Arquivos Z_Destaque_home2 - Página 11 De 133 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Z_Destaque_home2

algomais consumo

Famílias no Recife mantêm consumo moderado em fevereiro

Intenção de Consumo das Famílias registra 104,7 pontos, refletindo otimismo cauteloso em meio a desafios econômicos. Em fevereiro, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no Recife alcançou 104,7 pontos, de acordo com dados da CNC e análise local da Fecomércio-PE. Esse índice indica uma leve percepção otimista sobre o poder de compra e os hábitos de consumo das famílias, com melhorias significativas nos componentes de Emprego Atual e Renda Atual, que cresceram 1,5% e 1,8%, respectivamente. No entanto, a queda de 2,5% na Perspectiva de Consumo e um recuo de 2,9% no Momento para Duráveis revelam uma cautela crescente na intenção de adquirir produtos de maior valor. Esse cenário econômico desafiador é caracterizado pela recuperação do emprego, mas com um otimismo contido em relação ao consumo. A estabilidade do consumo das famílias, mesmo frente a pressões econômicas internas e externas, demonstra que a confiança está diretamente relacionada ao emprego e ao acesso ao crédito. Essa situação sugere que, apesar das dificuldades, as famílias recifenses continuam priorizando itens essenciais, adotando uma postura mais criteriosa nas compras. Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE, observa que “o recuo na intenção de compra de bens duráveis reforça a necessidade de estratégias que atraiam o consumidor e ofereçam condições mais acessíveis de pagamento”. Ele acrescenta que a estabilidade no consumo, mesmo em tempos adversos, é um sinal positivo para o setor comercial, que deve se adaptar às novas dinâmicas do mercado. De acordo com Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE, “os dados do ICF mostram que, mesmo com uma queda no consumo e na intenção de adquirir bens duráveis, as famílias em Recife conseguem preservar seu poder de compra por meio do acesso ao crédito”. Essa estabilidade da renda, intimamente ligada ao emprego, é crucial para sustentar a demanda no mercado, mesmo em períodos de incerteza.

Famílias no Recife mantêm consumo moderado em fevereiro Read More »

solar energia teto fotovoltaica

Energia solar atinge 55 GW e já abastece 5 milhões de imóveis no Brasil

Setor enfrenta desafios regulatórios que limitam crescimento e impacto sustentável. Foto: Freepik O Brasil acaba de alcançar a marca de 55 gigawatts (GW) de potência instalada em energia solar, somando a geração distribuída em telhados e terrenos à capacidade das grandes usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), essa fonte já abastece 5 milhões de imóveis e representa 22,2% da matriz elétrica brasileira, consolidando-se como a segunda maior do país. Apesar do avanço, desafios como cancelamentos de projetos pelas distribuidoras e falta de ressarcimento pelos cortes de geração renovável limitam o potencial do setor. “Com a queda de mais de 50% no preço dos painéis solares nos últimos dois anos, vivemos o melhor momento para investir em sistemas fotovoltaicos”, destaca Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR. O segmento também impulsiona a economia: desde 2012, foram R$ 251,1 bilhões em investimentos, 1,6 milhão de empregos verdes e R$ 78 bilhões arrecadados para os cofres públicos. Para garantir o crescimento sustentável da energia solar no Brasil, a ABSOLAR defende a aprovação do Projeto de Lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (REBE) e corrige restrições que dificultam a conexão de novos sistemas. Além de fomentar a geração própria, a medida beneficiaria famílias em situação de pobreza energética e ampliaria o acesso à tecnologia fotovoltaica. Nos primeiros dois meses de 2025, período marcado por recordes de calor e alta demanda por eletricidade, a energia solar desempenhou um papel crucial, com mais de 147 mil novos sistemas instalados e 1,6 GW adicionados à rede. A tecnologia segue como um dos pilares da transição energética e do desenvolvimento sustentável no Brasil.

Energia solar atinge 55 GW e já abastece 5 milhões de imóveis no Brasil Read More »

