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HCP 80 anos

80 anos do Hospital de Câncer de PE: transformando dor em esperança

Responsável por atender mais de 50% dos pacientes oncológicos do SUS no Estado, o HCP comemora oito décadas de fundação ao se consolidar como um centro de tratamento, de pesquisa e de ensino de qualidade, e faz planos de expandir a atuação para o interior. *Por Rafael Dantas Há 80 anos um grupo de 13 senhoras decidiu criar uma instituição para atender os pacientes indigentes no Recife. Esse grupo se constituiu inicialmente na Sociedade de Assistência aos Indigentes Hospitalizados de Pernambuco que, alguns anos depois, se constituiu na SPCC (Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer), entidade que fundou o HCP (Hospital de Câncer de Pernambuco). “Elas transformaram compaixão em ação. São verdadeiras heroínas da saúde pública”, resume Ricardo de Almeida, atual presidente do Conselho de Administração da SPCC. Mais que prestar assistência à saúde, a instituição atua também na formação de profissionais no setor – com programas de residência e até doutorado – e contribui com importantes esforços na pesquisa do tratamento e diagnóstico da doença. Muita gente pode imaginar que o HCP é um hospital estatal. No entanto, apesar de todos os seus atendimentos serem de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), trata-se de uma entidade privada filantrópica. Ou seja, todos os meses luta para fechar as contas e garantir o atendimento de milhares de pacientes, com tecnologias avançadas e medicações de referência. Nos cálculos da instituição, passam por dia 2,3 mil pessoas pelos corredores do hospital, seja para fazer exames, consultas ou internamentos. Uma das pernambucanas que recebeu atendimento no HCP foi Andréa Mota da Silva, de 58 anos. Em 2018, ela começou a perceber sinais de que algo não ia bem: um incômodo na mama, aparentemente inofensivo, mas que despertava uma sensação persistente de alerta. Determinada a entender o que estava acontecendo, Andrea insistiu na investigação – e só em 2019, após realizar uma ultrassonografia em uma clínica popular, veio o diagnóstico: um câncer de mama agressivo. “Foi um soco no estômago. Muito forte”, recorda. Entre o medo e a incerteza, ela enfrentou o início do tratamento em busca de respostas e do apoio da família. O tumor, de crescimento rápido, exigiu um tratamento rigoroso: 16 sessões de quimioterapia, seguidas de cirurgia em março de 2020, durante o início da pandemia. Ela relata que tinha apenas 30% de chances de sobrevivência, mas decidiu não baixar a cabeça. “Encarei o câncer como vida, não como morte”, relembra. No HCP, além de todo o tratamento e da cirurgia, ela ainda participou de uma pesquisa clínica, com medicação experimental para o pós-operatório, ajudando a desenvolver alternativas no tratamento do câncer. Ela fez também fisioterapia e recebeu atendimento psicológico. Ainda hoje participa de consultas periódicas, de forma semestral. Encontrou no hospital um segundo lar no momento mais difícil da sua vida. Além do tratamento, Andréa tornou-se voluntária no Hospital de Câncer de Pernambuco no projeto Mulheres de Rosa. Feliz com sua história de superação e grata aos médicos, familiares e a Deus, ela distribui abraços, informações e apoio emocional, compondo uma rede forte de acolhimento de pacientes em tratamento. “Salvar vidas é minha maior alegria. Se eu puder ajudar alguém, estarei à disposição”, afirma. A trajetória dela sintetiza um pouco as diferentes áreas de atuação do HCP e exemplifica a história de muitos pacientes que passam pelos corredores do hospital. Com o crescimento do número de diagnósticos de câncer no mundo, muitos brasileiros e pernambucanos vivem dramas semelhantes e precisam de tratamento e apoio.  De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), apenas os casos de mama devem superar os 73 mil novos diagnósticos no Brasil em 2025. O número total deve ultrapassar a marca dos 700 mil casos. Números que têm levado a uma expectativa entre os especialistas de que a doença se torne a principal causa de morte no Brasil em 2030. EXPANSÃO E INVESTIMENTOS TECNOLÓGICOS Para atender à crescente demanda, o HCP tem investido para crescer. Novos equipamentos e reformas vêm sendo realizadas para aumentar a eficiência dos tratamentos. A entidade atende 56% dos pacientes de câncer de Pernambuco que dependem do SUS. Ao todo, são mais de 22 mil consultas por mês em 15 especialidades médicas. “Uma cidade inteira passa aqui por dia. O Hospital de Câncer de Pernambuco é um dos quatro únicos do País que são filantrópicos, 100% SUS e 100% oncológicos. Mesmo com todas as dificuldades, não tenho um paciente internado que não tenha um antibiótico ou qualquer material”, ressaltou o superintendente Sidney Neves. A modernização da infraestrutura tem sido uma prioridade. Nos últimos anos, o HCP instalou um novo acelerador linear (equipamento de radioterapia), reestruturou laboratórios e unificou o serviço de imagem que passou a funcionar até mais tarde e agora oferece tomografia 24 horas. “São mudanças com impactos grandes, com resultados mais rápidos para os pacientes. Melhoramos muito a assistência”, comemora o gestor. Essas melhorias ampliaram a capacidade de atendimento e reduziram o tempo de espera dos pacientes. Para 2026, estão previstos novos investimentos como a chegada de um segundo tomógrafo, e a substituição do antigo equipamento de cobalto por mais um acelerador linear.  Cada nova máquina que chega e cada setor modernizado são celebrados na instituição, pois o tratamento de câncer é caro e conta sempre com novas tecnologias. O recém-chegado Acelerador Linear Halcyon custou R$ 6,5 milhões, sendo adquirido a partir de emenda parlamentar do deputado Eduardo da Fonte. Com inauguração prevista para novembro, o novo equipamento ampliará a capacidade da radioterapia do hospital em 50%, com a realização de até 100 atendimentos adicionais por dia. Além de novas estruturas e a garantia das medicações para os tratamentos, Sidney destaca entre os avanços o trabalho de manutenção preventiva adequada dos equipamentos. “Não podemos deixar esse parque hospitalar velho e muito menos sem segurança para o paciente. No nosso centro cirúrgico todos os equipamentos têm a manutenção em dia e estão calibrados. Isso garante uma segurança fantástica para a assistência do paciente”. DESAFIO DO CUSTEIO Todos os meses, o HCP tem uma conta entre R$ 18 milhões e

