Arquivos Recife - Página 14 De 102 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

recife

Recife Marco Zero

O Recife que precisamos: caminhos para uma cidade parque sustentável

Projeto que propõe requalificação urbana, mobilidade humanizada e preservação histórica para enfrentar os desafios socioeconômicos e climáticos da capital pernambucana é apresentado aos prefeituráveis. *Por Rafael Dantas O que deve ser prioridade para a gestão da cidade nos próximos quatro anos? Essa é a pergunta que move diversos debates, pesquisas de opinião e a manifestação de muita gente a cada eleição. O Observatório do Recife e a CDL Recife, com apoio da Revista Algomais, têm promovido debates técnicos há mais de 20 anos para destacar propostas concretas e que estão além do tripé básico da educação, saúde e segurança, no projeto O Recife que Precisamos. No pleito municipal de 2024, os destaques estão para importantes intervenções urbanísticas e socioeconômicas nos bairros centrais e no aprofundamento do projeto Parque Capibaribe, com o objetivo de tornar a capital pernambucana uma Cidade Parque até 2037. O projeto tem sido discutido com candidatos à Prefeitura do Recife desde as eleições de 2012. Os cinco eixos iniciais foram o futuro (em referência à necessidade de planejamento de longo prazo), a cidade (destacando a urgência no controle urbano), o caminho (numa proposta humanizada de mobilidade), a história (propondo a preservação do nosso patrimônio) e o rio (sugerindo um olhar sobre o Capibaribe como um vetor fundamental para o desenvolvimento sustentável urbano). A partir de 2020 entrou nessa agenda o eixo mundo (diante do fato de o Recife ser um hub diplomático). Confira a seguir as principais propostas sugeridas nesses encontros com os prefeituráveis por O Recife que Precisamos. Essa agenda para o desenvolvimento sustentável da cidade foi construída a partir de workshops, caminhadas e estudos acadêmicos realizados nos últimos anos. GESTÃO DO CENTRO E INVESTIMENTOS OPORTUNOS Os bairros centrais e históricos do Recife sempre foram alvos de uma atenção especial do projeto. Com a criação do Gabinete do Centro, o Recentro, e com iniciativas de reativação desse território, como o Viva Guararapes e a requalificação de algumas vias e espaços notáveis, as propostas iniciais começaram a ser atendidas pelo poder público. “É preciso potencializar a experiência bem-sucedida da gestão territorial do Centro com a incorporação da dimensão do planejamento de longo prazo como direcionador da ação, inclusive com a definição de projetos estratégicos orçamentados a serem coordenados pelo Gabinete do Centro”, sugeriu o sócio da TGI Consultoria, Francisco Cunha, acerca do Recentro. Além dos investimentos municipais, nos últimos anos, os bairros do Recife, de São José e Santo Antônio começaram a receber empreendimentos privados de grande porte. Uma das âncoras desse novo ciclo de investimentos é o Novotel Marina Recife, que trouxe junto um Centro de Convenções para uma área amplamente degradada da cidade. As sugestões de O Recife que Precisamos dialogam com os avanços dos últimos anos e das oportunidades que esses novos empreendimentos estão trazendo ao território. Neste sentido, uma proposta objetiva do projeto é a requalificação da área que fica entre o novo Hotel Marina e o Centro de Convenções, de um lado, e do Mercado de São José, que já está em reforma. Nesse investimento estaria incluído o reordenamento do Mercado de Santa Rita, que foi desvirtuado de seus objetivos originais. Essa região entre as duas âncoras (o hotel e o mercado) hoje é ocupada principalmente por estacionamentos irregulares. AVENIDAS GUARARAPES, DANTAS BARRETO E CORREDOR DO COMÉRCIO Há um pedido da classe empresarial pela revitalização de outros eixos desses bairros centrais. O principal deles, atualmente, é a Avenida Guararapes. “No Centro tivemos um grande exemplo de reforma e requalificação que foi a Avenida Conde da Boa Vista. Hoje é uma via muito organizada. Foi feita a mudança e ela permaneceu. Atualmente, uma das regiões que nos preocupa é a Avenida Guararapes, que é um espaço público estratégico, mas mal utilizado”, afirma Fred Leal, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife. Antigo cartão postal da cidade, a Avenida Guararapes foi abandonada nas últimas décadas, perdendo seu protagonismo de centro econômico. Há importantes investimentos anunciados recentemente, como a chegada do IFPE ao Trianon e mesmo a prometida reforma do antigo prédio do Diário de Pernambuco. Há ainda importantes discussões de retrofit nas proximidades da avenida para uso de moradia, um antigo pleito para a região. A proposta registrada pelo O Recife que Precisamos é reabilitar a Avenida Guararapes e o seu entorno por intermédio da viabilização da moradia nos prédios desocupados, de modo a fazer retornar o dinamismo histórico da via e da região polarizada por ela. Em relação à moradia, um dos pontos de preocupação mais recente é o aumento da população em situação de rua. Uma das pautas do projeto é o avanço da política de acolhimento, considerando cada caso individualmente, com estreita articulação dos agentes envolvidos. Além da questão da habitação, há uma proposta pelo ordenamento da distribuição de alimentos. Em continuidade a essa reabilitação do Centro, Fred Leal destaca dois outros eixos de alto interesse do setor. “Associada à Avenida Guararapes, defendemos ser muito importante a abertura da Avenida Dantas Barreto até a Bacia do Pina, sem esquecer do Corredor do Comércio”, afirmou Fred Leal, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife. A abertura da Dantas Barreto até o atual Cais José Estelita é um projeto antigo que sempre esbarrou nas linhas da Rede Ferroviária. No entanto, neste ano, a Prefeitura do Recife conseguiu um acordo com a Advocacia-Geral da União para incorporar a área do desativado Pátio Ferroviário das Cinco Pontas ao projeto de requalificação do terreno dos armazéns no Cais José Estelita. “Essa abertura e a requalificação poderá transformar a Avenida Dantas Barreto, uma ‘ferida’ urbanística histórica, numa espécie de ‘sutura’ do território pela via da trajetória temporal dos séculos na cidade (Século 16 ao Século 21) até a sua ‘chegada’ na frente d’água da Bacia do Pina na Praça dos 500 Anos do Recife”, sugere o consultor Francisco Cunha. A praça é um projeto sugerido pelo O Recife que Precisamos. A referência dos diferentes séculos se dá pelo fato dessa via integrar diversos pátios e praças que dialogam com os principais momentos da história