semiarido

O dilema do uso da água no Semiárido

*Por Geraldo Eugênio VALE A PENA PLANEJAR... É sabido que o estado que melhor se dedicou ao planejamento dos recursos hídricos na região Nordeste é o Ceará. Um estado basicamente tomado por terras semiáridas, do Cariri ao litoral, com problemas crônicos de disponibilidade de água para população, durante muito tempo símbolo de escassez, das migrações e das descrições do que representa uma seca em seus aspectos mais drásticos. Entre 1991 e 1995, quando Ciro Gomes governou esse estado, coincidindo com um período longo de seca, o grande temor era o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, o que se configuraria um caos total. Em um esforço louvável, a gestão estadual focou nesse problema, acelerando a construção de canais e adutoras de modo que a população da capital deixasse de ter o colapso de suprimento de água como um fantasma que a per seguia sem trégua. Há de se reconhecer que antes desse episódio, o governador Tasso Jereissati, quando assumiu a gestão do estado pela primeira vez em 1987, com seu time de gestores, havia colocado a questão hídrica como um dos principais desafios para o Ceará que, sem a segurança de contar com recursos hídricos, não haveria como atrair novos empreendimentos e crescer com sua economia. Ele tornou esse desafio um tema que sombreava qualquer diferença política, uma vez que mesmo seus adversários sabiam que ir de encontro a esse movimento seria assinar o atestado de óbito político. Hoje o Ceará é considerado como aquele que conta com o mais eficiente sistema de recursos hídricos em todo o País, capitaneado pelo louvável trabalho que realiza a Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), fundada em 1974. …BEM COMO USAR O QUE SE TEM Pernambuco, há de se reconhecer, tem conseguido assegurar as linhas mestras de um plano de recursos hídricos para o Estado, por vários mandatos de governantes de linhas políticas distintas. Exemplos notórios são as barragens concluídas ou em construção em torno da região metropolitana, as barragens de por te médio no interior, e aproveitando da melhor forma possível o programa de Transposição das Águas do Rio São Francisco, uma iniciativa do Governo Federal. Destaque-se a finalização da Adutora do Agreste, o que resolve, ao menos em médio prazo, a de manda hídrica das principais cidades do Agreste e de dezenas de municípios e comunidades da região. Por falar na magnitude do que representa o funcionamento pleno dos canais da transposição, é importante lembrar que asseguram o abastecimento do açude Castanhão no Ceará e a presença da água nas torneiras de municípios como Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco. Em se tratando de Pernambuco, chama a atenção o fato de uma de suas cadeias produtivas mais robustas, a avicultura, seja de corte ou de ovos, espera ansiosamente pela finalização das obras de modo que um município como São Bento do Una, um dos mais importantes locais de produção de ovos do País, deixe de ver suas granjas e processadoras serem abastecidas por carros pipas. INDÍCIOS DE UM GRANDE TESTE À FRENTE Este início de 2025 tem acendido o sinal de alerta. Chegando a segunda quinzena de março com poucas roças estabelecidas do Sertão do Araripe ao Agreste. Neste estágio do ano já deveriam estar ocorrendo colheita de feijão de corda e o milho entrar no estágio reprodutivo com o surgimento dos pendões e espigas. Mesmo que, ao chegar em julho, consiga-se constatar que a quantidade hídrica foi um pouco abaixo da média histórica, o desafio a partir de agora é de como poder armazenar água suficiente que garanta a sobrevivência e o manejo adequado dos rebanhos de caprino, ovinos e bovinos, principal atividade econômica do semiárido dependente de chuvas. Em 21 de janeiro deste ano, a governadora Raquel Lyra publicou um decreto de emergência cuja ação abrangia 118 municípios com risco de seca hidrológica que afeta diretamente a toma da de água pelos principais reservatórios e a distribuição nesse conjunto de cidades. Há de se considerar que foi uma atitude de acerto ímpar, uma vez que o desenrolar do período chuvoso comprovou a precisão da medida. Reconheça-se a ação da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, comandada por José Almir Cirilo e da APAC (Agência Pernambucana de Água e Clima) sob a liderança de Suzana Montenegro. Considerando-se que entre 2019 e 2024, um período de seis anos na região semiárida como um todo, ocorreram chuvas entre a média histórica ou um pouco acima desta, não se falando em secas regionalizadas, pode ser que a região tenha que se preparar para encarar um novo período de instabilidade aguda de disponibilidade de água. Repetindo o que vem sendo comentado, há algum tempo na coluna, a seca é a irmã que nem sempre será bem-vinda, mas fazendo parte da família, é essencial que se conviva bem com ela. Prever é se antecipar ao problema e quem melhor estiver preparado para enfrentar o desafio conta com maiores chances de solução para a equação que se põe à frente. TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO NO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS O enfrentamento de uma seca, quando ocorrer, não é um atributo apenas dos governos. É fundamental a participação da sociedade civil e nesse aspecto algumas lições devem ser lembradas: 1ª. Situação das cisternas: Vale ressaltar que foi realizado um esforço e investimentos marcantes para dotar o semiárido com mais de um milhão de cisternas. Quantas estão funcionando? Quantas contam com calhas de coleta de água? Qual o uso que tem sido dado à água armazenada e àquela que chega por meio de carros pipas? Qual a responsabilidade para quem não manteve esse reservatório em funcionamento? 2ª. Aproveitamento das águas pluviais e subterrâneas para irrigação: Que se foque no uso racional e eficiente da água disponível para uso agrícola ou pecuário. Recomenda-se investir no uso do que existe de mais moderno na pequena e média propriedade. 3ª. Gestão de secas: Um fenômeno cíclico e, portanto, previsto, não se pode levar pelo acaso. O Brasil continua pecando em não dar a devida atenção aos mecanismos de

O dilema do uso da água no Semiárido Read More »

angelo just

Angelo Just: "Na Tecomat, temos um pé na academia e outro na obra"