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Pernambuco lidera geração de empregos no Nordeste em setembro

Estado cria 15,6 mil vagas formais e alcança o terceiro maior saldo do Brasil, com destaque para a indústria e construção civil Pernambuco encerrou setembro de 2025 com a criação de 15.602 empregos formais, segundo dados do Novo Caged. O resultado colocou o estado na liderança do Nordeste e na terceira posição nacional em geração de vagas com carteira assinada, consolidando o bom momento da economia pernambucana. “Pernambuco volta à liderança na geração de emprego no Nordeste e está novamente entre os três primeiros do Brasil. Isso não é por acaso. É fruto de um trabalho forte do nosso time para fortalecer o ambiente de negócios e assim atrair novas empresas e fortalecer as que já atuam por aqui, promovendo geração de emprego e renda em todas as áreas da economia”, afirmou a governadora Raquel Lyra. Indústria puxa resultado do mês Entre os setores, a indústria foi o destaque com 8.367 novas contratações, seguida pela agropecuária (2.814) e pela construção civil (2.354). O comércio e os serviços também contribuíram para o saldo positivo, com 1.217 e 850 vagas, respectivamente. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, os números comprovam o avanço do estado. “Pernambuco está diversificando sua economia, atraindo investimentos e criando oportunidades em todas as regiões. O ambiente de negócios está mais favorável a quem quer produzir e gerar emprego”, afirmou. Políticas integradas de qualificação e empreendedorismo No acumulado de janeiro a setembro, Pernambuco soma 61.620 novos empregos formais, reflexo de um esforço contínuo para ampliar as oportunidades. Desde 2023, já foram 172,7 mil empregos criados em todo o estado. O secretário de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo, Manuca de Zé do Povo, destacou o papel da qualificação. “O Governo de Pernambuco tem atuado de forma integrada para que o crescimento econômico se traduza em oportunidades reais. Temos levado qualificação, intermediação de mão de obra e incentivo ao empreendedorismo a todas as regiões do Estado”, ressaltou. Construção civil e indústria lideram crescimento anual Os principais motores do desempenho anual foram a construção civil, que abriu 12.163 vagas e cresceu 55,8% em relação a setembro de 2024, e a indústria, com 8.008 contratações e avanço de 50%. Serviços, agropecuária e comércio também mantiveram saldos positivos, reforçando o dinamismo e a diversificação da economia pernambucana.

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Entre o brilho das telas e a luz da infância: reflexões pedagógicas

