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O Futuro Humanizado pela IA

Como a inteligência artificial pode nos libertar para criar, cuidar e conviver E se o futuro for mais humano, justamente porque será mais inteligente? Essa é uma das possibilidades mais bonitas que a inteligência artificial nos oferece. Muito se fala sobre o medo de que as máquinas nos substituam. Mas talvez a pergunta certa seja: e se elas nos libertarem? Libertar do que é repetitivo, exaustivo, automático. Libertar tempo e energia para aquilo que nos faz únicos: criar, cuidar, imaginar, conviver. A IA pode organizar o trânsito, processar exames médicos, sugerir caminhos de estudo, automatizar tarefas administrativas — e com isso, abrir espaço para que possamos olhar mais uns para os outros, e menos para telas, prazos e planilhas. Ao longo deste livro, vimos que a IA é mais do que uma tecnologia. É uma lente. Um espelho. Um campo de possibilidades. Ela não traz respostas prontas, mas provoca novas perguntas. E talvez a mais importante seja: que tipo de humanidade queremos cultivar neste novo tempo? Não se trata de idealizar a IA. Sabemos que ela pode ser usada de forma destrutiva, injusta, excludente. Mas também sabemos que ela pode ser usada para ampliar acessos, democratizar saberes, acelerar descobertas, salvar vidas. O que define esse caminho não está na máquina — está em nós. Já imaginou uma IA treinada para detectar sinais precoces de doenças em populações vulneráveis? Ou sistemas inteligentes ajudando a alfabetizar crianças em regiões remotas, adaptando o ensino ao ritmo de cada uma? E se bibliotecas digitais, alimentadas por algoritmos de recomendação culturalmente sensíveis, levassem livros e histórias aos lugares onde o silêncio antes imperava? O futuro da IA é, em grande parte, o futuro da nossa capacidade de sonhar — e de agir com responsabilidade. Não precisamos escolher entre progresso e humanidade. Podemos, sim, construir um progresso que seja para a humanidade. Que tenha a dignidade como princípio, e a empatia como guia. A IA nos ensina algo curioso: para ensinar máquinas a pensar, precisamos antes entender melhor como nós mesmos pensamos. Para ensinar robôs a tomar decisões, somos obrigados a discutir o que é certo e o que é justo. Para programar vozes sintéticas que soem humanas, revisitamos o que significa comunicar-se com afeto. Ou seja: ao construir a IA, estamos, ao mesmo tempo, reconstruindo o nosso próprio entendimento sobre quem somos. Esse ciclo de criação e reflexão é precioso. Ele nos convida a abandonar o automatismo do cotidiano e a viver com mais intenção. Afinal, se a máquina pode resolver o trivial, talvez possamos dedicar nosso tempo ao essencial. E o essencial, como sabemos, não se resume a cálculos. Está nas relações. Está no gesto de ouvir com atenção. Na coragem de mudar de ideia. Na disposição de construir o bem comum. A IA pode nos ajudar a lembrar que a inteligência, por si só, não basta. É preciso também sensibilidade. É preciso sabedoria. A palavra “futuro” costuma carregar uma certa ansiedade. Mas e se ela puder carregar também acolhimento? Um futuro em que não sejamos engolidos pela tecnologia, mas inspirados por ela. Em que possamos viver com mais leveza, porque teremos aliados digitais cuidando do que é pesado. Em que o humano não perca espaço, mas floresça — com mais tempo para criar, cuidar, conviver. Ao final desta jornada, percebemos que a pergunta já não é “o que a IA pode fazer?”, mas sim “o que nós queremos fazer com ela?”. E a resposta está em nossas mãos, em nossas escolhas diárias, em nossas políticas públicas, em nossos projetos sociais, em nossos sonhos coletivos. O futuro não está pronto. Ele está sendo escrito agora — em código, em debate, em arte, em sala de aula, em laboratórios, em cafés da manhã. E se há algo que a IA ainda não pode fazer por nós, é decidir o que vale a pena. Isso continua sendo um privilégio humano. Que possamos, então, escolher com sabedoria. Escolher caminhos que ampliem a liberdade, aprofundem a justiça e fortaleçam a nossa conexão com tudo o que nos torna humanos. O futuro é uma construção coletiva. E, com inteligência artificial, ele pode — e deve — ser profundamente humano. *Rafael Toscano é escritor, pesquisador e professor na CESAR School, engenheiro na Companhia Brasileira de Trens Urbanos e ocupa o cargo de Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Negócios na Secretaria de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia (SECTI) da Prefeitura do Recife. Formado em Engenharia da Computação pela UFPE, é Mestre e Doutor pela Universidade de Pernambuco. **Esse Texto integra o livro IA Transformação das Humanidades

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FW Revista Algomais capa danca