O Recife que precisamos: caminhos para uma cidade parque sustentável Read More »

Ana e Sergio

Pernambuco em Perspectiva discute hoje (17) desenvolvimento econômico e ambiental

Evento debaterá o papel dos planos estadual e federal de sustentabilidade na criação de um novo modelo de desenvolvimento para o estado Hoje (17), o evento "Pernambuco em Perspectiva" retorna com uma edição especial em dose dupla, trazendo importantes nomes da sustentabilidade. A Secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira, e o ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco e atual coordenador do Fórum Nacional de Mudança do Clima, Sérgio Xavier, conduzirão o debate sobre o tema O papel dos planos de sustentabilidade (estadual e federal) para o desenho do novo modelo de desenvolvimento de Pernambuco. O evento, uma realização da Revista Algomais e da Rede Gestão, que celebra seus 25 anos, acontecerá hoje, às 19h, no Riomar 5, reunindo especialistas para discutir como Pernambuco pode se tornar um modelo de desenvolvimento sustentável, alinhando suas políticas de preservação ambiental com crescimento econômico. O foco estará em iniciativas que promovem energia limpa, conservação ambiental e geração de empregos verdes, fortalecendo o papel do estado no cenário global de sustentabilidade. As discussões abordarão como as políticas públicas em andamento estão transformando desafios ambientais em oportunidades econômicas, contribuindo para um futuro mais inclusivo e resiliente. Pernambuco está na liderança dessa revolução verde, mostrando como a sinergia entre os planos estaduais e federais pode impulsionar o crescimento econômico sustentável e a preservação ambiental. As inscrições para o evento já estão abertas e podem ser feitas no site pernambuco.algomais.com. Não perca a chance de participar dessa conversa crucial sobre o futuro sustentável do estado e o impacto dessas políticas nas próximas gerações.

Pernambuco em Perspectiva discute hoje (17) desenvolvimento econômico e ambiental Read More »

porto recife 1925 1

10 imagens das reformas do Porto do Recife Antigamente

O Porto do Recife completou 106 anos ontem. A coluna Pernambuco Antigamente tratou de fazer um passeio no passado dessa região história do Recife, pelas páginas da Revista de Pernambuco, em 1925. Na época, ele estava em plena reforma. O porto recentemente celebrou a conquista de R$ 120 milhões do PAC, que serão investidos na dragagem do canal de acesso e na melhoria da infraestrutura, permitindo a chegada de navios de grande porte com até 12 metros de calado. As obras estão previstas para começar ainda em 2024. Além disso, em agosto, o porto realizou um leilão bem-sucedido que resultou na arrematação de três áreas portuárias, assegurando investimentos de cerca de R$ 60 milhões. Esses investimentos expandirão a capacidade do porto para movimentar açúcar, malte e grãos. Outro marco significativo é a mudança para um caixa superavitário, um feito notável após mais de duas décadas de déficit. Para completar as boas notícias, o primeiro semestre de 2024 trouxe um aumento de mais de 40% na movimentação de cargas em comparação com o mesmo período do ano anterior. 1. Avenida do porto sem o primitivo gradil 2. Dragagem para o Cais 3. Outra obra de serviço de dragagem do cais 4. Trabalhos de construção da avenida do porto 5. Aterro junto à Ponte Giratória 6. Novas linhas férreas em construção 7. Obras destinadas ao edifício de administração das docas 8. Armazém B em construção 9. Desenho interno do Armazém B 10. Edifício das Docas no dia da inauguração *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina as colunas Pernambuco Antigamente e Gente & Negócios (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

10 imagens das reformas do Porto do Recife Antigamente Read More »

patio ferroviario

Acordo entre AGU e Prefeitura sobre Pátio Ferroviário abre caminho para parque público