*Por Matheus de Abreu & Tatiana Roldan | Imagens: Freepik Há um brilho que encanta e captura: as telas. Nelas, a infância encontra imagens rápidas, gestos ensaiados, falas que muitas vezes pertencem ao mundo adulto. Entre risadas automáticas e coreografias repetidas, a criança parece, por vezes, vestir um figurino que não lhe cabe ainda. A velocidade da tela é fascinante, mas também apressa o tempo, encurtando os silêncios e os intervalos em que a imaginação poderia florescer livre.  Não se trata de negar a tecnologia, mas de reconhecer que, no excesso, ela rouba espaço do essencial. O brincar espontâneo, o corpo em movimento, a pausa do ócio criativo e a leitura sem pressa correm o risco de se perder quando a tela se torna o principal horizonte da criança. Pedagogicamente, sabemos que a atenção se fragmenta, o vocabulário e a sensibilidade narrativa se enfraquecem quando não há equilíbrio. A infância precisa de múltiplas linguagens: o gesto, o desenho, a palavra escrita, a conversa face a face. A tela é apenas uma delas e não pode ocupar o lugar de todas. Entre telas e livros, entre casa e escola, existe um território comum: a formação humana. É nesse território que a parceria se torna indispensável. Não basta que a escola aponte caminhos, nem que a família, sozinha, imponha limites: é no diálogo entre ambas que nascem estratégias mais justas e consistentes. Afinal, a infância não é responsabilidade de uma instituição ou de um lar apenas: é uma obra coletiva, feita de encontros e cuidados compartilhados. Essa parceria entre escola e família se torna ainda mais urgente diante de um cenário em que crianças crescem imersas em telas, estímulos constantes e excesso de informações. Cada vez mais distantes da escuta atenta e do vínculo humano, elas precisam de adultos alinhados, tanto no discurso quanto nas expectativas. Educar, hoje, é mais do que ensinar: é resistir ao ruído, proteger valores e cuidar, juntos, do que é essencial ao desenvolvimento infantil. Família e escola devem ser aliadas, não ilhas. O trabalho conjunto, traz à criança o que nenhuma tela entrega: segurança, presença e sentido. E é isso que, mais do que nunca, elas estão pedindo, ainda que em silêncio. A escola não quer, nem pode, substituir o papel da família. São os pais os primeiros responsáveis por mediar tudo o que se apresenta à rotina de seus filhos, incluindo o uso da tecnologia. Os pais devem ser os primeiros a estabelecer rotinas, acompanhando o conteúdo consumido e oferecendo um porto seguro para o diálogo. A escola estará pronta para complementar esse trabalho, ampliar debates e propor alternativas seguras ao uso da tecnologia, mas de forma alguma poderá caminhar sozinha. O uso de tecnologia exige mediação ativa. Não é sobre proibir, mas sobre estar presente: saber o que assistem, com quem interagem, por que estão tão conectados. A criança não precisa de mais autonomia digital, ela precisa de direcionamento. Mais do que nunca, é a escuta mútua entre escola e família que garantirá o desenvolvimento equilibrado da criança nesse mundo digital. Preservar a infância exige ação conjunta. Mais do que reconhecer os desafios, é preciso enfrentá-los com propostas concretas. A tela não é um problema isolado, mas um recurso ao qual se tem recorrido para entreter as crianças a todo custo. O diálogo e a reflexão nos trazem que já não é mais possível viver sem telas, mas reduzir o seu uso, e experimentar possibilidades sem o uso constante delas é muito mais fácil do que se pensa. Pais e educadores devem buscar um resgate constante da infância pura, criando momentos coletivos sem telas para as crianças. Podem resgatar o valor das leituras compartilhadas, incentivar brincadeiras criativas, propor rodas de conversa, participar de contação de histórias, e incentivar atividades físicas que devolvam à criança o prazer do corpo em movimento e do olho no olho. A escola pode, e deve, abrir espaço para encontros com as famílias, promovendo reflexões e buscando que as famílias firmem compromissos que ultrapassem os muros da instituição. Proteger a infância não é tarefa isolada, é um esforço cotidiano, coletivo, feito de presença, atenção, doação, escolhas intencionais e cuidado partilhado. *Matheus de Abreu e Tatiana Roldan são coordenadores pedagógicos da Rede Maple Bear Global Schools

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"A tarifa zero é uma decisão política que exigirá articulação entre as diversas esferas governamentais"