Dança: expressão artística, bem-estar e transformação de vidas

Mais do que arte, a dança promove saúde, bem-estar e transformação pessoal. Educadores destacam seus benefícios físicos e emocionais, além de orientações para a prática segura A dança é uma expressão artística que transcende palavras, permitindo que o corpo comunique emoções, histórias e sentimentos de forma única. Muito além da estética, ela atua como uma poderosa aliada do bem-estar, promovendo saúde física, mental e emocional. Por ser uma atividade predominantemente aeróbica, é excelente para o condicionamento cardiorrespiratório, além de melhorar postura, mobilidade e flexibilidade — contribuindo para uma vida mais equilibrada. Essa conexão entre movimento e emoção faz da dança uma prática que revitaliza o corpo e a mente. “Dançar é uma atividade democrática, que acolhe todas as pessoas, independentemente da idade, corpo ou gênero, oferecendo um espaço para expressão e crescimento pessoal. Ela representa superação, amor e descoberta. É ainda uma fonte de felicidade e um propósito que motiva”, afirma a profissional de educação física Nataly Araújo, professora do Curso Técnico em Dança do Aria Social — único do tipo no Nordeste, voltado para jovens que buscam profissionalização na área. Segundo Nataly, a prática regular da dança impacta positivamente a saúde mental. “Na minha experiência como professora, percebo que a dança ajuda a reduzir a ansiedade, depressão e estresse, além de fortalecer a autoestima, tornando os alunos mais confiantes e sociáveis”, diz. Ela também destaca como a dança ajuda a enfrentar desafios emocionais, como a timidez e o medo de errar. “Ao dançar, aprendemos a superar nossos limites e a perder o medo de falhar — isso reflete diretamente na qualidade de vida”, acrescenta. Embora seja possível começar em qualquer idade, é fundamental procurar profissionais qualificados e escolas sérias para garantir segurança e evolução no aprendizado. “Também é importante se permitir experimentar estilos diferentes para descobrir qual combina mais com sua personalidade. Dançar por hobby deve ser uma atividade prazerosa, sem cobranças excessivas, respeitando o próprio ritmo e aproveitando o processo”, orienta Nataly. Prevenção de lesões Para quem dança com frequência, a prevenção de lesões é essencial. Aquecimentos e alongamentos antes e após as aulas são indispensáveis. Os problemas mais comuns envolvem músculos e articulações. “É fundamental preparar a musculatura e as articulações para o movimento e para a carga que elas vão receber”, explica o fisioterapeuta e professor Flávio Henrique, também docente no Curso Técnico em Dança do Aria Social. Outro ponto importante, segundo Flávio, é desenvolver consciência corporal. “Conhecer seus próprios limites ajuda a evitar contusões. Bons professores e coreógrafos sabem orientar sobre o que pode ou não ser feito, minimizando riscos”, afirma. Ele alerta que algumas lesões podem surgir por uso excessivo ou repetitivo. “Tudo depende de como o corpo está sendo exigido.” Exercícios de fortalecimento, especialmente para a região abdominal, também contribuem para a segurança do praticante. “Se o nosso centro está fortalecido, temos um tronco firme, capaz de sustentar o movimento com estabilidade. Isso aumenta a consciência corporal e previne lesões”, destaca. Para Nataly, a dança representa superação, amor, descoberta e realização. “Hoje, não me imagino sem dança na minha vida.” Já Flávio resume de forma poética: “Dançar é viver. Quem dança é mais feliz. A dança transforma o corpo, a mente, a alma — e o jeito de enxergar o mundo.” Curso O curso técnico de Dança do Aria Social é uma formação profissionalizante que visa capacitar jovens e adultos nas diversas linguagens da dança, unindo técnica, expressão artística e fundamentos teóricos. Com uma grade curricular abrangente e professores qualificados, o curso oferece disciplinas como balé clássico, dança contemporânea, dança popular brasileira, anatomia aplicada à dança, entre outras, preparando os alunos tanto para atuar artisticamente quanto para seguir carreira no campo da educação e da produção cultural. Reconhecido pelo Ministério da Educação, o curso promove inclusão social e oportunidades profissionais no universo da arte e da cultura. @projetoariasocial @tecnicoemdancaariasocial @natalyaraujopersonal Saúde 5.0: nova era transforma atendimento com foco no paciente A área da saúde vive uma transformação sem precedentes. Com a chegada da chamada Saúde 5.0, o foco deixa de ser a quantidade de procedimentos realizados e passa a priorizar resultados clínicos, experiência do paciente e eficiência dos cuidados. Essa mudança de paradigma exige não apenas novas formas de gestão, mas uma base tecnológica sólida — e, nesse cenário, dois pilares ganham destaque: análise de dados e blockchain. A digitalização do sistema de saúde é um caminho sem volta, mas que ainda enfrenta barreiras importantes no Brasil. Temos um sistema fragmentado, com dificuldade de integração entre plataformas e falta de interoperabilidade. Isso afeta diretamente a continuidade do cuidado e a tomada de decisão clínica. A  Saúde 5.0 propõe uma abordagem centrada no paciente, com uso intensivo de tecnologias como inteligência artificial, big data, Internet das Coisas Médicas (IoMT) e blockchain para garantir segurança, rastreabilidade e personalização no atendimento.  O  blockchain, por exemplo, pode revolucionar o armazenamento e o compartilhamento de dados de saúde, oferecendo mais transparência e proteção contra fraudes. De forma simples, blockchain é uma tecnologia que funciona como um grande livro de registros digital. Nele, todas as informações são armazenadas em blocos, que se conectam como uma corrente (daí o nome block + chain). Cada vez que algo novo é adicionado — como um dado de saúde, por exemplo — isso é registrado de forma permanente e segura, e não pode ser apagado ou alterado sem deixar rastros. O uso de dados precisa vir acompanhado de responsabilidade. E a análise preditiva pode antecipar riscos e salvar vidas, mas só será eficaz se respeitar a ética, a privacidade e a confiança do paciente. A tecnologia não substitui o cuidado humano — ela o potencializa. Com o avanço das healthtechs, o Brasil começa a dar passos importantes na direção de um sistema mais moderno e centrado em valor. A transição, no entanto, depende de investimento, capacitação e mudança cultural no setor público e privado. A promessa da Saúde 5.0, segundo especialistas, é transformar não apenas o atendimento, mas toda a lógica da saúde como conhecemos hoje. Como médico, entendo que não basta