Decisão judicial encerra disputa sobre limites do terreno e garante recuperação de patrimônio histórico ferroviário no Recife Um acordo entre a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Prefeitura do Recife, homologado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), põe fim a uma disputa judicial envolvendo o Pátio Ferroviário das Cinco Pontas, no Cais José Estelita. A conciliação, realizada em 10 de setembro, permite a construção de um parque público no local e prevê a preservação do patrimônio ferroviário. O processo judicial, iniciado em 2022, envolvia os limites da área leiloada ao Consórcio Novo Recife. O acordo, homologado pelo corregedor regional da 5ª Região, desembargador federal Leonardo Carvalho, em conjunto com o juiz auxiliar Bruno Carrá, determina que o consórcio invista R$ 21 milhões na recuperação de estruturas históricas como oficinas de locomotivas, areeiro, caixa d’água e tanque de combustível. Além disso, o consórcio indenizará a União em R$ 900 mil, regularizando a área que será de uso público, mas de propriedade privada. A área em questão, com 55,6 mil metros quadrados, corresponde a um terço do antigo terreno da Rede Ferroviária Federal, extinta em 2007. O Pátio Ferroviário, que contém construções datadas de 1858, foi incluído em 2015 na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário pelo Iphan. Os outros dois terços da área foram leiloados em 2008, onde atualmente está em construção o projeto imobiliário Novo Recife. Segundo o procurador regional da União na 5ª Região, Jefferson Vieira, o acordo é uma solução equilibrada que atende "tanto aos interesses do patrimônio público quanto à preservação da memória ferroviária do país." Com a homologação, as intervenções urbanísticas e a preservação do patrimônio devem começar nos próximos meses, transformando o Pátio Ferroviário em uma área de convivência pública no centro do Recife.

Acordo entre AGU e Prefeitura sobre Pátio Ferroviário abre caminho para parque público Read More »

esgoto

O desafio para ofertar água e tratamento de esgoto em Pernambuco

Embora haja um consenso no Brasil de que o Marco Legal do Saneamento tenha como mérito estabelecer metas para a universalização dos serviços, há divergências sobre como a iniciativa privada deve atuar nesse processo. *Por Rafael Dantas O saneamento de Pernambuco vive uma situação dramática e crônica. Embora 96% da população esteja conectada ao sistema de abastecimento de água, 4,3 milhões de pessoas convivem há décadas com rodízios. Algumas cidades do interior, como Exu, no Sertão do Araripe, contam apenas com dois dias de água por mês. A cobertura de coleta e tratamento de esgoto no Estado é ainda muito pior: apenas 30%, segundo dados da Compesa. Esses números cobrem somente as áreas urbanas. Diante da escassez hídrica e das deficiências nas estruturas de distribuição de água, a situação de abastecimento é crítica mesmo em cidades com intensa atividade econômica. Segundo informações da Compesa, em Santa Cruz do Capibaribe, um importante centro de confecções, o fornecimento de água é limitado a apenas cinco a cada 25 dias. Da mesma forma, em São Bento do Una, um gigante polo avícola, com significativa produção de aves e ovos, a disponibilidade de água é restrita a quatro dias, enquanto as torneiras permanecem secas por 26 dias. “Esse é um drama com o qual o pernambucano aprendeu a conviver. As pessoas vivem em regime de conservação de água. Quase todo o Estado de Pernambuco está em regime de rodízio. Pouquíssimas cidades têm água 24 horas por dia”, afirmou o presidente da Compesa, Alex Machado Campos, em seminário realizado pelo Crea-PE (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco). Enquanto a média nacional de disponibilidade de recursos hídricos é de 35 mil metros cúbicos de água por habitante por ano, em Pernambuco a média é de apenas 1.270 metros cúbicos por habitante por ano. “Estamos abaixo do que a ONU considera como índice aceitável que é 1.500 metros cúbicos por habitante por ano”, alertou Campos. Como a pressão social por acesso à água é muito maior do que pela estruturação das redes de esgoto, os investimentos ao longo dos anos foram mais focados em distribuição. Para se ter ideia, na Região Metropolitana do Recife, após 11 anos da PPP (parceria público-privada) do Saneamento, a cobertura de esgotos é ainda de apenas 38%. Em 2013, eram 30%. Após a aprovação do Marco Legal do Saneamento, em 2020, Pernambuco (e todo o País) começou uma corrida contra o tempo para atingir metas ousadas de universalização desses serviços até 2033. A lei estabeleceu como alvo atingir 99% do acesso à água – sem sistemas de rodízios – e 90% de conexão à rede de coleta e tratamento de esgotos. Entre 2019 e 2023, Pernambuco recebeu investimentos de R$ 11,6 bilhões no setor. Aproximadamente um terço desse valor veio da BRK Ambiental, na PPP do Saneamento da RMR (Região Metropolitana do Recife). Porém, o secretário-executivo de Parcerias e Projetos Estratégicos do Governo do Estado, Marcelo Bruto, revelou que para atingir a meta são necessários ainda R$ 30 bilhões de investimentos. “A Compesa só nos últimos anos captou mais de R$ 3 bilhões, de diferentes fontes, para executar nos próximos anos. Está estudando PPPs para o sistema de produção de água. Só na parte de produção e segurança hídrica, mais a PPP da RMR, temos mais de R$ 10 bilhões para serem feitos de investimentos nos próximos 10 anos. Além disso, há o desafio do saneamento rural, que é outro investimento forte que o Estado precisa continuar fazendo”, elencou Marcelo Bruto. Há cerca de R$ 900 milhões captados para o saneamento rural. O presidente da Compesa lembrou que os prazos e metas do contrato com o parceiro privado da PPP do Saneamento na RMR, assinado em 2013, não coincidem com aqueles estabelecidos no Marco do Saneamento. Nesse cenário, ele prometeu ir para uma “grande repactuação com a BRK a fim de que a gente possa restabelecer o reequilíbrio na PPP, uma vez que vai ter muito recurso público investido em esgoto”. MARCO DO SANEAMENTO ESTIMULA PRIVATIZAÇÕES O Marco Legal do Saneamento, elaborado em 2020, sendo uma atualização da Política Federal de Saneamento Básico, de 2007, recebe elogios e críticas dos especialistas do setor. A grande contribuição dessa lei, na avaliação do engenheiro Antonio Miranda, membro do Comitê Técnico Permanente do CREA-PE, foi o estabelecimento das metas. Antes, cada Estado ou município aportava investimentos nessas infraestruturas a depender da disponibilidade, sem parâmetros razoáveis ou prazos. “Esse marco legal estabeleceu metas porque, até então, as ‘Compesas’ e serviços municipais trabalhavam da seguinte forma: eu vou fazer o que eu posso, no prazo que eu conseguir e com o dinheiro que tiver. Não tinham obrigações. Era fazer o melhor possível e ponto final. Trazer uma obrigação com as metas é o lado bom”, afirmou Antonio. Por outro lado, a lei tem entre suas características o estímulo à privatização do saneamento. Se há um consenso da gravidade da falta de acesso à água e do insuficiente sistema de coleta e tratamento do esgoto, mas há um grande dissenso sobre a venda das companhias de saneamento estatais para a iniciativa privada. “A lei não foi pensada nos benefícios sociais, econômicos e ambientais. Ela tem o objetivo de estimular a participação do setor privado. Então, é uma lei voltada à privatização, muito mais do que à qualidade da prestação de serviços adequados à população”, afirmou o engenheiro. Após a aprovação do Marco Legal do Saneamento, vários Estados iniciaram o processo de entregar as empresas ou parte dos serviços para a iniciativa privada. Em São Paulo, por exemplo, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) foi privatizada por R$ 14,8 bilhões. A partir de setembro, a empresa terá a gestão já pela iniciativa privada. No Rio de Janeiro, o processo de venda da empresa pública que prestava o serviço, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), começou em 2021. Em Alagoas, a Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas) ficou responsável apenas pela captação e tratamento da água,

