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UPE avança na interiorização dos programas de pós-graduação

*Por Rafael Dantas O interior de Pernambuco está experimentando um crescimento no cenário das pós-graduações, impulsionado pela atuação da Universidade de Pernambuco (UPE). Foram aprovados neste semestre pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) 5 novos doutorados, sendo 3 cursos localizados no interior do Estado. Além disso, o desempenho dessas formações tem conseguido notas mais altas e alcançado cada vez mais estudantes. Em uma entrevista com o pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da UPE Carmelo Bastos, destacou-se a evolução significativa dos programas de mestrado e doutorado nas regiões fora da capital Recife. Segundo o docente, a UPE possui um histórico sólido na formação de profissionais para o mercado de trabalho, mas está testemunhando uma ascensão marcante nos programas de pós-graduação stricto sensu. “Temos instituições centenárias como a Faculdade Politécnica e o Hospital Osvaldo Cruz, que sempre foram referências na formação profissional. Contudo, a pós-graduação stricto sensu, vive um crescimento mais recente, em comparação com os programas de lato sensu, e está ganhando proeminência”, afirmou o professor. Até o início dos anos 2000, o avanço da oferta de mestrado e doutorado era modesta, com apenas seis programas até 2006. Carmelo Bastos explicou que a mudança significativa ocorreu em resposta às regulamentações do Ministério da Educação (MEC), que incentivaram as universidades a fortalecerem seus programas de pós-graduação. A partir de 2007, a UPE implementou estratégias para fortalecer os mestrados e doutorados, incluindo um programa de fortalecimento acadêmico, incentivos para pesquisa, publicações e intercâmbios. O pró-reitor destacou que essas iniciativas resultaram em um aumento consistente no número de programas, indo de seis para os atuais 24, todos com programas de mestrado e alguns com doutorado. Um aspecto notável desse crescimento é a descentralização dos doutorados, que historicamente estavam concentrados na capital. Os programas autorizados para iniciar suas atividades incluem o Doutorado em Perícias Forenses na Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP-UPE), o Doutorado em Engenharia de Sistemas na Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE), o Doutorado Profissional em Educação no Campus Mata Norte, o Doutorado Profissional em Ensino de História no Campus Mata Norte, e o Doutorado em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares, que estará localizado no Campus Petrolina. “A política é estar em todos os lugares do estado. Conseguimos novos doutorados e estamos discutindo com o governo para manter e ampliar. Aumentamos também a nota média de 3 para 4. Agora, temos nota média 4 em 60% dos programas e cinco programas já com nota 5”, revelou Carmelo Bastos. Esse avanço contribuiu para um aumento expressivo no número de professores envolvidos no stricto sensu, de 117 em 2015 para 340 atualmente. “Nossos docentes participam das diversas atividades acadêmicas, inclusive do stricto senso. Estamos incentivando isso e vendo resultados significativos”, comentou o professor. DESTAQUE NACIONAL Uma grata surpresa neste ano foi o fato da UPE ter alcançado o segundo melhor desempenho entre as universidades estaduais de todo o Brasil nas avaliações da CAPES de 2017 a 2020. “Foi um resultado diferenciado, fruto do nosso programa de excelência na pós-graduação. As universidades estaduais estão chegando ao interior, e essa descentralização é fundamental”, enfatizou. “Tínhamos em 2014 cerca de 400 alunos, e hoje temos mais de 1.500. Queremos manter esse crescimento orgânico e com qualidade, buscando um crescimento da oferta permanente de 10% das vagas para atender à demanda por programas de mestrado e doutorado”, concluiu Carmelo Bastos. UPE em NÚMEROS Crescimento da Pós-graduação Stricto Sensu na UPE (2014-2022): Posicionamento Nacional: *Rafael Dantas é jornalista e repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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“Nossa proposta é nos tornarmos um centro de cultura e lazer”

