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Chega ao Brasil mais uma obra do quadrinista Jeff Lemire

Por Wanderley Andrade Eleito duas vezes melhor quadrinista do Canadá pelo Schuster Award e indicado a oito Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos, Jeff Lemire está entre os maiores quadrinistas da atualidade. É criador da aclamada série Black Hammer, publicada pela Intrínseca, e que já vendeu mais de 60 mil exemplares no Brasil. Sem perder tempo, a editora lançou recentemente o primeiro volume de Royal City: Segredos em família, graphic novel escrita, roteirizada e ilustrada pelo canadense. A história acompanha o drama vivido pelos integrantes da família Pike, que carregam, cada um a seu modo, o trauma da morte do caçula, Tommy. Anos depois do fatídico acontecimento, o patriarca, Peter, sofre um derrame, fato que põe outra vez frente a frente a mãe, Patti, e os filhos Patrick, Tara e Richie. Cada membro da família se relaciona regularmente com Tommy, que se materializa conforme a visão particular de cada um, ora um padre, ora um alcoólatra ou na forma de um adolescente. Royal City: Segredos em família tem pegada cinematográfica, até poderia ser roteiro de um filme ou série. Diálogos afiados, que imprimem bem todo trauma e dor entranhados nas relações dessa família disfuncional. A cidade retratada no papel também assume a função de personagem, emanando todo o pessimismo e amargura dos Pike. Voltando a Jeff Lemire, o quadrinista participou recentemente da CCXP Worlds, considerado o maior evento de cultura pop do mundo, que este ano teve edição 100% online. Tem também no currículo passagens por grandes editoras americanas como a Marvel e a DC. Mais detalhes da graphic novel no site da Intrínseca.  

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A história de Pernambuco pelos livros da Cepe

"Nada é mais triste do que a cidade, sobretudo a península do Recife. Todos os armazéns estão fechados, as casas e as ruas desertas, só se encontram raros transeuntes que passam como sombras errantes." Essa frase até poderia definir a capital pernambucana nos dias de hoje, com a imposição da quarentena em março para conter o avanço do novo coronavírus. Mas na verdade foi escrita no século 19, por um viajante francês, para descrever a cidade no dia 6 de março de 1817, quando teve início a Revolução Pernambucana. O relato de Louis-François Tollenare e de outros três estrangeiros sobre o Recife de 203 anos atrás compõe o livro 1817 e Outros Ensaios, lançado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em 2017. A publicação faz parte de uma lista bem variada de livros que contam a história de Pernambuco e se apresentam como fontes de consulta para estudantes, pesquisadores e estudiosos do tema que estão em casa cumprindo o isolamento social. As versões impressa e e-book podem ser adquiridas pelo link da editora (www.editora.cepe.com.br) ou diretamente nas lojas virtuais do leitor digital da pessoa interessada na compra (Amazon, Kindle, Kobo, Google Play Sotre, Apple, Livraria Cultura, entre outras), informa o gerente de Marketing da Cepe, Rafael Chagas. Em 1817 e Outros Ensaios, Louis-François Tollenare e os ingleses Henry Koster, Maria Graham e James Henderson narraram hábitos e costumes da sociedade recifense, principalmente das famílias mais ricas, no ano da revolta que instalou um governo republicano em Pernambuco (mesmo que de pouca duração, apenas 75 dias), contra o absolutismo do governo português no Brasil. O relato