O desafio para ofertar água e tratamento de esgoto em Pernambuco Read More »

companhia ferro carril de pernambuco Easy Resize.com

8 fotos da Rua Nova antigamente

*Por Rafael Dantas Uma das mais tradicionais ruas do comércio recifense, a Rua Nova já abrigou até cinema e hospital. Ela já foi chamada de Rua Nova de Santo Antônio, de Rua Barão de Victória e de Rua João Pessoa, de acordo com a Fundaj. Apenas em 1937 é que retoma o nome antigo e que conhecemos atualmente. "Com fama de ser a mais importante rua comercial da cidade do Recife, compreende o trecho que vai da Praça da Independência (Pracinha do Diario) até a Ponte da Boa Vista. O surgimento do comércio a varejo, a presença de casas de modas e cinemas impulsionaram a atividade social na área. No dia 27 de julho de 1909, foi inaugurado o cinema Pathé, que possuía um salão de rosas e violetas. Comportava 320 pessoas e a entrada custava 1$000 réis. Existiam, ainda, os cinemas Royal e Vitória. Das 17h às 21h, funcionavam o Café Ruy e o Café Familiar, locais onde os estudantes se reuniam e iam tomar os famosos “sorvetes de neve”, na época em que o gelo vinha de fora", escreveu Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco. 1. Rua Nova, em 1910 (Acervo Benício Dias) 2. Rua Barão de Victória, antigo nome da via, repleta de bandeiras e com muitas pessoas (Acervo Josebias Bandeira) 3. Automóveis e guarda de trânsito na rua (Acervo Josebias Bandeira) 4. Destaque para o casario e sobrados (Acervo Josebias Bandeira) 5. Transeuntes e casa de comércio (Acervo Josebias Bandeira) 6. Postal com destaque para o transporte de tração animal e menção da Livraria Franceza (Acervo Josebias Bandeira) 7. Foto panorâmica da Rua Nova, 1910 (Acervo Benício Dias) 8. Destaque para o traçado da Companhia Ferro Carril e Pernambuco, em 1908 (Acervo Benício Dias) *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina as colunas Pernambuco Antigamente e Gente & Negócios (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)  

8 fotos da Rua Nova antigamente Read More »