Nos últimos tempos, o Recife assistiu ao fechamento de muitas livrarias. Mas, há pouco mais de um mês, os apreciadores da literatura tiveram a boa notícia da abertura da Livraria do Jardim – Espaço Plural, um complexo cultural que conta com a Livraria do Jardim, que oferece títulos de literatura, e também com o Varejão do Estudante – tradicional loja especializada em livros escolares – e o simpático e bucólico Café Celeste. A história desse negócio começou com o Varejão do Estudante, fundado há 27 anos pelo livreiro Pedro Tavares, que já acumula mais de 50 anos no ramo editorial. A Livraria do Jardim – Espaço Plural – que tem investimento total de R$ 3 milhões, executado com recursos próprios – faz parte de uma virada de chave dos negócios da família Tavares, que agora expande a sua atuação para além do setor escolar. Nesta conversa com Cláudia Santos, a sócia do empreendimento, Carolina Tavares, conta a trajetória dessa família empreendedora, que tem no pai, Pedro Tavares, uma inspiração. Carolina fala da conexão da família com o bairro da Boa Vista, onde está situada a loja, da relação com o pai e a irmã, Simone, que é sua sócia, conta como a pandemia impactou os negócios, e as perspectivas de transformar o novo espaço num centro cultural e de lazer. Como começou a história da Livraria do Jardim – Espaço Plural? Meu pai foi distribuidor de uma editora chamada IBEP, há muitos anos, e o negócio prosperou, foi crescendo. Na década de 1990, abrimos uma papelaria e uma livraria que só vendia livros escolares: o Atacadão de Papelaria, no bairro da Boa Vista. Depois, entramos numa sociedade e mudamos de prédio. A sociedade não deu tão certo, voltamos para o prédio anterior e abrimos o Varejão do Estudante, há 27 anos, para trabalhar apenas com livro escolar, não mais com papelaria. O negócio cresceu, graças a Deus, em termos, inclusive, de público. A gente atendia muito bem, oferecíamos muitas facilidades aos clientes. Na época em que não se fazia parcelamento muito longo, fazíamos uma promoção no começo do ano em que se pagava em cinco parcelas. Eram cinco cheques pré-datados e a pessoa só começava a pagar em março, porque no começo de ano, as famílias sempre têm muita despesa. Quando vieram os cartões de crédito, conseguimos aumentar o parcelamento. Nós nos tornamos a única livraria do Brasil que só trabalhava com livro escolar. Tempos depois começamos a trabalhar com literatura. Duas grandes distribuidoras daqui fecharam e eu acabei ficando com o estoque delas. Como na loja antiga não tinha espaço físico, veio a ideia de nos mudarmos para um local maior. O prédio foi construído na frente da loja. Era um galpão, com o triplo do tamanho da loja anterior, com mais de 1.700m², onde construímos o novo negócio. Como é esse novo conceito de loja? Ele foi projetado para trabalharmos como um complexo, que chamamos agora de Livraria do Jardim – Espaço Plural, no qual temos vários negócios dentro dele: o Varejão do Estudante, a Livraria do Jardim e o Celeste Café. São três marcas independentes, assim cada uma tem seu lugar, sua gerência, seu nicho de negócio e planejamento. Cada uma tem sua meta e convive dentro do mesmo espaço. A gente se retroalimenta, foi criado para uma marca dar suporte à outra. A Livraria do Jardim e o Varejão do Estudante têm um acervo de 50 mil títulos. É uma loja grande, muito bem sortida. O Celeste Café está também indo superbem, é um lugar muito bonito e aconchegante. Ao lado dele há um jardim enorme. Daí o nome de Livraria do Jardim. Fazemos muitas atividades lá e temos um estacionamento para mais de 50 vagas. Em 4 de abril fizemos uma virada de chave para o nome novo, para trabalhar as outras marcas. A Livraria do Jardim também promoverá eventos. Temos atraído um movimento legal de pessoas, encontros, saraus, lançamentos de livros, tarde de autógrafos, contação de histórias para as crianças. Temos parcerias com colégios. O ambiente foi criado para ocuparmos esse espaço na Boa Vista, que já foi o centro cultural da cidade. Vocês pretendem contribuir para resgatar essa característica? Nossa proposta é nos tornarmos um centro de cultura e lazer, onde você pode tomar um cafezinho, ver uma exposição, trocar uma ideia com os amigos, escutar uma música legal, ver seu autor preferido, trazer as crianças. O mundo do livro precisa desse contato com o papel. Eu mesma não consigo ler um livro digital, preciso pegar o papel, sentir o seu cheiro. Também trabalhamos com o público infantil, é importante desenvolver leitores, tornar a leitura algo agradável, mais próxima, mais fácil. O ambiente da criança na livraria foi feito para que ela possa pegar os livrinhos, sentar, curtir. Como vocês enfrentaram a pandemia? Antes de trabalhar como um complexo, passamos quase cinco anos em projetos, aprovações das obras até que mudamos em dezembro de 2019 para o novo prédio. Passamos bem o período de época escolar, que foi de dezembro de 2019 a março de 2020. É uma época em que o livro didático é a alma das vendas. Mas, logo depois, tivemos que fechar a loja por causa da pandemia. Como todo mundo, achamos que seria uma coisa breve. Aí, o negócio foi apertando, a gente foi se aperreando, mas meu pai é uma pessoa muito segura. Ele disse: “calma que a gente vai dar jeito, calma que o negócio vai funcionar, vamos devagarinho”. E viemos vivenciando tudo isso. E aí, abrimos a loja que foi criada para ser uma loja pop-up. Então, ela cresce o espaço do livro escolar quando precisa ou abre um espaço para eventos, temos essa mobilidade. Mas foi muito difícil porque a gente não tinha público, todo mundo estava em casa, sem aula, sem poder sair. Não tínhamos delivery. Mas, foi muito bom para pensar e reestruturar o negócio. Não demitimos ninguém, mantivemos todos os 63 funcionários. Voltamos 100% em agosto e encontramos um negócio muito

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Volta às aulas: educação para alunos e professores via WhatsApp