dos viajantes está no capítulo elaborado pela historiadora Sylvia Costa Couceiro e intitulado Entre banquetes e batuques: a visão dos viajantes sobre um Recife em tempos de revolução. Maria Graham, por exemplo, anotou maneiras à mesa do pernambucano que ela considerava estranha, observa Sylvia Couceiro no ensaio. A viajante descreve um jantar festivo com poucos talheres e copos para os convidados e se espanta ao ver as pessoas compartilhando os mesmos utensílios. "Todas as espécies de pratos foram misturados e tocados por todas as mãos", comenta Maria Graham. Já Henry Koster registra o hábito de lavar as mãos antes e depois das refeições em todas as camadas da população. O livro é organizado por Antônio Jorge Siqueira, Flávio Teixeira Weinstein e Antônio Paulo Rezende. Disponível na versão e-book, custa R$ 18,50. Ainda sobre os movimentos libertários, a Cepe oferece a publicação ABCdário da Revolução Republicana de 1817, organizado por Betânia Corrêa de Araújo. "É um dicionário de palavras usadas à época e a estética do livro também reproduz a tipografia e as cores desse período", informa Betânia Araújo. "O livro traz o lado mais popular da revolução, um movimento inspirado nas ideias francesas iluministas, de direitos iguais às pessoas", afirma o historiador Marcus Carvalho. Professor da Universidade Federal de Pernambuco, ele participou das pesquisas para a elaboração do ABCdário com os historiadores Mateus Samico e Sandro Vasconcelos. Para o verbete Escravidão, os autores reproduzem a definição do dicionarista Morais Silva, de 1789, (estado de escravo, cativeiro, servidão) e trazem importantes informações sobre o tema. "É uma das instituições mais antigas do mundo. A propriedade privada de uma pessoa sobre a outra precede a propriedade privada da terra. Em todos os lugares, algum dia, houve escravidão. Eventualmente, as sociedades saem dela", diz o texto que acompanha a definição da palavra na publicação, lançada em 2017 pela Cepe. "É um livro diferente, lúdico, amplo e de leitura dinâmica", comenta Marcus Carvalho. O ABCdário, disponível na versão impressa, custa R$ 30,00. Leitores que gostam de história também podem explorar a publicação A Recriação do Paraíso: Judeus e Cristãos-Novos em Olinda e no Recife nos Séculos 16 e 17, do arquiteto José Luiz Mota Menezes. No livro, lançado em 2015, o autor revela como fez a reconstituição e a recuperação da memória judaica daquele período, incluindo o resgate do prédio onde funcionou a Primeira Sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, na Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife, situado no Centro da capital pernambucana e que funciona como museu. Está disponível apenas na versão e-book e custa R$ 9,50. Outra opção é Barléu - História do Brasil sob o governo de Maurício de Nassau (1639-1644) lançado em 2018 e considerado um dos mais importantes documentos para se entender o Brasil do século 17 e o período holandês no Nordeste do País. É uma versão inédita para o português, a partir da tradução do original em latim para o inglês, elaborada pela pesquisadora holandesa radicada nos Estados Unidos Blanche T. van Berckel-Ebeling Koning (1928-2011). No livro há hábitos dos núcleos urbanos, relatos de batalhas entre holandeses e luso-brasileiros e registros de fauna e da flora locais, entre outros temas. Custa R$ 90,00 (impresso) e R$ 27,90 (e-book) . Veja outros títulos sobre a história de Pernambuco no catálogo da Cepe: http://editora.cepe.com.br/catalogo/historia/

