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Lorena Tenorio

"Damos oportunidade para a criança ou o jovem entender que pode fazer a diferença na sua realidade"

Coordenadora-executiva do Instituto Conceição Moura, Lorena Tenório conta como a organização investe para transformar Belo Jardim a partir da educação. A meta é colocar a cidade entre as 10 mais bem posicionadas no Ideb estadual, a partir de iniciativas de cunho educacional mas, também, cultural, como sessões gratuitas de cinema e a abertura de um museu. A educação tem sido um dos caminhos mais eficazes para ofertar novas perspectivas a pessoas em condição de vulnerabilidade social e econômica. E foi pela via da aprendizagem que o Instituto Conceição Moura resolveu investir para contribuir com crianças e jovens da cidade de Belo Jardim, a vislumbrarem um futuro de possibilidades. Trata- -se de um grande desafio para essa organização, mantida pelo Grupo Moura que tem a meta ousada de incluir o município do Agreste pernambucano no ranking dos 10 mais bem colocados no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Estado. Para atingir o objetivo, o instituto atua desde a primeira infância, com ações para melhorar a qualidade da educação da região, a partir do incentivo às escolas de tempo integral, reforço escolar, formação de jovens e aulas de robótica. Também são oferecidas aulas de teatro e percussão, uma forma lúdica, para a garotada desenvolver a criatividade, a leitura e a escrita. O incentivo cultural, na verdade, é outro ponto forte de atuação do instituto, que ainda mantém um cinema (o único da cidade). Além disso, no início de fevereiro vai inaugurar um museu, que terá como exposição permanente o maquinário da antiga fábrica de Mariola que se transformou na sede do instituto. Nesta entrevista, Lorena Tenório, coordenadora-executiva da organização, fala das ações do instituto, cuja criação foi inspirada no legado de Conceição Moura que, junto com o marido Edson Mororó, fundou a Baterias Moura. Como surgiu a ideia da criação do Instituto Conceição Moura? O instituto teve início a partir de uma grande inspiração: dona Conceição Moura que, junto ao seu marido Edson Mororó Moura, fundou a Baterias Moura. Ela é recifense e foi morar em Belo Jardim. Como tinha um olhar social, queria dar à cidade o que recebeu quando ali chegou. Ela trabalhava o social, capacitando artesãos e catadores de lixo, fez campanha de 5S nas escolas, entre outras iniciativas. Foi a partir desse legado que a família resolveu fundar o Instituto Conceição Moura. Segundo Mariana Moura, vice-presidente do instituto, ele simboliza a realização de um sonho e a possibilidade de tangibilizar, como família empresária, o propósito de servir a negócios que servem à sociedade. É parte da cultura do grupo e da família contribuir com a cidade, com a comunidade, enquanto agentes de transformação. Antes do instituto, não havia, em Belo Jardim, nenhuma organização do Grupo Moura nesse sentido. Havia na Acumuladores Moura, que é uma das empresas do Grupo, ações pontuais de responsabilidade social, como um projeto de voluntariado chamado Semear, que ainda existe, mas a estruturação de um braço social veio a partir da criação do Instituto Conceição Moura, 10 anos atrás. Quais os objetivos e ações realizadas pelo Instituto Conceição Moura? O instituto tem como missão contribuir com crianças e jovens para que sejam agentes de transformação no mundo. Ou seja, damos oportunidade para a criança ou o jovem entender que pode fazer a diferença na sua realidade, no seu mundo, seja em Belo Jardim, no Recife, em São Paulo ou no exterior. Fazemos isso por meio da educação. Nossa atuação é da primeira infância à vida adulta e cada projeto é voltado para uma faixa etária. O instituto tem quatro frentes de atuação. Em uma delas, com foco na primeira fase da vida, trabalhamos com educadores e responsáveis pelas crianças de 0 a 6 anos de idade. Em colaboração com o município, capacitamos e orientamos para que a criança, tanto na primeiríssima infância (0 a 3 anos), quanto na primeira infância (até os 6 anos), tenha uma infância bem vivida, com menos estresse, com reduções de situações que possam causar algum dano nessa fase, que é muito importante para o ser humano tornar-se um adulto mais responsivo, mais feliz, com menos traumas. Todo investimento na primeira infância reverbera futuramente na economia do País. Em outra frente, o instituto trabalha junto ao município de Belo Jardim com as escolas da região, para a construção de uma educação de qualidade. Acreditamos fortemente nas escolas em tempo integral. Mais tempo dentro da escola significa que a criança passa mais tempo aprendendo, em contato com os professores, tendo oportunidade de fazer aulas eletivas e menos tempo ociosa, diminuindo as chances de estar em situações de risco ou em contato com drogas, o que também diminui a violência. Outra frente em que atuamos é na arte e na cultura. Temos uma escola teatro e de musicalização onde a criança começa a partir dos 8 anos e vai até os 21. Temos um grupo percussivo de maracatu e de coco para trabalhar as raízes pernambucanas, um grupo de teatro, além do cinema, que é o único da cidade, onde fazemos exibições de filmes aos sábados e domingos para a comunidade de forma totalmente gratuita. Na verdade, tudo no instituto é gratuito. O cinema também é utilizado como ferramenta educativa, trazendo filmes com temáticas que possam ser trabalhadas na sala de aula. Outra frente do instituto é a formação de jovens que também é voltada para a construção de senso crítico, de empreender, de diminuir a defasagem escolar. É um trabalho em parceria com o Alicerce da Educação para identificar e diminuir o gap no desenvolvimento escolar da criança e/ou jovem. Por exemplo, se um aluno está no 8º ano do ensino fundamental 2, mas sua competência escolar em português e matemática é do 6° ano, trabalhamos esse gap para tentar ajudá-lo. Além disso, temos a robótica, voltada para os jovens dos ensinos fundamental 2, médio, técnico e superior, em que conseguimos, de certa forma, inspirar, contribuir, influenciar na formação deles. Hoje há muitos jovens em faculdades ou cursos de engenharia e muitos engenheiros que saíram do instituto. O

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Luciano Meira 2024

"É preciso criar atividades escolares que permitam os usos pedagógicos dos celulares".