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hotel marriot suape

Rede Marriott investe R$ 60 milhões em hotel voltado ao setor corporativo em Suape

Empreendimento deve gerar 800 empregos e impulsionar turismo de negócios em Pernambuco. Foto: Janína_Pepeu – Secom Pernambuco foi escolhido para receber a primeira unidade da bandeira City Express by Marriott no Brasil. O novo empreendimento, batizado de Latitude Suape, será construído no Complexo Industrial Portuário de Suape, com um investimento estimado em R$ 60 milhões e previsão de geração de 800 empregos, entre diretos e indiretos, ao longo da obra e operação. A iniciativa foi oficializada nesta terça-feira (15), durante encontro no Palácio do Campo das Princesas com a governadora Raquel Lyra, representantes da Rede Marriott, da Casa Orange e da Fábrica de Hotéis. Hotel voltado ao setor logístico e industrial O hotel contará com 164 apartamentos e será voltado ao público corporativo e logístico, com estrutura funcional e moderna voltada para atender à crescente demanda do polo industrial e portuário. “A escolha se deu muito por acreditar que Suape tem uma demanda reprimida, que a gente pode vir a atender”, acrescentou Eduardo Malheiros, diretor da Fábrica de Hotéis. Projeto inclui torre empresarial e centro comercial A operação é fruto de uma parceria entre a Casa Orange, a Marriott e a Fábrica de Hotéis, responsável pela execução da obra. Além da hospedagem, o projeto prevê uma torre empresarial e um mall, criando uma nova centralidade na região. “A Marriott é a maior empresa hoteleira do mundo e agora traz o City Express para Suape”, comentou Renato Carvalho, gerente de Desenvolvimento da rede. Expansão da rede no Nordeste A unidade faz parte de um plano de expansão da Marriott, que prevê 30 novos hotéis no Nordeste nos próximos 15 anos, incluindo destinos como Porto de Galinhas e Cabo de Santo Agostinho. “O Porto é hoje um dos maiores do país, com cerca de 90 indústrias, e esse investimento representa confiança no turismo, na indústria e no próprio Complexo de Suape”, Armando Monteiro Bisneto, presidente do Complexo de Suape

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Itacoatiara AM 2

Carrilho Infraestrutura inicia novo terminal de combustíveis no Porto do Pecém

Com investimento de R$ 430 milhões, obra reforça presença da construtora pernambucana no setor industrial e logístico. Na foto, o Porto de Itacoatira, no Pará, onde a empresa também tem operação. A Carrilho Infraestrutura, braço industrial da Construtora Carrilho, deu início à construção de um novo terminal de armazenamento de combustíveis no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. O projeto, avaliado em R$ 430 milhões em sua fase inicial, inclui 13 tanques com capacidade total de 130 milhões de litros. A operação será classificada e alfandegada, com conexão direta ao porto, e deve ser concluída em até dois anos. Estão previstos cerca de 500 empregos diretos, com prioridade para a contratação de mão de obra local. Infraestrutura estratégica para a logística nacional Com mais de uma década de experiência no setor industrial, a Carrilho já executou grandes projetos em estados como Amazonas, Rondônia, Pará e Mato Grosso. Entre eles está o porto flutuante de Itacoatiara, considerado o maior terminal fluvial do Brasil, capaz de operar durante todo o ano mesmo em condições extremas. “A localização estratégica dos empreendimentos reforça o papel da Carrilho Infraestrutura na logística nacional, especialmente na integração do agronegócio do Centro-Oeste com os corredores de escoamento do Norte e Nordeste. Temos experiência em regiões desafiadoras, unindo engenharia de alto padrão e expertise logística para movimentação de grandes volumes de carga e combustíveis”, destaca Carlos Carrilho, vice-presidente e diretor técnico da empresa. Inovação com metodologia internacional Para ampliar sua eficiência, a construtora investiu na formação do corpo gestor em Advanced Work Packaging (AWP), metodologia internacional que vem transformando o planejamento e a execução de grandes obras. Baseado em estudos do Construction Industry Institute (CII), o AWP tem gerado aumentos expressivos de produtividade e redução de riscos em projetos industriais. “Ao investir na capacitação da sua equipe, a Construtora Carrilho reafirma seu compromisso com a inovação e a melhoria contínua dos seus processos, fortalecendo sua atuação no mercado com práticas de excelência que elevam a qualidade, reduzem riscos e entregam mais valor em cada projeto”, conclui Carrilho.

