesse momento de quarentena pelo Covid-19, em que o ponteiro do relógio deixou de correr e passou a flutuar, há tempo de sobra para contemplar uma imagem, uma pintura, escultura, ou fotografia, e ‘ler’ tudo o que ela possa nos dizer. No catálogo de livros de arte da Cepe Editora, o leitor encontra títulos dedicados a grandes nomes pernambucanos das artes visuais como Rodolfo Mesquita, Ypiranga Filho e Moema Cavalcanti, por exemplo. Sem falar dos títulos de coletâneas de fotografias, como o de Lula Cardoso Ayres, Fred Jordão e Alcir Lacerda. Em breve, um livro sobre a arquiteta Janete Costa (1932-2008) será acrescido ao catálogo. A obra Janete Costa - Arquitetura, Design e Arte Popular traz textos bilíngues (em inglês e português) de Adélia Borges, Julio Cavani, Lauro Cavalcanti, Marcelo Rosenbaum e Marcus Lontra, além de um amplo acervo fotográfico do trabalho da arquiteta, designer de interiores e de objetos, e montadora de exposições. Conhecida por inserir em seus sofisticados projetos de interiores a junção perfeita entre arte popular e erudita, aliada ao design modernista, Janete agregava várias épocas a um mesmo ambiente. “A edição, como os demais livros de arte da Cepe Editora, busca tanto apresentar a riqueza da criação de Janete como também trazer um conteúdo crítico sobre ela. O volume busca não só valorizar a produção de Janete Costa na arquitetura de interiores e no design, mas também refletir, mostrar os caminhos que ela percorreu e abriu. Além disso também ressalta a sua parceria com a arte e os artistas populares, em uma curadoria que ampliava o alcance e o potencial deles”, declara o editor da Cepe, Diogo Guedes. Moema Cavalcanti: Livre para voar (R$ 100) é uma coletânea de 224 páginas de trabalhos da designer pernambucana que ficou conhecida no Brasil como capista de livros e revistas. A seleção das 200 peças, entre milhares de criações, foi realizada pela própria artista. Dividido em duas partes, o livro traz uma retrospectiva da carreira de Moema ao longo de 50 anos. O segundo bloco é composto pelos chamados presentinhos de domingo, mensagens que enviava semanalmente para amigos e parentes revelando sua face de contadora de histórias. A designer gráfica é responsável pela criação de mais de 1.600 capas, além de ilustrações para a revista Veja. Em Rodolfo Mesquita - A forma custa caro (R$ 200), 300 imagens e textos também bilíngues mergulham profundamente no universo do artista que ficou conhecido por utilizar a arte como plataforma de denúncia contra as injustiças sociais. Além das preciosas imagens de suas obras, o livro traz textos assinados por artistas, curadores e professores, como João Câmara, Montez Magno, Ismael Caldas, Clarissa Diniz e Maria do Carmo Nino. Ypiranga Filho também ganhou publicação semelhante às anteriores, de luxo, capa dura, papel couchê e generosa quantidade de ilustrações coloridas. Pelas mãos do artista pernambucano Ypiranga Filho, 82 anos, a dureza do ferro se fez flexível, ressignificando o material. O trabalho com o metal foi pioneiro em Pernambuco nos anos 1960 e 1970, auge do modernismo e da predominância do figurativismo tropicalista no Estado. Daí se percebe a relevância de Ypiranga (R$ 120), que nadou contra a corrente vigente, apostando no experimentalismo característico da arte contemporânea. Subverteu as linguagens tradicionais da escultura, gravura, desenho e pintura ao criar com a fotografia, o filme, a arte xérox e a arte postal. Sua obra é considerada patrimônio fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil. A veia fotográfica de Lula Cardoso Ayres (Lula Cardoso Ayres-Fotografias, por R$70); o Recife visto pelas lentes do fotógrafo Fred Jordão (Recife - Fotografias, por R$ 90); a coletânea de imagens de oito décadas retratando as diversas faces de Pernambuco feitas pelo mestre do preto e branco Alcir Lacerda (Alcir Lacerda - Fotografias, por R$ 90) também estão registradas em livros que podem ser encontrados na loja virtual da Cepe: https://www.cepe.com.br/lojacepe/.

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