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Numa ação solidária Cepe disponibiliza 14 e-books

Numa atitude solidária voltada para todos os brasileiros que estão fazendo a sua parte neste momento de necessário isolamento social, em função da pandemia do Coronavírus, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) disponibiliza 14 e-books para download gratuito. Os títulos, alguns premiados, estão disponíveis para o público leitor na loja de e-books da Amazon, Apple, Kobo, Livraria Cultura e Google Play Books, até o dia 31 de março, pelo menos. Porém, a editora considera estender esse prazo, inclusive com a renovação dos títulos. Além dos 14 e-books gratuitos, o público poderá contar também com o conteúdo aberto da revista Continente e do Suplemento Pernambuco no site de cada um dos produtos. O gerente de marketing, Rafael Chagas, destaca o dever da Cepe, especialmente neste momento, de estimular a leitura e facilitar o acesso ao livro. “Entendemos que este é um período em que as pessoas entrarão em contato profundo com suas famílias e consigo mesmas. A oferta de conteúdos diversificados para se enfrentar esta fase da maneira mais proveitosa possível deve ser pensada por qualquer empresa que, de alguma forma, trabalhe com cultura. Disponibilizar parte do nosso catálogo gratuitamente em sua versão digital é justamente isso: fazer com que o leitor viaje, em completa segurança, com a sua própria imaginação”, enfatiza. LANÇAMENTOS De acordo com o editor, Diogo Guedes, mesmo com os eventos presenciais de lançamento suspensos, a Cepe continua com o seu cronograma de publicações, mostrando também um catálogo variado. “Diante de um cenário em que se pede para as pessoas ficarem o máximo possível em casa, a leitura é uma das melhores formas de escapar da sensação de isolamento — afinal, um leitor está sempre em diálogo com quem escreveu e movimenta-se por outras histórias, universos, pensamentos”, diz. Este mês a editora publicou um dos vencedores do Prêmio Cepe Nacional de Literatura, A menina que engoliu o céu estrelado, uma narrativa infantojuvenil que mistura o fantástico com o regional. “Também em março lançamos um romance irônico, Opulência, do escritor e tradutor Luis Krausz, que pensa o excesso e os rituais da burguesia paulista na segunda metade do século 20. Fora da prosa, temos o fundamental lançamento de Poemas reunidos, com os versos de Jorge Lopes, nome fundamental da poesia urbana recifense”, conta. O editor lembra ainda de outros lançamentos marcantes para o catálogo da editora. “A Cepe se debruça sobre o cinema com dois títulos que mostram, de formas diferentes, a vivacidade do cenário local: A história da eternidade, que traz o roteiro original de Camilo Cavalcanti para o seu filme premiadíssimo, e Antologia da crítica pernambucana, de André Dib e Gabi Saegesser, que recupera os textos e debates na imprensa sobre o cinema pernambucano. Também abordando o cinema, mas passando por muitas outras linguagem, com os desenhos animados e a arte contemporânea, a Cepe Editora ainda lançou, pelo Selo Pernambuco, o livro A arte queer do fracasso, estudo essencial e criativo de Jack Halberstam sobre identidade LGBTQI+, gênero, a ideia de fracasso no capitalismo e, claro, Bob Esponja, Procurando Nemo e Fuga das galinhas.” SERVIÇO Confira a lista dos 14 e-books disponíveis para download e a sinopse deles: Caminho áspero e outros poemas (poesia) Autor: Severino Filgueira Sinopse: Normalmente associado à chamada Geração 65 da literatura pernambucana, Severino Filgueira é, na verdade, um poeta que escapa de classificações, que talvez se enquadrasse mais na famosa tradição de poetas “malditos”. Caminho áspero e outros poemas é uma coletânea em que se percebem as múltiplas facetas deste artista singular, um grande esteta de formas fixas, em especial do soneto. Mulher sob a influência de um algorítimo (poesia) Autora: Rita Isadora Pessoa Sinopse: Em Mulher sob a influência de um algorítmo, a autora percorre dezenas de possibilidades de existências femininas autônomas, relacionadas entre si ou arbitrárias, em busca de uma mulher que sempre escapa, fugidia. Nesse livro de poemas de Rita Isadora Pessoa, o algoritmo da linguagem tem a função de oráculo e a contingência dos números acompanha o gesto de desaparecimento de uma mulher que se recusa a ser escrita em linguagem java ou html. O livro foi vencedor da categoria Poesia na terceira edição do Prêmio Nacional Cepe de Literatura. Vácuos (poesia) Autor: Mbate Pedro Sinopse: Em sete poemas distribuídos nas 80 páginas do livro, o moçambicano Mbate Pedro empreende uma profunda busca de si mesmo, através da escrita. São poemas longos, que transportam cada leitor como sombras no vácuo, em uma leitura fluida, leve e ilimitada que passeia entre a dialética do amor e a morte, a perda e a vulnerabilidade, entre outros sentimentos e formas de sentir. Em um jogo de palavras difícil de determinar onde os poemas começam e terminam. O filho das viúvas (ficção) Autor: Pedro Veludo Sinopse: A descoberta acidental de um livro num sebo é o ponto de partida para esta história. Enquanto o texto relata a busca intensa de Catrônfilo, o protagonista, pela identidade da mãe, o narrador procura obsessivamente a identidade do autor do livro. Qual das quatro “mães” será a do protagonista e quem escreveu a história? A busca do autor passa a ser o mote da vida do narrador. Diversos enredos se desenvolvem e entrelaçam neste livro, vencedor do Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2018, seguindo uma linha que tange o realismo mágico, levando a um surpreendente final. Os olhos de Diadorim e outros ensaios (ensaios) Autor: Wander Melo Miranda Sinopse: Neste conjunto de ensaios, o autor parte de uma indagação renovadora sobre as condições da própria crítica literária atual, a partir da qual testa hipóteses e soluções na tentativa de descrever e resolver impasses, reunindo textos dispersos, escritos e maturados em sua totalidade, no seu característico estilo dinâmico e enxuto que singulariza sua escrita. 30 entrevistas da Continente (ensaios) Organizadora: Adriana Dória Sinopse: “São trinta copos de chopp, são trinta homens sentados, trezentos desejos presos, trinta mil sonhos frustrados”, escreveu o porta Carlos Pena Filho. Neste livro, são 30 entrevistas publicadas na revista Continente, selecionadas entre tantas outras, no intervalo de 10 anos. Aqui, o leitor