Coordenador técnico da Urbana-PE, Bernardo Braga analisa a viabilidade da tarifa zero e aponta os desafios estruturais do transporte público no Brasil Tema de capa da Revista Algomais da semana, a entrevista com Bernardo Braga, coordenador técnico da Urbana-PE — entidade que representa as empresas operadoras do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife — aprofunda um dos debates mais sensíveis da mobilidade urbana: a viabilidade da tarifa zero. Ele avalia o tema a partir da realidade do sistema metropolitano e discute os riscos de uma gratuidade sem planejamento financeiro sólido. Na conversa, Braga faz um diagnóstico da crise do transporte coletivo no país, marcada por décadas de incentivos ao transporte individual e pela perda contínua de passageiros. Para ele, qualquer avanço rumo à gratuidade precisa vir acompanhado da qualificação do serviço e da revisão do modelo de financiamento. “É necessário inverter a lógica e priorizar, de forma absoluta, os modos coletivos. O debate sobre tarifa zero é importante, mas não pode ignorar a qualidade do transporte”, reforça. Como você avalia a viabilidade de uma política pública de Tarifa Zero nos Transportes para o Brasil? Seria como um SUS para a mobilidade? No Brasil, a tarifa zero tem sido adotada, até o momento, apenas por cidades de pequeno e médio porte. Somente 12 desses municípios possuem mais de 100 mil habitantes e, juntos, sua população equivale a cerca de metade da Região Metropolitana do Recife (RMR), com uma frota de ônibus conjunta inferior a 25% da existente na RMR. Ainda não temos experiências em grandes cidades ou regiões metropolitanas. Essa distinção é importante porque nelas os desafios são mais complexos, dada a necessidade de redes de transporte mais estruturadas e abrangentes. Ademais, a diversidade dos municípios e de seus sistemas de mobilidade acrescenta outra camada de complexidade à implementação de uma política em escala nacional. Embora o debate sobre a tarifa zero em grandes cidades exija cautela, a revisão do modelo de financiamento do transporte público é urgente. Essas discussões já estão no Congresso Nacional, por meio da PEC 25/2023, que propõe um Sistema Único de Mobilidade, e do PL 3278/2021, que estabelece o Marco Legal do Transporte Público. Também se discute a criação de uma contribuição paga por empresas, semelhante ao modelo francês, para substituir o vale-transporte. Avançar ou não para a gratuidade universal será uma decisão política e que exigirá articulação entre as diversas esferas governamentais. Contudo, uma discussão deveria preceder o debate sobre a tarifa zero: o nível de serviço que se deseja ofertar, aspecto fundamental para o dimensionamento do custeio do sistema. O transporte público precisa ser mais eficiente e atrativo, e a eventual renúncia da arrecadação tarifária não pode se impor como um novo desafio para a mobilidade. Assim, o ponto de partida para este debate deve ser que a política tarifária — qualquer que seja — não pode custar a qualidade do serviço. Aqui na RMR há alguma estimativa de custos para a implantação da tarifa zero? Desconheço estudos em andamento que estimem os custos de implantação de uma política de tarifa zero universal na RMR. No entanto, é importante destacar que os passageiros com gratuidades já representam grande parcela da demanda atual. Dados de setembro de 2025 indicam que 52% dos passageiros transportados nos ônibus da RMR contaram com gratuidade total ou parcial. Outros 32% foram beneficiados pelo vale-transporte, mecanismo em que a empresa custeia o deslocamento e o trabalhador contribui com até 6% do salário. Assim, apenas 16% dos passageiros pagaram integralmente a tarifa. Nesse grupo estão os trabalhadores informais e as pessoas desempregadas ou em busca de emprego, que, somadas àquelas que não utilizaram o transporte por restrições financeiras, poderiam receber atenção especial no custeio de seus deslocamentos. Quais as vantagens e os riscos dessa implantação, caso ocorra? É possível supor que a tarifa zero contribua para ampliar o acesso às oportunidades que as cidades oferecem e, consequentemente, para promover maior equidade e justiça urbana. Também é possível esperar um impacto positivo nos orçamentos das famílias que não contam com gratuidades, o que pode se refletir em maior consumo. Essas são dimensões importantes para o debate. Há ainda a expectativa de que a tarifa zero estimule a migração dos modos individuais motorizados para o transporte coletivo, mas até o momento não há evidências claras nesse sentido. Alguns estudos e levantamentos apontam aumento no número de passageiros dos ônibus, porém sem redução correspondente no uso de automóveis e motocicletas, cujas externalidades negativas precisam ser mitigadas. O principal risco é que a qualidade do serviço seja comprometida, afastando ainda mais os passageiros do transporte público e ampliando as desigualdades. Isso pode ocorrer por subfinanciamento, falta de garantias e previsibilidade no custeio do sistema ou mesmo por incapacidade de promover as adequações necessárias na oferta do serviço. Há uma avaliação de que o setor de transporte público vive uma crise no País. Quais as raízes dessa crise? Esse debate da Tarifa Zero ajudaria a enfrentar esse problema ou não? Esta crise foi gestada ao longo de décadas de incentivo ao transporte individual motorizado e de descaso com o transporte público. Com a maior parte dos investimentos voltada para automóveis e motocicletas, o transporte coletivo perdeu continuamente passageiros, tanto que, em 2024, transportamos quase a metade dos passageiros transportados em 2012. Agora, os efeitos foram socializados: a conta chega com a elevação dos custos sociais e ambientais e com a perda da qualidade de vida nas cidades. Essa crise tem sido agravada, especialmente, pelo aumento da frota de motocicletas e do mototáxi por aplicativo, ampliando a quantidade de sinistros de trânsito, o conflito no ambiente urbano, a pressão sobre o sistema de saúde pública e, consequentemente, gerando impacto no orçamento público. O debate sobre a tarifa zero lança luz sobre a necessidade de rever o modelo de financiamento do transporte público, mas, até o momento, ignora a discussão sobre a qualificação do serviço. É necessário inverter a lógica que predominou nas últimas décadas e priorizar, de forma absoluta e irrestrita,

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O que fazer com a energia gerada no interior do Estado?