AprendiZAP oferece, por meio de entidade sem fins lucrativos, reforço escolar e desenvolvimento de planos de aula online e gratuitos. Com a necessidade de acesso à educação de qualidade em um momento de fragilidade do ensino no país, a Fundação 1Bi, entidade da sociedade civil sem fins lucrativos que utiliza a tecnologia digital para impactar e melhorar a vida das pessoas, criou o AprendiZAP, uma ferramenta que tem o objetivo de auxiliar professores e alunos da rede pública. Mais de 1 milhão de pessoas já foram impactadas, seja através da Plataforma para Professores, onde educadores têm auxílio para construir seus planos de aula; ou por meio de um chatbot no WhastApp destinado aos alunos do Ensino Fundamental 2 e Médio, que desejam complementar seus estudos. Ao todo, 223 mil alunos acessaram as aulas do AprendiZAP pelo WhatsApp , 226 mil professores buscaram auxílio para suas aulas na plataforma e outros 713 mil alunos foram alcançados indiretamente por meio dos educadores que utilizam a ferramenta. No período de 12 meses, o número de alunos do AprendiZAP cresceu 408% e o de professores aumentou 477%. Esse “boom” se deve à evolução da própria ferramenta após ouvir feedback de usuários. “Facilitamos o acesso, melhoramos a solução com avaliações, incentivos e planos de aula e ampliamos o conteúdo dos temas, desenvolvidos por professores da rede pública de ensino, parceiros da Fundação, como se fossem aplicados em sala de aula”, celebra Kelly Baptista, diretora-executiva da Fundação 1Bi. Matérias mais acessadas Entre as disciplinas mais procuradas na plataforma, matemática é, disparado, a número um, com 18 mil acessos só em 2022. Kelly afirma ser porque essa é uma das disciplinas básicas onde os alunos têm mais dificuldade na escola. “A gente não é estimulado a gostar dessa área do conhecimento, o que leva alunos a estudar por conta própria”, lamenta. Em segundo e terceiro lugar em número de acessos estão inglês e português, com mais de 8 e 7 mil alunos, respectivamente. “A busca por língua estrangeira aumentou muito porque os alunos querem aprender por necessidade e curiosidade”, pontua Kelly. “Atualmente minha filha está no 9º ano e começou a utilizar o AprendiZAP no final do ano passado para ajudá-la nas provas finais de matemática. A escolha foi uma boa opção porque funcionou, literalmente, como um complemento do que ela já tinha aprendido na escola, só que aqui dentro de casa, direto do nosso celular e com diferentes tipos de explicação. Hoje ela utiliza a plataforma até mesmo para rever as matérias que não tem tanta dificuldade, como português”, relata Rosiane Ribeiro, mãe da Maria Claudia de 13 anos, estudante em Guarulhos – SP. Volta às aulas Com o início do ano letivo, professores podem acessar a Plataforma AprendiZAP para auxiliar na construção de suas aulas. Ao informar qual disciplina ensina, o número de alunos e se o material é para ensino fundamental 2 ou médio, o AprendiZAP disponibiliza uma centena de conteúdo, dividido por áreas, que o educador pode baixar e incluir na íntegra ou com suas modificações em seu plano de aula. “O professor pode, também, indicar o AprendiZAP para os alunos como forma de complementar suas aulas e através dele, monitorar o desenvolvimento dos alunos”, explica Kelly. “É uma forma de utilizarmos a tecnologia que está ao alcance da maioria para impulsionar o ensino público, que ficou defasado nos últimos anos”, complementa. Já para quem procura aprender, no AprendiZAP o aluno pode escolher qual matéria quer estudar, isso inclui áreas de conhecimento como: Linguagens e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Projeto de Vida, ou trilhas de aprendizagem complementar, como Enem (Descomplica); Direitos Humanos e Tecnologia. A partir daí, a ferramenta entrega material explicativo em vídeos e textos. Para cada fase, há um exercício com correção. Isso tudo por meio do WhatsApp. Serviço – AprendiZAP Material de estudo: aprendizap.com.br Número do whatsapp: (11) 97450-6763 Instruções: Para iniciar a conversa com o bot e receber os materiais, basta enviar um “Oi”.

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Silvério Pessoa: “A cultura está dentro do grande guarda-chuva da economia criativa”

Secretário de Cultura de Pernambuco, empossado há menos de dois meses, o músico Silvério Pessoa celebra nos próximos dias o seu primeiro carnaval como gestor público. Os desafios são maiores que apenas apoiar a retomada do ciclo cultural, mas está também no campo da reestruturação do setor, que sofreu por anos com a pandemia e com toda desarrumação das políticas públicas nacionais, após a dissolução do Ministério da Cultura. “Acreditamos que a cultura tem um valor e uma importância tal e qual a saúde, a educação e a segurança. Isso está dentro de um grande guarda-chuva que se chama a economia criativa. O artista deve ser protagonista do seu negócio, gerenciar sua carreira, desenvolver atitudes de autonomia diante do mercado, dos negócios da cultura. Isso pode ser no artesanato, na moda, no cinema, no teatro, na dança na música, na literatura, em todas as linguagens, possibilitando o artista de inserir sua prática no mundo de forma sustentável”. Em síntese, Silvério Pessoa defende que o artista viva da sua própria arte e saiba conduzir a carreira. Além da Pandemia, Silvério destacou que a classe artística sofreu com o desmanche das políticas culturais nacionais nos últimos quatro anos. “O carnaval vem de uma parada abrupta, mas os nossos problemas não vieram só pelo coronavírus. Agora com a volta do Minc (Ministéro da Cultura), há uma esperança. Essa retomada exigirá de nós paciência, colaboração, espírito de coletividade”. Acerca da sua gestão da secretaria de cultura, Silvério defendeu que o foco principal será no fomento da arte das periferias e subúrbios, não só da Região Metropolitana do Recife, mas da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão. “Quando liberamos recurso para um mestre ou um artista, há todo um giro financeiro. Vocês não imaginam como um show de um artista, seja destacado nacionalmente ou não, faz circular recursos financeiros. Seja o maracatu, a escola de samba, a cirandeira, a costureira, até na montagem do palco dos festivais”. Além do alcance de vários profissionais e artistas, festividades como o Carnaval têm também uma distribuição bem abrangente pelo território pernambucano. “O foco principal do Carnaval é o Recife e Olinda, mas posso declinar um pouco esse olhar. Em Triunfo, os caretas têm uma circulação destacável. Arcoverde hoje movimenta um espaço significativo no Carnaval pernambucano. Bezerros está retornando com um dos carnavais mais destacados com papangus. Nazaré da Mata promove o encontro com o Maracatu Rural, sem falar nos bois, orquestras. Diria, inclusive, usando linguagem jovial, que o barato é sair do centro e procurar esses outros carnavais, não diria alternativos, mas que revelam a essência mais próxima da cultura do povo. Isso só se encontra no interior”. Na entrevista, questionei o secretário acerca do pagamento dos artistas, visto que há uma reclamação quase histórica da demora para recebimento de cachês dos shows e eventos. Silvério explicou que como músico, ele conhece de perto essa realidade e enfrentar essa burocracia é uma das metas do governo para acelerar os pagamentos, mas pediu paciência. “Estou na secretaria primeiramente como músico, como artista. Isso pode me ajudar a desenvolver ideias e ações para facilitar a vida do artista principal e dos instrumentistas. Mas não temos nem 60 dias de gestão ainda. Estamos herdando uma estrutura pensada há 16 anos, que vinha tocando a cultura. É nosso pensamento e particularmente a minha sensibilidade de resolver essa questão porque passei por isso. Já passei um ano para receber um cachê. Já passei 6 meses. Sei de uma forma vivencial dessa dificuldade. Não era fácil. Às vezes fazia um caixa, um saldo de giro para remunerar os músicos até receber da instituição para saldar o serviço. Agora no interior da estrutura, dentro da máquina, é que se percebe como é difícil e complexa essa dinâmica para girar essa questão financeira de cachês.O desejo e vontade é imediata, mas o caminho não é tão fácil. Exige do artista estar devidamente formal, constituído dentro da burocracia, com suas certidões. Confesso que é muito complexo, mas temos ideias e vamos tentar viabilizar os pagamentos dos artistas. Serão remunerados da forma mais imediata possível. Não é um desejo distante, mas a gente precisa ter tempo, colaboração e crédito da classe artística”, finalizou Silvério Pessoa.