Com a sinalização do Governo Federal de banir smartphones nas escolas, o head de pedagogia da PROZ Educação e professor da CESAR School e da UFPE, Luciano Meira, ressalta que o maior problema é o acesso dos alunos às redes sociais e às Bets e que os dispositivos podem auxiliar na criação de aulas que encantem os estudantes. Banir ou não o celular das salas de aula? O debate se espalhou no Brasil motivado por pais preocupados com o uso constante que seus filhos fazem desses dispositivos e de pesquisas que mostram os prejuízos que esses onipresentes aparelhos causam aos alunos, como a desconcentração. Países como a Finlândia – tida como exemplo de qualidade na educação – e estados como o Rio de Janeiro proibiram o uso nas escolas. O Governo Federal também sinalizou que pretende propor uma lei vetando os smartphones do ambiente escolar. Mas o professor da CESAR School e head de pedagogia da PROZ Educação faz algumas ponderações sobre o assunto nesta entrevista concedida a Cláudia Santos. A começar do fato de que muitos pais se sentem impelidos socialmente de presentearem seus filhos com um celular. “Existe um constrangimento social, nas classes A e B, para que as crianças tenham um smartphone, o que não é uma obrigatoriedade, gente. Atenção! Não temos que nos render a isso tão facilmente”, adverte Luciano, que também é professor do Departamento de Psicologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Ele argumenta, ainda, que muito dos danos provocados pelos dispositivos móveis nas crianças e jovens deve-se ao acesso às redes sociais e, mais recentemente, às bets. Sem vilanizar a tecnologia, Luciano Meira propõe um olhar diferenciado a esses dispositivos nas escolas, sugerindo um uso pedagógico que permita aulas criativas, lúdicas que despertem o interesse dos alunos. Qual a sua opinião sobre a intenção do Governo Federal de banir o celular da sala de aula? Em primeiro lugar, não temos ainda muitos detalhes sobre como se dará esse banimento e que tipo de regulamento mais específico será proposto. Acredito que, na pior das hipóteses, esse tipo de coisa serve para abrir o debate exatamente como estamos fazendo agora. Eu espero que o governo envie um projeto, eu não acredito que será um decreto simplesmente, mas que abra consulta pública e que tenha algumas condições de usos pedagógicos apropriados dos smartphones e demais dispositivos móveis na escola. Projetos dessa natureza já foram aprovados e implementados. Mas a implementação envolve a capacidade dos governos de monitorar a aplicação da lei, isso não é nada fácil. Mas, de qualquer forma, serve como um respaldo legal para aqueles municípios ou mesmo redes específicas de ensino que desejarem seguir nessa direção. Porque, afinal de contas, isso devia ser uma decisão local, dependendo do que está acontecendo em determinados locais, então serve como respaldo. Países como Grã-Bretanha, França, Itália, Holanda, Canadá e outras grandes potências têm seguido nessa mesma direção. O problema do celular na escola não são os dispositivos em si mas o que eles carregam, especialmente o acesso às redes sociais. E agora há as apostas de azar e coisas dessa natureza. Algumas pessoas pensam que é a luminosidade da tela que estava trazendo problemas, não tem nada a ver com isso, mas o envolvimento das nossas crianças e jovens com determinados tipos de algoritmos, especialmente aqueles de captura da atividade das pessoas por tempo prolongado na forma de redes sociais – TikTok e Instagram especialmente – e o possível vício em apostas de azar. Minha resposta acabou sendo longa, mas é porque existe uma indefinição no ar, por um lado, a gente não sabe exatamente o que o governo vai propor. Ainda se espera que, pelo menos, como é da tradição, os usos pedagógicos sejam permitidos. Na pior das hipóteses, regulamentações como essa trazem à tona o debate que é absolutamente necessário. E o é porque as famílias estão pedindo [a proibição do uso de celular nas escolas], e pesquisas tendem a apontar o engajamento excessivo com esses dispositivos e o que eles provêm, correlacionando, inclusive, com aumentos de ideação suicida. Que resultados essas pesquisas trazem sobre o engajamento excessivo de adolescentes e crianças com os dispositivos móveis? Os resultados são às vezes controversos. Não há dúvida de que certas pessoas acabam por usar o dispositivo e as ofertas que ele traz como um ambiente de degeneração do selfie, mas não se sabe, por exemplo, se o dispositivo e as redes sociais causaram isso ou se o sujeito tinha já tinha uma propensão, e as redes sociais expressam essa condição individual. Os estudos precisam estabelecer uma causalidade mais forte, e não apenas uma correlação, precisam dizer se são os algoritmos das redes sociais que causam isso ou é a forma a que os jovens são expostos. Por exemplo, alguns estudos mostram uma correlação da idealização do corpo nas redes sociais, especialmente em meninas, influenciando-as a terem um olhar acentuadamente crítico sobre sua própria existência corpórea e isso provoca um estado de saúde mental deteriorado. Mas esses estudos não representam uma causalidade ainda. Então, há uma indefinição do ponto de vista da ciência. A prática médica, sob a ótica da pediatria, tem sido muito enfática em afirmar que deveríamos, pelo menos, graduar os usos de telas de acordo com as idades das crianças. Há uma variação em relação à idade, alguns pediatras dizem que é preciso evitar telas até 8 anos, outros até 2 anos, outros até 5 anos de idade. A Unesco define que esses dispositivos não são apropriados para uso contínuo de crianças. Meu filho de 2 anos, por exemplo, adora música, eu coloco para ele ouvir via streaming, às vezes ele pede para ver, no celular, a figura do disco que está tocando, eu mostro, ele só olha e segue ouvindo a música. Mas hoje existe um constrangimento social, nas classes A e B, para que as crianças tenham um smartphone, o que não é uma obrigatoriedade, gente. Atenção! Não temos que nos render a isso tão facilmente. Entendo que está todo mundo

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Luciano Meira 2024

"É preciso criar atividades escolares que permitam os usos pedagógicos dos celulares".