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Nova gestão do Pernambuco Centro de Convenções aposta no turismo de negócios

Durante a Fenearte, consórcio apresenta primeiros resultados e plano estratégico para reposicionar o CECON como referência no setor. Na imagem acima: Thiago Soares (Diretor de Operações), Antônio Peçanha (Diretor-executivo), Alexandre Manata (Acionista), Nenety Cristiano (Acionista), Wesley Rodrigues (Acionista). Durante a 25ª Fenearte, maior feira de artesanato da América Latina, o Consórcio CID Convenções Pernambuco apresentou a nova gestão do Pernambuco Centro de Convenções (CECON), equipamento estratégico para o turismo de negócios no Estado. O grupo mineiro — formado por Conata Engenharia, Infracon Engenharia e Dezembro Eventos — já implementou ações de modernização e anunciou um plano estratégico voltado à eficiência operacional e ao reposicionamento do espaço como polo de grandes eventos. Estrutura e diferenciais do CECON Com um pavilhão de 20 mil m² — o maior do Nordeste —, teatro para quase 2,4 mil pessoas, amplo estacionamento e localização estratégica, o CECON oferece infraestrutura para sediar feiras, congressos e espetáculos simultaneamente. “Assumimos o compromisso de requalificar o Pernambuco Centro de Convenções para oferecer aos clientes e visitantes um equipamento moderno, versátil e competitivo”, afirmou o Diretor de Operações, Thiago Soares. Entre os primeiros avanços estão melhorias no sistema de climatização, iluminação, paisagismo e reestruturação de equipes. Liderança técnica e parcerias estratégicas A gestão é comandada por Antônio Peçanha (CEO), Thiago Soares (Operações) e Gabriela Diaz (Comercial), profissionais com vasta experiência em concessões, infraestrutura e captação de eventos. A nova equipe atua em articulação com o Governo do Estado e o Recife Convention Bureau para fortalecer a presença de Pernambuco no circuito nacional e internacional de feiras e encontros corporativos. Roadshows e feiras especializadas fazem parte da estratégia de divulgação. Turismo de negócios movimenta a economia De acordo com a Empetur, o turismo de negócios segue como uma das atividades mais relevantes para a economia pernambucana, impulsionando setores como hotelaria, gastronomia, transporte e comércio. A nova gestão reforça o papel do CECON como motor desse segmento, com infraestrutura moderna e flexível, capaz de atender demandas de grandes promotores e agentes de turismo corporativo.

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Navegando em Águas Turbulentas

Entre avanços tecnológicos e riscos invisíveis, o desafio é garantir que a IA sirva à justiça, à diversidade e ao bem comum *Por Rafael Toscano Toda nova tecnologia traz promessas. Mas também traz riscos. A inteligência artificial, com seu poder de decidir, prever e aprender, nos obriga a fazer uma pausa — olhar para os lados, olhar para trás e olhar para dentro. Não basta perguntar o que podemos fazer com ela. É preciso perguntar: o que devemos fazer com ela? A história está cheia de lições. A Revolução Industrial gerou crescimento, mas também desigualdade. O progresso científico trouxe curas, mas também armas. Agora, com a IA, vivemos outro ponto de inflexão. Uma ferramenta poderosa está em nossas mãos — e como vamos usá-la depende de escolhas éticas. Já falamos sobre viés, privacidade, responsabilidade. Mas existe uma camada mais profunda: a da justiça social. Quem se beneficia da IA? Quem é deixado para trás? Algoritmos que distribuem crédito, indicam candidatos a vagas de emprego, preveem comportamentos criminais — todos podem reforçar estruturas de desigualdade se forem construídos sem diversidade, sem escuta, sem crítica. O problema não está na tecnologia em si, mas na forma como ela é desenvolvida, treinada e usada. Dados refletem a realidade. E a realidade, infelizmente, ainda carrega muitos preconceitos. Se a IA aprende com isso, ela perpetua. E às vezes, amplifica. Por isso, precisamos de transparência. Não podemos viver em um mundo governado por algoritmos que ninguém entende. É necessário saber como as decisões são tomadas, que critérios foram usados, de onde vieram os dados. Só assim podemos confiar — e corrigir o que estiver errado. Precisamos também de inclusão. As vozes que historicamente foram silenciadas precisam participar da construção desse futuro. Não podemos aceitar que uma tecnologia que molda o mundo seja decidida por um grupo pequeno e homogêneo. A IA não é um luxo técnico; é uma questão de cidadania. E há uma questão internacional: a governança global da IA. Diferentes países têm valores distintos, prioridades diferentes. Como criar um conjunto de princípios éticos que respeitem a diversidade cultural, mas que também protejam direitos universais como liberdade, dignidade, igualdade? Alguns já começaram. A Declaração de Montreal, as diretrizes da Unesco, as discussões no Fórum Econômico Mundial e em consórcios de empresas e universidades. Mas o caminho ainda é longo. E o ritmo da tecnologia é mais rápido que o da legislação. Precisamos de pontes entre esses mundos: entre ética e inovação, entre academia e mercado, entre ciência e sociedade. Em meio a tudo isso, há outro risco: o da superficialidade ética. Criar comitês, selos, códigos de conduta pode parecer suficiente — mas só faz sentido se vier acompanhado de ação real. Ética não é um adereço. É uma prática. É um compromisso. E talvez a maior responsabilidade seja nossa, como sociedade. Não podemos delegar tudo à tecnologia. Precisamos formar cidadãos capazes de questionar, analisar, participar. A alfabetização ética e digital tem que começar na escola, seguir nas universidades, nas empresas, nos governos. Uma IA justa exige uma sociedade vigilante e ativa. O futuro será moldado por decisões que estão sendo tomadas agora. Cada sistema implantado, cada dado coletado, cada algoritmo rodando em silêncio: todos têm consequências. Podemos optar por uma IA que sirva ao lucro, à vigilância, à exclusão. Ou podemos lutar por uma IA que amplifique o que temos de melhor: empatia, solidariedade, justiça. Não será fácil. Navegar em águas turbulentas exige firmeza no leme e clareza no horizonte. Mas temos referências. A luta por direitos civis. A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os movimentos por igualdade, por diversidade, por sustentabilidade. Todos eles nos ensinam que o progresso verdadeiro é aquele que inclui, que respeita, que escuta. Se a IA é a grande revolução do nosso tempo, que ela venha acompanhada de uma revolução ética — silenciosa, mas profunda. Que cada linha de código carregue não apenas lógica, mas cuidado. Que cada decisão algorítmica reflita não só eficiência, mas equidade. E que, ao final, possamos olhar para essa tecnologia não com medo, mas com orgulho — como algo que construímos juntos, com inteligência, mas sobretudo com humanidade. *Rafael Toscano é escritor, pesquisador e professor na CESAR School, engenheiro na Companhia Brasileira de Trens Urbanos e ocupa o cargo de Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Negócios na Secretaria de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia (SECTI) da Prefeitura do Recife. Formado em Engenharia da Computação pela UFPE, é Mestre e Doutor pela Universidade de Pernambuco. **Esse Texto integra o livro IA Transformação das Humanidades