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Armadura, escudo, espada

*Paulo Caldas Em “Poemas Recifenses” Valmir Jordão celebra a liturgia da cidade. E o Recife não é qualquer cidade e nem Valmir Jordão é qualquer poeta. O Recife é sim roubada das águas, solo de sal e lama. Jordão, um cavaleiro quixotesco, armadura de versos, montado em cavalos marinhos, impondo o escudo do olhar crítico, empunhando o lápis, a viril espada da sua verve. Por entre ruas e becos, templos e bares desses santos bairros ilhados, Valmir cavalga sobre pedras pisadas por passistas, diante das palafitas de um povo caranguejo, entre os lamentos sonoros das alfaias, saídos das paredes que, olhos abertos, ocultam os mortos, assombram os vivos. E por este burgo o poeta tem passe livre: Saudade, Amizade, União, Imperatriz e Imperador; observa, verseja e posta: "pedintes pobres e pretos”, no sabor do realismo ácido. Ele vai ao lírico “deslumbrado entre beijos e no deleite de corpos que se buscam, após a ponte giratória” e volta ao épico em críticas ao social sob a ótica de Bashô: “sem massa nem tapioca, o que rola são picadas de muriçoca”. Em vários trechos o poeta paga tributo ao Capibaribe, rio tatuado em poesia gravada na pele, no peito e na alma recifense. O livro tem o selo da editora Escalafobética, diagramação e edição de Eduardo Nascimento Júnior, imagens de contracapa de Elimar Pereira, ilustrações Tony Braga e impressão gráfica da Editora Babeco. *Paulo Caldas é escritor

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Leitura para transformar vidas

As ruas são estreitas na comunidade Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro. Idosos e adultos sentados nas cadeiras de balanço na frente de suas casas. Crianças correndo na via empoeirada. Um cenário típico de qualquer periferia do Recife, com pouco espaço e muita gente. A maioria com escassas instituições culturais, mas, nesse caso, há uma biblioteca. Há oficinas, pequenos cursos, mediação de leitura e cerca de sete mil livros à disposição. Da janela dos fundos dá para ver parte do manguezal. Mas a verdadeira janela aberta nesse espaço é para o mundo. De lá saíram jovens que entraram na universidade, no mercado profissional e ganharam novos rumos. Como diria Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. A equipe de reportagem da Algomais chegou à Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares por indicação do professor da UFPE Clecio Bunzen. Doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, ele questionou o resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, que aponta que a população do Brasil lê pouco. O estudo apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. “Há um discurso de que o brasileiro não lê, mas não se mostram as razões. Diante da situação de desigualdade do País avalio que se lê muito”, contextualiza o pesquisador que lista o valor do salário mínimo, a pouca estrutura das escolas e a ausência de bibliotecas como alguns dos fatores que dificultam a leitura. Mas ressalva que muitos leem livros emprestados de amigos, de bibliotecas, em materiais disponíveis na internet, entre outros caminhos. “Poderia melhorar o cenário de leitura? Sim. Mas faltam políticas públicas de incentivo à leitura”, sentenciou o docente. Mais da metade das escolas públicas brasileiras não tem bibliotecas ou salas de leitura (55%), segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A formação das bibliotecas comunitárias é um dos esforços populares para compensar essa falta e também a dificuldade de compra de livros. Em Caranguejo Tabaiares, o espaço é frequentado por grupos de escolas públicas e por crianças que chegam espontaneamente para lazer ou para estudar. . . O coordenador atual da instituição é Reginaldo Pereira, 36 anos. Ele frequenta o espaço desde a fundação em 2005. A partir da experiência como voluntário e leitor assíduo, as portas do mundo se abriram. Pereira estudou administração na Universidade de Pernambuco e teve até uma experiência na França, a partir de uma parceria com a Biblioteca de Rua de Nantes. “A leitura abriu meu horizonte. Eu tinha dificuldade de ler. Nunca pensei em fazer um curso superior, mas essa relação com a biblioteca me fez poder sonhar”. Os conhecimentos acadêmicos se voltaram para gerenciar a instituição e arrecadar recursos para manutenção do espaço. Outro jovem que trilhou esse caminho foi Enderson da Costa. Aos 27 anos, ele cursa direito e trabalha numa empresa de rastreamento de veículos. Nasceu e cresceu na comunidade, na qual afirma que 75% dos seus amigos de infância morreram. “A biblioteca mostrou que há vida após os 'muros' da favela. O livro foi a oportunidade que me foi dada para conhecer várias coisas, novos mundos. Quando moramos numa favela somos pré-determinados aos trabalhos braçais ou à criminalidade. A literatura me libertou". Enderson conta que não é fácil ser o único negro na sua sala e que o escasso vocabulário dificultou os primeiros períodos da formação. Mas agora ele sonha em ser aprovado no exame da OAB, seguir carreira na advocacia e escrever um livro. Outra iniciativa de incentivo à leitura que nasceu no Recife é o da Geladeira Cultural (que reforma o eletrodoméstico usado para abrigar cerca de 100 livros). A iniciativa do servidor da UFPE Sérgio Santos já alcança 47 instituições no Estado e atende mais de cinco mil crianças. Desse projeto nasceu também a Feira Literária da Periferia, que está na sua quinta edição. "Sempre quis aproximar os livros das crianças, que transportam o garoto desse mundo caótico, para o mundo literário, onde elas podem ser o que quiser e sonhar", conta o Sérgio. . . Ester Rosa, doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano, afirma que existem movimentos reivindicatórios de políticas públicas de incentivo à leitura. "Em primeiro lugar é importante oferecer o acesso aos livros e há uma necessidade também de mediadores. A biblioteca segue tendo um papel importante nessa formação, pois é um lugar de sociabilidade, de encontro com o livro e com outras pessoas que gostam de literatura", disse a professora que integra o Centro de Estudos em Educação de Linguagem da UFPE. LEIA TAMBÉM . Leitura de livros clássicos na mira da educação . Família, o grande incentivo para formação de leitores   *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Cepe lança três títulos de Carnaval