Diretor técnico da empresa conta como ela conquistou uma trajetória de sucesso ao realizar consultoria para construtoras e seguir a atuação do seu fundador, o professor de engenharia Joaquim Correia. Umas das suas marcas era apoiar a formação de profissionais e manter-se próximo da universidade. Unir o conhecimento acadêmico com a prática de uma atividade é o ideal de muitos profissionais e empresas, mas, em geral, essa comunhão dificilmente é observada no mundo real. A Tecomat é uma das exceções, talvez por ter sido fundada por um acadêmico, o engenheiro civil e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Joaquim Correia de Andrade, que formou várias gerações na área de engenharia no Recife.  Falecido em 2018, sua maneira de atuar deixou marcas no DNA da empresa que hoje possui uma equipe formada por muitos mestres, doutores e profissionais certificados e especializados. Com o uso de tecnologia, a empresa, assim como um laboratório, realiza ensaios para construtoras sobre a adequação de materiais usados na obra. Também oferece um levantamento preciso sobre a quantidade de material a ser utilizado na construção, o que torna o orçamento do empreendimento mais acurado. Seu mais recente serviço, é voltado para a pessoa física que vai construir uma grande obra, mas não tem expertise em construção. “Ela nos contrata e contratamos o projeto da arquitetura e de infraestrutura, contratamos ainda a construtora, ela executa a obra e nós acompanhamos”, resume Angelo Just, diretor técnico que mantém o perfil da empresa: é mestre, doutor e professor da UPE e da Unicap.  Com tantos professores no seu corpo de funcionários, não foi de estranhar a criação do Instituto Engenheiro Joaquim Correia, cuja principal atividade é a formação de profissionais, como pedreiro, servente, carpinteiro e pintor, além de capacitar engenheiros recém-formados. Mão de obra que está escassa, o que compromete a indústria de construção civil. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Angelo Just fala da trajetória da Tecomat, da influência de Joaquim Correia e os desafios desse mercado. A cultura empresarial da Tecomat tem forte influência do seu fundador, Joaquim Correia. Fale um pouco sobre ele e a história da empresa.  A Tecomat vai fazer 33 anos este ano e foi fundada pelo professor Joaquim Correia, junto com um sócio e seu filho Tibério, que atua conosco até hoje. Inicialmente, ele tinha uma participação como consultor de empresas na Odebrecht. Na década de 80, chegou a obra do Metrô do Recife, e a Odebrecht não precisava mais dele como consultor independente e, sim, com uma empresa. Então, ele fundou a Tecomat, inicialmente fazendo ensaios com uma prensa, depois ampliou os serviços para consultoria no mercado imobiliário.  A Tecomat hoje atua em quase todas as capitais do Nordeste, conta com 250 colaboradores, entre eles cerca de 50 engenheiros. Ela não executa obras mas presta consultoria para construtoras e faz ensaios na área de engenharia e material de construção.  O que são esses ensaios? Para a construção de uma coluna num prédio, por exemplo, é preciso saber se o concreto usado tem a resistência correta, então esse material tem que ser ensaiado para confirmar se o material está ok. O professor Joaquim faleceu em 2018, deu aula na UFPE por muitos anos, era muito generoso. Hoje, somos quatro sócios: eu, que cuido da gerência técnica, Sandra Carneiro Leão, que é a gestora financeira, José Maria da Cruz Neto, que é gestor comercial e operacional, e Tibério Wanderley Correia, que é consultor técnico. Detalhe, nenhum desses quatro veio do mercado, eu entrei na Tecomat assim que me formei, Sandra também e Neto foi estagiário. O professor Joaquim tinha essa característica, ele foi professor de muitos, inclusive meu.  É raro um engenheiro civil que trabalhe no mercado imobiliário em Pernambuco que não tenha sido aluno de alguma pessoa que faz parte da Tecomat, seja o professor Joaquim, Tibério, eu ou outros colaboradores nossos que são professores em outras faculdades. Tibério dá aula na UFPE, eu dou aula na UPE e na Unicap. Na Tecomat, formamos nossos craques em casa. A grande maioria dos nossos times foi formada na empresa. Se eu vejo uma pessoa com potencial, chamo para trabalhar, daqui a pouco ela está assumindo um cargo de coordenação e começa a dar aula também.  É muito marcante essa questão da docência pois muitos colaboradores seguem essa mesma linha, dando aulas em faculdades porque nos veem como espelhos. Na Tecomat, temos pilares como simplicidade, conhecimento, resiliência, conceitos que o professor Joaquim trazia consigo.  Além de muito generoso, ele sempre estava de porta aberta para conversar. Isso gera empatia, por isso o pessoal gosta da Tecomat. A gente carrega esse DNA dele, de ser legal com todo mundo, esse é nosso lema. Ter um time tão preparado e ligado à academia traz vantagens para a empresa, especialmente na questão da inovação? As vantagens são várias, uma delas é enxergar os talentos de maneira precoce, pois, quando estamos lecionando, conseguimos ver o perfil da pessoa pelo seu comportamento na sala de aula. Conseguimos enxergar esses potenciais e trazer para a empresa. Além dessa questão de recrutamento de equipe, a vantagem de sermos professores é que, na Tecomat, temos um pé na academia e outro na obra. Esse é o diferencial dos engenheiros da empresa, esse perfil é raríssimo em qualquer lugar no Brasil.  Além disso, ao participarmos de congressos, conseguimos lidar com a “nata” técnica do negócio, transitar com essa turma com maior facilidade, isso ajuda muito e proporciona respeito. Participar de congressos e palestras também facilita a busca por soluções e inovação. Esse é um dos papéis da diretoria técnica, buscar soluções inovadoras para que nossa equipe possa aplicar aos laudos, por exemplo.  Que tipo de tecnologias a Tecomat utiliza? São softwares, inteligência artificial? Utilizamos nos projetos uma tecnologia chamada BIM (Building Information Modeling). É a construção virtual, em que modelamos o projeto no software e conseguimos enxergar, com riqueza de detalhes, como a obra vai ficar depois de pronta. Basicamente é colocar todos os projetos num mesmo software com uma leitura que permite