*Por Geraldo Eugenio O vento e o sol Há alguns dias estive revendo o que representavam o vento e o sol para o semiárido brasileiro até bem pouco tempo. O primeiro era sinônimo de poeira, lixo e pipas ao ar que naqueles rincões eram conhecidas como arraias. Já o sol simbolizava a seca, o calor, as faces enrugadas, a vegetação de cor marrom, o gado magro e o calor escaldante. Nada melhor pode traduzir o que representa essa estrela para o nordestino do que a música Súplica Cearense, de Gordurinha e Nelinho, imortalizada na versão de Luiz Gonzaga e Fagner, de 1984: "Ó Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água. De ter-lhe pedido cheinho de mágoa. Pro sol inclemente se arretirar". Voltando no tempo, Éolo era a representação do vento na mitologia grega, aquele por quem Ulysses, ao chegar a ilha de Eólia, foi recebido muito bem, dando-lhe um saco com todos os ventos, menos o vento que sopraria para oeste, aquele que nosso herói mais precisava. O fato é que o vento é o responsável pelo deslocamento de ar na atmosfera, pela sensação confortável da brisa ou, em sua fúria, aquele que se transforma em ventanias, tufões e ciclones. Ainda com os gregos, Hélio, a representação física do sol, filho dos titãs Hiperion e Teia, partia ao amanhecer com sua carruagem puxada por quatro cavalos alados que cuspiam fogo para depois de uma longa jornada repousar ao oeste, quando a noite batia à porta. O certo é que nem Homero, Cervantes, Camões ou Gordurinha e Nelinho previram a importância que teria o vento e o sol para a humanidade, alguns milhares de anos após Ulysses ziguezaguear por 10 anos até retornar à sua Ítaca. Neste instante, esses dínamos representam a redenção de uma humanidade sedenta de energia elétrica e mecânica para prover locomoção, uso de equipamentos, máquinas, computadores e até internet. O pioneirismo Em Pernambuco nunca é demais refazer a trajetória do professor e empresário Everaldo Feitosa, pioneiro em crer na eficácia da energia eólica. Um professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRPE que, em 2000, há 25 anos, fundou a empresa Eólica Tecnologia, atualmente controladora de vários parques eólicos nos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia, e que, atualizando-se no mundo de negócios corporativos, surgiu em julho de 2025 com a Eólica Energy Bank, uma incorporadora e gestora de investimentos no ambiente de energia renovável. Recentemente, Everaldo nos presenteou com uma palestra em um evento do CREA/CTP, realizado em Serra Talhada, sobre esse tema quando nos informou que, caso considerássemos a região Nordeste como um país, este seria o segundo maior produtor per capita de energia renovável, após a China. Um segundo personagem merecedor de reconhecimento nessa saga é o empresário cearense Mário Araripe. Em 1994, fundou uma empresa automobilística, a Troller, vendida à Ford em 2006, e criou em 2007 a Casa dos Ventos, consolidando-a como referência nacional em energia eólica. A Casa dos Ventos é responsável atualmente, de modo direto ou em associação com outros grupos conglomerados, por uma produção de energia que excede 30 GW, em todo o Brasil, com destaque para o complexo Santa Brígida, entre Caetés e Paranatama, em Pernambuco. Parques de produção Em se tratando de energia eólica, os sítios mais expressivos de produção se encontram no interior do Estado. Destacando-se a Santa Brígida, no Agreste Meridional, o parque instalado em Itacuruba, no Sertão de Itaparica, e a produção na Chapada do Araripe, abrangendo os estados do Piauí, Pernambuco e o Ceará. Quanto à energia solar, o fato mais destacado é o município de São José do Belmonte ter se transformado no principal centro produtor e um dos que têm atraído investimentos na ordem de bilhões de reais para a região. Um outro exemplo de parques com produção e distribuição em escala é o município de Flores, no Sertão do Pajeú. Do ponto de vista da produção difusa, seja empresarial ou familiar, o que se vê é um crescimento exponencial ocorrido nos últimos cinco anos com a operação de centenas de micro e pequenas empresas, o que, além da energia em si, traz milhares de empregos e aquece os negócios em todas as regiões do Agreste e do Sertão. Não é à toa que na região Nordeste a produção de energia eólica e solar soma aproximadamente 30 GW de potência instalada ou o equivalente a mais de duas hidrelétricas de Itaipu que conta com uma capacidade instalada para, quando em total operação, gerar 14 GW de energia. Energia em excesso, algo insano Desde 2024 circulam-se matérias que trazem um fato apresentado como ameaça. O excesso de produção de energia e a pressão sobre a liquidez das empresas que investiram no setor. Há de se considerar que se a discussão girasse em torno de débito de produção, como ocorreu nos dois últimos anos do governo do presidente Fernando Henrique, forçado a criar o "Ministério do Apagão" tudo bem, mas é algo incompreensível dizer que contar com energia, alimento, petróleo, ferro, aço em excesso é fator negativo. Certamente Pernambuco e o Nordeste não pretendem ser o sítio produtor de energia elétrica a ser consumida em outras regiões do País. Logo, cabe a suas lideranças, no âmbito do Programa Nova Política de Industrialização do Brasil, construir mecanismos e atrativos que não sejam uma guerra autofágica tributária entre os estados para atrair indústrias, empregos e prosperidade. Há de se ver que o atrativo para apoiar a isenção fiscal das lojas de apostas, conhecidas como bets (e bancos), talvez seja mais tentador, mas seria racional e decente se a energia dissipada em causas menos nobres fosse transferida para fins mais nobres. Seja em Pernambuco ou qualquer outro estado nordestino.

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Heudes Regis 2 JCPM

Vontade de crescer: Grupo JCPM anuncia nova estrutura e aposta em expansão no Nordeste