Com recortes diferentes de uma das festas populares mais apaixonantes do ano, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança três importantes títulos para quem quer conhecer a história do Carnaval do Recife, seus personagens e o frevo, ritmo que leva o nome de Pernambuco para o mundo todo. O historiador Leonardo Dantas Silva assina Carnaval do Recife, numa segunda edição caprichosamente ampliada, traz curiosidades sobre os principais signos carnavalescos. Já o jornalista e pesquisador Carlos Eduardo Amaral escreveu o perfil biográfico José Michiles: Recife, manhã de sol. O segundo título de uma série criada pelo maestro Marcos FM, o livro Arranjando Frevo-canção volta-se para a formação de músicos e compositores, abordando aspectos sobre arranjo e orquestração. O lançamento das obras será no dia 23, às 15h, no Paço do Frevo, no Bairro do Recife. Durante o lançamento, a Orquestra do Maestro Formiga tocará os acordes do que há de melhor no Carnaval pernambucano. O clima vai esquentar quando o compositor Jota Michiles se reunir à turma do maestro para cantar um dos seus sucessos, acompanhado da orquestra. Inclusive é sobre a vida e obra de Jota Michiles que o jornalista e pesquisador Carlos Eduardo Amaral se debruçou para escrever o 4º perfil biográfico da coleção Frevo, memória viva, selo da Cepe Editora, que será lançado neste mesmo dia. A marcha de bloco Recife, manhã de sol, composta pelo carnavalesco, dá título ao livro. A canção tornou-se um marco na vida do artista e na história do próprio frevo-canção. Foi com ela que o músico, na época com apenas 23 anos, ganhou o concurso promovido pela Secretaria de Educação da Prefeitura do Recife, em 1966, que ficou memorável pelas circunstâncias. Até então desconhecido, Jota Michiles desbancou 19 outros finalistas, entre eles nomes como Capiba (com A canção do Recife, em parceria com Ariano Suassuna), Nelson Ferreira, Sebastião Lopes e outras sumidades. Ganhou um vultoso prêmio e uma gravação em compacto pela Rozenblit. Em Carnaval do Recife, o historiador pernambucano Leonardo Dantas Silva convida o leitor a um mergulho profundo no emaranhado de confete, serpentina, purpurina, mela-mela, fantasia, frevo, maracatu e multidão de rua. O pesquisador exibe as entranhas carnavalescas da capital pernambucana. Trata-se de uma segunda edição - a primeira é de 2000. Revisada e, segundo o autor, “muito ampliada, como dizia Gilberto Freyre”, revela as mudanças da folia recifense de 1553 até 2018, em 428 páginas - o dobro da primeira edição. O terceiro título Arranjando frevo-canção preenche uma lacuna histórica, sinalizando caminhos para os interessados em aprender a escrever para orquestras de frevo. É uma contribuição importante para quem compõe e faz música. No prefácio assinado pelo Mestre, Doutor em Música e professor do Conservatório Pernambucano de Música Climério de Oliveira Santos, ele destaca a importância da iniciativa: “Desde que o frevo é frevo, ninguém se atrevera a publicar um livro sobre arranjo e orquestração dessa música – incrível realidade! Com o método Arranjando frevo de rua (Cepe, 2017), o baixista, maestro e compositor Marcos FM já tinha lançado a pedra fundamental de uma nova fase do frevo. É o marco da etapa em que os adidos dessa intrépida cultura musical começam a se sentir aliviados do receio de que o frevo pudesse desaparecer por não terem às mãos escritos da sua sistematização”, afirma no texto. SERVIÇO Lançamento dos livros: José Michiles: Recife, manhã de sol, de Carlos Eduardo Amaral; Carnaval do Recife, de Leonardo Dantas Silva; Arranjando Frevo-cancão, do maestro Marcos FM Quando: 23 de fevereiro, sábado Horário: A partir das 15h Onde: Paço do Frevo Endereço: Rua da Guia s/n, Bairro do Recife