Angelo Just: "Na Tecomat, temos um pé na academia e outro na obra" Read More »

gilberto netos

Fernando Freyre e as memórias de seu avô, Gilberto Freyre

Neto do sociólogo e atual presidente da Fundação Gilberto Freyre relembra a convivência familiar e a descoberta de seu legado intelectual. Na semana dos 125 anos do Mestre de Apipucos, conheça um pouco dessa história de afeto com o vovô Concon. Na foto, o atual presidente da fundação está no colo da avó Magdalena Freyre A relação entre avô e neto costuma ser marcada por gestos de carinho, aprendizados e convivência familiar. Assim foi a experiência de Fernando Freyre Filho com Gilberto Freyre, um dos mais importantes pensadores brasileiros. Ele tinha 9 anos quando o Mestre de Apipucos faleceu, mas guarda boas memórias do convívio familiar. Gilberto Freyre, o primeiro brasileiro a receber o título de "Sir" da Rainha Elizabeth II da Inglaterra,  era conhecido por Fernando e pelos demais netos o "Concon", apelido carinhoso em família. A convivência acontecia principalmente com encontros semanais nos almoços de sábado na casa do avô. Nessas ocasiões, a casa se dividia entre a esfera familiar e os compromissos profissionais de Gilberto. “Nós entrávamos na biblioteca e, em poucos minutos, já havíamos bagunçado tudo”, relembra Fernando, destacando a paciência e o carinho do avô, que interrompia suas anotações e chamava os netos para a sala de estar. Mas os almoços nem sempre eram apenas encontros familiares descontraídos. Muitas vezes, a presença de personalidades políticas, pesquisadores internacionais e autoridades fazia com que as reuniões ganhassem um tom mais solene. “Acordávamos e já sabíamos que teríamos que vestir paletó e gravata, porque o almoço era especial”, conta Fernando, relembrando como a rotina entrelaçava o doméstico e o público quando o sociólogo recebia visitantes. Fernando relembra algumas premiações e entrevistas da vida pública de seu avô, mas a consciência sobre sua importância como intelectual reconhecido surgiu gradualmente. “A ficha caiu no dia da morte dele”, diz, ao recordar o impacto do velório no Recife e a presença de figuras ilustres naquele momento de despedida. Para entender melhor o legado do avô, ele decidiu ler suas obras, o que lhe permitiu perceber a complexidade e a genialidade por trás do mito que conhecia nas brincadeiras e almoços solenes. Com o passar dos anos, Fernando Freyre não apenas preservou as lembranças do avô, mas também aprofundou sua compreensão sobre o impacto de sua obra. O convívio afetuoso da infância deu lugar a uma admiração consciente pelo intelectual que redefiniu a maneira como o Brasil enxerga sua própria identidade. Entre a intimidade e o legado, ele carrega a herança de Gilberto Freyre não apenas como neto, mas como alguém que reconhece a importância de manter viva a memória e o pensamento do Mestre de Apipucos.

Fernando Freyre e as memórias de seu avô, Gilberto Freyre Read More »