Com a sinalização do Governo Federal de banir smartphones nas escolas, o head de pedagogia da PROZ Educação e professor da CESAR School e da UFPE, Luciano Meira, ressalta que o maior problema é o acesso dos alunos às redes sociais e às Bets e que os dispositivos podem auxiliar na criação de aulas que encantem os estudantes. Banir ou não o celular das salas de aula? O debate se espalhou no Brasil motivado por pais preocupados com o uso constante que seus filhos fazem desses dispositivos e de pesquisas que mostram os prejuízos que esses onipresentes aparelhos causam aos alunos, como a desconcentração. Países como a Finlândia – tida como exemplo de qualidade na educação – e estados como o Rio de Janeiro proibiram o uso nas escolas. O Governo Federal também sinalizou que pretende propor uma lei vetando os smartphones do ambiente escolar. Mas o professor da CESAR School e head de pedagogia da PROZ Educação faz algumas ponderações sobre o assunto nesta entrevista concedida a Cláudia Santos. A começar do fato de que muitos pais se sentem impelidos socialmente de presentearem seus filhos com um celular. “Existe um constrangimento social, nas classes A e B, para que as crianças tenham um smartphone, o que não é uma obrigatoriedade, gente. Atenção! Não temos que nos render a isso tão facilmente”, adverte Luciano, que também é professor do Departamento de Psicologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Ele argumenta, ainda, que muito dos danos provocados pelos dispositivos móveis nas crianças e jovens deve-se ao acesso às redes sociais e, mais recentemente, às bets. Sem vilanizar a tecnologia, Luciano Meira propõe um olhar diferenciado a esses dispositivos nas escolas, sugerindo um uso pedagógico que permita aulas criativas, lúdicas que despertem o interesse dos alunos. Qual a sua opinião sobre a intenção do Governo Federal de banir o celular da sala de aula? Em primeiro lugar, não temos ainda muitos detalhes sobre como se dará esse banimento e que tipo de regulamento mais específico será proposto. Acredito que, na pior das hipóteses, esse tipo de coisa serve para abrir o debate exatamente como estamos fazendo agora. Eu espero que o governo envie um projeto, eu não acredito que será um decreto simplesmente, mas que abra consulta pública e que tenha algumas condições de usos pedagógicos apropriados dos smartphones e demais dispositivos móveis na escola. Projetos dessa natureza já foram aprovados e implementados. Mas a implementação envolve a capacidade dos governos de monitorar a aplicação da lei, isso não é nada fácil. Mas, de qualquer forma, serve como um respaldo legal para aqueles municípios ou mesmo redes específicas de ensino que desejarem seguir nessa direção. Porque, afinal de contas, isso devia ser uma decisão local, dependendo do que está acontecendo em determinados locais, então serve como respaldo. Países como Grã-Bretanha, França, Itália, Holanda, Canadá e outras grandes potências têm seguido nessa mesma direção. O problema do celular na escola não são os dispositivos em si mas o que eles carregam, especialmente o acesso às redes sociais. E agora há as apostas de azar e coisas dessa natureza. Algumas pessoas pensam que é a luminosidade da tela que estava trazendo problemas, não tem nada a ver com isso, mas o envolvimento das nossas crianças e jovens com determinados tipos de algoritmos, especialmente aqueles de captura da atividade das pessoas por tempo prolongado na forma de redes sociais – TikTok e Instagram especialmente – e o possível vício em apostas de azar. Minha resposta acabou sendo longa, mas é porque existe uma indefinição no ar, por um lado, a gente não sabe exatamente o que o governo vai propor. Ainda se espera que, pelo menos, como é da tradição, os usos pedagógicos sejam permitidos. Na pior das hipóteses, regulamentações como essa trazem à tona o debate que é absolutamente necessário. E o é porque as famílias estão pedindo [a proibição do uso de celular nas escolas], e pesquisas tendem a apontar o engajamento excessivo com esses dispositivos e o que eles provêm, correlacionando, inclusive, com aumentos de ideação suicida. Que resultados essas pesquisas trazem sobre o engajamento excessivo de adolescentes e crianças com os dispositivos móveis? Os resultados são às vezes controversos. Não há dúvida de que certas pessoas acabam por usar o dispositivo e as ofertas que ele traz como um ambiente de degeneração do selfie, mas não se sabe, por exemplo, se o dispositivo e as redes sociais causaram isso ou se o sujeito tinha já tinha uma propensão, e as redes sociais expressam essa condição individual. Os estudos precisam estabelecer uma causalidade mais forte, e não apenas uma correlação, precisam dizer se são os algoritmos das redes sociais que causam isso ou é a forma a que os jovens são expostos. Por exemplo, alguns estudos mostram uma correlação da idealização do corpo nas redes sociais, especialmente em meninas, influenciando-as a terem um olhar acentuadamente crítico sobre sua própria existência corpórea e isso provoca um estado de saúde mental deteriorado. Mas esses estudos não representam uma causalidade ainda. Então, há uma indefinição do ponto de vista da ciência. A prática médica, sob a ótica da pediatria, tem sido muito enfática em afirmar que deveríamos, pelo menos, graduar os usos de telas de acordo com as idades das crianças. Há uma variação em relação à idade, alguns pediatras dizem que é preciso evitar telas até 8 anos, outros até 2 anos, outros até 5 anos de idade. A Unesco define que esses dispositivos não são apropriados para uso contínuo de crianças. Meu filho de 2 anos, por exemplo, adora música, eu coloco para ele ouvir via streaming, às vezes ele pede para ver, no celular, a figura do disco que está tocando, eu mostro, ele só olha e segue ouvindo a música. Mas hoje existe um constrangimento social, nas classes A e B, para que as crianças tenham um smartphone, o que não é uma obrigatoriedade, gente. Atenção! Não temos que nos render a isso tão facilmente. Entendo que está todo mundo