Holding JCPMPar concentrará decisões estratégicas; novo CEO assume área de shopping centers e grupo projeta avanços imobiliários. Foto: Heudes Régis No ano em que celebra 90 anos de fundação, o Grupo JCPM inicia uma nova fase ao anunciar mudanças na sua estrutura organizacional. As decisões estratégicas passam a ser concentradas na holding JCPMPar – Participações e Empreendimentos S.A., que contará com um Conselho de Administração formado por seis integrantes, presidido por João Carlos Paes Mendonça. A reestruturação visa fortalecer a governança e preparar o grupo para novos investimentos nos setores de shopping centers, construções, incorporação e comunicação, além de ampliar os projetos de compromisso social desenvolvidos pelo Instituto JCPM e pela Fundação Pedro Paes Mendonça. Expansão com foco no setor de shopping centers O segmento de shoppings, principal área de atuação do grupo, passa a ter uma gestão dedicada com a criação da empresa JCPM Shopping Centers, que agora conta com um CEO exclusivo para a operação. O executivo Sérgio Moraes Vieira Filho, pernambucano de 43 anos com carreira internacional na Coca-Cola, assume o comando da área. O objetivo é consolidar um modelo de gestão mais focado e padronizado nos estados onde o grupo atua: Pernambuco, Sergipe, Bahia e Ceará. “Nós queremos é crescer com os shoppings, que é mais lento, porque os investimentos são enormes. As oportunidades são muito poucas para você. É crescer os shoppings, mas nós estamos investindo mais de 100 milhões este ano”, afirmou João Carlos. Novos horizontes no mercado imobiliário Além da expansão dos shoppings, o grupo aposta no setor imobiliário com projetos de torres empresariais e o Condomínio Praia de Guadalupe, em Sirinhaém, no Litoral Sul de Pernambuco. O empreendimento tem 1,2 milhão de metros quadrados e já recebeu mais de R$ 120 milhões em infraestrutura. “Vamos lançar no próximo mês, já com a infraestrutura muito forte e pronta. Vamos crescer e queremos objetivar as operações, cada um olhando o seu mundo e não o mundo misturado”, destacou o empresário, reforçando a visão de descentralização operacional e foco em resultados. Desafios econômicos e visão sobre o Nordeste Mesmo com o otimismo em relação aos investimentos, João Carlos faz uma leitura crítica do cenário econômico nordestino. “Estamos longe de uma boa fase do Nordeste ainda, mas nós estamos vendo que Pernambuco tá querendo”, disse. Para ele, a falta de infraestrutura é o principal gargalo da economia regional. “Passamos muitos anos sem criar estradas. Criamos a BR-232 com Jarbas Vasconcelos e, de lá para cá, não vi crescimento nessa área, que é fundamental.” Em pauta com a Algomais: "Pernambuco precisa acreditar em Pernambuco.” O que levou o grupo a fazer essa mudança na estrutura organizacional? “Vontade de crescer. Nós queremos é crescer com os shoppings, que é mais lento, porque os investimentos são enormes. Estamos investindo mais de 100 milhões esse ano. Muito mais em tecnologia e pequenas adaptações dos shoppings. Isso é importante e vamos crescer muito também agora no mercado imobiliário, com algumas torres empresariais.” Como essa nova governança impacta a estratégia de crescimento? “Cada um vai focar a sua área. A área de shopping tem que tratar muitas pessoas, não é tijolo e pedra, são pessoas, é cliente, é lojista, é funcionário. Isso é muito importante, é uma visão diferente de quem é da construção. Nós queremos fortalecer o nosso negócio principal, que é shopping, porque nós somos vocacionados para tratar com pessoas.” Qual é a avaliação do senhor sobre o momento econômico do Nordeste e de Pernambuco? “Estamos longe de uma boa fase do Nordeste ainda, mas nós estamos vendo que Pernambuco tá querendo. Em Pernambuco já aconteceu isso, na Bahia aconteceu, no Ceará aconteceu. Nós demos uma paradinha realmente, mas acho que agora ele tá querendo. O leão do Norte tem que novamente estar presente. Vamos ver se agora a gente consegue dar uma andada. Os investimentos estão começando a surgir, a área metropolitana começa a receber uma carga boa, todo Sertão e Agreste estão se desenvolvendo, e é isso que precisamos. Pernambuco precisa acreditar em Pernambuco.”

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Presidente BNB Paulo Camara divulgacao

Paulo Câmara deixa presidência do Banco do Nordeste e deve retornar em 2026

Ex-governador de Pernambuco encerra gestão marcada por recordes e aguarda fim de quarentena para possível recondução ao cargo O ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara deixou a presidência do Banco do Nordeste (BNB) nesta terça-feira (21). A saída ocorre por razões técnicas, relacionadas ao prazo de gestão previsto no estatuto do banco e às exigências da Lei das Estatais, que limita a permanência de ex-dirigentes partidários. A presidência será ocupada interinamente por Wagner Rocha, atual diretor financeiro e de crédito. Há uma grande expectativa pela recondução de Câmara ao cargo em 2026, após o período de quarentena, o banco mantém sua agenda de transição regular. Gestão com resultados históricos Durante sua gestão, Paulo Câmara conduziu o Banco do Nordeste a marcas recordes de desempenho. A instituição deve encerrar 2025 com R$ 70 bilhões em contratações de crédito, o maior volume de sua história. Entre os avanços mais relevantes está o fortalecimento das micro e pequenas empresas, que passaram de 51% para 62% das operações, ampliando o impacto do banco na geração de renda e no desenvolvimento econômico regional. Banco mais regional e menos concentrado Um dos marcos da gestão de Paulo Câmara foi a descentralização das decisões e investimentos. Sob sua liderança, o Banco do Nordeste passou a atuar de forma mais equilibrada entre os estados, reduzindo a concentração de recursos no Ceará, onde fica a sede da instituição, e fortalecendo sua presença em outros polos econômicos do Nordeste. Indicadores financeiros expressivos Os números do primeiro semestre de 2025 confirmam o vigor da gestão. O BNB registrou R$ 34,8 bilhões em contratações, um aumento de 19,2% em relação ao mesmo período de 2024. O lucro líquido foi de R$ 1,38 bilhão, com alta de 35,6%. A carteira de crédito alcançou R$ 165,7 bilhões, impulsionada por programas como Crediamigo e Agroamigo, que ampliaram o acesso ao microcrédito e fomentaram o pequeno empreendedorismo rural e urbano. Continuidade da política de desenvolvimento A escolha de Wagner Rocha para o comando interino reforça a intenção de manter a linha de gestão e as políticas de crédito implementadas por Paulo Câmara. Ele é servidor de carreira e tem experiência em gestão de crédito, planejamento e administração financeira, áreas consideradas estratégicas no atual ciclo de expansão do banco.