pib brasil

Brasil acelerou o crescimento do PIB em 2024 e começou 2025 acima da expectativa

O IBGE anunciou nesta semana que o PIB do Brasil cresceu 3,4% em 2024. O aumento é maior que o já surpreendente avanço de 3,2% da economia em 2023. O desempenho do biênio é muito superior às previsões que se arrastavam entre 1% e 1,5% no início de cada ano. Os números de 2024 são ainda mais surpreendentes quando consideramos que o PIB do setor agropecuário foi negativo (-3,2%), devido aos efeitos das mudanças climáticas. O avanço foi concentrado na indústria, no comércio e no setor de serviços. A surpresa ficou para as leituras estranhas de desaceleração da economia do País. Vários analistas fizeram um verdadeiro malabarismo dos números, cruzando as expectativas do último trimestre com o resultado, para sinalizar um balanço negativo do ano passado. O Brasil enfrenta problemas reais de inflação e relacionados ao déficit fiscal, mas está longe de um cenário amplo de desequilíbrio. A atividade econômica brasileira iniciou 2025 com crescimento, registrando alta de 0,9% em janeiro, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Na comparação com janeiro do ano anterior, o crescimento foi de 3,6%, enquanto no acumulado de 12 meses, o indicador aponta um avanço de 3,8%. EXPORENOVÁVEIS 2025 DEBATEU HIDROGÊNIO VERDE E COP30 NO RECIFE A segunda edição da ExpoRenováveis ocorreu no Museu Cais do Sertão, no Recife, com sucesso de público, incluindo especialistas, empresários e investidores. O evento, promovido pela Aperenováveis (Associação Pernambucana de Energias Renováveis), destacou-se como um dos maiores do Brasil no setor de energias renováveis, com uma programação que incluiu palestras, um congresso multidisciplinar, uma feira de inovações tecnológicas e um Salão de Mobilidade Elétrica. Entre os anúncios feitos, esteve a produção da primeira molécula de hidrogênio verde de Pernambuco, prevista para abril, na planta de hidrogênio verde dentro do parque tecnológico TecHub, no Porto de Suape. A ExpoRenováveis também se posicionou como um espaço estratégico para discutir o futuro da energia sustentável no Brasil, especialmente com a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) programada para novembro no Pará. O evento contou com painéis que abordaram temas como descarbonização, sustentabilidade e oportunidades de investimento em energias renováveis, bem como destacou os desafios locais de atração de empreendimentos para Pernambuco, devido à falta de linhas de transmissão. Pernambuco em Perspectiva traz Tadeu Alencar para discutir empreendedorismo dinâmico No dia 25 de março, Tadeu Alencar, Secretário Executivo do Ministério do Empreendedorismo, será o palestrante do projeto Pernambuco em Perspectiva – Estratégia de Longo Prazo, que ocorrerá no auditório do novo Empresarial RioMar 5, às 19h, com entrada franca e vagas limitadas. Durante sua palestra, Alencar abordará O Papel vital do empreendedorismo dinâmico para o desenvolvimento de Pernambuco. O projeto, patrocinado pelo Banco do Nordeste e pelo Governo Federal, visa discutir temas relevantes para o novo modelo de desenvolvimento do Estado, contando com a participação de especialistas em economia e desenvolvimento, sob a coordenação de Ricardo de Almeida e Francisco Cunha. Os interessados poderão se inscrever previamente e solicitar a assinatura gratuita da Revista Algomais no dia do evento. Construtora Carrilho lança empreendimento em Boa Viagem Fernando e Carlos Carrilho, nomes à frente da Construtora Carrilho, destacam o mais novo empreendimento da empresa. O Pátio Solare, localizado na Imbiribeira e com lançamento realizado no dia 14 de março, contará com 268 apartamentos compactos distribuídos em duas torres, além de uma área de lazer completa e uma localização estratégica. Ideal para quem busca modernidade e praticidade, o Pátio Solare destaca-se pela proximidade a escolas, shoppings, supermercados, estação de Metrô e a praia de Boa Viagem. Nova liderança reforça estratégia comercial da Vivix   A Vivix Vidros Planos anuncia Romulo Avellar como seu novo diretor comercial e de marketing a partir de março. Com uma trajetória consolidada no Grupo Cornélio Brennand desde 2017, o executivo esteve à frente da presidência da Cimento Bravo – CIMAR antes de assumir o novo desafio. Administrador com pós-graduação em gestão empresarial, Romulo traz uma vasta experiência em liderança no setor industrial, com forte atuação nas áreas comercial, trade marketing e operações. Sua chegada reforça a estratégia da Vivix para ampliar sua presença no mercado e fortalecer suas frentes de negócios. Cimed entra no futebol pernambucano com patrocínio ao Náutico A Cimed, terceira maior farmacêutica do Brasil em volume de vendas, anuncia seu primeiro patrocínio no futebol pernambucano ao firmar parceria com o Clube Náutico Capibaribe. O contrato, válido até dezembro, inclui exposição da marca no uniforme do time, placas no estádio e centro de treinamento, além de ações digitais. O investimento faz parte da estratégia da empresa de expansão no marketing esportivo, que já conta com patrocínios à CBF e ao Cruzeiro. Para o Náutico, a parceria fortalece o caixa do clube em um ano decisivo, no qual busca o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. Sebrae lança plano estratégico para impulsionar a economia da Mata Sul O Sebrae Pernambuco apresenta, no dia 19 de março, a Agenda de Desenvolvimento Regional da Mata Sul, um plano estratégico construído por 32 lideranças de nove municípios para orientar o crescimento econômico sustentável da região nos próximos cinco anos. O documento, resultado do Programa Lider, estabelece diretrizes para setores como indústria, comércio, agronegócio e turismo, visando transformar a região em um polo de oportunidades. Além de definir metas de médio e longo prazo, a iniciativa prevê a criação de uma governança regional para articular o setor público e privado na execução das ações. O evento de lançamento do plano acontecerá no Sesc Guadalupe. Santander oferece 20 mil bolsas para curso de Excel com IA O Santander Universidades, em parceria com a DIO, disponibiliza 20 mil bolsas gratuitas para o programa Excel para Dados com Inteligência Artificial. O curso inclui dashboards interativos, fórmulas avançadas, automação de dados e integração com Microsoft Copilot. Com 26 horas de aprendizado, desafios práticos e certificação oficial, a capacitação está aberta a qualquer interessado, sem necessidade de experiência prévia ou vínculo com o banco. Inscrições até 20 de abril pelo Santander Open Academy (https://app.santanderopenacademy.com/pt-BR/program/excel-com-inteligencia-artificial).