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“O desafio é garantir que o Estado olhe para a UPE como um equipamento com potencial enorme”

Maria do Socorro Mendonça Cavalcanti é a primeira reitora empossada na UPE (Universidade de Pernambuco). Filha de um pai semianalfabeto, que trabalhava nas usinas de cana-de- -açúcar, e de uma mãe que concluiu apenas o ensino primário, sua trajetória estudantil, até o doutorado, e profissional, até o comando da universidade mais capilarizada no Estado, foi marcada por muitos sacrifícios familiares e pessoais. À frente da universidade em um período de amplos desafios para o ensino superior do País, ela tem a missão de seguir expandindo a atuação da UPE, além de ofertar melhor estrutura nos campi da capital e do interior e aprovar um novo Plano de Cargos e Carreiras. Com a remuneração atual do quadro docente e de técnicos, a instituição tem encontrado dificuldade em fixar os profissionais no seu quadro. Desafios do tamanho de uma universidade que atende 22,6 mil estudantes em programas de graduação e pós-graduação, além de 5,7 mil servidores, entre professores e técnicos, 12 campi e 16 polos de educação a distância. Inicialmente, gostaria que a senhora contasse a sua trajetória até chegar à universidade. Sou filha de Leonice Ramos de Mendonça e Mário Lopes de Mendonça. Meu pai era um semianalfabeto e minha mãe concluiu o ensino primário. Mas meu pai sempre investiu muito para que os filhos estudassem. Eu nasci na Usina Jaboatão. Ele, inicialmente, trabalhava na cana, depois no adubo e chegou a trabalhar como caldeireiro na usina. Sou a primeira filha e logo aos 9 anos terminei o primário. Na época, já morávamos na Usina Ipojuca e eu não tinha como continuar os estudos pois só havia o ginásio à noite e não me aceitavam por causa da idade. Fui morar com meus avós na Usina Jaboatão, um pouco mais perto da cidade. Aí, iniciei o ginasial. Mas meu pai sentia muito a minha falta, pediu demissão e conseguiu um emprego numa usina de açúcar no Estado do Ceará, na cidade de Paracuru, que contava com um colégio e fomos morar lá. E como foi o início no ensino superior? No colégio da cidade havia apenas o curso normal naquela época, o curso pedagógico. Eu queria fazer faculdade mas meu pai não tinha condições financeiras de me manter em Fortaleza. Ele pediu demissão novamente e voltou para Pernambuco. Foi trabalhar na Usina Salgado, que fica em Ipojuca. Fomos morar na cidade de Nossa Senhora do Ó, comecei a estudar no Cabo de Santo Agostinho para terminar o ginasial. Mas naquela época havia muita enchente e eu não conseguia chegar no colégio. Foi quando o ensino público começou a ter muitas dificuldades, devido à falta de professores. Meu pai batalhou bastante e conseguimos uma vaga no Ginásio Pernambucano. Aí eu voltei a morar com meus avós na Usina Jaboatão e estudando no Ginásio Pernambucano. Após a minha avó falecer, meu pai comprou uma casa na Vila do Cabo em Cabo de Santo Agostinho e voltei para casa dos meus pais. Naquela época foi inaugurado o Colégio Contato e o diretor convidou alguns alunos para fazer seleção para conseguir bolsa. Não consegui mas meu pai fez um esforço para pagar o cursinho. Eu estudava no Ginásio Pernambucano e saía direto para o Contato. Foi um esforço enorme! A senhora vem de uma família bem humilde e de onde veio essa ideia de fazer faculdade? Alguém a inspirou? Primeiro, meu pai e, desde pequena, sempre gostei de estudar. Esqueci de dizer uma coisa: quando fui alfabetizada, meu pai na caldeira já tinha um cargo de chefia e precisava fazer a escala dos trabalhadores. Mas ele não conseguia. Era eu quem fazia e disse para ele: “vou lhe ensinar”. Eu alfabetizei meu pai. Sempre tive o desejo de estudar e ensinar e quando fui crescendo queria fazer universidade. Eu acreditava no que meus pais sempre me diziam: “estudar é a melhor forma de conseguir vencer na vida, de sair dessa situação”. Eles fizeram todos os esforços necessários para que eu e meus irmãos conseguíssemos estudar. Fui a primeira da família a fazer universidade. Sempre quis melhorar a minha condição de vida e a da minha família. A senhora é a primeira mulher reitora na universidade. Qual a importância desse marco para a universidade? Esse marco é importante para toda mulher porque elas sempre trabalharam bastante e acho que ocupar esses espaços de liderança é extremamente importante, principalmente neste momento em que a gente vive uma violência tão grande contra as mulheres. Ter mulheres em espaços de liderança só reforça essa luta que todas nós temos contra essa a discriminação e a violência. Acho que é muito importante para todas nós demarcarmos esses espaços e avançarmos nessa conquista para que mais mulheres possam ocupar esses espaços. Quais os principais desafios que vocês pretendem enfrentar e quais os planos para essa gestão? A UPE é uma universidade que se interiorizou não de forma muito planejada, com um orçamento que garantisse essa interiorização. Isso trouxe algumas dificuldades para que pudéssemos manter esses cursos funcionando. Não tínhamos prédio próprio em muitos lugares, sendo espaços emprestados ou alugados. Nem sempre tivemos concursos para professores para essas unidades. Então isso foi sendo levado como desafio. O professor Pedro Falcão (o reitor antecessor) foi uma das pessoas que abraçou este desafio. Ainda há algumas unidades que foram criadas e que ainda não têm sede própria, um dos desafios é construir o campus Palmares. O campus Caruaru, onde foi instalado um dos primeiros cursos do interior, ainda não tem sede própria também. De 2019 e durante a pandemia, a Faculdade de Odontologia foi desativada por questões de infraestrutura e hoje ainda não tem a sua sede. Os alunos estão distribuídos em três espaços: no ITEP, no Oswaldo Cruz e no CISAM. Um dos nossos desafios é conseguir a construção da FOP. O outro grande desafio é garantir que o Estado olhe para a universidade como um equipamento de governo que tem um potencial enorme. Somos a universidade que está mais capilarizada em Pernambuco. Hoje temos um alcance de chegar em 80 municípios