1824 revolucao

1824: os passos e a queda da Confederação do Equador

*Por Rafael Dantas Como se inicia um novo país? Os quadros heróicos e hinos de louvor aos revolucionários não dão conta do trabalho de organização de um estado. Opositores, pressões militares e econômicas, reconhecimento internacional… A Confederação do Equador, proclamada há 200 anos em Pernambuco, na sua breve trajetória encampou muitas dessas batalhas nos quase cinco meses que permaneceu de pé. O movimento, que teve entre seus principais expoentes o religioso e intelectual Frei Caneca e o governador Manoel de Carvalho Paes Andrade, expõe os desafios de quem decide construir um novo caminho contra o sistema vigente. A revolução, que pela segunda vez separava Pernambuco do restante do País, não era uma simples revolta contra um mau governo nacional. Havia um conjunto de ideias republicanas e de autonomia local que sedimentaram o caminho revolucionário. Não havia um consenso sobre propostas como a da abolição da escravatura, mas era uma pauta que também circulava na época. NARRATIVAS, DEBATE PÚBLICO E IDEAIS REVOLUCIONÁRIOS Se hoje os debates nas redes sociais – inclusive recheados de fake news – formam o que chamamos de opinião pública e induzem a direção das decisões políticas, na época um dos intelectuais que moveu as ideias foi Frei Caneca. Líder religioso, soube usar seus espaços eclesiásticos e também a imprensa para questionar os caminhos do Império e propor novas alternativas. Em seu emblemático jornal Tiphys Pernambucano, que circulou até agosto de 1824 (durante o governo revolucionário) e em outros escritos, Caneca deixou registrado o pensamento que se tornou o combustível dos dias da revolução. Um semestre antes da proclamação da Confederação do Equador, o frei descrevia que o País estava com uma "uma nau destroçada pela fúria oceânica” e que carecia da ajuda decidida e abnegada de todos os seus filhos. Para ter ideia da consciência do seu papel, Frei Caneca escreveu em uma de suas cartas, em 1823, que “é um dever do cidadão, que escreve, dirigir a opinião pública e levá-la como pela mão no verdadeiro fim da felicidade social”. Na primeira edição após a proclamação da Confederação, que circulou em 8 de julho daquele ano, Caneca celebra o passo dado pelos revolucionários, antecipa a resposta que viria do Império mas de, antemão, já compartilha com seus leitores a aceitação internacional da queda da unidade nacional. O redator contava que jornais da Argentina, do Uruguai e da Inglaterra já previam a queda do governo. Se a segurança pública é um dos temas que atormentam os brasileiros do Século 21, durante o Império, a decisão de Dom Pedro de retirar as tropas de Pernambuco inflamou os revolucionários. Diante de um iminente ataque da Corte Portuguesa, Dom Pedro I deslocou sua presença militar do Recife para defendê-lo no Rio de Janeiro. Isso não passou ileso pelas páginas no Thypis Pernambucano. Frei Caneca denunciou que o imperador teve forças para causar muitas hostilidades aos pernambucanos em tempos de paz, gastando muito dinheiro e só trazendo prejuízos à província e “agora que vê os perigos iminentes, trata unicamente de sua pessoa, desampara-nos, entrega-nos a nossos recursos, energia e valor!. (...) Os defensores são para o tempo dos perigos, e se não servem para esses, menos para os de paz e tranquilidade. Não queremos defensores de mostrar e sim de defender”. O jornalista Luiz do Nascimento escreveu no artigo O Jornalismo Pernambucano ao Tempo da Independência (no Diário de Pernambuco, em 1972) que o “Thypis foi o órgão oficial da Confederação do Equador e o valoroso Frei Caneca só largou a pena depois da 29ª edição, para juntar-se às tropas de Manoel de Carvalho Paes de Andrade, terminando [fechando o jornal], dada a derrota do movimento”. ESFORÇOS NA SEGURANÇA Enquanto Frei Caneca incendiava os pernambucanos contra o imperador, logo após a proclamação, o governador Paes de Andrade lança um manifesto para tornar a revolução conhecida da população e começa os esforços de defesa. As preocupações com a segurança eram justamente da vinda de embarcações portuguesas para o Recife e, na sequência, dos embates do Império contra a Confederação do Equador. “Em 1824 já era possível imprimir documentos que eram espalhados pelas ruas, colados nos muros e nos postes. Dessa maneira, as pessoas liam e discutiam esses papéis que tiveram uma circulação formidável”, afirma o historiador Flávio Cabral, professor da graduação e pós-graduação da Unicap. “Antigamente se fazia essa comunicação muito verbalmente também e por manuscritos. Mesmo as figuras escravizadas e as mulheres da época tomavam conhecimento dos temas debatidos por meio desses manifestos e pelos boatos”. Se a comunicação da revolução estava em ordem, a organização das forças militares era um desafio. Embora tenha arregimentado muitos apoiadores, a Confederação do Equador tinha opositores também entre as lideranças políticas locais. Logo, parte dos chefes militares locais aderiram à revolução, enquanto a outra parte ficou ao lado do Império. “Manoel de Carvalho tem apoio de parte das elites. Mas havia uma outra parte que foi alijada do poder, que é a de Francisco Paes Barreto, o Morgado do Cabo. Então há um choque dessas elites. O presidente da Confederação do Equador teve apoio do Batalhão dos Henrique, por exemplo, e de outras milícias locais que tenta- ram se organizar para conter a contrarrevolução”, afirmou Bruno Câmara, professor da Universidade de Pernambuco, em Garanhuns. A defesa contrária à revolução, no entanto, vinha de uma estrutura do Império que se fortaleceu nos anos anteriores de 1824. “As tropas imperiais, vale lembrar, passaram por uma reformulação após a Independência de 1822, e se tornaram extremamente fortes. Essas tropas descem em Alagoas e vão marchando, junto a tropas do Morgado do Cabo, até o Recife. Elas têm várias escaramuças. Foi essa força que debelou várias revoltas contra o Império, após o período regencial”. A ameaça do avanço imperial fez Frei Caneca clamar, no Thypis Pernambucano de 5 de agosto de 1824, pela participação popular para pegar em armas. “Quando a pátria está em perigo, todo cidadão é soldado. (...) todos deveriam se adestrar nas armas para rebater o inimigo agressor”. CONSTITUIÇÃO PROVISÓRIA E OS DEBATES CONSTITUCIONAIS