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upe interior

UPE avança na interiorização dos programas de pós-graduação

*Por Rafael Dantas O interior de Pernambuco está experimentando um crescimento no cenário das pós-graduações, impulsionado pela atuação da Universidade de Pernambuco (UPE). Foram aprovados neste semestre pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) 5 novos doutorados, sendo 3 cursos localizados no interior do Estado. Além disso, o desempenho dessas formações tem conseguido notas mais altas e alcançado cada vez mais estudantes. Em uma entrevista com o pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da UPE Carmelo Bastos, destacou-se a evolução significativa dos programas de mestrado e doutorado nas regiões fora da capital Recife. Segundo o docente, a UPE possui um histórico sólido na formação de profissionais para o mercado de trabalho, mas está testemunhando uma ascensão marcante nos programas de pós-graduação stricto sensu. "Temos instituições centenárias como a Faculdade Politécnica e o Hospital Osvaldo Cruz, que sempre foram referências na formação profissional. Contudo, a pós-graduação stricto sensu, vive um crescimento mais recente, em comparação com os programas de lato sensu, e está ganhando proeminência", afirmou o professor. Até o início dos anos 2000, o avanço da oferta de mestrado e doutorado era modesta, com apenas seis programas até 2006. Carmelo Bastos explicou que a mudança significativa ocorreu em resposta às regulamentações do Ministério da Educação (MEC), que incentivaram as universidades a fortalecerem seus programas de pós-graduação. A partir de 2007, a UPE implementou estratégias para fortalecer os mestrados e doutorados, incluindo um programa de fortalecimento acadêmico, incentivos para pesquisa, publicações e intercâmbios. O pró-reitor destacou que essas iniciativas resultaram em um aumento consistente no número de programas, indo de seis para os atuais 24, todos com programas de mestrado e alguns com doutorado. Um aspecto notável desse crescimento é a descentralização dos doutorados, que historicamente estavam concentrados na capital. Os programas autorizados para iniciar suas atividades incluem o Doutorado em Perícias Forenses na Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP-UPE), o Doutorado em Engenharia de Sistemas na Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE), o Doutorado Profissional em Educação no Campus Mata Norte, o Doutorado Profissional em Ensino de História no Campus Mata Norte, e o Doutorado em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares, que estará localizado no Campus Petrolina. "A política é estar em todos os lugares do estado. Conseguimos novos doutorados e estamos discutindo com o governo para manter e ampliar. Aumentamos também a nota média de 3 para 4. Agora, temos nota média 4 em 60% dos programas e cinco programas já com nota 5", revelou Carmelo Bastos. Esse avanço contribuiu para um aumento expressivo no número de professores envolvidos no stricto sensu, de 117 em 2015 para 340 atualmente. "Nossos docentes participam das diversas atividades acadêmicas, inclusive do stricto senso. Estamos incentivando isso e vendo resultados significativos", comentou o professor. DESTAQUE NACIONAL Uma grata surpresa neste ano foi o fato da UPE ter alcançado o segundo melhor desempenho entre as universidades estaduais de todo o Brasil nas avaliações da CAPES de 2017 a 2020. "Foi um resultado diferenciado, fruto do nosso programa de excelência na pós-graduação. As universidades estaduais estão chegando ao interior, e essa descentralização é fundamental", enfatizou. "Tínhamos em 2014 cerca de 400 alunos, e hoje temos mais de 1.500. Queremos manter esse crescimento orgânico e com qualidade, buscando um crescimento da oferta permanente de 10% das vagas para atender à demanda por programas de mestrado e doutorado", concluiu Carmelo Bastos. UPE em NÚMEROS Crescimento da Pós-graduação Stricto Sensu na UPE (2014-2022): Posicionamento Nacional: *Rafael Dantas é jornalista e repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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livraria jardim 1

"Nossa proposta é nos tornarmos um centro de cultura e lazer"