Brasil acelerou o crescimento do PIB em 2024 e começou 2025 acima da expectativa Read More »

costura confeccao freepik

A Cidade-Mãe do Polo de Confecções e o Porto Digital: setores distintos com faturamentos semelhantes

*Por Bruno Bezerra / Foto: Freepik Dizer que Santa Cruz do Capibaribe possui uma economia forte e consolidada no setor têxtil e de confecções pode parecer repetitivo, praticamente um clichê. No entanto, no início do ano me propus um desafio: encontrar novas formas de evidenciar a força e a grandiosidade desse setor na cidade-mãe do Polo de Confecções do Agreste Pernambucano. Recentemente me deparei com uma notícia impressionante: as empresas que atuam no Porto Digital, um dos principais polos de tecnologia e inovação da América Latina, localizado no Recife, registraram um faturamento expressivo de R$ 6,2 bilhões em 2024. Um resultado notável, que comprova a vitalidade do ambiente de negócios do Porto Digital, um dos grandes impulsionadores da nova economia de Pernambuco. Ao me deparar com essa notícia, imediatamente me veio à mente um insight: o cérebro humano adora comparações porque elas geram mais clareza e facilitam o entendimento. Foi então que surgiu a pergunta: qual será o faturamento das empresas do setor têxtil e de confecções de Santa Cruz do Capibaribe? No mesmo instante, comecei o levantamento das informações para chegar ao faturamento das empresas do segmento na cidade em 2024. Levantei dados oficiais pesquisando informações da Secretaria da Fazenda de Pernambuco, e o resultado foi surpreendente. Com os números consolidados em mãos, cheguei a um dado que tornaria a comparação ainda mais instigante: em 2024, as empresas do setor têxtil e de confecções de Santa Cruz do Capibaribe também faturaram R$ 6,2 bilhões. Sim, o mesmo valor impressionante do Porto Digital. Diante desse dado surpreendente, decidi ampliar a análise e levantar o faturamento das empresas do setor em Caruaru e Toritama, cidades que, junto com Santa Cruz, formam a espinha dorsal do Polo de Confecções. Caruaru registrou um faturamento de R$ 6 bilhões, enquanto Toritama alcançou R$ 3,4 bilhões. Somando os resultados das três cidades, chegamos a um total de R$ 15,6 bilhões. Para dimensionar a relevância do mercado de moda para a arrecadação de impostos em Pernambuco, a indústria e o comércio de tecidos e confecções registraram, em janeiro de 2025, a maior arrecadação de ICMS da história do setor no Estado: R$ 126,6 milhões. O montante superou segmentos como supermercados (R$ 104,4 milhões) e medicamentos (R$ 92,6 milhões), evidenciando o peso econômico e estratégico do setor têxtil e de confecções. Um cenário que mostra a robustez de um ecossistema de negócios baseado na micro e pequena empresa e na cultura empreendedora de um povo que vem fazendo uma verdadeira revolução em uma das regiões mais afetadas pela escassez hídrica no Brasil e que enfrenta desafios comparáveis aos de algumas das áreas mais secas do mundo. Esses números não apenas confirmam a força desse ecossistema de negócios mas, também, mostram como a capacidade de adaptação, a criatividade e a cultura empreendedora da região transformam desafios em oportunidades, consolidando o Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco como um dos mais dinâmicos do Brasil. *Bruno Bezerra é administrador de empresas e atual presidente da CDL Santa Cruz do Capibaribe-PE

A Cidade-Mãe do Polo de Confecções e o Porto Digital: setores distintos com faturamentos semelhantes Read More »

industrias fabricas de motocicletas industrias fabricas

Indústria de transformação cresce 3,3% em janeiro, mas emprego segue estável

Setor registra alta de 12,8% no faturamento anual, mas impacto no mercado de trabalho ainda é tímido. Foto: José Paulo Lacerda/CNI A indústria de transformação brasileira começou 2025 em expansão, com crescimento de 3,3% no faturamento real em janeiro. No acumulado de 12 meses, o avanço foi ainda mais expressivo, chegando a 12,8%. Os dados são da pesquisa Indicadores Industriais, divulgada hoje (14) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O número de horas trabalhadas na produção também cresceu 1,9% em janeiro, revertendo quedas dos meses anteriores. A utilização da capacidade instalada (UCI) manteve-se em 78,2%, sem variação significativa. Apesar da alta na atividade industrial, o impacto no mercado de trabalho ainda é modesto. O emprego no setor avançou apenas 0,1% no mês, enquanto a massa salarial recuou 0,3% e o rendimento médio caiu 0,8%. Segundo a CNI, o aumento dos juros pode frear o ritmo de contratações nos próximos meses. 📊 Destaques do setor em janeiro:✔️ +3,3% no faturamento mensal✔️ +12,8% no faturamento anual✔️ +1,9% nas horas trabalhadas✔️ Emprego estável (+0,1%)✔️ Capacidade instalada: 78,2% A pesquisa Indicadores Industriais acompanha mensalmente o desempenho da indústria de transformação desde 1992, cobrindo mais de 90% da produção nacional.