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Pernambuco Além da Crise: O que defendem os candidatos de Pernambuco nas eleições 2022?

A Algomais e a Rede Gestão produziram o documento “Pernambuco Além da Crise: Propostas aos Candidatos ao Governo de Pernambuco”. Enviamos o material com sugestões e análises para todos os candidados e elaboramos perguntas sobre os aspectos que consideramos estratégicos para o Estado nos próximos anos. Confira nos links abaixo o que disse cada candidato.

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“A competitividade depende de uma formação básica de qualidade”

O que fazer para qualificar a educação brasileira? Qual a relação dessa formação dos nossos jovens com a competitividade dos nossos profissionais? E como tem sido o impacto da pandemia nos diversos sistemas de ensino no País? Conversamos com o professor da UFPE e da Cesar School, Luciano Meira, sobre esse cenário para compreender o momento atual da educação no País e apontar soluções. O docente, que é também sócio-empreendedor da Joy Street, foi um dos entrevistados para a matéria de capa desta semana da Revista Algomais, em que discutimos os desafios para os próximos 15 anos no Estado.   O que você considera fundamental para transformar a educação brasileira no cenário dos próximos 15 anos, na direção de construirmos um sistema educacional de qualidade e que colabore com o desenvolvimento do País e de Pernambuco? – Ordenação e otimização dos recursos garantidos pelo FUNDEB, através de gestão transparente e profissional, incluindo contínua prestação de contas à sociedade. – Completa reformulação dos cursos de pedagogia e licenciaturas e dos programas de formação continuada de professores, através da implementação da Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). – Governança técnica e menos sujeita a interferências políticas de grupos ideológicos nos órgãos de gestão dos sistemas de educação, desde a direção da escola até o alto comando do MEC e suas instituições vinculadas, tais como o INEP. – Articulação nacional para implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), através do desenho de estratégias negociadas entre secretarias de educação, órgãos de classe, educadores, terceiro setor, dentre outros agentes. – Resolução definitiva das questões relativas ao acesso à Internet, através de planos de conectividade, disponibilização de dispositivos apropriados e oferta de recursos digitais eficientes para o engajamento dos estudantes nas atividades escolares e melhoria da aprendizagem. – Uma reformulação completa dos métodos e práticas didáticas implementadas nas escolas, favorecendo a construção de relações intelectuais e afetivas fortes entre educadores e estudantes, inclusive através do uso de tecnologias digitais capazes de criar e escalar novos formatos de aprendizagem, melhor conectados com o novo mundo do trabalho. . Que impactos um avanço consistente na educação pode trazer para a maior competitividade de Pernambuco? O sistema educacional deve conversar mais com o mercado profissional para formar pessoas conectadas com os desafios do nosso tempo? – A competitividade depende de uma formação básica de qualidade, nas várias competências previstas na BNCC, por exemplo, incluindo talvez principalmente os modos de uso dos conhecimentos científicos tradicionalmente trabalhados na escola. Isso quer dizer, entre outras coisas, que devemos promover na escola o exercício da autonomia, da confiança no outro e da cooperação, além do fomento a formas de trabalho menos dependentes de hierarquias rígidas. Essas qualidades têm sido associadas a ganhos de produtividade, e avanços na educação deveriam necessariamente articular conhecimento científico e competências sócio-emocionais, por exemplo. – Dessa forma, nossa maior competitividade pode depender da forma como o espaço escolar está organizado e busca promover o desenvolvimento integral dos estudantes, gerando sujeitos: 1. eticamente mais responsáveis; 2. melhor preparados para uma atuação profissional mais criativa; 3. socialmente mais disponíveis para acolher e promover o outro. – Para que isso aconteça, também é necessário o diálogo entre escola e comunidade, um diálogo que parte de um posicionamento firme da rede escolar acerca de sua missão e propósitos estratégicos. Nesse formato, o mercado de trabalho não dita as regras para a escola, mas se comunica com seus propósitos e é capaz de nela disparar projetos formativos que, ao realizar os resultados listados no item anterior, também contempla as direções inovadoras continuamente construídas pelos setores produtivos representados na comunidade, com a escola no centro. . Quais os impactos a pandemia trouxe para a educação pernambucana e brasileira? Há algum aspecto importante de inovação que experimentamos nesse tempo? O ensino híbrido veio para ficar? – Um primeiro resultado interessante é que, como já prevíamos anteriormente, a maioria dos educadores não são necessariamente resistentes a mudanças ou ao uso de novas tecnologias, como tantos outros preconizavam, e eles podem sim realizar esforços de adaptação, mesmo na ausência de métodos claros e bem estabelecidos de como realizar a mudança ou empregar determinados artefatos e recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas. – Segundo algumas pesquisas recentes, um outro impacto importante foi o reconhecimento do importante papel das relações afetivas de confiança e amparo entre estudantes e professores, e o papel destes últimos na criação de “circuitos de afetos” capazes de manter (ou criar) o lugar da escola no cotidiano daqueles primeiros. – Com a maioria ou todas as atividades acadêmicas realizadas por meio de plataformas digitais, será difícil dispensar seu uso em pelo menos algumas dessas atividades, principalmente em vista da autonomia conquistada por estudantes e professores no processo. por outro lado, ainda experienciamos profundas desigualdades no volume e qualidade do acesso a tecnologias digitais entre estudantes e professores (em termos de conectividade, dispositivos e recursos) e isso será o obstáculo definitivo para manutenção de avanços em suas formas de uso, conquistadas com muito esforço durante a pandemia.