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SANDRA Credito Lays Cavalcanti

Sandra Kattah: "A infância tem que ser infância, sem pressa e sem excesso de telas"

Psicopedagoga, fundadora da Vila Aprendiz, alerta sobre a ansiedade em crianças e adolescentes, defendendo o resgate do brincar, da rotina e da contemplação como caminhos para uma formação emocional saudável. Foto: Lays Cavancalti A ansiedade tem se tornado uma das principais preocupações entre pais e educadores, não apenas entre adultos, mas já impactando fortemente crianças e adolescentes. Para a psicopedagoga Sandra Kattah, fundadora da escola Vila Aprendiz, a raiz desse problema está em um ritmo de vida acelerado, marcado pelo excesso de telas, agendas lotadas e a falta de tempo para o brincar livre. “A infância precisa ser respeitada em seu tempo, sem a pressa de se tornarem bilíngues ou de já pensarem no Enem tão cedo”, ressalta. Sandra chama atenção para sinais que não podem ser ignorados, como inquietação excessiva, tiques nervosos, roer unhas e dificuldade de concentração. Segundo ela, o resgate do ócio, das brincadeiras livres e do contato com a natureza são práticas fundamentais para fortalecer a saúde emocional na primeira infância e evitar que transtornos de ansiedade se prolonguem até a vida adulta. “O brincar é o maior centro de pesquisa da infância”, ressalta a especialista, destacando a importância de equilibrar rotina, convivência familiar e estímulos adequados ao desenvolvimento de cada fase. Por que percebemos de forma tão intensa a ansiedade em crianças e adolescentes? Acredito que o ritmo de vida da atualidade, com um mundo de ofertas pelas redes sociais e a busca de uma perfeição, que não existe, leva as famílias a desejarem “o mundo” para os filhos e, assim, ofertarem tudo que, muitas vezes, eles, pais, não tiveram. As crianças são frutos da vivência familiar, e como se deseja o mundo, iniciam-se cada vez mais cedo os estímulos com as crianças.   Hoje há uma sede muito grande de acelerar a vida delas com bilinguismo, trilinguismo, agendas lotadas. Sem contar o acesso excessivo às telas. Tudo isso leva a uma ansiedade intensa da criança e do adolescente. É um fenômeno acentuado até pela ausência dos pais. Para não terceirizar só com babá, ocupam os filhos com muita coisa. Isso causa ansiedade neles. Como se dá o processo de ansiedade nas crianças que usam a internet? Qual o mecanismo que provoca a ansiedade?  O processo de ansiedade nas crianças não se dá por uma combinação de mecanismos psicológicos e neurobiológicos. É um processo que ocorre de forma gradual e que envolve fatores como a superestimulação, comparação social, ciberbulling, pressão social. Assim como o processo, o mecanismo também não é algo simples, envolve ativação de sistemas cerebrais fundamentais como o sistema de recompensa, que libera a dopamina (neurotransmissor que atua como um mensageiro químico no cérebro, sendo fundamental para a motivação, prazer, foco e coordenação motora) e, a cada estímulo, uma recompensa, o que vicia a criança na busca do prazer constante. Outro sistema ativado é o de luta, que envolve a amígdala (estrutura localizada no cérebro, responsável pelo processamento e regulação das emoções, como o medo, e pela consolidação da memória) e o cortisol (popularmente chamado de “hormônio do estresse”).   Esse sistema ativa o centro do medo e ocorre a liberação do cortisol, da adrenalina, deixando o corpo em um estado de alerta baixo, mas constante, que é a base da ansiedade generalizada.  Esse processo produz, ainda, a sobrecarga do córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelo controle de impulsos, tomada de decisões e controle emocional. As crianças, ainda em formação, são superestimuladas e sobrecarregam essa área do cérebro, dificultando que elas lidem de forma tranquila com frustação e emoções negativas, levando-as à impulsividade e à ansiedade. O que exatamente a tela provoca no emocional, na mente das crianças, causando a ansiedade excessiva? O excesso de telas prejudica muitas coisas, inclusive as questões estruturais do cérebro. Ocorre um afinamento do córtex de forma prematura, isso já é sugerido em vários estudos por neurologistas e pesquisadores da área.  Para nós, que lidamos com eles na educação, às vezes o TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) é instalado por excesso de telas, que trazem um volume de imagem e sons muito altos, que nenhum ser humano iria conseguir fazer, e deixam as crianças fascinadas. E aí, elas não conseguem se deter diante de um professor com um livro aberto, mesmo com imagem.  Quando a gente trabalha com a contação, diante dos livrinhos, dos fantoches e sem o acesso à tela, eles vão desenvolvendo essa capacidade de forma mais saudável. Hoje é quase impossível as famílias não conseguirem dar esses dispositivos de tela para as crianças. Às vezes, até acham que é uma coisa bacana, positiva, porque tem a propaganda de alguns vídeos, de algumas séries. Eles terminam sendo reféns disso. Para poder dar conta da casa ou porque precisam se ocupar de alguma coisa, terminam dando o celular ou o tablet prematuramente às crianças.  A gente recomenda, inclusive, que as famílias ao procurarem um restaurante, escolham o que tenha parquinho ou uma área livre, mas não deixe a criança sentada com a tela na mão. Isso realmente é o caos. Mas muitas pessoas não conseguem e cedem. Só conseguem interromper quando o problema já está instalado. Essa é uma pauta muito grave na atualidade que a gente se preocupa muito. Eu trabalho com duas realidades. A criança de alto padrão e a criança carente. Essa também vê alguns conteúdos nas telas com os pais, mas bem menos. Ela tem uma capacidade criativa e uma estrutura emocional, às vezes, bem melhor do que a criança de alto padrão financeiro e isso me entristece muito, porque o alto padrão teve acesso a muita informação. Os mais carentes, por falta de recursos mesmo, acabam não tendo tanto o acesso à tela quanto os mais abastados. Quando é preciso se preocupar com o nível de ansiedade dos pequenos?  Normalmente eles apresentam sinais de inquietação exacerbada, como a dificuldade de conseguir parar diante de alguém contando uma história.  Apesar de estar atrelado ao excesso de telas, eles começam com tiques, mordendo a unha, mãozinha na boca excessivamente numa