Indústria de transformação cresce 3,3% em janeiro, mas emprego segue estável Read More »

economia desempenho servicos

Setor de serviços em Pernambuco recua 4,5% em janeiro, puxado por queda nos serviços às famílias

Apesar do recuo mensal, segmento acumula 13 meses consecutivos de crescimento na comparação anual O volume de serviços em Pernambuco registrou queda de 4,5% em janeiro de 2025 em relação a dezembro de 2024, quando havia avançado 2,3%. O recuo foi influenciado, principalmente, pela retração de 6,8% nos serviços prestados às famílias. No entanto, na comparação com janeiro de 2024, o setor manteve crescimento de 0,7%, marcando a 13ª taxa positiva consecutiva. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE. Outros segmentos que apresentaram desempenho negativo foram os serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,9%), que perderam parte do avanço acumulado de 5,1% ao longo de 2024, e os "outros serviços" (-0,3%), que incluem atividades como limpeza, fotografia e organização de eventos. Este último setor devolveu parte do crescimento expressivo registrado em dezembro de 2024, quando avançou 16,2% na comparação anual. Apesar da queda mensal, o acumulado em 12 meses seguiu em alta, com avanço de 4,1%, ainda superior ao registrado em outubro de 2023 (4,2%). A próxima divulgação da PMS, com os dados referentes a fevereiro de 2025, está programada para 10 de abril. Grupo Rota do Mar celebra Semana do Consumidor com descontos de até 50% Até o próximo domingo (16), a Rota do Mar promove sua Semana do Consumidor, oferecendo descontos de até 50% em peças de moda casual e esportiva. As ofertas estão disponíveis nas lojas da marca em Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru. Além disso, o Grupo inaugurou recentemente sua primeira loja voltada ao varejo, localizada no Centro de Santa Cruz do Capibaribe, reforçando seu compromisso com a expansão e a qualidade no setor de confecções. Safra de grãos em Pernambuco cresce 1,8% em 2025, aponta IBGE A produção agrícola de Pernambuco deve atingir 187.239 toneladas em 2025, um aumento de 1,8% em relação ao ano anterior, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de fevereiro do IBGE. O crescimento é impulsionado principalmente pela cana-de-açúcar, cuja produção estimada é de 15,9 milhões de toneladas, um avanço de 12,5% em relação a 2024. Já a uva apresentou queda mensal de 5,02%, mas ainda acumula alta anual expressiva de 79,9%. Mesmo com uma das menores produções de grãos do país, Pernambuco mantém posição de destaque na cultura da cana, sendo o 8º maior produtor nacional. XP Educação lança curso online sobre investimentos e planejamento financeiro A XP Educação lançou o curso “Investidor 360º”, uma formação online voltada para investidores de diferentes níveis de experiência, abordando temas como diversificação de carteira, investimentos no exterior e planejamento patrimonial. Com oito módulos completos, materiais complementares e certificação, o programa tem investimento de R$ 1.497,00. Uma versão gratuita, o “Investidor 180º”, também está disponível, trazendo conceitos fundamentais para quem deseja iniciar no mercado financeiro. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo site da XP Educação. Fecomércio-PE promove Café Empresarial sobre liderança e fidelização O Instituto Fecomércio-PE realiza, no dia 19 de março, a primeira edição do Café Empresarial de 2025, com o tema Gestão com Liderança Eficaz: Fidelize Clientes e Colaboradores. O evento, voltado ao desenvolvimento empresarial, será conduzido pelo consultor e palestrante Antônio Braga, especialista em vendas. O encontro acontecerá presencialmente no Café Capibaribe, na cobertura da Casa do Comércio, das 8h30 às 12h, e também será uma oportunidade para networking. Os ingressos custam R$ 59,90, com desconto de 20% para clientes do Cartão do Empresário. As inscrições estão abertas pelo Sympla.

Setor de serviços em Pernambuco recua 4,5% em janeiro, puxado por queda nos serviços às famílias Read More »