1824: os passos e a queda da Confederação do Equador Read More »

casa navio 2

8 casas e casarões do Grande Recife Antigamente

A coluna Pernambuco Antigamente preparou uma seleção de fotos do casario do Recife, de Olinda e do Cabo de Santo Agostinho, antigamente. As imagens são da Biblioteca do IBGE. A maioria delas foi do ano de 1957, de Tibor Jablonsky. A transformação urbanística das cidades torna esses espaços, que antes eram de moradia, pouco reconhecíveis nas imagens de um tempo mais bucólico do Estado. Confira abaixo e clique nas fotos para ampliar. 1. Casas no Recife (PE), em 1957 2. Casa de João Fernandes Vieira no Recife (PE), em 1957 João Fernandes Vieira, português nascido em Funchal, senhor de engenho, foi um dos líderes da Insurreição Pernambucana e o primeiro signatário célebre do "compromisso", assumido por 18 líderes insurretos, de 23 de maio de 1645. Fernandes Vieira, comandou um dos quatro Terços do "Exército Patriota" nas duas Batalhas dos Guararapes. Em 1654, entrou triunfante no Recife liberto, recebendo as chaves da cidade. Recebendo do Exército o título de "Patriarcas da Força Terrestre". 3. Casa Navio, no Recife (PE) A Casa Navio foi uma obra de Adelmar da Costa Carvalho, empresário, industrial e ex-deputado federal de Recife. Erguida na orla da praia de Boa Viagem, A Casa Navio foi uma residência que replicava com capricho as acomodações do transatlântico Queen Elizabeth. Já teve como hóspede o ex-presidente Juscelino Kubitschek. 4. Vista interna da casa onde nasceu Joaquim Nabuco, no Recife Joaquim Nabuco, escritor e diplomata, nasceu no sobrado de nº 147, localizado na antiga Rua Aterro da Boa Vista, atual Rua da Imperatriz Tereza Cristina, esquina da Rua Bulhões Marques em Recife, PE, em 19 de agosto de 1849, e faleceu em Washington, EUA, em 17 de janeiro de 1910. 5. Casa no Bairro do Carmo em Olinda (PE), em 1957Casa em estilo mouriso, localizada na Praça Conselheiro João Alfredo, no Bairro do Carmo. 6. Casa do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho O Engenho Massangana é um conjunto arquitetônico rural do século XIX, composto pela Casa-Grande e Capela de São Mateus em uma área de dez hectares, que está localizado no Cabo de Santo Agostinho. Seu nome, de origem africana, vem do Rio Massangana que na época do auge do açúcar, servia para o escoamento do que era produzido nos engenhos da região até o Porto do Recife. Acredita-se que Tristão de Mendonça tenha fundado o Engenho Massangana, através da doação de um pedaço de terra do município feita por Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. 7. Casas na Praia de Boa Viagem no Recife (PE) 8. Casas na Praia do Pina *Para enviar fotos ou sugerir pautas, mande um e-mail para rafael@algomais.com

8 casas e casarões do Grande Recife Antigamente Read More »