Nos últimos tempos, o Recife assistiu ao fechamento de muitas livrarias. Mas, há pouco mais de um mês, os apreciadores da literatura tiveram a boa notícia da abertura da Livraria do Jardim - Espaço Plural, um complexo cultural que conta com a Livraria do Jardim, que oferece títulos de literatura, e também com o Varejão do Estudante – tradicional loja especializada em livros escolares – e o simpático e bucólico Café Celeste. A história desse negócio começou com o Varejão do Estudante, fundado há 27 anos pelo livreiro Pedro Tavares, que já acumula mais de 50 anos no ramo editorial. A Livraria do Jardim - Espaço Plural – que tem investimento total de R$ 3 milhões, executado com recursos próprios – faz parte de uma virada de chave dos negócios da família Tavares, que agora expande a sua atuação para além do setor escolar. Nesta conversa com Cláudia Santos, a sócia do empreendimento, Carolina Tavares, conta a trajetória dessa família empreendedora, que tem no pai, Pedro Tavares, uma inspiração. Carolina fala da conexão da família com o bairro da Boa Vista, onde está situada a loja, da relação com o pai e a irmã, Simone, que é sua sócia, conta como a pandemia impactou os negócios, e as perspectivas de transformar o novo espaço num centro cultural e de lazer. Como começou a história da Livraria do Jardim - Espaço Plural? Meu pai foi distribuidor de uma editora chamada IBEP, há muitos anos, e o negócio prosperou, foi crescendo. Na década de 1990, abrimos uma papelaria e uma livraria que só vendia livros escolares: o Atacadão de Papelaria, no bairro da Boa Vista. Depois, entramos numa sociedade e mudamos de prédio. A sociedade não deu tão certo, voltamos para o prédio anterior e abrimos o Varejão do Estudante, há 27 anos, para trabalhar apenas com livro escolar, não mais com papelaria. O negócio cresceu, graças a Deus, em termos, inclusive, de público. A gente atendia muito bem, oferecíamos muitas facilidades aos clientes. Na época em que não se fazia parcelamento muito longo, fazíamos uma promoção no começo do ano em que se pagava em cinco parcelas. Eram cinco cheques pré-datados e a pessoa só começava a pagar em março, porque no começo de ano, as famílias sempre têm muita despesa. Quando vieram os cartões de crédito, conseguimos aumentar o parcelamento. Nós nos tornamos a única livraria do Brasil que só trabalhava com livro escolar. Tempos depois começamos a trabalhar com literatura. Duas grandes distribuidoras daqui fecharam e eu acabei ficando com o estoque delas. Como na loja antiga não tinha espaço físico, veio a ideia de nos mudarmos para um local maior. O prédio foi construído na frente da loja. Era um galpão, com o triplo do tamanho da loja anterior, com mais de 1.700m², onde construímos o novo negócio. Como é esse novo conceito de loja? Ele foi projetado para trabalharmos como um complexo, que chamamos agora de Livraria do Jardim - Espaço Plural, no qual temos vários negócios dentro dele: o Varejão do Estudante, a Livraria do Jardim e o Celeste Café. São três marcas independentes, assim cada uma tem seu lugar, sua gerência, seu nicho de negócio e planejamento. Cada uma tem sua meta e convive dentro do mesmo espaço. A gente se retroalimenta, foi criado para uma marca dar suporte à outra. A Livraria do Jardim e o Varejão do Estudante têm um acervo de 50 mil títulos. É uma loja grande, muito bem sortida. O Celeste Café está também indo superbem, é um lugar muito bonito e aconchegante. Ao lado dele há um jardim enorme. Daí o nome de Livraria do Jardim. Fazemos muitas atividades lá e temos um estacionamento para mais de 50 vagas. Em 4 de abril fizemos uma virada de chave para o nome novo, para trabalhar as outras marcas. A Livraria do Jardim também promoverá eventos. Temos atraído um movimento legal de pessoas, encontros, saraus, lançamentos de livros, tarde de autógrafos, contação de histórias para as crianças. Temos parcerias com colégios. O ambiente foi criado para ocuparmos esse espaço na Boa Vista, que já foi o centro cultural da cidade. Vocês pretendem contribuir para resgatar essa característica? Nossa proposta é nos tornarmos um centro de cultura e lazer, onde você pode tomar um cafezinho, ver uma exposição, trocar uma ideia com os amigos, escutar uma música legal, ver seu autor preferido, trazer as crianças. O mundo do livro precisa desse contato com o papel. Eu mesma não consigo ler um livro digital, preciso pegar o papel, sentir o seu cheiro. Também trabalhamos com o público infantil, é importante desenvolver leitores, tornar a leitura algo agradável, mais próxima, mais fácil. O ambiente da criança na livraria foi feito para que ela possa pegar os livrinhos, sentar, curtir. Como vocês enfrentaram a pandemia? Antes de trabalhar como um complexo, passamos quase cinco anos em projetos, aprovações das obras até que mudamos em dezembro de 2019 para o novo prédio. Passamos bem o período de época escolar, que foi de dezembro de 2019 a março de 2020. É uma época em que o livro didático é a alma das vendas. Mas, logo depois, tivemos que fechar a loja por causa da pandemia. Como todo mundo, achamos que seria uma coisa breve. Aí, o negócio foi apertando, a gente foi se aperreando, mas meu pai é uma pessoa muito segura. Ele disse: “calma que a gente vai dar jeito, calma que o negócio vai funcionar, vamos devagarinho”. E viemos vivenciando tudo isso. E aí, abrimos a loja que foi criada para ser uma loja pop-up. Então, ela cresce o espaço do livro escolar quando precisa ou abre um espaço para eventos, temos essa mobilidade. Mas foi muito difícil porque a gente não tinha público, todo mundo estava em casa, sem aula, sem poder sair. Não tínhamos delivery. Mas, foi muito bom para pensar e reestruturar o negócio. Não demitimos ninguém, mantivemos todos os 63 funcionários. Voltamos 100% em agosto e encontramos um negócio muito

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Volta às aulas: educação para alunos e professores via WhatsApp

AprendiZAP oferece, por meio de entidade sem fins lucrativos, reforço escolar e desenvolvimento de planos de aula online e gratuitos. Com a necessidade de acesso à educação de qualidade em um momento de fragilidade do ensino no país, a Fundação 1Bi, entidade da sociedade civil sem fins lucrativos que utiliza a tecnologia digital para impactar e melhorar a vida das pessoas, criou o AprendiZAP, uma ferramenta que tem o objetivo de auxiliar professores e alunos da rede pública. Mais de 1 milhão de pessoas já foram impactadas, seja através da Plataforma para Professores, onde educadores têm auxílio para construir seus planos de aula; ou por meio de um chatbot no WhastApp destinado aos alunos do Ensino Fundamental 2 e Médio, que desejam complementar seus estudos. Ao todo, 223 mil alunos acessaram as aulas do AprendiZAP pelo WhatsApp , 226 mil professores buscaram auxílio para suas aulas na plataforma e outros 713 mil alunos foram alcançados indiretamente por meio dos educadores que utilizam a ferramenta. No período de 12 meses, o número de alunos do AprendiZAP cresceu 408% e o de professores aumentou 477%. Esse “boom” se deve à evolução da própria ferramenta após ouvir feedback de usuários. “Facilitamos o acesso, melhoramos a solução com avaliações, incentivos e planos de aula e ampliamos o conteúdo dos temas, desenvolvidos por professores da rede pública de ensino, parceiros da Fundação, como se fossem aplicados em sala de aula”, celebra Kelly Baptista, diretora-executiva da Fundação 1Bi. Matérias mais acessadas Entre as disciplinas mais procuradas na plataforma, matemática é, disparado, a número um, com 18 mil acessos só em 2022. Kelly afirma ser porque essa é uma das disciplinas básicas onde os alunos têm mais dificuldade na escola. “A gente não é estimulado a gostar dessa área do conhecimento, o que leva alunos a estudar por conta própria”, lamenta. Em segundo e terceiro lugar em número de acessos estão inglês e português, com mais de 8 e 7 mil alunos, respectivamente. “A busca por língua estrangeira aumentou muito porque os alunos querem aprender por necessidade e curiosidade”, pontua Kelly. “Atualmente minha filha está no 9º ano e começou a utilizar o AprendiZAP no final do ano passado para ajudá-la nas provas finais de matemática. A escolha foi uma boa opção porque funcionou, literalmente, como um complemento do que ela já tinha aprendido na escola, só que aqui dentro de casa, direto do nosso celular e com diferentes tipos de explicação. Hoje ela utiliza a plataforma até mesmo para rever as matérias que não tem tanta dificuldade, como português”, relata Rosiane Ribeiro, mãe da Maria Claudia de 13 anos, estudante em Guarulhos - SP. Volta às aulas Com o início do ano letivo, professores podem acessar a Plataforma AprendiZAP para auxiliar na construção de suas aulas. Ao informar qual disciplina ensina, o número de alunos e se o material é para ensino fundamental 2 ou médio, o AprendiZAP disponibiliza uma centena de conteúdo, dividido por áreas, que o educador pode baixar e incluir na íntegra ou com suas modificações em seu plano de aula. “O professor pode, também, indicar o AprendiZAP para os alunos como forma de complementar suas aulas e através dele, monitorar o desenvolvimento dos alunos”, explica Kelly. “É uma forma de utilizarmos a tecnologia que está ao alcance da maioria para impulsionar o ensino público, que ficou defasado nos últimos anos”, complementa. Já para quem procura aprender, no AprendiZAP o aluno pode escolher qual matéria quer estudar, isso inclui áreas de conhecimento como: Linguagens e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Projeto de Vida, ou trilhas de aprendizagem complementar, como Enem (Descomplica); Direitos Humanos e Tecnologia. A partir daí, a ferramenta entrega material explicativo em vídeos e textos. Para cada fase, há um exercício com correção. Isso tudo por meio do WhatsApp. Serviço - AprendiZAP Material de estudo: aprendizap.com.br Número do whatsapp: (11) 97450-6763 Instruções: Para iniciar a conversa com o bot e receber os materiais, basta enviar um “Oi”.