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“A educação é o ingrediente chave para diminuir a desigualdade brasileira”

Vitor Pereira, Doutor, mestre e bacharel em Economia pela PUC-Rio (2016), com doutorado sanduíche na Universidade de Stanford (2015), é professor do Mestrado Profissional em Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e foi um dos nossos entrevistados na última edição da Revista Algomais, sobre o futuro da educação. Ele também foi diretor do Departamento de Avaliação da SAGI, no antigo Ministério do Desenvolvimento Social e possui experiência na condução de diversas avaliações de impacto, especialmente no campo da economia da educação. Publicamos hoje a entrevista na íntegra em que ele fala nessa relação da qualidade da educação e a competitividade do País, além de apontar cases de referência de países que conseguiram virar o jogo do desenvolvimento econômico a partir de um investimento robusto e acertivos nos seus sistemas de ensino. Como as dificuldades do nosso sistema de educação colaboram para a desigualdade social do País? Como é possível reverter esse cenário? A educação é, de longe, o determinante principal da produtividade e dos salário das pessoas. Quanto mais anos de estudos, maior a renda da pessoa. Mas infelizmente, o Brasil é ainda é um pais com pouca mobilidade educação, embora o quadro melhorado recentemente. Um estudo recente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), mostrou que apenas 1 em cada 4 filhos de pais sem instrução alcançam o ensino médio. De cada 6 em 10 brasileiros cujos pais não possuem o ensino médio também pararam de estudar antes de terminar essa etapa. Sem dar oportunidade educacional a essas gerações mais novas, estamos reproduzindo a desigualdade das gerações passadas. O problema não é simples. Há estudos que mostram que, ao aumentar a escolaridade dos pais, os filhos são beneficiados. Por exemplo, a geração de maio de 68 na França teve os requerimentos para ingressar na universidade e para nela permanecer afrouxados durante um período. Isso facilitou a essa geração nascida entre 1947 e 1950 possuir um curso universitário. Os filhos dessa geração acabaram mais educados do que da geração anterior e da seguinte. Da mesma forma, reformas que expandiram o acesso à educação na Suécia e na Finlândia beneficiaram a geração seguinte. No entanto, o quadro é um pouco mais complicado. Na Noruega, por exemplo, a maior educação dos pais não beneficiou os filhos, o que é um sinal de outros fatores, como as características da família ou habilidade dos pais deixam um pouco mais complexo esse processo de perpetuação da desigualdade entre gerações. Nos EUA, se tomarmos duas crianças com pais de mesma renda e mesma educação, o fato de crescer em um conjunto habitacional diminui as chances de a criança subir na vida depois, comparada com crianças que passaram os primeiros anos de vida em locais menos violentos ou com melhor acesso à serviços. Pegue esses exemplos e pense em uma criança crescendo em uma favela típica de Recife ou do Rio de Janeiro, que ainda chega no ensino fundamental tendo aulas interromidas por tiroteios. Não é difícil imaginar como essas crianças enfrentam desafios hercúleos para poder completar o ensino médio, eventualmente cursar uma univeridade e subir de vida. . Como é possível reverter esse cenário? Esse cenário não significa, porém, que estejamos fadados a reproduzir nossa desigualdade passada. A educação é o ingrediente chave no processo de aumentar a mobilidade social e diminuir a desigualdade brasileira. E a ação mais contundente para podermos aumentar as chances de mobilidade social de uma criança é incluí-la em uma escola de qualidade. Em uma escola de qualidade, as chances de aprendizado sao maiores, as chances de repetir de ano são menores e, consequentemente, as chances de abanonar precocemente os estudos acabam reduzidas. O desenvolvimento do cérebro começa na gestação. É durante os primeiros mil dias de vida, contando os meses da gravidez, que o cérebro mais se desenvolve. Existem muitos riscos ao bom desenvolvimento durante esses primeiros dias, como a falta de nutrição adequada, o consumo de tabaco e álcool durante a gravidez, a contaminação por doenças infecciosas e o estresse materno. Esses fatores podem resultar em crianças menos saudáveis e com menor peso ao nascer, o que tem consequencias sobre seu desenvolvimento futuro. Nos primeiros anos de vida, a amamentação no peito e os estímulos adequados e positivos são fundamentais para o bom desenvolvimento da crianças, mas nem sempre os pais sabem da importância desses cuidados. . Então, esse fosso da desigualdade a partir da formação cognitiva começa mesmo antes das crianças entrarem na escola e aumenta nos primeiros anos de ensino? Há evidencia dos EUA, por exemplo, de que pais de estratos sociais mais baixos conversam menos com as crianças, comunicam um vocabulário mais limitado e pronunciam menos frases positivas para as crianças do que pais de classes mais abastadas. As diferenças de desenvolvimento por classes sociais se inicia ai e vai se ampliando durante a vida. Nesse sentido, programas de visitação domiciliar que encorajem os pais a ter interações mais estimuladoras com os filhos em casa podem se muito promissoras. Na Jamaica, crianças que passaram por um programa desse tipo tiveram ganhos cognitivos expressivos durante a vida e, 20 anos depois, tinham salários 30% mais altos do que as crianças que não haviam sido sorteadas para participar do programa. Essa é a experiencia que inspirou o Programa Criança Feliz , que hoje está presente na maioria dos municípios brasileiros. A relevância da primeira infância também traz ao primeiro plano a questão da qualidade das creches e pré-escolas brasileiras. O Brasil nos últimos anos universalizou a matrícula na pré-escola, e ainda caminha para chegar na taxa cobertura de creche preconizada pelo Plano Nacional de Educação, de 50%. No entanto, o desenvolvimento da criança nesses centros depende crucialmente da intencionalidade pedagógica do professor e da qualidade das suas interações com a criança. Ainda damos muito pouca atenção à garantia da qualidade da educação nas creches e pré-escolas brasileiras. Um outro momento crucial do desenvolvimento das capacidades dos indivíduos é durante o processo de alfabetização. Enquanto as crianças da classe média acabam sendo