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david corenswet como o protagonista de superman 2025

Novo Superman chega aos cinemas

Segundo Hegel, filósofo alemão do século XIX, a arte reflete o espírito de uma época, expressando ideias e valores de determinado período histórico. Vemos isso nas artes plásticas, na literatura e, claro, no cinema. No que tange à sétima arte, a ideia alcança tanto o cinema cult (daqueles pra crítico ver), quanto os barulhentos blockbusters. Incorporado desse espírito, chega aos cinemas o tão aguardado Superman de James Gunn, com muito bom humor e crítica certeira à atual política americana.   O Superman de James Gunn inspira bondade e esperança, bem diferente da vibe sombria proposta por Zack Snyder nos filmes anteriores. David Corenswet encarna muito bem esse papel. Nos minutos iniciais, nada de nave cruzando a tela e pousando com bebê kryptoniano sobre um milharal. Desnecessário revisitar em detalhes os primeiros anos de uma história tão conhecida quanto a do Superman. O filme começa com a celebrada cena em que o supercão, Krypto, aparece para resgatar o herói que se encontra bastante ferido em alguma região do Ártico.  Por sinal, o cão rouba a cena em boa parte do filme. Um Super bondoso, beirando o exagero, como na cena em que o herói, em meio ao combate, voa para resgatar um esquilo. Outro artifício do roteiro é contrapor as ações responsáveis do Superman às táticas nada cuidadosas da Gangue da Justiça. Formada por Guy Gardner (Nathan Fillion), a Mulher gavião (Isabela Merced), o Senhor Incrível (Edi Gathegi) e o Metamorfo (Anthony Carrigan), a equipe é responsável por boa parte dos momentos de alívio cômico. Destaque para Nathan Fillion na pele de Guy Gardner, o lanterna verde mais arrogante e mal-humorado do universo. Para quem, como eu, acompanhou as HQs da Liga da Justiça Internacional na década de 90, a presença do herói foi, sem dúvida, uma escolha acertada.   O novo trabalho do diretor de “Guardiões da Galáxia” e “Esquadrão Suicida” não se limita às sacadas engraçadas, tão comuns aos filmes que costuma dirigir. A crítica política aparece como fator que dá liga e consistência à trama. Na história, Lex Luthor, interpretado por Nicholas Hoult, acusa o Superman de interferir na política externa americana ao tomar partido no conflito entre as nações fictícias Borávia e Jarhanpur. Ao impedir a Borávia, aliada dos EUA, de invadir o país vizinho, o kryptoniano atrapalhou os negócios de Luthor, único fornecedor de armas à Borávia. Pergunto: viram algo semelhante na história recente de algum país do ocidente?   O roteiro também reflete sobre a atual política imigratória americana. Em entrevista ao jornal britânico The Times, James Gunn afirmou que “… Superman é a história da América. Um imigrante que veio de outro lugar e se instalou no país. (…) uma história sobre como perdemos noções básicas da gentileza humana”. Alfinetada certeira na política cruel de “tolerância zero” adotada por Donald Trump contra imigrantes. A arte imitando a vida.