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Silvério Pessoa: "A cultura está dentro do grande guarda-chuva da economia criativa"

Secretário de Cultura de Pernambuco, empossado há menos de dois meses, o músico Silvério Pessoa celebra nos próximos dias o seu primeiro carnaval como gestor público. Os desafios são maiores que apenas apoiar a retomada do ciclo cultural, mas está também no campo da reestruturação do setor, que sofreu por anos com a pandemia e com toda desarrumação das políticas públicas nacionais, após a dissolução do Ministério da Cultura. "Acreditamos que a cultura tem um valor e uma importância tal e qual a saúde, a educação e a segurança. Isso está dentro de um grande guarda-chuva que se chama a economia criativa. O artista deve ser protagonista do seu negócio, gerenciar sua carreira, desenvolver atitudes de autonomia diante do mercado, dos negócios da cultura. Isso pode ser no artesanato, na moda, no cinema, no teatro, na dança na música, na literatura, em todas as linguagens, possibilitando o artista de inserir sua prática no mundo de forma sustentável". Em síntese, Silvério Pessoa defende que o artista viva da sua própria arte e saiba conduzir a carreira. Além da Pandemia, Silvério destacou que a classe artística sofreu com o desmanche das políticas culturais nacionais nos últimos quatro anos. "O carnaval vem de uma parada abrupta, mas os nossos problemas não vieram só pelo coronavírus. Agora com a volta do Minc (Ministéro da Cultura), há uma esperança. Essa retomada exigirá de nós paciência, colaboração, espírito de coletividade". Acerca da sua gestão da secretaria de cultura, Silvério defendeu que o foco principal será no fomento da arte das periferias e subúrbios, não só da Região Metropolitana do Recife, mas da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão. "Quando liberamos recurso para um mestre ou um artista, há todo um giro financeiro. Vocês não imaginam como um show de um artista, seja destacado nacionalmente ou não, faz circular recursos financeiros. Seja o maracatu, a escola de samba, a cirandeira, a costureira, até na montagem do palco dos festivais". Além do alcance de vários profissionais e artistas, festividades como o Carnaval têm também uma distribuição bem abrangente pelo território pernambucano. "O foco principal do Carnaval é o Recife e Olinda, mas posso declinar um pouco esse olhar. Em Triunfo, os caretas têm uma circulação destacável. Arcoverde hoje movimenta um espaço significativo no Carnaval pernambucano. Bezerros está retornando com um dos carnavais mais destacados com papangus. Nazaré da Mata promove o encontro com o Maracatu Rural, sem falar nos bois, orquestras. Diria, inclusive, usando linguagem jovial, que o barato é sair do centro e procurar esses outros carnavais, não diria alternativos, mas que revelam a essência mais próxima da cultura do povo. Isso só se encontra no interior". Na entrevista, questionei o secretário acerca do pagamento dos artistas, visto que há uma reclamação quase histórica da demora para recebimento de cachês dos shows e eventos. Silvério explicou que como músico, ele conhece de perto essa realidade e enfrentar essa burocracia é uma das metas do governo para acelerar os pagamentos, mas pediu paciência. "Estou na secretaria primeiramente como músico, como artista. Isso pode me ajudar a desenvolver ideias e ações para facilitar a vida do artista principal e dos instrumentistas. Mas não temos nem 60 dias de gestão ainda. Estamos herdando uma estrutura pensada há 16 anos, que vinha tocando a cultura. É nosso pensamento e particularmente a minha sensibilidade de resolver essa questão porque passei por isso. Já passei um ano para receber um cachê. Já passei 6 meses. Sei de uma forma vivencial dessa dificuldade. Não era fácil. Às vezes fazia um caixa, um saldo de giro para remunerar os músicos até receber da instituição para saldar o serviço. Agora no interior da estrutura, dentro da máquina, é que se percebe como é difícil e complexa essa dinâmica para girar essa questão financeira de cachês.O desejo e vontade é imediata, mas o caminho não é tão fácil. Exige do artista estar devidamente formal, constituído dentro da burocracia, com suas certidões. Confesso que é muito complexo, mas temos ideias e vamos tentar viabilizar os pagamentos dos artistas. Serão remunerados da forma mais imediata possível. Não é um desejo distante, mas a gente precisa ter tempo, colaboração e crédito da classe artística", finalizou Silvério Pessoa.