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Recife terá primeira feira de literatura infantil

Criança não deixa a literatura de lado nem na crise! O segmento infantojuvenil foi o único que não entrou na estatística da retração de 21% que o mercado editorial nacional sofreu ano passado. Por si só, essa já seria uma forte justificativa para uma feira voltada exclusivamente para o público infantil. De 22 a 25 de novembro será realizada a I Feira da Literatura Infantil (Flitin), na Academia Pernambucana de Letras (APL). O evento, realizado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em parceria com APL e a Proa Cultural, será gratuito e voltado ao público de 3 a 12 anos. Na programação, além de lançamentos literários, oficinas, animações e mediação de leituras, haverá espaço para outras manifestações culturais como música e teatro. Serão cinco polos que ocuparão os oito mil metros quadrados com eventos simultâneos, além da feira permanente de livros com editoras e livrarias de todo País. A expectativa de público é de 30 mil pessoas. Haverá ônibus gratuitos para escolas de ensino fundamental. Em coletiva de imprensa ocorrida nesta quarta-feira, foi anunciado o tema da feira: “Era uma vez…Minha História”. Trata-se de uma referência a como se iniciam muitas histórias infantis, e ainda insere a criança como protagonista, tanto do evento como da própria vida que está sendo escrita. Na ocasião, o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, falou do investimento da editora pública estadual no segmento infantojuvenil. “A Cepe é a editora que mais edita livros infantis em Pernambuco e no Nordeste. Além disso, temos um prêmio literário voltado apenas para esse público, o Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantojuvenil”, declara Leitão. O presidente ainda destacou como objetivo da feira discutir o conteúdo da literatura infantil na educação dos pequenos. O catálogo da editora pública voltado a esse segmento chega a 53 títulos, muitos deles premiados. Já Maria Chaves, da Proa Cultural, mencionou o potencial transformador que a leitura tem sobre as crianças, “gerando cidadãos críticos”, pontua a produtora. A presidente da APL, Margarida Cantarelli, falou da importância de aproximar o público infantil da academia. “É uma oportunidade de contato com a leitura, o que é papel da academia. No nosso museu teremos apresentação adequada ao público infantil”, declarou Margarida. Também parceira da feira, a Fundarpe, representada pelo coordenador de Literatura José Jaime, entrará com duas ações. Uma delas chama-se “Livros Livres”, que se propõe a ‘libertar livros’ desde 2011, uma vez por mês, em todos os cantos do Estado. “Deixaremos livros em lugares da feira para que as pessoas peguem, leiam e depois devolvam”, explica Jaime. Já o “Escambo de Livros” leva um estande e propõe a troca de livros em bom estado que não sejam nem didáticos, nem religiosos. I Feira da Literatura Infantil – Flitin Tema: Era Uma Vez...Minha História Quando: 22 a 25 de novembro Horário: 9h30 às 20h (quinta e sexta-feiras) e das 9h30 às 17h (sábado e domingo) Local: Academia Pernambucana de Letras (APL) Endereço: Avenida Rui Barbosa, 1.596, Graças Entrada franca PROGRAMAÇÃO QUINTA-FEIRA (22/11) - ANCESTRALIDADE 9h30 às 20h – Feira de Livros POLO LETRAS MIÚDAS 9h às 11h – Oficina Galeria Reciclada (oficina de pintura e montagem de peças feitas com papel reciclado) 14h às 15h - Oficina Galeria Reciclada SALA DE PROJEÇÃO 10h às 10h30 - Sessão de filme de animação 15h às 15h30 - Sessão de filme de animação AUDITÓRIO 11h - Cerimônia de abertura da Flitin 2018 - Apresentação do grupo Meninos do Batuque (Garanhuns) 16h - Apresentação teatral “O Pequeno Príncipe Preto” (Pé de Vento Produções -RJ) POLO OUTRAS PALAVRINHAS 14h30 às 15h30 - Mediação de Leitura - “Histórias do meu povo”, com Roma Júlia (Contação de histórias com livros de temática afro-brasileira e africana com o objetivo de valorizar autores e personagens negras) SEXTA-FEIRA (23/11) - SONHOS E IDEIAS TRANSFORMADORAS 9h30 às 20h – Feira de Livros POLO LETRAS MIÚDAS 9h30 às 10h30 – Oficina Galeria Reciclada (oficina de pintura e montagem de peças feitas com papel reciclado) 14h às 15h - Oficina Galeria Reciclada 16h às 17h - Oficina de Palhaçaria - “Ao amanhecer, brincar”, com Marcelo Oliveira SALA DE PROJEÇÃO 10h às 10h30 - Sessão de filme de animação 15h às 15h30 - Sessão de filme de animação POLO OUTRAS PALAVRINHAS 10h às 11h - Mediação de leitura - Livro Um Novo Abraço (Cepe Editora), com grupo Tapete Voador 14h30 às 15h30 - Bate-papo com Cleyton Cabral (O Menino da Gaiola - Funcultura) SÁBADO (24/11) - HERANÇAS E TRADIÇÕES 9h30 às 20h – Feira de Livros SALA DE PROJEÇÃO 10h às 10h30 - Sessão de filme de animação 15h às 15h30 - Sessão de filme de animação AUDITÓRIO 10h às 12h - Seminário Flitin: “A produção literária para a infância no Brasil” - participação de Sueli Cagneti (autora e crítica literária), Wellington de Melo (editor da Cepe) e Renata Penzani (Lançamento do livro A coisa brutamontes - Cepe Editora) 14h às 16h - Seminário Flitin: “A leitura como ferramenta de transformação social” POLO LETRAS MIÚDAS 11h - Apresentação teatral - “As aventuras de Mané Gostoso” (Cia. Meias Palavras - PE) 17h - Apresentação teatral - “Histórias da Caixola (Coletivo Tear - PE) POLO OUTRAS PALAVRINHAS 14h às 15h - Mediação de leitura - Livro Pequeninas histórias de gente pequenina (Cepe Editora), de Xico Bezerra-PE 15h às 16h - Mediação de leitura - Livro Dianimal (Cepe Editora), de Alexandre Revoredo 16h às 17h - Lançamento do livro Pedrinho e a chuteira da sorte (Cepe Editora), de Marcelo Cavalcante DOMINGO (25/11) - DESPRINCESAMENTO 9h30 às 17h – Feira de Livros POLO LETRAS MIÚDAS 9h30 às 11h - Oficina de Musicalização com Cacau da Mini Rock! POLO OUTRAS PALAVRINHAS 10h às 11h - Bate-papo com a autora Débora Seabra sobre o livro Débora conta histórias (Alfaguara) 11h às 12h - Mediação de leitura - Lançamento do livro Uma Festa na Floresta (Cepe Editora), com presença da autora, Lêda Selaro, e grupo Tapete Voador 14h às 16h - Oficina de Desprincesamento com a jornalista Cláudia Bettini (Rádio Matraquinha/ Corujices) SALA DE PROJEÇÃO 14h às 16h -

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Fenelivro: destaques da sexta-feira