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“A pandemia escancarou a desigualdade educacional em nosso país”

Para falar sobre como qualificar a educação brasileira e pernambucana nos próximos 15 anos, entrevistamos o professor Mozart Neves Ramos. Ele é Titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP – Ribeirão Preto e professor emérito da UFPE. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Rafael Dantas, o docente fala sobre o impacto da pandemia no sistema educacional brasileiro, critica as gestões do MEC no Governo Bolsonaro e aponta os pontos estratégicos para que o País avance no setor educacional. Que passos o Sr. considera fundamentais para que a educação brasileira alcance uma qualidade satisfatória no cenário dos próximos 15 anos, de forma a colaborar para o avanço do desenvolvimento do País? O grande desafio da Educação brasileira é o de colocar numa mesma equação quantidade e qualidade. Ao longo das últimas décadas o país fez avanços importantes com relação ao acesso escolar, da creche ao ensino médio. Contudo, no que diz respeito à qualidade, em termos de aprendizagem escolar, o país está literalmente estagnado e num patamar muito baixo, especialmente no ensino médio – última etapa da educação básica e porta de acesso à universidade e ao mundo do trabalho. De cada 100 jovens que terminam o ensino médio, apenas 9 aprenderam o que seria esperado em matemática, em língua portuguesa é um pouco mais, ou seja, 29, mas nada que se possa comemorar. Além disso, o país apresenta uma grande desigualdade educacional, entre redes de ensino e dentro de uma mesma rede escolar. Portanto, entendo que o enfrentamento da baixa aprendizagem escolar e a redução da desigualdade educacional são os dois maiores desafios para alcançar a tão sonhada qualidade. Para isso, o Brasil precisa investir na qualidade do professor, pois, segundo pesquisas internacionais, esse é o fator mais importante, dentre vários, para alavancar a aprendizagem escolar. Investir desde a atração pela carreira do magistério, passando pela formação inicial e continuada, chegando a uma carreira cujo plano valorize o desempenho docente e a busca por aperfeiçoamento profissional ao longo da vida. O Brasil precisa investir mais em educação e melhor. O Brasil, é bem verdade, triplicou os investimentos, nos últimos 15 anos, em educação básica. O esforço precisa continuar se quisermos chegar ao patamar dos países que estão no topo da educação quanto ao per capita-aluno. Mas a gestão, por sua vez, deixa, em geral, muito a desejar, é preciso dar mais ênfase à eficiência, eficácia e efetividade dos gastos públicos em educação. Costumo dizer que o Brasil deveria aprender com o Brasil, e nesse sentido refiro-me ao belo exemplo do estado do Ceará no campo da alfabetização e ao estado de Pernambuco nas escolas de ensino médio em tempo integral. O país já tem caminhos seguros de bons resultados, mas é preciso dar escala nacional. O país não pode deixar de lado investimentos em inteligência artificial para a educação e o uso de plataformas adaptativas que irão ajudar exponencialmente na gestão da tão necessária flexibilização e diversificação da oferta educacional. Que prejuízos a pandemia deixa para o nosso sistema educacional e quais inovações experimentadas nesse período deveríamos ou poderíamos comemorar? A pandemia escancarou a desigualdade educacional em nosso país. Enquanto o setor privado respondeu com certa rapidez ao fechamento das escolas oferecendo ensino remoto, uma boa parte das crianças de escolas públicas ficaram, ao longo de 2020, sem acesso simplesmente por falta de conectividade digital, falta de internet e banda larga. Para essas crianças que ficaram à margem do processo educacional, segundo estudos do professor André Portela da FGV – SP, significa um retrocesso escolar à 2018, é como se o governo atual não tivesse existido para elas. A falta de uma coordenação nacional pelo Ministério da Educação (MEC), em colaboração com estados e municípios, como prevê o artigo 8◦ da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), agravou ainda mais. O país deveria ter iniciado este ano com um plano nacional de conectividade escolar para todas as crianças e professores da educação básica, pois o ensino remoto deverá ainda ser, em 2021, a forma de acesso majoritária às atividades escolares. Por outro lado, costumo dizer que o covid foi um catalisador para as mudanças que estavam em curso na educação, que estavam acontecendo, mas de forma muito lenta. Aqui me refiro ao uso das novas tecnologias no processo ensino e aprendizagem. Daqui para frente elas irão ocupar um lugar de destaque no apoio ao professor, constituindo aquilo que está sendo chamado de ensino híbrido. Isso irá impulsionar o conceito do aluno em tempo integral, que é diferente da escola em tempo integral. Quais os prejuízos causados pela atual administração do MEC e como revertê-los? Em pouco mais de dois anos foram três ministros, cuja preocupação maior foi agradar a ala ideológica do governo. Por exemplo, enquanto milhões (e não milhares) de crianças e jovens estão sem estudar, sem acesso à educação, por conta da pandemia, o governo prioriza no Congresso o homeschooling, uma das bandeiras dessa ala do governo, que, no máximo, atenderá a pouco mais de 7 mil famílias. Como disse anteriormente o governo deveria ter estruturado um plano nacional de conectividade digital, e usar os recursos do Fundo da Universalização dos Sistemas de Telecomunicações (Fust) para isso, pois o valor estimado em caixa é de R$ 23 bilhões de reais. Mas o presidente preferiu vetar o Projeto de Lei que iria assegurar internet e banda larga para estudantes e professores da educação básica. O próprio Fundeb que agora o governo faz propaganda dele, pois é de fato um avanço no financiamento da educação básica, ele próprio tentou barrar aos 45 minutos do segundo tempo, como costumamos falar no futebol. O que manteve vivo o Fundeb e sua aprovação foi a grande articulação e mobilização nacional em prol do projeto que tramitava no Congresso há bastante tempo. Foi, na verdade, uma grande vitória da educação brasileira. Com a chegada do ministro Milton Ribeiro renovei as minhas esperanças em termos do diálogo, especialmente pensando no seu antecessor, que buscou mais enfrentamento do que colaboração.