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"O desafio é garantir que o Estado olhe para a UPE como um equipamento com potencial enorme"

Maria do Socorro Mendonça Cavalcanti é a primeira reitora empossada na UPE (Universidade de Pernambuco). Filha de um pai semianalfabeto, que trabalhava nas usinas de cana-de- -açúcar, e de uma mãe que concluiu apenas o ensino primário, sua trajetória estudantil, até o doutorado, e profissional, até o comando da universidade mais capilarizada no Estado, foi marcada por muitos sacrifícios familiares e pessoais. À frente da universidade em um período de amplos desafios para o ensino superior do País, ela tem a missão de seguir expandindo a atuação da UPE, além de ofertar melhor estrutura nos campi da capital e do interior e aprovar um novo Plano de Cargos e Carreiras. Com a remuneração atual do quadro docente e de técnicos, a instituição tem encontrado dificuldade em fixar os profissionais no seu quadro. Desafios do tamanho de uma universidade que atende 22,6 mil estudantes em programas de graduação e pós-graduação, além de 5,7 mil servidores, entre professores e técnicos, 12 campi e 16 polos de educação a distância. Inicialmente, gostaria que a senhora contasse a sua trajetória até chegar à universidade. Sou filha de Leonice Ramos de Mendonça e Mário Lopes de Mendonça. Meu pai era um semianalfabeto e minha mãe concluiu o ensino primário. Mas meu pai sempre investiu muito para que os filhos estudassem. Eu nasci na Usina Jaboatão. Ele, inicialmente, trabalhava na cana, depois no adubo e chegou a trabalhar como caldeireiro na usina. Sou a primeira filha e logo aos 9 anos terminei o primário. Na época, já morávamos na Usina Ipojuca e eu não tinha como continuar os estudos pois só havia o ginásio à noite e não me aceitavam por causa da idade. Fui morar com meus avós na Usina Jaboatão, um pouco mais perto da cidade. Aí, iniciei o ginasial. Mas meu pai sentia muito a minha falta, pediu demissão e conseguiu um emprego numa usina de açúcar no Estado do Ceará, na cidade de Paracuru, que contava com um colégio e fomos morar lá. E como foi o início no ensino superior? No colégio da cidade havia apenas o curso normal naquela época, o curso pedagógico. Eu queria fazer faculdade mas meu pai não tinha condições financeiras de me manter em Fortaleza. Ele pediu demissão novamente e voltou para Pernambuco. Foi trabalhar na Usina Salgado, que fica em Ipojuca. Fomos morar na cidade de Nossa Senhora do Ó, comecei a estudar no Cabo de Santo Agostinho para terminar o ginasial. Mas naquela época havia muita enchente e eu não conseguia chegar no colégio. Foi quando o ensino público começou a ter muitas dificuldades, devido à falta de professores. Meu pai batalhou bastante e conseguimos uma vaga no Ginásio Pernambucano. Aí eu voltei a morar com meus avós na Usina Jaboatão e estudando no Ginásio Pernambucano. Após a minha avó falecer, meu pai comprou uma casa na Vila do Cabo em Cabo de Santo Agostinho e voltei para casa dos meus pais. Naquela época foi inaugurado o Colégio Contato e o diretor convidou alguns alunos para fazer seleção para conseguir bolsa. Não consegui mas meu pai fez um esforço para pagar o cursinho. Eu estudava no Ginásio Pernambucano e saía direto para o Contato. Foi um esforço enorme! A senhora vem de uma família bem humilde e de onde veio essa ideia de fazer faculdade? Alguém a inspirou? Primeiro, meu pai e, desde pequena, sempre gostei de estudar. Esqueci de dizer uma coisa: quando fui alfabetizada, meu pai na caldeira já tinha um cargo de chefia e precisava fazer a escala dos trabalhadores. Mas ele não conseguia. Era eu quem fazia e disse para ele: “vou lhe ensinar”. Eu alfabetizei meu pai. Sempre tive o desejo de estudar e ensinar e quando fui crescendo queria fazer universidade. Eu acreditava no que meus pais sempre me diziam: “estudar é a melhor forma de conseguir vencer na vida, de sair dessa situação”. Eles fizeram todos os esforços necessários para que eu e meus irmãos conseguíssemos estudar. Fui a primeira da família a fazer universidade. Sempre quis melhorar a minha condição de vida e a da minha família. A senhora é a primeira mulher reitora na universidade. Qual a importância desse marco para a universidade? Esse marco é importante para toda mulher porque elas sempre trabalharam bastante e acho que ocupar esses espaços de liderança é extremamente importante, principalmente neste momento em que a gente vive uma violência tão grande contra as mulheres. Ter mulheres em espaços de liderança só reforça essa luta que todas nós temos contra essa a discriminação e a violência. Acho que é muito importante para todas nós demarcarmos esses espaços e avançarmos nessa conquista para que mais mulheres possam ocupar esses espaços. Quais os principais desafios que vocês pretendem enfrentar e quais os planos para essa gestão? A UPE é uma universidade que se interiorizou não de forma muito planejada, com um orçamento que garantisse essa interiorização. Isso trouxe algumas dificuldades para que pudéssemos manter esses cursos funcionando. Não tínhamos prédio próprio em muitos lugares, sendo espaços emprestados ou alugados. Nem sempre tivemos concursos para professores para essas unidades. Então isso foi sendo levado como desafio. O professor Pedro Falcão (o reitor antecessor) foi uma das pessoas que abraçou este desafio. Ainda há algumas unidades que foram criadas e que ainda não têm sede própria, um dos desafios é construir o campus Palmares. O campus Caruaru, onde foi instalado um dos primeiros cursos do interior, ainda não tem sede própria também. De 2019 e durante a pandemia, a Faculdade de Odontologia foi desativada por questões de infraestrutura e hoje ainda não tem a sua sede. Os alunos estão distribuídos em três espaços: no ITEP, no Oswaldo Cruz e no CISAM. Um dos nossos desafios é conseguir a construção da FOP. O outro grande desafio é garantir que o Estado olhe para a universidade como um equipamento de governo que tem um potencial enorme. Somos a universidade que está mais capilarizada em Pernambuco. Hoje temos um alcance de chegar em 80 municípios

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Pernambuco Além da Crise: O que defendem os candidatos de Pernambuco nas eleições 2022?