bairro Recife

Várias iniciativas avançam para remontar o quebra-cabeça do Centro do Recife

*Por Rafael Dantas O desordenamento do Centro do Recife é fruto de um quebra-cabeças que foi desmontado ao longo de décadas e por muitos motivos. Os esforços malsucedidos de modernização urbana, que afastaram as moradias e derrubaram até igrejas, aliados à popularização dos automóveis – que contribuiu para a saída de muitas atividades econômicas em direção a locais com estacionamento – levaram ao esvaziamento e à decadência da região. Na contramão desse abandono das áreas centrais, há um mosaico de iniciativas públicas e privadas, além de novos estudos e programas de financiamento, para tentar reativar principalmente os bairros de São José e Santo Antônio, que transbordam também para a Boa Vista. A atividade econômica promovida pelas centenas de empresas do Porto Digital contribuiu para movimentar o bairro pioneiro da ocupação do Recife. A revitalização dos diversos armazéns e de muitos prédios para receber empresas tecnológicas criou um cenário difícil de acreditar há duas décadas no Bairro do Recife, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados nesta e em outras áreas da região. Porém, como tem repetido em diversas ocasiões o consultor Francisco Cunha, “o Centro do Recife tem jeito, sim!” Uma das peças que contribuíram para remontar esse mosaico foi a instituição do Recentro, há dois anos e meio. O gabinete, dirigido por Ana Paula Vilaça, nasceu para refletir sobre uma melhor integração dessa área da cidade e promover a exploração sustentável de toda sua potencialidade. Muitas ações promovidas pelos agentes públicos e por investidores privados estão avançando nesse propósito e vários projetos começam a ganhar musculatura de realidade na região. “Muita coisa avançou, desde a parte de infraestrutura, com muitas obras entregues, como a recuperação do Parque de Esculturas Francisco Brennand e as obras de drenagem da Rua da Concórdia, Rua Imperial e Avenida Sul, que estão na fase final. A obra do Mercado de São José está em andamento, além da reforma estrutural e o ordenamento do Camelódromo, na Avenida Dantas Barreto”, exemplificou a secretária Ana Paula Vilaça. Para levar mais cores ao Centro, com o fomento da arte urbana, uma outra iniciativa municipal é a instalação de megamurais, principalmente na Boa Vista. O projeto, da Secretaria de Inovação Urbana do Recife, mobiliza artistas para promover intervenções artísticas em fachadas sem aberturas de edifícios de alta visibilidade na cidade. Sete imóveis já receberam o projeto e mais dois estão em andamento. Ao todo, serão 24 pinturas. Apesar de haver um conjunto de outras obras do poder público na região, o apetite da iniciativa privada é um dos grandes motores no processo de revitalização. De acordo com a Perspectivas e Oportunidades Econômicas Centro do Recife 2024, recém-publicada pela Fecomércio e pelo Sebrae, menciona um estudo da UFPE que identificou 73 novos empreendimentos privados, sendo 40 deles classificados como habitacional, multifamiliar ou de uso misto. Esse levantamento considera como centrais os bairros da Boa Vista, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Recife, Santo Amaro, Santo Antônio, São José e Soledade. "Temos recebido muitas propostas de procura de imóveis. Alguns estão sendo reformados pelos proprietários. Há muito otimismo do mercado privado em querer voltar realmente sua atenção para o Centro e buscar novas possibilidades. A equipe de atração de investimentos tem feito muitos atendimentos de pessoas interessadas na instalação de cafés, de restaurantes. Há uma movimentação efervescente”, afirma Ana Paula Vilaça. TURISMO E EVENTOS PARA ANIMAR O CENTRO Com edifícios de diversos períodos da história da capital mais antiga do País, que completará 500 anos em 2037, o turismo tem um papel relevante na recuperação desse território. Uma das peças no setor que está prestes a ser inaugurada é o Complexo Porto Novo, que abriga o Novotel Marina Recife e o Recife Expo Center, fruto do investimento de R$ 280 milhões. O empreendimento está sendo instalado no Cais de Santa Rita, no bairro de São José. O equipamento hoteleiro, com 300 apartamentos e ocupação máxima estimada em 600 pessoas, tem previsão de início das operações para o dia 29 de julho. Já o Centro de Convenções, com capacidade de receber até sete mil visitantes, terá sua abertura no dia 6 de agosto com a estreia da feira Multimodal Nordeste 2024. Só neste evento é esperada uma movimentação econômica superior a R$ 150 milhões e mais de quatro mil participantes. “Estimamos uma média de geração de empregos diretos para aproximadamente 300 pessoas durante as operações de todo o Complexo Porto Novo. Durante a construção, tivemos aproximadamente 450 postos de trabalho diretos. O número, no entanto, tende a ser muito superior quando contabilizamos também os indiretos, os terceirizados durante a operação de feiras, eventos e convenções. Isso porque entendemos que são equipamentos que irão beneficiar indiretamente toda a cadeia produtiva do turismo, há uma infinidade de profissionais que serão impactados com a inauguração e operação do Complexo”, afirma o investidor do Porto Novo e sócio da Maxxima, Romero Maranhão Filho. O empreendedor explica que o projeto do Complexo foi concebido não apenas como uma intervenção na paisagem urbana, mas como uma oportunidade de valorizar toda a área circundante do Centro do Recife. “Com este investimento acreditamos que podemos dar mais um impulso para o renascimento da região, pois sabemos que é uma área com um potencial enorme a ser explorado”, destacou Romero Maranhão Filho. Ele lembra que o navegador Amyr Klink considerou o local como ideal no Nordeste para uma marina de classe internacional. “Além disso, o Recife ainda não possuía um Centro de Convenções, então, resolvemos criar um novo equipamento nessa área da cidade, que estava totalmente carente de tudo e percebemos que teríamos condição de construir um espaço que pudesse atender tanto o público local quanto eventos nacionais e internacionais. Acreditamos que haverá um impacto significativo na economia local, gerando empregos, atraindo investimentos e fomentando o turismo, marcando, assim, um novo capítulo na história da cidade”, declarou Maranhão Filho. Além do Complexo Porto Novo, há outros empreendimentos, como a construção do Motto by Hilton, localizado na Rua da Guia. Com aporte de R$ 30 milhões, ele tem previsão de gerar

Várias iniciativas avançam para remontar o quebra-cabeça do Centro do Recife Read More »