Com uma programação diversificada para adultos e crianças, a IV Feira Nordestina do Livro (Fenelivro) é uma boa opção de roteiro para esta sexta-feira o dia começa com oficina Mariposa Cartonera, no horário de 9h às 12h. E das 14h às 17h oficina sobre produção de vídeos. É bom lembrar que todos os eventos da Fenelivro, promovida pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e Andelivros, são gratuitos. No Café Literário, às 17h haverá mesa redonda com Silvio Ferreira e militantes do movimento negro com o tema Intolerância Racial , Visão do Futuro. Também às 17h, acontecerá o lançamento do livro Confusão e astronomia na floresta, de Carlos Galindo. Eleito pela revista literária britânica Granta como um dos vinte melhores escritores brasileiros, Julián Fuks, autor de A procura do romance, estará na Fenelivro às 18h para conversar sobre literatura. Neste mesmo horário haverá mesa redonda sobre fake news, com a ombudsman do jornal O Povo, Daniela Nogueira; a professora Sheila Borges, coordenadora do Núcleo de Design e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de Caruaru; e professor Paulo Cunha, da UFPE. Sibele Barbosa, da Fundaj mediará a mesa redonda. Também às 18h o jornalista pernambucano Bruno Albertim fará o relançamento do seu Tereza Costa Rêgo: Uma mulher em três tempos, da coleção Memória, da Cepe. Jornalistas se reunirão na sala Nordestinados, a partir das 19h, para o lançamento do livro Palavra de jornalista, de Evaldo Costa e Gilson Oliveira. A obra reúne entrevistas  reúne depoimentos de 21 jornalistas pernambucanos, que também participarão do evento. Também às 19h, no auditório da Fenelivro, acontecerá o da coleção Teses e dissertações, da Editora Bagaço, composta por 13 livros, que estarão à venda no estande da Editora Vozes.  A coleção, editada em parceria com o  Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Unicap, trata do fenômeno religioso sob treze diferentes olhares.

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Livros e automóveis são os produtos usados mais adquiridos nos últimos 12 meses

Com a economia em processo de recuperação, o mercado de produtos usados pode ser a oportunidade para quem planeja economizar na hora das compras e também para os que desejam se desfazer de objetos pessoais e ainda lucrar com isso. Um levantamento realizado com consumidores em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que o ranking de objetos usados mais adquiridos ao longo dos últimos 12 meses é encabeçado pelos livros (54%) e pelos automóveis e motos (43%). Outros produtos que os entrevistados também compraram de segunda-mão no último ano são os eletrônicos (38%), móveis (38%), smartphones (36%) e eletrodomésticos (36%). A pesquisa ainda revela que os bens pessoais que os entrevistados mais colocaram à venda nesse período foram os eletrônicos (40%), smartphones (40%), automóveis (39%), móveis (36%) e eletrodomésticos (36%). Há ainda um terço (33%) de consumidores que decidiram se desfazer de roupas e acessórios. A maioria dos entrevistados acredita que não é preciso comprar um produto novo para estar satisfeito com o seu uso. Entre os entrevistados que compraram algum livro nesse período, 76% acreditam que vale mais a pena adquirir um exemplar usado do que um novo. A preferência por usados também é predominante no caso dos que realizaram compras de carros e motos (60%), itens esportivos, como bicicletas, por exemplo (59%) e instrumentos musicais (50%). Por outro lado, 81% dos entrevistados que compraram utensílios para cozinha ou itens de cama, mesa e banho acreditam ser mais vantajoso adquirir o produto novo diretamente na loja do que um já usado por outra pessoa. O mesmo vale para smartphones (66%), eletrodomésticos, como geladeira, fogão e TV (66%) e roupas e acessórios (65%). 65% calcularam o tamanho da economia de dinheiro com compra e venda de usados e 92% acham que atitude é vantajosa financeiramente A pesquisa mostra que a oportunidade de diminuir gastos e poupar é um dos objetivos da maioria das pessoas que optam pela aquisição de produtos usados. Dentre os que compraram ou venderam produtos usados nos últimos 12 meses, 65% calcularam a economia proporcionada, sendo 41% no caso da compra e 24% com a venda. Entre esses, nove (92%) em cada dez consumidores acreditam que a economia de dinheiro com a compra de usados foi significativa para o bolso. Os sites ou aplicativos especializados e o contato com amigos e conhecidos se destacam entre os principais locais para compra e venda de usados. Na avaliação do educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, o mercado de usados vem ganhando cada vez mais espaço graças aos marketplaces, que são comunidades ou plataformas online de compra e venda que concentram diversas lojas e marcas em um mesmo local. “O comércio de usados é amplamente favorecido pelas novas tecnologias e pela internet, que aproximam pessoas desconhecidas com um interesse comum. Em um período em que muitos enfrentam dificuldades financeiras, essa pode ser uma saída para quem deseja fazer compras a preços acessíveis ou vender objetos que apenas ocupam espaço em casa”, analisa o educador. Metodologia A pesquisa ouviu 824 consumidores de ambos os gêneros, todas as classes sociais, capitais do país e acima de 18 anos. A margem de erro é de no máximo 3,4 pp a uma margem de confiança de 95%. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas

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