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Alepe aprova cotas raciais em concursos públicos de Pernambuco

Projeto reserva 30% das vagas para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas e segue para sanção da governadora Raquel Lyra. Foto: Tom Cabral / Equipe Dani Portela A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, nesta terça-feira (15), em segunda discussão, o Projeto de Lei nº 464/2023, que institui cotas raciais nos concursos públicos estaduais. A proposta, elaborada de forma conjunta pelas deputadas Dani Portela, Rosa Amorim e pelo deputado João Paulo Costa, reserva 30% das vagas para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas. O texto segue agora para sanção da governadora Raquel Lyra. O projeto pernambucano acompanha a nova legislação federal sobre cotas, que ampliou o percentual de reserva para 30% em certames públicos. A iniciativa determina que 25% das vagas sejam destinadas a pessoas pretas e pardas, 3% a indígenas e 2% a quilombolas, reforçando o compromisso do estado com a promoção da igualdade racial no acesso ao serviço público. Para a deputada Dani Portela, a aprovação representa um marco histórico e um avanço no combate ao racismo estrutural. “Pernambuco, com sua profunda herança afrodescendente, comunidades quilombolas, povos tradicionais e periferias majoritariamente negras, precisa assumir seu papel nessa luta. Não é possível que um estado que se orgulha de sua história libertária ainda mantenha estruturas públicas tão brancas. Pretos e pardos representam a maioria da população, mas a minoria absoluta nas vagas públicas. A cada edital publicado sem cotas, o Estado reforça essa exclusão e aprofunda as desigualdades”, destacou. Durante a votação, a parlamentar também criticou a ausência de cotas no último concurso público unificado lançado pelo Governo do Estado. “Ela não cometeu apenas um erro técnico, ela cometeu um retrocesso político. Aquela decisão foi um duro golpe contra a equidade racial e só foi revertida porque o movimento negro, as entidades da sociedade civil e nós, parlamentares comprometidas com a justiça social, nos mobilizamos, denunciamos o erro e cobramos providências. Que esta lei seja o início de uma nova página em nossa história”, afirmou Dani Portela.

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Multinacional francesa inaugura nova base no Recife e promete mil vagas até 2026

Capgemini aposta no Porto Digital como principal centro de formação de talentos no Brasil e amplia presença no ecossistema tecnológico pernambucano O Porto Digital, um dos maiores polos de tecnologia da América Latina, ganhou um novo impulso com a chegada da Capgemini, consultoria francesa especializada em transformação digital. A empresa inaugurou nesta terça-feira (15) sua base de operações no Recife, reforçando o movimento de expansão no país. A cerimônia contou com a presença da vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, da secretária estadual de Ciência e Tecnologia, Mauricélia Montenegro, e do secretário de Ciência e Tecnologia do Recife, Rafael Cunha. Expansão e geração de empregos Atualmente com 250 profissionais atuando na capital pernambucana, a Capgemini projeta chegar a 1.000 colaboradores até 2026. O programa de capacitação do novo time inclui formação intensiva em áreas como Nuvem, Dados e Aplicações de Inteligência Artificial Generativa e Agêntica, com treinamentos práticos e participação direta em projetos de empresas de diversos setores. “Nossa parceria estratégica com o Porto Digital reforça nosso movimento de expansão eficiente que visa acelerar nossa capacidade para atender à crescente demanda por projetos de transformação de negócios e digital de nossos clientes”, destacou Thiago Nascimento, vice-presidente de Serviços Digitais da Capgemini Brasil. Recife como centro de inovação Para o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, a nova operação é mais um marco na consolidação de Recife como referência nacional em inovação. “A chegada da Capgemini reforça o papel do Porto Digital como vetor de crescimento econômico e geração de empregos de alta qualificação em Pernambuco. Cada nova operação que se instala aqui amplia a capacidade do nosso ecossistema de atrair investimentos, desenvolver talentos e consolidar o Recife como um dos principais polos de tecnologia do país.” Formação e oportunidades Emanuel Queiroz, vice-presidente de Sustentabilidade e Soluções de Desenvolvimento em Nuvem da Capgemini, ressaltou o foco na formação profissional. “Ficamos felizes por poder proporcionar novas oportunidades de desenvolvimento profissional na região. Recife se tornará nosso principal centro de formação de profissionais no Brasil e reforçará a base do nosso time com investimentos em capacitação contínua dos talentos locais.” Programa START impulsiona talentos locais Durante a pandemia, a Capgemini criou o programa START, iniciativa gratuita e inclusiva voltada para pessoas com ensino médio completo, sem necessidade de experiência prévia em tecnologia. O projeto oferece cursos de quatro a oito semanas, com mais de 200 horas de treinamento em áreas como Cloud, Salesforce, ServiceNow e Java. Desde o lançamento, já contou com 63 mil inscritos e 5.500 formados, sendo 710 contratados pela empresa. No Recife, o programa será um dos pilares da estratégia de desenvolvimento de talentos e fortalecimento da operação local.

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