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Estão abertas as inscrições para o Cineducar – Seminário de Cinema e Educação

O Cineducar – Seminário de Cinema e Educação – está com inscrições abertas até o dia 7 de março. O evento acontecerá entre os dias 15 e 27 de março, será gratuito e online, e contará com mesas de formação, sessões cineclubistas e oficinas. As inscrições vão até o dia 5 de março. O evento é uma realização do Cineclube Alumia e da Emoriô – Escola Livre de Audiovisual. O seminário nasce como espaço para reflexão sobre a relação entre cinema e educação e visa contribuir para o debate sobre o ensino e aprendizagem no atual contexto de pandemia. “O seminário surge nesse panorama como uma possibilidade de construir junto com professores das redes de ensino e ao mesmo tempo trazer outras pessoas que são da área de cinema e educação”, explica a Juliana Gleymir coordenadora geral do Cineducar e realizadora do Cineclube Alumia. A programação do seminário vai abordar virtualmente questões sobre educação e tecnologia por meio dos desafios da prática pedagógica em um mundo cercado por telas e imagens e dos caminhos para a implementação do cinema nos projetos educacionais. Vai ter o compartilhamento de materiais de referência através da indicação de acervos e ferramentas digitais, além de troca de experiências pedagógicas de professores e educadores audiovisuais em contextos diversos como o prisional, das populações indígenas, do campo, comunidades quilombolas, entre outros. Também serão abordadas formas de mobilização familiar e comunitária para criar uma rede de apoio entre escola, comunidade e estudantes. “É importante que a gente tenha ouvidos e olhares, essa sensibilidade, para pensar soluções com o cinema como uma ferramenta mobilizadora e transformadora de um paradigma social, de como a gente lida nas nossas relações com as pessoas e o mundo e como podemos criar outros futuros desejáveis”, afirma Juliana Gleymir. Com a pandemia, todo processo de ensino e aprendizagem se transformou, principalmente no ambiente escolar. Mudanças aconteceram desde o planejamento pedagógico até a adequação a um modelo de aulas não presenciais, o que fez da motivação dos estudantes um desafio a ser superado à distância. Muitas tecnologias estão sendo disponibilizadas em meio a essa crise, mas para educadoras e educadores ainda é muito difícil encontrar a melhor solução para atender a necessidade de ensinar além dos muros da escola. O Cineducar terá a participação de acadêmicos, professores da rede estadual e municipal, comunicadores sociais e cine educadores. Tem apoio da Federação Pernambucana de Cineclubes (FEPEC), do Cineclube Alma no Olho e está sendo executado com patrocínio da Lei Aldir Blanc Pernambuco. PARA PARTICIPAR – Para acompanhar as mesas de formação, as inscrições devem ser feitas no link: https://bit.ly/CINEDUCAR. Para participar das oficinas, é necessário responder a este formulário: https://bit.ly/OficinasCINEDUCAR. As sessões cineclubistas não necessitam de inscrição, são abertas ao público em geral. Serviço:  Inscrições abertas para o CINEDUCAR – Seminário de Cinema e Educação De 25/02 a 07/03 Formulário geral: https://bit.ly/CINEDUCAR Formulário para oficinas: https://bit.ly/OficinasCINEDUCAR Realização do CINEDUCAR De 15/03 a 27/03

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