A Algomais e a Rede Gestão produziram o documento "Pernambuco Além da Crise: Propostas aos Candidatos ao Governo de Pernambuco". Enviamos o material com sugestões e análises para todos os candidados e elaboramos perguntas sobre os aspectos que consideramos estratégicos para o Estado nos próximos anos. Confira nos links abaixo o que disse cada candidato.

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"A competitividade depende de uma formação básica de qualidade"

O que fazer para qualificar a educação brasileira? Qual a relação dessa formação dos nossos jovens com a competitividade dos nossos profissionais? E como tem sido o impacto da pandemia nos diversos sistemas de ensino no País? Conversamos com o professor da UFPE e da Cesar School, Luciano Meira, sobre esse cenário para compreender o momento atual da educação no País e apontar soluções. O docente, que é também sócio-empreendedor da Joy Street, foi um dos entrevistados para a matéria de capa desta semana da Revista Algomais, em que discutimos os desafios para os próximos 15 anos no Estado.   O que você considera fundamental para transformar a educação brasileira no cenário dos próximos 15 anos, na direção de construirmos um sistema educacional de qualidade e que colabore com o desenvolvimento do País e de Pernambuco? - Ordenação e otimização dos recursos garantidos pelo FUNDEB, através de gestão transparente e profissional, incluindo contínua prestação de contas à sociedade. - Completa reformulação dos cursos de pedagogia e licenciaturas e dos programas de formação continuada de professores, através da implementação da Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). - Governança técnica e menos sujeita a interferências políticas de grupos ideológicos nos órgãos de gestão dos sistemas de educação, desde a direção da escola até o alto comando do MEC e suas instituições vinculadas, tais como o INEP. - Articulação nacional para implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), através do desenho de estratégias negociadas entre secretarias de educação, órgãos de classe, educadores, terceiro setor, dentre outros agentes. - Resolução definitiva das questões relativas ao acesso à Internet, através de planos de conectividade, disponibilização de dispositivos apropriados e oferta de recursos digitais eficientes para o engajamento dos estudantes nas atividades escolares e melhoria da aprendizagem. - Uma reformulação completa dos métodos e práticas didáticas implementadas nas escolas, favorecendo a construção de relações intelectuais e afetivas fortes entre educadores e estudantes, inclusive através do uso de tecnologias digitais capazes de criar e escalar novos formatos de aprendizagem, melhor conectados com o novo mundo do trabalho. . Que impactos um avanço consistente na educação pode trazer para a maior competitividade de Pernambuco? O sistema educacional deve conversar mais com o mercado profissional para formar pessoas conectadas com os desafios do nosso tempo? - A competitividade depende de uma formação básica de qualidade, nas várias competências previstas na BNCC, por exemplo, incluindo talvez principalmente os modos de uso dos conhecimentos científicos tradicionalmente trabalhados na escola. Isso quer dizer, entre outras coisas, que devemos promover na escola o exercício da autonomia, da confiança no outro e da cooperação, além do fomento a formas de trabalho menos dependentes de hierarquias rígidas. Essas qualidades têm sido associadas a ganhos de produtividade, e avanços na educação deveriam necessariamente articular conhecimento científico e competências sócio-emocionais, por exemplo. - Dessa forma, nossa maior competitividade pode depender da forma como o espaço escolar está organizado e busca promover o desenvolvimento integral dos estudantes, gerando sujeitos: 1. eticamente mais responsáveis; 2. melhor preparados para uma atuação profissional mais criativa; 3. socialmente mais disponíveis para acolher e promover o outro. - Para que isso aconteça, também é necessário o diálogo entre escola e comunidade, um diálogo que parte de um posicionamento firme da rede escolar acerca de sua missão e propósitos estratégicos. Nesse formato, o mercado de trabalho não dita as regras para a escola, mas se comunica com seus propósitos e é capaz de nela disparar projetos formativos que, ao realizar os resultados listados no item anterior, também contempla as direções inovadoras continuamente construídas pelos setores produtivos representados na comunidade, com a escola no centro. . Quais os impactos a pandemia trouxe para a educação pernambucana e brasileira? Há algum aspecto importante de inovação que experimentamos nesse tempo? O ensino híbrido veio para ficar? - Um primeiro resultado interessante é que, como já prevíamos anteriormente, a maioria dos educadores não são necessariamente resistentes a mudanças ou ao uso de novas tecnologias, como tantos outros preconizavam, e eles podem sim realizar esforços de adaptação, mesmo na ausência de métodos claros e bem estabelecidos de como realizar a mudança ou empregar determinados artefatos e recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas. - Segundo algumas pesquisas recentes, um outro impacto importante foi o reconhecimento do importante papel das relações afetivas de confiança e amparo entre estudantes e professores, e o papel destes últimos na criação de “circuitos de afetos” capazes de manter (ou criar) o lugar da escola no cotidiano daqueles primeiros. - Com a maioria ou todas as atividades acadêmicas realizadas por meio de plataformas digitais, será difícil dispensar seu uso em pelo menos algumas dessas atividades, principalmente em vista da autonomia conquistada por estudantes e professores no processo. por outro lado, ainda experienciamos profundas desigualdades no volume e qualidade do acesso a tecnologias digitais entre estudantes e professores (em termos de conectividade, dispositivos e recursos) e isso será o obstáculo definitivo para manutenção de avanços em suas formas de uso, conquistadas com muito esforço durante a pandemia.

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