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Nova gestão do Sinapro-PE aposta em criatividade e expansão do mercado

Encontro reuniu agências e discutiu o futuro do mercado publicitário pernambucano O mercado publicitário de Pernambuco se reuniu no Novotel Marina, no Recife, para a posse da nova diretoria do Sinapro-PE — Sindicato das Agências de Propaganda do Estado — e o lançamento do Movimento Cria PE 2025. Lelê Carvalho, da Trio Comunicação, assumiu a presidência ao lado de Ricardinho Lira, da Avesso Propaganda, como vice. Eles sucedem Daniel Queiroz, da Ampla, reforçando o compromisso com a valorização da criatividade, da ética e da sustentabilidade econômica do setor. Setor criativo resiste à crise Mesmo diante de um cenário econômico desafiador, o setor publicitário pernambucano encerrou 2024 com desempenho positivo, movimentando cerca de R$ 450 milhões em investimentos anuais. O bom resultado é atribuído à diversidade de formatos — entre mídia tradicional, digital e ativações — e ao fortalecimento de práticas como compliance, inclusão e qualificação profissional. A relevância econômica da Publicidade A nova presidente também trouxe à tona a relevância econômica da publicidade no Brasil, que movimenta mais de R$ 6 bilhões anualmente e representa cerca de 6% do PIB nacional, gerando mais de 400 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com um estudo da Deloitte para o Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP). “A propaganda não é despesa, é investimento. Ela informa, orienta, estimula o consumo e promove o bem-estar social”, defendeu. Fortalecimento do ecossistema local Com mais de 50 agências associadas responsáveis por 80% do faturamento do mercado formal, o Sinapro-PE reafirma sua missão de representar o setor e aproximá-lo de ecossistemas criativos nacionais e internacionais. A nova gestão pretende ampliar o diálogo com os anunciantes e fomentar a capacitação contínua das agências, ampliando a competitividade do mercado local. Festival de Cannes em pauta Durante o evento, um dos destaques foi o debate sobre o Festival de Cannes 2025, com a participação de Ricardo Moreira — vencedor de 11 Leões nesta edição — e Karan Novas, da Tulom. O bate-papo trouxe reflexões sobre as tendências globais da publicidade e inspiração para o mercado regional, em sintonia com os objetivos do recém-lançado Movimento Cria PE 2025. Apresentação da nova diretoria Lelê, na cerimônia de posse, também apresentou os novos membros da diretoria, que a acompanharão nesta missão de representação e impulsionamento do setor. Entre eles estão Ricardinho Lira como vice-presidente, Josival Júnior como diretor tesoureiro, Elmo do Val como vice-tesoureiro, e Miguel Melo como diretor-secretário, além dos conselheiros fiscais João de Souza Leão, Lorena Leal, Danilo França, Gustavo Queiroz, Fernando Monteiro e Moema Duarte.