125 anos de Gilberto Freyre: o olhar pioneiro do Mestre de Apipucos

O sociólogo pernambucano antecipou debates da atualidade sobre temas como ecologia, globalização, o valor cultural da gastronomia e a urbanização *Por Rafael Dantas Autor de mais de 80 publicações que explicam o Brasil e o Nordeste, Gilberto Freyre completaria neste mês 125 anos. O Mestre de Apipucos teve uma trajetória intelectual marcada por antecipações de debates que em nossos dias seguem na agenda pública do País. As discussões ecológicas, os desafios do desenvolvimento urbano, a questão racial, entre tantas outras, estiveram em seus livros e artigos. Análises que mobilizam pesquisadores de vários lugares do mundo e que seguem contribuindo para o pensamento crítico no Brasil, mesmo muitas décadas após sua escrita. O mais famoso livro de Freyre, Casa Grande & Senzala, foi escrito quando ele era ainda um jovem pesquisador com pouco mais de 30 anos. Ele deixou outros clássicos que confundem os admiradores da sua obra sobre o mais apreciado, como Nordeste, Açúcar e Sobrados e Mucambos. Até a sua terceira idade, o sociólogo publicou vorazmente. Além dos livros, seu pensamento estava impresso em jornais, com destaque para o Diario de Pernambuco, onde escreveu por décadas. Fernando Freyre Filho, presidente da Fundação Gilberto Freyre, revela que, além das publicações que o avô fez em vida, ele deixou ainda quase uma dezena a ser publicada após a sua morte. Além disso, a fundação tem lançado coletâneas e versões em quadrinhos dos seus clássicos. Porém, mais que volumosa, a obra de Gilberto Freyre tratava de temáticas que explodiriam no debate público anos e até décadas depois. A pauta ecológica, que está diariamente nos jornais brasileiros e mundiais, era assunto dos artigos e publicações do sociólogo, mesmo na primeira fase da sua longa vida de escritor. Contrapondo-se a uma visão de precariedade e diminuição da região, que ainda está em desconstrução no País, em Nordeste (1937), Gilberto Freyre não nega os desafios da seca mas reivindica o reconhecimento dos valores naturais locais e reafirma o papel econômico do setor sucroalcooleiro para o País. Mais que isso, aponta um olhar muito peculiar da posição regional como berço da história nacional. “Porque através daqueles dias mais difíceis de nação da civilização portuguesa nos trópicos, a terra que primeiro prendeu os luso-brasileiros, em luta com outros conquistadores, foi essa de barro avermelhado ou escuro. Foi a base física, não simplesmente de uma economia ou de uma civilização regional, mas de uma nacionalidade inteira”. Além do olhar para o valor do solo massapê, o sociólogo discute questões ambientais e, especialmente, de trabalho do homem que movia a economia da época. Ele não alivia as críticas às péssimas condições de trabalho, de moradia e de alimentação. Chega a afirmar em Nordeste que as condições da jornada laboral de sua época representavam “talvez um trabalho mais penoso do que no tempo da escravidão. Porque os senhores de terras de cana e os armazenários de açúcar dispõem hoje de menor número de trabalhadores para o esforço agrícola” Quase 100 anos depois, é difícil não fazer pontes entre esses debates, circunscritos aos trabalhadores braçais da época, com discussões contemporâneas relacionadas à qualidade de vida profissional, redução de jornadas, burnout, entre outras pautas econômicas e laborais. Mencionando vários pesquisadores da época, Freyre descreve teorias que afirmam que o menor desenvolvimento físico e até produtivo do homem na época tinha relação com aspectos como má saúde pública, má alimentação, má dormida, entre outros. Ao mencionar trabalhos de médicos brasileiros do Século 19, o sociólogo chega a relacionar os problemas de saúde da população com a destruição das matas e a falta de cuidado na conservação dos animais. A diretora executiva da Fundação Gilberto Freyre, Jamille Barbosa, destaca que o Mestre de Apipucos teve uma contribuição relevante sobre a ecologia, especialmente nas relações do homem com a natureza. “Ele tratou de uma ecologia mais humana. Não é aquele conceito de meio ambiente sacralizado, idealizado. Ele queria realmente estudar esse meio ambiente que é afetado pelo homem e esse homem que é afetado pelo meio ambiente. De que forma esse meio ambiente condicionou a forma do ser humano de estar, de se alimentar, de conviver. Isso é muito presente na obra de Gilberto. Bem como da forma que esse homem vai afetando negativamente esse meio ambiente”, afirmou Jamille. Mais do que escrever e refletir sobre o convívio harmônico com a natureza, ele vivenciou isso no seu sítio em Apipucos, que abriga a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre. Toda a área verde no entorno da residência é vista pela pesquisadora como uma forma do sociólogo colocar em prática o que ele defendia nos livros e artigos. Em um momento que o mundo se volta para a adaptação às mudanças climáticas e discute o impacto do ser humano no meio ambiente, muitas reflexões e preocupações do pensador pernambucano permanecem atuais. Pesquisador da obra de Freyre, Anco Márcio Tenório Vieira, professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, aponta dois pioneirismos da obra do pensador pernambucano. “O primeiro, é um tema que perpassa toda a obra de Freyre e que foi relevada ao seu tempo, mas que hoje, na nossa contemporaneidade, é a principal pauta destas primeiras décadas do Século 21: a ecologia e a economia autossustentável. Freyre foi um crítico contumaz do modelo de progresso que orientou e vinha orientando o mundo ocidental e ocidentalizado e um defensor incansável da economia autossustentável, de soluções ecológicas no campo urbanístico, da arquitetura e da construção civil, da moda, da produção de alimentos, da industrialização”. O segundo pioneirismo destacado pelo docente da UFPE diz respeito ao conceito de regionalismo. “Freyre vai pensar o Brasil a partir das regiões, das suas especificidades sociais, econômicas, culturais, religiosas, ecológicas etc. Freyre vai assentar o seu conceito de regionalismos em cima da tríada Tradição, Região, Modernidade; Tradição, Região, Modernismo; ou Tradição, Região, Modernização”. Anco Márcio explica que, para Freyre, a tradição era o conjunto de experiências sociais, estéticas e culturais originadas das influências lusas, ibéricas, africanas e ameríndias. Essas influências se miscigenaram e se transformaram ao longo do tempo, dando origem

125 anos de Gilberto Freyre: o olhar pioneiro do Mestre de Apipucos Read More »