Claudia Oliveira Musicoterapeuta

Notas que curam: como a musicoterapia transforma vidas

A musicoterapia tem mostrado ser uma ferramenta eficaz em várias áreas da saúde e do bem-estar, proporcionando benefícios físicos, emocionais e sociais significativos. A sua aplicação é vasta, indo desde o tratamento de condições de saúde mental até a reabilitação física, mostrando que a música tem realmente o poder de curar e transformar vidas. Conversamos com a musicoterapeuta Cláudia Oliveira sobre os benefícios da prática em diversas condições de saúde. “Como a terapia baseada na música é uma prática extremamente antiga, podem-se encontrar na literatura algumas diferenças nas definições, mas musicoterapia é essencialmente um tratamento que utiliza elementos musicais para sua execução. Estes elementos são melodia, harmonia e ritmo. Para além dos tratamentos de saúde, a musicoterapia pode ser utilizada em outras áreas, como a educação, por exemplo, facilitando a comunicação e a aprendizagem”, informa a musicoterapeuta Cláudia Oliveira. A musicoterapia é uma abordagem versátil e adaptável, que utiliza a música de diversas maneiras para promover a saúde e o bem-estar. Seja através da criação, escuta ou movimento, a música tem o poder de conectar, curar e transformar vidas. “A musicoterapia contempla desde à promoção de saúde, prevenção de doenças e seus agravos, como também pode atuar na reabilitação de diferentes situações de saúde, desde a saúde física, com a utilização do ritmo para engajar uma pessoa com deficiência em determinado movimento que ela precisa desenvolver, como questões mentais e emocionais. Vai depender da necessidade do sujeito e do direcionamento feito pelo musicoterapeuta”, diz Cláudia. A musicoterapia oferece muitos benefícios e é extremamente eficaz em várias áreas da saúde e bem-estar. Aqui estão alguns dos principais benefícios da musicoterapia “Os benefícios estão relacionados à multiplicidade de áreas atingidas pela música em termos emocionais e neurobiológicos. Uma música pode atingir um conjunto de centros cerebrais que comumente não seriam estimulados conjuntamente, sendo muitos benefícios relacionados à estimulação da memória, atenção, sequenciamento de tarefas, planejamento que vai do planejamento mental ao planejamento motor, além de reforçar o engajamento afetivo, trazendo motivação para as pessoas envolvidas”, revela. Como funciona O início é sempre uma avaliação das necessidades da pessoa ou do grupo. Quando o musicoterapeuta identifica estas demandas, é importante conhecer o repertório musical dos sujeitos e as preferências para assim direcionar as atividades com sons, ritmos, movimentos e experiências sonoras para alcançar os objetivos terapêuticos. Isso não acontece em um único momento, é preciso que haja continuidade do processo para que a sessão seja terapêutica de forma mais efetiva. Em sessões de musicoterapia, uma variedade de instrumentos musicais é usada para atender às necessidades específicas dos pacientes. A escolha dos instrumentos pode depender dos objetivos terapêuticos, das preferências dos pacientes e do contexto da terapia. “Falar sobre os instrumentos é bem interessante, pois muitas pessoas pensam que um profissional musicoterapeuta deve ser músico ou tocar instrumentos com excelência. Mas isso não precisa necessariamente acontecer. É preciso, sim, ter experiência e noção de instrumentos, mas como foi falado, são os elementos musicais que serão utilizados. O uso dos instrumentos vai depender do profissional, do local e da demanda. Pela facilidade de acesso são muito utilizados os violões, tambores pequenos, flautas, maracás e teclados. Também pode haver confecção de instrumentos sonoros simples”, avalia Cláudia Oliveira. A escolha da música na musicoterapia é uma combinação de arte e ciência, onde o musicoterapeuta usa tanto seu conhecimento técnico quanto sua sensibilidade clínica para selecionar músicas que melhor atendam às necessidades individuais dos pacientes. Essa abordagem personalizada maximiza os benefícios terapêuticos da música. “É preciso conhecer a experiência e as preferências musicais da pessoa atendida. A partir daí são introduzidos os recursos terapêuticos. O paciente pode ter a experiência de tocar o instrumento, não existe uma regra, tudo vai depender do objetivo que se quer alcançar. Por exemplo, manusear uma baqueta para compor um ritmo, alcançar uma altura ou realizar uma sequência de movimentos é excelente para pessoas com comprometimento neurológico como Doença de Parkinson ou paralisia cerebral. Em outros casos, ouvir sons e envolver-se em movimentos é suficiente para o processo, sem precisar necessariamente tocar o instrumento”, informa a musicoterapeuta. Autismo Atualmente existem em média 28 métodos de intervenção baseados em evidência que são considerados eficazes para o tratamento de pessoas com autismo e a musicoterapia está incluída dentre estas. “Inclusive os planos de saúde já estão liberando sessões de musicoterapia para a população autista. A terapia com música auxilia na comunicação, interação social, aprendizagem, atenção e na regulação sensorial e emocional”, frisa. A música serve como uma ferramenta poderosa para facilitar a comunicação, a interação social e o desenvolvimento global de pessoas com autismo. AVC Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica causada pela interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em danos às células cerebrais. “É um ótimo recurso, justamente porque as sequelas advindas de um Acidente Vascular Cerebral ou encefálico podem ser de diversas ordens, desde problemas na comunicação, problemas motores, sensoriais e cognitivos. A musicoterapia pode atuar nestas áreas afetadas”, diz. É importante reforçar que a musicoterapia não substitui outros tratamentos como medicação, fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, dentre outros. Atuação Atualmente no Brasil, a formação em musicoterapia é multiprofissional, ou seja, a pessoa deve ter nível superior e realizar uma pós-graduação em musicoterapia. Também existem cursos de graduação na área, então o musicoterapeuta pode ser um profissional com especialização na área ou graduado. A profissão foi regulamentada neste ano de 2024 e abre uma exceção para alguns profissionais com expertise prática que já vinham trabalhando com musicoterapia há mais de 5 anos antes da lei para poderem atuar como musicoterapeutas. "A musicoterapia é multiprofissional. Como é uma área que diferentes profissões podem se especializar, cada musicoterapeuta pode ter sua habilidade com maior potencial para determinada intervenção, como ocorre em qualquer profissão. Por exemplo, um médico ortopedista conhece sobre o sistema circulatório humano, mas não vai atuar de forma aprofundada nesta área.  Da mesma forma, um musicoterapeuta graduado em psicologia terá possivelmente um melhor manejo da musicoterapia nas questões emocionais. Um pedagogo, enfermeiro ou fisioterapeuta poderão atuar de maneiras

Notas que curam: como a musicoterapia transforma vidas Read More »