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FW Italo e Emilia Capa

Especialistas garantem: corrida também é coisa de criança 

Há benefícios cardiovasculares, na coordenação motora, no controle da ansiedade e afugenta a meninada das telas e do sedentarismo Correr é uma ação natural para a maioria das crianças e já faz parte de muitas de suas brincadeiras. Já experimentou aproveitar toda a energia que elas têm em uma corrida? Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o esporte auxilia em muitos aspectos no desenvolvimento dos pequenos: flexibilidade, resistência, aperfeiçoamento de coordenação motora, estímulo do metabolismo ósseo, aumento da capacidade respiratória e cardíaca, melhora do humor e do apetite, diminuição do risco de hipertensão, diabetes, cardiopatia e prevenção da obesidade.  O profissional de Tecnologia e Inovação Ítalo Simões, de 46 anos, começou a correr há 13 anos. Já fez 35 maratonas e, este ano, fará novas três. A filha Emília, de seis anos, sempre o viu treinando e nas corridas, por isso, virou fã e o acompanha nas competições. “Minha esposa gosta muito de nadar. Sabemos que atividade física é hábito e é isto que queremos criar nela, sermos exemplo”, explica.  Aos papais e mamães que nunca apresentaram a corrida aos filhos, o profissional de educação física Deco Nonato, que tem mais de 20 anos de experiência no assunto, alivia os corações. “É um dos melhores exercícios cardiovasculares existentes. Também auxilia na manutenção do peso, melhora a resistência e consciência corporal.  Ajuda a aumentar a confiança, além de controlar a ansiedade. Mas é importante que seja prazeroso e que a criança possa guardar na memória a sensação de diversão”, explica.  Segundo a expectativa do mercado, as corridas de rua no Brasil devem registrar alta de 25% em 2025. E parte delas já vem se dedicando ao público infantil. A mais famosa dentre elas é a São Silvestrinha, em São Paulo. A edição de 2025 está prevista para o dia 14 de dezembro, na pista de atletismo do Centro Olímpico. “Corridas infantis, embora sejam curtas, são motivadoras. Enquanto quem as acompanha do lado de fora fica entusiasmado com os atletinhas, quem participa delas começa a tomar gosto pelo esporte”, avalia Deco.  Para quem se animou, já pode ir preparando as pernocas da meninada. Nas férias escolares, uma grande aventura está por vir ao Recife: a Smurf Run, no dia 27 de julho, no Shopping Recife. Diversão e movimento para várias idades, com direito a correr com os pequenos (em dupla ou trio), 5Km para os adultos, além de poder colocar o cãozinho para esticar as patinhas. Uma corrida para integrar e divertir toda a família – com a presença do Papai Smurf e da Smurfette! Lembra da Emília, filha do Ítalo, que falamos lá no começo? Então, ela soube da corrida dos Smurfs, ficou super animada e está treinando com o papai. “Pensamos em fazer uma rotina de treinos. Como moramos próximo ao Parque da Jaqueira, estamos correndo 100 metros e andando outros 100m. E ela já chamou logo as amigas da escola pra correr também. Vai ser uma grande festa…. Vai ser massa!”, completa Ítalo.  À frente da organização técnica da Smurf Run, Deco Nonato lembra que o evento se  propõe como um ambiente lúdico, que não estimula a competição, mas para fazer os pequenos brincarem com novos e velhos amigos. “Quanto maior a variedade de atividades físicas a criança fizer, mais fácil será para ela se dedicar aos esportes quando adultos, livrando-as das telas e do sedentarismo, naturalmente. O importante é colocar o corpo em movimento, desde cedo. Agora, caso ela mostre o desejo de correr regularmente, aí, a atividade pode ser inserida, gradativamente, e com acompanhamento profissional”, orienta o especialista.  Para cada faixa etária, um esporte pra chamar de seu Em maio deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou um documento científico (https://encr.pw/I1X1T) sobre a prática de esportes entre crianças e adolescentes. O texto faz recomendações gerais de atividades físicas por faixa etária: De 0 a 2 anos: crianças que conseguem andar sozinhas devem permanecer fisicamente ativas todos os dias, durante pelo menos 180 minutos, em atividades leves (ficar de pé, mover-se, rolar e brincar) e atividades mais energéticas (saltar, pular e correr). Recomenda-se que o tempo de tela (TV, tablet, celular, jogos eletrônicos) seja zero; De 3 a 5 anos: devem acumular pelo menos 180 minutos de atividade física de qualquer intensidade distribuída ao longo do dia. Brincadeiras ativas, andar de bicicleta, atividades na água, jogos de perseguir e jogos com bola são as melhores maneiras para essa faixa etária se movimentar; De 6 a 19 anos: devem acumular pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, aquelas que fazem a respiração acelerar e o coração bater mais rápido, tais como: pedalar, nadar, brincar em um playground, correr, saltar e outras que tenham, no mínimo, a intensidade de uma caminhada. Atividades de flexibilidade e de intensidade vigorosa, incluindo aquelas que são capazes de fortalecer músculos e ossos, devem ser realizadas pelo menos três dias por semana. Smurf Run, uma experiência para toda a família No dia 27 de julho, a garotada vai estar em peso na Smurf Run, saindo do Shopping Recife, na Zona Sul da cidade. A concentração será às 5h30, com largadas a partir das 7h da manhã. Será uma jornada para toda a família, de (quase) todas as idades e habilidades! Tem percursos desde o de 0,5 Km até o de 2 Km, podendo participar crianças dos dois aos 13 anos.  A experiência pode até ser vivida juntinhos! Para quem quiser acompanhar seus pequenos, pode correr em dupla (01 adulto + 01 criança) ou em trio (01 adulto + 02 crianças). A Smurf Run ainda contempla a Dog Run (2.5 Km), com os pets, e corrida de 5 Km, para os adultos.  A diversão é estar em movimento, mas, claro, terá lazer para todos os gostos. Papai Smurf e Smurfette estarão à disposição dos fãs para sessão de fotos. Também haverá áreas para os aumigos da família e, claro, espaço fun para as crianças, com brinquedos infláveis, pipoca, pinturinha e muito mais!  As inscrições custam a partir

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Bernardo Braga: “Precisamos priorizar o ônibus para salvar nossas cidades”

Coordenador Técnico da Urbana-PE, Bernardo Braga defende prioridade viária, segurança jurídica e novos modelos de financiamento como caminhos para resgatar o transporte público na Região Metropolitana do Recife. Nos últimos 12 anos, o transporte coletivo por ônibus na Região Metropolitana do Recife (RMR) perdeu quase metade dos seus passageiros. A queda na demanda, somada à falta de prioridade viária, ao envelhecimento da frota e à insegurança contratual, comprometeu a qualidade do serviço e acelerou a migração para meios de transporte individuais, como motocicletas e carros. Para o coordenador técnico da Urbana-PE, Bernardo Braga, é urgente reverter esse cenário com políticas públicas claras, financiamento inteligente e foco na eficiência do sistema. Nesta entrevista, ele analisa os gargalos atuais do setor, avalia o fracasso da implementação dos BRTs e aponta alternativas para uma mobilidade mais sustentável e acessível. Hoje quais são os principais desafios do serviço de transporte de ônibus na RMR? Um dos principais desafios para a mobilidade da RMR é a priorização do transporte por ônibus no sistema viário e nas políticas públicas, de forma a qualificar o serviço e recuperar parte da demanda perdida ao longo dos últimos anos. Soluções como faixas e corredores exclusivos são eficazes, compatíveis com a capacidade de investimento do poder público e entregam justamente aquilo que buscam os passageiros: maior regularidade e menor tempo de viagem. Temos exemplos muito expressivos aqui na RMR como a Faixa Azul da Av. Domingos Ferreira, que reduziu o tempo de viagem em até 22 minutos apenas naquele corredor. Uma pesquisa recente da CNT apontou que 63,5% dos passageiros que deixaram de usar os ônibus retornariam se os seus desejos fossem atendidos. Essa é uma sinalização clara de que a prioridade ao transporte público deve ser ampliada. Os ônibus perderam 48% dos passageiros nos últimos 12 anos e entendemos que uma parte significativa da demanda migrou para modos com externalidades negativas bastante nocivas para as cidades como o transporte individual motorizado e, especialmente nos últimos anos, para a moto e o mototáxi. Já é possível perceber os impactos dessa migração no sistema de saúde com os sinistros envolvendo motos, no aumento do conflito no ambiente urbano, entre outros. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza gradativamente a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades. Assim, esse desafio não se limita ao serviço de transporte por ônibus, mas é um desafio para as cidades, para os governos e para toda a sociedade. Outros desafios relevantes são a consolidação de um modelo de custeio adequado, que traduza bem a realidade financeira do setor sem limitar a qualidade do serviço, e o estabelecimento de um ambiente com segurança contratual e jurídica que permita às empresas fazer os investimentos necessários e ao poder concedente implantar melhorias no serviço. De acordo com uma matéria publicada no Jornal do Commercio mais de 50% está acima dos sete anos, que seria considerado elevado. Por que a frota de ônibus local envelheceu?  Historicamente a frota da RMR sempre foi uma das mais novas do país. Entretanto, atualmente, encontramos dois cenários distintos em nosso setor que repercutem na composição da frota de ônibus. Cerca de 25% do nosso sistema foi licitado e conta com as garantias contratuais necessárias para manter a regularidade no investimento para a renovação dos ônibus. Tanto é que nessas empresas a idade média da frota é bem menor do que a média nacional e tivemos a entrada de uma quantidade expressiva de veículos nos últimos anos, incluindo BRTs, que são equipamentos mais caros e que exigem manutenção diferenciada. Os outros 75% do sistema ainda operam como permissionários, sem segurança contratual e com planilhas de custos defasadas, cujas últimas atualizações feitas pelo governo do estado sequer previram investimentos em renovação da frota. É uma situação indesejável porque postergar esses investimentos impacta a qualidade do serviço, o que pode afastar ainda mais a demanda, e apenas transfere obrigações incontornáveis para o futuro, que inevitavelmente pressionarão o fluxo de caixa e a capacidade de financiamento do setor. Uma das promessas anos atrás de melhoria do serviço na RMR eram os BRTs. Temos a expectativa de ver a retomada desse sistema de forma robusta? O que levou a crise? O BRT é um sistema que tem potencial para o transporte de alta capacidade em um serviço de ótima qualidade. Há centenas de BRTs implantados no mundo que comprovam a sua eficiência. O nosso projeto local ainda precisa ser concluído. Infelizmente, parte da estrutura está deteriorada e carece de manutenção e fiscalização. E o ponto de maior comprometimento é que o sistema não conta com prioridade viária em toda a sua extensão, o que é um atributo fundamental para a sua performance. Nossa expectativa é que o BRT seja requalificado e ampliado. O projeto inicial contratado pela Urbana-PE ao escritório de Jaime Lerner e apresentado ao governo do estado previa um corredor BRT de Abreu e Lima até Cajueiro Seco, passando pela Av. Agamenon Magalhães e por Boa Viagem. Também seria possível implantar BRTs em outros corredores importantes da RMR, como a Av. Norte e a BR-101, para os quais a Urbana-PE também já realizou estudos.   Quais as alternativas que o setor propõe para que haja sustentabilidade econômica da atividade e uma melhoria na qualidade do serviço? Em primeiro lugar, é fundamental criar um ambiente com previsibilidade, com segurança jurídica e com as garantias contratuais para que o serviço seja prestado conforme as especificações do poder concedente. Assim, é muito importante concluir a licitação do sistema de transporte público da RMR. Também é indispensável que o custeio do serviço e os investimentos para a sua requalificação não sobrecarreguem o passageiro pagante. Dessa forma, além dos subsídios vindos dos recursos orçamentários próprios do governo, é possível adotar outras fontes extratarifárias, especialmente aquelas oriundas do transporte individual motorizado.   Outro ponto indispensável é garantir a prioridade viária para os ônibus, reduzindo o tempo de viagem e também os custos operacionais. Segundo um levantamento da NTU, o aumento de

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